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Aula 12

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ob
je
tiv
os
Meta da aula 
Apresentar as características do processo 
de consumo consciente e sustentável.
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
identificar como os consumidores utilizam a 
prática de consumo consciente na compra de 
produtos;
analisar como as empresas estimulam seus 
clientes às práticas de consumo consciente e 
sustentável;
analisar a prática do comportamento sustentável 
na sociedade.
1
2
3
Pré-requisito 
Para melhor compreensão desta aula, releia a 
Introdução da Aula 8 ("A sociedade como agente do 
desenvolvimento sustentável").
O consumo consciente 12AULA
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Gestão de Interface Empresa x Sociedade | O consumo consciente
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2Os consumidores ganharam poder em todo o mundo. Tornaram-se mais exi-
gentes, criteriosos em suas escolhas, mais atentos às suas necessidades e mais 
conscientes do seu poder de compra. Antes, eram presas fáceis das promessas 
milagrosas da publicidade e da propaganda feitas pelas empresas. Tal fenômeno é 
o que denominamos consumo consciente: o ato de consumir com a compreensão 
do impacto que ele tem sobre o planeta e orientado para a sustentabilidade.
Esta é certamente a principal mudança sociocultural que vem ocorrendo em todo 
o mundo nas últimas décadas. Os seus praticantes ainda são poucos, quando 
comparados à população mundial. Em nosso país, segundo dados levantados 
por pesquisas recentes, não chega a 20% do total dos consumidores.
Ainda são poucos os consumidores que se enquadram nesse novo perfil de 
comportamento, o que os especialistas denominam consumo consciente ou 
comportamento sustentável.
Somos esbanjadores natos de energia, campeões em desperdícios e presas 
fáceis das armadilhas do hiperconsumo. Mas, ao longo dos últimos anos, já 
podemos observar alguns indícios de melhoria nesses quesitos, como, por 
exemplo, crescimento dos movimentos de defesa do consumidor, aumento no 
número de ações jurídicas contra os abusos das empresas, queda na venda de 
produtos que causam danos ao meio ambiente e nocivos à saúde humana e 
perda da imagem e reputação das grandes corporações que desrespeitam as 
normas básicas que regulam o exercício da responsabilidade socioambiental.
Não seria infundado afirmar que, juntos, marchamos para um mundo me-
lhor, baseado no comércio justo, na prática do consumo consciente e no 
comportamento sustentável.
Uma pesquisa realizada em novembro de 2008 pelo Grupo Havas Digital 
em nove países, inclusive no Brasil, revelou um dado surpreendente: oito em 
cada dez consumidores preferem adquirir produtos de empresas que tentam 
diminuir seu impacto ambiental. Segundo o diretor da empresa responsável pela 
pesquisa, André Zimmermman, “o povo brasileiro foi aquele que se declarou 
mais preocupado com as mudanças ambientais e o mais engajado”.
A pesquisa dividiu os consumidores em três categorias, de acordo com os seus 
diferentes comportamentos em relação à questão ambiental: os ecoindife-
rentes (totalmente indiferentes aos impactos do consumo no planeta e na so-
ciedade), os ecoatentos (apenas têm conhecimento da importância do 
consumo consciente) e os ecoengajados (comprometidos com as práticas 
do consumo consciente). No Brasil, 80% dos entrevistados declararam-se 
ecoatentos ou ecoengajados, sendo que 58% classificaram a si próprios 
como ecoengajados.
INTRODUÇÃO 
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O PROCESSO DE COMPRA CONSCIENTE
A compra consciente é o primeiro passo para se chegar ao efetivo 
compromisso com o consumo consciente. É o oposto da compra por 
impulso, que é a compra sem reflexão, apenas movida pelo desejo de 
posse e de uso. O comprador consciente começa o seu processo de 
conscientização mudando os seus hábitos de compra e, em um segundo 
momento, dando preferência aos produtos verdes produzidos e vendidos 
por empresas que honram seus compromissos socioambientais.
A compra consciente é aquela na qual o consumidor está cons-
ciente do seu ato de consumo. E o que isso significa? A certeza de que 
ele realmente necessita de algo para melhorar sua qualidade de vida. Ele 
compra porque quer mais conforto, segurança e saúde.
O consumidor consciente leva em consideração diversos fatores 
no ato da compra:
• a começar pela natureza do produto, se ele é ecologicamente 
correto (se não contém agrotóxicos, se não causa danos ao meio ambien-
te, se é feito de material reciclável e se não possui embalagem que não 
seja biodegradável);
• a empresa fabricante do produto ou prestadora do serviço (se 
ela desenvolve ações socioambientais, se os seus produtos e serviços são 
certificados, se a sua gestão se destaca pela ética e pela transparência, 
se tem um bom relacionamento com os seus stakeholders e se goza de 
uma boa reputação no mercado e na sociedade);
• investiga as origens do produto ou serviço: se os fornecedores, 
prestadores de serviços, franqueados e representantes são empresas 
social e ambientalmente responsáveis, se o uso de matérias-primas e 
subprodutos obedece a critérios sustentáveis e se não violam os direitos 
sociais e humanos elementares, como, por exemplo, não empregar mão-
de-obra infantil, não discriminar minorias, não usar trabalho escravo 
e dar oportunidades de emprego para mulheres, jovens, portadores de 
deficiência e idosos.
Em 1854, Henry D. Thureau já pregava o consumo consciente. Ele se refugiou 
em sua casa à beira do lago Walden, no estado de Massachusetts (EUA), e 
lá escreveu o livro Walden ou a vida nos bosques, uma espécie de bíblia do 
movimento do consumo consciente.
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2Esses fatores constituem o que denominamos questões básicas do 
consumo consciente. O preço, a qualidade, a marca e as condições de 
financiamento e os serviços complementares são questões secundárias 
para o consumidor consciente. 
No quadro a seguir, apresentamos as diferenças entre o consu-
midor consciente e o consumidor compulsivo:
Quadro 12.1: As diferenças entre o consumidor consciente e o consumidor compulsivo
Consumidor consciente Consumidor compulsivo
• Só compra o que é necessário para 
seu bem-estar e o que o seu dinheiro 
permite.
• Compra mais produtos do que 
precisa, gastando mais dinheiro do 
que pode.
• Tem consciência de que cada atitude 
sua como cidadão e consumidor 
gera uma reação em cadeia que 
afeta todas as outras pessoas, o meio 
ambiente, as relações sociais e a 
economia.
• Age e pensa apenas no seu próprio 
conforto, sem se preocupar com as 
consequências dos seus atos.
Fonte: do autor.
“Um Dia sem Compras” (Buy Nothing Day) foi criado pela ONG canadense 
Adbuster Foundation Media e tem como objetivo conscientizar as pessoas para 
reduzir o consumo. Todos os anos, no dia 29 de novembro, é comemorado 
este dia em todo o mundo. Nessa data, consumidores conscientes se recusam 
a efetuar qualquer tipo de compra. Deixam em casa seus cartões de crédito, 
dinheiro e cheques.
“Ficar 24 horas sem abrir a carteira” foi a proposta do artista canadense Ted 
Dave, que idealizou, em 1992, o dia sem compras. E você, vai aderir?
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A Weleda é uma empresa suíça, fabricante de medicamentos e cosméticos naturais. 
Foi a primeira indústria do ramo a obter o selo aprovado pela Agência Nacional 
de Vigilância Sanitária (Anvisa), como empresa adepta da medicina antroposófica, 
um ramo da medicina que produz remédios com base em uma técnica que cuidamelhor da saúde do paciente, a partir da diferenciação das matérias-primas utilizadas 
na produção dos remédios e cosméticos.
Com a raiz da planta, é produzido um tipo de medicamento; com o caule, um outro, 
e com a flor, mais um outro medicamento. A fabricação é 100% natural e obedece a 
uma série de exigências em relação ao plantio desses vegetais, ao respeito ao meio 
ambiente e ao seu valor terapêutico natural.
Para Christine Itagaki, gerente de marketing da Weleda, com tal selo e práticas 
antroposóficas, a empresa prima pelo consumo consciente. (Texto adaptado de 
SALGADO, 2008, p. B6.)
Por que comprar os produtos Weleda é uma prática de consumo consciente?
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Resposta Comentada
A compra dos produtos Weleda é feita de forma consciente porque o consumidor 
toma a decisão de adquiri-los baseado nos seguintes fatores: o fato de a empresa 
praticar ações sustentáveis de preservação ambiental; a natureza ecológica e 
antroposófica do produto; o conhecimento da origem do produto (raiz, caule e flor 
de plantas); a certeza de que a fabricação do produto é 100% natural.
Atividade 1
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EM BUSCA DE UMA EDUCAÇÃO VOLTADA PARA O 
CONSUMO CONSCIENTE
Em uma sociedade extremamente consumista como a nossa, não é 
nada fácil conscientizar pessoas para diminuir seus ímpetos de compra. 
Além disso, existem os fortes apelos publicitários, que alimentam desejos, 
sonhos e necessidades supérfluas em todos nós. Na grande maioria das 
vezes, não compramos algo porque realmente necessitamos, mas porque 
usufruir dele nos faz sentir bem.
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2Esse é o grande desafio da educação para o consumo consciente.
A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou as dez dire-
trizes para a educação em prol do consumo consicente, as quais 
enumeramos a seguir:
1. assegurar que as instituições educativas reflitam na sua gestão 
diária as prioridades para o desenvolvimento sustentável;
2. incluir no currículo formal temas, tópicos, módulos, cursos e 
disciplinas de educação para o consumo sustentável;
3. estimular a investigação em áreas relacionadas à educação para 
consumo sustentável;
4. fortalecer os laços entre pesquisadores, professores, atores e 
agentes socioeconômicos;
5. aumentar a cooperação entre profissionais de diferentes disci-
plinas para desenvolver abordagens integradas de educação 
para o consumo sustentável;
6. fornecer educação e formação para os professores que irão 
reforçar perspectivas globais, construtivas e voltadas para o 
futuro;
7. recompensar o pensamento criativo, inovador e crítico sobre 
o consumo sustentável;
8. garantir que a educação para o consumo sustentável observe a 
importância do conhecimento indígena e reconheça os estilos 
de vida alternativos;
9. incentivar a aprendizagem entre gerações com relação ao 
consumo sustentável;
10. gerar oportunidades para a aplicação prática do estudo 
teórico por meio do envolvimento da comunidade e do 
serviço comunitário.
Seguir tais diretrizes é o melhor caminho em busca da maior 
conscientização de pessoas, grupos e toda a sociedade para a prática do 
consumo consciente.
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UMA VISÃO CRÍTICA DA SOCIEDADE DE CONSUMO
Uma sociedade que valoriza o ter em detrimento do ser, que 
constrói verdadeiros templos de consumo (shoppings centers, malls, 
parques de diversões, complexos de turismo e de entretenimento), que 
é impregnada de modismos (estar na moda), que estimula o consumo 
fácil e supérfluo tem nos sonhos e nos desejos fúteis o seu principal fator 
de progresso.
É o mantra do consumismo instantâneo, do modismo consumista, 
do fazer compras todo dia, do comprar para se distrair, do ter para não 
precisar ser.
É a sociedade dos sonhos, dos desejos intensos, cujos estereótipos 
mais valorizados são o emergente com novas posses, o investidor 
compulsivo, o gastador inveterado, o excêntrico e o expoente tribal (digno 
representante da sua tribo, como, por exemplo, os yuppies, os hippies, que 
ostentam roupas, jeitos e trejeitos peculiares, frequentam lugares específicos 
e seguem fielmente os padrões de consumo de suas tribos).
Rolf Jensen é autor do livro A sociedade do sonho (The Dream 
Society). Em seu livro, Jensen prevê a passagem da sociedade da 
informação para a sociedade dos sonhos. Essa passagem, segundo ele, 
tem na força da propaganda o seu principal fator de transformação.
A socióloga Lisa Gunn, do Instituto Brasileiro do Consumidor 
(IDC), também analisa esse fenômeno, o qual denomina mídia consumista. 
Para ela, a publicidade enche a cabeça dos consumidores de promessas 
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2de satisfação, felicidade e virilidade, contidas nos produtos e serviços 
oferecidos no mercado. Como a grande maioria dessas promessas não 
é cumprida, pois, segundo Gunn, a mídia consumista se caracteriza por 
um total descompromisso social, a sociedade se torna mais depressiva, 
ansiosa e fatigada.
Um dos principais críticos da sociedade de consumo supérfluo é o 
sociólogo Gilles Lipovetsky, autor de diversos livros sobre o tema. Em um 
de seus livros, O luxo eterno, escrito em parceria com Elyette Roux, ele faz 
uma crítica ao grande magazine que há nos modernos shopping centers, os 
seus modelos mais conhecidos. Em outro livro, Os tempos hipermodernos, 
Lipovetsky analisa o fenômeno do hiperconsumo que, segundo ele, “faz 
prevalecer uma lógica emotiva e hedonista (culto ao prazer) que faz com 
que cada um consuma antes de tudo para sentir prazer”. 
Em um outro trabalho, A felicidade paradoxal, Lipovetsky se 
aprofunda na análise dos grandes magazines: “Por intermédio de suas 
publicidades, de suas animações e ricas decorações, os grandes magazines 
puseram em marcha um processo de democratização do desejo, a 
transformarem os locais de venda em palácios de sonhos.”
A socióloga Valquíria Padilha, da Universidade de São Paulo (USP), 
autora do livro Shopping centers: a catedral das mercadorias, faz uma 
crítica ao consumismo desenfreado praticado nesses verdadeiros templos 
de consumo.
Se pensarmos que a grande maioria dos produtos comprados 
nos grandes magazines e shopping centers não são bens de primeira 
necessidade, mas produtos supérfluos (roupas e calçados de griffe, 
alimentos fast-food, eletroeletrônicos, computadores e periféricos), é 
fácil entender o porquê dessas críticas. Tais estabelecimentos fomentam 
o consumo supérfluo e o hiperconsumo, ambos centrados mais no prazer 
de comprar do que na necessidade de consumir.
É importante lembrar que a grande maioria desses templos 
de consumo fácil, supérfluo e não-consciente não é empreendimento 
sustentável, pois gastam bastante energia, produzem muito lixo, poluem 
visualmente a cidade, provocam engarrafamentos no trânsito das 
imediações, produzem excesso de ruídos e poluição atmosférica.
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Quando os 
vendedores o assediavamno 
centro de Atenas, Sócrates, o fi lósofo 
grego, respondia: “Estou só observando 
quanta coisa existe de que não 
preciso para ser feliz.”!
DO CONSUMO CONSCIENTE AO CONSUMO SUSTENTÁVEL 
E RESPONSÁVEL
O consumo consciente antecede o consumo sustentável no proces-
so de educação para o novo consumo.
A prática do consumo consciente é o primeiro estágio na conquista de 
uma nova consciência planetária. O consumo responsável é um estágio mais 
avançado. Ambos, consumo consciente e consumo sustentável ou responsável, 
constituem o novo paradigma da educação para um mundo melhor. 
Embora muitos autores considerem ambos os conceitos como 
sinônimos, há pequenas diferenças entre eles. O consumo consciente refere-
se mais a produtos do que a recursos naturais e está mais diretamente 
associado ao ato de comprar. O consumo sustentável está relacionado ao 
consumo de recursos naturais e ao ato de poupar. O consumo sustentável 
ou responsável é, portanto, mais relacionado à economia natural e aos 
recursos ambientais, enquanto o consumo consciente é mais voltado para 
a economia do consumo e os recursos econômicos.
Diz-se que alguém pratica o consumo consciente quando limita 
e prioriza os seus gastos na compra de produtos e serviços; e que 
alguém pratica o consumo responsável ou sustentável quando busca o 
equilíbrio no uso dos recursos naturais em sua interação permanente 
com a natureza. Por exemplo, o consumidor, quando gasta menos e é 
mais seletivo em seus gastos, pratica o consumo consciente. Quando 
o cidadão poupa energia e utiliza fontes alternativas desse recurso, ele 
pratica o consumo sustentável ou responsável. 
O consumo consciente tem nas mensagens enganosas da publi-
cidade e no ufanismo (febre de consumo) consumista dos templos 
de consumo os seus maiores inimigos. Já o consumo sustentável ou 
responsável tem na natureza e no meio ambiente seus maiores aliados.
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2O consumo consciente tem como objetivo desenvolver novos hábitos 
de consumo. O consumo sustentável ou responsável tem como objetivo 
preservar o meio ambiente e desenvolver a sociedade em sua totalidade. 
Ambos são mudanças que devem ocorrer na consciência individual e 
coletiva de pessoas, grupos, organizações, comunidades e sociedades.
É importante citar que o movimento em prol do consumo consciente 
é fruto da iniciativa da sociedade civil e não das empresas. Estas são meras 
coadjuvantes nesse movimento. Algumas delas participam e outras não. 
Entretanto, quanto ao movimento em prol do consumo sustentável 
ou responsável, a participação das empresas tem sido cada vez maior. 
O surgimento e a expansão das práticas de gestão empresarial sustentável 
têm levado as empresas a exercerem o papel de principais protagonistas 
do movimento de consumo sustentável ou responsável. São exemplos as 
empresas que lançam produtos e serviços que poupam recursos naturais, 
que adotam práticas de reutilização desses recursos e que geram grandes 
economias no consumo desses recursos, como, por exemplo, os produtos 
que poupam energia, os produtos que contribuem para a redução do 
colesterol e para ativar o funcionamento de determinados órgãos do 
corpo humano, os serviços que permitem às pessoas terem um convívio 
harmonioso com a natureza, e produtos e serviços que contribuem para 
a preservação do meio ambiente.
O QUE É O COMPORTAMENTO SUSTENTÁVEL?
O comportamento sustentável vai além das práticas de consumo 
consciente e sustentável. O seu objetivo não se resume à adoção de prá-
ticas de redução e seleção dos produtos a serem consumidos (consumo 
consciente) e à preocupação com o impacto desse consumo na preservação 
do meio ambiente (consumo sustentável).
O seu escopo é mais amplo, porque compreende a dimensão da 
sustentabilidade econômica, social, cultural e ambiental daqueles que 
produzem esses produtos a serem consumidos.
Portanto, aquele que adota um comportamento sustentável é 
consciente nas suas compras, conhece os impactos ambientais daquilo 
que compra (produto + embalagem) e valoriza a procedência dos 
produtos que compra. E, ao comprá-los, contribui para a melhoria 
da sua qualidade de vida e da qualidade de vida das comunidades que 
produzem tais produtos.
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2O comportamento sustentável compreende um conjunto de práticas 
que as pessoas devem adotar no seu dia-a-dia, em suas casas, seus locais 
de trabalho, nas áreas que frequentam para diversão e lazer, e nas ruas.
Em primeiro lugar, assumir um comportamento sustentável é conhecer 
a procedência dos produtos e ter a dimensão do impacto dos seus hábitos 
diários sobre a natureza. Por exemplo, se compramos produtos feitos por 
comunidades tradicionais, se economizamos energia e água, se compramos 
produtos realmente necessários e não supérfluos e se fazemos a coleta seletiva 
do nosso lixo, estamos assumindo um comportamento sustentável.
Em segundo lugar, ter um comportamento sustentável é ter uma 
vida mais saudável, com o consumo de alimentos que fazem bem à 
saúde, a prática de exercícios diários, além do cumprimento dos horários 
normais de trabalho e descanso.
Em terceiro lugar, é ter consciência dos seus direitos básicos e da 
sua responsabilidade, como, por exemplo, respeitar as leis de trânsito e 
não fumar em lugares onde tal prática é proibida.
Agora que já conhecemos o que é consumo consciente e consumo 
sustentável ou responsável, bem como o que significa ter um comportamento 
sustentável, fica mais fácil entender os novos desafios a serem vencidos por 
todos: empresas, governos, mídia e sociedade. E quais são esses desafios? 
Formar cidadãos conscientes e não consumidores irresponsáveis. Preservar 
os recursos naturais e não degradá-los. Esses são os novos desafios para a 
formação de um novo paradigma de sociedade sustentável.
O consumo de recursos naturais já supera em 20% ao ano a capacidade do 
planeta de regenerá-los (estudo divulgado pela ONG WWF).
O consumismo desenfreado é a maior ameaça à humanidade. Os altos níveis de 
obesidade e dívidas pessoais, menos tempo livre e meio ambiente danificado 
são sinais de que o consumo excessivo está diminuindo a qualidade de vida de 
muitas pessoas (Relatório Estado do Mundo 2004 do World Watch Institute).
OS NOVOS CONSUMIDORES CONSCIENTES
O consumidor consciente é aquele que adota práticas de consumo 
consciente e práticas de consumo sustentável ou responsável. É o que 
demonstra a pesquisa “Descobrindo o consumidor consciente”, realizada 
em 2004 pelo Instituto Akatu, que identificou vários comportamentos. 
Entre eles, o consumidor consciente:
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2• evita deixar lâmpadas acesas em ambientes desocupados;
• fecha a torneira enquanto escova os dentes;
• desliga aparelhos eletrônicos quando não os está utilizando;
• costuma planejar a compra de alimentos;
• costuma pedir nota fiscal quando faz compras;
• costuma planejar a compra de roupas;
• costuma usar o verso de folhas de papel já utilizadas;
• lê o rótulo atentamente antes de decidir comprar;
• separa o lixo para reciclagem;
• não costuma guardar alimentos quentes na geladeira;
• compra produtos feitos com material reciclado nos últimos meses;
• comprou produtos orgânicos nos últimos seis meses;
• apresenta queixa, quando necessário, a algum órgão de defesa 
do consumidor.
A pesquisa identificou quatro tipos de consumidores: os compro-
metidos (os ecoengajados),os conscientes (os ecoatentos), os indiferentes 
(os ecoindiferentes) e os iniciantes (os ecolatentes). 
Vejamos alguns resultados:
• 97% dos consumidores conscientes disseram que costumam 
planejar a compra de alimentos e, para os comprometidos, esse 
percentual foi de 84%;
• 93% dos consumidores conscientes disseram que sempre pedem 
nota fiscal, e 80% dos comprometidos afirmaram que utilizam 
tal prática;
• 90% dos consumidores conscientes leem os rótulos dos 
produtos que compram ou que desejam comprar; e 63% dos 
comprometidos fazem o mesmo.
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A pesquisa utilizou tais aspectos (planejar a compra de alimentos, 
pedir nota fiscal quando se faz compras e ler o rótulo atentamente 
antes de decidir comprar) para caracterizar o exercício do consumo 
consciente. Os demais aspectos, também considerados na pesquisa, estão 
mais relacionados ao comportamento sustentável ou responsável dos 
consumidores e todos os aspectos abordados na pesquisa caracterizam 
a prática do consumo sustentável.
A pesquisa também levantou e analisou importantes questões 
envolvendo a reação do consumidor no ato da compra por meio das 
seguintes perguntas: 
• Deixou de comprar o produto da empresa como forma de punição?
• Fez alguma compra tendo como primeiro critério o meio ambiente?
• Fez alguma compra tendo como primeiro critério ações sociais?
Os índices de respostas positivas para essas questões não foram 
elevados. Na pergunta sobre reações de punição, 42% dos consumi-
dores conscientes responderam afirmativamente e apenas 17% dos 
comprometidos assim o fizeram. Na pergunta sobre avaliação ambiental, 
o resultado foi o mesmo: 42% dos consumidores conscientes responderam 
afirmativamente e 17% dos comprometidos assim o fizeram. E na 
pergunta sobre avaliação social os índices de respostas afirmativas foram 
ainda menores: 28% para os consumidores conscientes e apenas 14% 
para os comprometidos.
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2Em outra pesquisa, feita pela ONG WWF Brasil, 87% dos entre-
vistados disseram que fecham a torneira enquanto escovam os dentes; 
80% afirmaram que apagam as luzes e desligam os aparelhos quando 
não os estão usando; 48% consideram a eficiência energética na hora 
de comprar eletrodomésticos e usam lâmpada fria; e 54% disseram que 
adotam uma alimentação mais natural.
No entanto, quanto ao lixo, o resultado não foi nada promissor: 67% 
dos entrevistados não tratam o lixo e sequer sabem de sua destinação.
Todas essas pesquisas analisaram o comportamento consciente e 
sustentável dos consumidores brasileiros. Avaliando os resultados dessas 
pesquisas, podemos afirmar que o número de consumidores conscientes 
é cada vez maior e que o consumo consciente é uma prática já conhecida 
por muitos segmentos da sociedade brasileira. 
O portal www.compraconsciente.com.br foi lançado em dezembro de 
2008, durante a realização de um seminário sobre o Código de Defesa 
do Consumidor e o futuro das relações de consumo promovido pela 
Associação Comercial de São Paulo. 
O portal contém notícias, artigos e informações sobre hábitos de 
consumo conscientes em setores como saúde, telecomunicações e sistema 
financeiro. Posteriormente, serão analisados setores de seguros, habitação, 
eletroeletrônicos e material escolar.
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As redes de supermercados Bompreço e Hiper Bompreço, do Grupo Wal-Mart, 
nas cidades de Recife e Salvador, decidiram inovar no fomento de novas práticas 
de consumo. Os clientes que utilizarem suas próprias sacolas retornáveis para levar 
as suas compras, de pano ou de qualquer outro material que não plástico, ganham 
um crédito de R$ 0,03 por cada sacola de plástico não utilizada.
Sacolas retornáveis de algodão cru, que suportam até 35 quilos, serão vendidas a 
R$ 2,00 para os clientes.
Para Marcos Ambrozano, vice-presidente do Bompreço, essa é uma iniciativa pioneira 
no varejo de alimentos.
O programa começou a ser implantado em dezembro de 2008, em 52 lojas da rede 
nos estados de Pernambuco e Bahia. (Texto adaptado de RAMOS, 2008, p. C1.)
Qual o tipo de consumo, se consciente ou sustentável, o Bompreço desenvolve junto 
a seus clientes ao implantar esse programa? Justifique sua resposta.
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Resposta Comentada
O foco é no estímulo à prática do consumo sustentável, pois a campanha evita 
a poluição da natureza ao preservar o descarte dos sacos plásticos, de difícil 
decomposição no meio ambiente. Ao utilizar uma sacola de pano e renovável, o 
cliente pratica o consumo sustentável e responsável.
Caso a campanha orientasse o cliente a consumir produtos mais saudáveis, o 
foco seria o consumo consciente. E se ambos os objetivos fossem contemplados, 
teríamos um caso de estímulo ao consumo consciente e sustentável.
Atividade 2
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CONCLUSÃO
Há um novo movimento da sociedade civil, apoiado por diversas 
ONGs, que cresce em todo o mundo. É o estímulo à prática do consumo 
consciente e do comportamento sustentável. Os consumidores estão se 
tornando mais exigentes, informam-se melhor sobre os produtos e 
serviços e seus impactos no meio ambiente, e buscam melhorias em sua 
qualidade de vida.
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2Esse movimento tende a crescer cada vez mais e já é objeto de ações 
estratégicas por parte das grandes empresas. Conscientes de que essa 
tendência é irreversível, as empresas tentam incorporar às suas estratégias 
de negócios as novas práticas de consumo consciente e sustentável, e, 
nesse aspecto, elas estão se saindo muito bem. 
As empresas estão se adequando às normas definidas no Código 
de Defesa do Consumidor e também estão adaptando suas operações às 
novas exigências das agências governamentais que regulam a fabricação 
de produtos e a prestação de serviços, bem como o relacionamento com 
os clientes. 
É nesse aspecto que podemos afirmar que, paralelamente ao 
crescente movimento do consumo consciente e sustentável, está surgindo 
um outro movimento: o engajamento das empresas nas questões do 
consumo consciente. Isso nos permite antever um futuro com menos 
conflitos, envolvendo empresas e clientes, e uma mobilização conjunta, 
envolvendo empresas, consumidores, governo, mídia, na construção de 
um mundo melhor e de uma vida com mais qualidade para todos.
As recentes pesquisas realizadas no Brasil demonstraram a maior 
conscientização do consumidor brasileiro e o crescente uso de práticas 
de consumo sustentável no mercado de consumo de bens e serviços. 
Cresce o número de consumidores comprometidos e ecoengajados, e 
diminui o número de pessoas indiferentes à problemática do consumo 
consciente e sustentável.
São muitos os que aderem às ondas verde e azul. E já são visíveis 
os indicadores dessa transformação: consumidores vigilantes, órgãos 
de defesa do consumidor atuantes, legislação consistente e a busca de 
melhor qualidade de vida.
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O Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (CNRBMA) realizou em 
maio de 2006 uma campanha em prol do consumo consciente. Reuniu um conjunto de 
ONGs envolvidas na luta pela preservação da Mata Atlântica e obteve seu apoio e engajamento 
na campanha intitulada “Consumo sustentável: compromisso com a vida”.
O objetivo da campanha era criar um serviço para estimular a compra de itens produzidos na 
mata, de modo social e ecologicamente correto, e, com os recursos arrecadados, melhorar as 
condições de vida das comunidades locais. É bom lembrar que a Mata Atlântica está presente 
em 17 estados brasileiros, onde vivem mais de dois terços da população. Foram escolhidas 
as áreas do Vale da Ribeira e a faixa de Ubatuba (SP), Paraty (RJ) e os litorais de Alagoas, 
Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Sul.
(Texto adaptado da matéria “Organizações fazem parcerias para valorizar produtos da Mata 
Atlântica”, Valor, São Paulo, 31 de maio de 2006, p. G4.)
Como e por que as iniciativas do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica 
(CNRBMA) e das ONGs estimulam a prática do comportamento sustentável?
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RESPOSTA COMENTADA
O próprio título da campanha já se reporta ao comportamento sustentável: 
“compromisso com a vida”. Ao estimular a compra de produtos saudáveis e social e 
ecologicamente corretos, produzidos pelas comunidades locais, a CNRBMA e as ONGs 
estimulam a prática do consumo consciente.
Nesse caso, o comportamento sustentável implica, sobretudo, comprar produtos 
originários de comunidades tradicionais, residentes no entorno da Mata Atlântica, 
engajadas na luta pela preservação da mata e também porque o consumo desses 
produtos contribui para a preservação ambiental local e para a geração de 
emprego e renda para a população que ali reside.
Atividade Final
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O elevado consumismo praticado em nossa sociedade é responsável por problemas 
diversos: publicidade enganosa, forte propensão ao consumo supérfluo, impactos 
negativos ao meio ambiente e outros.
O que fazer para evitar tais problemas? O caminho a seguir é a educação para o 
consumo consciente e sustentável, e para o comportamento sustentável. 
O processo tem início com a compra consciente, que, em seguida, deve evoluir 
para o consumo consciente e, daí, para o consumo sustentável ou responsável. 
E, finalmente, atingir o estágio do comportamento individual e coletivo de natureza 
sustentável. Esse, sim, é o paradigma ideal de uma nova sociedade sustentável.
Hoje, infelizmente, ainda estamos contaminados pelos apelos ao consumo fácil e 
supérfluo, característica principal da sociedade do sonho ou de consumo.
É importante lembrar que essa mudança de paradigma – da sociedade do sonho, 
da sociedade de consumo para a sociedade sustentável – deve ser feita com a 
participação de todos: governo, mídia, empresas e sociedade civil.
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INFORMAÇÃO SOBRE A PRÓXIMA AULA
Na próxima aula, você vai conhecer as práticas de governança corporativa.

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