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Jurisdição e princípios (1)

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JURISDIÇÃO E PRINCÍPIOS
Jurisdição
		É a função atribuída ao Estado, de eliminar o conflito estabelecido entre as partes (jurisdição contenciosa) ou os interessados (jurisdição voluntária) de uma relação jurídica.
		A atuação da jurisdição que ocorre através do processo, preordenado segundo as regras do procedimento, que é a forma e a ordem para a prática de atos no curso do processo. 
O processo civil
Aplica-se:
no campo dos direitos disponíveis, especialmente em matéria obrigacional ou mesmo real, entre interesses privados.
Trata também de pretensões que a própria ordem jurídica exclui que sejam satisfeitas por ato do sujeito envolvido (p.ex., a anulação de casamento) e, de modo geral, direitos indisponíveis. 
ESCOPOS DA JURISDIÇÃO
Objetivo jurídico, social, educacional e político.
Jurídico: aplicação das normas do direito. Resolver a LIDE jurídica;
Social: a busca da pacificação social e a eliminação da beligerância;
Educacional: estabelecer os direitos e deveres dos cidadãos;
Político: fortalecer o Estado, proteção dos direitos fundamentais, incentivar a participação social na tomada das decisões que afetam os direitos difusos, por exemplo a ação popular para defender o patrimônio público...
CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO
CARÁTER SUBSTITUTIVO;
LIDE;
INÉRCIA;
DEFINITIVIDADE.
CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO
		1) CARÁTER SUBSTITUTIVO: a jurisdição substitui a vontade das partes pela vontade da lei;
Exemplo: contrato de empréstimo inadimplido. A jurisdição substitui a vontade do devedor em não pagar, pela vontade da lei que é a efetivação do pagamento.
Caso de divórcio consensual onde há filho menor não há esse caráter substitutivo, pois há consenso;
CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO
2) LIDE: Carnelutti = lide é o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida. 
	É o choque de interesses. 
	A jurisdição busca a solução justa da lide. Mas a existência de LIDE não é fundamental para a jurisdição, pois há hipóteses de intervenção jurisdicional mesmo quando não há pretensão resistida. 
Ex: divórcio consensual, retificação assento de nascimento, etc... Não há pretensão resistida, mas há insatisfação jurídica, ou disposição de lei.
BEM DA VIDA 
		“Bem da vida” são todas as coisas, situações ou mesmo pessoas que de algum modo possam ser objeto de aspirações e de direitos. 
		As coisas são bens materiais (móveis, imóveis), mas há situações relevantes para o direito que são bens imateriais (a liberdade ou o estado de casado).
		As pessoas podem ser objeto de uma relação jurídica, p.ex: quando se trata do poder familiar ou a guarda. 
CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO
3) INÉRCIA: a movimentação inicial da jurisdição está condicionada à provocação do interessado (princípio da demanda). 
O juiz não poderá iniciar o processo de “ofício”. Ele precisa ser provocado. Exceto nos casos expressos em lei: como o art. 989, 1129, 1142, 1160 do CPC e art. 878 da CLT;
Art. 460 CPC – congruência: lide será definida nos limites propostos pelo autor ou pelo réu em caso de reconvenção ou pedido contraposto.
**Impulso oficial: art. 262 CPC. Processo inicia pela provocação da parte e segue através de impulso oficial.
Motivos que justificam a inércia da jurisdição:
Juiz não deve transformar um conflito jurídico em conflito social;
Sacrifício dos meios alternativos de solução de conflitos;
Imparcialidade do juiz.
CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO
4) DEFINITIVIDADE: a solução do conflito pela via jurisdicional é a única que se torna definitiva e imutável. 
	A decisão judicial deve ser respeitada por todos: partes, Juiz, Poder Judiciário e os demais Poderes.
	A definitividade é chamada de “coisa julgada material”.
Jurisdição UNA e INDIVISÍVEL
		A decisão de um juiz investido de poder jurisdicional deve ser reconhecida em todo o território nacional.
		Porém, existe certa diferenciação entre os órgãos prestadores da jurisdição para a melhor distribuição do serviço judiciário.
	
Solução impositiva dos conflitos
A jurisdição é conduzida por obra de agentes específicos que são os juízes (...) e seus auxiliares e, mediante o exercício do poder estatal. 
A jurisdição consiste na capacidade de decidir e “impor” decisões – o juiz decide o conflito aplicando a lei, dentro de critérios valorativos e produz resultados práticos até mesmo mediante emprego da força se for necessário. 
Efetividade do processo
No processo civil moderno ressaltam-se os poderes do juiz, endereçados a fazer cumprir rigorosamente as suas decisões.
A efetividade do processo é um dos temas de maior destaque no processo civil. (tempestividade e satisfação).
Princípios FUNDAMENTAIS do Direito Processual
Os princípios constituem aquelas regras genéricas que norteiam o funcionamento do Direito Processual.
		Muitos dos princípios fundamentais ou gerais, têm estatura constitucional e outros, de menor envergadura, têm fundamento infraconstitucional.
Investidura
O Poder Judiciário é inanimado; Precisa escolher sujeitos para representar a figura do juiz de direito;
O juiz de direito é investido na função jurisdicional;
No Brasil, são duas as formas admitidas para ingresso na função jurisdicional: concurso publico (art. 93,I, da CF) e indicação pelo Poder Executivo, por meio do quinto constitucional (art. 94 da CF).
Territorialidade – aderência ao território
O juiz devidamente investido de jurisdição só poderá exercê-la dentro do território nacional, face a soberania do Estado brasileiro, que limita-se ao seu próprio território. 
Juiz de direito tem jurisdição em todo o Brasil;
Território grande, para maior funcionalidade dividiu-se em jurisdição estadual e federal (justiça especializada), segundo regras de competência territorial.
Territorialidade
As regras de competência territorial definirão um determinado território, ou seja:
- Foro/comarca (na Justiça Estadual) e
- Seção Judiciária na Justiça Federal;
A atuação jurisdicional só será legítima dentro desses limites territoriais. 
Sempre que for necessária a prática de ato processual fora de tais limites, o juízo deverá se utilizar da carta precatória (dentro do território nacional) e de carta rogatória (fora do território nacional);
territorialidade
Há exceções a esse princípio, como a citação pelo correio, por exemplo...
O NCPC mantém essa sistemática, incluindo uma série de providências que podem ser tomadas através do processo eletrônico, o que flexibiliza o princípio da territorialidade.
Indelegabilidade
 O Poder Judiciário tem a função jurisdicional majoritária porque a CF/88 estabeleceu;
Não pode delegar a outro poder a mesma função jurisdicional;
Mas o Poder Executivo e o Legislativo, excepcionalmente podem executar atos tipicamente judiciários como 
 
Inevitabilidade
Ninguém é obrigado a ingressar com ação judicial contra sua vontade;
Mas, uma vez integrada a relação jurídica processual, ninguém poderá, por sua própria vontade, se negar a esse “chamado jurisdicional”. A vinculação é automática, não dependendo de qualquer concordância do sujeito, ou mesmo de acordo entre as partes para se vincularem ao processo e se sujeitarem à decisão.
Há um “estado de sujeição”.
Princípios Constitucionais aplicáveis ao dir. processual civil
ISONOMIA – art. 5º., caput e inciso I CF/88
	É a possibilidade de garantir às partes tratamento igualitário no processo.
		Art. 5º. - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
		 I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
Isonomia – art. 125, I , CPC
Essa isonomia tem como base: tratar de forma igual os iguais e de forma desigual os desiguais, de modo que a igualdade não seja apenas formal, mas também substancial. 
Logo, não são inconstitucionais as normas que garantem mais proteção à mulher ou aos hipossuficientes. 
Caso isso não
fosse estabelecido a igualdade seria meramente formal e não efetiva. 
Exemplos – isonomia processual
“Artigo 8º. - Os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da lei civil” 
 “Artigo 9º. - O juiz dará curador especial:
 I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste colidirem com os daquele; 
II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa ”.
Princípio do contraditório e ampla defesa
Art. 5º., LV, CF.
Representa a própria essência do Processo.
		No Processo Civil representa a ciência obrigatória de todos os atos do processo com a reação possível da partes. 
		O contraditório é garantido através da citação, intimação...
Contraditório e direitos disponíveis e indisponíveis
Tratando-se de Direitos Disponíveis (demanda entre pessoas maiores, capazes, sem relevância para a ordem pública) o processo prossegue mesmo sem a presença do réu. 
Sendo o Direito Indisponível o contraditório precisa ser efetivo: mesmo o réu revel receberá um defensor. 
Princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional
Art. 5º., XXXV da CF, proíbe a lei de excluir da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito.
O acesso à justiça é garantido por meio do exercício do direito de ação.
Esse princípio sofre as limitações típicas das regras processuais, na medida em que não basta ingressar com a ação em juízo para sair vencedor. 
Princípio da imparcialidade do juiz
O juiz não pode favorecer uma das partes no processo. 
O legislador estabeleceu uma série de razões segundo as quais o juiz deve declarar-se incapacitado para prosseguir um processo (parentesco, interesse na lide, art. 134, 135 CPC, etc).
 Não se deve confundir a imparcialidade do juiz com a neutralidade do juiz. Esta é entendida como a não participação do juiz no processo, como o pouco interesse no resultado, seja ele qual for.
A imparcialidade e o juiz natural
		A Constituição de 1988 criou a figura do Juiz Natural, que é aquele que preexiste ao surgimento do litígio, evitando assim o aparecimento de tribunais de exceção, como está previsto no Artigo 5°, inciso XXXVII: “não haverá juízo ou tribunal de exceção”. 
Isso impede que as partes “escolham o juiz” que irá apreciar seu processo. 
A noção de Juiz Natural também está clara no Artigo 92, onde são relacionados os órgãos competentes para exercer funções jurisdicionais:
 “São órgãos do Poder Judiciário: 
 I - o Supremo Tribunal Federal; 
 II - o Superior Tribunal de Justiça; 
 III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; 
 IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; 
 V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; 
 VI - os Tribunais e Juízes Militares; 
 VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. 
Também são garantias as do art. 95 CF
“I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado; 
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público;
 III - irredutibilidade de vencimentos, observado, quanto à remuneração”. 
Princípio da publicidade dos atos processuais
Art. 5º, LX, CF/88; Art. 93, IX CF
Só a lei poderá restringir a publicidade dos atos processuais para proteção da intimidade ou por interesse social. 
A regra é que todos os julgamentos do Poder Judiciário sejam públicos. Art. 155 CPC.
A exceção é a publicidade restrita. 
Princípio do duplo grau de jurisdição
Nenhum ato estatal pode ficar sem controle;
Os tribunais existem para julgar recursos contra atos de outro órgão jurisdicional. 
Isso assegura e imbui o juiz de maior responsabilidade.
Como regra, o duplo grau de jurisdição implica provocação da parte, à exceção do reexame necessário. 
Princípio do devido processo legal
É o princípio basilar por excelência;
Art. 5º., LIV: ninguém será privado da liberdade ou de seus bens, sem o devido processo. 
A CF/88 respeita a liberdade e o patrimônio dos indivíduos e garante o julgamento justo, com todas as possibilidades de defesa.
Princípio da duração razoável do processo
Art. 5º., LXXVIII, CF/88;
Há preocupação do legislador constitucional com a demora no julgamento dos processos;
A ideia é maior resultado possível, com máxima economia de esforços, despesas e tempo. 
Exemplos: as tutelas de urgência, solução concentrada em casos idênticos, as súmulas vinculantes, o processo eletrônico...
Princípios infraconstitucionais
Princípio Dispositivo: A jurisdição é inerte, mas uma vez provocado, o juiz atua ativamente especialmente quanto à produção das provas par formar seu convencimento.
Art. 130 CPC
Princípios infraconstitucionais
Persuasão racional ou livre convencimento motivado: 
Valoração da prova: 
Prova legal; Art. 366 CPC;
Livre convencimento: julgador não precisa justificar sua decisão, podendo julgar de acordo com sua consciência;
Livre convencimento motivado: a decisão é tomada com base na livre apreciação da prova produzida no processo, mas demonstrando os motivos que formaram seu convencimento. Art. 131 CPC.
Princípios infraconstitucionais
Oralidade: A forma oral pura não é adotada no Brasil, pois se exige-se a documentação dos atos, ainda que em audiência os requerimentos sejam orais.
Imediação: juiz colhe diretamente a prova;
Identidade física do juiz: aquele que colheu a prova, deve julgar o processo. Poderá resultar a nulidade da sentença. Art. 132 CPC
Os juizados especiais (Lei 9099/95)observam com mais rigor o princípio da oralidade

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