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Sistemas Corporativos Integrados Douglas Melman APRESENTAÇÃO É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Sistemas Corporativos Integrados, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmi- co e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5 1 GESTÃO DE SISTEMAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS ......................................... 7 1.1 Teoria Geral de Sistemas ...............................................................................................................................................7 1.2 Conceitos Genéricos de Sistema ...............................................................................................................................8 1.3 Requisitos de um Sistema ............................................................................................................................................8 1.4 Componentes de um Sistema ....................................................................................................................................9 1.5 Sistemas de Informação .............................................................................................................................................10 1.6 Gestão da Informação .................................................................................................................................................11 1.7 Conceitos e Fases do Ciclo de Vida dos Sistemas .............................................................................................12 1.8 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................14 1.9 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................14 2 TECNOLOGIAS ALIADAS AOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO ................................ 15 2.1 Hardware ..........................................................................................................................................................................15 2.2 Software ............................................................................................................................................................................20 2.3 Redes de Computadores ...........................................................................................................................................21 2.4 Banco de Dados ............................................................................................................................................................23 2.5 Resumo do Capítulo ...................................................................................................................................................24 2.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................25 3 SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO ................................................................................... 27 3.1 Evolução ...........................................................................................................................................................................27 3.2 ERP ......................................................................................................................................................................................32 3.3 Características dos Sistemas ERP ............................................................................................................................34 3.4 Arquitetura ERP .............................................................................................................................................................36 3.5 Ciclo de Vida de um ERP.............................................................................................................................................37 3.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................38 3.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................38 4 IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA ERP ............................................................................................ 39 4.1 Etapa de Decisão e Seleção ......................................................................................................................................39 4.2 Obstáculos à Implantação do ERP .........................................................................................................................42 4.3 Módulos ...........................................................................................................................................................................44 4.4 Aplicações ERP Open Source Locais e On-Line ..................................................................................................45 4.5 Aplicações ERP Proprietárias Locais e On-Line ..................................................................................................47 4.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................49 4.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................49 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................... 51 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 53 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 57 ANEXO ............................................................................................................................................................. 59 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), a presente apostila tem como objetivo levar a você o conhecimento sobre uma questão muito importante nos meios corporativos. Trata-se da disciplina de Sistemas Corporativos Integrados, que tem como premissa garantir meca- nismos para que o aluno conheça os seus fundamentos, os quais estarão sempre presentes no cotidiano das empresas, das indústrias, do comércio e, por que não, da sociedade. Dessa forma, caro(a) aluno(a), faço um convite a você para queinicie uma viagem ao fantástico mundo dos sistemas corporativos e suas especificidades. Teremos um longo desafio, marcado por descobertas, questões a serem respondidas, casos a serem analisados. Por fim, estaremos sempre juntos, e antecipadamente agradeço a sua atenção e interesse por par- ticipar desta viagem rumo ao conhecimento! Seja muito bem-vindo e conte sempre conosco! Prof. Douglas Melman Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 Caro(a) aluno(a), neste capítulo inicial, co- nheceremos algumas definições básicas a respeito da gestão de sistemas em ambientes corporativos e suas particularidades. De posse dessas informa- GESTÃO DE SISTEMAS EM AMBIENTES CORPORATIVOS1 ções, fundamentaremos importantes aspectos para a conceituação e a utilização dos sistemas corporativos integrados nos processos gerenciais e de produção. 1.1 Teoria Geral de Sistemas Antes de darmos início ao assunto propos- to, vamos fixar alguns conceitos importantes que abrangem os sistemas. Dentro desses conceitos, vamos analisar algumas premissas e pressupos- tos que envolvem a teoria geral de sistemas, co- nhecida no universo empresarial e acadêmico como a sigla TGS. A TGS começou a ser estudada na década de 1950, pelo pesquisador científico Ludwig von Bertalanffy, alemão e biólogo, que dedicava suas pesquisas ao campo das questões que envolviam os sistemas. De acordo com Chiavenato (2000), os pres- supostos para a TGS basicamente consistem em uma tendência para a integração nas diversas áreas que envolvem as ciências da natureza e das relações sociais, em que ambas convergem para uma teoria voltada à forma pela qual as pessoas se relacionam e interagem. A TGS busca a sua própria conceituação no aspecto de ecossistema, conjunto global, fazen- do com que não ocorram lacunas entre as diver- sas áreas existentes. Esse princípio se deve à sua definição para sistema com uma visão sistêmica global de suas características, tanto em relação a seus aspectos como às suas interdependências. Em relação às suas premissas, elas se cons- tituem basicamente em três. De acordo com Chiavenato (2000), podem ser classificadas como sistemas dentro de sistemas, sistemas abertos e sistemas que dependem basicamente de sua es- trutura. Exemplificando cada caso, nos sistemas dentro de sistemas, existe uma interdependência entre as estruturas internas, como, por exemplo, moléculas dentro das células, que, por sua vez, estão dentro dos tecidos, que, por consequência, estão dentro dos órgãos, e assim sucessivamente. Já em relação aos sistemas abertos, eles podem ser entendidos como sistemas que de- pendem do meio em que estão; ou seja, caso a ligação que ocorre deste para com outros cesse, o sistema passa a se desintegrar em função da ca- rência de fonte de energia proveniente de outros sistemas ao seu redor. Saiba maisSaiba mais Saiba maisSaiba mais Visão sistêmica global pode ser entendida como a compreensão do todo a partir de uma análise global das partes e da interação entre estas. Várias forças atuam em um sistema em funcionamento, sejam elas internas ou externas. Douglas Melman Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 E, finalmente, em função da estrutura pela sua necessidade de expansão e contração de cada sistema, no qual a estrutura em si deve su- portar esses movimentos, para que não ocorram rupturas. Dessa forma, podemos entender que a TGS é uma ferramenta de ajuda para a solução de pro- blemas que vão desde os mais simples aos mais complexos, sem que ocorra a perda da visão glo- bal e do inter-relacionamento entre as partes en- volvidas. 1.2 Conceitos Genéricos de Sistema Os conceitos de sistemas surgiram por vol- ta de 4000 a.C., quando Jacó e Labão passaram a controlar seu estoque de ovelhas, que utilizavam como meio de comercialização, caracterizando- -se, assim, uma empresa dentro dos moldes da época e seu sistema de organização ou controle da quantidade de ovelhas. A partir desse marco histórico, os sistemas passaram a evoluir de acordo com as necessida- des e, em meados do século XVIII, foram um gran- de divisor de águas em termos de evolução com os estudos de Taylor (1890), Fayol (1900) e Weber (1910), assuntos que foram abordados nas disci- plinas de Administração dentro do curso. Veja, neste vídeo, uma demonstração da di- ferença entre a aplicação das teorias de Tay- lor e de Fayol em uma linha de produção. Acesse: https://www.youtube.com/ watch?v=WQWrItnxHAQ. MultimídiaMultimídia O conceito de sistema pode ser compreen- dido de várias formas, sendo que passaremos a considerar os mais atuais, onde podem ser com- postos por várias partes que envolvem pessoas, dados, software, hardware. Nesse caso, a integra- ção entre ordem social, organizacional e intelec- tual é de fundamental importância para que todo o processo funcione adequadamente. Dentro do cenário atual das empresas, os sistemas vêm sendo utilizados como ferramentas de auxílio nas tomadas de decisões envolvendo os negócios. Os aspectos que são levados em considera- ção na escolha e no uso dessa ferramenta estão envolvendo instrumentos que possibilitem uma avaliação analítica do comportamento das em- presas ante o mercado em que atuam. Os sistemas também devem possibilitar mecanismos para se obter e manter a qualidade, 1.3 Requisitos de um Sistema a produtividade e a inovação tecnológica no as- pecto organizacional. Em relação aos requisitos, estes devem ser obtidos a partir da necessidade do cliente, e, com estes, a equipe de profissionais passa a trabalhar para o desenvolvimento do projeto para a entre- ga da solução. Em nosso caso, essa análise está situada em relação ao problema do cliente e de como os sis- temas computacionais podem resolvê-lo. É de ex- trema importância a fase de obtenção de requisi- Sistemas Corporativos Integrados Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 tos e de análise destes, sendo que o estudo prévio e a discussão pela equipe técnica e pelo cliente tornam os gastos futuros com manutenção muito menores, além, é claro, de garantirem qualidade e produtividade do processo. 1.4 Componentes de um Sistema Conforme investigamos anteriormente, um sistema pode ser entendido como a disposição das partes de uma forma global, organizada, com o intuito de elaborar resultados de funções pre- viamente estabelecidas. De acordo com Oliveira (1993), um sistema apresenta basicamente seis estágios: objetivo(s) – finalidade(s) da criação do sistema; entrada(s) – valor(es) que dão início ao processo; processamento – etapa de transfor- mação do(s) valor(es) bruto(s) em resultado(s); saídas – valor(es) obtido(s) com o processamento de acordo com o(s) objetivo(s) inicial(is); controle e avaliações – controle de qua- lidade do(s) resultado(s) obtido(s) com a avaliação inicial; retroalimentação – feedback do siste- ma: nova entrada a partir da saída da etapa anterior. A Figura 1 mostra como a literatura exem- plifica a representação dos componentes presen- tes em um sistema genérico. Figura 1 – Componentes de um sistema genérico. Fonte: http://www.magoweb.com/cg/2010/01/25/planejamento-estrategico-baseado-no-marketing-digital-1%C2%BA-parte Perceba que o processo é muito simples, mas que deve ser sempre retroalimentado para que tenhamos um controle mais rigoroso em ter- mos de resultados. Douglas Melman Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 Conforme discutimos no item 1.2, na forma mais genérica, um sistema pode ser entendido como um conjunto de elementos interdepen- dentes, ou mesmo organizados, que formam um todo complexo. Esses elementos interdependen- tes também podem ser entendidos como subsis- temas de um único sistema.E, no caso da informação, como podería- mos defini-la? Bem, definirmos a palavra “informação” é algo difícil em vista da sua complexidade e deri- vação. Podemos começar a explicá-la como uma ação para a diminuição da incerteza em relação a uma determinada situação. De acordo com Batista (2004), as informa- ções são, ao mesmo tempo, a base para a tomada de decisões e o resultado direto de suas conse- quentes ações e, portanto, podem ser tomadas como informações operacionais e/ou informa- ções gerenciais. As informações operacionais podem ser entendidas como aquelas cotidianas, geridas ma- nualmente, que estão presentes em formulários de pedidos de venda/compra, notas fiscais, entre outros meios. 1.5 Sistemas de Informação Já as informações gerenciais são de gran- de valia na tomada de decisões pelo nível tático ou gerencial, visto que são as responsáveis pela demonstração dos valores obtidos em termos de produtividade, aliadas a qualidade, atendimento, visibilidade, entre outras. Em se tratando de decisão, podemos ob- servar, na Figura 2, a hierarquia em uma empre- sa genérica, traduzida a partir de um diagrama em formato de pirâmide. No topo, temos o nível de planejamento estratégico; na base, o nível de operação; e, ao centro da pirâmide, o nível de controle gerencial e de controle operacional. Vale sempre ressaltar que, apesar de os sis- temas serem uma parte importante do sucesso de uma empresa, nunca devemos esquecer que estamos trabalhando, além de com produtos, produção, matérias-primas e sistemas informati- zados, com a variável pessoas, as quais têm um papel fundamental na implantação e no sucesso das diretrizes adotadas pelas empresas. Figura 2 – Hierarquia do planejamento e controle de uma organização. Fonte: http://smcufmg.wordpress.com/2009/03/17/sistemas-de-informacao/ Sistemas Corporativos Integrados Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 Um tema bastante importante dentro de nosso estudo é a parte que compreende como deveremos trabalhar as informações obtidas por nosso sistema. Observamos a importância da informação nos meios sociais, acadêmicos e profissionais, e dela depende o sucesso de um novo negócio ou, mesmo, sua melhoria. Para que essa informação não seja perdida ou não aproveitada, é necessário contarmos com uma gestão qualificada, para saber usar essa in- formação de modo a torná-la proativa. De acordo com Davenport (1998), a gestão da informação pode ser vista como um conjunto estruturado de atividades que incluem o modo como as organizações obtêm, distribuem e usam a informação. Sem dúvida, o papel da informação e a sua gestão são de vital importância nas atividades das empresas, porém, dois fatores devem ser le- vados em consideração. O primeiro fator é o valor que essa informa- ção tem; o segundo, a qualidade que tal informa- ção presta na análise dos resultados. Em relação ao primeiro fator, apesar de con- traditório entre alguns autores, ela pode ser en- tendida de acordo com a visão de Stair (2004): “o valor da informação está diretamente ligado à manei- 1.6 Gestão da Informação Veja, neste vídeo, como a tecnologia e os sistemas de informação estão ajudando as empresas a crescer em um mercado cada vez mais competitivo. Acesse: https://www.youtube.com/ watch?v=xqb2qEOrxKQ. MultimídiaMultimídia ra como ela ajuda os tomadores de decisões a atingi- rem as metas da organização”. Outra definição, agora com sentindo mais voltado a custo versus benefício, pode ser obser- vada de acordo com a visão de Oliveira (1988): “[...] a eficiência na utilização do recurso informação é me- dida pela relação do custo para obtê-la e o valor do benefício para seu uso”. Nesse caso, o autor se preocupa em saber a relação custo versus benefício antes mesmo de in- vestir na informação. Algumas vezes, fica impossí- vel o uso de fórmulas matemáticas para se calcu- lar a viabilidade, sendo, dessa forma, o bem senso a melhor ferramenta a ser adotada para a análise. O segundo fator envolve diretamente a qualidade da informação prática, pois por meio dela é que se podem obter com fidelidade os re- sultados praticados para a tomada de decisões. De acordo com Stair (2004), a qualidade da informação tem diversas características, as quais podem ser observadas no Quadro 1. Douglas Melman Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 Quadro 1 – Características da boa informação. Precisa A informação precisa não tem erros. Completa A informação completa contém todos os fatos importantes. Econômica Deve-se considerar o custo da produção versus a importância da informação. Flexível Pode ser utilizada para diversas finalidades. Confiável Depende da fonte de informação. Relevante Importante para a tomada de decisão. Simples Pode causar sobrecarga de informação. Em tempo É enviada quando necessária. Verificável Pode ser checada com várias fontes. Fonte: Adaptado de Stair (2004, p. 6). A partir dessas características, podemos en- tender que, quanto maior for a quantidade de in- formações (úteis), maior será a probabilidade de termos um relatório gerencial de qualidade para a tomada de decisão. Saiba maisSaiba mais Saiba maisSaiba mais Existe uma confusão entre os termos “gestão” e “administração”, ambos de origem latina. Porém, podemos sintetizá-los como: Gestão é utilizada quando estamos nos referindo à administração de empresas. Administração é normalmente associada quando temos uma espécie de administração pública. 1.7 Conceitos e Fases do Ciclo de Vida dos Sistemas De acordo com o que discutimos no item 1.3, o tempo de vida de um sistema depende muito da forma como ele é projetado. Esse siste- ma deve ser projetado com base nas informações do cliente, por meio da análise de requisitos. De posse desses requisitos, uma equipe passa a ser responsável por traduzir todas as ne- cessidades do cliente, a fim de se criar um sistema que possa não só interpretá-las como também resolver de forma bastante ágil e com confiabili- dade o problema em questão. O sistema pode ser comparado à vida hu- mana – temos várias etapas, desde a própria con- cepção do ser humano, de crescimento, até a sua morte. Nesse caso, o tempo de “vida” vai depen- der de como será a sua condução de vida desde os primórdios, levando em consideração vícios, condutas, fatores genéticos, entre outros. Voltando a tratar dos sistemas, vários proje- tos tiveram alterações prematuras ou, mesmo, fo- ram abandonados pela falta de planejamento das equipes ao tratar do problema do cliente, criando sérios prejuízos não só financeiros como também em termos de tempo e qualidade dos resultados apresentados. Os sistemas para fins de gestão empresarial apresentam um ciclo de vida relativamente curto, até em virtude da rápida evolução dos processos e das tecnologias. O tempo médio estimado para um sistema é de cinco anos, sendo que a maioria acaba sofrendo algum tipo de alteração ou mes- mo uma implementação mais severa para aten- der o atual estágio de operação de que o cliente necessita. Para que se tenha um melhor aproveita- mento do sistema, é necessário que, após o soft- Sistemas Corporativos Integrados Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 ware (sistema) ser entregue ao cliente, ele receba atenção constante, principalmente das pessoas que o “alimentam”, pois assim teremos um feed- back com qualidade, e, consequentemente, o sis- tema sofrerá atualizações que o manterão sempre de acordo com a necessidade da empresa. Mas, pergunto a você: quais são as fases do ciclo de vida dos sistemas de informação? Muito bem! Essa questão pode ser definida em oito etapas: Concepção – criação do sistema de acordo com o levantamento de requi- sitos junto ao cliente e elaboraçãodo projeto. Construção – após análise de requisitos, a equipe passará a desenvolver a solu- ção em forma de software. Implantação – aqui, estamos na fase de testes, na qual o cliente é convidado a analisar o software desenvolvido, com suporte da equipe de desenvolvimen- to, para verificar se todos os requisitos foram atendidos. Implementação – após a verificação, surgem as famosas perguntas “podería- mos melhorar isso?”, “poderíamos agre- gar aquilo?”. Maturidade – etapa em que o sistema passa a se desenvolver de forma plena, atuando de forma eficaz junto ao clien- te. Declínio – aqui, começamos a enfrentar problemas quanto à continuidade de utilização do sistema. O cliente observa que algumas funções não estão sendo mais atendidas pelo sistema. Manutenção – nessa etapa, cabe à equi- pe de desenvolvimento criar soluções para que o sistema continue em ope- ração, por meio de pacotes de correção ou mesmo atualização do sistema. Morte – aqui, o sistema passa a não for- necer mais parâmetros confiáveis ao cliente e, dessa forma, torna-se inútil. Essas definições podem ser acompanhadas na Figura 3, na qual observamos o ciclo de vida natural de um sistema de informação. Figura 3 – Ciclo de vida de um sistema de informação. Fonte: http://heitorjorgelau.blogspot.com.br/2012/11/intranet.html Saiba maisSaiba mais Quer saber mais sobre o ciclo de vida de um sis- tema de informação? Então, acesse este material: http://www.eteavare.com.br/arquivos/43_37.pdf. Douglas Melman Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 Neste capítulo, estudamos os princípios básicos que geram o contexto inicial de nossa disciplina. Foi possível a definição de algumas palavras-chave que serão utilizadas em nosso estudo, e, graças a ele, ficou evidenciada a importância dos sistemas de informação, aliados ao conhecimento humano e à organização entre eles. Portanto, deve-se acreditar no potencial humano e estimulá-lo para sempre proporcionar à empre- sa, com o auxílio dos recursos da tecnologia da informação, soluções passíveis de serem utilizadas para a tomada de decisão. Mas, para tanto, é necessário considerar os requisitos que são apontados pelos clientes para a de- senvoltura do seu processo, sempre procurando amadurecer bem a ideia para que ela não gere desgas- tes, conflitos, perdas econômicas, entre outros problemas. Nessa conjectura, serão abordados, a cada capítulo, os parâmetros que impulsionam a evolução dos sistemas corporativos integrados, de maneira a formar conceitos que possibilitem um franco desen- volvimento em termos conceituais e práticos acerca do assunto. 1.8 Resumo do Capítulo 1.9 Atividades Propostas 1. De acordo com Chiavenato, como podemos definir os pressupostos da TGS? 2. Quais são as características para uma boa informação? 3. De acordo com Oliveira, como se apresenta um sistema e quais são os estágios definidos? 4. Quais são as fases do ciclo de vida dos sistemas de informação? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 Caro(a) aluno(a), após a descoberta de al- guns pontos importantes relacionados aos con- ceitos que envolvem a teoria geral de sistemas, dos sistemas computacionais como ferramenta e do ciclo de vida destes, passaremos a atentar às TECNOLOGIAS ALIADAS AOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO2 tecnologias que servem de plataforma para que os sistemas de informação computacionais pos- sam desempenhar seu papel dentro do cenário corporativo. 2.1 Hardware Com o avanço da tecnologia, os computa- dores passaram a ter suas taxas de desempenho muito superiores às que vinham sendo praticadas há uma década, por exemplo. Boa parte dessa evolução deve-se ao desenvolvimento de novas soluções em termos de arquitetura e organização de computadores. Os computadores atuais apresentam-se muito mais velozes, e isso se deve aos grandes investimentos que as empresas do segmento vêm adotando, para que esses aparelhos acom- panhem as necessidades do mercado doméstico e corporativo. Podemos definir o termo hardware como todos os componentes e periféricos que formam o computador, como, por exemplo, memória, placa-mãe, processador, dispositivos de armaze- namento e gravação, fonte de alimentação, gabi- nete, dispositivos de entrada e saída, entre outros. Os computadores estão basicamente clas- sificados, para fins didáticos, em três categorias: computadores de grande porte (main- frames); computadores de médio porte (com- putadores com grande capacidade de processamento, também conhecidos como workstation); computadores de pequeno porte (com- putadores de uso doméstico ou mesmo portátil). Na Figura 4, podemos observar um diagra- ma dos principais componentes de hardware (in- ternos) de um computador. Douglas Melman Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 Figura 4 – Componentes de um computador. Fonte: http://heitorjorgelau.blogspot.com.br/2012/11/intranet.html É importante salientar que o conjunto de hardware é um dos requisitos a serem observados na escolha de um pacote de Enterprise Resource Planning (ERP), pois é graças a esse conjunto que podemos esperar o desempenho correto do pro- cessamento da informação. Por exemplo, uma aplicação de ERP em uma empresa costuma ser executada em máquinas de médio porte, ou seja, com bom poder de proces- samento, boa quantidade de memória (acima de 2 Gigabytes de RAM) e espaço em disco suficien- te para a sua instalação e uso de memória virtual. Nesse caso, boa parte dos pacotes encontrados comercialmente é atendida pelos requisitos de hardware anteriormente descritos. Observe, na Figura 5, uma ilustração do ca- minho percorrido pelos dados até sua transfor- mação em informação, por meio do sistema com- putacional. Sistemas Corporativos Integrados Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 Figura 5 – Transformação de dados em informação por intermédio de um sistema computacional. Fonte: http://profalexmoretti.files.wordpress.com/2012/02/estrutura-fc3adsica-do-computador.pdf Saiba maisSaiba mais Saiba maisSaiba mais Sistema computacional: é aquele que automatiza ou apoia a realização de atividades humanas por meio do processamento de informações. http://engenhariadesoftware.blogspot.com. br/2007/02/sistemas-computacionais.html, aces- sado em 15/05/2013. Caro(a) aluno(a), nosso intuito é transmitir a você um conceito básico sobre os computadores. Assim, podemos acompanhar, nas próximas duas figuras, as principais características físicas dos dis- positivos mais importantes que formam um com- putador. A Figura 6 apresenta um resumo das princi- pais características físicas dos processadores que fazem parte das máquinas atualmente comercia- lizadas. Douglas Melman Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 Figura 6 – Características físicas dos principais processadores comercializados atualmente pelas empresas Intel (Core) e AMD (Phenom e Athlon). Fonte: http://gamerztag.the-up.com/t29-amd-phenom-ii-x6-processador-amd-com-6-nucleos Na Figura 7, temos um resumo das prin- cipais características físicas das memórias RAM (Random Acess Memory) ao longo dos anos. Em breve, estaremos utilizando as memórias DDR4, mas por enquanto consideraremos as memórias DIMM a DDR3. Figura 7 – Características físicas das memórias RAM. DIMM (Dual Inline Memory Module) DDR (Double Data Rate) Sistemas Corporativos Integrados Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 DDR2 (Double Data Rate) DDR3 (Double Data Rate) – Atuais Fonte: http://www.canaltech.com.br/o-que-e/memoria/Fique-por-dentro-de-todos-os-modelos-de-memoria-RAM/ Saiba maisSaiba mais Saiba maisSaiba mais Caro(a) aluno(a)! Quer saber mais sobre hardware e outras tecnolo- giasvoltadas aos computadores? Acesse: http://www.canaltech.com.br/. Douglas Melman Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 20 2.2 Software Bem, agora vamos tratar de um assunto que está ligado diretamente ao hardware. Trata-se do software, que começou a ser utilizado dentro dos ambientes corporativos a partir da década 1980. O software pode ser definido como um conjunto de instruções obtidas a partir de uma linguagem de programação com a finalidade de “orientar” o hardware sobre como deve ser o seu funcionamento. Em nosso dia a dia, utilizamos softwares tanto para a compra de alimentos, de peças de carros, entre outras ações, como para acesso à in- ternet, consulta de saldo bancário etc. Atualmente, um sistema que tem sido mui- to utilizado, em função de sua praticidade e de estar literalmente à mão, é o Android, pelos dis- positivos portáteis como smartphones e tablets. Os softwares podem ser classificados basi- camente em softwares de sistemas e softwares de aplicativos. Os softwares de sistemas podem ser defini- dos como sistemas que têm a função de gerenciar a interface entre usuário e hardware. Como exem- plo, podemos citar os sistemas operacionais, que são responsáveis pelas principais ações exercidas pelas máquinas. Em termos de sistemas operacionais, conhe- cemos o famoso Windows, fabricado pela empre- sa Microsoft e que tem como produto principal o Windows 8. Esse sistema é denominado “sistema proprietário”, ou seja, é necessária a aquisição da licença de uso para estar presente em um equi- pamento. Outro sistema operacional também muito conhecido é o Linux, que não tem uma empresa específica que o desenvolve, pois se trata de um sistema de código-fonte livre (Movimento Soft- ware Livre). O Linux surgiu em 1991, pelo estudante de Ciências da Computação da Universidade de Helsinki, Finlândia, Linus Torvarlds, que utilizou os seus conhecimentos do sistema operacional Unix (não padronizado entre os fabricantes) para desenvolver um sistema operacional que tivesse uma padronização (kernel comum), um código- -fonte mais enxuto e que não perdesse a caracte- rística de ser um software livre. A partir dessa ideologia, surgiram as diver- sas distribuições Linux existentes no mercado, sendo algumas gratuitas, e outras, pagas. Entre as distribuições mais conhecidas, estão Kurumin, Ubuntu, Fedora e Debian, entre outras. Saiba maisSaiba mais Saiba maisSaiba mais Kernel: é o componente central do sistema opera- cional da maioria dos computadores; tem a função de servir como ponte entre aplicativos e o proces- samento real de dados feito pelo hardware. As res- ponsabilidades do núcleo incluem gerenciar os re- cursos do sistema no que abrange a comunicação entre componentes de hardware e software. Outro sistema, bem menos utilizado que o Windows e o Linux, é o sistema MAC OS, da em- presa Apple. Ele foi criado de forma exclusiva para a plataforma da Apple e começou a ser desenvol- vido no início da década de 1980. Mostrava, des- de a sua apresentação, características que foram utilizadas anos depois pela sua concorrente, a Mi- crosoft, como janelas, lixeira, comando de arrastar e soltar, entre outras. Sistemas Corporativos Integrados Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 Saiba maisSaiba mais Saiba maisSaiba mais Softwares open source são aqueles que têm o códi- go aberto para a visualização de qualquer usuário. Devem ser distribuídos gratuitamente, porém, a reprodução do código-fonte pode ser cobrada. Softwares livres são aqueles que podem ser distri- buídos, alterados, copiados. Nem sempre, porém, têm o código fonte distribuído com o software. Um software livre também pode ter custos; por exemplo, existe uma distribuição livre de uma apli- cação, porém, a mesma aplicação com algumas alterações pode ser cobrada. Por último, um sistema que vem sendo bas- tante utilizado entre os usuários de smartphones e tablets é o Android, desenvolvido pela Google. Esse sistema teve o seu desenvolvimento a par- tir de 2006, com o uso do kernel do Linux, e foi implementado para rodar aplicações multimídia com bom desempenho em dispositivos portáteis. Caro(a) aluno(a)! Quer saber mais sobre os sistemas opera- cionais Windows, Linux e Mac OS? Acesse: https://www.youtube.com/ watch?v=tFVF_RtHakk. MultimídiaMultimídia 2.3 Redes de Computadores Dentro do conceito que envolve os siste- mas corporativos está inserido o uso das redes de computadores. As empresas, antigamente, ti- nham uma comunicação restrita, normalmente realizada por fax ou telefone, mas, com o passar dos anos, todo o cenário se modificou, e as em- presas passaram a se organizar de forma a aten- der diversos mercados pelo mundo. Então, utilizando essa tecnologia, foi possí- vel o uso dos sistemas integrados não só dentro de uma organização como também em diversos pontos geográficos, espalhados por outras cida- des, estados, países e continentes. De acordo com a literatura específica, uma rede de computadores pode ser definida como um sistema de comunicação de dados, constituí- do por meio da interligação de computadores e outros dispositivos, com a finalidade da troca de informações e compartilhamento de recursos di- versos. Seu funcionamento implica a interação de um determinado conjunto de meios físicos, ou hardware, e determinados programas, ou soft- wares. Os sistemas ERP mais atuais são construídos com a utilização da arquitetura cliente/servidor, que pode ser definida como uma estrutura de processamento em que um computador, o clien- te, requisita serviços de processamento de outro computador, o servidor. A conexão entre esses computadores é fei- ta por intermédio de protocolos de rede, locais (LANs – local area networks) ou remotos (WANs – wide area networks). Saiba maisSaiba mais Saiba maisSaiba mais Protocolo TCP/IP é o principal protocolo de trans- missão e recepção de dados em uma rede de computadores. TCP significa Transmission Control Protocol (Protocolo de Controle de Transmissão), e, IP, Internet Protocol (Protocolo de Internet). Douglas Melman Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 Observe, na Figura 8, um exemplo de rede de computadores utilizando o protocolo TCP/IP em uma rede local com acesso externo. Figura 8 – Modelo de uma rede TCP/IP. Fonte: http://www.cinelformacao.com/tda/files/ud5/ud5cap1p2.htm Caro(a) aluno(a)! Quer saber mais sobre rede de computado- res e seus aspectos? Assista a esta animação em 3D sobre a rede e a internet e a transfe- rência da informação. Acesse: https://www.youtube.com/ watch?v=Iqcp3k8DgGw. MultimídiaMultimídia Sistemas Corporativos Integrados Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 Finalmente, chegamos ao último ponto a ser abordado para a fundamentação e o conhe- cimento em termos de tecnologia em relação ao uso da ferramenta ERP. Trata-se do banco de da- dos, que pode ser entendido como o responsável pelo armazenamento das informações de uma empresa. Esses bancos de dados são formados por um conjunto de arquivos, compostos por regis- tros e campos que armazenam informações pre- ciosas para o bom andamento das atividades das empresas. Em se tratando de empresas, as informa- ções são variadas, e, consequentemente, surgem diversos bancos de dados; estes são controlados pelos Sistemas de Gerenciamento de Banco de Dados (SGBDs). 2.4 Banco de Dados O SGBD é responsável pelo gerenciamento dos dados, tornando, assim, rápida a consulta às informações buscadas. A linguagem utilizada para a criação do banco de dados é a SQL (Linguagem de Consulta Estruturada), e sua estrutura é baseada no relacio- namento entre tabelas, facilitando a organização dos dados. Na Figura 9, temos umarepresentação es- quemática que mostra a utilização de um sistema de três camadas (apresentação, aplicação e banco de dados) para requisição de uma informação a partir de um cliente até um servidor de dados. Figura 9 – Características físicas das memórias RAM. Fonte: http://www.cinelformacao.com/tda/files/ud5/ud5cap1p2.htm De forma similar ao que ocorre nos sistemas operacionais e softwares comuns, os programas de gerenciamento de banco de dados estão clas- sificados em duas classes. A primeira são os SGBDs de código aberto ou software livre, em que é possível a implemen- tação de acordo com a necessidade do cliente. Como exemplo, podemos citar o MySQL e o Post- gre. A segunda são os SGBDs de código fechado ou proprietário, que têm a necessidade da aqui- sição de uma licença de funcionamento. Como exemplo, podemos citar o Oracle e o Microsoft SQLServer. Douglas Melman Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 Neste capítulo, estudamos as principais tecnologias ligadas ao uso dos sistemas corporativos inte- grados, ou sistemas ERP. Inicialmente, procuramos mostrar ao aluno como é importante, para quem vai implantar a tecnolo- gia, conhecer os mais variados aspectos que envolvem a escolha certa do hardware, do tipo de software, do tipo de rede e da solução em banco de dados. Em relação ao hardware, a opção não fica presa apenas à escolha do processador, por exemplo. Temos que partir da necessidade ou do requisito de que a solução de software necessita. Na questão do software, é necessário ver se a aplicação funciona no sistema operacional escolhido e se os softwares que nessa máquina existem dão suporte a outras operações que possam ser necessá- rias. Em termos de redes de computadores, fica o conhecimento de como será a comunicação entre as máquinas que estarão habilitadas a operar a solução ERP e a máquina responsável por armazenar as informações de forma centralizada, em um computador denominado “servidor”. Além disso, aprendemos sobre a própria escolha do tipo de banco de dados – podemos ter solu- ções abertas, com liberdade de alteração do código-fonte, ou soluções fechadas, que vêm com a neces- sidade da compra de licença para utilização. Sanadas essas dúvidas, podemos considerar a explanação apresentada um passo bastante impor- tante rumo à implantação do sistema, cabendo, agora, o estudo prévio da empresa, a implantação. Por último, tentaremos reduzir ao máximo o problema do impacto cultural dessa nova solução ante o capital humano da empresa. Caro(a) aluno(a)! Quer saber mais sobre banco de dados, em especial MySQL? Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=r122rNpobmw (01) https://www.youtube.com/watch?v=Z4V6Dgxrcww (02) https://www.youtube.com/watch?v=1tYNGEcN-sY (03) MultimídiaMultimídia 2.5 Resumo do Capítulo Sistemas Corporativos Integrados Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 1. Como podemos definir o termo técnico hardware? 2. Por que o hardware é um requisito importante para o responsável pela implantação do sistema ERP? 3. Como podemos definir os termos software open source e software livre? 4. Como podemos definir “rede de computadores”? 5. Defina SGBD. 2.6 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 Caro(a) aluno(a), neste capítulo, passare- mos a abordar o tema central desta disciplina, que são os sistemas integrados de gestão (SIGs). Vamos fazer um estudo da sua evolução, desde os primórdios, para que você possa entender a real necessidade de sua aplicação nos meios de produção atuais como ferramenta cooperativa na gestão das empresas. SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO3 3.1 Evolução A origem e a evolução dos SIGs podem ser correlacionadas à própria evolução dos computa- dores em termos de arquitetura de computado- res e software, em virtude da expansão natural das empresas e da constante busca por inovação tecnológica. O primeiro passo para esse desenvolvimen- to ocorreu na década de 1960, com a criação do sistema BOM Bill Of Materials, que era responsá- vel pela parte de manufatura de produtos no que tange ao gerenciamento da lista de materiais. Esse tipo de sistema é adotado até hoje e tem aplicação em empresas tanto de pequeno como grande porte, que o utilizam para o incremento do ciclo de vida de um produto. De acordo com a literatura e com os desen- volvedores da solução Teamcenter, a aplicação da solução BOM resulta nos recursos e benefícios lis- tados a seguir. Recursos da solução de gerenciamento da lista de materiais: suporte para definições de BOM sim- ples e completas; auditoria de BOM e recursos de análise; gerenciamento de configuração do produto; gerenciamento de contexto; suporte estendido ao ciclo de vida; integrações de sistemas e aplicativos abertos. Benefícios da solução de gerenciamento da lista de materiais: redução da complexidade, eliminando a necessidade de vários sistemas de BOM; garantia da precisão e da integridade para todos os envolvidos; fornecimento de clareza a todos os en- volvidos, com informações precisas e recursos de análise de BOM; Douglas Melman Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 28 melhora do sucesso do produto, geren- ciando mais opções sem esforços adi- cionais, oferecendo mais variedade de produtos, sendo mais flexível às neces- sidade do cliente e rapidamente atuali- zando os produtos; corte de custos de desenvolvimento, com aumento da reutilização e da pre- cisão da lista de materiais e redução dos tempos de ciclo; melhora da produtividade, com visibi- lidade personalizada de informações claras, atuais e precisas da lista de ma- teriais; redução de erros e retrabalho ao fazer a conexão entre o projeto e a entrega; corte de custos de garantia e reclama- ções com recursos incorporados; diminuição do tempo e dos erros, coor- denando informações essenciais da BOM com outros processos de negó- cios importantes. Na Figura 10, podemos observar o módulo BOM da aplicação Teamcenter, da empresa Sie- mens. Nela, temos a demonstração do uso do módulo BOM para a visualização do produto pro- jetado ou manufaturado. Assista à demonstração da ferramenta em: http://www.plm.automation.siemens.com/ pt_br/products/teamcenter/bill-of-mate- rials-bom-management/#lightview%26uri =tcm:882-80502%26title=Bill%20of%20Ma- terials%20Management%20-%20Video%20 (TC%208)%26docType=.flv MultimídiaMultimídia Figura 10 – Tela da aplicação Teamcenter – Módulo BOM – Siemens. Fonte: Siemens (2013). Sistemas Corporativos Integrados Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 Com o passar dos anos, foram necessários novos recursos tecnológicos para acompanhar a necessidade de expansão do controle de manufa- tura, e, assim, surgiram outros sistemas, que, por sua vez, utilizaram a base dos anteriores para o seu desenvolvimento e funcionamento. Como exemplo, podemos citar o MRP I (Ma- terial Requirements Planning), o CRP (Capacity Re- quirements Planning), o MRPII (Manufacturing Re- source Planning) e, finalmente, o que se conhece hoje como ERP. O MRP I permite que as empresas calculem a qualquer momento os materiais de diversas es- pecificações que são necessários, garantindo que sejam providenciados a tempo, para que se pos- sam executar os processos de manufatura. Seu princípio de funcionamento é similar ao BOM, porém, houve a inserção de módulos que garantiram ao sistema ERP I maior produtividade em comparação ao que o BOM realizava. O sistema ERP I necessita que a empresa mantenha os dados em arquivos no computador, dados estes que são chamados pelo programa MRP I em sua execução, com instruções realizadas normalmente em lote batch, as quais são verifica- das e, após o processamento,atualizadas. Na Figura 11, temos um diagrama dos mó- dulos que surgiram com o advento do ERP I. Figura 11 – O fluxo de entradas e saídas do MRP I. Fonte: Toledo (2008). Carteira de pedidos Listas de materiais BOM Ordens de compra Planos de materiais Ordens de trabalho Planejamento das necessidades de materiais MRP Registros de estoque Programa-mestre de produção MPS Previsão de vendas É importante salientar que a utilização do ERP não é uma técnica única para a saúde de um processo, mas uma parte dele. E, para que se au- mente o sucesso de sua implantação, é necessário entender que as soluções do passado, que antes davam certo, podem não ser adequadas, e então é necessário um novo estudo para a implantação. Podemos observar, na Figura 12, um plano de implantação de MRP I, no qual temos o estudo de quatro etapas fundamentais no processo, que são: diagnóstico do problema ou dos pro- blemas; planejamento; execução; diagnóstico. Douglas Melman Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 30 Figura 12 – Plano de implementação de um sistema MRP I. Fonte: http://www.gestaoindustrial.com/mrp.htm O CRP, ou Planejamento das necessidades de capacidade, foi uma técnica criada para deter- minação das capacidades de mão de obra e de equipamento, necessárias para cumprir o Plano Diretor de Produção e o MRP. O Plano Mestre de Produção (PMP), ou Mas- ter Production Schedule (MPS), é definido como um relatório de informações que tratam dos itens que devem ser produzidos e do momento espe- cífico em que cada um deverá ser produzido, em determinado período. O período é expresso por algumas poucas semanas, podendo chegar de seis meses a um ano. Já o Inventário Mestre trata das seguintes informações: existência do produto em estoque; necessidade bruta do produto; recebimentos de produtos em relação à programação; lançamentos de encomendas/manufa- tura; dimensão dos lotes; níveis de estoque de segurança; níveis máximos de produtos. Sistemas Corporativos Integrados Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 Na Figura 13, podemos observar o crono- grama de atividades com a adoção do conjunto MRP + CRP para o estudo e a aplicação do contro- le de viabilidade. Caro(a) aluno(a), veja este exercício sobre MRP e sua resolução: https://www.youtube.com/ watch?v=zEGLCFqgZFM. MultimídiaMultimídia Figura 13 – O fluxo de trabalho MRP + CRP. Fonte: http://paginas.fe.up.pt/~mac/ensino/docs/Operacoes/AMRPCRP.pdf Com o avanço da tecnologia e, consequen- temente, com o aumento do consumo de ma- teriais, houve a necessidade da elaboração do conceito de Planejamento de Recursos de Manu- fatura (Manufacturing Resource Planning), ou MRP II, que surgiu no fim da década de 1980 e permi- tiu que a gestão das empresas avaliasse melhor as movimentações nas áreas de finanças (aporte financeiro) e de engenharia (equipamentos, pes- soal, máquinas), bem como as necessidades natu- rais de materiais para a produção. Nesse campo, a arquitetura do sistema MRP I foi implementada para o planejamento de recur- sos de manufatura (MRP II), os quais passaram a incorporar as informações anteriormente veicula- das para um sistema integrado de gestão de ma- nufatura para as empresas. Um comparativo resumo das características do MRP I e do MRP II é mostrado na Figura 14. Douglas Melman Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 32 Figura 14 – Comparativo entre MRP I e MRP II. O QUE QUANTO QUANDO M RP M RP II COMO PRODUZIR E COMPRAR SISTEMA DE APOIO ÀS DECISÕES DE Fonte: Adaptada de http://www.gestaoindustrial.com/mrp.htm Caro(a) aluno(a)! Assista, nesta videoaula, a uma aplicação prática de MRP II por meio do software Omega. Observe algumas dicas com relação ao uso de MRP I e MRP II. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=vfSvKUrj2Vk. MultimídiaMultimídia 3.2 ERP No começo dos anos de 1990, surgiram os primeiros sistemas integrados de gestão, conhe- cidos como sistemas ERP. No Brasil, eles começa- ram a chegar a partir de 1997, tendo seus primei- ros sistemas de valor muito alto, compatível, na época, somente com empresas de grande porte. O primeiro fornecedor de uma solução ERP foi uma empresa alemã conhecida como SAP, que se tornou referência por muito tempo no merca- do de ERP, porém hoje tem fortes concorrentes, como a Oracle e a Microsoft. No cenário brasileiro, além das empresas citadas anteriormente, temos também a inclusão da brasileira Totvs, que detém uma fatia bastante expressiva do mercado brasileiro em termos de soluções ERP. Voltado ao assunto central deste tópico, existem várias definições que descrevem o siste- ma ERP. Podemos defini-lo, de forma mais gené- rica, como um sistema de informação integrado, com a finalidade de dar suporte à maioria das operações de uma empresa, sendo estes adquiri- dos na forma de um sistema comercial. Esse sistema apresenta algumas caracte- rísticas próprias, entre elas o fato de estarem agrupados em módulos, que se comunicam e se atualizam por meio de uma mesma base de da- dos central (banco de dados), permitindo, assim, um elo de comunicação entre diversos setores de uma empresa a uma mesma base. De acordo com a Figura 15, podemos ter uma ideia de como o ERP interage nos meios ge- renciais de uma empresa, bem como da sua im- portância junto à tomada de decisão. Sistemas Corporativos Integrados Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 Figura 15 – Importância do ERP para a tomada de decisão. Quando bem implantado, algo que vere- mos mais a frente, esse sistema tem a capacidade de auxiliar no controle do planejamento da em- presa, proporcionando a utilização de ferramen- tas de planejamento, as quais servem de meca- nismo para a análise do impacto de decisões em relação à área de manufatura, suprimentos, finan- ças, recursos humanos, entre outras áreas especí- ficas dentro da empresa. Tratando a definição de ERP em uma visão profissional e nem tanto acadêmica, a Deloitte (1998), define ERP como um pacote de software de negócios que permite a uma companhia automatizar e integrar a maioria de seus processos de negócio, compartilhar práticas e dados comuns através de toda a empresa e pro- duzir e acessar informações em um am- biente de tempo real. Para Devenport (1998), o sistema ERP é tra- tado como “um pacote comercial de software que tem a finalidade de organizar, padronizar e inte- grar as informações transacionais que circulam pelas organizações”. O desenvolvimento do ERP partiu de algu- mas premissas, como, por exemplo, do fato de não ser desenvolvido para um cliente específico e de adotar as melhores práticas de mercado em sua construção e adequação ao propósito. Como curiosidade, a sigla ERP surgiu de uma empresa americana de pesquisa, o Gartner Group; sua principal intenção era demonstrar que o ERP era o sucessor dos sistemas MRP II, devido às necessidades que as empresas apresentavam ao longo do tempo. Apesar de o ERP ser tecnicamente um pa- cote de software adquirido de forma “pronta”, a empresa que for implantar essa solução deverá se adaptar às características e funcionalidades do produto. No entanto, como veremos mais adian- te, é possível obter algumas situações que tornem a sua implantação menos traumática tanto à em- presa como ao seu quadro de funcionários, visto que esse sistema tem a função de auxiliar no pro- cesso, e não de ser o salvador, como infelizmente alguns gestores enxergam a ferramenta. Caro(a) aluno(a)! Tenho certeza de que você está ansioso(a) para conhecer mais sobre a ferramenta. Que tal assistir a este vídeo so- bre as principais características do ERP? Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=2ujdn5G7W20. MultimídiaMultimídia Douglas Melman Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 34 Os sistemas ERP apresentam uma série de características próprias que os tornam importan- tes para suporte em relação à tomada de decisão por parte dos responsáveis dentro da empresa. Os principais aspectos dos possíveis bene- fícios e dificuldades estão ligados diretamente com a sua utilização e com os aspectos pertinen- tes ao sucesso de sua implementação, que serão listados a seguir: Os sistemas ERP são pacotes comer- ciais de software. A ideia básica da utilização de pacotes co- merciais é solucionar um dos grandes problemas que ocorrem na construção de sistemas por meio dos métodos tradicionais de análise e programa- ção – a falta de entrega do projeto em termos de prazo e de orçamento. Segundo Gibbs (1994), “em média, os proje- tos de desenvolvimento de software ultrapassam o cronograma em 50%. Projetos maiores geralmente ultrapassam mais”. Muitas pesquisas têm sido realizadas, e diversas formas têm sido usadas para tentar re- solver esse problema, como é o caso do uso de novas metodologias de desenvolvimento, da prototipação, da utilização de ferramentas CASE (Computer-Aided Software Engineering) e das lin- guagens e metodologias orientadas a objeto com o intuito de evitar a reutilização de componentes de software. Uma alternativa encontrada e bastante uti- lizada é o uso de pacotes comerciais de software. Apesar de os pacotes comerciais serem relativa- mente caros, podemos pensar que o valor final do produto pode ser dividido entre diversos usuá- rios, o que reduz radicalmente o custo de cada um”. 3.3 Características dos Sistemas ERP Os sistemas ERP são desenvolvidos a partir de modelos-padrão de proces- sos. Processos de negócios podem ser definidos como um conjunto de tarefas e procedimentos interdependentes realizados para alcançar um determinado resultado empresarial. Dessa forma, de acordo com os demais pacotes comerciais, os sistemas ERP não são desenvolvidos para clientes específicos, procurando atender a requisitos ge- néricos do maior número possível de empresas, justamente para explorar o ganho de escala em seu desenvolvimento. Portanto, para que possam ser construídos, é necessário que incorporem modelos de proces- sos de negócio, obtidos por meio da experiência acumulada pelas empresas fornecedoras em re- petidos processos de implantação ou criados por empresas de consultoria e pesquisa em processos de benchmarking. Os sistemas ERP são integrados. Existe certa confusão entre os termos “em- presa integrada” e “sistemas integrados”, pois o primeiro é um objetivo, e o segundo é um meio para atingi-lo. Os sistemas ERP realmente integrados são desenvolvidos como um único sistema empre- sarial que atende a todos os setores da empresa, mas em oposição a um conjunto de sistemas que atendem isoladamente a cada um deles. Entre as diversas possibilidades de inte- gração oferecidas pelo ERP estão o compartilha- mento das informações gerais entre os módulos, de maneira que cada informação seja inserida no sistema de uma única vez, e a verificação cruzada de informações entre diferentes partes do siste- ma. Um exemplo é a verificação de notas fiscais de entrada, no recebimento, comparando-as com Sistemas Corporativos Integrados Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 35 os dados de pedidos de compra e garantindo o recebimento apenas com preços e quantidades corretos. Devemos entender que o fato de um siste- ma ERP ser integrado não leva necessariamente à construção de uma empresa integrada. O siste- ma é meramente uma ferramenta para que esse objetivo seja atingido, e, para isso, muito trabalho deverá ser realizado. Os sistemas ERP têm grande abran- gência funcional. Entre as diversas formas de se desenvolver sistemas totalmente integrados está a utilização de um único banco de dados centralizado, deno- minado “banco de dados corporativo”. Nesse caso, interpõem-se desafios organi- zacionais significativos para a empresa, entretan- to, as dificuldades de implementação, em geral, são plenamente compensadas pelas vantagens que essa solução traz consigo. Os sistemas ERP utilizam um banco de dados corporativo. Uma diferença entre os sistemas ERP e os softwares tradicionais é a característica funcional de sua estrutura, isto é, a ampla variedade de fun- ções empresariais atendidas. Normalmente, no caso dos demais pacotes, apenas uma função empresarial é atendida, pos- sivelmente com maior profundidade do que por meio da utilização de um sistema ERP. A ideia dos sistemas ERP é poder fazer com que abranjam o maior número possível de ativi- dades dentro de uma empresa, porém, é possível encontrar pacotes especialmente desenvolvidos para o atendimento de determinadas funções empresariais que superam os sistemas ERP co- mercialmente encontrados. Caro(a) aluno(a)! Veja a demonstração des- te ERP voltado a empresas de pequeno e médio porte. Sistema de uso por meio da internet. Acesse: https://www.youtube.com/ watch?v=mv07l-zqKVU. MultimídiaMultimídia A necessidade de utilização desses siste- mas obriga, por vezes, o trabalho de criação de interfaces de comunicação entre os ERP e outros sistemas. Os sistemas ERP requerem procedi- mentos de ajuste. O processo de adaptação do software ocor- re pelo simples fato de o sistema ERP ter uma pode ser entendida por meio do qual o sistema ERP é preparado para ser utilizado em uma deter- minada empresa. Como será discutido mais adiante, a adap- tação pode ser entendida como um processo de eliminação de diferenças entre o pacote e a ne- cessidade da empresa. Além das características apresentadas, ou- tros conceitos importantes relativos aos sistemas ERP são: funcionalidade, módulos, parametriza- ção, configuração, customização, localização e atualização de versões. Douglas Melman Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 36 Davenport (1998) divide os sistemas ERP em quatro blocos básicos: financeiro, recursos huma- nos, operações e logística e vendas e marketing. Exemplos de módulos do bloco financeiro seriam contabilidade, contas a pagar, contas a re- ceber, fluxo de caixa. Exemplos do bloco de recursos humanos seriam folha de pagamento, gerenciamento de recursos humanos e controle de despesas de via- gem. Exemplos de módulos de operações e logís- tica seriam o gerenciamento de estoques, o MRP, o faturamento. 3.4 Arquitetura ERP Exemplos de módulos de vendas e marke- ting seriam processamento de pedidos e geren- ciamento e planejamento de vendas. Podemos observar, na estrutura de um ERP, presente na Figura 16, ao centro, um banco de da- dos que recebe e fornece dados para uma série de aplicações que suportam as diversas funções de uma empresa. A utilização de um banco de da- dos central agiliza o fluxo de informações, favore- cendo os negócios da empresa. Figura 16 – Arquitetura ERP – estrutura modular de um ERP. Fonte: Davenport (1998). Sistemas Corporativos Integrados Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 37 Assim como nos demais pacotes comer- ciais, os sistemas ERP apresentam diferenças em seu ciclo de vida em relação aos modelos de ciclo de vida tradicionais. Os sistemas ERP apresentam grandes di- ferenças em relação aos pacotes comerciais tra- dicionais no que se refere à quantidade de fun- cionalidades e à visão de processos refletida na integração entre seus diversos módulos. Para a definição de uma proposta de mode- lo de ciclo de vida para sistemas ERP são tomados como base os modelos de ciclo de vida tradicio- 3.5 Ciclo de Vida de um ERP nais, as características e etapas de ciclo de vida de pacotes comerciais desoftware, os modelos de implementação de tecnologia da informação (TI), as características específicas dos sistemas ERP e uma revisão da literatura existente a respeito da seleção, da implementação e da utilização de sis- temas ERP. Um modelo prático para determinarmos o ciclo de vida de sistemas ERP pode ser observado na Figura 17. Figura 17 – Ciclo de vida de um ERP. Fonte: http://fsisistemaserp.files.wordpress.com/2010/06/h.jpg Esse modelo é composto pelas etapas de decisão, escolha, implementação e utilização. As etapas de decisão e escolha ocorrem uma única vez, e as de implementação e utiliza- ção, muitas vezes, simultaneamente. Cada uma dessas iterações representa uma etapa de implementação que conduz, ao seu tér- mino, a uma nova fase na utilização do sistema, na qual mais funções estão implementadas e in- tegradas. E, a cada etapa de implementação, recebe novas demandas e restrições decorrentes da fase de utilização em que o sistema ERP se encontra. Douglas Melman Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 38 Neste capítulo, estudamos os aspectos que estão voltados aos sistemas integrados de gestão, tam- bém conhecidos como SIGs. Observamos a sua importância dentro de uma organização, por meio de sua colaboração com os setores diversos de uma empresa genérica e o consequente alinhamento e integridade das informações armazenadas por meio de um banco de dados. Fez-se uma análise das principais características dos sistemas MRP I, MRP II e ERP, desde a sua pró- pria existência até a definição de parâmetros importantes para a sua caracterização. Mostraram-se o ciclo de vida de um ERP e sua analogia com os demais softwares existentes. No próximo capítulo, abordaremos a aplicação e as soluções ERP existentes no mercado. 3.6 Resumo do Capítulo 3.7 Atividades Propostas 1. Defina o MRP I. 2. Quais foram as vantagens em se realizar as implementações no MRP I que deram origem ao MPR II? 3. Como é definido o ERP segundo Deloitte? 4. Quais são os fatores levados em consideração na escolha para a determinação do ciclo de vida de um ERP? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 39 Caro(a) aluno(a), após a análise de alguns pontos importantes na escolha do produto ERP, passaremos a atentar agora para a implantação propriamente dita. IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA ERP4 Além disso, verificaremos algumas soluções ERP gratuitas, comerciais e on-line. 4.1 Etapa de Decisão e Seleção Após o estudo referente ao ERP, chegamos a uma das etapas mais importantes do processo de implantação do sistema em uma empresa. Trata-se da etapa de decisão e seleção do pacote a ser utilizado. Esta não é apenas mais um etapa no processo, pois ela envolve vários fatores importantes e decisivos para seu bom andamen- to e, consequentemente, os frutos que este pode gerar para a administração da empresa a médio e longo prazo. Hoje, as empresas de soluções em ERP bus- cam trabalhar seus produtos em termos genéri- cos, ou seja, fazer o seu produto alcançar o maior número de empresas possível, mas vale sempre a pena lembrar que estes não estão desenvolvi- dos especificamente para uma empresa X ou uma empresa Y. Nesse caso, uma equipe de tecnologia da informação deverá estar apta a adequá-los ao perfil da empresa. Existem outras possibilidades, como a ter- ceirização para as modificações que se façam ne- cessárias no sistema ou, até mesmo, a contrata- ção dos serviços do próprio fabricante da solução para o desenvolvimento de um pacote adicional ao fornecido e adquirido originalmente. Mas, para que tudo isso seja possível, é im- portante definirmos dentro da empresa quem serão as pessoas que cuidarão da escolha da fer- ramenta, incluindo a análise dos requisitos, que, conforme discutimos anteriormente, é a parte fundamental de todo o estudo – ou seja, verificar quais são as necessidades da empresa, quais são as fragilidades que ela mostra perante os concor- rentes; assim, podermos definir a melhor solução ERP a ser aplicada à empresa. Para começarmos uma rotina de implemen- tação de uma solução ERP, partimos da escolha de pessoas-chave dentro da empresa que forma- rão a equipe. Geralmente se adotam como pessoas que formarão essa equipe pessoas de TI, gerentes de áreas dentro da empresa, que são os maiores co- nhecedores dos processos que ocorrem dentro delas. Conforme abordado, essa equipe pode ser formada totalmente dentro da empresa, mescla- da com uma empresa de consultoria na área de ERP ou mesmo totalmente formada pela consul- toria. Tudo isso vai depender de como a empre- sa está estruturada, pois existem casos em que a própria equipe de colaboradores da empresa se mostra reticente à sua aplicação. Douglas Melman Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 40 A partir da formação da equipe, essas pes- soas passarão a fazer um levantamento das ne- cessidades que a empresa apresenta, dos seus pontos fortes, pontos fracos, dos requisitos de cada área. Na Figura 18, podemos observar um exem- plo de estrutura de equipe formada para a análise e implantação do sistema ERP na empresa. Essa equipe é denominada “Comitê Executivo”, res- ponsável pela tomada de decisões com o auxílio dos níveis inferiores. Figura 18 – Estrutura organizacional do projeto. Fonte: http://fsisistemaserp.files.wordpress.com/2010/06/h.jpg De acordo com Tonini (2003), é importante que a equipe tenha em mente que, desde o iní- cio, é importante trabalhar de forma organizada e coesa, pois esse trabalho será a base dos frutos a serem colhidos com a implantação. Podemos observar, na Figura 19, a repre- sentação do processo de seleção com múltiplos filtros para a escolha de uma solução ERP. Figura 19 – Modelo de seleção com múltiplos filtros. Fonte: Tonini (2003). Sistemas Corporativos Integrados Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 41 Ainda segundo Tonini (2003), a equipe de- verá seguir alguns pontos importantes dentro da fase de conhecimento das necessidades do negó- cio: procedimentos iniciais (observar as necessidades da empresa e pontuá-las por meio de um questionário de acordo com a prioridade dentro de cada setor); seleção prévia (buscar fornecedores de soluções por intermédio de recomen- dação, divulgação web, conhecimento prévio, com o intuito de fazer uma filtra- gem inicial, visto que o mercado atual é composto por vários fornecedores de soluções ERP); avaliação funcional (aqui, a equipe de- verá avaliar as soluções que foram filtra- das para uma possível implantação na empresa, buscando material entregue pelo fornecedor, tipo de suporte apre- sentado por ele, funções do sistema dis- poníveis); avaliação tecnológica e de mercado (a equipe deve ter conhecimento do pá- tio tecnológico existente na empresa, de hardware, software, banco de dados e da documentação existente, para ver se a futura solução escolhida estará de acordo com os recursos disponíveis); refinamento e análise (aqui, estaremos tratando de poucas opções de escolha, tentando simular a implantação peran- te a empresa de algum setor e buscar a conformidade com o estudado e o apresentado); decisão (última etapa – os sistemas es- tarão pontuados em um ranking reali- zado por questionário próprio junto à equipe, e dele surgirá um relatório, que será entregue ao diretor ou responsá- vel pela decisão e compra comercial do produto). Esse processo vai decorrer de um estudo quanto à necessidade da empresa, e um exemplo pode ser observado nas Figuras 20 e 21, nas quais temos, na primeira figura, o grau de importân- cia da necessidade da empresa e, na segunda, o modo como elas serão avaliadas e posteriormen- te trabalhadas. Figura 20 – Filtro em termos de importância dentro do processo.Fonte: Tonini (2003). Douglas Melman Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 42 Figura 21 – Fragmento de formulário elaborado pela equipe de seleção. Fonte: Tonini (2003). Caro(a) aluno(a): Veja esta entrevista do Diretor de Serviços da Senior, Omar Lorenzini Jr, sobre o levantamento de requisitos para a realização do projeto de implantação do ERP. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=7di14oLDXDw. MultimídiaMultimídia 4.2 Obstáculos à Implantação do ERP Toda mudança organizacional em uma em- presa gera certo desconforto, em razão do surgi- mento de muitas incertezas quanto ao futuro da empresa e de seu capital humano (funcionários). Existem muitos casos de insucesso na im- plantação do ERP nas empresas, tendo sido con- tabilizado os seguintes fatores, de acordo com elas: custos elevados (os sistemas apresen- tam preços fora da realidade para algu- mas empresas, porém, as vezes, o custo Sistemas Corporativos Integrados Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 43 também será decorrente de treinamen- tos e implementações futuras, que não foram previstas corretamente no estu- do da ferramenta a ser adotada); complexidade de customização (alguns fabricantes tentam adequar o seu pro- duto o mais próximo da necessidade do cliente, porém nem sempre é possível alterar o sistema de forma simples, e, nesse caso, existe um desdobramento alto por parte da equipe em fornecer a solução ao problema apresentado); resistência a mudanças (aqui, temos um grande problema, pois as pessoas devem entender que o sistema não trabalha sozinho e também não fecha postos de trabalho. Ele tem a missão de simplificar a parte de controle de entra- das e saídas de pedidos, fornecedores, matéria-prima, enfim, de forma a maxi- mizar a estrutura existente e gerar bons dividendos à empresa); compatibilidade (devemos ter em men- te que existem programas na empresa que estão gerenciando determinadas áreas, e estes passam a ser denomina- dos “sistemas legados”. Nesse caso, é importante estudar a viabilidade da integração do mesmo, junto ao ERP, de forma a aproveitar o que já existe de pronto na empresa e, consequente- mente, evitar o retrabalho ou mesmo deixá-lo “ilhado” ante o ERP); cultura da organização (a organiza- ção da empresa também é um ponto importante de sucesso e fracasso da aplicação, pois, com a implantação, de- terminados setores podem sofrer ade- quações naturais, e se estas não forem bem recebidas ou discutidas, a empresa certamente passará a ter dificuldades na implantação do ERP); consultoria (a consultoria tem um pa- pel muito importante na implantação do ERP, porém, sua contratação deve ser muito bem avaliada, pois, como em qualquer outro setor de atividade, po- demos encontrar consultorias que, em vez de darem solução aos problemas da empresa, podem ocasionar prejuízos fi- nanceiros e em termos de prazo de en- trega); treinamentos (nessa etapa, algumas empresas veem o uso de certos treina- mentos como dispensáveis e, conse- quentemente, deixam os usuários sem o devido conhecimento da ferramenta, levando a uma contrariedade natural por parte das pessoas que vão alimen- tá-lo ou se servir de sua base de dados, criando, em consequência, uma situa- ção desagradável por parte dos funcio- nários diante de sua utilização). De acordo com o que se observou na maio- ria das empresas que realizaram o processo de implantação do ERP e que registraram a ocorrên- cia de falhas, o problema central estava no fato de ser exigido que a empresa se adaptasse ao siste- ma, ou seja, os sistemas ERP levavam a empresa a modificar seus processos para se adequar ao que foi descrito em seus módulos. Nessa questão, é importante a avaliação prévia da solução ERP por parte da organização, mais precisamente da equipe responsável pela escolha, pois, a partir da aquisição do sistema, a empresa estará interligada a ele, e, assim, tudo deverá correr de acordo com o posicionamento do software. Douglas Melman Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 44 Conforme discutimos no Capítulo 3, o ERP apresenta uma característica particular, que é a questão da modularidade, ou seja, ele é compos- to por vários módulos formados a partir da neces- sidade do cliente. Os módulos contidos em um ERP variam de acordo com o fornecedor e normalmente são classificados como básicos, compreendendo os módulos de configuração, finanças, vendas e compras, planejamento de produção, recursos humanos e gerenciamento de materiais. As carac- terísticas de cada um desses módulos são apre- sentadas na sequência. Módulo financeiro: módulo responsável pelo cadastro de contas bancárias da empresa, nas quais serão quitados os itens de contas a pa- gar e a receber; pelo cadastro dos centros de cus- to da empresa; pela listagem das contas a pagar (geradas a partir do cadastro de despesa e dos pedidos de compra); listagem de contas a rece- ber (geradas a partir do cadastro de receitas e dos pedidos de venda); pelo cadastro de despesas, re- ceitas, lançamentos avulsos; pela geração de flu- xo de caixa; pelos relatórios gerenciais. Módulo de compras: módulo responsável pelo cadastro de fornecedores; por pedidos de cotação de compra, envolvendo diversas moda- lidades, como pregão eletrônico, leilão reverso, menor preço por item e menor preço global; pela geração de pedidos de compra a partir das cota- ções cadastradas; geração das duplicatas dos pe- didos de compra; pelos relatórios gerenciais. Módulo de vendas: módulo responsável pelo cadastro de clientes; pelas propostas de venda; geração de pedidos de venda a partir das propos- tas cadastradas; geração das duplicatas dos pedi- dos de venda; pelos relatórios gerenciais. Módulo de produção: módulo responsável pelo cadastro de fornecedores, matérias-primas, produtos acabados ou de fabricação própria, grupos e subgrupos de materiais e produtos, si- tuações tributárias dos produtos/materiais, clas- 4.3 Módulos sificações fiscais dos produtos/materiais; pelos relatórios gerenciais. Módulo de controle de estoque: módulo res- ponsável pela entrada de estoque; saída de esto- que; pelo controle das movimentações do esto- que de produtos e materiais; pelo cadastro dos locais de estoque; pela transferência de materiais ou produtos entre os locais de estoque cadastra- dos; pelos relatórios gerenciais. Módulo de recursos humanos: módulo res- ponsável pelo cadastro de funcionários; pela fo- lha de pagamento; pelo registro do empregado; pelo histórico de alterações, pelo controle de be- nefícios, entre outras ações. Módulo de configuração ou administrativo: módulo responsável pelo cadastro de usuários, dos perfis dos usuários, de empresas, de países e unidades federativas, de auxiliares gerais; pelos relatórios de acessos; pelos logs de segurança. A partir desse módulo básico, surgem ou- tros dois, que são classificados como específicos ou verticais – módulos específicos que as empre- sas comercializam como complemento à solução apresentada. Um exemplo é o módulo de gestão de plano de saúde, que não está inserido dentro do módulo básico anteriormente descrito. O último módulo disponível no mercado é o customizado, ou seja, torna o software ERP ajus- tado às necessidades do cliente. É, sem dúvida, o mais caro e complexo, pois todas as alterações que são realizadas no sistema devem ser devida- mente documentadas, o que pode ser observado na Figura 22. Sistemas Corporativos Integrados Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 45 Figura 22 – Adaptação de um módulo. Fonte: Elaborada pelo autor. Para tanto, a empresa poderá utilizar parte de sua equipe de TI para a adequação, bem como contratar uma consultoria. 4.4 Aplicações ERP Open Source
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