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Direito Penal Militar - As alterações no art. 9º do CPM após a Lei 13.491 2017

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Estado do Rio Grande do Norte
SESED
Polícia Militar
Comando do Policiamento do Interior
Comando do Policiamento Regional I
Código Penal Militar
(O Art. 9º e as alterações advindas com a Lei 13.491/2017)
Dinno Max Fernandes da Silva - Major QOPM
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Sumário
Conceito de crime.
Competência da polícia judiciária militar.
Medidas preliminares ao inquérito.
O art. 9º do CPM antes e após a vigência da Lei 13.491/2017.
Lei 13.491/17 e suas novidades.
Art. 9º, do CPM (crimes militares em tempo de paz).
O art.9º, do CPM e seus possíveis efeitos em algumas Súmulas do STJ. 
Jurisprudências.
ADI 5804.
Estudo de caso 1, 2 e 3.
Perguntas.
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1 - Conceito: 
Crime 
Não há no Código Penal Militar e no Código Penal Comum um expresso conceito do que venha a ser crime.
No entanto, de acordo com os estudos na doutrina e na jurisprudência majoritária crime é um fato típico, ilícito (ou antijurídico) e culpável.
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Conceito doutrinário e jurisprudencial
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2. Competência da Polícia Judiciária Militar (Art. 8º, do CPPM)
 Art. 8º Compete à Polícia judiciária militar:
 	a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à jurisdição militar, e sua autoria; (grifo nosso)
 	b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros do Ministério Público as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos, bem como realizar as diligências que por êles lhe forem requisitadas;
 	c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar;
 	d) representar a autoridades judiciárias militares acerca da prisão preventiva e da insanidade mental do indiciado;
 	e) cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob sua guarda e responsabilidade, bem como as demais prescrições deste Código, nesse sentido;
 	f) solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar úteis à elucidação das infrações penais, que esteja a seu cargo;
 	g) requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civis as pesquisas e exames necessários ao complemento e subsídio de inquérito policial militar;
 	h) atender, com observância dos regulamentos militares, a pedido de apresentação de militar ou funcionário de repartição militar à autoridade civil competente, desde que legal e fundamentado o pedido.
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3. Medidas preliminares ao inquérito (art. 12, do CPPM)
 Art. 12. Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar, verificável na ocasião, a autoridade a que se refere o § 2º do art. 10 deverá, se possível:
 a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a situação das coisas, enquanto necessário; (Vide Lei nº 6.174, de 1974)
 	b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o fato;
 	c) efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no art. 244;
 	d) colhêr tôdas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias.
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4. O art. 9º do CPM antes e após a vigência da 
Lei 13.491/2017
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5. Lei 13.491/17 e suas novidades
Os Crimes comuns (CP comum + Leis extravagantes) podem caracterizar crimes militares.
Se o PM/BM portar arma ilegal (Estatuto do desarmamento)
Se o PM/BM maltratar animais (Lei do meio ambiente)
Se o PM/BM se associar com delinquentes comuns (Associação criminosa)
Se o PM/BM integrar uma organização criminosa (Lei do crime organizado)
Se o PM/BM torturar uma pessoa (Lei de tortura)
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6. Art. 9º do CPM (Crimes militares em tempo de Paz)
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
 I - os crimes de que trata êste Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial; 
 
Crime militar próprio ou propriamente militar. Ex: Motim e a revolta, Violência contra superior, recusa de obediência, reunião ilícita, deserção e etc.
O cometimento de crime propriamente militar será verificado levando-se em conta o sujeito ativo:
Militar da ativa - basta que sua conduta se amolde ao tipo penal incriminador;
Militar da reserva ou reformado - além de se amoldar ao tipo penal incriminador, deverá sua conduta também se amoldar a uma das circunstância do inciso III.
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Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
	II - Os crimes previstos neste código e os previstos na legislação penal, quando praticados: (Redação dada pela Lei 13.491/2017)
Art. 9º do CPM (Crimes militares em tempo de Paz)
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Art. 9º do CPM (Crimes militares em tempo de Paz)
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, reformado ou civil;
militar em serviço ou em razão da função contra reserva/reformado/civil: em qualquer lugar.
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Art. 9º do CPM (Crimes militares em tempo de Paz)
f) refogada.
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III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos:
Art. 9º do CPM (Crimes militares em tempo de Paz)
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Art. 9º do CPM (Crimes militares em tempo de Paz)
§ 1o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri. (Redação dada pela Lei nº 13.491, de 2017)
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7. O art. 9º, do CPM e seus possíveis efeitos nas Súmulas do STJ
Súmula n. 06 - “Compete à justiça comum estadual processar e julgar delito decorrente de acidente de trânsito envolvendo viatura de Polícia Militar, salvo se autor e vítima forem policiais militares em situação de atividade.”
Súmula n. 75 - “Compete à justiça comum estadual processar e julgar o policial militar por crime de promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal.” 
Súmula n. 90 - “Compete à justiça estadual militar processar e julgar o policial militar pela prática do crime militar, e à comum pela prática do crime comum simultâneo àquele.”
Súmula n. 172 - “Compete à justiça comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço.”
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8. Jurisprudências
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STJ: CONFLITO DE COMPETÊNCIA. POLICIAIS MILITARES INVESTIGADOS POR LESÃO CORPORAL. TROCA DE TIROS COM A VÍTIMA, QUE TERIA RESISTIDO À PRISÃO. MILITARES EM SUA FUNÇÃO TÍPICA. POSSIBILIDADE DE CONFIGURAÇÃO DE TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUE NÃO AFASTA O DISPOSTO NO ART. 9.º, INCISO II, ALÍNEA C, DO CÓDIGO PENAL MILITAR. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA CASTRENSE.
1. O policial militar que em serviço troca tiros com foragido da justiça que resiste à ordem de recaptura, age no exercício de sua função e em atividade de natureza militar, o que evidencia a existência de crime castrense, ainda que cometido contra vítima civil. Inteligência do art. 9.º, inciso II, alínea c, do Código Penal Militar. Precedentes. 2. Conflito conhecido para declarar a competência da 2.ª Auditoria Militar de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul” (STJ – 3ª Seção – CC 120201/RS – Rel. Min. Laurita Vaz – J. 25.04.12)
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9. ADI 5804
Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pela Associação dos Delegados de Polícia do Brasil – Adepol em impugnação ao art. 9º, II, do Código Penal Militar (Decreto-Lei n. 1.001/1969), após a alteração promovida pela Lei n. 13.491/2017, e ao § 2º do art. 82 do Código de Processo Penal Militar, incluído pela Lei Federal 9.299/1996.
28-08-2018 - A PGR Raquel Dodge emitiu parecer no sentido de declarar a inconstitucionalidade da instauração de inquérito policial militar nos casos em que a apuração do crime é de competência da Justiça Comum.
Atualmente o processo da ADI 5808 se encontra com o Relator: Min. Gilmar Mendes.
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10. Estudo de caso 1
marido e mulher.Ele policial militar e Ela bombeiro militar. Ambos policiais ou bombeiros militares do Estado do Rio Grande do Norte. Um agride o outro, causando lesões corporais, por uma discussão familiar enquanto estavam em férias na cidade de Mossoró/RN. Nesta situação, configurou crime comum ou militar?
Pela interpretação literal da lei, temos um crime militar (lesão corporal – Art. 209 do CPM, por exemplo), nos termos do art. 9º, inc II, letra “a”. Julgamento pela Vara da Auditoria Militar do TJRN.
Pela posição do STF, teríamos atendida a exigência de enquadrar-se nas hipóteses do artigo 9º do CPM, mas como não haveria a presença do interesse militar ou conexão com a vida militar da conduta, não haveria razão alguma para considerá-lo crime militar, devendo a conduta de ambos, ao se lesionarem, ser definida pelas leis penais não militares.
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Estudo de caso 2
Um policial militar, de folga, está com sua esposa que é civil num restaurante conversando sobre uma possível separação. De repente o policial após uma calorosa discussão vem a sacar sua arma particular e atira na esposa, onde vem a óbito. Neste caso o crime de homicídio praticado por este policial militar será de competência de investigação da polícia judiciária comum ou militar? E, o seu julgamento, será pelo Tribunal do Júri ou pela justiça militar?
A investigação nesta situação será de competência da polícia judiciária comum e o seu julgamento pelo tribunal do júri, haja vista não ter nenhum amparo no art. 9º, do CPM para caracterizar a existência de crime militar. 
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Estudo de caso 3
Uma viatura policial militar colide frontalmente com um outro veículo. O motorista deste veículo é um civil). Desta colisão resulta, no local, na morte deste motorista. Nesta situação, a quem cabe a investigação e o julgamento?
A investigação nesta situação será de competência da polícia judiciária militar nos termos do art. 9º, inciso II, letra “c”, c/c o CTB através da Lei 13.491/17, e o seu julgamento dependerá da forma: dolosa ou culposa. Se dolosa será de competência do tribunal do júri, mas se culposa será de competência da justiça militar. 
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11. Perguntas
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SÚMULA
É o resumo de vários julgamentos de um tribunal sobre determinada matéria, quando as decisões são no mesmo sentido.
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