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Resumo Processo Penal Nestor Tavora 2

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INTENSIVO 2
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
NESTOR TÁVORA
AULA 01 – 23/01/14
Bibliografia indicada: Manual de processo penal – Ed. RT – Guilherme Nucci; Manual de processo penal – Ed. Método/Gens – Noberto Avena; Curso de processo penal – Ed. Juspodium – Nestor Távora
CAPÍTULO 1. QUESTÕES E PROCEDIMENTOS INCIDENTAIS
1. Considerações iniciais
1.1. Conceito
	São as intercorrências processuais e eventualmente meritórias apresentadas no transcorrer da persecução penal e que deverão ser resolvidas para que o juiz possa atacar o mérito principal da demanda. 
	Conclusão: Segundo Frederico Marques elas nada mais são do que questões prévias, e que antecedem, por um critério lógico e jurídico, o mérito principal da demanda. 
1.2. Enquadramento normativo
Quando a questão prévia está vinculada ao mérito da demanda, ela é chamada e questão prejudicial (arts. 92 e 93, CPP)
Quando a questão prévia é de natureza processual, ela ganha a referência de procedimento incidental.
	Distribuição do procedimento incidental: 
Exceções (arts. 95 a 111, CPP);
Conflito de jurisdição (art. 113 a 117, CPP);
Restituição de coisas apreendidas (art. 118 a 124, CPP);
Medidas assecuratórias (art. 125 a 148, CPP);
Incidente de falsidade documental (art. 145 a 147, CPP);
Incidente de insanidade mental (art. 149 a 154, CPP). 
	Advertência: Segundo Eugênio Pacelli os procedimentos incidentais, quanto a sua finalidade e estrutura podem ser assim distribuídos:
Questões tipicamente preliminares: exceções e conflito de jurisdição.
Questões acautelatórias de natureza patrimonial: medidas assecuratórias (arresto, sequestro, hipoteca) e restituição de coisas apreendidas.
Questões tipicamente probatórias: incidente de falsidade documental e incidente de insanidade mental. 
2. Questões prejudiciais
2.1. Conceito 
	Segundo Paulo Rangel, questão prejudicial é aquela intimamente ligada ao mérito, e que deverá ser resolvida, para que, só então, o magistrado possa sentenciar a causa, condenando ou absolvendo o réu. Ex.: validade do casamento para a procedência ou não da imputação pela bigamia (é questão prejudicial). 
	Imputação pela bigamia = Questão prejudicada, que nada mais é que o mérito principal da demanda.
2.2 Natureza jurídica
1ª posição: Denilson Feitosa Para ele, a prejudicial nada mais é do que uma elementar do tipo penal, já que ela poderá ocasionar a atipicidade da conduta em face da questão prejudicada. É minoritária
2ª posição: Tourinho Filho Para ele, as prejudiciais inauguram uma forma de conexão, pois a matéria é interligada ao mérito principal da demanda (art. 76, CPP), e pode ser objeto de um processo autônomo. É posição majoritária. 
2.3. Características
Anterioridade Deve o magistrado primeiramente resolver a prejudicial, para na sequência atacar o mérito principal. 
Essencialidade/interdependência/necessariedade Para que a prejudicial tenha esse status com as consequentes intercorrências processuais, é necessário que ela impacte na própria tipicidade da conduta. 
Autonomia Atualmente as questões prejudiciais disciplinadas nos artigos 92 e 93 do CPP, podem deflagrar processo autônomo na esfera extrapenal. 
2.4. Prejudiciais X preliminares
	PREJUDICIAIS
	PRELIMINARES
	Estão diretamente vinculadas ao direito material.
Elas importam no reconhecimento da própria responsabilidade criminal, em razão da tipicidade ou não da conduta.
Elas são dotadas de autonomia, pois podem ensejar a deflagração de um processo autônomo. 
Elas, uma vez resolvidas, permitem que o mérito principal seja apreciado.
	Estão intimamente ligadas ao direito processual. 
Ordinariamente, as preliminares atacam questões processuais vinculadas às condições da ação ou aos pressupostos processuais. Só excepcionalmente as preliminares dirão respeito ao mérito acidental quando abordem a extinção da punibilidade (art. 107, CP).
Elas não gozam de autonomia, e são resolvidas no juízo penal. 
O reconhecimento da preliminar leva a nulidade processual ou a extinção da punibilidade, e o juiz não adentra ao mérito principal da demanda.
2.5. Classificação
Quanto à natureza 
Homogênea, prejudicial comum ou prejudicial imperfeita É aquela que integra o mesmo ramo do direito da questão prejudicada. Ex.: exceção de verdade apresentada pela defesa do crime de calúnia.
Advertência: elas são imperfeitas pela ausência de disciplina no CPP. 
Heterogênea, prejudicial jurisdicional ou prejudicial perfeita É aquela que versa sobre ramo do direito distinto da questão prejudicada. Ex.: validade do casamento para o reconhecimento da imputação da bigamia. 
Advertência: ela é chamada de perfeita pelo seu tratamento nos arts. 92 e 93 CC. 
Quanto à competência
Questão prejudicial não devolutiva É aquela que será resolvida no próprio processo penal. 
Advertência: percebe-se que o principal exemplo são as prejudiciais homogêneas, que serão resolvidas na própria esfera penal. 
Questão prejudicial devolutiva É aquela onde o juiz criminal remete a matéria para solução na esfera extrapenal. 
Advertência: O principal exemplo são as prejudiciais heterogêneas. 
Quanto aos efeitos: 
Necessária ou em sentido estrito É aquela que importa na paralisação do processo criminal para solução na esfera extrapenal. Ex.: prejudicial que diz respeito ao estado civil das pessoas. 
Não necessária ou facultativa É aquela que pode importar na paralisação do processo criminal para sua solução na esfera extrapenal. Ex.: aquela que aborde questão cível distinta do estado civil das pessoas, é o caso de propriedade, por exemplo. 
Quanto ao grau de influência na questão prejudicada:
Total É aquela que pode levar à absoluta atipicidade da conduta, e por consequência, não haverá responsabilidade criminal. Atinge o núcleo do tipo. 
Parcial É aquela que limita a responsabilidade criminal, atingindo qualificadoras e eventuais causas de aumento de pena. 
2.6. Sistemas
Sistema da cognição incidental ou sistema do predomínio da jurisdição penal Por ele, o juiz penal sempre será competente para apreciar a prejudicial, mesmo que a matéria seja extrapenal. Não é adotado no Brasil. 
Vantagem: celeridade. 		Desvantagem: violação às regras constitucionais de competência. 
Sistema da prejudicialidade obrigatória Por ele, o juiz criminal não será competente para apreciar prejudicial da esfera cível. 
Vantagem: respeito às regras constitucionais de competência.
Desvantagem: dificuldade do respeito à celeridade. 
Sistema da prejudicialidade facultativa Por ele, o juiz criminal poderá ou não remeter a prejudicial para a esfera extrapenal. 
Sistema misto ou eclético Ele resulta da fusão entre a prejudicialidade obrigatória e facultativa, sendo que no Brasil ele se apresenta da seguinte maneira:
Nas hipóteses do estado civil das pessoas teremos verdadeira prejudicialidade absoluta (o juiz tem que remeter para o cível);
Nas demais hipóteses extrapenais, distintas do estado civil das pessoas, estaremos diante de prejudicialidade facultativa (haverá ou não remessa). 
2.7. Questão prejudicial devolutiva absoluta (obrigatória) – art. 92, CPP
	Segundo Paulo Rangel, é aquela que diz respeito ao estado civil das pessoas, e sendo séria e fundada, importará na suspensão do processo criminal para sua solução na esfera cível. 
	Pressupostos: 
Está ligada a própria existência do crime, impactando na tipicidade;
É necessário que ela seja séria e que exista fundamento (precisa de plausibilidade e verossimilhança); 
Discussão sobre o estado civil das pessoas. Segundo o STF o estado civil merece interpretação restritiva, contemplando casamento, paternidade, filiação e idade (STF, HC 77278).
	Consequências: 
Esta decisão interlocutória simples importa na suspensão do processo criminal e do prazo prescricional (art. 116, I, CP) para a solução da prejudicial no cível.
O processo criminal e a suspensão da prescrição perduram até o trânsito em julgado da sentença cível que solucionar a prejudicial. 
Produção probatória: aqui o juiz está autorizado antes da suspensãoou no curso dela a determinar a oitiva de testemunhas e a produção antecipada de provas (art. 92, CPP). Situação distinta é aquela proposta pela súmula 455, STJ, que limita a produção probatória ocorrida durante suspensão do processo em virtude da citação popular por edital (art. 366, CPP). 
Existência prévia de processo cível: não é necessária a prévia existência da ação civil para que ocorra a suspensão do processo penal. 
Atuação do MP: caberá ao MP, nas ações públicas, intervir na ação cível ou até mesmo fora da sua legitimidade ordinária. 
Sistema recursal: Se o magistrado suspender o processo em virtude da prejudicial, caberá recurso em sentido estrito (art. 581, XVI CPP). Por sua vez, se o juiz denegar a suspensão, caberá correição parcial por tumulto no procedimento, sem prejuízo do MS por parte da acusação ou do habeas corpus por parte defesa. 
Vinculação temática: a decisão do cível vincula o juiz penal, que não poderá dela se dissociar. 
2.8. Questão prejudicial devolutiva facultativa (relativa) – art. 93, CPP
	Segundo Paulo Rangel, é aquela que diz respeito à matéria extrapenal distinta do estado civil das pessoas, tem que ser séria, fundada e de difícil solução, e poderá ocasionar a suspensão do processo criminal para que seja dirimido.
	Pressupostos:	
Ela está diretamente vinculada à caracterização da imputação, podendo levar ou não a atipicidade da conduta;
Ela trata de matéria distinta do estado civil das pessoas;
É necessária que ela seja séria, fundada e de difícil solução;
Não pode haver, no cível, limitação à liberdade de produzir prova quanto àquela matéria. 
Para paralisação do processo é necessário a prévia existência de ação cível versando sobre a as questões prejudiciais.
	Consequências:
Havendo a suspensão do processo, esta decisão interlocutória também suspende a prescrição (art. 116, I, CP);
Sistema recursal: é o mesmo da prejudicial obrigatória;
Produção probatória: Nesta hipótese a oitiva das testemunhas e a colheita probatória devem anteceder a suspensão do processo;
Atuação do MP: deve o promotor, nas ações públicas, intervir no processo cível para ajudar a impulsioná-lo, mesmo fora da sua legitimidade ordinária. 
Tempo de suspensão: o juiz criminal fixará prazo onde aguardará que a sentença cível seja proferida (não é necessário trânsito em julgado). Superado o prazo sem a sentença cível, ele poderá adotar as seguintes medidas: 
Prorrogar o prazo; 
Poderá, contudo, retomar o processo criminal, julgando a causa e decidindo incidentalmente a prejudicial. 
 Advertência: a resolução incidental da prejudicial pelo juiz criminal não estará acobertada pela coisa julgada material.
Vinculação temática: o juiz criminal estará vinculado ao que for decidido no cível, mesmo que a decisão ainda não tenha transitado em julgado. 
Advertência: se o juiz criminal resolve a questão prejudicial incidentalmente e posteriormente sobrevém sentença cível contraditória, em tese, caberá revisão criminal em favor do réu, pois não existe revisão criminal pro sociedade (art. 621, CPP). 
	AULA 02 – 27/01/14
Advertência: Princípio da suficiência da ação penal Por ele, reconhecemos que, de maneira eventual, a ação penal terá aptidão para resolver também a questão prejudicial heterogênea (art. 93, CPP). 
3. Exceções
3.1. Conceito
	É o procedimento incidental que almeja discutir a ausência das condições da ação e dos pressupostos processuais, sendo que, para que não ocorra tumulto no processo principal, ele será apreciado em autos apartados. 
OBS.: Exceção X Objeção Segundo Marcellus Polastri Lima, as exceções, no aspecto restrito, se caracterizam como matéria defensiva, não cognoscível de ofício. Já as objeções são reconhecíveis de ofício pelo magistrado. 
Crítica: atualmente, o art. 95, CPP, não acatou a diferenciação doutrinária, já que as matérias lá tratadas como exceções em verdade são objeções. 
Conclusão: Na prova prática da Defensoria Pública ou eventualmente do MP, as matérias veiculadas no art. 95, CPP, por serem de ordem pública, podem ser apresentadas como preliminar de um memorial ou da resposta escrita à acusação. 
3.2. Enquadramento
Suspeição/Impedimento/Incompatibilidade 
Incompetência
Litispendência
Coisa julgada
Ilegitimidade de parte
3.3. Classificação 
3.3.1. Quanto à natureza
Exceção processual É aquela que tem por objeto matéria nitidamente processual, ensejando, de regra, um procedimento incidental (art. 95, CPP). 
Exceção material É aquela que trata do próprio mérito da causa. Ela se divide em dois tipos:
Direta É aquela que promove uma defesa direta de mérito, tratando da negativa de autoria, inexistência do fato, excludentes de tipicidade, de ilicitude e de culpabilidade. 
Indireta É aquela que promove a defesa indireta do mérito sob a alegação da extinção da punibilidade (art. 107, CP). 
3.3.2. Quanto aos efeitos
Dilatória É aquela que vai procrastinar a evolução do procedimento, mas não compromete o julgamento do mérito. Ex.: suspeição/impedimento/incompatibilidade, também a exceção de incompetência (tanto absoluta quanto relativa).
Peremptória É aquela que importa na extinção do feito sem julgamento de mérito, comprometendo a manutenção do processo. Ex.: litispendência, coisa julgada.
	 Ilegitimidade ad causam – peremptória
	 Ilegitimidade ad processum – dilatória
OBS.: Sendo a ilegitimidade ad causam, estaremos diante de uma condição da ação, com extinção do processo sem julgamento de mérito, logo, é uma exceção peremptória. Por outro lado, havendo ilegitimidade ad processum, estaremos diante de um pressuposto processual, e os atos praticados podem ser ratificados, com a convalidação do vício (art. 568, CPP), logo é uma exceção dilatória. 
3.3.3. Quanto ao processamento
Interna É aquela resolvida no bojo do processo principal. É excepcional. 
Instrumental É aquela que enseja a formação de autos apartados para não tumultuar o andamento do processo principal. É a regra consolidada no art. 111, CPP c/c art. 95, CP. 
3.4. Natureza jurídica
	São um procedimento incidental intimamente ligado a um direito público e subjetivo do agente, corolário do princípio constitucional da ampla defesa.
3.5. Exceção de suspeição/impedimento/incompatibilidade
3.5.1. Conceito É o procedimento incidental que almeja suscitar a quebra da imparcialidade da autoridade, como desdobramento do princípio do devido processo legal. 
3.5.2. Distinção: 
Suspeição Segundo Hélio Bastos Tornaghi, juiz suspeito é aquele que tem predileção por uma das partes do processo. De acordo com Mirabete, ele se deve em virtude de um fator externo ao processo.
Impedimento Ainda segundo Tornaghi, juiz impedido é aquele que tem interesse no resultado da demanda. Segundo Mirabete, este fator é interno ao processo. 
Incompatibilidade Como os arts. 252 e 254, CPP, não exauriram a matéria, resta reconhecer que aquelas hipóteses trazidas como fator de comprometimento e não trazidas em lei são eleitas como incompatíveis. 
Advertência: Enquadramento normativo: art. 252, CPP:
Impedimento Art. 252.  O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:
        I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito; Por interpretação constitucional, o inciso deve abranger também o companheiro ou a companheira. 
        II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha;
        III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão;
Os despachos de mero expediente não são fatos geradores de impedimento na hipótese do inciso III.
Se o juiz proferiu sentença, não está impedido futuramente de analisar a admissibilidade de eventual recurso, caso tenha sido promovido ao Tribunal. (ex.: proferi sentença quando juiz e me tornei desembargador – STF, HC 94.089).
Se o juiz já julgoudeterminado réu, nada impede que aprecie outro processo contra o mesmo indivíduo. STF: HC 83020. 
        IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.
Suspeição Art. 254.  O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes:
        I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
        II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
        III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes;
        IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
        V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
        VI - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.
A mera relação de cordialidade ou simpatia não funciona como fato gerador de suspeição.
O sentimento que funciona para comprometer subjetivamente tem que partir do juiz, e não das partes no processo. 
A parte que injuriar o magistrado, na expectativa de causar a suspeição, não poderá se valer deste argumento, já que ninguém pode se aproveitar da própria torpeza. 
No caso de sentimento de ira para com o advogado não foi tratado no art. 254, CPP, todavia, ele pode resvalar na incompatibilidade do magistrado (suspeição por foro íntimo). 
Incompatibilidade resolução CNJ nº 82, esta resolução exigia a comunicação reservada do teor da incompatibilidade à respectiva corregedoria, o STF, apreciando liminar em mandado de segurança (MS 28215) impetrado pela associação nacional dos magistrados, concedeu a ordem, afastando o teor da resolução 82, já que a matéria deve ser disciplinada por lei complementar e não por resolução. 
Conclusão: atualmente, segundo o STF, utilizaremos por analogia, o art. 135, CPC, para reger a incompatibilidade (HC 82798). 
3.5.3. Procedimento:
- Declaração de ofício (art. 97, CPP):
I. Estrutura:
O juiz vai declarar, por escrito nos autos, a respectiva situação jurídica;
Cabe ao juiz suspender o processo para que não sejam praticados atos inúteis;
O juiz vai determinar a intimação das partes;
Remessa dos autos ao substituto legal.
OBS.: Para o STJ, se além da malícia, houver dolo específico no reconhecimento de uma falsa causa haverá responsabilidade criminal por prevaricação. 
OBS.: Segundo Mirabete, se o substituto legal entender que o fundamento invocado é falacioso, poderá invocar conflito negativo de competência, já que o juiz declinante, na verdade, deseja se eximir de julgar a matéria. Esta solução não impede a provocação administrativa perante a corregedoria. 
- Oposição da exceção
OBS.: Antecedência lógica Esta exceção antecede as demais, salvo, se o fato gerador é superveniente ou se não era conhecido pelas partes. 
OBS.: A parte deve arguir a suspeição no primeiro momento em que se manifestar após o conhecimento, sob pena de preclusão. Crítica: Para Eugênio Pacelli esta preclusão é de pouca utilidade, afinal a parcialidade do juiz é fato gerador de nulidade absoluta, podendo ser arguida como preliminar de futura apelação. 
OBS.: Fase inquisitiva Como magistrado durante o inquérito pode autorizar medidas cautelares, a sua competência para o futuro processo já estaria fixada pela prevenção, logo, a exceção pode ser apresentada contra o juiz mesmo na fase investigativa. 
OBS.: A exceção de suspeição é apresentada contra a pessoa, e não contra o órgão, logo, o arguinte é tratado como excipiente e o arguido como excepto. 
I. Procedimento: 
O Juiz concorda com a arguição: haverá uma arguição por escrito. No júri, dentro da seção plenária, ela pode ser feita oralmente. Legitimidade: MP, advogado (são necessários poderes especiais), assistente de acusação. Contra: Mirabete, que é posição minoritária quanto à legitimidade do assistente de acusação. 
Autuação em apartado com a determinação da suspensão do processo.
OBS.: Por ausência de previsão legal, não haverá a suspensão da prescrição. 
OBS.: Esta petição autuada deve contar com as provas e documentos que demonstre a suspensão, além de eventuais testemunhas, estas em numero máximo de três (analogia ao art. 407, parágrafo único, CPC). 
Decisão acatando a arguição e determinando a remessa dos autos ao substituto legal. 
OBS.: Sistema recursal – o magistrado julga o incidente por meio de decisão interlocutória irrecorrível, afinal, não seria lógico que o tribunal pudesse reverter, em grau de recurso, o reconhecimento, judicial de parcialidade. Nada impede, contudo, que a corregedoria seja provocada. 
	Se o juiz discordar da arguição, o procedimento será o seguinte:
O Juiz discorda da arguição – vai ser por escrito, salvo sessão plenária do júri. 
Autuação em apartado – aqui, em regra, não haverá a paralisação do processo;
Resposta do juiz – em até 3 dias, acompanhada do manancial probatório que contraria a arguição de suspeição. 
Remessa ao tribunal para decisão:
d.1. Manifesta improcedência – Neste caso, o relator, no tribunal, poderá rejeitar liminarmente a arguição, e esta decisão monocrática desafia agravo regimental no prazo de cinco dias ao órgão colegiado competente para julgar a exceção. 
d.2. Havendo plausibilidade e relevância da arguição, as partes serão “citadas” marcando-se dia para julgamento. 
OBS.: Sistema recursal – quando o juiz de primeiro grau discorda da exceção, não há recurso para a espécie, afinal, ele remeterá o procedimento incidental para que o Tribunal julgue a exceção. Por sua vez, do acórdão para o tribunal julgando a exceção, é cabível recurso especial ao STJ, por ofensa à legislação federal ou recurso extraordinário ao STF, por ofensa à CF.
OBS.: Suspensão do processo em primeiro grau Se ambas as partes entendem que o juiz é suspeito, o relator da exceção no tribunal, pode determinar a paralisação do processo no primeiro grau pela potencial probabilidade de que o argumento seja verídico. 
OBS.: Má fé Se o excipiente estava de má fé na arguição, lhe será aplicada multa, que atualmente é inexequível por ausência de atualização monetária no CPP. Já se o juiz estava de má fé, pagará as custas deste procedimento incidental. 
3.5.4. Arguição contra o promotor/procurador da República
	O MP, segundo Aury Lopes Jr., é uma parte artificialmente criada pela constituição federal, de forma que podemos opor em prol da racionalidade persecutória e das suas funções constitucionais, a exceção de suspeição, impedimento e incompatibilidade, adaptando-se por simetria os fundamentos aplicáveis aos magistrados, no que houver compatibilidade. 
	Procedimento:
	Estrutura-se da seguinte forma:
Arguição por escrito;
Notificação do promotor (na esfera federal: procurador da república);
Manifestação em até 3 dias, com indicação de provas e testemunhas;
Decisão do juiz, e esta decisão é irrecorrível. E ai há dois vieses:
Improcedência da arguição, e ai o promotor permanece;
Procedência da arguição, ai haverá a remessa ao substituto legal do promotor afastado (art. 104, CPP c/c 258, CPP).
OBS.: Crítica: Segundo Elmir Duclerc, o art. 104, CPP, não tem respaldo constitucional, já que ofende o sistema acusatório e o princípio do promotor natural, pois o juiz não tem atribuição para afastá-lo da causa. 
Solução: Para ele, devemos invocar, diante da arguição o art. 28, CPP, remetendo os autos ao procurador geral. 
OBS.: Atualmente, o entendimento prevalente é de que a suspeição do promotor é fato gerador de mera irregularidade, já que o juiz funciona como contraponto. Por outro lado, o afastamento do promotor não impede que ele impetre mandado de segurança. 
	AULA 03 – 10/02/14
3.5.5. Exceção da autoridade policial 
	Considerações:
	De acordo com o art. 107, CPP não há exceção de suspeição ou impedimento em detrimento da autoridade policia.Todavia, se o delegado entendesse como tal, deverá afastar-se da condução do inquérito. 
Obs.: Segundo Guilherme Nucci, nada impede que o indiciado requeira o afastamento do delegado, podendo, inclusive, por analogia, apresentar recurso administrativo, endereçado ao chefe de polícia. 
3.5.6. Exceções dos serventuários/funcionários/peritos/interpretes
3.5.6.1. Referência normativa: Arts. 274, 279 e 280, CPP. 
3.5.6.2. Procedimento:
Arguição por escrito;
O juiz decidirá de plano, não havendo previsão de recurso; 
Obs.: Segundo Aury Lopes Jr. é de bom tom que o indivíduo seja ouvido, respeitando-se o contraditório.
Obs.: Consequências: a atuação do indivíduo pode gerar eventual nulidade do processo, a ser suscitado em preliminar de futura apelação. 
Obs.: Nada impede que o agente afastado impetre mandado de segurança para fazer valer o direito líquido e certo de manutenção da sua atribuição funcional. 
3.6. Exceção de incompetência 
3.6.1. Considerações iniciais
		Ratione materiae (em razão da matéria) – ABSOLUTA
Material 	Ratione loci (em razão do lugar) – RELATIVA 
		Ratione personae (em razão da pessoa) - ABSOLUTA
		Objeto do juízo – ABSOLUTA 
Funcional 	Fases do processo – ABSOLUTA 
		Graus de jurisdição – ABSOLUTA 
Conclusões:
Críticas: Para Aury Lopes Jr. não podemos transigir com o princípio do juiz natural no processo penal, e todas as hipóteses de fixação da competência são de natureza absoluta. Esta posição é minoritária, pois existe sim competência relativa, que é a territorial. 
O procedimento incidental de exceção pode contemplar não só a incompetência absoluta, como também a relativa. 
O STJ, na súmula 33, que data de 1991, afirma que a incompetência relativa não poderá ser reconhecida de ofício, surgindo, assim, na esfera penal as seguintes posições:
Para a doutrina majoritária (Fauzi Hassan) a incompetência relativa pode ser reconhecida de ofício antes da eventual preclusão, ou seja, até antes do momento para absolver o réu sumariamente (art. 397, CPP).
 O próprio STJ em decisão muito criticada (HC 95722) já deliberou que a súmula 33 também é aplicável à esfera penal. 
3.6.2. Procedimento
Arguição oral ou por escrito (a suspeição só pode ser escrita);
Formação de autos apartados para não tumultuar o andamento do processo principal;
Notificação da parte contrária para manifestação. 
Obs.: Se a parte contrária não é o MP, este deve ser ouvido na condição de custos legis. 
Decisão: * Improcedência da exceção – percebe-se que cabe ao próprio magistrado a análise da exceção, e neste caso, o processo permanece perante o mesmo juiz. 
		 * Procedência da exceção – neste caso, os autos do processo serão remetidos ao juízo competente. Advertência: de acordo com o art. 567, CPP, e na leitura da professora Ada Pellegrini, devemos fazer a seguinte distinção: se a incompetência é relativa (territorial) a hipótese é fato gerador de nulidade relativa, de forma que os atos decisórios serão reputados nulos e os instrutórios serão aproveitados perante o juízo competente. Se absoluta, todos os atos são imprestáveis e devem ser refeitos perante o juízo competente. 
Obs.: O STF, na súmula 706, ratifica esta distinção, reconhecendo que o vício nas regras de prevenção é fato gerador de nulidade relativa, pois permeia a competência territorial. 
3.6.3. Sistema recursal 
3.6.3.1. Reconhecimento ex officio da incompetência no bojo do processo principal – o recurso cabível é o recurso em sentido estrito, com base no inciso II, art. 581, CPP. 
3.6.3.2. Julgamento do procedimento incidental diante da exceção apresentada – há duas situações:
Procedência do procedimento incidental – recurso em sentido estrito, com base no inciso III, art. 581, CPP. 
Improcedência do procedimento incidental – esta decisão é irrecorrível, mas a parte prejudicada pode impetrar habeas corpus (atuação defensiva) ou mandado de segurança (atuação acusatória), sem prejuízo de alegarmos em preliminar de futura apelação a nulidade do processo. 
3.7. Exceção de ilegitimidade de parte
3.7.1. Considerações iniciais
Enquadramento: 
Ilegitimidade ad causam Segundo Alfredo Buzaid, ela nada mais é do que a pertinência subjetiva da ação, sendo fato gerador de nulidade absoluta; 
Ilegitimidade ad processum Ela nada mais é do que um pressuposto processual, e o vício existe no defeito de representação da parte, sendo fato gerador de nulidade relativa. 
3.7.2. Procedimento 
Arguição oral ou escrita; 
Formação de autos apartados;
Oitiva da parte contrária (se a parte contrária não é o MP, ele será ouvido como custos legis);
Atenção: O MP é SEMPRE ouvido na exceção, seja como parte contrária, seja como fiscal da lei. 
Decisão: * Procedência: Ilegitimidade ad causam – haverá nulidade absoluta do processo e a sua extinção sem julgamento de mérito. Nada impede que a parte legítima proponha uma nova demanda, em não havendo prescrição ou decadência. Ilegitimidade ad processum – os atos praticados sem a intervenção do representante legal poderão ser ratificados por ele, caso contrário, haverá declaração de nulidade e extinção do feito sem julgamento de mérito. 
	*Improcedência: o processo prosseguirá com a manutenção das partes originais. 
3.7.3. Sistemática recursal
O juiz, no curso do procedimento principal, pode reconhecer a ilegitimidade nas seguintes situações: 
Admissibilidade da inicial acusatória: o magistrado pode rejeitar a inicial, e esta decisão comporta recurso em sentido estrito (art. 395, II, CPP, c/c art. 581, I, CPP).
Dentro da persecução penal e já iniciado o processo, o juiz, de ofício, pode reconhecer a ilegitimidade e declarar a nulidade da instrução em decisão que comporta recurso em sentido estrito (art. 581, XIII, CPP). 
Julgamento do procedimento incidental em razão da exceção apresentada: 
Procedência: caberá recurso em sentido estrito (art. 581, III, CPP);
Improcedência: a decisão será irrecorrível, e a parte prejudicada pode se valer do habeas corpus (interesse defensivo) ou do mandado de segurança (interesse acusatório), sem prejuízo de arguir nulidade em preliminar de futura apelação. 
3.8. Exceção de litispendência
3.8.1. Considerações iniciais
3.8.1.1. Fundamento: almeja-se aqui evitar o bis in idem, de forma que não toleramos processos simultâneos com identidade de demanda contra o mesmo réu (mesma causa de pedir e mesma parte ré). 
Advertência: Segundo Jacinto Miranda Coutinho, o conceito de lide é inaplicável à esfera penal, pois aqui não temos conflito, e sim confluência de interesses, já que acusação e defesa almejam o justo provimento jurisdicional.
	Processo Civil
	Processo Penal
	Mesmas partes;
Mesma causa de pedir;
Mesmo pedido; 
	Mesmo réu, independente de quem propôs a demanda (não interessa quem está no polo ativo);
Mesma imputação, independente do artigo de lei utilizado para o enquadramento (imputar = atribuir algo a alguém, são os fatos atribuídos ao réu); 
No processo penal o mesmo pedido é indiferente, pois aqui teremos um pedido genérico de aplicação de sanção, que se caracteriza pela pena (nas condenações) e pela medida de segurança (nas absolvições impróprias).
3.8.2. Procedimento 
Arguição (oral ou escrita);
Formação de autos apartados; 
Oitiva da parte contrária (e do MP como custos legis, se for o caso);
Decisão: *Improcedência: O processo permanecerá incólume; *Procedência: extinção do processo principal sem julgamento de mérito, será extinto o processo mais novo. 
3.8.3. Sistema recursal
Se o juiz, no bojo do processo principal, reconhece a litispendência e extingue o feito sem julgamento de mérito por sentença, esta decisão comporta apelação (art. 593, II, CPP).
Julgamento do procedimento incidental instaurado em razão da exceção: 
*Procedente: caberá recurso em sentido estrito (art. 581, III, CPP); 
*Improcedente: não há recurso, e a parte prejudicada poderá impetrar habeas corpus ou MS conforme o interesse seja defensivo ou acusatório, sem prejuízo de suscitar nulidade em preliminar de futura apelação. 
3.9.Exceção de coisa julgada
3.9.1. Considerações iniciais
	Fundamentação: Almeja-se aqui evitar o bis in idem, com a rediscussão de imputação que já foi objeto de decisão apta a imputabilidade pela coisa julgada material. 
3.9.2. Classificação:
Formal Nela a imutabilidade está adstrita à relação processual onde a decisão foi proferida (imutabilidade intrínseca).
Material É aquela onde a imutabilidade é projetada para fora do procedimento em que a decisão foi proferida (imutabilidade extrínseca). 
Coisa soberanamente julgada É aquela extraída de decisões definitivas que não são passíveis de revisão criminal, como acontece com as decisões absolutórias próprias e com as decisões de extinção da punibilidade. 
Advertência: Para o STF, a decisão que declara a extinção da punibilidade com fundamento em atestado de óbito falso é inexistente, e, por consequência, não opera qualquer efeito. Logo, caberá ao magistrado retomar o processo, instruir a causa e proferir sentença (esta posição é majoritária). 
Obs.: Pressuposto lógico: A CJ material e a coisa soberanamente julgada pressupõem a existência de CJ formal. A imutabilidade extrínseca pressupõe a imutabilidade intrínseca. 
3.9.3. Limites objetivos da CJ:
	São aqueles que permeiam o fato imputado na inicial, trazendo as seguintes situações jurídicas relevantes: 
Os fatos acidentalmente resolvidos no processo criminal como ocorre eventualmente com as prejudiciais facultativas (art. 93,CPP), não estarão acobertados pela coisa julgada material.
Crime continuado – As condutas que não foram narradas na inicial não estarão acobertadas pela CJ material, logo, nada impede a deflagração de um novo processo, e, segundo o STJ, competirá ao juízo das execuções patrocinar a respectiva unificação de penas.
Concurso formal de crimes – Neste caso, os resultados lesivos não contemplados na inicial não estarão acobertados pela CJ material, logo, nada impede a deflagração de um novo processo, ressalvando-se apenas a hipótese de absolvição no primeiro processo pela manifesta inexistência do fato ou pelo reconhecimento de que o réu não contribuiu para o delito (art. 386, I e IV, CPP).
Crimes permanentes/crimes habituais – A oferta da inicial acusatória oferece um divisor de águas, e se ficar demonstrado que depois deste marco a permanência persistiu ou a continuidade delitiva se perpetuou caberá uma nova denúncia, pois esta situação jurídica não está acobertada pela CJ material (STF HC 103171). 
3.9.4. Limites subjetivos da CJ:
	São aqueles que abrangem os sujeitos da relação jurídica processual, destacando-se as seguintes situações jurídicas:
Absolvido como executor do crime;
O processo contempla parte dos réus;
Duas decisões (HC 101.131) – duplo julgamento pelo mesmo fato.
3.9.5. Procedimento
Arguição oral ou por escrito;
Autuação em autos apartados;
Notificação da parte contrária e do MP (custos legis) se for o caso; 
O juiz prolata a decisão de procedência ou de improcedência. 
3.9.6. Sistema recursal
	Da decisão que julgar procedente a exceção de coisa julgada caberá RESE (art. 581, III, CPP).
	Se for conhecida de ofício caberá apelação (art. 593, II, CPP).
	No caso de improcedência, não há recurso próprio, todavia, é admitido que se utilize HC ou alegar a matéria em preliminar de apelação. 
	AULA 04 – 20/02/14
CAPÍTULO 2. PROCEDIMENTOS
	Houve uma reforma em 2008 que introduziu novos artigos no CPP.
	Lei 11.689/08 (repaginou o júri) e lei 11.719/08 são as bases. 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1.1. Enquadramento terminológico
Procedimento – é uma sequência lógica de atos concatenados em lei e destinados à determinada finalidade (Scaranzi Fernandes).
Processo – é o procedimento em contraditório animado/enriquecido pela relação jurídica processual (Carnelluti), ou seja, entre o magistrado e as partes.
Rito – ele deriva de ritmo, e que nada mais é do que a amplitude assumida por determinado procedimento. 
Ação – segundo Ada Pelegrini, é o direito público subjetivo, constitucionalmente assegurado, de exigir do Estado-juiz a aplicação da lei ao caso concreto para solução da demanda penal. 
Crítica: (Ovídio Baptista) Para ele, a ação é o que fazemos para obter o direito a uma justa e adequada prestação jurisdicional dentro de um prazo razoável. 
1.2. Classificação dos procedimentos
Procedimento comum – ele pode assumir três ritos diferentes:
Rito ordinário; 
OBS.: O rito ordinário do procedimento comum é aplicado subsidiariamente para suprir eventuais lacunas nos demais ritos (art. 394, §5º, CPP). 
Rito sumário;
Rito sumaríssimo (por isso, os juizados especiais pertencem ao procedimento comum).
Procedimentos especiais:
Júri (11.689/08);
Tóxicos (11.343/06);
Ações originárias de Tribunal (8.038/90).
1.3. Escolha do rito no procedimento comum
	Regras para escolha do rito
	Antes da reforma 
	Após a reforma
	Ordinário 
	Crimes apenados com reclusão 
	Crimes com pena igual ou superior a quatro anos (pena ≥ 4 anos)
	Sumário 
	Crimes apenados com detenção
	Crimes com pena inferior a quatro anos (pena < 4 anos)
	Sumaríssimo (segue uma regra híbrida)
	Crimes com pena de até dois anos e para as contravenções penais.
	Crimes com pena de até dois anos e para as contravenções penais. Em se tratando de contravenções penais independe a quantidade de pena. 
	Atualmente (após a reforma) é levada em consideração a quantidade de pena máxima cominada em abstrato ao crime, e não mais a natureza da sanção penal (antes da reforma). 
	No juizado especial tem citação por edital? Não, ai se houver necessidade da citação por edital quando tiver no juizado, retira do juizado (sumaríssimo) e remete ao imediatamente superior (sumário). 
	Infrações de menor potencial ofensivo significa baixa repreensão penal, e não necessariamente baixa complexidade, a exemplo de alguns crimes ambientais. Ai neste caso pode requerer que os autos saiam do juizado e passem para o sumário. 
	Infração de menor potencial no âmbito doméstico segue o sumário, pois não se aplica a 9099/95, e sim a lei Maria da Penha. 
OBS.: O rito sumário funciona como “soldado de reserva” do rito sumaríssimo, recepcionando as infrações de menor potencial ofensivo que por força de lei, não vão tramitar no juizado. É o que ocorre quando a complexidade do fato impede a oferta oral da denúncia; é também o que ocorre quando o denunciado não é encontrado para ser citado pessoalmente (e precisa ser citado por edital); e é o que ocorre também nas infrações de menor potencial ofensivo no âmbito da violência doméstica, pois a Lei 9099/95 é inaplicável (art. 41, lei 11.340/06).
OBS.: Estatuto do idoso – aplicaremos o rito sumaríssimo para imprimir celeridade aos crimes com pena de até 4 anos, todavia, se o crime contra o idoso tem pena superior a dois anos, os institutos benéficos dos juizados como composição civil e transação penal não serão aplicados (art. 94, lei 10.741/03). 
OBS.: Quanto ao concurso de crimes e as causas de aumento e de diminuição de pena, seguiremos as seguintes regras interpretativas para definição do rito. 
Havendo concurso material, deveremos somar as penas máximas para encontrar o rito adequado. 
Havendo causa de aumento de pena, deveremos exasperar a pena máxima da fração máxima para chegarmos ao respectivo denominador. 
Crime com pena de 1 a 3 anos de detenção e causa de aumento de 1/3 a 2/3. Ai pega a pena de 3 anos e exaspera de 2/3, que vai dar 5 anos, e com essa causa de aumento sairia do sumário para o ordinário. 
Havendo causa de diminuição de pena, deveremos reduzir a pena máxima da fração mínima para encontrarmos o denominador. 
Crime com pena de 1 a 3 anos de detenção. Causa de diminuição de 1/3 a 2/3. Ai pega os 3 anos (pena máxima) e reduz da fração mínima(1/3). 3 anos – 1 ano = 2 anos. 
Regras de conexão e continência (art. 76 e 66, CPP) – neste caso vamos seguir as regras do foro prevalente, distribuídas no artigo 78, CPP, e que são sintetizadas da seguinte forma: 
Crime eleitoral prevalece sobre crime comum, e ai reúne tudona justiça eleitoral e segue o rito do código eleitoral;
Júri prevalece sobre demais crimes comuns, reúne tudo no júri, perante o rito especial. E mesmo que seja crime de menor potencial ofensivo, também vai para o júri. 
Jurisdição de maior hierarquia prevalece sobre jurisdição de menor hierarquia, crime do STF x crime que seria de juiz de 1º grau, e ai? Reúne tudo no tribunal e segue o rito da 8038/90. 
Crimes pertencentes a mesma justiça e de hierarquia jurisdicional similar – reúne tudo onde? Neste caso, reuniremos os delitos perante o órgão jurisdicional competente para apreciar o crime mais grave, e que por consequência terá o rito mais amplo. 
2. ESTRUTURA DO PROCEDIMENTO COMUM DE RITO ORDINÁRIO
1ª etapa: fase postulatória
	a) Oferta da inicial acusatória, seja ela denúncia ou queixa-crime
OBS.: O art. 41, CPP indica os requisitos formais da inicial acusatória e que integram o mapa de construção da peça. 
OBS.: Ação penal adesiva – é a possibilidade da formação de um litisconsórcio ativo facultativo entre o MP e o querelante, se houver conexão entre o crime de ação pública e outro de ação privada. 
Advertência: a nossa doutrina recomenda, nesta hipótese, que as ações sejam propostas separadamente para que não ocorra tumulto procedimental. 
Advertência: para Tourinho Filho, ela ainda compreende o exercício da ação civil ex delicto (art. 63 a 68, CPP) dentro da própria demanda penal para viabilizar o ressarcimento da vítima pelos danos causados pela infração em verdadeira pretensão adesiva. 
	b) Realização do juízo de admissibilidade 
b.1) Negativo – O juiz vai rejeitar a inicial acusatória. 
	Conceito: é a decisão judicial que denega início ao processo em razão da ausência dos requisitos legais de admissibilidade. 
	Natureza jurídica: é uma interlocutória mista terminativa. 
	Hipóteses: originariamente a matéria era tratada no art. 43, CPP, autorizando o afastamento da inicial por razões processuais e de mérito, quais sejam: 
Inicial rejeitada pela atipicidade do fato (é um argumento de mérito);
Extinção da punibilidade (mérito);
Ausência de condição da ação ou de pressuposto processual (processuais).
Advertência: Com o advento da lei 11.719/08, o art. 43, CPP foi expressamente revogado, e a rejeição da inicial atualmente é tratada no art. 395, CPP, que elenca tão somente argumentos processuais, quais sejam: 
Inépcia da inicial
OBS.: Segundo o STF (não há súmula, mas é entendimento consolidado), a inépcia se caracteriza por um defeito formal grave na inicial, que normalmente compromete a narrativa fática. Como paradigma de inépcia teremos a denúncia genérica (aquela que não estabelece a cota de participação de cada indivíduo no fato delituoso) e denúncia alternativa (levará à inépcia por imputar ao agente de maneira alternativa mais de um crime, inviabilizando, assim, o exercício concreto da defesa técnica). 
OBS.: Classificação da inépcia: 
Inépcia formal: é aquela ocasionada por um defeito na construção da inicial, normalmente comprometendo a narrativa dos fatos. 
Inépcia material: é aquela ocasionada pela ausência de lastro probatório dando sustentabilidade a inicial (ausência de justa causa). Crítica: atualmente a ausência de justa causa é tratada de maneira autônoma pelo inciso III, art. 395, CPP.
Ausência de condição da ação ou de pressuposto processual 
OBS.: Enquadramento:
	*Condições da ação (LIP): a) legitimidade ad causam; b) interesse de agir; c) possibilidade jurídica do pedido. 
	*Pressupostos processuais: 
Existência: existência de demanda veiculada na inicial, órgão jurisdicional com investidura, partes que possam estar em juízo.
Validade: inexistência de vícios procedimentais (regularidade formal), originalidade da demanda, ou seja, a ausência de litispendência ou de coisa julgada. 
Ausência de justa causa – segundo Afrânio Silva Jardim, é a necessidade de lastro probatório mínimo dando sustentabilidade a inicial, sob pena de a ação ser classificada como “temerária”. 
Advertência: de acordo com o entendimento prevalente na esfera penal, a justa causa é enquadrada como uma quarta condição da ação. A lei 11.719/08 migrou as hipóteses de mérito que justificavam a rejeição da inicial para o art. 397, CPP, que disciplina a absolvição sumária num verdadeiro julgamento antecipado do mérito, logo, pela literalidade da lei, o processo deve ser iniciado para que na sequência o réu seja absolvido. 
Crítica: segundo a doutrina (posição de Nestor também), os fundamentos de mérito continuam justificando a rejeição da inicial, e devem ser alocados dentro das condições da ação, mais precisamente no interesse de agir, afinal, quem merece ser absolvido não precisa ser processado. 
OBS.: Rejeição x Não recebimento da inicial – segundo Paulo Rangel, interpretando a época o art. 43, CPP, precisávamos distinguir a rejeição do não recebimento, de acordo com os seguintes parâmetros. 
	Rejeição
	Não recebimento
	Fundamento de mérito;
Aptidão para coisa julgada material;
Comportaria APELAÇÃO
	Fundamento processual;
Aptidão para coisa julgada formal;
Recurso em sentido estrito (RESE)
Crítica: atualmente a distinção perdeu o sentido, pois o art. 395, CPP, trata apenas de argumentos processuais e a rejeição e o não recebimento são conduzidos como expressões sinônimas. 
	Sistema recursal:
Regra geral: RESE, amparado pelo art. 581, I, CPP.
Exceção: juizados especiais criminais – caberá apelação (art. 82, 9099/95).
Advertência: De acordo com o entendimento sumular do STF (súmula 707), constitui nulidade absoluta a ausência de notificação da defesa para contra-arrazoar o recurso acusatório apresentado para combater a rejeição da inicial. 
b.2.) Positivo – A inicial será recebida
	Conceito: é o ato judicial que demarca a deflagração do processo por estarem presentes os respectivos requisitos de admissibilidade. 
	Consequências: 
Demarca o início do processo;
O mero suspeito vira réu;
Interrompe a prescrição; 
Fixar a prevenção. 
	Natureza jurídica: temos duas posições, atualmente:
Emir Duclerk: decisão interlocutória simples.
STF e STJ: é um despacho com conteúdo decisório (é um absurdo, pois um despacho não tem conteúdo decisório). É o que prepondera. 
	Para os tribunais superiores, este ato é um mero despacho com carga decisória em razão das consequências que lhe são inerentes. 
Conclusão: logo, este ato dispensa motivação, o que nos permite dizer que os tribunais aceitam o recebimento implícito da inicial. Despacho não cabe recurso, e ai faz o que?
	Este ato não comporta recurso, e a defesa pode impetrar habeas corpus, almejando trancar o processo (I, art. 648, CPP). 
	AULA 05 – 24/02/14
	
	c) Citação 
	Conceito: é o ato de comunicação processual que informa ao réu sobre o início do processo e o convoca a apresentar defesa. 
Advertência: para os demais atos do processo, o agente será intimado dos atos pretéritos ou notificado para exercer uma faculdade ou um dever. 
OBS.: Finalidades: a citação tem uma primeira finalidade que é a finalidade informativa, ela informa sobre o início do processo e uma segunda finalidade, que é a finalidade convocatória. 
OBS.: Vício: a citação viciada caracteriza o que conhecemos por circundunção (ou citação circunducta). 
Advertência: em que pese este vício ser fato gerador de nulidade absoluta, ela admite convalidação se a defesa comparecer e protocolizar a resposta escrita (art. 570, CPP).
OBS.: Regra de transição: antes da reforma promovida pelas leis 11.689/08 e 11.719/08, o réu era citado para ser interrogado. Com a reforma e em homenagem ao princípio da ampla defesa, o interrogatório foi deslocado topograficamente para o último ato de instrução. 
Conclusão: Atualmente, o réu é citado para se manifestar por escrito, apresentando resposta escrita à acusação (art. 396, e 396-A CPP).
Advertência: Na legislação extravagante, encontramos exemplos onde a citação continua convocando o réu para interrogatório. São eles: 
CPPM;
Tráfico de drogas (art. 57, lei de tóxicos – 11.343/06);Ações originárias de tribunal (porque tem foro por prerrogativa de função – art. 7º, lei 8038/90).
	Filtro: segundo o STF, tratando das ações originárias de tribunal, cabe ao judiciário promover a adequação ou adaptabilidade procedimental para que o interrogatório seja deslocado para o último ato de instrução (STF, AP 528). 
OBS.: O inciso VI do art. 352, CPP deve ser filtrado, afinal, o mandado citatório não mais fará referência a dia, hora e local para comparecimento. 
OBS.: Efeitos da citação:
	Citação civil (art. 219, CPC)
	Citação penal (art. 363, CPP)
	Vai angular a relação processual;
Torna prevento o juízo;
Faz litigiosa a coisa; 
Induz a litispendência; 
Interrompe a prescrição, mesmo quando determinada por órgão incompetente. 
	Vai angular (integrar) a relação processual;
A prevenção é gerada pelo recebimento da inicial ou pela tomada de medidas cautelares durante a investigação. 
A demanda se apresenta com o recebimento da inicial;
A litispendência penal pela duplicidade de demandas se caracteriza pelo recebimento da inicial.
A interrupção da prescrição na esfera penal é ocasionada pelo recebimento da inicial, exigindo-se órgão competente. 
	
	Modalidades de citação: 
Citação pessoal (citação real); 
Citação por edital (citação ficta); 
Citação por hora certa (citação ficta). 
OBS.: Na esfera penal não haverá citação por AR ou por e-mail, sob pena de nulidade absoluta (art. 6º, lei 11.419/06). 
CITAÇÃO PESSOAL – é uma forma de citação real, cumprida por oficial de justiça, que promoverá a leitura do mandado e entregará a contrafé. 
OBS.: Situações específicas:
Pessoa jurídica: ela será citada por meio de seu representante legal.
Inimputáveis: serão citados por intermédio do respectivo curador. 
	Requisitos da citação:
Extrínsecos – são aqueles inerentes ao próprio procedimento citatório (caso contrário haverá nulidade absoluta). São dois (art. 357, CPP): 
Leitura do mandado pelo oficial de justiça;
Declaração pelo oficial, na certidão, da entrega da contrafé e indicação da aceitação ou da recusa. 
Intrínsecos – são aqueles inerentes à própria construção do mandado, estando catalogados no art. 352, CPP. 
	Citação por precatória:
	Conceito: é aquela cabível quando o imputado está em comarca distinta daquela onde tramita o processo, não desvirtuando o enquadramento na citação pessoal (art. 354, CPP).
OBS.: Precatória itinerante: se o juiz deprecado perceber que o réu se encontra em outra comarca, de ofício, promoverá a remessa da carta, imprimindo, assim, a sua itinerância (art. 355, §1º, CPP). 
OBS.: Se o juiz deprecado constatar que o réu está se escondendo para não ser citado, determinará a devolução da carta para que o magistrado deprecante delibere quanto ao cabimento ou não da citação por hora certa (art. 355, §2º c/c 362, CPP). 
	Citação do militar: ela é feita por intermédio do respectivo superior hierárquico em respeito à hierarquia militar, e segundo Guilherme Nucci à inviolabilidade do quartel (art. 280, CPPM c/c art. 358, CPP). 
	Citação do funcionário público: ele será citado pessoalmente, e o oficial deve comunicar o chefe da respectiva repartição para que providencie a eventual substituição do funcionário em respectiva falta ao trabalho, homenageando o princípio da continuidade do serviço público (art. 359, CPP). 
	Citação do réu preso: ele será citado pessoalmente, e não por intermédio do diretor do estabelecimento prisional (art. 360, CPP). 
	Divergência:
Para o STJ (HC 162.339), interpretando a súmula 351, STF, haverá nulidade absoluta se o réu que está preso na mesma unidade federativa em que o juiz exerce as suas funções for citado por edital, o mesmo não ocorre se o réu está preso em Estado distinto. 
Segundo a doutrina (Elmir Duclerc), a citação pessoal do réu preso é necessária, mesmo quando recluso em outra unidade federativa. O desconhecimento do juiz não mais se justifica, notadamente pelo advento do cadastro nacional de prisões (art. 289-A, CPP). 
	Citação do réu no estrangeiro: se o réu está no estrangeiro em local sabido, será citado pessoalmente por meio de carta rogatória, sendo indiferente se o crime é afiançável ou inafiançável. Se o réu está no estrangeiro em local não sabido, será citado por edital. A expedição da carta importa na suspensão da prescrição (art. 368, CPP). 
	O art. 222-A, CPP, que trata da carta rogatória para oitiva da testemunha exigindo a imprescindibilidade do ato e que a parte arque com as custas, não se aplica à carta rogatória para citação. 
	Citação em legações estrangeiras: ela é promovida pro meio de carta rogatória, mas não haverá suspensão do prazo prescricional (art. 369, CPP). 
	Citação por meio de carta de ordem: nas ações originárias o tribunal pode delegar a tarefa ao magistrado que atua na localidade onde o réu reside, expedindo-se para tanto carta de ordem (art. 9º, §1º, lei 8038/90). 
CITAÇÃO POR EDITAL – ela se caracteriza como citação ficta e pautada na ausência de má-fé, já que o réu simplesmente não foi encontrado para ser citado pessoalmente. 
OBS.: Segundo o STF, na súmula 366, não haverá nulidade se o edital não transcreve o inteiro teor da inicial, se limitando a uma síntese ou a indicação de dispositivo. 
OBS.: Limitação: em homenagem à celeridade e a economia de atos, não haverá citação por edital nos juizados, restando a remessa dos autos ao rito sumário. 
	Hipóteses de citação por edital:
Quando o réu está em local incerto e não sabido (art. 361, CPP);
Advertência: Para o STF, a citação editalícia deve ser utilizada como última ratio, cabendo ao magistrado esgotar as diligências na esperança de encontrar o agente (STF, HC 88.548). 
Quando o acusado está em local inacessível; 
OBS.: Ela foi expressamente revogada pela lei 11.719/08 (inciso I, art. 363, CPP), todavia, continuaremos utilizando a citação editalícia para o caso, em analogia ao art. 231, II, CPC.
Advertência: Até 2008, se o réu estivesse se escondendo para não ser citado, caberia citação por edital, atualmente a hipótese é fato gerador de citação por hora certa. 
CITAÇÃO POR HORA CERTA – ela se caracteriza como modalidade de citação ficta, tendo cabimento quando se constata que o réu está se escondendo para não ser citado pessoalmente, e o procedimento é aquele adotado nos arts. 227 a 229, CPC. Há a má-fé. 
	Requisitos:
Comparecimento do oficial por três vezes no endereço apontado na inicial;
Suspeita de que o indivíduo está se escondendo para não ser citado.
	d) Apresentação da resposta escrita à acusação
	Conceito: É a peça defensiva que vai resistir aos termos da inicial acusatória, alimentando a esperança de que o réu seja absolvido no início do processo sem a necessidade de audiência de instrução e julgamento. Almeja-se a absolvição sumária do réu. 
	Prazo: 10 dias, contados da efetivação da citação (não importa o dia da junção aos autos do mandado devidamente cumprido). 
OBS.: Segundo o STF, na súmula 710, o prazo se inicia da efetiva citação, sendo indiferente a juntada aos autos do mandado cumprido. 
OBS.: Forma de contagem: o prazo é contado de acordo com o art. 798, CPP, e o primeiro dia será excluído e o último dia será computado, prorrogando-se em virtude de final de semana ou feriados. 
	Capacidade postulatória: é exigida sob pena de nulidade absoluta por ausência de defesa técnica (súm 523, STF). 
	Conteúdo: 
HORIZONTAL – significa a abrangência da peça (a quantidade de informação que será lançada ou não na peça).E pode ser:
Negativa geral; 
Completa: 
1º Preliminares: Processuais – fato gerador de nulidade, art. 564, CPP. 
Consequências: segundo a doutrina, o magistrado declarará nulos os atos praticados, o que inclui o próprio recebimento da inicial. Na sequência, proferirá uma decisão em substituição, rejeitando a denúncia. Para o STJ, esta situação caracteriza uma verdadeira retratação do recebimento da inicial por força da aplicação incidental do art. 395, CPP. 
	Mérito – causas de extinção da punibilidade (art. 107, CP). 
2º Teses que vão atacaro mérito principal. A defesa pode trazer as teses que justifiquem a absolvição sumária nos termos no art. 397, CPP. 
OBS.: Hipóteses:
Negativa de autoria;
Inexistência do fato;
Excludente de tipicidade;
Excludente de ilicitude; 
Excludente de culpabilidade.
Advertência: A inimputabilidade não autoriza a absolvição sumária no procedimento comum. 
3º Princípio da eventualidade – na resposta, a defesa indicará as diligências que pretende ver produzidas, caso seja marcada audiência de instrução e julgamento, sob pena de preclusão serão indicadas as testemunhas. 
Advertência: De acordo com a lei, as exceções (art. 95, CPP) serão apresentadas em peça separada, pois inaugura um procedimento incidental. Na segunda fase da Defensoria, nada impede que elas sejam sustentadas na preliminar da resposta escrita, salvo se o examinador requerer a construção de duas peças. 
VERTICAL – diz respeito à profundidade da peça. E ela pode ser construída de duas maneiras:
Superficial 
Profunda, com indicação de doutrina e jurisprudência. 
Obrigatoriedade da citação:
Esta peça necessariamente deve ser apresentada, pois funciona como verdadeira condição de prosseguibilidade para a evolução do procedimento, e a ausência de apresentação traz consequências distintas, a depender do tipo de citação.
 
	AULA 06 – 10/03/14
CAPÍTULO 3. JÚRI
Lei 11.689/08
1. Considerações
1.1. Origem histórica: 
Magna carta de 1215
Revolução francesa de 1789
1.2. Origem no Brasil 
	Surgiu em 1822, tendo a premissa para apreciar os crimes praticados pela imprensa. Em 1824 foi que ganhou respaldo legal, com a constituição do império. 
	Nas constituições republicanas, o júri teve acento em todas, salvo a de 1937 (a polaca, que foi a da ditadura na época de Getúlio Vargas).
1.3. Momento atual
	Art. 5º, XXXVIII, CF, foi colocado no pedestal de cláusula pétrea.
	O júri é um direito ou uma garantia fundamental? Segundo Guilherme Nucci o júri é assimila uma dúplice vertente quando enquadrado como clausula pétrea da seguinte maneira: 
É um direto fundamental. DF de participação popular na administração da justiça na condição de jurado.
É uma garantia fundamental. Garantia de ser julgado por pessoas comuns do povo quando da prática de crime doloso contra a vida. 
Advertência: Em que pese o júri ter tratamento do art. 5º da CF, é pacífico o entendimento de que ele integra o poder judiciário no âmbito da justiça comum, seja ela estadual ou federal. 
2. Princípios 
2.1. Plenitude de defesa
2.1.1. Conceito: Para Paulo Rangel, além dos argumentos técnicos, podem ser utilizados argumentos metajurídicos, já que os jurados são juízes leigos. 
Advertência: Para Gilmar Mendes, em posição minoritária, não há diferenciação estrutural entre a ampla e a plena defesa, e a matéria se subsume ao mero emprego da linguagem. 
2.1.2. Aplicação prática: No júri ganham ênfase os laudadores, também chamados de testemunhas de beatificação, que são as testemunhas que depõem sobre os antecedentes do réu.
2.1.3. Plenitude de defesa técnica: 
	Segundo o STF na súmula 523, a ausência de defesa técnica é fato gerador de nulidade absoluta, ao passo que a deficiência ocasionará nulidade relativa. Se o juiz perceber na seção plenária que o réu está indefeso, ele deve dissolver o conselho de sentença, remarcando a seção e oportunizando que o réu contrate novo advogado ou nomeando dativo (art. 497, V, CPP). 
	O réu pode apresentar a sua defesa no interrogatório, que pode ser distinta da apresentada pelo advogado nos debates orais. De todo modo, todas serão apreciadas pelos jurados na quesitação. 
2.2. Sigilo das votações
Conceito: Em virtude da segurança e da preservação da soberania, os jurados votam os quesitos sigilosamente, para que não ocorra ingerência externa. 
Enfoques:
Sigilo do ambiente – Atualmente o jurado vota os quesitos na sala secreta ou especial, e neste local não admitimos o acesso de pessoas que possam intimidar o jurado, sob pena de nulidade absoluta. 
OBS.: Nos fóruns com estrutura mais humilde, se não houver sala secreta, o plenário será esvaziado e funcionará como tal (art. 485, CPP). Advertência: A sala secreta tem compatibilidade constitucional, afinal o princípio da publicidade não é absoluto (art. 5º, VL c/c art. 93, IX, CF).
OBS.: Pessoas presentes na sala secreta: juiz, jurados, acusação (MP ou querelante), advogado do réu, escrivão e o oficial de justiça. 
OBS.: Se o réu advoga em causa própria, ele terá acesso à sala secreta, do mesmo modo, o advogado do assistente de acusação também tem trânsito livre. 	
Sigilo quanto ao procedimento:
Incomunicabilidade dos jurados – os jurados não poderão conversar entre si ou com terceiros sobre os fatos a serem julgados, sob pena de nulidade absoluta, o que aproxima o júri brasileiro do júri francês. Por outro lado, nada impede que os jurados conversem sobre amenidades, com a fiscalização do escrivão ou do oficial de justiça (art. 564, III, j, CPP).
Voto – atualmente os jurados votam de maneira impessoal por intermédio de uma cédula opaca que não o identifica. Até 2008, indiretamente, o sigilo era quebrado pela unanimidade da votação, afinal, todos tinham conhecimento do teor da deliberação dos jurados. Mais recentemente, a lei 11.689/08, encampando sugestão antiga de Rui Barbosa, aproximou ainda mais o júri brasileiro do francês, acabando com a unanimidade. 
	Hoje, com 4 votos em determinado sentido, é sinal de que o quesito está suficientemente julgado, pois obtida a maioria, os demais votos serão descartados. 
2.3. Soberania dos veredictos
2.3.1. Conceito: Em respeito à vontade popular na análise concreta, concluímos que o mérito da deliberação dos jurados, em regra, não pode ser alterado pelos demais órgãos do judiciário, consolidando-se a soberania. 
2.3.2. Mitigações: 
Apelação da sentença emanada do júri: se os jurados julgarem de forma manifestamente contrária à prova dos autos caberá apelação, que pode levar a cassação do julgado e remessa do réu a um novo júri com outros jurados. 
Advertência: Este fundamento só pode ser invocado uma única vez, independente da parte que o apresentar primeiro (art. 593, III, d c/c §3º, CPP). 
OBS.: Segundo o STF na súmula 206, se no segundo julgamento participar jurado que tenha integrado o primeiro, haverá nulidade absoluta, e por consequência será realizado um terceiro júri. 
OBS.: Juízo rescindente – nesta hipótese de apelação o tribunal vai se limitar a cassar a decisão (juízo rescindente), devolvendo os autos para que em primeiro grau a sorte do réu seja rediscutida.
OBS.: Segundo o STF, na súmula 730, o fundamento da apelação no júri está adstrito às hipóteses do inciso III, art. 593, CPP, e o tribunal não poderá se distanciar do argumento invocado pelo apelante. 
Revisão criminal: admite-se que o réu injustamente condenado por sentença transitada em julgado possa ser absolvido por intermédio da revisão criminal, notadamente nas situações onde o equívoco é manifesto, enfatizando-se a liberdade e a demonstração da inocência em detrimento da soberania dos veredictos (art. 621, CPP). 
Conclusão: Percebe-se que neste caso o tribunal promoverá um juízo rescindente, cassando a decisão impugnada, e um juízo rescisório, proferindo um acórdão substitutivo. 
2.4. Princípio da competência mínima para julgamento dos crimes dolosos contra a vida tentados ou consumados: 
	 Ao contrário do que ocorreu na constituição portuguesa, o legislador brasileiro estabeleceu o contingente mínimo da competência do júri, provisionado nos arts. 121 a 128, CP, e este núcleo mínimo é consolidado como cláusula pétrea. 
OBS.: Nada impede que o legislador ordinário amplie a competência do júri, desde que exista vontade política. Gilmar Mendes é corrente minoritária e diz que deve ser feita por EC.
OBS.: O júri também vai julgar as infrações comuns eventualmente conexas (art. 78, I, CPP) ao crime doloso contra a vida (vis atrativa). Advertência: Vale lembrar que havendo conexão com crime militar ou eleitoral, impõe-se a separação obrigatóriade processos. 
OBS.: Infrações de menor potencial ofensivo – de acordo com o art. 60, parágrafo único, lei 9099/95 havendo conexão entre infração de menor potencial ofensivo e crime doloso contra a vida, a primeira será lavada a júri, respeitando-se os institutos benéficos como composição civil e transação penal. 
Advertência 1: Para LFG devemos promover uma adaptação procedimental marcando-se inicialmente audiência preliminar para tentar resolver a situação da infração de menor potencial ofensivo. Se não conseguir resolver leva-se para o tribunal do júri. 
Advertência 2: Para Rômulo Moreira, em posição minoritária, o art. 60, parágrafo único, lei 9099 é inconstitucional, pois a competência do JECRIM decorre do art. 98, I, CF, não podendo ser excepcionada por lei ordinária. 
OBS.: Situações especiais onde mesmo havendo morte, a competência do júri não se estabelece: 
a) O simples fato de haver morte pode não atrair a competência do júri em razão da classificação do delito, como ocorre com o latrocínio, que é crime contra o patrimônio (art. 157, §3º, CP c/c súmula 603, STF); com a lesão corporal seguida de morte, que é crime contra a pessoa (art. 129, §3º, CP) e com o estupro seguido de morte, que é crime contra a dignidade sexual (art. 213 c/c 225, CP). 
b) Genocídio (lei 2889/56) – segundo o STF e o STJ, o genocídio, em regra, não vai a júri por se tratar de crime contra a humanidade. Uma parcela significativa da doutrina entende que se a conduta genocida ocasionar morte, estaremos diante de concurso formal impróprio entre genocídio e homicídio, de forma que pela vis atrativa, o genocídio seria levado ao júri (art. 78, I, c/c 77, CPP). 
c) Ato infracional – o menor, ao praticar ato infracional será julgado de acordo com o procedimento pertinente na vara da infância e da juventude (art. 103, ECA).
d) Foro por prerrogativa de função previsto na CF – segundo o STF, na súmula 721, as autoridades com foro de prerrogativa na constituição federal não vão a júri. Todavia, o mesmo não ocorre quando a prerrogativa é prevista apenas na constituição estadual. 
e) Militar das forças armadas mata militar das forças armadas, ambos na ativa – neste caso, o militar será julgado na justiça militar federal (art. 9º, II, a, CPM).
f) Militar estadual mata militar estadual, ambos na ativa – neste caso, o julgamento ocorrerá na justiça militar estadual (art. 9º, II, a, CPM). 
g) Civil (leia-se pessoa comum) mata militar das forças armadas em serviço e em lugar sujeito a jurisdição militar. Esta pessoa comum será julgada onde? Neste caso o agente será julgado na justiça militar federal (art. 9, II, b, CPM). 
h) Civil mata militar estadual – neste caso o agente será levado a júri (art. 5º, XXXVIII c/c 125, §4º, ambos da CF). 
i) Crime político de matar o presidente da república, o presidente do senado, o presidente da câmara ou o presidente do STF (art. 29, lei 7170/83) – o agente será julgado pela justiça federal de primeiro grau (art. 109, IV, CF). 
Advertência: Desta sentença condenatória ou absolutória caberá ROC – recurso ordinário constitucional – ao STF (art. 102, II, b, CF).
j) Tiro de abate – de acordo com o art. 9º, parágrafo único do CPM, inserido pela lei 12.432/11, nas hipóteses de excesso no tiro de abate para combater o tráfico de drogas, a competência será da justiça militar federal. 
	AULA 07 – 20/03/14
OBS.: Crime doloso contra vida praticado por militar contra pessoa comum
	Após a invasão do Carandiru, o Congresso patrocinou a operação no art. 9º do CPM em 1996, de forma que os crimes dolosos contra a vida praticados por militar contra pessoa comum passariam para a alçada do tribunal do júri.
Conclusões: 
Como lei processual, esta alteração teve aplicação imediata, atingindo, inclusive, o caso do Carandiru. 
Mais recentemente, a EC 45/04, reformando o art. 125, §4º, CF, reconheceu que os militares estaduais serão levados à júri ao praticarem crime doloso contra a vida. 
Para Aury Lopes Jr., como a EC/45 tratou apenas dos militares estaduais, resta concluir que os membros das forças armadas na mesma situação serão julgados na justiça militar (gabarito da DPU de prova CESPE).
Crimes culposos contra a vida de pessoas comuns ou assassinatos entre militares serão julgados na Justiça Militar. 
Para o STJ, mesmo se tratando de um crime comum, nada impede que coexistam inquérito policial e inquérito militar. 
3. Características
3.1. Heterogeneidade 
	Composição do júri:
Juiz presidente – Juiz togado 
25 jurados – juízes do povo, dos quais sete serão sorteados para integrar o conselho de sentença.
	O júri é um tribunal heterogêneo quanto à composição.
OBS.: Classificação das decisões judiciais em razão do órgão prolator:
Decisão subjetivamente simples: é aquela proferida por órgão singular. 
Decisão subjetivamente plúrima: é aquela emanada de órgão colegiado homogêneo (Turma/Câmara/Pleno).
Decisão subjetivamente complexa: é aquela emanada de órgão colegiado heterogêneo (júri). 
3.2. Horizontalidade
	Percebe-se que não há hierarquia entre os jurados e o juiz presidente. 
OBS.: Classificação da competência no júri: o órgão segue a competência funcional pelo objeto do juízo, afinal, os jurados funcionalmente apreciarão os fatos votando os quesitos e o juiz presidente funcionalmente profere a sentença vinculado à lei e à deliberação dos jurados, sem vínculo hierárquico. 
 3.3. Temporariedade 
	O júri vai funcionar por determinados períodos do ano, estabelecidos na lei de organização de cada Estado. 
OBS.: Enquadramento terminológico:
Reunião do júri – são os meses do ano em que o júri atua em cada comarca (período de atividade).
Sessão do júri – é o ato solene onde o processo será submetido a julgamento. Nada impede que uma sessão de estenda por mais de um dia, em razão da complexidade do caso, geralmente é uma sessão por dia, mas pode ter mais de uma sessão por dia com o mesmo conselho de sentença, neste caso, só acontecerá se as partes aquiescerem. 
Advertência: Admite-se que num mesmo dia, mais de um processo seja levado à análise do mesmo conselho de sentença, desde que as partes concordem (art. 452, CPP). 
3.4. É um tribunal que vota por maioria, estando vedada a unanimidade
	São 7 votos, então, quando se chega numa questão em que há 4 votos no mesmo sentido, o quesito já estará julgado. Portanto, com 4 votos em determinado sentido, o quesito estará suficientemente julgado pela obtenção da maioria, e os demais votos serão descartados. 
4. Procedimento
4.1. Considerações
	O procedimento do júri é enquadrado pela doutrina majoritária como um procedimento especial, notadamente pela sua organização como um procedimento escalonado ou bifásico. 
Advertência1: Para Rômulo Moreira, em posição minoritária, o júri não segue um enquadramento ortodoxo, afinal topograficamente o CPP não o enquadrou como comum nem como especial. 
Advertência2: Enquadramento de fases:
Judicium accusationis (ou sumário da culpa) 
Judicium causae (ou fase de julgamento) 
	A primeira fase do júri será presidida de acordo com a lei de organização judiciária, e não necessariamente tramita na vara do júri. Ex.: em salvador, se uma criança ou adolescente é a vítima, a primeira fase tramita na vara da infância e da juventude, e após a pronuncia os autos são remetidos à vara especializada do júri.
4.2. Estrutura do procedimento 
4.2.1. 1ª FASE – JUDICIUM ACCUSATIONIS 
Oferta da inicial acusatória, seja ela denúncia ou queixa crime
OBS.: A queixa crime se justifica em virtude das seguintes hipóteses: 
Ação privada subsidiaria da pública (art. 29, CPP).
Ação penal adesiva: fenômeno jurídico que toma forma diante de eventual conexão entre crime doloso contra a vida e delito persecutível por ação privada, formando-se um litisconsórcio ativo facultativo entre o MP e o querelante (art. 76, CPP, em um fenômeno jurídico conhecido como ação penal adesiva). 
	Para a doutrina, o mais adequado é que se promova uma separação de processos para que não ocorra tumulto com a reunião no polo ativodo MP e do querelante (art. 80, CPP). 
OBS.: Os requisitos formais da inicial acusatória estão concentrados no art. 41, CPP.
Juízo de admissibilidade da inicial 
Negativo – o juiz vai rejeitar a inicial. 
OBS.: as hipóteses de rejeição da inicial estabelecidas no art. 395, CPP são aplicadas na sua integra ao procedimento do júri. Por outro lado, o sistema recursal é o mesmo, e da rejeição da inicial caberá recurso em sentido estrito (art. 581, I, CPP). 
Positivo – a inicial acusatória será recebida. Neste caso, termos o início do processo (art. 406, CPP). 
Realização da citação 
OBS.: No júri teremos as três modalidades citatórias similares ao procedimento comum, vale dizer, a pessoal, por edital, e, eventualmente, por hora certa. 
Apresentação da resposta escrita à acusação 
	É a peça defensiva que vai resistir aos termos da inicial acusatória com argumentos fáticos e jurídicos alem do requerimento de diligencias, e sob pena de preclusão, o rol de testemunhas (máximo 8).
OBS.: Previsão normativa: art. 406, §3º, com redação similar aos arts. 396 e 396-A, CPP, que disciplinam a resposta escrita no procedimento comum ordinário. 
Princípio do contraditório 
Em homenagem ao princípio do contraditório, após a resposta escrita deve o juiz abrir vistas à acusação, para que ela se manifeste sobre os termos da resposta escrita no prazo de 5 dias (art. 409, CPP). 
Advertência: Esta previsão não tem ressonância no procedimento comum ordinário.
Os autos serão conclusos ao juiz para que ele possa sanear o processo (art. 410, CPP)
Advertência: O conteúdo do saneador dependerá da posição adotada em virtude da preleção normativa. Vejamos:
1ª Posição (doutrina majoritária): o juiz vai sanar nulidades, deliberar sobre as diligências requeridas, marcar a audiência de instrução/debates e julgamento. 
2ª posição: o juiz vai sanar nulidades, deliberar sobre diligências, por autorização do art. 396, §4º, CPP, introduzido pela lei 11719/08, o art. 397, CPP, assim, como os arts. 395, 396 e 396-A, são aplicados a todos os procedimentos que tramitam em primeiro grau, de forma que, o juiz está autorizado, neste momento processual, a absolver sumariamente o réu, sem a necessidade da realização da audiência de instrução e julgamento. Frustrada a absolvição sumária, resta ao juiz marcar a audiência de instrução, debates e julgamento.
	O prazo que o juiz tem para sanear o processo é de 10 dias, a partir do momento que os autos lhe são conclusos. 
Realização da audiência de instrução, debates e julgamento da 1ª fase
Conceito: É nesta audiência que a primeira fase se encerra, com a remessa do réu ou não aos jurados. 
Prazo: Em homenagem ao princípio da razoável duração do processo, essa audiência será realizada no prazo de 90 dias, independente se o réu está preso ou solto, contados, em que pese a omissão da lei, do recebimento da inicial acusatória. 
Estrutura: 
Instrução – os atos instrutórios se iniciam com a oitiva da vítima (se possível), e se encerram normalmente com o interrogatório do réu, sendo que a sequência lógica segue a ordem similar do procedimento comum ordinário, em verdadeira padronização (art. 411, §1º e 2º, CPP).
OBS.: No júri não há previsão de requerimento pelas partes de diligencias complementares, cuja necessidade foi revelada na audiência de instrução. Nada impede, contudo, que o juiz, de oficio, determine a diligência, como autoriza o art. 156, II, CPP.
Debates orais – 
OBS.: A sua distribuição temporal e organização é idêntica ao que ocorre no procedimento comum ordinário, respeitando-se o espírito de padronização (art. 411, §§4º, 5º e 6º, CPP). 
OBS.: Em que pese a ausência de previsão legal, admite-se a substituição por memoriais em analogia ao que ocorre no procedimento comum ordinário (art. 403, §3º c/c 404, CPP). 
Advertência: No procedimento comum os memoriais tendem a ser exaurientes, pois na sequência, a sorte do réu será resolvida na primeira fase do júri. Entretanto, os memoriais podem ser apresentados por negativa geral quando se percebe que o cenário não é favorável à defesa, e o advogado pode reservar os argumentos apresentar diretamente aos jurados (STF HC 103.579).
Os autos serão conclusos ao juiz para proferir decisão no prazo de 10 dias, se ele não se sentir a vontade de julgar na própria audiência ou quando os debates orais foram substituídos por memoriais (art. 411, §9}. 
OBS.: O CPP alberga ao juiz 4 decisões possíveis em razão das circunstâncias do caso concreto,vejamos:
1ª DECISÃO: presença de indícios de autoria somados à prova da materialidade. A decisão apresentada por lei é a PRONÚNCIA. 
Conceito de pronúncia (Frederico Marques): é a decisão interlocutória mista, não terminativa, que encerra a primeira fase do júri, com a remessa do réu aos jurados. 
Natureza jurídica: 
Ela é uma decisão interlocutória (integra a estrutura do processo e possui conteúdo decisório).
É uma decisão mista (ela conclui uma etapa procedimental);
Não terminativa (ela não encerra o processo).
Pressupostos da pronúncia:
1º Convencimento quanto a materialidade (juízo de certeza);
2º Indícios de autoria (verossimilhança).
Advertência: Base principiológica: quanto a autoria, a pronuncia é pautada no princípio do “in dubio pro” sociedade, afinal, bastam meros indícios. Entretanto, quanto à materialidade a pronuncia é pautada no “in dubio pro reo”, exigindo-se a certeza da existência do crime (STF, HC 81.646 e HC 95.068).
	AULA 08 – 02/04/14
Conteúdo da pronúncia: 
A) Positivo
Indícios de autoria;
Prova da materialidade; 
Qualificadoras; 
Causas de aumento de pena;
Omissão penalmente relevante (situações onde o omitente responde pelo resultado, art.13, §2º, CP);
Tese da tentativa (art. 14, II, CP);
Concurso de pessoas
B) Negativo (o que a pronúncia não pode conter)
Causas de diminuição de pena – art. 7º, LICPP;
Agravantes;
Atenuantes – serão discutidos no plenário do júri, nos debates orais;
Tese quanto a eventual concurso de crimes 
OBS.: Essa matéria será objeto da futura sentença condenatória no momento da dosimetria da pena
Fundamentação da pronúncia e postura do juiz – a decisão de pronuncia deve estar adequadamente motivada diante do lastro probatório existente conectado ao conteúdo positivo a ser valorado (art. 93, IX, CF). entretanto, não pode o juiz antecipar juízo de culpa ou afastar peremptoriamente as teses de defesa, pois estará influenciando a cognição dos jurados que receberão uma cópia da pronúncia (art. 472, parágrafo único, CPP). Se o juiz transbordar os seus limites, este fenômeno é conhecido como eloquência acusatória, e as consequências dependerão da posição adotada: 
	1ª) Para o STJ a eloquência acusatória não gera nulidade processual, bastando o desentranhamento da pronúncia para que os jurados não sejam contaminados (REsp 982.033). Esta posição é minoritária.
	2ª) O entendimento prevalente, segundo o STF, caracteriza o reconhecimento de nulidade da decisão de pronuncia e o processo deve ser baixado para que o juiz profira uma nova decisão com a reconstrução do feito a partir do vício (HC 103.037)
Crimes conexos – se, eventualmente, o crime doloso contra a vida é conexo a um crime comum, segundo Nucci, em posição majoritária, a pronúncia de um importa, por arrastamento, na pronuncia dos conexos, independente da análise do lastro probatório, em um fenômeno jurídico conhecido como eficácia objetiva da pronúncia. Neste caso, o acessório segue o principal. 
Descoberta eventual de novos infratores – neste caso deve o juiz, após pronunciar ou impronunciar o réu, abrir vistas ao MP para que adote as providências que entender adequadas (art. 417, CPP). Neste caso o promotor poderá aditar a denúncia ou deflagrar um novo processo, se o processo original já estiver em estágio avançado, o que poderia ocasionar tumulto procedimental. 
Advertência: melhor seria que esta abertura de vista ocorresse antes da decisão para que o processo seja sincronizado se o promotor optar por aditar a denúncia. 
Sistema recursal – a pronúncia será

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