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PROCESSO CIVIL II ZE MARIO

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PROCESSO CIVIL II
Processo de Conhecimento (cognitivo ou acertamento): investiga uma suposta ameaça ou violação do direito material (não penal ou trabalhista) e, se for o caso, tomar as providências necessárias para sua reparação. É o principal tipo de remédio porque 80% de tudo que está em juízo é processo de conhecimento e devido a sua aplicação subsidiária dentro e fora do processo civil. Exemplos: “ação” de indenização por danos morais; “ação” redibitória; “ação” de reconhecimento de união estável; “ação” reivindicatória; “ação” de repetição de indébito, etc. Nenhum destes exemplos constitui um conceito autônomo de processo, mas sim processos de conhecimento. 
DIREITO DE AÇÃO é o direito de provocar o judiciário através da petição inicial. Toda vez que a norma processual prevê a hipótese de uma “ação” sem a existência correspondente de um processo específico, utilizar-se-á o processo de conhecimento. 
Existindo lacuna ou ausente norma específica, aplicar-se-á as normas gerais de processo de conhecimento aos demais tipos de processo. 
PROCESSO é a soma de 2 elementos = procedimento + relação jurídica processual. Procedimento é a dimensão concreta (atos) e relação jurídica processual é a dimensão abstrata (efeitos jurídicos).
Atos – petição inicial, contestação, sentença, recurso, etc.
Efeitos jurídicos – direitos, deveres, ônus, obrigações, etc.
O processo de conhecimento se subdivide em 3:
- Procedimento comum (ordinário): formal e escrito (regra geral)
- Procedimento especial (juizados): informal e oral
- Procedimento da rescisória: formal, escrito e específico para a situação de nulidade de coisa julgada.
OBS.: dependendo da situação mudam os atos, porém é um único tipo de processo. Procedimento é uma sequência de atos.
FORMAÇÃO DE PROCESSO
A partir de quando incide a norma processual? Para responder essa pergunta, parte-se de uma premissa: o processo é a soma da relação processual (efeitos) + procedimento (atos).
*Segundo o CPC/2015, forma-se o processo a partir do momento imediatamente posterior ao protocolo da petição inicial físico ou eletrônico perante o órgão distribuidor. Mas por quê? Porque esse protocolo é o que cabe o exercício do direito de ação. Não há atividade jurisdicional anterior, só há processo depois do exercício do direito de ação. O mero exercício do direito de ação já é suficiente para a formação de um processo, ocorrendo posteriormente, a verificação de sua validade. A partir daí, incide o CPC.
OBS.: imediatamente após o protocolo da petição inicial, já existe a relação jurídica inicialmente composta apenas por autor e juiz e a petição inicial transforma-se, automaticamente, no primeiro ato do procedimento. 
OBS.: período de admissibilidade – inicialmente, a relação processual é composta apenas por autor e juiz até o momento da citação do réu quando adquire o seu formato definitivo. Entretanto, desde o início já estão presentes todos os efeitos da relação processual, ainda que restritos ao autor e ao juiz. Com o fenômeno da CITAÇÃO, a relação passa a ingressar o réu. Não são relações jurídicas distintas, só muda o formato. 
SUSPENSÃO DO PROCESSO
Parte da premissa do conceito de processo e do princípio dispositivo ou da inércia processual (impulso oficial). Para haver o efeito suspensão, suspende-se o procedimento (atos), não o processo como todo, a relação jurídica permanece inalterada.
Em regra, uma vez provocada a jurisdição, a progressão de atos que caracteriza o procedimento ocorrerá normalmente até o final do processo. Todavia, em situações específicas expressamente tipificadas na norma processual, a prática de novos atos processuais ficará parada por tempo determinado ou indeterminado até que seja removido o motivo que deu causa a suspensão. 
A suspensão do processo atinge apenas temporariamente a prática de atos processuais futuros, não atingindo os atos já praticados, nem tampouco a relação processual. 
SUSPENSÃO É DIFERENTE DE INTERRUPÇÃO: a interrupção inexiste no direito processual brasileiro, qualquer causa de interrupção do processo, isto é, situação que determine o retorno ao seu início com cancelamento dos atos já praticados. Durante a suspensão do processo, é vedada a prática de qualquer ato processual, salvos aqueles considerados urgentes, aqueles para evitar perecimento do direito ou aqueles para remover a própria causa de suspensão.
Atos urgentes: considera-se urgente o ato que por circunstâncias específicas deva ser praticado imediatamente ao risco da impossibilidade de sua prática futura. Sua prática não pode esperar o fim da suspensão. Quando busca proteger o ato. Ex.: a ouvida de uma testemunha gravemente enferma; a perícia de um material orgânico perecível, etc.
Atos para evitar o perecimento do direito: consistem em atos necessários à proteção ou conservação do próprio objeto do conflito sem beneficiar qualquer das partes. Busca proteger o objeto. Ex.: alienação judicial do bem litigioso (quando duas pessoas dizem ser proprietárias de certa carga de bens perecíveis (tomates, morangos), essa carga é vendida em juízo e os bens se transformam em dinheiro no processo entre os “possíveis” proprietários). 
Atos para remover a causa de suspensão: permite-se que as partes pratiquem os atos que forem necessários para remover a própria suspensão. Ex.: suspensão por morte do advogado – nomeia-se outro advogado.
OBS.: prazos pendentes durante a suspensão do processo: iniciada a contagem de prazo antes da suspensão do processo, este será retomado imediatamente após o seu término pelo exato período de tempo que faltava. Não existe devolução integral de prazo.
*Somente haverá suspensão do processo nas hipóteses expressamente tipificadas na norma processual, não cabendo ao juiz ou as partes a criação de novas hipóteses. 
HIPÓTESES DE SUSPENSÃO (ART 313)
Morte ou perda da capacidade processual: afetam os pressupostos processuais subjetivos da parte (capacidades processuais – postulatória, estar em juízo e de ser parte). Em virtude destes fatos jurídicos, ocorre a perda superveniente de uma das capacidades processuais, sendo o processo suspenso para dar oportunidade de correção e permitir sua continuidade válida. Se subdivide em 6 situações:
Morte da parte – extingue a personalidade jurídica que atinge a capacidade de ser parte. Ocorrendo a morte da parte natural ou ficta, o processo ficará suspenso por tempo indeterminado até que sejam intimidados todos os prováveis sucessores para querendo realizar a habilitação, isto é, assumir o processo no lugar da parte falecida. O prazo da suspensão é indeterminado. Até a intimação do último sucessor, a suspensão dura. A suspensão é feita para que ocorra a habilitação. 
Morte do representante – envolve a capacidade de estar em juízo. O juiz nomeia outro representante ou pede aos parentes um nome. Nesta situação, o processo será suspenso por prazo indeterminado até que seja efetivamente nomeado um novo representante, corrigindo a capacidade de estar em juízo. Acaba quando o representante for nomeado.
Morte do advogado – afeta a capacidade postulatória. Verificada a morte do advogado, o processo ficará suspenso pelo prazo determinado de 15 dias úteis durante os quais deverá ser nomeado outro advogado ou defensor público. O objetivo é consertar a capacidade postulatória. Havendo dois ou mais advogados na procuração, a morte de um deles não induz a suspensão do processo, porque não houve perda da capacidade postulatória. A morte de procurador público ou membro do MP ou de defensor público, não produz a suspensão do processo, pois serão automaticamente substituídos por outros membros da mesma carreira.
Perda da capacidade da parte – (incapacidade superveniente – afeta a capacidade de estar em juízo). Nesta situação, a parte antes plenamente capaz torna-se absolutamente incapaz no decorrer do processo, havendo a suspensão por prazo indeterminado até que se nomeie um representante para a parte.
Perda da capacidade do representante – afeta a capacidade de estar em juízo. Nesta situação, o representantedo incapaz em algum momento do processo também se torna incapaz sendo o processo suspenso por prazo indeterminado até que seja substituído. 
Perda da capacidade do advogado – afeta a capacidade postulatória. Mesmas regras da morte do advogado. (Prazo determinado de 15 dias úteis).
Convenção das partes: pressupõe vontade recíproca (bilateral) de suspender. Porque as partes assim quiseram, autor e réu pedindo ao mesmo tempo. Não precisa de justificativa. Presente a vontade recíproca, o processo será suspenso por prazo determinado ou indeterminado não superior a 6 meses até que desapareça a vontade ou termine o prazo, o que vier primeiro. Basta que uma das partes requeira a volta, só fica suspenso o processo enquanto durar a vontade recíproca. *A prática de um ato processual por qualquer das partes, pressupõe o fim da vontade recíproca e determina o fim da suspensão.
Arguição de impedimento ou de suspeição: suspende-se o processo por prazo indeterminado enquanto o órgão hierarquicamente superior decide sobre o impedimento ou a suspeição do juiz.
Admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR): CPC/2015. Suscitado o IRDR, enquanto o processo paradigma não for julgado pela instância superior, todos os demais processos tratando da mesma matéria, ficarão suspensos por prazo indeterminado pois não se tem como saber quanto tempo a instância superior precisará para julgar.
Quando a sentença de mérito depender:
5.1. Do julgamento de outro processo pendente (prejudicialidade externa): quando o julgamento de mérito do processo depender de informação a ser resolvida no julgamento de outro processo pendente, este ficará suspenso por prazo indeterminado, aguardando a sentença do outro.
5.2. De diligências pendentes: por outro lado, se aquele juízo solicitou previamente a realização de diligências, o processo ficará suspenso por prazo indeterminado até que todas as diligências sejam concluídas. Ex.: quando o juiz solicita uma perícia; ouvir testemunha por carta precatória, etc.
6. Por motivo de força maior: ocorrendo qualquer fato material ou social cujas consequências interfiram no funcionamento do foro, o processo ficará suspenso por prazo indeterminado até que se resolvam tais consequências.
*Essas 6 hipóteses gerais aplicam-se a qualquer processo, não excluindo a existência de hipóteses específicas previstas no CPC.
PETIÇÃO INCIAL
Parte da premissa do princípio do dispositivo (inércia) em que a jurisdição precisa ser provocada e depois impulsionada, devido ao princípio do impulso oficial. Há uma necessidade de provocação dos órgãos judiciais. Outra premissa é a ação, o direito de provocar, o qual é um direito público, subjetivo e incondicionado. Também é um direito potestativo, pois depende de uma declaração de vontade, enquanto não exercida a vontade, o direito não possui efeitos. 
*A petição inicial trata-se do instrumento previsto na norma processual formal, solene e escrito através do qual a parte autora exerce o seu direito de ação declarando oficialmente a sua vontade de provocar o poder judiciário e de iniciar um processo. 
OBS.: enquanto não houver o protocolo físico ou eletrônico na petição inicial, não se considera exercido o direito de ação. Esse protocolo é dirigido ao órgão distribuidor. 
OBS.: a petição inicial cumpre o seu papel de provocar o poder judiciário e de iniciar um processo independentemente de sua regularidade formal, que será verificada posteriormente já durante o processo. 
OBS.: entretanto, o período de admissibilidade somente poderá ser encerrado com a consequente citação do réu se a petição inicial estiver formalmente regular. Enquanto a petição não for regular, a citação não poderá ocorrer.
CARACTERÍSTICAS
Formal – a petição inicial é dita formal, pois a sua elaboração e o seu protocolo são regidos pelas normas de direito processual civil. A parte autora é livre para redigir a sua petição inicial desde que respeite os limites fixados na norma processual.
OBS.: em virtude do caráter subsidiário do processo de conhecimento, as regras relativas à petição inicial também serão aplicáveis aos processos penal e trabalhistas, onde houver dúvida ou lacuna.
Solene – a petição inicial é caracterizada como solene, pois seus requisitos de forma integram a própria existência válida do ato. Somente será válida na presença de todos os seus requisitos de forma.
OBS.: mesmo nos procedimentos dos juizados especiais, regido pela informalidade, a petição inicial permanece sendo solene. Entretanto, seus requisitos formais obrigatórios são reduzidos e simplificados em favor da parte desacompanhada de advogado. Os 4 requisitos da petição inicial no procedimento dos juizados: qualificação das partes, causa de pedir, pedido e valor da causa. Quantidade menor de requisitos, continua sendo solene, porém mais simples. No caso dos juizados, informalidade não significa ausência de formas, mas tão somente a simplificação destas. 
Escrita – toda petição inicial será elaborada em texto e traduzida no documento escrito físico ou eletrônico o qual deverá preencher os referidos requisitos.
OBS.: petição inicial “oral” (“queixa”) – também no procedimento dos juizados especiais, a norma processual admite que a própria parte compareça pessoalmente a secretaria do órgão judicial desacompanhada de advogado e forneça oralmente as informações necessárias a preencher cada um dos requisitos obrigatórios da petição inicial. As informações serão colhidas por um servidor judicial reduzidas a termo e posteriormente assinada pela própria parte, formando a respectiva petição. A petição inicial é apenas oral quanto à origem das informações, mas ao final ela é escrita. Apenas quando tiver desacompanhada de advogado.
REQUISITOS FORMAIS OBRIGATÓRIOS DA INICIAL (ART. 319 CPC)
I. Indicação do órgão julgador: aplicação das regras de competência. 
I.I. Qual a justiça competente? Relativo à competência absoluta que é a competência fixada segundo os critérios da matéria, da pessoa e da hierarquia. (Justiça Eleitoral, Trabalhista, Federal, Estadual).
I.II. Qual o foro competente? Competência relativa que é aquela decorrente da adoção dos critérios do território e do valor da causa na fixação da competência. Ex.: Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da Comarca do Recife.
I.III. Qual o juízo competente? Organização judiciária. 
OBS.: primeiro critério – verificar se o litígio se enquadra numa das varas especializadas existentes na localidade, para somente depois enquadrar na vara cível em geral em caráter residual; segundo critério – inexistindo vara especializada, a competência é da vara cível; terceiro critério – não existindo vara cível, a competência é de vara única. 
 		I.IV. É hipótese de prerrogativa de foro? Competência funcional. Se sim, as informações colhidas até o presente momento serão adaptadas aos órgãos internos do respectivo tribunal.
II. Qualificação das partes: trata-se do conjunto de informações mínimas obrigatórias necessárias a identificação das partes de modo a cumprir sua dupla finalidade – verificar a legitimidade para a causa e viabilizar a comunicação dos atos processuais (citação, intimações).
OBS.: a parte autora poderá deixar de trazer informação obrigatória desde que expressamente justifique havendo dificuldades em obter certas informações, requerendo diligências judiciais nesse sentido.
OBS.: integra a qualificação a indicação do tipo de processo que está sendo iniciado.
OBS.: também é parte obrigatória na qualificação a indicação do endereço profissional do advogado da parte autora.
III. Fundamentação (causa de pedir): a parte autora indicará expressamente quais as razões fáticas e jurídicas que a levaram a procurar o poder judiciário, indicando expressamente os seguintes elementos:
	III.I. Causa de pedir remota (mediata): o autor deverá identificar a origem do direito material supostamente lesado ou ameaçado.
	III.II. Causa de pedir próxima (imediata): o autor deverá explicar porque a conduta do réu supostamente foi capaz de realizar lesão ou ameaça do referidodireito material (equivale a explicação do litígio).
OBS.: salvo o procedimento dos juizados especiais, considera-se não fundamentada uma petição inicial baseada exclusivamente em fatos. 
IV. Pedido: o pedido será equivalente ao conjunto de providências a serem tomadas pelo poder judiciário para corrigir a suposta ameaça ou violação ao direito material da parte autora.
V. Valor da causa: trata-se de um requisito de natureza estritamente formal cuja função é servir de base de cálculo para as obrigações decorrentes do processo (custas, multas, honorários, etc). 
OBS.: NÃO CONFUNDIR VALOR DA CAUSA COM PEDIDO. Aquilo que se pede pode influenciar no valor da causa, mas o valor da causa não influencia naquilo que a parte vai receber.
Este requisito deverá estar sempre presente e sempre ter expressão numérica. Será fixado conforme as seguintes regras previstas na norma processual: 
Regra geral – o valor da causa será equivalente ao benefício patrimonial a ser recebida pela parte caso vencedora do processo. Beneficio patrimonial é aquilo que você vai ganhar ou deixar de perder. 
Regras específicas – a norma processual (CPC) prevê critérios específicos para o valor da causa aplicáveis tão somente a situações específicas expressamente previstas. 
Regra excepcional (valor por estimativa) – quando não for possível identificar o benefício patrimonial ou quando o objeto da causa for desprovido de expressão econômica, a petição inicial indicará valor por estimativa, isto é, o advogado da parte autora poderá escolher qualquer valor para indicar como o valor da causa.
OBS.: valor por estimativa não significa ausência de valor, pois a não indicação, é vício passível de correção. 
OBS.: mesmo o beneficiário da justiça ou defensor público, precisa indicar o valor da causa.
OBS.: o réu poderá indicar na própria contestação qualquer erro na fixação do valor da causa, requerendo a sua correção e o pagamento de eventuais diferenças.
OBS.: no código anterior era necessário que o valor da causa seja impugnado em instrumento próprio.
VI. Protesto por provas: a parte autora deverá indicar desde logo como deseja provar os fatos alegados na petição inicial através de uma das seguintes modalidades:
	VI.I. Protesto genérico – o autor reserva desde logo todos os meios de prova, deixando para especificá-los apenas quando da abertura da instrução. Quem definirá as provas é o julgador.
	VI.II. Protesto específico – a parte autora informa expressamente quais os meios de prova que irá utilizar na instrução. A vantagem é vincular o juiz – se pedir qualquer meio de prova, ele terá que ouvir ou justificar porque não quis ouvir. Porém, não se pode adicionar outro meio de prova, pois esse direito preclui.
	VI.III. Dispensa expressa – nesta ultima modalidade, o autor informa que não existem fatos a provar ou que os fatos alegados já se encontram provados pelos documentos que acompanham a petição inicial, dispensando-se assim, a fase de instrução. A vantagem é que se tem um processo mais rápido e a desvantagem é a preclusão, quem dispensou não vai poder pedir depois.
VII. Opção pela realização (ou não) da audiência preliminar de conciliação (art. 334 do CPC): a parte autora deverá dizer expressamente se deseja ou não a realização da audiência preliminar. 
OBS.: naqueles processos em que não for cabível transação pela natureza do conflito, não haverá audiência preliminar, estando o autor dispensado de realizar a opção.
Transação - ação jurídica pela qual as partes, mediante concessões mútuas, fazem um acordo expresso, prevenindo a lide ou colocando fim nela.
OBS.: este requisito não se aplica ao procedimento oral dos juizados especiais, pois lá a audiência preliminar será sempre obrigatória.
PEDIDO
O pedido é equivalente ao conjunto de providências a serem realizadas pelo Poder Judiciário para corrigir a suposta ameaça ou violação do direito material da parte autora. Possui 2 consequências: não se pode fundamentar uma coisa e pedir outra e o pedido está vinculado ao juiz e à correção de suposta ameaça ou violação a direito.
CARACTERÍSTICAS DO PEDIDO
Todo pedido será certo e determinado:
Certeza – clareza quanto ao objeto (o que se pede?);
Determinação – clareza quanto aos limites (alcance) do que se pede (Como? Quanto? Onde? Quem? Etc)
OBS.: excepcionalmente, a norma processual admite que a parte autora faça pedido certo e genérico, isto é, sem precisar determina-lo na petição inicial nas seguintes situações:
- Ações universais – são aquelas petições iniciais cujo objeto seja uma universalidade (é o conjunto de bens e direitos, que por ficção jurídica, é considerado como se fosse uma coisa só. Ex.: espólio, massa falida, patrimônio da empresa, etc). Quando o objeto tratar de uma universalidade, o autor só precisa fazer referencia ao conjunto, sem precisar determinar seus componentes. 
- Dano complexo – quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ilícito, isto é, o valor da indenização a ser paga, o autor poderá fazer referencia apenas ao objeto, deixando a determinação a cargo do juiz.
- Assimetria de informações – quando a determinação do valor depender exclusivamente de informações a serem prestadas pelo réu, o autor está autorizado a fazer referência apenas ao objeto. 
*Essas são as únicas hipóteses de pedido genérico.
OBS.: o Princípio da Vinculação do Juízo ao Pedido (Congruência) – o juiz deverá apreciar o pedido nos exatos limites em que foi formulado na petição inicial, sob pena de nulidade da sentença.
OBS.: pedidos implícitos – em situações específicas, expressa e taxativamente previstas na norma processual, o juiz está autorizado a apreciar questões não requeridas pela parte autora, pois seriam consequências lógicas do pedido efetivamente formulado. Só cabe em 3 situações:
- Obrigações sucessivas ou de trato sucessivo – aquelas que se renovam a cada período de tempo. Ex.: pensão alimentícia. Tratando-se de uma obrigação sucessiva, o autor só está obrigado a fazer referencia aquelas prestações vencidas até a data da propositura da ação, considerando-se implícitas todas as demais prestações que vencerem durante o processo.
- Aplicação de juros de mora ou de correção monetária – tendo a parte autora requerido expressamente o pagamento do montante principal, considera-se implícita a aplicação dessas duas obrigações em relação de acessoriedade.
- Condenação em honorários advocatícios (CPC 2015) – a condenação em honorários advocatícios é considerada uma congruência do próprio pedido de mérito, podendo ser apreciada pelo juiz, ainda que não requerida pela parte autora.
*Estas são as únicas hipóteses de pedidos implícitos. 
CLASSIFICAÇÃO DOS PEDIDOS
Pedido simples – representa uma única pretensão a ser satisfeita pelo Poder Judiciário.
Pedido composto – representa duas ou mais pretensões a serem apreciadas pelo Poder Judiciário, organizadas numa das seguintes categorias:
Pedido alternativo – representado pela conjunção “ou”. O autor apresenta duas ou mais pretensões sem qualquer ordem de preferencia, deixando a critério do juiz, escolher qual delas apreciar.
Pedido sucessivo – representado pela conjunção “se”. O autor apresenta dois ou mais pedidos organizados segundo uma ordem de preferencia, através da qual a pretensão seguinte será apreciada se indeferida a pretensão anterior prioritária.
Pedido cumulativo – representado pela conjunção “e”. O autor apresenta duas ou mais pretensões sem qualquer preferencia, dando-se por satisfeito pelo deferimento apenas de todas elas.
INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL
A petição inicial será indeferida quando não atender aos seus requisitos formais obrigatórios ou quando estiverem ausentes as demais condições de validade do ato.
OBS.: entretanto, sendo sanável o vicio, o CPC de 2015 condiciona o indeferimento a prévia oportunidade de correção. Não pode haver extinção por indeferimento sem antes der oportunidade de correção.
OBS.: indeferir a petição inicial não significa que a parte não possui o direito material ou que este direitonão tenha sido violado ou ameaçado, pelo contrário, significa que a petição inicial foi má elaborada e não foi corrigida no momento oportuno.
HIPÓTESES DE INDEFERIMENTO
Corresponde a verificação de vícios resultantes da má elaboração do pedido e/ou da causa de pedir.
Inépcia: corresponde a verificação de vícios resultantes da má elaboração do pedido e/ou da causa de pedir.
Falta de pedido ou da causa de pedir (omissão)
 Pedido indeterminado (ausência dos limites) em que a parte deixou de apresentar os limites do pedido numa situação na qual não se admite pedido genérico.
Incompatibilidade lógica entre pedido e causa de pedir. Ambos elementos estão presentes, mas são logicamente incompatíveis entre si. A parte autora deverá optar por manter um e corrigir o outro.
Pedidos incompatíveis entre si (vício do pedido composto). A parte autora reuniu em um pedido composto 2 ou mais pedidos que por sua natureza não podem estar juntos, devendo escolher qual deles deverá continuar.
Parte manifestamente ilegítima: ocorrerá esse vício quando o juiz da simples leitura da qualificação for capaz de identificar que a pessoa indicada pela parte na petição inicial não possui legitimidade para figurar naquele processo (vício da qualificação).
2.1. Ilegitimidade ativa (autor) – vício INSANÁVEL.
2.2. Ilegitimidade passiva (réu) – vicio sanável.
3. Carência de interesse processual (falta de um dos elementos): 
3.1. Falta necessidade – o processo é necessário quando houver litígio, LIDE. É um vício da causa de pedir próxima: não explicou qual a lide a ser resolvida.
3.2. Falta adequação – é um vício da qualificação. O procedimento indicado na qualificação não é aquele previsto na legislação para resolver aquele tipo de conflito. Indicação equivocada do tipo de procedimento.
3.3. Falta utilidade – é um vício no pedido. O procedimento escolhido, embora correto, não admite o tipo de providência solicitada pelo autor, devendo este alterar o procedimento ou modificar o pedido. É um pedido não admitido naquele procedimento. 
4. Não atendidas as prescrições dos artigos 106 e 321.
	4.1. Art. 106 – só haverá indeferimento da petição inicial baseado neste tópico, se o advogado for omisso em fornecer o seu endereço.
	4.2. Art. 321 – a referencia a este artigo produz uma categorial residual abrangendo todos os demais defeitos resultantes da má elaboração da petição inicial que não foram corrigidos no momento oportuno. 
OBS.: a ausência do protesto por provas não produz vicio passível de indeferimento da inicial, mas apenas a preclusão do direito de escolher provas naquele processo.
OBS.: excepcionalmente, e apenas no procedimento dos juizados especiais, a incompetência absoluta é prevista como causa de extinção por indeferimento da inicial.
DEFESA DO RÉU 
Premissas: princípio do contraditório e da ampla defesa. O contraditório é oportunidade de defesa (citação válida). A ampla defesa é uma consequência do contraditório, é a disponibilidade dos instrumentos de defesa.
OBS.: ampla defesa # abuso de direito de defesa – ainda que disponíveis todos os instrumentos de defesa, o uso desnecessário e/ou desmotivado destes instrumentos notadamente para prejudicar a parte contrária ou retardar o processo, configura abuso passível de punições como litigância de má fé.
MODALIDADES DE DEFESA
Defesa indireta (ou processual): o réu alega a presença de vícios formais (descumprimento da norma processual) visando à sua correção. O réu indica o defeito e pede a correção.
Defesa indireta dilatória (regra geral): o réu alega a presença de vícios os quais deverão ser corrigidos como condição de continuidade válida do processo. Ex.: incompetência, suspeição e impedimento, defeito de representação, etc.
Defesa indireta peremptória: o réu requer a correção de determinados vícios expressamente tipificados como causas de extinção do processo de modo a pressionar o autor para sua correção. Força o autor a corrigir sob pena de extinção.
INSTRUMENTOS: preliminar de contestação e incidentes processuais.
OBS.: em regra, os vícios formais são alegados em preliminar de contestação, somente havendo a utilização dos incidentes quando a norma processual assim expressamente exigir.
OBS.: o CPC de 2015 não acabou com a figura dos incidentes processuais, apenas transferiu para a preliminar de contestação algumas matérias antes somente alegáveis através de incidente.
Defesa prejudicial de mérito: o réu alega a presença de questões impeditivas, modificativas ou extintivas do exercício do direito material, cujo acolhimento resolve parcialmente ou totalmente o conflito, mas prejudica a análise da titularidade do direito material, bem como de sua suposta ameaça ou violação. Exs.: prescrição e decadência, transação, compensação, etc. Prejudica a análise do mérito. 
INSTRUMENTOS: preliminar de contestação e ação declaratória incidental.
OBS.: ambos os instrumentos tratam das mesmas matérias e possuem a mesma finalidade, entretanto, o uso de cada um deles está vinculado a complexidade da matéria a ser alegada. Se o réu tem capacidade de alegar e mostrar a questão imediatamente, deverá faze-lo em preliminar de contestação, por outro lado, se a demonstração da questão ainda depender de prova a ser produzida, deverá utilizar a ação declaratória incidental. 
Defesa direta (ou de mérito): o réu irá alegar questões fáticas e jurídicas voltadas a obter a improcedência dos pedidos do autor, seja negando a titularidade do direito, ou seja negando a ameaça ou violação a este.
INSTRUMENTOS: mérito de contestação e reconvenção. 
OBS.: das 3 modalidades apresentadas, a única que sempre estará presente é a defesa direta. A ausência da defesa direta equivale ao reconhecimento tácito da procedência do pedido. 
REQUISITOS FORMAIS OBRIGATÓRIOS DA CONTESTAÇÃO
Indicação do órgão julgador – a contestação será dirigida ao órgão judicial, responsável pela citação. Também integram este requisito as referências do tipo e do número do processo.
OBS.: nas citações realizadas por carta (rogatória, precatória e a de ordem), o réu poderá optar entre direcionar a contestação ao órgão que executou a citação ou àquele que a ordenou.
Qualificação – aplica-se a contestação o mesmo conjunto de informações obrigatórias aplicado à petição inicial.
OBS.: também se aplica a contestação, a necessária indicação do endereço profissional do advogado do réu. 
OBS.: qualificação remissiva – o réu possui a prerrogativa de realizar a sua qualificação de maneira remissiva, indicando que as informações já constam na petição inicial. Todavia, ao qualificar desta maneira, o réu assume como corretas as informações constantes da qualificação da inicial.
Fundamentação
Preliminares de contestação (vícios formais e/ou prejudiciais)
Mérito de contestação (improcedência dos pedidos do autor). Possui as estratégias de: negar a titularidade do direito e/ou negar a ameaça ou violação ao direito.
OBS.: a elaboração do mérito da contestação está submetida à obediência às seguintes regras:
Ônus de impugnação individual dos fatos alegados – o réu deverá rebater cada um dos fatos alegados na petição inicial, pois o fato que não for impugnado será presumido como verdadeiro, isto é, não precisará ser provado na instrução.
Ônus de impugnação dos fundamentos jurídicos de cada pedido – por sua vez, o réu também deverá impugnar os fundamentos jurídicos de cada pedido, pois a não impugnação será equivalente ao reconhecimento tácito de sua procedência.
Pedido: em regra, os pedidos na contestação limitam-se ao acolhimento das preliminares, se houver, e ao requerimento de improcedência dos pedidos do autor, salvo as situações em que é admitida a reconvenção (pedido contraposto).
Protesto por provas: mesmas regras aplicadas a PI.
INSTRUMENTOS DE DEFESA
Parte da premissa do princípio da ampla defesa, que é a disponibilidade dos instrumentos de defesa previstos na legislação.
Princípio da simultaneidade da defesa – todos os instrumentos de defesa deverão ser apresentados dentro do prazo para contestaçãoe em momento anterior ou simultâneo a esta, sob pena de preclusão. Entretanto, a apresentação antecipada da contestação significa renúncia ao prazo excedente e aos instrumentos de defesa ainda não apresentados.
OBS.: questões de ordem pública – algumas matérias, por sua relevância, foram escolhidas pelo legislador para categoria de questões de ordem pública, não sendo afetadas pelo princípio anterior, o que permite que sejam alegadas a qualquer tempo por mera petição ou até conhecidas de ofício pelo juiz. Tais questões não precluem. Ex.: incompetência absoluta; falta de pressupostos processuais; irregularidade no pagamento das custas; etc.
Incidentes Processuais: via de regra, as questões relativas a vícios formais são alegadas em preliminar de contestação. Entretanto, alguns vícios expressamente escolhidos pelo legislador, somente poderão ser alegados através do instrumento dos incidentes processuais. Trata-se de um instrumento autônomo que representa uma fração do processo original, que por ficção jurídica é apreciado separadamente para não atrapalhar o andamento do processo.
OBS.: salvo expressa disposição, a apresentação do incidente não suspende o processo original, havendo tramitação simultânea.
OBS.: o CPC/15 não extinguiu a figura dos incidentes, apenas reduziu suas hipóteses, transferindo algumas delas para preliminar de contestação. 
Ação Declaratória Incidental: por sua vez, as questões prejudiciais de mérito também, em regra, deverão ser suscitadas em preliminar de contestação, salvo aquelas que por sua complexidade, não puderem ser demonstradas de imediato, as quais serão objeto de ação declaratória incidental. Consiste em outro processo autônomo, dependente e conexo ao processo original, cujo objeto está restrito a verificar a existência ou não da questão prejudicial alegada. É outro processo, conexo; sendo assim, a ADI deverá possuir petição inicial, pagar custas e ser distribuída.
Reconvenção (pedido contraposto): no que diz respeito ao mérito do conflito, a regra é que o pedido na contestação limite-se a improcedência do pedido do autor e ao acolhimento das preliminares, se houver. Se o réu além da improcedência, pretender qualquer benefício em seu favor, deverá fazer uso do instrumento da reconvenção. Para que ocorra a reconvenção, é necessário como requisito de forma que o novo pedido do réu seja baseado na mesma causa de pedir e que seja da competência do mesmo juiz.
OBS.: alguns procedimentos admitem que o réu formule pedido contraposto sem precisar de um capítulo específico para reconvenção, bastando o acréscimo do pedido. Ex.: despejo e consignação em pagamento.
REVELIA
Trata-se do fato processual caracterizado pelo exercício irregular da defesa. Nos procedimentos escritos, se tem a ausência de contestação válida; nos procedimentos orais, se tem o não comparecimento pessoal da parte ré à primeira audiência.
OBS.: nos procedimentos escritos, a contestação realizada por um dos litisconsortes a todos se aproveita no que couber e evita revelia. O fato processual REVELIA não se confunde com seus eventuais efeitos jurídicos, pois haverá situações em que a revelia estará presente, mas não se verifica efeito. A FALTA DO EFEITO NÃO SIGNIFICA AUSÊNCIA DE REVELIA.
EFEITOS DA REVELIA
Preclusão da matéria objeto de contestação – este efeito não atinge as chamadas matérias de ordem pública, porque elas não precluem. O réu revel poderá participar do processo a qualquer tempo, recebendo-o no estado em que se encontre.
Presunção relativa de veracidade dos fatos alegados pelo autor – não vincula o juízo a julgar favoravelmente à parte autora, o réu pode ser revel e ainda assim, ganhar o processo. O julgador, por ato discricionário, a partir do seu conhecimento, poderá deixar de acolher a presunção e produzir prova acerca do fato alegado. Acolher a presunção ou não é escolha do juiz!
Situações em que, mesmo presente a revelia, não se verifica efeito:
- Quando o objeto do conflito for direito indisponível: não há presunção.
- Quando for ré a fazenda pública: não há presunção.
- Quando a existência do fato depender de escritura pública (atos solenes): não há presunção.
- Quando o réu for pessoa incapaz (civil, ECA): nenhum efeito.
- Quando se tratar de revel citado por edital (CURADOR ESPECIAL): nenhum efeito.
PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES 
Correspondem a um conjunto de atos processuais de natureza eventual a serem praticados ao final da fase postulatória e antes da abertura da instrução com a finalidade de evitar a produção desnecessária de provas.
Reconhecimento dos efeitos da revelia: trata-se de um ato através do qual o juiz cumpre o dever de informar as partes sobre a ocorrência de revelia naquele processo e sobre a presença ou não de seus efeitos (possui natureza meramente declaratória). A revelia não depende da vontade do juiz, mas da ação ou não das partes, e o juiz vai apenas avisar as partes da revelia e da incidência ou não de seus efeitos. Este ato é eventual porque não necessariamente vai ocorrer a revelia. É necessário, no entanto, porque uma vez acolhida a presunção relativa dos fatos alegados pelo autor, a instrução não precisará ser realizada.
Fixação dos pontos/fatos controversos: após a leitura da inicial e da contestação, o juiz irá verificar entre os fatos alegados, quais aqueles não provados e relevantes para a resolução do conflito, pois, apenas estes fazem parte da instrução. Nem tudo que as partes alegam vai para instrução. Este ato é eventual, porque nem sempre os fatos atendem a esses 2 requisitos, e quando não atenderem, não se realizará essa decisão. É necessário para que se evite a produção desnecessária de provas.
Decisão pelo julgamento antecipado da lide: verificando o juiz não ser necessária a produção de provas sobre os fatos alegados, irá proferir uma decisão fundamentada, suprimindo a fase de instrução e antecipando o momento da elaboração da sentença.
Quando os fatos já tiverem provados e/ou não forem relevantes
Quando não existir fato a provar (matéria unicamente de direito)
Quando o juiz acolher presunção relativa de veracidade dos fatos 
OBS: a instrução só terá utilidade em um processo livre de vícios ou de prejudiciais de mérito. Nesse sentido, se tiver o juiz de acolher uma destas questões, terá que fazê-lo antes da instrução. 
Réplica: verificando o juiz que o réu alegou em preliminar de contestação a presença de vícios formas e/ou de prejudiciais de mérito, deverá intimar a parte autora para no prazo de 15 dias úteis falar sobre a matéria arguida pela parte ré. OBRIGATÓRIA É A INTIMAÇÃO! É eventual porque depende da contestação, ou seja, naqueles processos em que não houver preliminar de contestação, não haverá réplica.
Saneador: também em função da presença da preliminar de contestação, e após a intimação da parte autora para replicar, o juiz possui o dever de apreciar as alegações de vícios formais e/ou de prejudiciais de mérito antes da abertura da instrução, evitando produzir provas que não serão utilizadas. Produz as seguintes consequências (apreciação):
- Rejeita as preliminares – o juiz irá proferir uma decisão interlocutória fundamentada, declarando saneado o processo, isto é, livre de vícios e/ou de prejudicias, pronto para iniciar a instrução.
- Acolhe a preliminar – se ele acolhe, ele não entra na instrução. Se presente o vício peremptório e não corrigido ou a prejudicial de mérito, o juiz irá proferir uma sentença imediata de extinção do processo, sem que haja o início da instrução. 
INSTRUÇÃO 
TEORIA GERAL DAS PROVAS
Definição: o que são provas? Provas são os meios utilizados para demonstrar um fato. O que se prova não é o direito, mas o fato. As provas têm um limite argumentativo, atingindo apenas os fatos.
Objeto de prova: o que se prova? Prova-se os fatos alegados no processo desde que relevantes para a resolução do mérito. Significa dizer que não vai para instrução nenhum fato que não seja alegado, e nem fatos irrelevantes. 
*Para ir p instrução, deve-se atender a 3 requisitos, quais sejam: serfato, ter sido alegado e ser relevante.
PROVA DE DIREITO
Quando os fundamentos jurídicos da parte estiverem embasados em norma municipal, estadual, estrangeira e consuetudinária (costumeira), tal norma só será apreciada se a parte provar sua existência e vigência. Então, se eu baseio meu argumento numa dessas 3 modalidades de norma, eu assumo o ônus de provar a existência e vigência destas, isto é, dois fatos. A prova desses dois fatos (existência e vigência) é condição p a apreciação da norma! O ônus probatório cabe à parte. 
Princípio “o juiz sabe o direito” (juris novit curiae). Por outro lado, tendo, a parte, feito referência à legislação federal, é dever do juiz verificar a existência e vigência da norma. O ônus probatório cabe ao juiz. 
MEIOS DE PROVA
Prova-se os fatos alegados no processo através dos meios de prova em direito admitidos, bem como através dos meios moralmente lícitos.
Meios de prova em direito admitidos – meios de prova típicos. São aqueles expressamente previstos e regulados na norma processual, e cuja produção dependa apenas do requerimento da parte. Esse meio de prova basta apenas pedir.
Meios de prova moralmente lícitos – meios de prova atípicos. Representam meios não previstos na legislação, mas sem qualquer obstáculo quanto a sua produção, desde que a parte, em seu requerimento, justifique a necessidade da prova e que ela não viole direito da parte contrária. São aqueles meios de prova que não são ilícitos, mas também não são tipificados. Esse meio de prova é necessário pedir e justificar. Dessa forma, juiz não poderá indeferir a produção de uma prova pelo simples argumento de não estar prevista na lei.
ÔNUS DA PROVA (quem deve provar?)
Aquele que utilizar determinado fato em seu favor, assume o ônus de prova-lo em juízo, sob pena de não ser apreciado pelo juiz. Se o fato é alegado pelo autor, deve ser provado pelo autor. Se o fato é alegado pelo réu, deve ser provado pelo réu. Se o fato é alegado e não é provado, não poderá, então, ser considerado. 
*Essa é a regra geral quase que absoluta (a teoria do ônus da prova do direito penal funciona de forma diferente, porque é fundada no princípio do in dubio pro reu).
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Em situações específicas previstas na legislação e fundadas na vulnerabilidade da parte ou na autonomia da vontade, o autor poderá alegar determinado fato sem precisar prova-lo, recaindo sobre o réu o ônus de produzir a respectiva prova. Trata-se de um benefício em favor do autor do processo. O fato é alegado pelo autor, mas o réu que deve provar. Não é regra, é exceção. 
HIPÓTESES DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Legal (lei 8.078/91 – CDC): o Código de Defesa do Consumidor foi criado para ser utilizado em benefício apenas do consumidor, e quando o consumidor precisar. Não é possível, pois, se utilizar da inversão do ônus da prova em situações tipicamente civis, mas somente quando verificada relação de consumo, e logo, a nítida hipossuficiência do consumidor. A parte autora, excepcionalmente, poderá pedir a inversão do ônus da prova prevista no direito do consumidor, desde que fundamente a presença conjunta dos seguintes requisitos:
Requerimento expresso da parte – se a parte sempre tem que pedir a inversão do ônus da prova, não cabe a determinação de ofício pelo juiz, ao menos não no que se refere à inversão do ônus da prova legal. 
Verificação da relação de consumo no caso concreto – nem todo ato civil configura, necessariamente, uma relação de consumo, e não cabe ao juiz a verificação quanto a isso. 
Vulnerabilidade da parte autora verificada no caso concreto – nem todo consumidor tem direito à inversão do ônus da prova, mas apenas aquele consumidor que for vulnerável, hipossuficiente, e isso deverá ser provado caso a caso. 
Contratual: enquanto que a inversão do ônus da prova legal considera a vulnerabilidade da parte autora, a inversão do ônus da prova contratual considera a autonomia da vontade. Sendo disponível o direito objeto do contrato, as partes poderão inserir cláusula prevendo a inversão do ônus da prova nos futuros litígios decorrentes daquele negócio jurídico. Porém, em alguns casos, esta cláusula não será aceita pelo juiz se tornar impossível ou muito difícil a defesa.
DISTRIBUIÇÃO DINÂMICA DO ÔNUS DA PROVA (CPC/2015)
O juiz, verificando situação de desequilíbrio entre as partes, poderá de ofício ou a requerimento, através de decisão fundamentada, distribuir o ônus da prova em favor do autor ou do réu.
PERSUAÇÃO RACIONAL OU LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO
O órgão judicial é livre para conduzir a produção da prova, bem como para interpretar seu conteúdo até o limite do seu convencimento acerca dos fatos alegados, desde que indique expressamente nos fundamentos da sentença, quais provas lhe convenceram e por que. Enquanto o juiz não estiver convencido, a instrução não é finalizada, assim como se o juiz já estiver convencido sobre determinados fatos, ele pode indeferir os meios de provas eventualmente escolhidos pelas partes ou, até mesmo, dispensar a instrução, fazendo-o de ofício (desde que justificadamente). 
OBS.: o limite da instrução é o convencimento do juiz. O juiz poderá determinar de ofício novas provas não requeridas pelas partes, se as demais não forem suficientes para o seu convencimento. Por outro lado, se já estiver convencido, poderá, por decisão fundamentada, indeferir a produção de novas provas que entenda desnecessárias.
OBS.: o novo CPC acrescentou nova tarefa ao juiz quando da interpretação das provas, ao fixar que além de indicar as provas que lhe convenceram, também deverá indicar porque as outras provas não lhe convenceram. 
PROVA EMPRESTADA
A norma processual autoriza que o órgão judicial, por economia processual, utilize, a seu critério, prova já produzida por outro juízo, evitando-se, assim, a sua repetição. Entretanto, o juiz que receber a prova emprestada, não está vinculado a interpreta-la da mesma forma que o juízo de origem.
NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL SOBRE PROVAS
Sendo disponível o direito objeto do conflito, as partes, por autonomia da vontade, poderão celebrar negócio jurídico, estabelecendo quais provas serão produzidas naquele processo e quais os seus limites. Essa possibilidade não existia no código anterior. Esse instrumento limita a atuação do juiz no processo, obrigando-o a julgar independentemente de convencimento. 
DECISÃO PELA CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA
Ainda que o processo esteja na fase decisória, concluso para sentença e aparentemente pronto para julgamento, o juiz não está vinculado a julga-lo se não estiver convencido acerca dos fatos. Dessa forma, poderá uma única vez por processo, através de uma decisão fundamentada, retornar à anterior fase de instrução para produção de uma prova específica ao final da qual retornará para elaboração da sentença. Isso significa que, chegada a fase decisória, o juiz poderá julgar o processo, ou então proferir decisão (plenamente fundamentada) no sentido de retornar o processo à fase de instrução para produção de uma prova em específico, e, produzida essa prova, o juiz estará, então, obrigado a sentenciar. 
OBS.: essa prerrogativa, no entanto, deverá ser utilizada apenas em caráter excepcional, porque, em tese, o limite da instrução é o convencimento do juiz. 
DAS PROVAS PRODUZIDAS EM AUDIÊNCIA
Depoimento pessoal: trata-se da prestação de declarações sobre fatos pelas próprias partes, sem qualquer compromisso formal quanto ao seu conteúdo e nos limites da colaboração entre as partes. Somente autor e réu podem produzir esse tipo de prova.
Ausência de compromisso formal – as partes quando de seu depoimento, respondem pelo respectivo conteúdo exclusivamente no âmbito processual, isto é, o máximo que pode acontecer com elas é sofrer as penas por litigância de má-fé (multa e indenização), responsabilidade estritamente processual.
Prerrogativa de permanecer em silêncio – somente as partes o exercício do seu depoimento podem invocar a prerrogativa constitucional de permanecer em silêncio e nada responderao que lhe foi perguntado, evitando agravar a sua situação. Essa prerrogativa é exercida em relação a cada pergunta que lhe é formulada.
OBS.: ao invocar essa prerrogativa e justificar na proteção de direito material próprio, a testemunha será recebida como litisconsorte da respectiva parte.
Prova testemunhal: por sua vez, a prova testemunhal trata das declarações sobre o fato alegado prestadas por terceiro não interveniente e não enquadrado como auxiliar da justiça, mediante prestação de compromisso formal e dever de colaboração desde que subjetivamente compatível com aquele processo.
Terceiro – terceiro não interveniente e não enquadrado como auxiliar da justiça. O não interveniente significa que a prestação das declarações tem que ser o primeiro ato que o terceiro pratica no processo. O não enquadrado como auxiliar da justiça – os auxiliares da justiça estão automaticamente excluídos como testemunhas nos processos em que possam potencialmente vir a atuar.
Prestação de compromisso – antes de realizar suas declarações, a pessoa indicada como testemunha prestará compromisso formal quando a regularidade do conteúdo de suas declarações respondendo por eventuais desvios civis, penal e administrativamente. Responsabilidade civil – se o conteúdo causa prejuízo moral ou material (pagamento de indenização); resp. penal – crime de falso testemunho, pode ser posterior ou até prisão em flagrante. Resp. adm. – hipótese de testemunha ao servidor, além da resp. penal e civil, recebe processo administrativo disciplinar e demissão do servidor.
Dever de colaboração – a testemunha desde que devidamente intimada, possui o dever de comparecer em juízo e de colaborar com o Poder Judiciário através de suas declarações. A testemunha nunca ficará em silêncio. 
OBS.: caso a testemunha devidamente intimada não compareça ou apresente recusa em comparecer, o juiz poderá, a seu critério, determinar a punição coercitiva da testemunha.
OBS.: se a testemunha tiver dificuldade de mobilidade, o juiz poderá determinar que a audiência, deverá ser realizada no lugar em que se encontra. 
OBS.: o juiz poderá dispensar a ouvida das testemunhas que não sejam mais necessárias.
Compatibilidade subjetiva – a pessoa indicada como testemunha, não poderá estar enquadrada em situações nas quais se presuma o seu interesse em favor de uma das partes ou a sua incapacidade de prestar declarações de fato. 
Incapacidade de testemunhar: as situações de incapacidade da testemunha são de natureza exclusivamente processual, podendo ou não, coincidir com a incapacidade civil. 
Impedimento ou suspeição de testemunha: as causas em que se presume o interesse da testemunha são próprias e especificas, não se confundindo com aquelas previstas para o juízo.
OBS.: informante civil – excepcionalmente, o juiz poderá ouvir terceiros incapazes, impedidos ou suspeitos sem a prestação de compromisso e sem o valor probatório, desde que o conteúdo destas declarações possa levar a outra prova, esta sim, válida.
OBS.: prazo para juntada do rol de testemunhas – a parte tem até o 10º dia anterior à data marcada para audiência de instrução para juntar o respectivo rol de testemunhas sob pena de preclusão da prova testemunhal. Esta exigência se justifica para dar prazo razoável à parte contrária para impugnar eventuais testemunhas suspeitas, impedidas ou incapazes.
OBS.: nos procedimentos orais, a exemplo dos juizados especiais, o rol de testemunhas deverá ser apresentado no 1º ato que a parte vier a praticar no processo.
Prova pericial: este meio de prova será utilizado quando a compreensão do fato alegado demandar conhecimento técnico de profissional alheio à formação do bacharel em Direito. Quando o juiz precisar do conhecimento de outras profissões. 
OBS.: ainda que o juiz possua outra formação profissional, será necessária a perícia, visto que o exercício dos dois papéis compromete a sua imparcialidade.
Escolha do perito – o perito será escolhido livremente pelo juiz entre profissionais da especialidade necessária à compreensão do fato a partir da aplicação dos seguintes critérios: - regra geral: 1 - escolha entre profissionais previamente cadastrados, 2 – escolha entre profissionais indicados pelo Conselho de Classe. Quando for parte: Fazenda Pública, Defensor Público, MP, beneficiário da justiça gratuita ou prova de ofício: 3 – escolha entre servidores do quadro do Poder Judiciário, 4 – escolha entre servidores de outros órgãos.
OBS.: aplica-se ao perito as mesmas causas de suspeição e impedimento aplicáveis ao juiz.
OBS.: uma vez nomeado, o perito responde civil, penal e administrativamente pelos atos praticados durante a perícia, como se servidor público fosse, exercendo função pública temporária e precária. 
Procedimento da perícia – nomeado perito, este será intimado a tomar conhecimento do processo e a apresentar propostas de honorários a qual poderá ser alterada a critério do juiz. Em seguida, a parte que requereu a perícia será intimada a depositar em juízo a íntegra dos honorários como condição prévia para a realização da perícia.
OBS.: a ausência do depósito dos valores NÃO é causa de extinção do processo por abandono, mas apenas de não realização da perícia.
Depositado os honorários, serão ambas as partes intimadas para querendo apresentar quesitos e indicar assistentes técnicos. Quesitos – perguntas sobre o fato objeto da perícia cujas respostas serão parte integrante obrigatória do futuro laudo pericial; assistentes técnicos – profissional de mesma especialidade do perito, livremente escolhidos e remunerados pela parte indicante, cuja função é acompanhar o trabalho do perito e auxiliar a parte na compreensão do laudo. O assistente técnico não produz prova pericial! Não tem problema de ser suspeito ou impedido.
Em seguida, o perito irá realizar as diligências que entender necessárias ao final das quais apresentará o respectivo laudo pericial. Somente se considera concluída a perícia, após a aprovação do laudo pelo juiz. 
O juiz poderá condicionar a aprovação ou refazimento do laudo. Concluída a perícia e aprovado o laudo, serão liberados os honorários.
OBS.: o juiz a seu critério, poderá designar uma segunda audiência de instrução para que o perito preste esclarecimentos sobre o laudo.
OBS.: inspeção judicial – em circunstancias específicas, o juiz poderá determinar que a perícia seja realizada no local onde ocorreu o fato ou onde se encontre a pessoa ou coisa a ser periciada, designando data e hora para que as partes possam estar presentes.
FATOS QUE INDEPENDEM DE PROVAS (não serão levados à instrução)
Notórios - são fatos de conhecimento comum a todos, inclusive ao juiz, a partir da aplicação da mera regra de experiência, isto é, tais fatos são notórios porque vivenciados por todos. O que faz um ato notório é a vivência. 
Confessados – são aqueles fatos utilizados por uma das partes, expressa ou tacitamente, confirmados pela outra.
Incontroversos – são aqueles utilizados simultaneamente por ambas as partes como fundamento de suas pretensões.
Fatos presumidos – de natureza residual, abrange os demais fatos não enquadrados nas categorias anteriores em que haja presunção relativa de veracidade.
Irrelevantes – não tenham qualquer relação com o objeto do conflito a ser resolvido.
SENTENÇA
Natureza: ato judicial decisório, caracterizado pela sua dupla finalidade, qual seja extinguir o processo ou resolver o mérito do conflito.
OBS.: independentemente do nome que lhe atribua, o juiz ou o legislador, só haverá sentença na presença de uma destas finalidades.
SENTENÇA TERMINATIVA: reconhece a presença de um vício formal PEREMPTÓRIO (descumprimento da norma processual), não corrigido no momento oportuno, sendo capaz de impedir a continuidade de um processo já existente e de produzir coisa julgada estritamente FORMAL. Isto é, que encerra aquele processo, mas não encerra o conflito, podendo, em regra, ser novamente submetido ao Poder Judiciário. 
OBS.: neste sentido, a oportunidade de correção do defeito é condição prévia paraque ocorra a extinção do processo.
SENTENÇA DEFINITIVA: caracteriza-se pela apreciação direta ou indireta do direito material, seja pelo reconhecimento de uma prejudicial de mérito, ou seja pelo julgamento efetivo do mérito (lesão ou ameaça ao direito material), sendo capaz de resolver o conflito e de formar coisa julgada FORMAL E MATERIAL, que além de encerrar o processo, impede que a questão seja novamente submetida ao Poder Judiciário.
OBS.: a elaboração de uma sentença definitiva pressupõe um processo livre de defeitos formais.
OBS.: Princípio da Vinculação da Sentença ao Pedido: o juiz deverá apreciar o pedido nos exatos limites em que foi fixado na petição inicial ou na reconvenção, sob pena de nulidade da sentença. Se o juiz julgar coisa diferente do que foi pedida, a sentença é nula. Nulidades da sentença quando à apreciação do pedido: sentença “citra petita” – omissão. O juiz deixa de apreciar parcela da pretensão requerida julgando menos do que devia; sentença “ultra petita” – acréscimo. Ocorre esta nulidade quando o juiz acrescenta benefício não requerido pela parte, julgando mais do que deveria; sentença “extra petita” – modificação. Ocorre esta nulidade quando o juiz aprecia questão diversa daquela requerida pela parte, alterando de ofício o objeto do conflito. 
A NULIDADE DA SENTENÇA ”ULTRA PETITA” NÃO SE APLICA ÀS 3 SITUAÇÕES DE PEDIDOS IMPLÍCITOS. 
ERROS NA SENTEÇA
Em regra, elaborado o texto da sentença e publicado o seu conteúdo, é vedado ao juiz realizar qualquer alteração no texto ou no resultado da sentença. Entretanto, em situações específicas, a norma autoriza o juiz a corrigir o texto da sentença sem que isto implique em alteração de resultado para corrigir erros materiais e erros de cálculo.
*Ambas são correções realizadas no texto, sem qualquer alteração de resultado.
1. Erros materiais – o juiz identifica erros quanto à identificação da parte ou do processo, bem como erros de ortografia ou de gramática na construção do texto.
2. Erros de cálculo – o juiz encontra erros quanto à formação de algarismos ou quanto a realização de operações aritméticas. 
OBS.: retratação da sentença – em situações excepcionais, a norma processual autoriza que o juiz se retrate do conteúdo da sentença, modificando o resultado desde que presentes em conjunto os seguintes requisitos: sentença proferida no período de admissibilidade + recurso de apelação válido e admitido + exercício da retratação dentro do prazo legal (15 dias). Presentes os 3 requisitos, o juiz irá proferir decisão fundamentada, tornando sem efeito a sentença anterior e determinando o procedimento regular do processo com a citação do réu. 
REQUISITOS FORMAIS DA SENTENÇA
Relatório – trata-se de uma descrição individualizada dos atos que ocorreram no processo até o momento da sentença, indicando, no mínimo, a ocorrência de cada um e sua posição física ou eletrônica. O relatório apenas descreve os atos, não transcreve o ato. Nos procedimentos dos juizados especiais, a elaboração do relatório é facultativa tanto nas sentenças escritas, tantos orais.
Fundamentação – o juiz cumpre o papel e dever constitucional de motivar os atos decisórios, indicando os argumentos fáticos e jurídicos que formaram o seu convencimento acerca do litígio. Após o CPC/2015, o juiz além de apontar tais razões, também deverá explicar todos os demais argumentos alegados no processo, informando porque não se aplicam.
OBS.: não se admite sentença baseada exclusivamente em fatos. Nas sentenças terminativas, a norma processual admite a fundamentação sucinta, bastando indicar qual vício formal indicado e porque ele se aplica naquele processo. Nos juizados especiais, o juiz está dispensado do dever de reproduzir todos os argumentos das partes.
Dispositivo – é o principal elemento da sentença, pois o responsável por extinguir o processo ou por resolver o mérito do conflito, sendo único de publicação obrigatória e aquele irá formar a coisa julgada.
EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO
Trata-se da verificação através de uma sentença terminativa da presença de vícios formais peremptórios insanáveis ou que não foram sanados no momento oportuno, cuja presença impede a continuidade daquele processo.
OBS.: sendo sanável o vício, é condição para sentença a prévia oportunidade para correção. As hipóteses de extinção do processo estão expressamente tipificadas na norma processual, não cabendo ao juiz ou às partes criar novas hipóteses. A extinção do processo somente será decretada se quem deu o vício foi a parte autora.
HIPÓTESES
Indeferimento da petição inicial – corresponde a verificação de vícios decorrentes da má elaboração da petição inicial que não foram sanados durante o período de admissibilidade. 
Negligência das partes – formada por 2 elementos: temporal + subjetivo (negligência). Temporal: processo parado há mais de um ano e um dia; haverá negligência pela omissão de ambas as partes após serem intimadas para dar prosseguimento ao processo. Antes da omissão não está configurada negligência. Se qualquer das partes se manifestar ou praticar ato processual depois da intimação, estará afastada a negligência.
Abandono pelo autor – formado por 2 elementos: temporal + subjetivo (abandono). Temporal: 30 dias, contados de uma preclusão; abandono ocorrerá pela omissão depois da intimação da parte autora para dizer se possui interesse no processo. O CPC/2015 acrescentou um 3º requisito para hipótese de abandono condicionando a intimação do autor ao prévio requerimento da parte ré. 
Ausência de pressupostos processuais – pressupostos processuais subjetivos da parte (capacidades processuais): caso não corrigidos! A mera falta do pressuposto não extingue o processo, mas suspende, o que extingue é a falta de correção durante a suspensão. 
Perempção, litispendência ou coisa julgada – estas 3 hipóteses têm em comum o exercício irregular do direito de ação, isto é, as ações foram propostas em situações expressamente proibidas pela norma processual. Embora a extinção seja sem resolução de mérito, no caso deste inciso, a ação não poderá mais ser proposta porque não poderia desde a primeira vez. 
Perempção – trata-se de uma sanção processual aplicada ao autor que por 3 vezes sucessivas deu causa a extinção do processo por abandono, extinguindo o respectivo direito de ação e impedindo que o processo seja renovado. 
Litispendência – a norma processual não admite a existência simultânea de 2 ou mais processos idênticos (mesma parte, mesmo pedido e mesma causa de pedir) sendo mantido o processo prevento e extintos todos os demais. O critério de escolha do processo que permanece é o da prevenção e não a antiguidade.
Violação a coisa julgada material – da mesma forma, a norma processual não admite que a parte autora apresente um novo processo idêntico a outro anterior cuja sentença de mérito já transitou em julgado. 
Ausência de legitimidade ou de interesse processual – a falta de uma destas condições da ação ocorre durante a tramitação do processo, em virtude de fato superveniente e somente levará a extinção do processo se não puder ser corrigido. 
Convenção de arbitragem – a escolha do juízo arbitral, seja anterior ao processo, ou seja durante o processo, retira o conflito da esfera do Poder Judiciário, impedindo a continuidade daquele processo. Nesta hipótese, excepcionalmente, o processo também não poderá ser renovado. 
Desistência – na desistência, o autor abre mão da continuidade de um processo já instaurado, mantendo íntegro o seu direito material que poderá ser objeto de um processo futuro. Quem desiste, desiste do processo e não do direito. A desistência torna prevento o juízo para processos posteriores. Não confundir desistência com renúncia! 
Ação intransmissível (direitos personalíssimos) – não se suspende o processo por morte da parte, porque o direito material somente pode ser exercido pelo seu titular. Para todos os outros tipos de direito, a morte do autor não extingue o processo, mas suspende-o. 
Nos demais casos – categoria residual,abrange outras hipóteses específicas de extinção, não enquadradas nas hipóteses gerais anteriores. 
RESOLUÇÃO DE MÉRITO (art. 487 CPC)
Haverá a resolução de mérito quando o juiz através de uma sentença definitiva apreciar o direito material objeto do conflito (direta ou indiretamente) seja pelo julgamento efetivo de mérito ou seja pelo acolhimento de uma prejudicial. 
Julgamento efetivo de mérito – esta é a regra geral, quase absoluta das sentenças de mérito, na qual o juiz irá acolher ou rejeitar os pedidos formulados na petição inicial ou na reconvenção.
Acolhimento total do pedido (procedência)
Rejeição total do pedido (improcedência)
Acolhimento parcial do pedido (procedência parcial)
Prescrição ou decadência – ambas as situações representam os efeitos do fator tempo sobre o exercício do direito material.
Reconhecimento da procedência do pedido – trata-se de um ato privativo e unilateral da parte ré, no qual esta espontaneamente reconhecer ter praticado ameaça ou violação a direito da parte autora, requerendo a resolução do conflito. Ocorre o reconhecimento tácito da procedência do pedido quando o réu deixa de impugna-lo na contestação.
Transação – ocorre a transação quando pela vontade conjunta das partes, estas resolvem substituir o direito material, objeto do conflito, por novas obrigações bilaterais a serem satisfeitas. Só há transação quando houver cessões recíprocas. 
Renúncia – na renúncia, o autor, de modo espontâneo e unilateral, abre mão do direito material objeto do conflito, o que além de extinguir o processo, impede que a questão volte ao Poder Judiciário. 
OBS.: não confundir renúncia com desistência. Na renúncia, o autor abre mão do direito, na desistência abre mão do processo. As hipóteses 3, 4 e 5 são atos privativos da própria parte, somente praticáveis por advogado na presença de poderes expressos na procuração. Estas mesmas hipóteses, somente produzirão efeitos após serem homologadas por sentença pelo juiz, que não analisará o conteúdo, mas apenas os requisitos de validade do ato jurídico (agente capaz, objeto lícito, possível e determinado, forma prescrita e não defesa em lei).

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