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O crescimento da Alta Costura O que é Alta Costura? A alta-costura, uma das expressões mais utilizadas no mundo da moda, é a tradução do termo francês Haute Couture e refere-se à arte de criar roupas de alto padrão. Para Durand (1988, p.19), “alta-costura é o artesanato de luxo que veste mulheres de elite”. requisitos para o ateliê Na Alta-Costura cada peça é desenvolvida sob medida para um único cliente, feita com materiais de luxo e tecidos de alta qualidade, com extrema atenção aos detalhes, e feito à mão pelas costureiras mais experientes e qualificadas. “[...] O avesso de um modelo deve ser tão belo e perfeito quanto o lado direito”. (SABINO, 2009, p.3) A alta-costura é um nome legalmente protegido e só pode ser usado por empresas que cumpram determinados padrões, definidos e estabelecidos em 1945 pela Câmara Sindical da Costura Parisiense. Para ser um membro oficial da alta-costura, a empresa deve empregar no mínimo 15 pessoas nos ateliês, apresentar à imprensa duas coleções por ano (primavera/verão e outono/inverno) e produzir modelos de forma artesanal. Antes As roupas eram feitas por costureiros que apenas reproduziam aquilo que as senhoras apresentavam, seja a partir de revistas ou bonecas de moda, a partir dos tecidos trazidos também por elas. A cliente tinha participação na “criação”. Depois Regulamentado o termo Haute Couture; Alta Costura; Desfiles de Moda; Roupas Exclusivas sob medida e Tira a cliente do papel de “estilista”. A vida de Charles Frederick Worth É considerado o pai da alta-costura em razão de ter sido o primeiro costureiro a assinar suas criações, impondo-se como artista e criador. 1825 nasce Charles Frederick Worth em Bourne, Lincolnshire; 1837 (12 anos) já trabalhava em uma loja de cortinas em Londres; 1845 (20 anos) Worth foi para Paris, tornando-se vendedor da Maison Gagelin. Poucos meses depois, se casou com uma colega de trabalho, MarieVernet, considerada a primeira manequim da história. 1850 (25 anos) ele abria um departamento de costura na loja; 1853 (28 anos) ano do casamento de Napoleão III e Eugénie de Montijo, a casa Gagelin era responsável por fornecer o kit para a Imperatriz, isso a levou a alcançar fama internacional e participar na Exposição Universal em Londres e Paris. Eugénie de Montijo, Imperatriz da França no Segundo Império, casada com Napoleão III. Eugênia era, como chamamos hoje, uma “formadora de opinião“ e a sua influência disseminou-se através de revistas como a The Englishwoman’s Domestic Magazine e a La Belle Assemblée. 05/051826 a 11/07/1920 1857 (32 anos) Charles decidiu deixar Gagelin para iniciar seu próprio negócio; Worth funda, na rua da Paz em Paris, sua própria casa, primeira da linhagem do que um pouco mais tarde será chamado de Alta Costura. Ele anuncia: “Vestidos e mantôs confeccionados, sedas, altas novidades”, mas a verdadeira originalidade de Worth, de quem a moda atual continua herdeira, reside em que, pela primeira vez, modelos inéditos, preparados com antecedência e mudados frequentemente, são apresentados em salões luxuosos aos clientes e executados após escolha, em suas medidas (LIPOVETSKY, 2007, p.71). 1858 (33 anos) associando-se a um amigo Otto Bobergh, negociante sueco, criou sua própria loja, localizada em uma rua parisiense anônima, mas graças a Worth para se tornar a mais famosa da capital. Em sua primeira Maison: I. Chegou a ter quase 1.200 funcionários; II. Estabeleceu o conceito de produção fabril; III. Conceito de algumas profissões como a de modelista; IV. A ele também está ligada a origem dos desfiles de moda: em 1858 reuniu suas clientes mais importantes para apresentar uma nova coleção de vestidos. V. Segundo Embacher (2003, p.41) Worth “cria o primeiro conceito de griffe”. (etiqueta) Worth firma-se como criador justamente no período em que nascia a industrialização em grande escala e em que se promovia a ascensão de uma burguesia disposta a renovar seus trajes pelas mãos especializadas de um sujeito que garantia o “exclusivo”. (CASTILHO; MARTINS, 2005, p. 34). - Divisão e fragmentação da mão-de-obra, além de avanços em maquinários. 1859 (34 anos) ele se tornou o costureiro oficial da corte, especializado principalmente na produção de vestidos de noite e baile. 1860 (35 anos) ele lançou o vestido-túnica, que ia até os joelhos e era usado sobre uma saia longa; 1864 (39 anos) deixou de lado as armações das saias da época, chamadas de crinolinas, elevou a altura das saias na parte de trás, criando ao mesmo tempo uma cauda; 1869 (44 anos) tornou a cintura feminina mais alta, e recriou as anquinhas; 1870 (45 anos) com a queda do Segundo Império, Worth perdeu sua principal cliente, decidindo, então, fechar sua casa. Voltou a reabri-la um ano depois, e mesmo com uma compreensível queda nos negócios, continuou a ser o preferido das celebridades da época, entre as quais a atriz Sarah Bernhardt e Eleonora Duse. E continuou, também, a inovar em suas criações, abolindo o excesso de ornamentos e usando tecidos de grande qualidade e especial beleza, sempre na tentativa de redefinir de maneira mais simples, e mais elegante, a silhueta das mulheres. 1895 (70 anos) Charles vem a óbito em Paris, França. Sua Maison, depois de sua morte, foi dirigida pelos filhos Gaston e Jean-Philippe, junto com outros descendentes. 1954 Sua Maison foi comprada pela casa Paquin. De forma informal, podemos associar Charles Worth à origem do termo Alta Costura na França e sua função é preservar técnicas artesanais de corte e costura, tais como: peças feitas apenas sob medida, costuras à mão, bordados e moulage através dos tempos. Segundo COURTEAUX (2005), Worth começa a ter mais sucesso, quando a princesa Metternich, esposa do embaixador da Áustria em Paris, o encomendou um vestido, o qual ela usou em um baile no Palácio das Tulherias (Tuileries Palace). Muitas mulheres da “alta sociedade” que ali estavam, queriam saber quem havia feito tal vestido. A imperatriz Eugénie percebeu o vestido, indagando a princesa quem seria o “criador” do vestido, passando a se tornar cliente de Worth. Sua maior visibilidade começa a partir desse registro histórico. Princesa Paulina Metternich com vestido de Charles Worth Curiosidades “Quem compra alta-costura esporadicamente é reconhecido como comprador e não cliente. Existem 200 e poucos clientes no mundo, apenas.” “As maiores consumidoras de alta-costura são americanas, árabes e russas, nessa ordem.” “O termo maison é automaticamente associado a alta-costura. É incorreto usar o termo grife de alta-costura.” “No Brasil, utilizamos a expressão alta-costura mesmo sabendo que está errado, pois ainda não inventamos uma expressão que simbolize a moda brasileira.” Curiosidades “Não existe ‘estilista de alta-costura’. O termo correto é costureiro. Mas em Paris, falar que você é um ‘couturière’ é o máximo de prestígio.” “As peças de alta-costura são uma vitrine para a maison e não gera muito lucro. O que mais dá dinheiro para a marca são os perfumes, seguidos dos cosméticos, depois dos acessórios e depois das peças de couture.” “Na Semana de Moda de Alta-Costura, as maisons precisam apresentar pelo menos 25 looks. Apesar do retorno financeiro não ser garantido, o risco é necessário para chamar atenção da mídia. E como não existe liquidação de luxo, o que não for vendido das passarelas vai para o acervo do costureiro. As peças podem terminar em um museu ou no tapete vermelho.”
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