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Jéssica N. Monte Turma 106 P2 Patologia Aula 8 - Diferenças e Nomenclatura dos Tumores Benignos e Malignos Diferenças entre os termos neoplasia, tumor e câncer: O termo neoplasia significa um crescimento novo, podendo haver neoplasias benignas e malignas. Um tumor se refere a um aumento de volume devido a um crescimento novo. Assim, o termo tumor é usado como sinônimo de neoplasia e, portanto, um tumor também pode ser benigno ou maligno. Neoplasia e tumor são termos que podem ser utilizados no mesmo sentido. Já o termo câncer, que significa caranguejo, ou seja, que tem a capacidade de se aderir, é utilizado especificamente para neoplasias ou tumores malignos. O câncer gera invasão local e pode causar metástases à distância, por via hematogênica (sanguínea) ou linfática. Critérios que diferenciam tumores benignos e malignos: Existem seis critérios que possibilitam a diferenciação entre tumores malignos e benignos, são eles: 1. Diferenciação e anaplasia – é a observação das células do novo crescimento. 2. Ritmo de crescimento – é diferente entre lesões benignas e malignas. 3. Invasão local – é um critério necessário para uma lesão ser considerada maligna. 4. Metástase – é dependente da invasão local, portanto, ocorre somente em lesões malignas. Consiste na migração de células cancerígenas pela corrente sanguínea ou linfática para órgãos ou linfonodos à distância. 5. Macroscopia – é aquilo que se vê a olho nu em uma peça cirúrgica. 6. Nomenclatura – sua diferença entre tumores benignos e malignos indica o diagnóstico. 1) Diferenciação e Anaplasia: Diferenciação: Refere-se ao quanto as células neoplásicas são diferentes ou iguais às células originais do tecido. Células maduras são semelhantes às células do tecido, enquanto células imaturas são diferentes às células do tecido. As células de um tumor benigno são bem diferenciadas e semelhantes às células originais do tecido. Apesar de acontecer raramente, podem fazer mitose, as quais serão normais. Já as células de tumores malignos podem ser bem diferenciadas, moderadamente diferenciadas ou pouco diferenciadas. Quando a neoplasia maligna é bem diferenciada, a citologia das células é muito semelhante às células originais, e muito semelhantes, também, às células de uma neoplasia benigna (que são sempre bem diferenciadas). Uma neoplasia maligna pouco diferenciada tem células imaturas, não permitindo identificar qual o tecido de origem. Jéssica N. Monte Turma 106 P2 Patologia Os tumores malignos pouco diferenciados crescem mais rapidamente, têm maiores taxas mitóticas e respondem melhor à quimioterapia, pois os quimioterápicos agem em células com ciclo celular ativo. Apesar de os tumores malignos pouco diferenciados responderem melhor à quimioterapia, os tumores malignos bem diferenciados são aqueles que apresentam o melhor prognóstico, por crescerem mais lentamente. Bem diferenciado – melhor prognóstico. Pouco diferenciado – pior prognóstico. Anaplasia: Uma anaplasia é sempre pouco diferenciada e possui atipia celular. Apresenta pleomorfismo das células e do núcleo, hipercromatismo, morfologia nuclear anormal, perda da polaridade e outras alterações que podem levar a células tumorais gigantes. Em uma anaplasia, as mitoses são muito frequentes e atípicas. Resumo: Tumores benignos são bem diferenciados e apresentam mitoses raras e típicas. Tumores malignos podem ser bem diferenciados, moderadamente diferenciados e pouco diferenciados. Tumores malignos podem ser anaplasias, especialmente quando são pouco diferenciados. Tumores malignos apresentam mitoses frequentes. Tumores malignos bem diferenciados apresentam mitoses típicas. Tumores malignos pouco diferenciados apresentam mitoses atípicas. 2) Ritmo de Crescimento: Tumores benignos são mais lentos que tumores malignos. Tumores benignos: Têm ritmo de crescimento mais lento que os tumores malignos. São expansivos, mas não infiltrativos, ou seja, não fazem invasão local. Têm margens regulares. São encapsulados devido à resposta inflamatória. A maioria dos tumores benignos persiste benigna. Porém, quando associados à displasia, os tumores benignos correm o risco de se tornarem malignos. Tumores malignos: Têm ritmo de crescimento mais rápido que os tumores benignos. São infiltrativos, ou seja, suas células têm potencial invasor. Invadem o estroma adjacente. Não são encapsulados, e, portanto, suas bordas são irregulares. Jéssica N. Monte Turma 106 P2 Patologia Tumores malignos com um ritmo de crescimento um pouco mais lento, ou seja, tumores malignos bem diferenciados, podem formar uma pseudocápsula. Um tumor maligno bem diferenciado pode ter um ritmo de crescimento semelhante ao de um tumor benigno bem diferenciado. Suas bordas são irregulares, imprecisas ou estreladas. Em geral, a taxa de crescimento dos tumores se relaciona ao seu grau de diferenciação, pois ambas as características são determinadas pelo mesmo gene. Quanto menos diferenciado é um tumor, maior a sua taxa de crescimento, seu ritmo é mais alto e apresenta uma melhor resposta à quimioterapia, pois mais células estão com o ciclo celular ativo. É devido a esse maior ritmo de crescimento que tumores pouco diferenciados apresentem pior prognóstico, ainda que possuam melhor resposta à quimioterapia. Quanto mais diferenciado é um tumor, menor a sua taxa de crescimento, seu ritmo é mais lento e apresenta uma resposta mais refratária à quimioterapia, pois menos células estão com o ciclo celular ativo. É devido a esse ritmo de crescimento mais lento que tumores bem diferenciados apresentam melhor prognóstico, ainda que possuam pior resposta á quimioterapia. O ritmo de crescimento de um tumor benigno é menor que de um tumor maligno devido à ativação de proto-oncogenes em oncogenes nos tumores malignos. Assim, esse maior ritmo de crescimento não acontece às custas de as células do tumor maligno ficarem menos tempo no ciclo celular, pois isso não acontece. Nos tumores malignos, por meio da ativação dos oncogenes, as células se tornam mais ávidas pela proliferação, com uma maior população de células ativas no ciclo celular. Além disso, as células malignas sofrem alterações genéticas (ativação dos proto-oncogenes em oncogenes) que propiciam essa proliferação e diferenciação anormais. Os oncogenes produzem fatores de crescimento, receptores de fatores de crescimento, fatores de transcrição e de tradução, entre outros, para que a mitose aconteça de maneira mutada, exacerbadamente. Fatores que podem influenciar na taxa de crescimento de um tumor: Existem cinco critérios que podem influenciar na taxa de crescimento de um tumor, são eles: a. Tempo de duplicação das células tumorais. b. Fração de crescimento. c. Taxa em que as células são eliminadas ou perdidas na lesão crescente. d. Estímulo hormonal. e. Angiogênese tumoral. a) Tempo de duplicação das células tumorais: O tempo de duplicação das células tumorais é igual ao tempo de duplicação das células normais. No entanto, as células tumorais se proliferam mais, pois a população de células é maior e porque há uma desregulação genética, com a ativação de oncogenes e a produção de mais fatores mitogênicos. Jéssica N. Monte Turma 106 P2 Patologia No câncer, um maior número de células entra no ciclo, mas não em menor tempo. b) Fração de crescimento: A fração de crescimento corresponde à fração de células tumorais que se encontra em divisão, uma vez que muitas entram em latência ou são perdidas. No início do crescimento tumoral, as células tumorais estão saudáveis e ativas para proliferação. Com o crescimento do tumor, as células mais centraisse revertem a G0 ou morrem por necrose, apoptose ou pela falta de nutrientes. O maior problema são as células malignas que se revertem a G0, pois não são atingidas pela quimioterapia e podem voltar a se proliferar a qualquer momento. Tumores de crescimento muito rápido têm áreas extensas centrais de necrose. c) Taxa em que as células são eliminadas ou perdidas na lesão crescente: A proporção de células que são perdidas ao longo do crescimento tumoral impacta diretamente a fração de crescimento do tumor. O crescimento progressivo de um tumor e a taxa com que ele cresce são determinados pelo fato de haver um excesso de produção celular em relação às perdas. Em tumores com fração de crescimento alta, o desequilíbrio entre a produção e perda de células é grande, o que resulta em um crescimento mais rápido e, consequentemente, em uma evolução clínica mais veloz. d) Estímulo hormonal: Os hormônios são fatores que podem alterar o ritmo de crescimento das células hormônio responsivas, independente de serem malignas ou benignas. Exemplo: leiomioma – tumor de músculo liso benigno no corpo do útero. Um leiomioma é um nódulo de músculo liso. É um tumor benigno que pode sofrer explosões de crescimento por causa do estrogênio, especialmente se a paciente apresentar hiperestrinismo. e) Angiogênese tumoral: A angiogênese tumoral é essencial para fornecer nutrientes ao tumor. Alguns tumores produzem fatores angiogênicos, e estes crescem mais rapidamente. A utilização de terapia antiangiogênica só é válida para tumores que produzem fatores angiogênicos. Sem a vascularização proporcionada pela angiogênese tumoral, o tumor sofre uma restrição de tamanho e deixa de crescer devido à morte por hipóxia. Isso acontece porque a distância máxima que o oxigênio pode se difundir através dos vasos é somente de 1 mm a 2 mm. A angiogênese tem um efeito triplo sobre o tumor: Fornece O2 e nutrientes ao tumor, promovendo o crescimento tumoral. Fornece novos vasos, imaturos e mais finos, ou seja, permeáveis, facilitando a invasão vascular e a disseminação metastática à distância por via hematogênica. Jéssica N. Monte Turma 106 P2 Patologia Gera fatores de crescimento, como o PDGF (fator de crescimento derivado de plaquetas) e o insulina-like (aumenta o aporte de glicose para as células tumorais), os quais estimulam a proliferação de células neoplásicas. 3) Invasão Local: Somente as células malignas apresentam o potencial de invasão. Os tumores malignos são invasores, tanto localmente quanto à distância, pois têm crescimento rápido e desordenado. Por serem desprovidos de cápsula, disseminam-se pelos tecidos vizinhos e distantes, por meio das metástases. Possuem alterações genéticas e moleculares que possibilitam a invasão. A aquisição do potencial de invasividade local de um câncer pode ser divido em quatro etapas: Afrouxamento – ocorre a perda das junções celulares da membrana basal por alterações das caderinas. Fixação/Ligação – as células neoplásicas se ligam à laminina e à fibronectina da membrana basal. Degradação – as células neoplásicas produzem enzimas proteolíticas, como a colagenase IV e as metaloproteinases, e também ativam o plasminogênio, do sistema plasminogênio-plasmina, para a degradação da fibrina. Migração – com a degradação da membrana basal concluída, as células podem migrar para a profundidade. 4) Metástase: Apenas tumores malignos possuem a capacidade de gerar metástases. Portanto, tumores benignos não metastizam. Quanto mais indiferenciado é um tumor maligno, maior a sua taxa de crescimento, maior a sua agressividade e maior a sua probabilidade de metastizar. A disseminação das metástases pode acontecer por via linfática, através dos linfonodos, por via hematogênica, através do sangue para órgãos à distância, e por semeadura, quando acontece em cavidades corporais. 5) Macroscopia: Macroscopicamente, tumores benignos são bem delimitados e têm bordas regulares, uma vez que o seu ritmo de crescimento é mais lento, expansivo e não infiltrativo. Já os tumores malignos, macroscopicamente, são pouco delimitados e têm bordas irregulares, uma vez que o seu ritmo de crescimento é mais rápido e infiltrativo. 6) Nomenclatura: A regra geral para a nomenclatura de tumores determina que os tumores benignos sejam nomeados por “tecido original do tumor + o sufixo oma”, e os malignos sejam chamados de carcinomas ou sarcomas. Jéssica N. Monte Turma 106 P2 Patologia A nomenclatura é baseada no parênquima do tumor, que corresponde às células que proliferam e que determinam o comportamento do tumor. Dessa forma, a nomenclatura não possui relação com o estroma do tumor, que contém o tecido conjuntivo e os vasos, os quais determinam o crescimento tumoral. Se o tumor for benigno, utiliza-se o sufixo oma. Exceções: melanoma, mioma, linfoma: têm o sufixo oma, mas são malignos. Se o tumor maligno for de origem epitelial (endodérmica ou ectodérmica), utiliza- se o termo carcinoma. Já se for de origem mesenquimal (mesodérmica), utiliza-se o termo sarcoma. Tumores malignos a partir de tecidos epiteliais são chamados de carcinoma de células escamosas Adenoma: é um tumor epitelial benigno com histogênese em tecido glandular. Esse tecido granular pode ou não possuir um padrão glandular. Exemplos de tecido glandular com padrão glandular são intestino e a tireoide. Já um exemplo de tecido glandular sem padrão glandular é o córtex suprarrenal. Também se chama de adenoma um tumor que não tem origem glandular, mas tem o padrão glandular, como é o caso do adenoma das células dos túbulos renais. Cistoadenoma: é tumor epitelial beligno no ovário. O cistoadenoma pode ser um cistoadenoma seroso do ovário, quando é formado por um epitélio colunar ciliado, semelhante ao da trompa uterina. O cistoadenoma também pode ser também um cistoadenoma mucinoso do ovário, quando é formado por um epitélio muco secretor não ciliado, semelhante ao da endocérvice. Cistoadenocarcinoma: é tumor epitelial maligno no ovário. O cistoadenocarcinoma pode ser um cistoadenocarcinoma seroso do ovário, quando é formado por um epitélio colunar ciliado, semelhante ao da trompa uterina. O cistoadenocarcinoa pode ser também um cistoadenosarcoma mucinoso do ovário, quando é formado por um epitélio muco secretor não ciliado, semelhante à endocérvice. Pólipo: é uma projeção para fora de uma superfície mucosa. Papiloma: é uma projeção para fora de uma superfície epitelial. Carcinoma basocelular: é um tipo de tumor maligno de pele, que causa invasão celular, mas que raramente gera metástases. São mais frequentes acima da linha que passa pela comissura labial e pelo lobo da orelha. Tem invasibilidade local, e, caso não seja tratado, pode destruir extensas áreas da face. Em caso de uma remoção total do tumor, geralmente há uma cura definitiva. No entanto, para isso é necessário que as margens cirúrgicas estejam livres de tumor, o que é muito difícil por se tratar de um tumor no rosto. Com isso, a melhor terapêutica para esse tumor é a radioterapia, pois ele é responsivo a essa técnica. Jéssica N. Monte Turma 106 P2 Patologia Quando o tumor é de origem embrionária, ele pode ter origem de células blásticas ou de células germinativas. As células blásticas são as células precursoras dos tecidos. Já as células germinativas são aquelas que antecedem a formação do embrião dividido nos três folhetos embrionários. Os tumores de células blásticas são os blastomas, e como exemplos se pode citar o nefroblastoma, o neuroblastoma e o retinoblastoma. Quanto aos tumores de células germinativas, como eles não podem ter uma nomenclatura diferenciadaa partir do folheto embrionário de origem (já que antecedem essa divisão), seguem uma regra específica de nomenclatura. Um exemplo de tumor de célula germinativa é o teratoma. Os teratomas maduros, ou seja, aqueles com células diferenciadas, são benignos, enquanto os teratomas imaturos, ou seja, aqueles com células indiferenciadas, são malignos. Os teratomas maduros podem conter células de qualquer origem, seja endodérmica, ectodérmica ou mesodérmica. Por causa disso, esses teratomas possuem uma macroscopia bem peculiar, apesar de serem benignos. Outras situações especiais: Podem existir tumores formados por mais de uma linhagem de células, como o angiomiolipoma, que é um tumor beningo formado por células dos vasos, dos músculos e do tecido adiposo. Podem existir tumores epiteliais (carcinomas) junto a tumores mesenquimais (sarcomas), os carcinossarcomas. Um exemplo disso é o tumor mülleriano misto, que é um adenocarcinoma de endométrio somado a um sarcoma de estroma endometrial. Podem existir tumores glandulares malignos (adenocarcinomas) junto a tumores escamosos benignos, como é o caso do adenoacantoma, ou junto a tumores escomosos malignos, como é o caso do adenoescamoso.
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