Buscar

Caderno de Direito Constitucional I

Prévia do material em texto

Processo Legislativo
71
	Curso Fórum – Intensivo 2014
	
Constitucional
Aula 1
Parte 1
Poder Constituinte
Poder constituinte pode ser tido como gênero dos quais existem duas espécies:
PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO;
PODER CONSTITUINTE DERIVADO;
Reformador
Decorrente
PODER CONSTITUINTE DIFUSO;
PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL.
Alguns autores ainda subdividem o poder constituinte derivado decorrente em instituidor e reformador.
Poder Constituinte Originário
Dá origem a um novo ordenamento jurídico constitucional, que define a constituição para um Estado. Este poder pode ser subdividido em duas espécies:
FUNDACIONAL – não só estabelece uma nova constituição, como funda um novo Estado. 
Ex.: Declaração de Independência Americana de 1776 e Constituição de 1787.
PÓS-FUNDACIONAL – não há a criação de um novo Estado, manifestação a partir de um Estado pré-existente. Estabelece uma nova constituição para um Estado já existente. 
Ex.: manifestação do poder constituinte no Brasil com a Constituição de 1988
Há uma divergência quanto à NATUREZA JURÍDICA do poder constituinte originário:
1ª corrente: entende que o PCO é um PODER DE DIREITO, significa que o fundamento do poder constituinte originário é jurídico, decorre do direito.
Se ele inaugura um novo ordenamento jurídico, como ele pode derivar do direito? A doutrina defende que ele emana do direito natural. Posição jusnaturalista (não tem prevalecido no Brasil).
2ª corrente: Entende que o PCO é um PODER POLÍTICO, decorre de manifestação política, encontra fundamento nas forças políticas que se manifestam na sociedade. Poder essencialmente político, e não jurídico.
3ª corrente: O PCO é um PODER SOCIOLÓGICO, um PODER DE FATO (fruto de uma manifestação social). 
Essa corrente diz que o PCO não só estabelece o direito como define a política do estado. 
4ª corrente: PODER SUI GENERIS (Antônio Negri). Pois seria uma mistura de poder político e sociológico.
A DOUTRINA BRASILEIRA SE DIVIDE ENTRE A 3ª E 4ª CORRENTE (SOCIOLÓGICO OU SUI GENERIS). A tendência é maior para se entender que é um poder de fato, sociológico, portanto.
Parte 2
Características do Poder Constituinte Originário
INICIAL 
INCONDICIONADO 
ILIMITADO 
SOBERANO 
PERMANENTE 
EXTRAORDINÁRIO 
Extraordinário
Poder de manifestação não cotidiana, manifestação apenas em situações excepcionais.
Permanente
PCO não se esgota com a edição da constituição, ele permanece em ESTADO DE LATÊNCIA, para pronta manifestação quando necessário. Exemplo de manifestação do PCO após edição da constituição de 88: art. 2º ADCT
Art. 2º - No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no País.
Soberano
Significa que a manifestação do PCO decorre do poder supremo de uma sociedade, não há, portanto, poder acima do PCO. Essa soberania pode ser analisada em dois aspectos: 
VERTICAL: diz respeito ao exercício do poder soberano no âmbito interno do próprio Estado, dotado de supremacia diante os demais poderes do Estado; 
HORIZONTAL: diz respeito à manifestação do poder soberano no âmbito internacional, a relação do poder soberano com outros poderes igualmente soberanos. Essa relação não é caracterizada pela existência de hierarquia entre esses poderes, mas uma relação de igualdade. Reflete a noção de independência;
Parte 3
Inicial
Porque inicia um novo ordenamento jurídico constitucional no momento que estabelece uma nova constituição.
Mas quando se estabelece uma constituição, normalmente já se tem naquele Estado um ordenamento jurídico vigente, lei anteriores, ou constituições anteriores.
Estudo desta característica em 3 partes:
Efeitos da nova constituição em relação à constituição anterior;
Efeitos da nova constituição em relação ao ordenamento jurídico infraconstitucional anterior;
Efeitos temporais da nova constituição.
Efeitos da Nova Constituição em Relação à Constituição Anterior
Teoria da Desconstitucionalização 
Pontes de Miranda defendia que em nome do princípio da continuidade do ordenamento jurídico, a edição de uma nova constituição não revoga a constituição anterior in totum. 
Deve se verificar que as normas da constituição anterior conflitam ou não com as da nova constituição
Se houver conflito, as normas da constituição anterior são revogadas.
Já as normas que forem compatíveis com a nova constituição não são revogadas, elas permanecem no ordenamento jurídico como normas infraconstitucionais. 
A desconstitucionalização significa a manutenção no ordenamento jurídico de normas da constituição anterior compatíveis com a nova constituição, contudo sofrendo um “rebaixamento” em seu status hierárquico. 
Não há exemplos no Brasil.
 CRFB/67		 CRFB/88
Desconstitucionalização
Teoria da Recepção Material de Normas Constitucionais Anteriores
As normas da constituição anterior incompatíveis com a nova constituição são revogadas. Já as normas compatíveis são mantidas no ordenamento jurídico como normas constitucionais. Nesta teoria não há rebaixamento do status hierárquico da norma constitucional anterior.
Ex.: art. 34 ADCT
Art. 34 - O sistema tributário nacional entrará em vigor a partir do primeiro dia do quinto mês seguinte ao da promulgação da Constituição, mantido, até então, o da Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda nº 1, de 1969, e pelas posteriores.
Durante esses 5 primeiros meses a norma constitucional anterior regeu o sistema tributário nacional como norma constitucional.
Teoria da Revogação
A edição de uma nova constituição revoga a constituição anterior in totum. Não importando se as normas são compatíveis ou incompatíveis, pois a manifestação do poder constitucional originário, através da edição de uma nova constituição, traz novos valores na sociedade, um novo momento jurídico constitucional, portanto a regra é que a revogação seja in totum. Pois a constituição anterior não reflete os novos valores da constituição. TEORIA ADOTADA NO BRASIL.
EXCETO SE HOUVER PREVISÃO EXPRESSA EM SENTIDO CONTRÁRIO QUE FAÇA REFERENCIA À DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO OU RECEPÇÃO MATERIAL. 
Parte 4
Efeitos da Nova Constituição em Relação ao Ordenamento Jurídico Infraconstitucional Anterior
Teoria da Inconstitucionalidade Superveniente 
(Sepúlveda Pertence) ela defende que na solução do conflito entre constituição e normas infraconstitucionais anteriores deve se utilizar o CRITÉRIO HIERÁRQUICO. Ou seja, alteração de norma anterior como fundamento de validade.
Essa teoria se utiliza de uma ideia de fundamento escalonado de normas, onde cada norma tem seu fundamento em norma imediatamente superior (atos secundários » atos primários » Constituição).
Leis 
Anteriores
 CRFB/67				 CRFB/88
Fundamento de validade
Teoria da Revogação ou da Não Recepção
(Brossard) para essa teoria o que temos é um conflito de normas no tempo. A constituição é norma jurídica, então temos um conflito temporal com as normas jurídicas anteriores. O critério adotado é o temporal, o que significa que NORMA POSTERIOR (NOVA CONSTITUIÇÃO) REVOGA NORMA ANTERIOR EM SENTIDO CONTRÁRIO.
Logo a edição de uma nova constituição revoga as leis anteriores em sentido contrário. A discussão não está mais no plano da validade do ato, mas no da existência do ato. ADOTADA PELO STF.
Efeito Prático da Adoção de uma das Teorias
Se tivermos uma lei que instituiu um imposto anterior à CRFB/88, que seja incompatível com a nova Constituição. Ao se propor uma ação de repetição de indébito, a eficácia desta lei é uma QUESTÃO PREJUDICIAL.
Ao se adotar a primeira teoria, a da inconstitucionalidade superveniente, o órgão fracionário do tribunal, portanto, segundo o art. 97 da CR, terá que remeter essa questão incidental para apreciação do pleno ou órgão especial, para só depois julgar o mérito.
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivoórgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)
No entanto, se o órgão fracionário adotar a segunda teoria, da revogação, ele mesmo poderá declarar a norma revogada ou não recepcionada (não precisando remeter ao pleno ou órgão especial) e julgar o mérito.
“Revogação por Inconstitucionalidade”
Teoria de Canotilho. Mistura das teorias anteriores. 
Ela diz que se deve LEVAR EM CONSIDERAÇÃO TANTO O CRITÉRIO HIERÁRQUICO, COMO O CRITÉRIO TEMPORAL. 
Hierárquico porque há mudança no ordenamento jurídico, mas não de norma da mesma hierarquia. A mudança é no fundamento de validade do ordenamento jurídico. Não temos uma simples sucessão de leis no tempo, mas o critério temporal também não pode ser desconsiderado, pois temos normas temporalmente distantes, uma sucessão de normas no tempo, o que teríamos, portanto, seria uma revogação especial, uma revogação por inconstitucionalidade.
Aprofundamento da Teoria da Não Recepção
A primeira observação importante é que as LEIS ANTERIORES COMPATÍVEIS COM A NOVA CONSTITUIÇÃO SÃO RECEPCIONADAS. Continuam integrando o ordenamento jurídico, em nome do PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DAS NORMAS JURÍDICAS.
Já as normas anteriores incompatíveis devem se analisar qual das duas espécies de incompatibilidade:
INCOMPATIBILIDADE FORMAL 
O vício formal não impede a recepção, em regra.
INCOMPATIBILIDADE MATERIAL 
É uma incompatibilidade de conteúdo substancial, significa que a matéria da lei anterior é incompatível com a nova constituição. 
O STF vem equiparando para efeitos de modulação as declarações de inconstitucionalidade e declaração de não recepção. Se utilizando para tanto para modular os efeitos da não recepção por analogia ao art. 27 da lei 9.868/99. Mesmo havendo um vício material é possível que o tribunal mantenha a norma vigente no ordenamento jurídico.
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.
Aula 2
Parte 1
Efeitos da Nova Constituição em Relação a Fatos Anteriores
Teoria da Irretroatividade
PARA ESTA TEORIA A CONSTITUIÇÃO NÃO SE APLICA A FATOS PASSADOS. 
Uma vez editada a Constituição possuiria efeitos ex nunc; não retroagindo, portanto, para alcançar condutas ou fatos anteriores. 
Trata-se do princípio da irretroatividade da nova constituição.
Fato
Celebração de um Contrato
Vencimento
Vencimento do Contrato
Execução
Contrato Executado
Nova Constituição
Teoria da Retroatividade Máxima
Para esta a edição de uma constituição pode alcançar até mesmo fatos passados, inclusive fatos consumados e já executados. Ela retroage alcançando fatos anteriores da constituição.
ESSA TEORIA SÓ PODE SER APLICADA QUANDO HOUVER INDICAÇÃO EXPRESSA NA CONSTITUIÇÃO.
Fato
Celebração de um Contrato
Vencimento
Vencimento do Contrato
Execução
Execução do Contrato
Nova Constituição
Teoria da Retroatividade Média
A nova constituição não alcança fatos já executados, mas alcança fatos vencidos pendentes de execução.
O parâmetro comparativo dessa teoria vai ser a retroatividade máxima.
Fato
Celebração de um Contrato
Vencimento
Vencimento do Contrato
Execução
Execução do Contrato
Nova Constituição
Teoria da Retroatividade Mínima
A NOVA CONSTITUIÇÃO ALCANÇA FATOS ANTERIORES DE VENCIMENTO FUTURO. 
Essa teoria defende que a constituição alcance fatos anteriores, mas é mais branda que a da retroatividade média. 
E.g. relações de situação continuada. 
ESTA É A TEORIA PLICADA NO BRASIL COMO REGRA.
Fato
Celebração de um Contrato
Vencimento
Vencimento do Contrato
Execução
Execução do Contrato
Nova 
Constituição
Ex.1: art.17 do ADCT – o cerne deste artigo refere-se à impossibilidade de se invocar direito adquirido em face de norma constitucional (STF chancela esta ideia).
Art. 17. Os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os adicionais, bem como os proventos de aposentadoria que estejam sendo percebidos em desacordo com a Constituição serão imediatamente reduzidos aos limites dela decorrentes, não se admitindo, neste caso, invocação de direito adquirido ou percepção de excesso a qualquer título. 
§ 1º - É assegurado o exercício cumulativo de dois cargos ou empregos privativos de médico que estejam sendo exercidos por médico militar na administração pública direta ou indireta.
§ 2º - É assegurado o exercício cumulativo de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde que estejam sendo exercidos na administração pública direta ou indireta.
Obs.: NÃO há direito adquirido, coisa julgada, ato jurídico perfeito em face de nova constituição. Artigo 5º, XXXVI da CRFB/88.
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
(Ver pág. 12 do caderno de direito civil – parte geral)
ESSAS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS NÃO SE APLICAM AO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO. Essa regra somente se aplica no âmbito infraconstitucional, ou seja, a lei não pode violar direito adquirido, coisa julgada e ato jurídico perfeito.
Ex.2: Art. 51 do ADCT, a doutrina afirma que é exemplo de retroatividade máxima ou média:
Art. 51 - Serão revistos pelo Congresso Nacional, através de Comissão mista, nos três anos a contar da data da promulgação da Constituição, todas as doações, vendas e concessões de terras públicas com área superior a três mil hectares, realizadas no período de 1º de janeiro de 1962 a 31 de dezembro de 1987.
Incondicionado
O poder constituinte originário da origem a uma nova ordem jurídico-constitucional. Esse poder constituinte originário possui procedimentos previamente definidos para sua manifestação? Há alguma forma especifica para se manifestar? Não. 
Não está sujeito a qualquer procedimento previamente estabelecido pelo ordenamento jurídico anterior para sua manifestação.
Ele mesmo define a forma através do qual ele irá se manifestar.
Procedimentos de Manifestação do PCO
PACÍFICOS: se tem uma transição de um ordenamento jurídico para outro sem rompimento formal com o ordenamento jurídico precedente. 
Ex.: No Brasil na CRFB de 67/69 houve uma emenda convocando assembleia constituinte que editou CRFB/88. Houve uma ponte de transição formal de um ordenamento jurídico a outro.
NÃO PACÍFICOS: há um rompimento formal com o ordenamento jurídico anterior. Normalmente com revolução ou golpe de estado
REVOLUÇÃO: é movimento de manifestação legítima do povo acendendo ao poder. A revolução, portanto, é procedimento de manifestação do poder constituinte originário, poder este titularizado pelo povo, e cria sim uma constituição. 
GOLPE DE ESTADO: é pessoa ou grupo de pessoas derrubando a ordem jurídico-constitucional vigente, se impondo à sociedade pela força. O golpe de Estado não é instrumento de manifestação legítima, pois seria contra a sociedade, tanto que o documento produzido seria uma carta constitucional, documento com forma de constituição, mas que não tem legitimidade popular exigida para que se tenha uma verdadeira constituição.
Parte 2
Ilimitado
Dizer que é um poder ilimitado é dizer que ele não sofre limitações jurídicas do ordenamento anterior. Já que as normas anteriores não podem limitar o PCO, mas não significa para a doutrina, que o PCO seja um poder ilimitado, de forma absoluta. HOJE, JÁ SE FALA EM LIMITES AO PCO.
Limites ao Poder Constituinte Originário
Podem ser classificados da seguinte maneira:
LIMITES IMANENTES: decorrem da própria essência do poder constituinte originário. Não pode alterar a titularidade, abrindo mão da titularidade, por afetar a essência do poder constituinte originário.
LIMITES CULTURAIS SOCIAIS E HISTÓRICOS: de acordo com a doutrina, quando o PCO se manifestaelaborando a constituição, ele sofre limitações sociais, culturais daquele povo, histórica daquela sociedade.
Por exemplo, nos EUA, as ex-colônias britânicas resolvem se reunir: Convenção da Filadélfia, que acabou se transformando em uma assembleia constituinte. Poderia essa assembleia reestabelecer o vinculo de colônia com a Inglaterra? Diz-se que não, pois iria contra os limites sociais da época e da sociedade.
BOOTSTRAPPING: é um termo de origem inglesa que se originou de um acessório para ajudar a calçar botas, e gradualmente adquiriu uma coleção de significados metafóricos, significando na maioria deles melhorar a si mesmo por seu próprio esforço e sem ajuda.
Em direito, refere-se às amarras, limites estabelecidos ao poder constituinte originário, e indica que o PCO sofre certos condicionamentos, limites históricos, culturais, sociais, mas esta teoria diz que esses limites podem ser superados.
SEGUNDO ESSA TEORIA, ESSES LIMITES AO PCO NÃO SÃO ABSOLUTOS, O QUE SIGNIFICA DIZER QUE O PCO PODE SE LIBERTAR DAS AMARRAS RECEBIDAS.
LIMITES DECORRENTES DE TRATADOS INTERNACIONAIS (DE DIREITOS HUMANOS): tem por finalidade ampliar o âmbito de proteção da pessoa humana. Esses tratados têm como característica a sua universalidade. O que significa dizer que se aplica a todo e qualquer Estado. Limitaria a própria soberania dos Estados. Existe hoje sistema que impõe aos Estados violadores de direitos humanos sanções, como embargos ou intervenções militares.
PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO RETROCESSO: esse princípio busca limitar retrocessos sociais, quanto à proteção de direitos, pois a sociedade caminha no sentido de ampliar, de promover cada vez mais direitos. 
No Estado atual existem muito mais direitos do que antes. A sociedade vem passando por um processo de evolução, e este princípio veda a involução.
EFEITO CLIQUET: “catraca”. Foi retirado de uma ideia mecânica – de vedar o retrocesso social, já que às normas são que nem as engrenagens, não podem involuir, mas apenas evoluir. Não se pode destruir, eliminar conquistas sociais. O retrocesso seria ilegítimo, violando o referido princípio. 
Limite, portanto, ao poder constituinte originário.
Poder Constituinte Supranacional
PODER ACIMA DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO, pois este tem caráter nacional, enquanto o supranacional está acima, do próprio poder constituinte originário.
Visa estabelecer um ordenamento jurídico, um sistema jurídico no plano internacional. Estabelecer normas aplicáveis a todos os Estados, por isso supranacional. Em outras palavras, é aquele PODER DE EDITAR TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS, NORMAS DE CARÁTER UNIVERSAL.
O titular do poder constituinte originário é o povo, mas e do poder constituinte supranacional? A doutrina entende que o TITULAR É O CIDADÃO UNIVERSAL.
A titularidade, então pertence à pessoa humana, decorre da sua própria essência, independendo de sua nacionalidade – ou falta dela. A titularidade não seria a população de um Estado, nação, ou povo, mas a própria pessoa humana.
Nesse sentido, cada Estado abriria mão de parcela de sua soberania, fazendo exsurgir uma Constituição comunitária. 
De tal sorte, a própria ideia de poder constituinte supranacional demonstra que ele tem a capacidade de submeter às diversas constituições nacionais ao seu poder supremo, não se confundindo com o direito interno de um determinado país, tampouco com o direito internacional (tratados internacionais).
O poder constituinte supranacional busca a sua fonte de validade na CIDADANIA UNIVERSAL, no pluralismo de ordenamentos jurídicos, na vontade de integração e em um CONCEITO REMODELADO DE SOBERANIA.
Nasce com esta ideia, surge a partir de um processo de universalização dos Direitos Humanos. Os direitos humanos, portanto, após a 2ª Guerra Mundial, vem passando por seu âmbito de ampliação. Os direitos humanos, com o âmbito de universalização passam a ser vistos como normas de caráter supranacional, acima das Constituições, limitando a própria soberania dos Estados, mitigando o próprio poder soberano dos estados, que agora encontrariam limites nesta ordem jurídica internacional.
O Poder Constituinte supranacional tem como fundamento à teoria da supremacia hierárquica dos direitos humanos internacionais em relação às constituições dos estados. Os tratados internacionais de Direitos Humanos teriam hierarquia supranacional. Os tratados internacionais de Direitos Humanos prevalecem sobre outras normas internacionais e normas internas, exceto se estas forem mais protetivas para proteção dos Direitos Humanos.
Parte 3
Tratados Internacionais de Direitos Humanos
PROCEDIMENTO DE INTRODUÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS NO BRASIL
	ANTES DA EC/45
	DEPOIS DA EC/45
	1ª fase » EXECUTIVO
Fundamento artigo 84, VIII da CRFB/88. Função de chefe de Estado.[2: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;]
Negociação – se discute os termos do tratado. Havendo consenso.
Conclusão – significa colocar no papel o que foi objeto de consenso. É formalizar.
Assinatura do Tratado – quem assina é o presidente da república. Não gera qualquer obrigatoriedade no plano internacional ou interno. Após remete-se ao poder legislativo para referendar (e não ratificar)
	1ª fase » EXECUTIVO 
«não houve mudança»
	2ª fase » Legislativo
Fundamento está no art. 49, I da CRFB/88. Que irá REFERENDAR o tratado.
O legislativo instaura um processo legislativo de análise do tratado que terá trâmite de um processo legislativo ordinário, onde será analisado em um turno de discussão e votação em cada casa, cujo quórum de aprovação é de maioria simples.
Caso o congresso não aprove o tratado, não irá editar ato formal, irá simplesmente mandar mensagem ao presidente, informando que não houve aprovação do tratado. O presidente da república fará as devidas comunicações no plano internacional. 
Caso o tratado seja aprovado, será editado DECRETO LEGISLATIVO. Logo o decreto legislativo é ato formal e ditado pelo legislador quando aprova tratado internacional.
Segundo o STF o decreto ainda não gera qualquer obrigação enquanto a observância do tratado, seja no plano interno, seja no internacional. 
O decreto não obriga ainda a observância do tratado, antes ele tem que ser submetido ao poder executivo.
	2ª fase » Legislativo
A EC/45 acresceu um novo procedimento de introdução aos tratados internacionais que versem sobre direitos humanos, sem eliminar o anterior, logo, hoje há dois procedimentos possíveis.
O procedimento ORDINÁRIO e ESPECIAL. O procedimento ordinário continua vigente, contudo houve o acréscimo do procedimento especial, previsto no artigo 5º, §3º da CRFB/88.
1ª modificação: turnos de discussão e votação.
No procedimento especial haverá dois turnos em cada casa, passando haver um total de 4 turnos de discussão e votação.
2ª modificação: quanto ao quórum de aprovação.
Passa a ser no procedimento especial o quórum de 3/5 – similar ao procedimento das emendas. 
PARA SEGUIR ESTE PROCEDIMENTO VAI DEPENDER DE SOLICITAÇÃO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA OU DE 1/3 DOS MEMBROS DA CÂMARA. 
Não pode pelo senado, pois o procedimento vai iniciar na câmara.
Não podem as, pois elas não têm função na análise nas normas de caráter internacional.
Caso o congresso não aprove, seja pelo procedimento ordinário ou especial, ele vai apenas enviar mensagem ao presidente comunicando que o tratado não foi aprovado, não editando qualquer ato específico.
Aprovando, o congresso edita decreto legislativo, ainda que seja pelo procedimento especial. 
O STF diz que mesmo havendo este novo procedimento especial, o decreto legislativo não obriga no plano internacional ou interno. 
É necessário que se remeta ao poder executivo.
	3ª fase » EXECUTIVO
O presidente vai adotar duas medidas distintas:
No plano internacional: RATIFICAÇÃO
Ato através do qual seobriga a observância do tratado no plano internacional.
É a partir da ratificação que a observância do tratado se torna obrigatória no plano internacional. 
A RATIFICAÇÃO SE DARÁ PELA:
TROCA (TRATADOS BILATERAIS) ou
 
DEPÓSITO (TRATADOS MULTILATERAIS). 
No plano interno: DECRETO 
De acordo com o STF, possui 3 finalidades (informativo 109 do STF):
Promulgar o Tratado – introduzir formalmente no ordenamento brasileiro.
Dar Publicidade ao Tratado 
Dar Executoriedade ao Tratado – viabilizar a aplicação interna do tratado, logo o tratado só será aplicado no âmbito interno após edição do decreto presidencial.
	3ª fase » EXECUTIVO
«não houve mudança»
Por enquanto, somente o Decreto 6.949/09 foi aprovado pelo procedimento especial, que introduziu no Brasil o TRATADO DE NY DE PROTEÇÃO ÀS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA.
Aula 3
Parte 1
Hierarquia dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos no Brasil
Há várias teorias sobre o tema
Teoria da Hierarquia Supraconstitucional/Supranacional
Não confundir com ‘supralegal’. Era defendida pelo internacionalista Celso de Mello, que dizia que em razão do caráter universal dos direitos humanos os tratados internacionais ocupariam uma posição hierárquica acima das próprias constituições, logo funcionariam os tratados internacionais de direitos humanos como limites à própria soberania dos Estados. O conceito de soberania passaria por uma revisão.
A soberania, no seu sentido clássico, é tida como poder supremo, como se não houvesse nenhum acima dele; essa noção de poder supremo sofreria uma mitigação. Mitigação a partir de tratados internacionais de direitos humanos.
Teoria da Hierarquia Constitucional/ou Força Constitucional Dos Tratados
 Para esta os tratados seriam equivalentes às constituições, não ficariam acima, e não seriam inferiores. Em a razão da própria natureza dos tratados internacionais de direitos humanos, que seriam normas materialmente constitucionais.
NO CONFLITO DE NORMAS ENTRE 1ª E A 2ª TEORIA UTILIZA-SE A:
Teoria da Norma Mais Protetiva ou Primazia da Norma Mais Benéfica
Para estas duas teorias apresentas poderia haver um conflito de normas entre as constituições e os tratados internacionais sobre direitos humanos. Utilizar-se-ia, normalmente o critério hierárquico e o temporal do conflito de normas. 
Para esta teoria a solução dos conflitos entre os tratados e as constitucionais deveria ser aplicada teoria própria (defendida por Canotilho), pois os direitos humanos são regidos por princípios próprios, como o princípio da vedação ao retrocesso. Logo, quando houver conflito deverá ser aplicada a mais benéfica, já que os direitos humanos visam sempre ampliar esses direitos e não restringi-los. A premissa básica das normas internacionais é o não retrocesso.
Teoria da Força Legal
Para esta teoria os tratados internacionais não podem ter hierarquia de normas constitucionais. Pois a Constituição é norma base do Estado, e o tratado não. O tratado internacional de direitos humanos seria norma infraconstitucional, teria hierarquia de lei.
Hierarquia Supralegal dos Tratados
Adotada na Alemanha. Para esta os tratados internacionais de direitos humanos ficam abaixo da constituição, contudo em razão da matéria regulada ficaria acima das leis.
Os tratados internacionais de direitos humanos ficariam em uma posição intermediária.
Discussão no Brasil da Hierarquia dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos
Tratados Antes da EC/45
Tínhamos no Brasil as seguintes correntes:
1ª corrente: HIERARQUIA SUPRANACIONAL OU SUPRACONSTITUCIONAL (Celso de Mello): 
Defendia que os tratados deveriam ocupar posição acima da Constituição, usando como fundamento a universalização dos direitos humanos.
2ª corrente: HIERARQUIA OU FORÇA CONSTITUCIONAL (Flávia Piovesan): 
Os tratados internacionais de direitos humanos integram o ordenamento jurídico no mesmo patamar hierárquico das normas constitucionais. Sob o argumento é de que decorre da matéria regulada nos tratados: direitos humanos é matéria de natureza constitucional, logo os tratados internacionais de direitos humanos seriam normas materialmente constitucionais, embora não tenham forma constitucional. 
Afirma que a constituição brasileira quis assim, bastando a leitura do artigo 5º, §2º da CRFB/88.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
3ª corrente: FORÇA LEGAL OU FORÇA DE LEI (Dimitri Dimoulis)
Ocupam o mesmo patamar hierárquico das leis. Em sistemas como o brasileiro, de constituição rígida, o fundamental para definir a hierarquia jurídica de uma norma é o seu procedimento de introdução, logo se os tratados internacionais são aprovados pelo procedimento ordinário – quórum de maioria simples, um turno em cada casa; este tratado terá hierarquia de norma infraconstitucional, do contrário, se prevalecesse a tese da Flávia Piovesan, a Constituição deixaria de ser rígida e passaria a ser constituição semiflexível. 
Ele afirma que a Constituição não quis dar aos tratados internacionais hierarquia de norma constitucional. Artigo 105, III da CRFB/88.
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
Tratado está equiparado a lei nesse artigo, se fosse equiparado a norma constitucional sofreria controle pelo STF. Art. 102, III, ‘a’ e ‘b’ da CRFB/88:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
Os tratados são passíveis de declaração de inconstitucionalidade, logo os tratados têm força de lei.
Parte 2
4ª Corrente: HIERARQUIA SUPRALEGAL (Gilmar Mendes)
Defendida na Alemanha, afirma que a constituição é rígida e o procedimento de introdução é fundamental para defender a hierarquia da norma, sob pena de transformar a constituição rígida em semiflexível. 
Prevalecendo a posição da Flávia, seria considerar a Constituição brasileira, que é rígida, em semiflexível, e isso só pode ser feito pelo poder constituinte originário.
Embora o procedimento ordinário indique que os tratados fiquem abaixo da constituição, a matéria ali regulada, ou seja, direitos humanos é de maior relevância do que as matérias normalmente reguladas pelas normas infraconstitucionais, portanto, a matéria indica que o tratado deve ficar acima da legislação ordinária, ocupando posição intermediária no ordenamento jurídico.
A POSIÇÃO DO STF EM RELAÇÃO ÀS NORMAS SOBRE DIREITOS HUMANOS PROVENIENTES DE TRATADOS INTERNACIONAIS ANTERIORES Á EC/45 É PELA HIERARQUIA SUPRALEGAL, mas ainda existem ministros a votar (5 – força supralegal x 4 – força constitucional).
OS TRATADOS SUPRALEGAIS NÃO FAZEM PARTE DO CHAMADO BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE, que nada mais é do que o conjunto de normas paramétricas ou que servem como parâmetro para o controle de constitucionalidade. Logo, se o tratado internacional de direitos humanos não faz parte do bloco de constitucionalidade, ele não serve como parâmetro de controle de constitucionalidade. 
Assim, eventual incompatibilidade do tratado com a lei, não importa na inconstitucionalidade da lei. 
Os tratados supralegais, portanto,possuem EFEITO PARALISANTE EM RELAÇÃO DA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL, suspendendo, por outras palavras, a sua eficácia.
Tanto é assim que o pacto de São José da Costa Rica, que foi aprovado pelo procedimento ordinário, possui hierarquia supralegal, logo tem efeito paralisante sobre a norma infraconstitucional que o contradiz. 
Súmula Vinculante 25 do STF
Súmula Vinculante 25 - É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito.
Veja que graças ao Pacto de São José da Costa Rica a prisão civil do depositário infiel é ilícita, e não inconstitucional.
Tratados Depois da EC/45
1ª corrente: Flávia Piovesan
Para definição da hierarquia de um tratado sobre direitos humanos o fundamental é a matéria, e não a forma, em outras palavras, seja aprovado pelo procedimento ordinário, seja pelo procedimento especial, o tratado tem força constitucional ou hierarquia constitucional, contudo, aqueles aprovados pelo procedimento especial, além da hierarquia constitucional, têm rigidez constitucional.
Aprovados pelo Procedimento Ordinário: força constitucional
Aprovados pelo Procedimento Especial: força e rigidez constitucional
Assim, para eliminar o tratado aprovado pelo procedimento especial do ordenamento jurídico, terá de ser observar o procedimento mais severo de introdução. Princípio do paralelismo das formas.
PARA ELA QUALQUER TRATADO FAZ PARTE DO BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE.
2ª corrente: Dimitri Dimoulis
Afirma que há duas hipóteses (a forma vai definir a hierarquia):
Aprovados pelo Procedimento Ordinário: teriam FORÇA DE LEI.
Aprovados pelo Procedimento Especial: FORÇA CONSTITUCIONAL. 
Só este fará parte do bloco de constitucionalidade.
3ª corrente: Gilmar Mendes – POSIÇÃO DO STF
Também tem duas hipóteses: 
Aprovados pelo Procedimento Ordinário: que teriam FORÇA SUPRALEGAL.
Aprovados pelo Procedimento Especial: teriam FORÇA CONSTITUCIONAL e fariam parte do BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE.
Art. 5º §3º da CRFB
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na forma deste parágrafo)
ATUALMENTE HÁ 3 TRATADOS QUE FORAM APROVADOS PELO PROCEDIMENTO ESPECIAL do art. 5º, §3º da CRFB: 
Convenção da ONU sobre a Proteção dos Direitos das Pessoas com Deficiência
Protocolo Facultativo da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
Tratado de Marraqueche – que trata do acesso a obras públicas por pessoas com deficiência visual (falta apenas a publicação do Decreto presidencial)
Esses tratados têm força constitucional e fazem parte do bloco de constitucionalidade.
Parte 3
Poder Constituinte Derivado Reformador
Alguns autores, como Ayres Brito, defendem a mudança da nomenclatura, sugerem que o ideal seria falar em “Poder Constituído Reformador”, contudo a maioria da doutrina não acatou essa crítica, pois entende ser o poder reformador também poder constituinte, ele tem por finalidade a reforma da constituição, mas tem também poder de criação de normas constitucionais.
É aquele PODER DE REFORMA À CONSTITUIÇÃO FORMALMENTE, informalmente a constituição pode ser alterada pelo poder difuso.
Diferentemente do poder constituinte originário, onde há divergência quanto à natureza jurídica (poder de direito, de fato, político ou sui generis), aqui é pacífico se tratar de um PODER DE DIREITO (deriva do direito, da constituição)
Tem a função de manter a Constituição atualizada, em consonância com a realidade vigente, para que ela não se afaste em demasia do momento presente. Ele faz isso, essa atualização, través da reforma constitucional. Assim como o poder constituinte originário, o poder constituinte derivado reformador tem as seguintes características:
Características
Secundário 
Dizer que ele não inaugura uma nova ordem jurídica, ela não inicia nada. Ele se manifesta após a edição da constituição, a partir de ordenamento jurídico constitucional previamente estabelecido. Ele muda a constituição, mas não muda a ordem jurídica.
Efeitos da Manifestação do Poder Constituinte Derivado Reformador 
EM FACE DA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL ANTERIOR 
Com relação às normas infraconstitucionais anteriores prevalece no âmbito do STF a tese da revogação das normas infraconstitucionais anteriores em sentido contrário.
Ele não as torna inconstitucionais, significa que estas leis não podem ser declaradas inconstitucionais. O PARÂMETRO TEM QUE SEMPRE SER ANTERIOR AO OBJETO.
EM FACE DE FATOS ANTERIORES 
Temos duas correntes:
1ª corrente – entende que direito adquirido, coisa julgada e ato jurídico perfeito são limites ou garantias contra a manifestação do poder reformador, ou do legislador infraconstitucional. 
Esta limitação se aplica não só em relação às leis como também às emendas constitucionais. POSIÇÃO DO STF.
2ª corrente – deve ser feita interpretação restritiva do artigo 5º, XXXVI que fala expressamente “lei” (atos primários que não alcançariam a CRFB/88).
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
 A emenda poderia violar, pois não haveria direito adquirido, coisa julgada ou ato jurídico perfeito.
Condicionado
O poder constituinte derivado reformador está submetido a procedimentos previamente definidos para a sua manifestação:
REVISÃO (artigo 3º do ADCT); e 
EMENDA (artigo 60 e §§ da CRFB/88). 
É o poder de manifestação formal.
	
	REVISÃO
	EMENDA
	Quanto ao fundamento jurídico
	Artigo 3º do ADCT.
	Artigo 60, §§ da CRFB/88 c/c Art. 59, I da CRFB/88.
	Quanto à extensão
	Global
(pode tratar simultaneamente dos mais diversos temas)
	Pontuais
(trata de tema específico)
		Quanto ao turno de votação 
	
	Turno único de votação e discussão
	Dois turnos em cada casa
(total de 4 turnos de votação)
	Quanto ao número de casas
	Unicameral (Congresso)
	Bicameral
	Quanto ao quórum de aprovação
	Maioria Absoluta
	3/5 para aprovação
A revisão é somente um procedimento distinto de aprovação de emendas. 
O instrumento formal de alteração da constituição são as emendas, sejam elas de revisão ou as propriamente ditas.
Parte 4
Obs.1: Poderia ser introduzida na Constituição uma NOVA REVISÃO CONSTITUCIONAL?
1ª corrente (doutrina majoritária): defende que não é possível nova revisão, pois o constituinte originário define o procedimento de reforma da constituição. E o poder constituinte originário CONFERIU À REVISÃO UMA ÚNICA OPORTUNIDADE, ou uma única hipótese de manifestação. 
O artigo 3º do ADCT afirma que a revisão seria feita em 5 anos, logo a revisão só pode ser feita uma única vez, mesmo porque a norma que regula a norma constitucional se encontra no ADCT, que é uma norma transitória, logo as normas do ADCT tem sua eficácia exaurida após a produção de efeitos.
Norma de eficácia exaurida são aquelas normas que uma vez incidindo os efeitos para os quais foi criada, a sua carga de eficácia se esgota, esvai não havendo mais efeito jurídico a ser produzido pela norma. Assim, o artigo 3º não tem mais eficácia jurídica.
2ª corrente (minoritária, por todos Gilmar Mendes): defende a possibilidade de se criar nova revisão constitucional. Seria possível, DESDE QUE AUTORIZADO POR PLEBISCITO.
Quem define o poder de reforma é o poder constituinte originário, desta forma, só com manifestação do PCO, via plebiscito, será possível autorizar nova revisão constitucional.
Obs.2: REVISÃO E CLÁUSULA PÉTREA
Cláusulas pétreas (limitações materiais ao poder derivado reformador) podem sofrer revisão? Artigo 60, §4º do CRFB/88 – aplicam-se essas limitações às emendas também para a revisão da Constituição?
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativade Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
Corrente Minoritária - entende que não, pois a limitação material está inserida no texto permanente da Constituição, no artigo que regula as emendas propriamente ditas, a limitação não se estendendo à revisão constitucional. 
Se o constituinte quisesse teria feito menção a esta possibilidade. Esta corrente realiza interpretação teleológica, pois quando se estabelece revisão, o que se quer é garantir um primeiro período de experiência e posteriormente na revisão se analisar o que deu e o que não deu certo. O que merece ser mantido no ordenamento constitucional e o que deve ser excluído, mesmo se tratando de cláusula pétrea.
Seria hipótese única em que seria possível rever os limites estabelecidos originariamente na Constituição. 
Corrente Majoritária – entendem que o PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR É UM PODER LIMITADO, logo os limites estabelecidos na Constituição são ao poder reformador, e não especificamente a emenda constitucional. E se o limite é ao poder reformador, o alcança em qualquer de suas manifestações possíveis. Os limites materiais se aplicam a qualquer que seja o procedimento de reforma.
Aula 4
Parte 1
Limitado 
O poder constituinte reformador não é um poder soberano como o originário. 
Ele encontra LIMITES JURÍDICOS DEFINIDOS NA PRÓPRIA CONSTITUIÇÃO. Tais limites podem ser:
EXPRESSOS
IMPLÍCITOS
Limites Expressos
Quando a constituição prevê expressamente os limites às manifestações do poder reformador. Eles podem ser:
FORMAIS 
CIRCUNSTANCIAIS
MATERIAIS
TEMPORAIS
Formais ou Procedimentais
Limitações que a constituição traz ao processo de reforma da constituição. Diz respeito ao procedimento a ser adotado para alteração constitucional. 
Legitimados
Artigo 60, I, II e III da CRFB/88 – discorre sobre os legitimados; elenca os legitimados para iniciar o processo de reforma da constituição:
1/3, NO MÍNIMO, DOS MEMBROS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS OU DO SENADO FEDERAL
Esse é o quórum de apresentação do projeto, e não de aprovação
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Ou quem estiver no exercício da presidência da república
MAIS DA METADE DAS ASSEMBLEIAS LEGISLATIVAS
Cada uma delas através da maioria relativa de seus membros.
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; 
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
Não há no processo de reforma da constituição a fase de deliberação executiva, NÃO HÁ SANÇÃO OU VETO. 
SÓ HÁ DELIBERAÇÃO EXECUTIVA (SANÇÃO OU VETO) PARA APROVAÇÃO DE PROJETO DE LEI ORDINÁRIA E/OU COMPLEMENTAR – ou no caso de processo legislativo de medida provisória se houver alteração substancial.[3: Não há sanção e veto nas propostas de emendas, resoluções, decretos legislativos e lei delegadas.]
Art. 62, §12 da CRFB/88
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
Parte 2
Obs.1: Existe uma divergência na doutrina em relação à INICIATIVA POPULAR DE EMENDA CONSTITUCIONAL. 
A constituição não traz essa hipótese expressamente:
1ª corrente: José Afonso da Silva – MAJORITÁRIA
Defende a possiblidade de iniciativa popular para proposta de emenda à constituição. A partir de uma INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA E FINALÍSTICA de dispositivos constitucionais.
Art. 1º, p.ú. c/c art. 14, III da CRFB/88
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Logo o poder constituinte reformador também emana do povo, que também poderia exercê-lo diretamente.
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
III - iniciativa popular.
O art. 14 não limita a iniciativa popular à lei ordinária. Ela diz que o povo pode deflagrar o processo legislativo, em relação aos assuntos que interessem a ele diretamente. Não seria qualquer ato, no entanto, como decreto legislativo, resolução etc. Pois nesses casos a Constituição prevê competência privativa das casas do Congresso.
A constituição não prevê em nenhum momento competência privativa ou exclusiva para as emendas à Constituição.[4: Na competência privativa, cabe à União legislar sobre determinada matéria, contudo, pode delegá-la a outro ente (Estado, Município).O mesmo não ocorre na competência exclusiva, na qual somente a União poderá legislar sobre determinada matéria, impedindo-a de delegar competência a outro ente.Por fim, na competência comum, todos os entes (União, Estado e Município), podem legislar sobre determinada matéria, desde que respeitadas as regras gerais impostas pela União. Um exemplo clássico é o Código Tributário.]
Interpretação Finalística: se o povo – titular do poder constituinte originário – pode criar uma nova constituição, revogar a constituição in totum e criar uma nova constituição, logo esse mesmo povo teria legitimidade para reformar a constituição (“quem pode o mais, pode o menos”).
2ª Corrente: Gilmar Mendes
Defende que os legitimados para deflagrar o processo de reforma da constituição vêm previstos expressos e taxativamente.
O poder constituinte derivado reformador é um poder não só limitado, como condicionado. Ele deve obedecer ao procedimento expressamente estabelecido na constituição.
Não há que se falar em legitimação popular implícita. O povo é titular do poder constituinte originário, este não é um poder de manifestação cotidiano, mas sim de manifestação excepcional.
Obs.2: Poderia a constituição ser ALTERADA PARA PREVER EXPRESSAMENTE A INICIATIVA POPULAR DE PEC?
1ª corrente: José Afonso da Silva
Defende que não seria necessário, mas nada impede que se altere a constituição formalmente para prever de forma expressa a iniciativa popular para PEC.
2ª Corrente:
Essa alteração não poderia ocorrer. Há limitações implícitas. 
Seria um limite implícito à alteração ao próprio procedimento de alteração da constituição. O poder constituinte derivado reformador é condicionado ao procedimento de reforma previamente estabelecido.
Parte 3
Limite Material 
Artigo 60, §5º da CRFB/88 – fala sobre o limite material; 
Uma proposta de emenda é “REJEITADA” quando não atinge o quórum mínimo de aprovação em uma das casas legislativas; 
Ela é “PREJUDICADA” quando uma proposta é submetida à Comissão de Constituição e Justiça, e esta emite um parecer sobre a inconstitucionalidade da PEC, determinando o seu arquivamento.
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
FUNCIONAMENTO DO PODER LEGISLATIVO – art. 57 da CRFB/88.
O poder legislativo funciona em LEGISLATURAS. A legislatura é o período de funcionamento do poder legislativo, ela tem funcionamento de 4 ANOS (para todo o congresso nacional: câmara e senado). Art. 44 da CRFB.
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos.
A legislatura é dividida em SESSÕES LEGISLATIVAS. A sessão legislativa é ANUAL, e se divide em:
Sessão Ordinária – é dividida em 2 períodos legislativos:
1º período: de 2º de fevereiro a 17 de julho
2º período:de 1º de agosto a 22 de dezembro
Sessão Extraordinária (art. 57, §6º) – ocorre nos espações deixados pela sessão ordinária.
Ou seja, se a matéria rejeitada ou prejudicada não pode ser reapresentada na mesma sessão legislativa, e a sessão legislativa é anual, a matéria prejudicada ou rejeitada só pode ser reapresentada no próximo ano. Pode na mesma legislatura, só não pode na mesma sessão legislativa (no mesmo ano).
Obs.1: art. 60, §5º – a NATUREZA JURÍDICA desse parágrafo 5º:
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
1ª corrente: LIMITE EXPRESSO FORMAL do poder constituinte derivado reformador
2ª corrente (minoritária): exemplo de um limite expresso temporal do poder constituinte derivado reformador.
Para essa posição minoritária, quando a constituição diz que determinada matéria não poderá ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa, cria um limite de tempo. 
No entanto, a maioria da doutrina não compartilha com essa corrente, a maioria entende que limite temporal se tem pela constituição quando ela fixa termo inicial e termo final. 
Aqui a constituição não fixa termo inicial e final. Ela apenas diz que não se poderá instaurar um novo procedimento para análise de matéria rejeitada na mesma sessão legislativa. Somente a matéria rejeitada não poderá ser analisada nesse interregno.
Obs.2: art. 60 §5º – remissão ao art. 67 da CRFB/88
Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional.
Matéria de PROJETO DE LEI rejeitada PODE SER OBJETO NA MESMA SESSÃO LEGISLATIVA, DESDE QUE AUTORIZADO POR MAIORIA ABSOLUTA DA MESMA CASA, diferentemente das Emendas Constitucionais.
Esse quórum de maioria absoluta é um quórum de apresentação. A partir do início do processo legislativo o quórum de aprovação vai depender se tratar de lei ordinária (maioria simples) ou complementar (maioria absoluta).
Obs.3: art. 60 §5º – remissão ao art. 62, §10 da CRFB/88
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
Não é possível a reedição de MEDIDA PROVISÓRIA na mesma sessão legislativa se rejeitada ou sua eficácia exaurida após o 120º dia (prazo da MP: 60 + 60).
Se exauridos somente os primeiros 60 dias, PODE A MEDIDA PROVISÓRIA SER REEDITADA DENTRO DE SEU PERÍODO DE EFICÁCIA (entendimento do STF).
Mas STF LIMITA ESSA REEDIÇÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA A UMA ÚNICA VEZ DENTRO DO PERÍODO DE EFICÁCIA (o prazo de eficácia se reinicia, mas o prazo para reedição continua sendo o da primeira medida provisória).
Parte 4
Quórum de Aprovação
Artigo 60, §2º da CRFB/88
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
A proposta de emenda à constituição tem tramitação bicameral. 
São DOIS TURNOS DE DELIBERAÇÃO E VOTAÇÃO EM CADA CASA DO CONGRESSO NACIONAL (dois turnos na casa iniciadora e depois dois na revisora).
O QUÓRUM DE APROVAÇÃO É DE 3/5; QUÓRUM QUALIFICADO DE APROVAÇÃO.
Podem esses dois turnos serem no mesmo dia ou em pequeno espaço de tempo?
1ª corrente (Ayres Britto)
Interpretação teleológica/finalística do parágrafo 2º; a lei exige dois turnos de votação e discussão (em outras passagens ela exige somente dois turnos de votação), com isso ela visa o devido espaço para reflexão e o debate.
Ela visa garantir a maturação de ideias. O pequeno intervalo de tempo não possibilita o estudo e devido debate do tema. É necessário um período de tempo razoável entre os dois turnos.
Mas qual seria esse intervalo de tempo razoável? Caberia ao legislador definir, e ao STF decidir sobre a razoabilidade da decisão.
2ª corrente (Lewandowski)
Defende que a definição quanto a intervalo de tempo cabe ao legislador e não é passível de controle jurisdicional. Trata-se de regra interna corporis. As regras de processo legislativo são de definição do legislador, salvo quando expressamente previsto na constituição federal. 
Logo, se o legislador assim entender, os 2 turnos se darem no mesmo dia ou em pequeno intervalo de tempo. POSIÇÃO ADOTADA PELO STF
Sem Deliberação Executiva
Artigo 60, §3º da CRFB/88
§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
 A emenda aprovada pelas duas casas do congresso NÃO SERÁ SUBMETIDA AO PRESIDENTE PARA SANÇÃO OU VETO, será promulgada respectivamente pelas mesas da câmara e do senado (e não do congresso).
E PUBLICADA PELO PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL, na falta deste pelo presidente da câmara.
Temporais
NÃO SE TEM LIMITES TEMPORAIS À REFORMA DA CONSTITUIÇÃO. A constituição pode ser reformada a qualquer tempo. 
O que se tem é um limite temporal à REVISÃO constitucional. Art. 3º do ADCT.
Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.
Antes desses 5 anos não se poderia ter uma revisão constitucional. O que não impediu a reforma, a primeira emenda constitucional foi em 92.
Aula 5
Parte 1
Circunstanciais
Os limites circunstanciais são circunstâncias, acontecimentos, eventos que geram instabilidade político-institucional do Estado. 
Por essas circunstâncias, o constituinte originário entendeu por bem impedir a reforma da Constituição, porque a reforma exige momento de tranquilidade, de pacificação social e institucional. Não é o ideal se alterar a Constituição nesses períodos de instabilidade.
Portanto, os limites circunstanciais trazem eventos que impedem a reforma da Constituição. Previsão no art. 60, §1º, da CR/88. 
Art. 60, § 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
Portanto, os limites circunstanciais são:
INTERVENÇÃO FEDERAL
ESTADO DE DEFESA
ESTADO DE SÍTIO
São acontecimentos políticos institucionais que impedem a reforma da constituição. 
Se o processo de reforma ainda não se instaurou ele não poderá se iniciar na vigência dessas circunstancias.
Se o processo de reforma já tiver sido iniciado deverá ser suspenso, caso haja decretação de uma dessas circunstâncias.
Intervenção Federal
Ela inviabiliza a reforma da Constituição, pois afeta a própria estrutura federativa. 
Então, durante o período de intervenção federal tem-se a restrição da autonomia de certo estado federado, logo é uma circunstância político-institucional que afeta a própria estrutura federativa, gerando uma crise federativa. 
O QUE IMPEDE A REFORMA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL É A INTERVENÇÃO FEDERAL. 
Por isso, uma INTERVENÇÃO ESTADUAL NÃO IMPEDE A REFORMA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL: art. 34 c/c art. 35, da CR/88.
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição,dentro dos prazos estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
PODE HAVER INTERVENÇÃO FEDERAL EM MUNICÍPIO? SIM, SE O MUNICÍPIO ESTIVER DENTRO DO TERRITÓRIO (mas atualmente não existe Território no Brasil).
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando: 
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
Nesses casos de intervenção federal em município, ainda sim haverá intervenção federal, incabível reforma constitucional, portanto.
QUESTÃO: Qual entidade federada ou componente da estrutura pode ser subdividido em Município?
R: Só os ESTADOS (entidades federadas) ou TERRITÓRIOS (que são autarquias federais). Logo, não pode dividir em Municípios o Distrito Federal.
É VEDADA A DIVISÃO DO DF EM MUNICÍPIOS.
Parte 2 e 3
Estado de Defesa e Estado de Sítio
Ambos são institutos jurídico-constitucionais para a solução de crises. Integram o chamado SISTEMA CONSTITUCIONAL DE CRISES, que regula esses institutos de defesa do Estado e das instituições democráticas.
Fazendo uma análise comparativa:
	
	ESTADO DE DEFESA
(art. 136, da CF/88)
	ESTADO DE SÍTIO
(art. 137 ao 139, da CF/88)
	Fundamento Constitucional
	Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
§ 1º - O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:
I - restrições aos direitos de:
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
b) sigilo de correspondência;
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes.
§ 2º - O tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem as razões que justificaram a sua decretação.
§ 3º - Na vigência do estado de defesa:
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial;
II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua autuação;
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário;
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
§ 4º - Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta.
§ 5º - Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias.
§ 6º - O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa.
§ 7º - Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa.
	Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de:
 I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa;
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.
Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autorização para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por maioria absoluta.
Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas.
§ 1º - O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.
§ 2º - Solicitada autorização para decretar o estado de sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal, de imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato.
§ 3º - O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas.
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:
I - obrigação de permanência em localidade determinada;
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;
IV - suspensão da liberdade de reunião;
V - busca e apreensão em domicílio;
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
VII - requisição de bens.
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa.
	Quanto à Legitimação
	O Presidente da República tem legitimidade para decretar o Estado de Defesa. 
Mas a decretação do Estado de Defesa NÃO DEPENDE DE AUTORIZAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL. 
O Estado de Defesa pode ser decretado diretamente pelo Presidente da República. 
Não há controle legislativo prévio. 
	O Presidente da República tem legitimidade para decretar o Estado de Sítio. 
Mas a decretação do Estado de Sítio DEPENDE DE AUTORIZAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL. 
A autorização do Congresso Nacional não obriga o Presidente a decretar o Estado de Sítio 
ATO COMPLEXO, porque tem que haver manifestação do Congresso Nacional autorizando a decretação de Estado de Sítio e, posteriormente a decretação pelo Presidente da República. 
	Manifestação do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional
	Art. 136 c/c art. 89 c/c art. 91, da CF/88 
A finalidadeé emitir PARECER OPINATIVO.
Pareceres emitidos, tanto pelo conselho da república quanto pelo conselho de defesa nacional não vinculam o presidente.
	Quanto ao Sistema de Restrições
(qual sistema adotado para as restrições que podem ser estabelecidas durante o período).
“As medidas restritivas são taxativas ou exemplificativas?”
	Há dois grandes sistemas em relação às medidas restritivas a serem adotadas:
Sistema Rígido: nele as medidas restritivas devem vir previstas expressas e taxativamente;
Sistema Flexível: ele não elenca de forma taxativa as medidas restritivas que poderiam ser adotadas. Deixa em aberto, conferindo avaliação discricionária do Presidente com a chancela do Congresso.
O BRASIL ADOTA O SISTEMA RÍGIDO, EM REGRA
Art. 136, §1º, CR/88
§ 1º - O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:
	Art. 139, CFRB/88:
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:
O artigo divide em duas hipóteses:
Art. 137, I: SISTEMA RÍGIDO
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa;
Art. 137, II: SISTEMA FLEXÍVEL
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.
Logo, a CR/88 deixa em aberto, em tese, QUALQUER MEDIDA RESTRITIVA PODE SER ADOTADA NO CASO DO ART. 137, II
	
	Logo, em relação ao ESTADO DE DEFESA E DE SÍTIO, o Brasil adota o SISTEMA RÍGIDO TEMPERADO (MITIGADO), porque em regra adota-se o Sistema Rígido, com uma única exceção: art. 137, II, da CR/88.
	
	
	
	Motivos ou Situações que Justificam a Decretação
	Art. 136, CR/88
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
O ESTADO DE DEFESA PODE SER:
PREVENTIVO
REPRESSIVO
	Art. 137, CR/88
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de:
 I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa;
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.
O ESTADO DE SÍTIO É SOMENTE REPRESSIVO
	Limite Espacial
	LOCALIDADE RESTRITA E DETERMINADA
A situação justificadora se restringe a um determinado local/localidade específica, determinada.
Ex.: Aumento dos ônibus e quebra-quebra – no início isso ocorreu no Rio de Janeiro; o local era restrito e determinado a situação acontecia no município do RJ.
	A ABRANGÊNCIA É NACIONAL
No entanto, pode ser decretado Estado de Sítio que se restringe a um LOCAL RESTRITO E DETERMINADO
Parte final do inciso I, do art. 137, CF/88.
“ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa;”
Ex.: O Presidente da República decretou o Estado de Defesa em local restrito e determinado. Mas isso não foi suficiente, então foi decretado o Estado de Sítio nesse mesmo local determinado.
	Causas Justificadoras
	Preservação ou Restabelecimento da Ordem Pública
Ex.: manifestações que tivemos no RJ com quebra-quebra
Não é para impedir a liberdade de expressão, mas sim para impedir que se extrapole esse direito destruindo bens de terceiros.
Calamidades de Grandes Proporções 
Local atingido é restrito e determinado. 
Ex.: enchentes em determinado local, desastre na serra (ocorreu em Teresópolis).
	Comoção Grave De Repercussão Nacional ou se as Medidas do Estado de Defesa Não Forem Suficientes
Ex.: se aquelas manifestações violentas do ano passado se espalhassem em todos os Estados
Declaração de Guerra ou Agressão Armada de Guerra Estrangeira 
Pode decretar Estado de Sítio no caso de Guerra Civil? 
Pelo inciso II não (porque não é uma declaração de estado de guerra e nem agressão estrangeira), mas poderia como fundamento no inciso I
Por que isso é importante?
Porque se for decretado o Estado de Sítio com base no inciso I as medidas são taxativas.
Mas se for decretado o Estado de Sítio com base no inciso II as medidas são meramente exemplificativas.
	Tempo de Duração
	Não será superior a 30 dias, podendo ser prorrogado uma vez
PRAZO MÁXIMO: 30 + 30 (60 DIAS)
Se este período não for suficiente para restabelecer ou preservar a ordem pública (paz social), será possível a decretação de Estado de Sítio, com fundamento no art. 137, I, segunda parte, da CF/88.
Atenção: não será mera conversão do Estado de Defesa para o Estado de Sítio (até porque o Estado de Sítio depende de autorização do Congresso Nacional).
	No caso do art. 137, I: PRAZO MÁXIMO DE 30 DIAS, ADMITINDO-SE SUCESSIVAS PRORROGAÇÕES.
Não há limite de prorrogação, desde que cada prorrogação se dê pelo prazo máximo de 30 dias (30 + 30 + 30 + 30...)
No caso do art. 137, II: NÃO HÁ PRAZO DEFINIDO.
Parte 4
Materiais 
A limitação material tem por finalidade defender determinadas matérias constitucionais, impedindo que o poder constituinte derivado reformador elimine determinados assuntos da Constituição.
Esses limites materiais surgem, principalmente, nas constituições do pós-guerra como instrumento de contenção das maiorias. Ou seja, como forma de limitar a democracia Rousseauniana (de Rousseau) – “ditadura da maioria”.
AS CLÁUSULAS PÉTREAS FUNCIONAM COMO REGRA CONTRA-MAJORITÁRIA, que são regras contra a maioria, para limitar o poder majoritário, visando garantir a minoria contra abusos que possam ser causados pelas maiorias eventuais 
Ex.: vamos supor que daqui a alguns anos a maioria ache que a Constituição deveria permitir a pena de morte: a CF/88 já proibiu isso. 
Portanto, a maioria, dentro do Estado Democrático de Direito possui limitações materiais (substanciais), em que mesmo com a unanimidade não poderiam ser eliminadas do nosso Sistema Jurídico-Constitucional.
A Constituição dispõe sobre esses Limites Materiais no art. 60, §4º.
Art. 60, § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais.
Ex.: Forma Federativa de Estado (art. 60, §4º CR/88) – uma Emenda que retire dos Estados sua autonomia financeira. Isso seria inconstitucional, porque é a autonomia financeira dos Estados que garante a própria forma federativa de Estado, que é, por sua vez, uma cláusula pétrea.
Obs.: FORMA DE GOVERNO (REPÚBLICA) E SISTEMA DE GOVERNO (PRESIDENCIALISMO)
Forma de Governo: conjunto de instituições políticas por meio das quais um Estado se organiza a fim de exercer o seu poder sobre a sociedade
Anarquia
Despotismo
Estratocracia
Monarquia
República
Forma de Estado: unidade dos ordenamentos estatais
Unitária 
Sociedade de Estado
Confederação
Estado Federal
Sistema de Governo: maneira pela qual o poder político é dividido e exercido no âmbito de um Estado
Parlamentarismo
Presidencialismo
Democracia
Democracia direta
Democracia semidireta
Democracia representativa
Ditadura
Absolutismo
Autoritarismo
Regência
Totalitarismo
SERIA POSSÍVEL ALTERAR FORMA E SISTEMA DE GOVERNO? Art. 2º, do ADCT.
Art. 2º. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no País. (Vide emenda Constitucionalnº 2, de 1992)
§ 1º - Será assegurada gratuidade na livre divulgação dessas formas e sistemas, através dos meios de comunicação de massa cessionários de serviço público.
§ 2º - O Tribunal Superior Eleitoral, promulgada a Constituição, expedirá as normas regulamentadoras deste artigo.
O Poder Constituinte Derivado Reformador não pode, e nunca pôde alterar a Forma e Sistema de Governo, porque SÓ O POVO PODERIA FAZER ISSO.
Alguns autores sustentam que a partir das escolhas feitas pelo povo, de acordo com o art. 2º do ADCT, FORMA E SISTEMA DE GOVERNO FORAM PETRIFICADOS, não poderia, portanto, haver, modificação de Forma e Sistema de Governo.
Outros defendem que SÓ POR PLEBISCITO é que se poderia alterar a Forma e Sistema de Governo (só pelo poder constituinte originário).
Aula 6
Parte 1
Cláusulas Pétreas 
São matérias que não são passiveis de eliminação da constituição. Tem a finalidade de limitar as maiorias, portanto funcionariam como REGRAS CONTRAMAJORITÁRIAS, pois dizem respeito ao núcleo essencial da constituição que não podem ser abolidos da constituição nem mesmo por vontade majoritária (maiorias eventuais).
Elas nascem no pós-guerra mundial, principalmente após a Alemanha nazista, onde Hitler ascende ao poder democraticamente. E o povo dá a ele legitimidade majoritária para que ele efetuasse qualquer mudança na constituição. Majoritariamente, portanto, altera-se a constituição em detrimento dos direitos das minorias.
Essa experiência negativa fez surgir nas constituições as chamadas cláusulas pétreas. Que seriam os NÚCLEOS INTANGÍVEIS DAS CONSTITUIÇÕES.
Antes vigia a noção de supremacia absoluta das decisões majoritárias, principalmente em relação à modificação da constituição e legislação, onde a maioria podia tudo. Por isso as constituições do pós-guerra são chamadas de contramajoritárias
As cláusulas pétreas estão fora do poder de disposição do constituinte reformador, não podem ser abolidas. Com relação às cláusulas pétreas cabe ao poder judiciário a última palavra, por ser ele o garantidor da constituição.
AS CLÁUSULAS PÉTREAS SÃO A EXCEÇÃO, porque A REGRA É QUE A CONSTITUIÇÃO POSSA SER ALTERADA. 
Isso significa dizer que em termos de reforma da constituição a última palavra será do constituinte reformador, salvo quando se tratar de cláusulas pétreas. Ex.: art. 192, CRFB/88
Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003) (Vide Lei nº 8.392, de 1991)
Só restou o caput desse artigo, todos os incisos e parágrafos foram revogados pelo poder constituinte reformador. A constituição originariamente trazia uma limitação de cobrança de juros ao ano. Esse dispositivo, no entanto, nunca chegou a ser regulamentado e acabou sendo abolido da constituição.
Trata-se opção do legislador, trata-se de matéria de livre disposição do poder constituinte reformador. 
Agora, se a matéria fosse uma cláusula pétrea, a constituição impediria inclusive que se discuta essa possível modificação.
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais.
A CONSTITUIÇÃO IMPEDE ATÉ MESMO QUE SE DISCUTA ACERCA DAS CLÁUSULAS PÉTREAS. Hipótese, portanto, onde o poder judiciário poderá intervir no processo legislativo. Essa intervenção poderá se dar através de mandado de segurança impetrado por parlamentar no meio do processo legislativo se houver infração à limite constitucional.
A DOUTRINA DIVERGE, no entanto, no que toca a possível ALTERAÇÃO OU MODIFICAÇÃO DE CLÁUSULA PÉTREA que não seja tendente a aboli-la:
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
1ª corrente: José Afonso da Silva 
Afirma que não poderá haver emenda de cláusula pétrea de natureza restritiva. SOMENTE PODERÁ HAVER MODIFICAÇÃO DE NATUREZA AMPLIATIVA.
2ª Corrente: Gilmar Mendes e Nagib
ADMITE MODIFICAÇÃO DE CLAUSULA PÉTREA AMPLIATIVA, TAMBÉM RESTRITIVA. 
Ele faz uma interpretação diferente: “tendente a abolir” significaria que a PROPOSTA DE EMENDA VEDADA É AQUELE QUE DESCARACTERIZA A CLÁUSULA PÉTREA, que atinja o núcleo essencial da clausula pétrea. Mas não significa que qualquer modificação restritiva tenda abolir cláusula pétrea. 
Seriam possíveis as chamadas “RESTRIÇÕES DE PEQUENA MONTA”. São aquelas que não atingem, não alcançam o núcleo essencial da cláusula pétrea.
Por exemplo, o artigo 2º da CRFB/88, cláusula pétrea:
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Não poderia mudar a constituição de maneira a tingir essa estrutura fundamental de separação de poderes. Ou seja, a estrutura que garante independência e harmonia na separação dos poderes do Estado. Não se poderia, por exemplo, criar um órgão de controle de função típicas dos poderes do Estado; como um órgão para controlar a função jurisdicional do poder judiciário.
A EC 45, no entanto, introduziu na Constituição o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) no art. 103, ‘b’ c/c art. 92, I-A da CRFB/88
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
I-A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
A Emenda 45 alterou a estrutura do poder judiciário, trazendo um novo órgão que tem por finalidade o controle financeiro e administrativo do poder judiciário. 
De alguma forma se mudou a estrutura do poder judiciário introduzindo um novo órgão de controle, restringindo um pouco mais a autonomia administrativa do poder judiciário. Mas esse Conselho Nacional de Justiça não foi criado para regular a função típica do poder judiciário, a função jurisdicional. Ele não mudou, portanto, essencialmente a estrutura da separação de poderes.
Pode haver, portanto, uma modificação que restrinja, mas que não altere o núcleo essencial de uma cláusula pétrea.
Outro exemplo: art. 14, §9º da CRFB/88:
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 4, de 1994)
Originariamente não havia o §9º do artigo 14 da CRFB/88, foi uma emenda que trouxe uma possibilidade de lei restringir um direito fundamental, restringir os direitos políticos, mas não atinge o núcleo fundamental do direito. Não inviabilizou o exercício dos direitos políticos.
Fux dá como exemplo de restrição de clausula pétrea sem que haja eliminação do núcleo essencial, o §9º do art. 14 da CRFB/88. Ele abre a possibilidade de restrição de clausula pétrea, desde que não se atinja o núcleo essencial.
O STF NÃO ADOTA UMA POSIÇÃO NÍTIDA, MAS VEM ADMITINDO MODIFICAÇÕES TANTO AMPLIATIVAS, COMO MODIFICAÇÕES RESTRITIVAS, DESDE QUE A RESTRIÇÃO NÃO ATINJA O CHAMADO NÚCLEO ESSENCIAL DO DIREITO (Posição do Gilmar Mendes).
Artigo 5º, XLVII da CRFB/88.
XLVII - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis;
Esse artigo poderia ser modificado? Depende: se para ampliar, sim. Poderia se retirar a exceção da letra ‘a’ e abolir a pena de morte do ordenamento brasileiro, por exemplo.
Evita-se a ruptura constitucional com maior flexibilidade das cláusulas pétreas, sem atingir o núcleo da mesma, para que se acompanhe a evolução

Continue navegando