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OS BANCOS



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OS BANCOS, AS OPERAÇÕES BANCÁRIAS E LIQUIDAÇÃO
OS BANCOS,  AS  OPERAÇÕES BANCÁRIAS E LIQUIDAÇÃO 
I – NOÇÕES GERAIS
Chamam-se bancos empresas comerciais que têm por finalidade realizar a mobilização do crédito, principalmente mediante o recebimento em depósito, de capitais de terceiros, e o empréstimo de importâncias em seu próprio nome, aos que necessitam de capital.
A matéria no direito comercial brasileiro está prevista desde o artigo 19 do Regulamento 737, de 25 de novembro de 1850, considerando as operações bancárias como comerciais.
É indiscutível o papel dos bancos na mobilização de recursos em prol do desenvolvimento da economia.
Ao receberem depósitos constituem-se em devedores dos depositantes; assumindo a propriedade desses depósitos, empregando-os em seguida em empréstimos aos que necessitam de capital. Ao emprestarem esses recursos agem em nome próprio.
Os primeiros estabelecimentos bancários surgiram na Idade Média. Tem-se o Banco de Veneza, fundado em 1171, como o primeiro surgido na Europa, funcionando até o ano de 1797.
Ao Banco de Veneza seguirem-se o Banco de Rialto, fundado em 1587, e o Banco do Giro, em 1408, em Gênova. Foi fundado o Bando de São Jorge que teve papel preponderante na formação do direito comercial.
Até meados do século XVII os bancos se caracterizavam pelo fato de não fazer empréstimos, apenas operando em trocas de moedas e depósitos. Foi o Banco da Suécia o primeiro a emitir notas bancárias, exemplo seguido pelo Banco da Inglaterra, fundado em Londres em 1694, que obteve do Parlamento autorização para tal.
Já o Banco da França foi fundado em 1800.
No Brasil, foi o Banco do Brasil fundado por alvará de 12 de outubro de 1808, onde eram feitos descontos de letras de câmbio ou letras ao portador pagáveis à vista ou dentro de curto prazo.
Houve ainda outros estabelecimentos denominados Banco do Brasil, como em 1851. De 1853 até a proclamação da República, o terceiro Banco do Brasil sofreu várias alterações, tendo, inclusive, em 1892, se fundido com o Banco da República dos Estados Unidos do Brasil, passando a denominar-se Banco da República do Brasil. Este novo banco atravessou sérias dificuldades e suspendeu pagamentos em 17 de setembro de 1900. O governo, porém, foi em seu socorro. Em 1905, o banco foi reorganizado com  novos estatutos, denominando-se Banco do Brasil, o quarto, como lembrou Nelson Lobo de Barros(Moeda, Crédito, Bancos e Ciclos , pág. 101).
Há vários tipos de bancos:
1}·         Banco comercial - Instituições de crédito caracterizadas pela captação de fundos, através de operações passivas como os depósitos à vista, a prazo e com pré-aviso, os certificados de depósitos e os fundos de investimentos, e pela cedência de fundos (crédito bancário), através de operações ativas de curto, médio e longo prazos, podendo estas serem de carácter comercial (letras) ou financeiro (relação cliente/banco); finalmente, pela prestação de serviços (proveitos), como as garantias bancárias, a venda de moeda, pagamentos periódicos, guarda de valores e custódia de títulos.
2}·         Banco de investimento - Instituições que auxiliam pessoas físicas ou jurídicas a alocar o seu capital nos mais diversos tipos de investimento, como por exemplo no mercado financeiro ou na BMF.
3}·         Banco de desenvolvimento - Instituições que financiam projetos cuja finalidade é promover o desenvolvimento econômico de uma dada região.
4}·         Banco misto  (p. ex.: grande parte das instituições bancárias do Brasil são mistas, sendo Bancos de Crédito e de Poupança.
Há os bancos de emissão, cujo papel, no Brasil, é privativo do Banco Central(artigo 10, I), onde há autorização para emitir notas com promessa de pagamento em dinheiro. Há os bancos de depósitos(têm como função precípua receber depósitos pecuniários dos particulares, fazendo operações de crédito a prazo curto, ainda chamados de bancos de comércio), os bancos de crédito móvel(bancos de especulação, que têm por finalidade a prática de operações especulativas), os bancos de comércio exterior(no Brasil, há a CACEX), bancos agrícolas(onde é fomentado o crédito e fomento da agricultura), bancos de crédito real(que realizam créditos mediante a garantia hipotecária), bancos de crédito industrial(são aqueles bancos que tem por finalidade o fomento à indústria).
Importante é o papel da Caixa Econômica Federal como banco comercial, órgão de fomento, de financiamento à habitação, captação de poupança, etc.
Outra instituição de fomento a citar é o BNDES. O Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES [1]) é uma empresa pública federal, com sede no Rio de Janeiro, e cujo principal objetivo é financiar de longo prazo a realização de investimentos em todos os segmentos da economia, de âmbito social, regional e ambiental.
No Brasil, é fundamental a Lei da Reforma Bancária. Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, instituindo o Conselho Monetário Nacional.
Papel importante tem  o Banco Central.
O Banco Central do Brasil (BC, BACEN ou BCB) é autarquia federal integrante do Sistema Financeiro Nacional, sendo vinculado ao Ministério da Fazenda do Brasil.
Criado em 31 de Dezembro de 1964 pela da Lei nº 4.595. Assim como os outros bancos centrais do mundo, o brasileiro é uma das principais autoridades monetárias do país, sendo a principal o Conselho Monetário Nacional(CMN). O BCB recebeu esta competência de três instituições diferentes: a Superintendência da Moeda e do Crédito(SUMOC), o Banco do Brasil (BB) e o Tesouro Nacional.
 ntes da criação do Banco Central, o papel de autoridade monetária era desempenhado pela Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), pelo Banco do Brasil e pelo Tesouro Nacional..
A SUMOC, criada em 1945, com a finalidade de exercer o controle monetário e preparar a organização de um banco central, tinha a responsabilidade de fixar os percentuais de reservas obrigatórias dos bancos comerciais, as taxas do redesconto e da assistência financeira de liquidez, bem como os juros sobre depósitos bancários. Além disso, supervisionava a atuação dos bancos comerciais, orientava a política cambial e representava o país junto a organismos internacionais.
O Banco do Brasil desempenhava as funções de banco do governo, mediante o controle das operações de comércio exterior, o recebimento dos depósitos compulsórios e voluntários dos bancos comerciais e a execução de operações de câmbio em nome de empresas públicas e do Tesouro Nacional, de acordo com as normas estabelecidas pela SUMOC e pelo Banco de Crédito Agrícola, Comercial e Industrial.
O Tesouro Nacional era o órgão emissor de papel-moeda.
Após a criação do Banco Central buscou-se dotar a instituição de mecanismos voltados para o desempenho do papel de "banco dos bancos". Em 1985, foi promovido o reordenamento financeiro governamental com a separação das contas e das funções do Banco Central, Banco do Brasil e Tesouro Nacional. Em 1986, foi extinta a conta movimento e o fornecimento de recursos do Banco Central ao Banco do Brasil passou a ser claramente identificado nos orçamentos das duas instituições, eliminando-se os suprimentos automáticos que prejudicavam a atuação do Banco Central.
II – OPERAÇÕES BANCÁRIAS
Os bancos realizam operações passivas e ativas. Com isso tornam-se devedores com as pessoas que transaciona ou credores. No primeiro caso, fazem operações passivas e no segundo caso operações ativas.
2.1 Operações passivas :
a) depósito pecuniário; entende-se por depósito pecuniário, a operação bancária segundo a qual uma pessoa entrega ao banco determinada importância em dinheiro, ficando o mesmo com a obrigação de devolvê-la no prazo e nas condições convencionadas. Pela utilização das importâncias que lhe são entregues, o banco, às vezes, pagara juros, que poderão ser capitalizados.
Sendo a operação de massa mais importante para os bancos, o depósito pecuniário (dinheiro) pode ser definido como aquele através do qual alguém entrega a um banco uma soma determinada em dinheiro para sua custódia, obrigando-se o depositário(banco) a restituí-la, na forma e nas regras pré-fixadas pelas partes, quando lhe seja expedida uma ordem pelo depositante. Na definição de Nelson Abrão(Direito bancário), o depósito pecuniário é o contrato por intermédio do qual "uma pessoa entrega quantias em dinheiro a um banco, que se obriga a restituí-la, por solicitação do depositante, nas condições estipuladas “.  Não há na doutrina muita discussão acerca da conceituação do referido contrato.
O depósito de quantia em dinheiro subdivide-se em dois contratos, os fixos e os voláteis. Os fixos são aqueles em que o depositante entrega uma soma determinada de dinheiro à instituição financeira, sabendo que a determinada quantia ficará sob a custódia dela, sem que o depositante possa solicitar a sua devolução sem perda, até que se vença o prazo estipulado, quando então, lhe será devolvida a referida quantia acrescida de ganhos. São eles os contratos de aplicação em fundos. Diferem muito dos contratos voláteis, porquanto neles o giro do dinheiro é constante, sendo a entrada e retirada dos valores da natureza do próprio contrato.
b) emissão de notas bancárias: alguns bancos se caracterizam pela faculdade que tem de emitir notas bancárias, que são títulos que algumas vezes chegam a ter curso forçado. No Brasil, o funcionamento de tais entidades somente se dará com autorização do governo.
c) redesconto: os bancos costumam fazer operações de desconto  dos títulos de crédito, isto é, operações segundo os quais os portadores de títulos de crédito(letras de câmbio, notas promissórias, warrants etc) lhes transferem a propriedade desses títulos, recebendo as importâncias neles mencionadas, descontados os juros e as comissões legais. É uma operação em que o banco figura como credor.
Como explicou Fran Martins(Contratos e obrigações comerciais, 1977, pág. 530), no entanto, para poder utilizar-se com brevidade do capital empregado no desconto de títulos, os bancos poderão redescontar os referidos títulos em outros estabelecimentos bancários. Assim se tornam devedores daqueles em que fazem o redesconto, pela garantia que dão aos títulos redescontados.
É importante o papel do redesconto bancário em matéria de direito econômico.
o Redesconto Bancário, no qual o Banco Central concede “empréstimos” aos bancos comerciais a taxas acima das praticadas no mercado.
Os chamados empréstimos de assistência à liquidez são utilizados pelos bancos comerciais somente quando existe uma insuficiência de caixa (fluxo de caixa), ou seja, quando a demanda de recursos depositados não cobrem suas necessidades.
Quando a intenção do Banco Central é de injetar dinheiro no mercado, ele baixa a taxa de juros para estimular os bancos comerciais a pegar estes empréstimos. Os bancos comerciais por sua vez, terão mais disponibilidade de crédito para oferecer ao mercado, consequentemente a economia aquece.
E quando o Banco Central tem por necessidade retirar dinheiro do mercado, as taxas de juros concedidas para estes empréstimos são altas, desestimulando os bancos comercias a pegá-los. Desta forma, os bancos comerciais que precisam cumprir com suas necessidades imediatas, enxugam as linhas de crédito, disponibilizando menos crédito ao mercado, com isso a economia desacelera.
2.2 – Operações ativas
Nas operações chamadas de ativas, os bancos as praticam na qualidade de credores. Em tal caso, empregam eles não apenas o seu capital como o numerário recebido de terceiros, que passa à sua propriedade por se tratar de coisas fungíveis, seja sob o ponto de vista jurídico como econômico. São elas:
a)      Empréstimos: são operações segundo os quais os bancos entregam a terceiros uma certa soma de dinheiro para lhes ser devolvida, dentro de um prazo determinado, para tanto, remunerando o seu capital, cobrando juros. Os empréstimos podem ser a longo ou a curto prazo.
b)      Financiamento: Assim como o empréstimo bancário, o financiamento também é um contrato entre o cliente e a instituição financeira, mas com destinação específica dos recursos tomados, como, por exemplo, a aquisição de veículo ou de bem imóvel. Geralmente o financiamento possui algum tipo de garantia, como, por exemplo, alienação fiduciária ou hipoteca.
c)       Desconto bancário:  é o contrato pelo qual uma pessoa recebe do banco determinada importância, para isso, transferindo ao esmo um título de crédito de terceiro. No empréstimo, o banco pode exigir do mutuário um ´titulo de crédito por ele emitido; enquanto que no desconto os títulos transferidos ao banco são de emissão de pessoas outras que não aquela que vai fazer o desconto. Ao transferir ao banco os títulos de terceiros de que é proprietário, o mutuário ou descontário, se responsabiliza também pela solvabilidade do devedor principal, aumentando, assim as garantias dos títulos.
d)      Antecipações: são operações bancárias bastante aproximadas ao desconto e dos empréstimos, mas que se caracterizam pelo fato de alguém receber do banco determinada importância, dando garantia real para o pagamento da importância adiantada. Nos descontos, há a transferência de títulos de terceiros para os bancos, enquanto que nas antecipações, os títulos depositados nos bancos servem apenas de garantia. Nos empréstimos a garantia é pessoal, na antecipação há garantia real.
e)      Abertura de crédito: é o contrato segundo o qual o banco se obriga a pôr à disposição de um cliente uma soma em dinheiro, por prazo determinado ou indeterminado, obrigando-se este a devolver a importância, acrescida de juros ao se extinguir o contrato. O banco será denominado creditador e a pessoa a quem a importância é posta à disposição é chamado de creditado.
f)       Crédito documentado: é operação que tem grande importância para o comercio exterior. Caracteriza-se essa moralidade de contrato pelo fato de convencionar o banco creditador com o creditado a abertura de um crédito em favor de terceiro, passando este terceiro a ser o beneficiário do contrato. Em geral essa espécie de crédito está ligado a uma operação de compra feita pelo creditado  com o beneficiário. O banco passa a fornecer o capital para o pagamento de compra, pagando ao beneficiário, que é o vendedor, a importância devida, e desse recebendo os documentos relativos ao embarque das mercadorias adquiridas pelo creditado, ou sejam, os conhecimentos das mercadorias, as cópias das faturas, as apólices de seguro, os certificados de origem, peso e qualidade e a fatura consular, quando se trata de mercadoria embarcada no estrangeiro. O banco faz um desconto dos títulos sacados pelo vendedor contra o comprador, devendo ao titulo descontado serem juntos os documentos das mercadorias. As aberturas de crédito documentado poderão ser simples, quando o creditador, no caso o banco, não é obrigado a receber importâncias parciais do crédito aberto, ou em conta corrente, quando se estipula que o creditado poderá fazer reembolsos parciais, servindo esses para renovar o crédito posto à sua disposição. Pode, igualmente, o negócio jurídico ser de crédito não confirmado, e nesse caso o creditado pode a qualquer momento revogar a ordem de pagamento pelo banco ao beneficiário ou confirmado, também chamado de crédito irrevogável, quando o creditado não pode revogar a ordem do pagamento o que faz com que o banco se obrigue perante o beneficiário a pagar-lhe a importância relativa à compra feita pelo creditado.
g)      Créditos da firma: são aqueles dados pelo banco a seus clientes. Segundo esse contrato o banco se obriga a aceitar letras de câmbio, a avalizar títulos ou a afiança-los, dando, assim, maior garantia aos mesmos, para isso cobrando uma comissão.
h)    A carta de crédito (em inglês: Letter of credit, ou simplesmente L/C) é um dos instrumentos básicos do comércio internacional, como meio de providenciar ao comprador e vendedor de uma mercadoria, normalmente em países diferentes, um sistema para certificar a segurança de ambos. Consiste de uma carta endereçada pelo banco do comprador, aos custos do comprador, a um vendedor, autorizando-o a disporde uma determinada quantia de [dinheiro]] desde que se cumpram determinados termos e providenciando condicionalmente ou incondicionalmente o pagamento.
São tipos de cartas de crédito:
·         Revogáveis (usadas normalmente em situações onde o comprador tem grande poder de negociação).
         Irrevogáveis (oferecem mais segurança ao vendedor, são as mais comuns).
Uma carta aberta ou fechada de um comerciante em um lugar, direcionada a outro em outro lugar, solicitando que, caso a pessoa nomeada na carta ou o seu portador compre commodities ou queira dinheiro, qualquer quantia particular ou ilimitada, e que se busque o mesmo ou passe sua promessa, nota ou outro mecanismo, o escritor da carta promete fornecer a ele o dinheiro pelas mercadorias, repagar a ele pela troca, ou dar a ele satisfação como ele requeira, tanto para ele mesmo, quanto para o portador da carta.
Estas cartas são tanto gerais ou especiais. A primeira é geralmente dirigida aos amigos do emissor ou seus correspondentes, onde o portador da carta pode vir a ir; a outra é dirigida a uma pessoa em particular. Quando a carta é apresentada à pessoa para quem ele está endereçada, esta pessoa pode concordar em fazer o que lhe é pedido—neste caso ele imediatamente se torna compromissado em cumprir todos os acordos lá mencionados—ou ele se nega, neste caso o portador deve retornar a carta àquele que lhe entregou sem qualquer outro procedimento, a não ser que o comerciante para quem a carta está dirigida seja um devedor do comerciante que a deu, neste caso, ele deve fazer com que a carta seja protestada.
O débito que se contrai com uma carta assim, em sua forma mais simples, é entre o mandatário e o mandante; apesar de ser possível também suscitar um débito contra a pessoa que seja fornecida pelo mandatário.
Quando a carta é comprada com dinheiro pela pessoa que quer o crédito no exterior, ou é dada em consequência de um cheque em sua conta corrente ou conseguida á crédito de garantias apresentadas pela pessoa que a concede, ou em pagamento de dinheiro devido por ele ao credor, a carta é, em seu efeito, similar a uma nota de troca emitida contra um comerciante exterior. O pagamento do dinheiro por uma pessoa a quem a carta é concedida levanta um débito ou vai na conta entre ele e o emissor da carta; mas não levanta nenhum débito para a pessoa que paga a carta, contra quem o dinheiro é pago.
Quando ela não é comprada, mas na verdade é feita uma acomodação destinada a levantar um débito para com a pessoa acomodada, o compromisso, geralmente é ver pagas qualquer adiantamentos feitos a ele ou garantir qualquer saque aceito ou nota descontada. Neste caso, o acordo com o mandatário gera um débito, tanto contra o emissor da carta quanto contra a pessoa acreditada. O portador da carta de crédito não é considerado obrigado a receber o dinheiro; ele pode usar a carta como ele bem queira e ele contrata uma obrigação somente quando se recebe o dinheiro.
2.3 – Outras operações
a) operações de câmbio:
São constituídas principalmente pelas operações de
financiamento ao exportador, e podem também consistir na intermediação
cambial, como uma operação acessória. As transações de comércio
internacional são feitas através das operações de câmbio contratadas por
bancos autorizados a operar no mercado de câmbio livre, cobrando taxa
de administração pelos serviços e pelos riscos envolvidos.
As  operações de comércio exterior, realizadas no câmbio livre, são as mais
significativas em volume. A primeira etapa em uma exportação é a
contratação do câmbio, quando o exportador assume o compromisso de fazer
a negociação de uma exportação com um determinado banco. Tanto a taxa
cambial como a data do pagamento são estabelecidas, de forma que os
recursos em moeda nacional possam ser provenientes de um ACC. Faz parte
dessa operação, a entrega dos documentos de embarque que possibilita, se
necessário, operação de financiamento ACE.
A liquidação do câmbio na exportação consiste no ingresso de divisas no país,
obrigatório, controlado pelo BACEN através do SISBACEN, e eventualmente
através do SISCOMEX. Qualquer risco de crédito fica por conta do
exportador. Os exportadores brasileiros também têm a opção do Programa
de Financiamento às Exportações (Proex), administrado pelo Banco do
Brasil, com recursos da União, que pode financiar até 85% do valor das
exportações a taxas compatíveis com o mercado internacional ou Finamex,
que é gerenciado pelo BNDES, que pode conceder prazos de financiamentos
de até 12 anos, indexadas pela taxa “Libor” (taxa interbancária média
inglesa).
Para que seja possível fazer exportação, é preciso que
seja feito o contato com a Secretaria da Receita Federal para que seja
concedido o acesso ao SISCOMEX, onde as operações de exportação são
registradas. O desembaraço da mercadoria deve atender as exigências do
país importador.
Dentre as principais operações financeiras com câmbio, podemos citar:
         Compra e venda de moeda estrangeira
Caracterizadas por transações que são realizadas através de um contrato
de câmbio de compra e venda de moeda estrangeira e de papéis que a
representem.
·         Adiantamentos sobre Contratos de Câmbio (ACC)
Forma de financiamento na moeda nacional que tem por objetivo propiciar
recursos ao exportador, para que ele possa financiar os processos de
produção e comercialização dos bens e serviços para exportação.
        Cobrança no exterior
Engloba os serviços de cobrança de títulos cambiais no exterior
1.        Valores em moeda estrangeira a receber e a pagar
São referentes aos valores provenientes dos agentes, frete, e prêmio de seguro sobre a exportação e importação
2.·         Financiamento à Exportação ou Importação
É constituído principalmente por instrumentos de crédito de exportação e importação
3.        Transferências com o Exterior
Refere-se aos valores em moeda estrangeira de entrada e saída do país.
4.·         Arbitragem em Moeda Estrangeira
Operações de moeda estrangeira em contrapartida com a operação inversa
em outra moeda estrangeira para liquidação pronta ou futura.
5.·         Garantias Prestadas e Recebidas
Títulos e documentos que servem como garantia da operação cambial
6.         Depósitos em Moeda Estrangeira no Brasil
Depósitos em moeda estrangeira de livre movimentação.
b) Operação del credere bancário: del credere,  é a operação segundo a qual uma pessoal assume perante a outra a responsabilidade pela solvência de um terceiro. No contrato de comissão é onde mais aparece o del credere. O comissário, simples intermediário entre o vendedor e o comprador, agindo em nome de terceiro, não em nome do comitente, mas no seu próprio, pode assumir, perante o comitente, responsabilidade pela solvência de terceiro, para tanto, cobrando uma remuneração. Em tais condições, o comissário deixa de ser um simples intermediário para se tornar garante da solvabilidade do terceiro, tendo essa garantia o nome de del credere.
Também os bancos poderão praticar operações de del credere, dando garantias de solvabilidade de pessoas em contratos entre elas firmados. A garantia de solvabilidade dada pelo banco acarreta para ele a responsabilidade de efetuar o pagamento se o devedor não o fizer.
c) ainda os bancos poderão realizar compras de metais preciosos(Dec. 14.728, de 16 de março de 1921), a cobrança e transferência, compra e venda de valores moveis, depósitos em custodia e serviços de cofres individuais , cheques garantidos.
Os bancos que ainda oferecem o serviço costumam incluir uma cláusula nos contratos de aluguel que diz que o conteúdo das gavetas é secreto. Ou seja, o cliente não precisa informar o que tranca lá. Essa regra protege a privacidade do cliente, mas também isenta os bancos de indenizá-lo em caso de assalto. Não há nem seguro para os itens guardados ali. 
Nos cheques garantidos, um contrato escrito é feito pelo banco creditador e pelo creditado, no qual estão estabelecidos o limite do crédito, o prazo de utilização e a taxa dejuros a ser cobrado pelo banco. veja-se o caso do cheque-ouro do Banco do Brasil.
.d) Fala-se em liquidação e compensação bancária: 
Liquidação é o efetivo pagamento de uma dívida, extinguindo-se a obrigação.
A chamada Liquidação Bruta em Tempo Real, ou LBTR, é um sistema usado no SPB para realizar pagamentos de maneira imediata e irrevogável.
Nessa modalidade o pagamento não está sujeito a nenhum período de espera para compensação. A transferência de valores é feita na hora, portanto sem possibilidade de revogação.
Sistemas LBTR são considerados infraestrutura crítica para a economia de um país.
Câmaras de Compensação e Liquidação
No Brasil, existem várias câmaras de compensação e liquidação. Podemos citar a Cetip, as câmaras de compensação e liquidação da BM&F Bovespa, a CIP, a Selic, etc.
Os sistemas de pagamentos de países do mundo todo dependem de câmaras de compensação e liquidação para seu sistema financeiro funcionar.
Compensação é o cálculo das obrigações líquidas (dívidas) antes que ocorra o devido pagamento de uma dívida (liquidação). Por exemplo, se o banco A deve 10 reais a B e o banco B deve 6 reais ao banco A, então 6 reais em dívidas se cancelam e A paga apenas 4 reais a B.
Na compensação, os pagamentos não são feitos individualmente para cada ordem, mas de uma única vez para cada credor. Isso reduz custos e agiliza as transações.
Existem dois tipos de compensação: bilateral e multilateral.
A compensação bilateral é acordo que envolve apenas duas entidades com obrigações entre si. As obrigações cobertas pelo acordo podem surgir de contratos financeiros, transferências ou de ambos.
A compensação multilateral é mais complexa, envolvendo diversas entidades com obrigações entre si. É uma apuração da soma dos resultados bilaterais devedores e credores de cada participante em relação aos demais.
O resultado da compensação multilateral também corresponde ao resultado de cada participante em relação à câmara ou ao prestador de serviços de compensação e de liquidação que assuma a posição de parte contratante para fins de liquidação das obrigações realizadas por seu intermédio.
III - A LIQUIDAÇÃO 
Os bancos estão sujeitos à liquidação extrajudicial. 
A Liquidação Extrajudicial é um tipo de regime especial, trata-se de uma medida administrativa, com caráter saneador e é aplicado às empresas que operam no mercado supervisionado, portanto uma intervenção econômica estatal em uma empresa supervisionada a fim de restabelecer suas finanças e satisfazer seus credores.
Como explica Manoel dos Santos Leitão,  a Lei nº 6.024, de 13/03/1974, que trata do assunto, estabelece em seu artigo nº 15, que a liquidação extrajudicial poderá ser decretada:
I - ex oficio:
a) em razão de ocorrências que comprometam sua situação econômica ou financeira especialmente quando deixar de satisfazer, com pontualidade, seus compromissos ou quando se caracterizar qualquer dos motivos que autorizem a declararão de falência;
b) quando a administração violar gravemente as normas legais e estatutárias que disciplinam a atividade da instituição bem como as determinações do Conselho Monetário Nacional ou do Banco Central do Brasil, no uso de suas atribuições legais;
c) quando a instituição sofrer prejuízo que sujeite a risco anormal seus credores quirografários;
d) quando, cassada a autorização para funcionar, a instituição não iniciar, nos 90 (noventa) dias seguintes, sua liquidação ordinária, ou quando, iniciada esta, verificar o Banco Central do Brasil que a morosidade de sua administração pode acarretar prejuízos para os credores;
II - a requerimento dos administradores da instituição - se o respectivo estatuto social lhes conferir esta competência - ou por proposta do interventor, expostos circunstanciadamente os motivos justificadores da medida.
§ 1º O Banco Central do Brasil decidirá sobre a gravidade dos fatos determinantes da liquidação extrajudicial, considerando as repercussões deste sobre os interesses dos mercados financeiro e de capitais, e, poderá, em lugar da liquidação, efetuar a intervenção, se julgar esta medida suficiente para a normalização dos negócios da instituição e preservação daqueles interesses.
§ 2º O ato do Banco Central do Brasil, que decretar a liquidação extrajudicial, indicará a data em que se tenha caracterizado o estado que a determinou, fixando o termo legal da liquidação que não poderá ser superior a 60 (sessenta) dias contados do primeiro protesto por falta de pagamento ou, na falta deste do ato que haja decretado a intervenção ou a liquidação.
2 – Nomeação do Liquidante
No momento da decretação da liquidação extrajudicial pelo órgão que supervisiona a atividade (BC, SUSEP, ANS,...) da entidade supervisionada, este nomeia um liquidante, que deve satisfazer requisitos de idoneidade moral e técnica, cujas atribuições básicas são levantar todos os créditos, arrecadar ativos, realizá-los para quitar os créditos, levantar responsabilidades dos ex-administradores fazendo denúncia ao Ministério Público, quando for o caso, e requerer autofalência, após autorização do órgão supervisor.
3 – Direitos dos Credores
Com a decretação do regime especial de liquidação extrajudicial, tem-se resumidamente os seguintes efeitos:
- suspensão das ações e execuções iniciadas, não podendo ser intentadas outras enquanto durar a liquidação;
- provoca o vencimento antecipado das obrigações da massa liquidanda;
- cláusulas penais de contratos unilaterais não são atendíveis;
- não correm juros contra a massa liquidanda, mesmo que contratuais, enquanto o passivo não for integralmente pago;
- há interrupção da prescrição das obrigações da massa liquidanda; e, a correção monetária das dívidas incide sobre a totalidade das obrigações.
4 – Processo de Liquidação Extrajudicial
No momento em que o liquidante toma posse, recolhe todos os livros contábeis/legais da entidade, assim como outros documentos de interesse da administração, levanta seu balanço com data da publicação no D.O.U de sua nomeação, fazendo ajustes, se for o caso e quase sempre é, ao balanço dos ex-administradores que deve ser até o dia anterior à publicação de sua nomeação como liquidante. Elabora os termos de arrecadação dos livros, documentos, dinheiro e demais bens, mesmo que em posse de terceiros, seja a que título for. Toma ciências dos assuntos, motivos, problemas, destacando-se os contábeis, que levaram à decretação da liquidação extrajudicial e elabora seu relatório, denominado “Relatório do Liquidante” ao órgão supervisor.
O órgão supervisor, de posse do relatório, autorizará o liquidante a prosseguir com a liquidação ou a requerer a autofalência da entidade, nos caso em que o ativo desta não for suficiente para cobrir, pelo menos, 50% (cinqüenta por cento) dos créditos quirografários, ou quando houver fundados indícios de crime falimentar. O requerimento da autofalência é uma atribuição exclusiva do liquidante, não podendo ser feita pelos acionistas ou credores.
No prosseguimento da liquidação, o liquidante convocará, através de publicação de Edital na impressa e no Diário Oficial da União, os credores a declararem seus créditos, anexando a esta declaração os comprovantes que os fundamentam. Desta declaração, estão dispensados aqueles credores, cujos créditos já estejam comprovados nos livros da massa liquidanda.
Em seguida, com as declarações e documentos comprobatórios dos créditos em mãos, o liquidante faz suas análises. Notifica por escrito, sua decisão e estes a contar da data de recebimento têm o prazo de lei, para recorrer ao órgão supervisor, caso a decisão lhes seja desfavorável. Após os devidos julgamentos, o liquidante elabora o Quadro Geral de Credores, no qual devem estar relacionadas todas as importâncias dos créditos, bem como sua classificação de acordo com a Lei nº 6.024, de 13/03/1974 e Lei nº 11.101, de 09/02/2005. Após a publicação qualquer interessado, no prazo de 10 (dez) dias poderá impugnar, por escrito,a legitimidade, valor, ou classificação dos créditos constantes no referido quadro.
A Lei nº 6.024, de 13/03/1974, no seu artigo nº 31, faculta ao liquidante, desde que autorizado previamente pelo órgão supervisor, a “adotar qualquer forma especial ou qualificada de realização do ativo e liquidação do passivo, ceder o ativo a terceiros, organizar ou reorganizar a sociedade pela continuação geral ou parcial do negócio ou atividade da massa liquidanda”, sempre que a atividade dela colidir com os interesses da economia pública, da poupança privada e da segurança nacional. Esta faculdade proporcionada ao liquidante visa à preservação da continuidade da empresa, desde que executada sem a participação dos cofres públicos.
A prestação de contas pelo liquidante ao órgão supervisor é feita quando ele deixa suas funções ou, a qualquer tempo, se solicitado pela autarquia, respondendo civil e criminalmente por seus atos.
Saliente-se que, conforme estabelecido na lei, o liquidante, no caso de prosseguimento do regime de liquidação extrajudicial, fará alteração da razão da sociedade, através de um Termo de Deliberação, registrado na Junta Comercial, acrescentado a expressão “Em Liquidação Extrajudicial” e após o DBE junto à Receita Federal do Brasil.
5 – Efeitos da Liquidação sobre os Ex-administradores e membros do Conselho Fiscal
Os ex-administradores e membros do Conselho Fiscal, respondem pelos prejuízos causados, desde que incidam em culpa, dolo, ou violação da lei ou estatutos da entidade.
Os bens dos ex-administradores nos últimos 12 (doze) meses anteriores ao ato, ficarão indisponíveis até a efetiva apuração e apuração de suas responsabilidades, podendo ser extensiva aos membros do Conselho Fiscal, gerentes e outros; pois respondem civil e solidariamente.
Para apurar as responsabilidades civis e criminais, o órgão supervisor (BC, SUSEP, ANS, ..) nomeia uma Comissão de Inquérito, com prazo de 120 (cento e vinte) dias, com a finalidade de aferir a responsabilidade de cada administrador, conselheiro ou terceiro, com o objetivo de ressarcimento dos prejuízos causados por seus atos culposos ou dolosos. Após a apuração, o Relatório desta Comissão de Inquérito será encaminhada ao Ministério Público, para que este promova a ação penal competente.