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Aula 01 - Direito Processual Civil

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CURSO COMPLETO PARA CONCURSO DE TRIBUNAIS 2013 
Direito Processual Civil 
Sabrina Dourado 
1 
AULA 01: Da jurisdição e da ação: conceito, 
natureza e características; das condições da 
ação. Das partes e procuradores: da 
capacidade processual e postulatória; dos 
deveres e da substituição das partes e 
procuradores. 
 
Jurisdição Ação 
 
Processo 
 
A ciência processual se estrutura em três 
pilares básicos, os quais sejam: a jurisdição, a 
qual pode ser concebida como o poder que tem 
o Estado de resolver os conflitos existentes na 
sociedade. Ao passo que a ação, num dos seus 
diversos sentidos, é compreendida como direito 
fundamental constitucional que tem o cidadão 
de buscar na proteção jurídica frente a uma 
lesão ou ameaça dela. Por fim, esta estrutura 
primária do processo ou da ciência processual 
ainda tem como pilar o processo, que nada 
mais é que um instrumento que tem por 
finalidade a garantia do exercício da ação por 
meio da jurisdição. 
 
JURISDIÇÃO 
 
O litígio coloca em perigo a paz social e a 
ordem jurídica, o que reclama a atuação do 
Estado, que tem como uma de suas funções 
básicas, a tarefa de solucionar a lide. Dentro 
deste contexto, o Estado, por meio do Poder 
Judiciário, tem o “poder-dever de dizer o 
direito”, formulando norma jurídica concreta que 
deve disciplinar determinada situação jurídica, 
resolvendo a lide e promovendo a paz social, 
este poder-dever do Estado de dizer o direito, 
resolvendo o conflito, é o que a doutrina chama 
de jurisdição. 
Assim, a jurisdição abrange três poderes 
básicos: decisão, coerção e documentação. 
Pelo primeiro, o Estado-juiz tem o poder de 
conhecer a lide, colher provas e decidir; pelo 
segundo, o Estado-juiz pode compelir o vencido 
ao cumprimento da decisão; pelo terceiro, o 
Estado-juiz pode documentar por escrito os atos 
processuais. 
As acepções da jurisdição são: Poder – 
capacidade de decidir imperativamente e impor 
decisões; atividade – dos órgãos para promover 
pacificação dos conflitos; função – complexo de 
atos do juiz no processo. 
 
FINS DA JURISDIÇÃO 
De acordo com a concepção instrumentalista do 
processo, a jurisdição tem três fins: a) o escopo 
jurídico, que consiste na atuação da vontade 
concreta da lei. A jurisdição tem por fim 
primeiro, portanto, fazer com que se atinjam, em 
cada caso concreto, os objetivos das normas de 
direito substancial; b) o escopo social – consiste 
em promover o bem comum, com a pacificação, 
com justiça, pela eliminação dos conflitos, além 
de incentivar a consciência dos direitos próprios 
e o respeito aos alheios; ec) o escopo político.- 
é aquele pelo qual o estado busca a afirmação 
de seu poder, além de incentivar a participação 
democrática (ação popular, ação coletivas, 
presença de leigos nos juizados etc.) e a 
preservação do valor liberdade, com a tutela 
das liberdades públicas por meio dos remédios 
constitucionais (tutela dos direitos 
fundamentais). 
 
PRINCÍPIOS INERENTES À JURISDIÇÃO: 
 
Investidura – a jurisdição é o exercício de um 
poder estatal, mas como ente abstrato, o 
Estado tem de atribuir a função jurisdicional a 
um órgão ou agente, pessoa natural que o 
representa, recebendo parcela desse poder 
quando regularmente investida na autoridade de 
juiz. 
 
Territorialidade – por se tratar de um ato de 
poder, o juiz exerce a jurisdição dentro de um 
limite espacial sujeito à soberania do Estado. 
Além desse limite ao território do Estado, sendo 
numerosos os juízes de um Estado, 
normalmente o exercício da jurisdição que lhes 
compete é delimitado à parcela do território, 
conforme a organização judiciária da Justiça em 
queatua, sendo as áreas de exercício da 
autoridade dos juízes divididas na Justiça 
Federal em seções judiciárias e na Justiça 
Estadual em comarcas. Assim, se o juiz, em 
processo, precisa ouvir testemunha que resida 
em outra comarca, deverá requisitar por meio 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Processual Civil 
Sabrina Dourado 
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de carta precatória ao juiz da outra comarca 
(juízo deprecado) que colha o depoimento da 
testemunha arrolada no processo de sua 
jurisdição (do juízo deprecante), uma vez que 
sua autoridade adere ao território em que 
exerce a jurisdição. O mesmo ocorre com a 
citação por oficial de justiça e a penhora de bem 
situado em comarca diversa daquela em que 
tramita o feito. 
Se o ato a praticar situar-se fora do território do 
País, deverá ser solicitada carta rogatória à 
autoridade do Estado estrangeiro, solicitando 
sua cooperação para a realização do ato. 
Indelegabilidade – cada poder da República 
tem as atribuições e o conteúdo fixados 
constitucionalmente, vedando-se aos membros 
de tais Poderes por deliberação, ou mesmo 
mediante lei, alterar o conteúdo de suas 
funções. Aplica-se a hipótese aos juízes, que 
não podem delegar a outros magistrados, ou 
mesmo a outros Poderes ou a particulares, as 
funções que lhes foram atribuídas pelo Estado, 
já que tais funções são do poder estatal, que as 
distribui conforme lhe convém, cabendo ao juiz 
apenas seu exercício. 
 
Inevitabilidade – este princípio traduz-se na 
imposição da autoridade estatal por si mesma 
por meio da decisão judicial. Quando provocado 
o exercício jurisdicional, as partes sujeitam-se a 
ela mesmo contra a sua vontade, sendo vedado 
à autoridade pronunciar o non liquet em seu 
oficio jurisdicional. O Estado deve decidir a 
questão, não se eximindo de sentenciar 
“alegando lacuna ou obscuridade da lei” (CPC, 
art. 126). 
 
Inafastabilidade – previsto no art. 5º, XXXV, da 
CF/88, este princípio consiste no direito 
concedido a qualquer pessoa (natural ou 
jurídica) de demandar a intervenção do Poder 
Judiciário para satisfazer uma pretensão 
fundada em direito que entende haver sido 
lesado, ou estar sob a ameaça de lesão. O 
Judiciário, reconhecendo ou não o direito 
pleiteado, não pode recusar-se a intervir no 
litígio. Também designado princípio do controle 
jurisdicional. 
Juiz natural – as partes, na solução do litígio, 
têm direito a julgamento realizado por juiz e 
tribunal com competência previamente 
estabelecida (CF/88, art. 5º, XXXVII), que sejam 
independentes e imparciais. 
Inércia – o princípio da inércia está ligado ao 
caráter inquisitivo ou acusatório do processo – 
respectivamente, se o juiz tem poderes para 
exercer de oficio o controle jurisdicional ou se 
depende da provocação das partes. Nosso 
sistema optou pelo acusatório, ou principio da 
ação, atribuindo às partes o poder de provocar 
o exercício jurisdicional, dizendo-se então que a 
jurisdição é inerte. 
Justifica-se o principio da inércia também pelo 
fato de que a atividade jurisdicional deve incidir 
em caráter excepcional, não intervindo 
espontaneamente em conflitos que podem ser 
solucionados amigavelmente entre as partes 
dentro do âmbito de disponibilidade de seus 
direitos. 
 
CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO 
 
Substitutividade– consiste na circunstância de 
o Estado, ao apreciar o pedido, substituir a 
vontade das partes, aplicando ao caso concreto 
a “vontade” da norma jurídica. 
 
Imparcialidade – é consequência do quanto já 
visto: pois para que se possa aplicar o direito 
objetivo ao caso concreto, o órgão judicial há de 
ser imparcial. Para muitos, é a principal 
característica da jurisdição. 
 
Lide – conflito de interesses qualificados pela 
pretensão de alguém e pela resistência de 
outrem. Entretanto, nem sempre é necessário 
lide para exercer a jurisdição, como por 
exemplo, nos casos de separação consensual, 
mudança de nome etc. 
 
Monopólio do Estado – o Estado tem o 
monopólio da jurisdição, que pode ser exercido 
pelo Judiciário, como também pelo legislativo. 
I 
nércia– a jurisdição é inerte, porque somente 
se movimenta se for provocada. O juiz só pode 
agir dentro de um processo quando provocado 
pelas partes. Porém existem exceções, a 
exemplo, de reconhecimento da prescrição ex-
oficio, para proteger direitos de menores e 
incapazes etc. 
 
Unidade - a jurisdição é poder estatal; portanto, 
é uma. Para cada Estado soberano, uma 
jurisdição. Só há uma função jurisdicional, pois 
se falássemos de varias jurisdições, 
 
 
 
 
 
 
 
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afirmaríamos a existência de varias soberanias 
e, pois, de vários Estados. No entanto, nada 
impede que esse poder, que é uno, seja 
repartido, fracionado, em diversos órgãos, que 
recebem cada qual suas competências. O poder 
é uno, mas divisível. 
 
Aptidão para a produção de coisa julgada 
material: a definitividade – é a possibilidade 
da decisão judicial fazer coisa julgada material 
situação que já foi decidida pelo Poder judiciário 
em razão da apreciação do caso concreto a 
qual não poderá ser revista por outro poder, 
exceto : caso de pensão alimentícia etc. 
 
CLASSIFICAÇÕES OU ESPÉCIES DE 
JURISDIÇÃO. 
 
Enquanto poder estatal, a jurisdição é una; no 
entanto, por motivos de ordem prática, 
principalmente pela necessidade da divisão do 
trabalho, costuma-sedividir as atividades 
jurisdicionais segundo vários critérios. 
Assim, quando a doutrina fala em espécies de 
jurisdição, trata, na verdade, da distribuição do 
conjunto de processos em determinadas 
categorias. 
Distingue-se entre a jurisdição penal e a civil. O 
critério classificatório é o objeto da pretensão 
deduzida perante o estado-juiz, sendo a penal 
uma pretensão punitiva, que tem por objeto 
privar temporariamente a liberdade do acusado 
pela práticade determinado ilícito, definido em 
lei como crime. Seu exercício é dividido entre 
juízes estaduais comuns, pela Justiça Militar 
estadual, pela Justiça federal, pela Justiça 
Militar Federal e pala Justiça Eleitoral, cuja 
competência é definida pela Constituição 
federal, que confere atribuições às justiças 
especializadas em razão da matéria ou da 
função exercida pelas pessoas. À Justiça 
Estadual resta a competência residual, tanto em 
matéria criminal quanto em matéria civil. 
A jurisdição civil, em sentido amplo, é composta 
pelas demais espécies de pretensões de 
natureza civil, tributaria administrativa, 
trabalhista, comercial etc. a jurisdição civil é 
exercida pela Justiça Federal, pela Justiça 
Trabalhista, pela Justiça Eleitoral e pela Justiça 
estadual. 
Ressalte-se que, apesar da distinção, é 
impossível isolar completamente a relação 
jurídica, determinando competência exclusiva à 
jurisdição penal, ou à civil. É que o ilícito penal 
não difere, na substancia, do civil, sendo as 
definições dos direitos violados naquele 
extraídas do direito civil. 
Aludiu-se a existência de organismos judiciários 
a que a Constituição distribui competência para 
julgar casos em matéria criminal e civil. Com 
base nessa divisão, classifica-se a jurisdição 
também em especial e comum, integrando a 
primeira a Justiça Militar, a Eleitoral, a 
Trabalhista e as Justiças Militares Estaduais, 
compondo a segunda a Justiça federal e a 
Justiça estadual. 
Ressalte-se que, prevendo nosso ordenamento 
o duplo grau de jurisdição, tem-se a divisão em 
jurisdição inferior, composta pelas instancias 
ordinárias em primeiro grau, com julgamentos 
proferidos por juízes singulares, e jurisdição 
superior,composta pelas instancias superiores, 
em segundo grau pelos tribunais de Justiça dos 
estados, Tribunais regionais federais e 
Tribunais das Justiças Especializadas, bem 
como o Superior Tribunal de Justiça, a zelar em 
última instância pela correta aplicação da lei 
federal, e o Supremo Tribunal federal, ao qual 
compete, em última instância, zelar pelo 
respeito à Constituição, sendo o julgamento 
proferido por um colegiado de juízes. 
Distingue-se a jurisdição de direito e a de 
equidade. A primeira incide no processo civil, 
consistindo no dever de o juiz julgar o caso sob 
a exata medida disposta nos institutos, sendo 
apenas excepcionalmente autorizado a julgar 
por eqüidade (CPC, art. 127). Esta é também a 
regra da jurisdição voluntária (CPC, art. 1.109). 
 
AÇÃO 
 
ACEPÇÕES E CONCEITO DE AÇÃO 
 
Não obstante a controvérsia profunda em torno 
da natureza jurídica da ação, causa de 
inúmeras teorias sobre o assunto, o 
entendimento moderno e que reúne a maioria 
dos juristas é no sentido de que a ação é um 
direito público subjetivo. É, assim, o direito que 
assiste a qualquer pessoa de pedir, num caso 
concreto, a prestação da atividade jurisdicional 
do Estado, a quem cabe zelar pela harmonia 
social. 
A palavra “ação”, na dogmática jurídica, possui 
vários sentidos. A ciência processual, 
notadamente sob influencia italiana, preocupou-
 
 
 
 
 
 
 
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se em delimitar o conceito de ação. Delimitar o 
conceito de ação, foi o principal tema, o 
principal objeto de pesquisa dos processualistas 
na fase de afirmação do processo civil como 
ramo autônomo do Direito. 
 
CONCEITO DE DEMANDA 
 
Demandaé a pretensão levada a juízo. É aquilo 
que se vai buscar ao judiciário, o que se almeja 
perante o juízo. É um direito subjetivo que é 
instrumentalizado através da petição inicial. 
 
AS CONDIÇÕES DA AÇÃO 
 
Condições da ação são os requisitos 
necessários para pedir a prestação jurisdicional, 
isto é, para propor ou contestar ação, e estão 
previstas no ordenamento jurídico pátrio a 
saber, a) o interesse processual – é a 
necessidade que tem a parte de recorrer ao 
Poder Judiciário para alcançar a tutela 
pretendida, e essa tutela pode trazer-lhe algum 
interesse do ponto pratico; b) a legitimidade 
para a causa (legitimatio ad causam) – a 
qualidade que deve ter aquele que pretende 
participar diretamente em processo judicial, 
como autor, como réu ou como terceiro 
juridicamente interessado; e c) possibilidade 
jurídica do pedido que é a existência de 
previsão legal, ou ausência de proibição, para a 
pretensão formulada ao Poder Judiciário, pelo 
menos em tese. O termo “pedido” deve ser 
entendido não em seu sentido estrito (relativo 
ao mérito), mas conjugado com a causa de 
pedir. 
 
PROCESSO 
 
CONCEITO DE BREVE HISTÓRICO 
 
Processo é o método por meio do qual se opera 
a jurisdição. Em outras palavras, processo é o 
instrumento utilizado pelo Estado-juiz para 
realizar a função de prestar a tutela jurisdicional 
àqueles que o procuram por meio do 
ajuizamento de uma ação, seja qual for a 
natureza do conflito. Portanto, o processo se 
constitui numa relação jurídica de direito 
público, que tem seus atos documentados por 
escrito (autos do processo). Enquanto o 
processo se apresenta como método, o 
instrumento, pelo qual o Estado exerce a 
jurisdição, procedimento é a forma material pela 
qual o processo se realiza em cada caso 
concreto. 
 
SUJEITOS PROCESSUAIS 
 
Os sujeitos do processo são pessoas, físicas ou 
jurídicas, que participam da relação processual 
(partes), quais sejam: autor e réu. Diz-se do 
autor aquele que formula o pedido ao juízo, 
enquanto o réu é aquele em face de quem o 
autor faz o pedido; juiz – sujeito imparcial do 
processo, investido de autoridade para dirimir a 
lide; e terceiros interessados- poderá ingressar 
como parte principal. 
 
PARTES E SEUS PROCURADORES 
 
Partes são pessoas, físicas ou jurídicas, que 
participam da relação processual, ou seja, os 
sujeitos do processo. De forma geral, no 
processo de conhecimento são chamadas de 
autor e réu. Diz-se autor aquele que formula o 
pedido ao juízo,enquanto o réu é aquele em 
face de quem o autor faz o pedido. Note-se, no 
entanto, que esta denominação das partes varia 
conforme o tipo de processo, a espécie do 
procedimento ou mesmo de acordo com a fase 
processual. 
 
DEVERES DA PARTES 
 
Embora o processo seja um jogo, todo aquele 
que dele participa (partes, procuradores, 
serventuários, auxiliares, terceiros etc.) deve 
proceder com probidade e lealdade, isto é, 
sustentar suas razoes dentro dos limites da 
ética, da moralidade e da boa fé (princípio da 
probidade processual), expondo os fatos 
conforme a verdade e evitando provocar 
incidentes inúteis e/ou infundados que visam 
apenas à procrastinação do feito. Neste sentido, 
declara o art. 14 do CPC que “são deveres das 
partes e todos aqueles que de qualquer forma 
participam do processo: I –expor os fatos em 
juízo conforme a verdade; II – proceder com 
lealdade e boa-fé; III – não formular pretensões, 
nem alegar defesa, cientes de que são 
destituídas de fundamento; IV – não produzir 
provas, nem praticar atos inúteis ou 
desnecessários à declaração do direito; V – 
cumprir com exatidão os provimentos 
mandamentais e não criar embaraços à 
 
 
 
 
 
 
 
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efetivação de provimentos judiciais, de natureza 
antecipatória ou final”. 
 
COMENTÁRIOS AOS ARTS. 36 A 40 DO CPC 
 
Conforme o art. 3ºdo CPC, o primeiro requisito 
para o ingresso em Juízo consiste em que a 
pessoas esteja no exercício do direito da ação, 
isto é, que lhe assista o direito de agir e que 
tenha, ainda, qualidade para agir, alem da 
possibilidade jurídica do seu pedido, ou seja, 
que a pretensão seja suscetível de acolhimento 
judicial, por estar prevista em lei. Reunindo 
esses três fatores que constituem o primeiro 
requisito para o ingresso em juízo, a pessoa 
estará apta a exigir a prestação jurisdicional do 
Estado, isto é, a requerer que o Estado, por via 
do Poder Judiciário, intervenha na contenda e a 
decida. 
Todavia, para que o ingresso em juízo se 
concretiza, a parte interessada deverá fazer-se 
representar por advogado legalmente habilitado, 
conforme expressa exigência do artigo 36, CPC. 
Entende-se por advogado legalmente habilitado 
o bacharel em direito regularmente inscrito na 
Ordem dos Advogados do Brasil e em dia com 
suas contribuições a essa entidade de classe. 
O documento pelo qual se constitui um 
procurador é a procuração, que pode ser 
pública ou particular. Pública, quando passada 
em cartório, no livro de notas do tabelião, da 
qual se extrai o traslado (cópia) que 
acompanhará a petição para o ingresso em 
juízo. Particular, quando impressa, 
datilografada, digitada ou manuscrita, e, de 
qualquer forma, assinada de próprio punho pelo 
outorgante, com a firma reconhecida por 
tabelião, conforme exigência expressa do artigo 
38, CPC. Portanto, só podem outorgar 
procuração particular as pessoas alfabetizadas 
e que estejam em condições de assinar de 
próprio punho. 
A pessoa capaz para ingressar em juízo deve, 
portanto, constituir um advogado seu 
procurador, outorgando-lhe a competente 
procuração, seja pública ou particular. Se se 
tratar de pessoa absolutamente incapaz, a 
procuração deverá ser outorgada pelo pai ou 
pela mãe, pelo tutor ou pelo curador, e, nesse 
caso, o incapaz será representado; se se tratar 
de relativamente incapaz, ele próprio assinará a 
procuração, porém juntamente com o pai ou a 
mãe, o tutor ou o curador, e, nessa hipótese, o 
incapaz será representado, mas apenas 
assistido. 
Deste modo, nenhum advogado sem estar 
munido de procuração poderá ser admitido em 
juízo para tratar de causas em nome de outrem. 
O próprio Código, porém, no mesmo artigo 37, 
abrindo uma exceção, permite o ingresso do 
advogado em juízo, sem procuração, a fim de 
evitar decadência ou prescrição, bem como 
intervir, no processo, para praticar atos 
reputados urgentes e falte-lhe tempo para 
munir-se do mandato. Nesse caso, expondo a 
situação ao juiz, o advogado se comprometerá 
a apresentar a procuração no prazo que lhe for 
concedido, prazo este que será de 15 (quinze) 
dias, prorrogável por mais 15(quinze). 
Caso a procuração não seja apresentada no 
prazo, ficarão nulos e considerados de nenhum 
efeito todos os atos até então praticado pelo 
advogado, que ficará, ainda responsável por 
todas as despesas e perdas e danos que 
ocorrerem. (parágrafo único, art. 37, CPC). 
Se a pessoa que pretende ingressar em juízo é 
bacharel em direito e está com o seu diploma 
regularizado, inclusive com a inscrição na 
Ordem dos Advogados do Brasil e quitação com 
as contribuições devidas a essa instituição, 
pode postular diretamente em juízo, defendendo 
os seus próprios interesses. É o que 
expressamente dispõe o artigo 36 do CPC. 
Todavia, mesmo não sendo bacharel em direito 
ou não estando com seu diploma regularizado, 
a pessoa poderá ingressar pessoalmente em 
juízo, em defesa de seus direitos como se 
depreende do artigo 36, se no lugar não houver 
advogado devidamente habilitado, ou se os 
existentes estiverem impedidos ou recusarem o 
patrocínio da causa. Em casos tais, o 
interessado deverá provar as circunstancias que 
ocorrerem, juntando, inclusive, declaração do 
advogado impedido ou recusante, conforme o 
caso. 
Segundo o artigo 39 do CPC, cumpre o 
advogado, ou à parte, quando postular em 
causa própria: 1) declarar, na petição inicial ou 
na contestação, o endereço em que receberá as 
intimações; 2) comunicar ao escrivão do 
processo qualquer mudança. Se tal não for 
feito, no primeiro caso, o juiz, antes de ordenar 
a citação, concederá prazo de 48 horas para 
que seja declarado o endereço, sob pena de 
indeferimento da petição; e, no segundo caso, 
serão tidas como válidas as intimações feitas 
 
 
 
 
 
 
 
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por carta registrada, para o endereço constante 
dos autos. 
Para evitar que nas procurações se inscrevam, 
pormenorizadamente, todos os poderes 
conferidos ao advogado e necessários ao 
acompanhamento eficiente do processo, admite 
a lei a outorga de mandato para o foro em geral, 
a que faz referencia o artigo 38, e que vem a 
ser a procuração “ad judicia”. 
Trata-se de cláusula que habilita o advogado a 
praticar todos os atos necessários ao 
andamento do feito e em defesa de seu 
constituinte. Quaisquer outros poderes, além 
dos estritamente referentes a atos do processo, 
devem constar expressamente da procuração, 
conforme determina o mesmo artigo 38. 
Daí porque se inserem nas procurações os 
poderes inerentes à cláusula “ad judicia” e mais 
os especiais que venham a ser necessários, tais 
como os de transigir, desistir, receber, dar 
quitação, firmar compromisso etc. 
Conforme preceitua o artigo 40, o advogado tem 
direito: 1) de examinar, em cartório ou 
secretaria de Tribunal, autos de qualquer 
processo, salvo os que correm em segredo de 
justiça, a saber: os que o interesse público 
exigir sigilo; os que dizem respeito a 
casamento, filiação, separação de cônjuges, 
conversão desta em divórcio, alimentos e 
guarda de menores. Tais processos podem 
livremente ser consultados e deles serem 
pedidas certidões, quando se tratar das próprias 
partes ou de seus advogados. As demais 
pessoas que demonstrarem interesse jurídico 
em consultá-los ou deles obter certidões devem 
requere ao juiz; 2) de requerer, como 
procurador, vista dos autos de qualquer 
processo pelo prazo de cinco dias; 3) de retirar 
os autos do cartório ou secretaria pelo prazo 
legal, sempre que lhe competir falar neles por 
determinação judicial ou nos casos previstos em 
lei. 
Quando o advogado retirar autos do cartório, 
devefirmar recibo no livro próprio, que se 
denomina “livro de carga”, no qual o escrivão 
dará a respectiva baixa, por ocasião da 
devolução. 
Se o prazo da consulta ao processo for comum 
às partes, somente em conjunto ou mediante 
prévio ajuste por petição nos autos poderão os 
procuradores retirar os autos do cartório. 
 
CAPACIDADE PROCESSUAL; DIFRENÇA DA 
CAPACIDADE CIVIL E DA CAPACIDADE 
POSTULATÓRIA OU TÉCNICA 
 
Capacidade processual é a aptidão para ser 
sujeito, ativo ou passivo, da relação jurídica 
processual. Embora toda pessoa possa estar 
em juízo, não importando a sua idade ou estado 
civil, somente têm capacidade processual 
aquelas que possuem a chamada capacidade 
de exercício ou de fato . Em outras palavras, 
capacidade processual é a capacidade para 
exercitar os direitos atuando processualmente, 
e não apenas figurar como parte no processo. 
Capacidade civil é a aptidão da pessoa para 
exercer direitos e assumir obrigações. Em 
outras palavras, trata-se de capacidade jurídica, 
ou capacidade de gozo, regulada pelo direito 
civil. Assim, todo homem é capaz de direitos e 
deveres processuais, isto é, de ser sujeito da 
relação processual, e, pois, tem capacidade de 
ser parte. (v.g. arts. 1º ao 5º do CC/02 e 8º do 
CPC). 
Capacidade postulatória ou técnica é a aptidão 
para promover ações judiciais, elaborar defesas 
e praticar outros atos processuais. Não deve ser 
confundida com a capacidade processual, que, 
como já se disse, é aptidão para estar em juízo. 
Sótêm capacidade postulatória, segundo o art. 
36 do CPC e o art. 8 da Lei nº8.906/94 (EA), o 
bacharel em Direito regularmente inscrito no 
quadro de advogados da Ordem dos 
Advogados do Brasil (OAB) e o Ministério 
Público, nos casos expressamente autorizados 
pela lei (art. 81, CPC). 
Como visto, diferencia-se capacidade civil da 
capacidade postulatória, uma vez que esta é a 
capacidade de pleitear em juízo os seus 
direitos, através de seu representante legal. 
Enquanto aquela é a aptidão que a pessoa tem 
de gozar de seus direitos civis, a partir do 
nascimento com vida, vez que já podem figurar 
como sujeito ativo e passivo de obrigações.

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