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PROTOCOLO PEDIÁTRICO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS Rua Desembargador Motta, 1070 • Curitiba . PR . Brasil/Brazil • CEP/Zip Code 80.250-060 tel.: + 55 41 3310.1080 • + 55 41 3310.1722 • fax + 55 41 3225.2291 cpp@hpp.org.br • www.pequenoprincipe.org.br Complexo Pequeno Príncipe O Complexo Pequeno Príncipe é formado pelos hospitais César Pernetta e Pequeno Príncipe, Faculdades Pequeno Príncipe e Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe. Esta história começou em 1919, quando voluntários se organizaram para oferecer consultas e remédios gratuitos a crianças e adolescentes. Atualmente, o Pequeno Príncipe é o maior hospital pediátrico de alta complexidade do Brasil. Sua missão é de proteger a criança e o adolescente por meio da assistência, ensino, pesquisa e mobilização social, fortalecendo o núcleo familiar. Com esse objetivo trabalha diariamente para garantir a todos os meninos e meninas os direitos universais fundamentais à vida. PROTOCOLO PEDIÁTRICO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS Autores Dr. Paulo Ramos David João, Chefe da UTI Pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe Dra. Camila Faversani Camargo, Residente do 2º ano do Serviço de Pediatria do Hospital Pequeno Príncipe Dra. Carolina Carneiro Silva, Residente do 2º ano do Serviço de Pediatria do Hospital Pequeno Príncipe Dra. Fernanda Regina de Souza, Residente do 2º ano do Serviço de Pediatria do Hospital Pequeno Príncipe Dra. Gleici Filipetto, Residente do 2º ano do Serviço de Pediatria do Hospital Pequeno Príncipe Organizadores Dr. Donizetti Giamberardino Filho, Diretor Clínico do Hospital Pequeno Príncipe Dr. Nilton Kiesel Filho, Coordenador Médico da Emergência do Hospital Pequeno Príncipe Projeto Gráfico Karina Kondo, Coordenadora do Marketing-Criação do Hospital Pequeno Príncipe Vinícius Binder Segan, Designer Gráfico do Marketing-Criação do Hospital Pequeno Príncipe Revisão de texto Géssica Elen, Coordenadora da Comunicação do Hospital Pequeno Príncipe Camila Hampf Mendes, Jornalista do Hospital Pequeno Príncipe Curitiba, Julho de 2011 ÍNDICE Protocolo de Distúrbios Hidroeletrolíticos e Ácido-básicos 1. INTRODUÇÃO 05 2. DISTÚRBIOS Da ÁgUa 05 3. DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS 06 DESIDRaTaÇÃO 06 TRaTamENTO 08 4. DISTÚRBIOS DO SÓDIO 10 HIPONaTREmIa 10 HIPERNaTREmIa 12 5. DISTÚRBIOS DO POTÁSSIO 14 HIPOPOTaSSEmIa 14 HIPERPOTaSSEmIa 15 6. DISTÚRBIOS DO CÁLCIO 17 HIPOCaLCEmIa 17 HIPERCaLCEmIa 18 7. DISTÚRBIOS Da gLICOSE 19 HIPOgLICEmIa 19 8. DISTURBIOS DO magNÉSIO 20 HIPOmagNESEmIa 20 HIPERmagNESEmIa 20 9. DISTÚRBIOS DO FÓSFORO 21 10. DISTÚRBIOS ÁCIDO-BÁSICOS 22 aCIDOSE mETaBÓLICa 23 aLCaLOSE mETaBÓLICa 25 11. REFERêNCIaS 27 5 PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS 1. INTRODUÇÃO Os distúrbios do metabolismo hidroeletrolítco e ácido-básico são bastante frequentes em Pediatria e podem trazer graves consequências. Este protocolo tem a finalidade de estabelecer uma rotina para as crianças atendidas em todos os setores do hospital. 2. DISTÚRBIOS Da ÁgUa A quantidade de água total é distribuída em dois grandes compartimentos: o extracelular (LEC) e o intracelular (LIC) através do equilíbrio osmótico. À medida que ocorre o crescimento e desenvolvimento do organismo, há aumento progressivo na quantidade de células e, por consequência do líquido intracelular como um todo. O intracelular é composto principalmente de potássio (K), fosfatos orgânicos e proteínas, e o extracelular de sódio (Na), cálcio (Ca), magnésio (Mg), cloretos (Cl), bicarbonato (bic) e ácidos orgânicos. Porcentagem de água em relação ao peso, compartimento extracelular e compartimento intracelular de acordo com a faixa etária: ÁGUA LEC LIC Prematuros 80% 50% 30% RN 70% 45% 35% Lactentes 65% 25% 40% 1 a 6 anos 60% 20% 40% Acima de 6 anos 55% 20% 40% 6 7 PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS 3. DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS DESIDRaTaçãO Desidratação é a contração do volume extracelular secundária às perdas hidroeletrolíticas, cuja gravidade irá depender da magnitude do déficit em relação às reservas corpóreas e da relação entre o déficit de água e de eletrólitos, principalmente o sódio. Pode ser classificada de acordo com a magnitude do déficit de água, estimada através de sinais clínicos e pela perda ponderal (Tabela 1), em: • Leve: perda <5% do peso • Moderada: perda 5 a 10% do peso • Grave: perda acima de 10% do peso Por outro lado, o nível sérico do sódio resultante dessas perdas determinará a sua classificação em: • Desidratação hipotônica ou hiponatrêmica (Na <130mEq/L). Há uma depleção de sódio e água, porém com uma perda proporcional excessiva de sódio em relação à perda hídrica. Os sinais e sintomas da desidratação são mais acentuados. • Desidratação isotônica ou isonatrêmica (Na = 135 a 150mEq/L). Tipo mais frequente de desidratação, onde há uma depleção de sódio e água, com uma perda proporcional à concentração do fluido extracelular. • Desidratação hipertônica ou hipernatrêmica (Na>150mEq/L). Há depleção de sódio e água, porém com uma perda proporcional maior de água, levando à desidratação celular com graves sintomas secundários, principalmente ao comprometimento do sistema nervoso central. Mais comum no lactente. Tabela 1 – Classificação clínica do grau de desidratação LEVE MODERADA GRAVE Estado geral Irritada, com sede, dorme mal e pouco Mais agitada, muita sede, raramente dorme Deprimida, comatosa, não chora mais Boca Seca, lábios vermelhos, língua seca e saburrosa Muito seca, lábios às vezes cianóticos Lábios cianóticos Olhos Normais Fundos Muito fundos Lágrimas Presentes Ausentes Ausentes Fontanela Normal Deprimida Muito deprimida Pele Quente, seca, elasticidade normal Extremidades frias, elasticidade diminuída Pele fria, acinzentada, elasticidade muito diminuída Pulsos Normais Finos Muito finos Enchimento capilar <2s 2-4s >4s Perda de peso 2,5 a 5% 5 a 10% Acima de 10% Déficit estimado 25 a 50ml/kg 50 a 100ml/kg >100ml/kg 8 9 PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS TRaTamEnTO Independentemente da etiologia da desidratação, que pode ser muito variável, os princípios gerais de tratamento são os mesmos, devendo- se levar em consideração o grau das perdas de água (gravidade) e o nível de sódio (tipo de desidratação), não se esquecendo de que outros distúrbios eletrolíticos e metabólicos poderão estar presentes, merecendo atenção especial o equilíbrio ácido-base e os níveis de potássio. De um modo geral, a desidratação leve e moderada pode ser tratada através da via oral (terapia de reidratação oral, TRO), reservando-se a via parenteral para os casos mais graves, para a correção dos distúrbios eletrolíticos graves e para aqueles com vômitos incoercíveis ou com perdas continuadas muito intensas (>100ml/kg/h). A terapia de reidratação endovenosa consiste em três fases com objetivos terapêuticos distintos: fase de reparação ou expansão, fase de manutenção e fase de reposição. Fase de expansão ou reparação • Desidratação moderada/grave - fazer infusão de 20ml/kg de SF 0,9% a cada 20-30 minutos até desaparecer os sinais de desidratação e ocorrer diurese (2 urinas menos concentradas). Adendo: de acordo com a literatura (6), a infusão de maiores quantidades de líquido na primeira hora (mais ou menos 50ml/kg) oferece melhor resposta ao tratamento, liberação mais rápida do paciente e sem ocorrência deefeitos colaterais (ex: edema intersticial e de pulmão). • Choque - é utilizado infusão ultrarrápida de volume (20ml/kg de 5 a 10 minutos), muitas vezes sendo necessária infusão com bolsa de infusão ou oferecer volume em bolus na seringa. Isso é utilizado até melhorar a perfusão ou aparecimento de estertores pulmonares ou rebaixamento hepático. Em algumas situações há descrição de chegar até a 200ml/kg/hora A utilização de Ringer Lactato (RL) como solução cristaloide não oferece vantagens evidentes na literatura e seu uso deve ser cauteloso nos pacientes com hipercalemia. (RL contém Na 140 mEq/L, K 4 mEq/L, Ca 3 mEq/L, lactato 28 mEq/L) O plasma não deve ser utilizado como expansor a não ser nos casos em que exista coagulopatia. Nos pacientes muito desnutridos (albumina <2mg/L) pode ser utilizada solução de albumina a 5% com SF0,9% para expansão. Fase de manutenção Essa fase tem por objetivo repor as perdas fisiológicas normais de água e eletrólitos da criança. Da fórmula original de Holliday (1955), descrita para lactentes com fórmula láctea prévia para cada 100 cal são necessárias: 100ml de água + 2mEq/L de sódio + 2mEq/L de potássio e 100 a 200mg (ou 0,5 – 1mEq/L) de cálcio. Atualmente existem vários trabalhos demostrando que a utilização deste soro hipotônico pode levar a hiponatremia severa com sérias consequências como edema cerebral. Nos pacientes que permanecerão em jejum mais de 6 horas, a indicação atual é de manter a solução isotônica para manutenção principalmente em pós- operatório quando ocorre secreção do hormônio ADH aumentada. 10 11 PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS Em todas as situações em que existe perda extraordinária de líquido deve ser reposto 100%: • Situações que aumentam a oferta de líquidos: febre, hiperventilação, sudorese, queimaduras, aumento da temperatura ambiental, cirurgia abdominal com ileostomia • Situações que diminuem a oferta de líquido: ventilação mecânica com umidificação, hipotermia, pós-operatório imediato, SIADH 4. DISTÚRBIOS DO SÓDIO HIPOnaTREmIa Clinicamente caracterizado com Na < 130 mEq/L, assume maior gravidade em situações em que níveis de sódio encontram-se abaixo de 120mEq/L, ocasião em que necessita de correção imediata e cuidadosa. É o distúrbio eletrolítico mais comumente encontrado em pacientes instáveis, podendo ser decorrente de uma série de condições. Etiologia: • Hiponatremia hipovolêmica: fístulas, diuréticos natriuréticos, sondas, tubulopatias, fibrose cística, insuficiência adrenal, síndrome cerebral perdedora de Na, diabetes mellitus, GECA e uso de soro hipotônico. • Hiponatremia hipervolêmica: insuficiência cardíaca congestiva, insuficiência renal, hipoalbuminemia: insuficiência hepática, síndrome nefrótica e desnutrição. • Hiponatremia normovolêmica: SIADH (mais comum), hipotireoidismo, dieta hipossódica e polidipsia primária. Clínica: Normalmente assintomático até Na > 125 mEq/L. Cursa com alterações neurológicas como apatia, anorexia, hiporreflexia, náuseas, cefaléia, alteração de sensório (irritabilidade inicialmente), convulsões e coma. Com sinais importantes de DEEC. Diagnóstico laboratorial: Realizado quando há evidencias laboratoriais do Na< 135 mEq/L. Tratamento: Devemos usar a fórmula seguinte: déficit de Na= (Na desejado- Na atual)x P x 0,6 • Hiponatremia hipovolêmica: - Na < 120 mEq/L Fazer a correção rápida em 3-4 horas, considerando Na desejado =125 mEq/L, usando cloreto de sódio a 3% (11 ml de NaCl 20% + 89 ml de SF0,9%) com concentração final de 0,5mEq/ml e velocidade máxima de infusão de 0,5 a 1 mEq/Kg/h (1 a 2 ml/Kg/h), podendo chegar a 5mEq/kg/h (10 ml/Kg/h) na presença de edema cerebral. Cada 1ml/kg/h aumenta 1mEq/L de sódio. Tais cuidados visam evitar um aumento muito rápido dos níveis de sódio, que tem sido associado à síndrome de desmielinização osmótica (SDO), frequentemente fatal, caracterizada clinicamente por paraparesia, quadriplegia, disartria, disfagia, alteração da consciência e coma. Embora a SDO esteja mais associada à correção rápida do déficit de sódio nas hiponatremias crônicas, de um modo geral, recomenda-se para todos os casos não se elevar os níveis de sódio mais que 12 mEq/L nas primeiras 24 horas. 12 13 PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS - Na> 120 mEq/L Corrigir junto com a depleção, calculando-se o volume a ser reparado em soro glicofisiológico, não necessitando usar a fórmula. Raramente necessita de solução hipertônica. - Hiponatremia hipernatrêmica: Restrição hídrica de sal. Uso de diuréticos. - Hiponatremia normovolêmica: Tratar causa básica. Restrição hídrica. Nos casos em que existe hiponatremia que não se encaixa nos exemplos anteriores, com paciente hidratado, utiliza-se apenas solução isotônica. O aumento do sódio não deve ultrapassar 10-12 mEq/L para evitar efeitos graves: hipernatremia, lesão renal e SOD. HIPERnaTREmIa Caracterizada por Na > 145 mEq/L, costuma assumir maior gravidade quando os níveis de sódio ultrapassam 150 a 155 mEq/L, com grande potencial de mortalidade e riscos de sequelas. O paciente pode ser normovolêmico, hipovolêmico (desidratado) ou com sinais de hipervolemia (hiperhidratado, hipertenso). Etiologia: • Hipernatremia hipovolêmica: diabetes insípido, desidratação e hipodipsia. • Hipernatremia hipervolêmica: sobrecarga de sódio parenteral ou enteral, fórmulas lácteas inadequadas, hiperaldosteronismo primário, síndrome de Cushing e hiper-hidratação hipertônica. Clínica: Normalmente cursa com febre, irritabilidade, fontanela tensa, língua seca, hipertonia, tremores de extremidades, crises convulsivas, confusão mental, torpor, coma e outras alterações decorrentes de eventuais hemorragias e tromboembolismo; poucos sinais de DEEC. Deve-se tomar cuidado com os danos neurológicos, que acontecem tanto pela alteração quanto pela correção inadequada. A principal complicação é o edema cerebral quando há retorno rápido da água para o intracelular, quando há correção rápida da hipernatremia. Diagnóstico laboratorial: Valores laboratoriais acima de 150 mEq/L. Tratamento: • Hipernatremia hipovolêmica: Déficit H2O: Na atual - Na desejado x P x 0,6. Tentar oferecer o déficit de H2O via oral. Por via endovenosa utilizar soro glicosado ou glicofisiológico. Paciente chocado: corrigir com SF 0,9% ou Albumina 5%. - Na > 170 mEq/l: oferecer água livre em 24 - 48 horas, monitorando o sódio até baixar de 170mEq/L. - Na < 170 mEq/l: corrigir o déficit de água somado a volemia em 24-48 horas com soro glicofisiológico . Caso a hipernatremia seja causada por diabetes insípidus, tratar o distúrbio básico. Baixar sódio no máximo 12 mEq/l/dia. Na atual 14 15 PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS • Hipernatremia hipervolêmica: Na > 170 mEq/L: fazer correção rápida do déficit água como no item anterior. Na < 170 mEq/L: diurético, restrição hídrica de 75% das necessidades diárias. Diálise se insuficiência cardíaca congestiva ou insuficiência renal aguda. • Hipernatremia normovolêmica: O tratamento baseia-se apenas na diminuição da oferta de sódio. 5. DISTÚRBIOS DO POTÁSSIO O potássio é o principal eletrólito intracelular e a relação entre os seus níveis intra e extracelular é a principal determinante do potencial elétrico transmembrana. Portanto, qualquer alteração significativa na concentração extracelular de potássio pode ter sérios efeitos não apenas na função metabólica, mas também na condução nervosa, com repercussões na musculatura e, principalmente, no ritmo cardíaco, predispondo ao desenvolvimentode arritmias nos casos mais graves. HIPOPOTaSSEmIa Conceito Caracterizada por K <3,5 mEq/l, geralmente assintomática. Etiologia Aporte baixo, perdas não renais (diarréia, vômitos, fístulas, sondas e sudorese), perdas renais (hiperaldosteronismo, diuréticos, tubulopatias e Síndrome de Cushing), aumento dos níveis de insulina, alcalose metabólica e uso de agonistas beta-adrenérgicos. Clínica Leve: K entre 2,5 – 3,5 mEq/l Moderada: K <2,5 mEq/l, sem clínica Grave: K <2,5 mEq/l, paralisias e alterações no ECG Hipotonia muscular, hiporreflexia, dor muscular, distensão abdominal com relevo da alças. Alterações ECG: depressão ST, diminui onda T, onda U, arritmias. Tratamento Sempre que possível deve-se procurar identificar e corrigir a causa básica que está determinando o distúrbio eletrolítico. Cuidado na reposição rápida com arritmias. Monitorizar infusão pelo ECG e K sérico. - K <2,5 mEq/l Fazer infusão rápida: 0,3 - 0,5 mEq/Kg/hora, em 2-4 horas. Não exceder concentração de 80 mEq/l e monitorizar nível sérico de K. - K entre 2,5 – 3,5 mEq/l Aumentar a oferta para 4-5 mEq/Kg/dia, não excedendo a concentração de 80 mEq/l. Sempre com bomba infusora. HIPERPOTaSSEmIa Conceito Caracterizada por K >5,5 mEq/l. É uma emergência médica. Está associada à PCR quando K >8,5 mEq/l. Necessita tratamento se K >6,0 mEq/l, mesmo sem alterações no ECG. 16 17 PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS Etiologia Excesso de aporte, bloqueadores beta-adrenérgicos, acidose metabólica, curares (succinilcolina), insuficiência renal, insuficiência suprarrenal, diuréticos poupadores de K. Clínica Paresias, fadiga muscular, paralisias, diminuição dos reflexos, acidose metabólica. Pseudo-hipercalemia: hemólise, leucocitose, trombocitose. Alterações ECG: onda T alta, QRS alargado, onda P achatada ou assistolia, arritmias e déficit de condução. Tratamento 1. GluCa 10%: 0,5 – 1,0 mEq/Kg (1 – 2 ml/Kg) EV, em 5 minutos = proteção do miocárdio. ( 1ª conduta ) 2. BicNa 8,4%: 1,5 – 2,0 mEq/Kg EV = aumenta captação celular do K. Deve ser usado apenas se acidose metabólica. 3. Glicose 50%: 0,5 – 1,0 g/Kg (1 – 2 ml/Kg) EV = aumento da captação celular de K. 4. Insulina regular: 1u/4g de glicose SC = carreia K para intracelular. 5. Sorcal: 1g/Kg VO ou VR, 4/4 ou 6/6 horas diluído em água 3ml/g = remoção do K do organismo. 6. B2 agonistas: terbutalina ou salbutamol 4 mcg/kg EV em 20 minutos ou inalação contínua(0,5mg/Kg/hora) com salbutamol ou fenoterol. 7. Diálise na IRA. 6. DISTÚRBIOS DO CÁLCIO O cálcio é o principal cátion bivalente do organismo e encontra-se concentrado predominantemente nos ossos. Sua fração ionizável é fisiologicamente ativa. Funções celulares: neurotransmissores, hormônios, imunidade (risco de sepse), função mitocondrial, axonal e cromossômica. Importante nos mecanismos de transmissão neuromuscular/contração da musculatura e função miocárdica, de modo que alterações de seu metabolismo podem ter consequências clínicas significativas. Calcemia normal: - RN: 7,0 - 11,5 mg/dl - > 1 ano: 8,6 - 10,5 mg/dl - 1 mês-1 ano: 8,6 - 11,2 mg/dl - Ca iônico: 2 - 4 mg/dl Alterações clínicas: Ca total < 7mg/dl Ca i < 1 mg/dl HIPOCaLCEmIa Conceito Caracterizada por Ca total <8,5 mg/dl e Ca iônico <1,0 mg/dl. Sintomático quando Ca <7,0 mg/dl. Etiologia Hipoparatireoidismo, hiperfosfatemia, uso de citratos, uso de diuréticos, insuficiência renal, correção de acidose, baixa oferta, deficiência de vitamina D. Clínica Irritabilidade neuromuscular (parestesias, reflexos hiperativos, espasmos musculares, tetania, convulsões e laringoespasmo), insuficiência cardíaca, bradicardia, hipotensão arterial, ECG com QT longo, arritmias e parada cardíaca. 18 19 PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS Tratamento • Sintomática com convulsão: - GluCa 10%: 2 ml/Kg diluído 1:1 em AD, em infusão lenta. - Cloreto de Cálcio 10% - 0,3 a 0,5 ml/kg diluído em AD 1:1 lento (casos refratários). • Assintomática: - GluCa10%: 2ml/kg diluído em SG5%, em 2 horas. - Manutenção: 1-2ml/kg GluCa10%. - GlucCa 1 ml = 9 mg Ca elementar, 100mg de Ca, 0,5 mEq. (Cloreto de cálcio = triplo do Gluconato de cálcio). HIPERCaLCEmIa Conceito Caracterizada por Cálcio total > 10,8. Distúrbio raro. Emergência se Ca > 15mg/dl. Etiologia Curarização, hiperalimentação, diurético, tiazídico, hiperparatireoidismo e doença maligna. Clínica Letargia, estupor, coma, crise convulsiva, anorexia, náuseas, vômitos e arritmia. Tratamento - Hidratação (expansão com SF 0,9%) - Furosemida 1-2mg/kg - Hidrocortisona 5-10mg/kg/dia (absorção intestinal) 7. DISTÚRBIOS Da gLICOSE HIPOgLICEmIa Conceito Caracterizada por glicose < 50 mg%. Mais comum em RN. Etiologia Prematuridade e PIG, início tardio da alimentação do RN, asfixia neonatal, erros inatos do metabolismo (glicogenoses), filho de mãe diabética, hiperinsulinismo, sepse, deficiências hormonais (deficiências de GH, hipotireoidismo e hipofunção de suprarrenal), Síndrome de Reye e pós-transfusão de sangue com citrato. Clínica Sucção débil, sudorese, palidez, hipotonia, convulsão, apnéia e má- perfusão. Tratamento • Assintomática: - Infusão de glicose: 5-8 mg/Kg/min (RN e lactente) 3-5 mg/Kg/min (Pré-escolar e escolar) • Sintomática: - Glicose em bolo: 0,2 g/Kg EV lento - 2 ml de glicose a 10% ou 1 ml/Kg glicose 25% (pode ser repetida após 5 minutos) - Após passar a manutenção até 12 mg/kg/min Casos rebeldes: - Hidrocortisona 5mg/Kg/dose EV 12/12h - Glucagon 0,03 mg/Kg IM - Adrenalina (1:1000) 0,01 mg/Kg SC e diazóxido são outras opções mas não muito utilizadas 20 21 PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS 8. DISTURBIOS DO magNÉSIO O magnésio participa de vários processos enzimáticos e formação de ATP. Pode ser encontrado nos ossos (60%); nos tecidos moles como músculos e fígado (40%) e no espaço extracelular (de 1 a 6%). Seu valor normal pode variar de 1,5 a 2mEq/L (1,8 a 2,4%). HIPOmagnESEmIa Tem como alterações clínicas a tetania, tremores, espasticidade, fasciculações, hiperreflexia, convulsões, arritmia e coma. Deve-se pensar nos distúrbios do magnésio quando há casos de hipocalcemia que não melhoram após a correção. O diagnóstico laboratorial é feito com valores de Mg <1,5mg/dl e tem como suas causas principais a baixa oferta, síndrome de má absorção, hipo ou hiperparatireoidismo, nutrição parenteral e uso de diuréticos. Tratamento Casos assintomáticos: aumentar a oferta (0,4 a 0,8 mEq/kg/dia). Casos sintomáticos: sulfato de magnésio a 50% (0,1 a 0,2 ml/kg IM de 8/8h), lembrando que o sulfato de magnésio a 50% tem 4mEq/ml. Quando EV fazer a 3 ou 5%. HIPERmagnESEmIa É um distúrbio eletrolítico mais raro, com valores de magnésio ultrapassando 4mEq/l; pode-se encontrar em RNs de mães com eclampsia e pode causar bloqueio neuromuscular, depressão do SNC e depressão cardíaca. Tratamento Hidratação e uso de cálcio. 9. DISTÚRBIOS DO FÓSFORO O fósforo participa de importantes funções metabólicas como a formação de ATP, e é mais encontrado nos ossos e no espaço intracelular. Pode ser encontrado tanto na forma orgânica como na forma inorgânica (sais de fosfato). Seus valores normais variam de 4 a 6mg/dL, e o diagnóstico da hipofosfatemia é feito quando os valores do fósforo encontram-se abaixo de 2,5mg/dL. Casomais grave, com fraqueza muscular, insuficiência respiratória e insuficiência cardíaca têm valores abaixo de 1,5mg/dL. Deve-se suspeitar desse distúrbio quando a criança apresenta cetoacidose diabética, crianças em uso de nutrição parenteral, uso de antiácido e desnutridos. Tratamento Depende do valor inicial do fósforo: P<1,5mg/dL – 0,5-1mMol/kg ou 15-30mg/kg de fosfato de potássio em 6-8h P<2,5mg/dL – usar o mesmo cálculo porem em 24 horas. Manutenção de 15-30mg/kg/dia - A solução de fosfato de potássio 20% contem 2,4mMol/ml ou 31mg de fosfato e 2mEq de potássio. 22 23 PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS 10. DISTÚRBIOS ÁCIDO-BÁSICOS - Valores de Referência GASOMETRIA ARTERIAL NORMAL pH 7,35 – 7,45 pCO2 35 - 45 mmHg paO2 70 - 90 mmHg Saturação de O2 > 95% Bicarbonato 22 – 24 mEq/L BE (+5) – (-5) mEq/L BB 40 mEq/L APRESENTAÇÕES Apresentação Concentração (em 1 ml) NaCl 20% 3,4 mEq de Na e Cl KCl 19,1% 2,5 mEq de K Gluconato Ca 10% 0,5 mEq de Ca Bicarbonato Na5% 0,5 mEq de Bic Bicarbonato Na 8,4% 1 mEq de Bic Glicose 25% 0,25g Glicose 50% 0,5 g Sulfato de magnésio 50% 4 mEq Fosfato de potássio 20% 2,0 mEq de K e P Fórmula para Cálculo do Ânion Gap Ânion Gap= Na – ( Bic +Cl) Valor normal= 12 ± 2 mEq/l aCIDOSE mETaBóLICa Distúrbio caracterizado por acúmulo de radicais H+, consumo de bases (HCO3) e diminuição do pH sanguíneo. Etiologia • Acidose normoclorêmica com ânion gap elevado: acidose lática, cetoacidose, intoxicação por salicilatos, insuficiência renal, altas doses penicilinas, erros inatos do metabolismo, cetose de jejum, acidose tardia do RN rabdomiolise e parada cardiorrespiratória. • Acidose hiperclorêmica com ânion gap normal: gastroenterite, acidose tubular renal, insuficiência suprarrenal, infusão de NaCl, recuperação de cetoacidose diabética. Clínica Taquipnéia (padrão respiratório de Kussmaul), vômitos, diarréia, hipoperfusão tecidual, arritmia, hipotensão, crepitantes pulmonares, acrocianose e depressão miocárdica. Compensação • Hiperventilação • Saída de potássio intracelular • Eliminação de radicais H+ e aumento da absorção de bicarbonato pelos rins • Ativação dos tampões do organismo: fosfato, hemoglobina, produção renal de amônia. • Compensação respiratória pCO2= 1,5 x (HCO3) + 8 A cada decréscimo de 1 mEq/l do HCO3, o pCO2 diminui de 1,1 a 1,4 mmHg. • Compensação pela saída do potássio: A cada queda de 0,1 no pH, o K aumenta 0,5 em seu valor. 24 25 PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS Laboratório pH < 7,35 HCO3 < 22 AG = Na – (HCO3 + Cl) = 12 ± 2 mEq/L Tratamento Nos casos de acidose metabólica com ânion gap elevado, consiste em eliminar a causa básica. Não usar bicarbonato. Medidas gerais: monitorizar nível de consciência, frequências respiratória e cardíaca, pulsos, perfusão, diurese e saturação de oxigênio. Bicarbonato Usar se: pH < 7,1 e/ou Bic < 10 mEq/l Acidose hiperclorêmica/ânion gap normal Fórmulas Pouco utilizada: P x BE x 0,3 * P:peso Mais utilizada: Bicarbonato(mEq/l) = (15 - Bic encontrado) x P x 0,3 pH < 7,0: corrigir metade em 1 hora e o restante em 3horas pH> 7,0: corrigir em 4 horas Usar Bic Na a 1,25% Lembrar Se o pH diminui 0, 1, o potássio aumenta 0,5 mEq/l. Efeitos colaterais do bicarbonato: hipernatremia; hipopotassemia; hipocalcemia; alcalose metabólica. Acidose Paradoxal do SNC. Hipóxia Tecidual (devido ao desvio para esquerda da curva da Hemoglobina). Alterações no pH. A cada 10 mEq/l que altera o bicarbonato, o pH altera 0,15. A cada10 mmHg que altera o pCO2, o pH altera 0,08. Não devemos utilizar bicarbonato em bolus. Na impossibilidade de coleta de gasometria, caso haja uma acidose metabólica clínica: fazer bicarbonato 3 mEq/Kg em 3-6 horas, corrigir com a depleção. aLCaLOSE mETaBóLICa É um distúrbio definido como a perda de cloretos ou retenção de bicarbonato. O pH tem valores menores que 7,45 e o bicarbonato tem valores maiores que 24. Etiologia Excesso de bicarbonato; perda de H+ (vômitos, sucção gástrica, estenose hipertrófica de piloro); perda de cloretos; uso de diuréticos; hipocalemia; hiperaldosteronismo. Clínica Hipoventilação, hipóxia tecidual, sonolência, convulsão, parestesia, prostração, hipo ou hipertensão. 26 27 PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS PROTOCOLO DE DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICOS Tratamento Antieméticos, reposição volêmica. Alcalose cloreto-resistente: geralmente por hipocalemia; necessário corrigir este distúrbio. Alcalose metabólica clorido-responsiva. Se pH > 7,6; BE > 10: usar cloreto de amônia ou ácido clorídrico: Cloreto (mEq/l)= (90- Cl e) x P x 0,6 P:peso Cloro normal: 90 – 110 mEq/l Corrigir em 6 horas Usar solução com 80 mEq/l de cloro se não forem possíveis as soluções anteriores. Compensação Acidose respiratória: aumento de 1 mEq/l de bicarbonato; o PCO2 aumenta 1 mmHg. Diminuição da eliminação renal de H+. Entrada de potássio intracelular: aumento de 0,1 no pH, o potássio cai o,5 mEq/l. pCO2 esperado= 15 + bicarbonato 11. REFERêNCIaS • Oliveira RG. Distúrbios Hidroeletrolíticos e Ácido-básicos. Blackbook Pediatria 2011:542-551 • Kleinman ME et al, PALS :2010 American Heart Association. Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. Circulation 2010;122:S876-S908 • Rodig MM. Renal and Electrolyte Emergencies in Fleisher GR, Ludwig S Textbook of Pediatric Emergency Medicine 6th Edition Lippincott Williams&Wilkins Philadelphia 2010;100:1099-1126 • Hirschheimer MR, Arkader R, Matsumoto T. Distúrbios do Metabolismo do Sódio, Potássio e do Equilíbrio Ácido-básico em Lopes FA, Campos Jr D. Tratado de Pediatria 2a Edição Editora Manole 2010,Seção 27;16:2471-2511 • Costa HPF. Distúrbios metabólicos no RN em Lopes FA, Campos Jr D. 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