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resumo civil II

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1. Prescrição
	A prescrição extingue a pretensão pela inércia do titular durante certo lapso de tempo. Ela é estabelecida por lei, não podendo ser convencionada pelas partes. A prescrição pode ser renunciada após a sua consumação.
	A prescritibilidade é a regra, diante dos motivos anteriormente apresentados. No entanto, há ações que não são prescritíveis, pois certas relações jurídicas não se coadunam com os institutos da prescrição ou da decadência, tais como o direito de personalidade, a vida, ao nome, a nacionalidade, as de estado das pessoas (tais como filiação, cidadania, condição conjugal). Os imóveis públicos não podem ser adquiridos por usucapião, logo não são submetidos à prescrição aquisitiva, a teor dos arts. 183, § 3°, e art. 191, parágrafo único, da Constituição Federal de 1988.
Impedimento, Suspensão e Interrupção
As causas que impedem ou suspendem estão elecandas nos arts. 197 a 201 e as que interrompem nos arts. 202 a 204, todos do Código Civil de 2002. E aplicam-se tanto à prescrição extintiva, quanto à aquisitiva.
Discute-se se estes prazos são taxativos ou enunciativos. A maioria entende serem enunciativos, pois a força maior, o caso fortuito e a negligência judicial não podem interferir prejudicando o direito de outrem, tais como o preso por inundação que não propõe a ação a contento, a desídia do escrivão.
Impedimento e Suspensão
Ambos fazem cessar, temporariamente, o curso da prescrição. Uma vez desaparecida a causa de impedimento ou da suspensão, a prescrição retoma seu curso normal, computado o tempo anteriormente decorrido, se este existiu.
Nos casos de impedimento, mantém-se o prazo prescricional íntegro, pelo tempo de duração do impedimento, para que seu curso somente tenha início com o término da causa impeditiva. Nos casos de suspensão, nos quais a causa é superveniente ao início do decurso do prazo prescricional, uma vez desaparecida esta, o prazo prescricional retoma seu curso normal, computando-se o tempo verificado antes da prescrição.
O estatuto civil não faz distinção entre impedimento e suspensão, que é feita pela doutrina. Ou preexiste ao vencimento da obrigação o obstáculo ao início do curso prescricional, e o caso será de impedimento, ou se esse obstáculo surge após o vencimento da obrigação e durante a fluência do prazo, ocorrendo nessa hipótese a suspensão da prescrição.
Certas pessoas, por sua condição ou situação fática, estão impedidas de agir.
Segundo o art. 197 do Código Civil de 2002, não corre a prescrição entre cônjuges na constância da sociedade conjugal; entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela. Estão presentes a confiança e a amizade.
Não corre a prescrição, ainda, contra todos na condição suspensiva, estando o prazo ainda vencido, pendendo evicção, conforme o art. 199 do Código Civil de 2002.
Interrupção
Em relação à interrupção da prescrição, que se dará apenas uma única vez, de acordo com o art. 202 do Código Civil de 2002, quando houver qualquer comportamento ativo do credor, destacando-se que a citação válida interrompe a prescrição, não mais se considerando interrompida a partir da propositura da ação, mas sim retroagindo ao despacho do juiz que ordenar a citação.
Tal modificação acabou com a alegação de prescrição intercorrente quando na demora da citação quando a própria parte não dera causa. Portanto agora, o simples despacho, ou como muitos entendem à luz do art. 219, § 1º do Código de Processo Civil, a distribuição protocolar, é suficiente para interromper a prescrição.
Agora, se o juiz demora a despachar a inicial e operara-se a prescrição, não poderá ser alegada, conforme súmula 106 do STJ. A opção do art. 202, parágrafo único, do Código Civil de 2002, quando possível, será verificada em favor do devedor.
2. Decadência
A decadência é a extinção do direito pela inércia do titular, quando a eficácia desse direito estava originalmente subordinada ao exercício dentro de determinado prazo, que se esgotou, sem o respectivo exercício. O tempo age, no caso de decadência, como um requisito do ato.
O objeto da decadência, portanto, é o direito que nasce, por vontade da lei ou do homem, subordinado à condição de seu exercício em limitado lapso de tempo.
O Código Civil de 2002 aborda expressamente a decadência, nos arts. 178, 179, e 207 a 211, ao contrário do Código Civil de 1916.
Assim como a prescrição, pode ser argüida tanto por via de ação como por meio de de exceção ou defesa.
As normas de suspensão, impedimento e interrupção não são aplicáveis à decadência, que envolve prazos fatais, peremptórios, salvo disposição em contrário, como a exceção encontrada no art. 26, § 2°, do Código de Defesa do Consumidor.
Há duas espécies de decadência: a legal e a convencional. Quando é prevista em lei, sendo reconhecida de ofício pelo juiz, ainda que se trate de direitos patrimoniais; de acordo com o arts. 210 do Código Civil de 2002. O prazo decadencial legal é irrenunciável, segundo o art. 209 do Código Civil de 2002. A convencional é estipulada pelas partes, somente a parte beneficiada poderá alegá-la, sendo vedado ao juiz de Direito suprir a alegação da parte, consoante o art. 211 do Código Civil de 2002. O prazo decadencial convencional pode ser renunciado, a teor do art. 209 do Código Civil de 2002, a contrario sensu.
3. Diferenças entre prescrição e decadência
	A decadência começa a correr, como prazo extintivo, desde o momento em que o direito nasce. Enquanto a prescrição não tem seu início com o nascimento do direito, mas a partir de sua violação, porque é nesse momento que nasce a ação contra a qual se volta a prescrição.
	A decadência, como regra geral, não é suspensa nem interrompida e só é impedida pelo exercício do direito a ela sujeito. A prescrição pode ser suspensa ou interrompida pelas causas expressamente colocadas em lei.
	A decadência pode ser fixada pela lei ou pela vontade das partes bilateralmente ou unilateralmente. Enquanto a prescrição só se estabelece por lei. 
	A decadência legal pode ser reconhecida de ofício pelo juiz e independe da argüição do interessado. Porém a prescrição poderá ser reconhecida de ofício apenas nos casos de interesses de absolutamente incapazes, conforme art. 194 do Código Civil de 2002.
	A prescrição admite renúncia depois de consumada, não sendo admitida antes ou no curso do prazo, porque é instituto de ordem pública, decorrente da lei, a decadência legal não pode ser renunciada. 
	O Código Civil de 2002 foi mais prático, ao determinar serem os prazos de prescrição, apenas e exclusivamente, os taxativamente discriminados na Parte Geral, nos arts. 205 (regra geral, prazo de 10 anos) e 206 (regras especiais), sendo de decadência todos os demais, estabelecidos como complemento de cada artigo que rege a matéria, tanto na Parte Geral como na Especial. Essa foi uma das principais inovações trazidas pelo Código Civil em vigor. 
4. Pagamento
O pagamento é uma espécie do gênero adimplemento, que configura uma das formas de extinção de uma obrigação, caracterizada pelo cumprimento voluntário desta pelo devedor. Feito o pagamento, satisfaz-se a obrigação.
Elementos do pagamento
Vínculo obrigacional: é essencial ao pagamento; se não há vínculo entre os sujeitos, não há pagamento. 
Sujeito ativo: o credor - accipiens. Como dispõe o art. 208 do Código Civil, o pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito.
Sujeito passivo: o devedor - solvens. Conforme dispõe o artigo art. 304. do Código Civil  “Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor”.
Objeto do pagamento
O Código Civil brasileiro adotou o princípio da identidade ao estabelecer que o credor não é obrigado a receber prestação diversada que lhe é devida, ainda que mais valiosa. Recebendo o credor o objeto da prestação, seu pagamento, estará a obrigação extinta.
          E ainda que a prestação seja divisível, não pode ser o credor obrigado a receber por partes, se assim não foi convencionado. Só existirá solução da divida com a entrega do objeto da prestação. Se a prestação é complexa, constante de vários itens, não se cumprirá a obrigação enquanto não atendidos todos.
Há duas espécies de dívida: a) em dinheiro - quando o objeto da prestação é o próprio dinheiro; e b) de valor - quando o dinheiro não é o objeto em si, mas apenas representa o valor da prestação (é o caso da obrigação de prestar alimentos, por exemplo).
Lugar do pagamento
Venosa ressalta que no silêncio da avença, o pagamento será efetuado no domicilio do devedor. È a regra geral do art. 327. Em geral, portanto, a dívida é quérable. Cabe ao credor procurar  o devedor para a cobrança. Em caso de disposição contratual em contrário, quando o devedor deve procurar o credor em seu domicílio, ou no local por ele indicado, a dívida é portable. 
          De acordo com o art. 327 do Código Civil, “efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias”.  Parágrafo único: Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.
Tempo do pagamento
 
Quando as partes estipularem data para o pagamento, e não forem cumpridas até o vencimento, ficará sob pena de inadimplemento da mora. Se não foi ajustado no contrato um termo de vencimento, dispõe o art. 331. Do Código Civil, “salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente”.
Quem pode pagar
O pagamento pode ser feito pelo devedor ou por um terceiro, podendo ser pago pelo devedor interessado ou por um terceiro interessado também (tem direito a sub-rogação). Trata-se de um terceiro que não faz parte da obrigação principal, mas tem interesse nesta obrigação, pois pode ser apenado pela inadimplência do devedor, tornando-se assim um credor sub-rogado do devedor, cabendo assim uma ação regressiva para pagamento por parte de devedor do valor devido. 
Se for pago por um terceiro não interessado pode pagá-lo em nome próprio e tem direito a reembolso sem sub-rogação (art.305), ou paga em nome por conta do devedor (doação, não tem direito de reembolso, art.304, § único). O terceiro não interessado é alguém que paga “voluntariamente”, pretendendo socorrer o devedor. A recusa do credor em receber o pagamento oferecido pelo interessado pode ser superada pela consignação do mesmo em juízo. Quando o credor não quiser receber o pagamento, o devedor pode fazer o pagamento em consignação.
Prova do pagamento
	A prova do pagamento é a quitação, consistindo em um escrito no qual o credor, reconhecendo ter recebido o que lhe era devido, libera o devedor, do que foi pago. O objeto do pagamento deverá ser aquele que foi proposto no contrato, nem mais, nem menos, mas poderá o credor aceitá-lo se for de seu agrado. Em regra se paga com a prestação, mas é possível que o credor aceite receber outra coisa no lugar (dação em pagamento), tratando-se de uma substituição de uma coisa para outra.
Extinção da obrigação sem o pagamento
	Existem três hipóteses em que a obrigação é extinta sem que ocorra o pagamento. Uma delas é a dívida prescrita, isto é, o credor não cobrou a dívida no prazo estabelecido, perdendo o direito a receber legalmente (art. 206 §5º).
	Outra é a hipótese de obrigação ter se resolvido sem a culpa do devedor (art. 234). Quando está pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes ou que tenha ocorrido a condição resolutiva ou termo (art. 234).
A cessão de crédito
A cessão de crédito é o negócio jurídico bilateral pelo qual o credor transfere a terceiro a sua posição patrimonial na relação obrigacional, sem que com isto se crie uma nova situação jurídica.
O fato da existência de três pessoas e dois consentimentos na realização desse negócio faz surgir a figura do cedente, que transfere; o cessionário, o que adquire e por fim, o cedido que passa a ser o devedor, que não participa da negociação de transmissão do crédito.
Os requisitos da cessão de crédito são os seguintes: um negócio jurídico que estabeleça a transmissão da totalidade ou de parte do crédito; a inexistência de impedimentos legais ou contratuais a esta transmissão; e a não ligação do crédito à pessoa do credor como decorrência da própria natureza da prestação
Ao analisar a cessão de crédito, imperioso mencionar que o efeito desta relação é a transmissão ao cessionário dos direitos oriundos desse negócio. Em regra o cedente não passa a ser responsável pelo adimplemento do crédito, apenas pela existência do crédito no momento da realização do negócio.
Todavia, como toda regra tem exceção, a referida assertiva pode ser excepcionada quando a cessão opere pro solvendo, que significa dizer que o cedente responderá não só pela existência do título, mas também pela solvabilidade.
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=2351

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