Buscar

Apostila FUNDAMENTOS DA ETICA Profa Maristela 2 semestre 2015

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Ministério da Educação 
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ 
Campus de Santa Helena 
Professora Maristela Rosso Walker 
 
 
 
 
 
Disciplina de 
FUNDAMENTOS DA ÉTICA 
 
Professora Maristela Rosso Walker 
 
 
Santa Helena/PR 
2015-2 
 
Ministério da Educação 
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ 
Campus de Santa Helena 
Professora Maristela Rosso Walker 
 
 
Tabela de Aulas e Atividades – Fundamentos da Ética 
Aula Data Tema / Atividade Tema / Atividade 
01 12/08/15 O que é Ética Resenha 
02 19/08/15 A essência das éticas antiga e moderna Resumo 
03 26/08/15 A essência da ética contemporânea Texto Argumentativo 
04 02/09/15 A dignidade humana Resenha 
05 09/09/15 Divisões da ética Resenha 
06 16/09/15 Ética e racionalidade Resenha 
07 23/09/15 A questão da finalidade do agir Texto Argumentativo 
08 30/09/15 Um dos temas anteriores 1ª Avaliação 
09 07/10/15 Ética e moral Texto Argumentativo 
10 14/10/15 Juízos de valor e de fato Resumo 
11 21/10/15 A consciência ética Resenha 
12 28/10/15 A educação ética dos indivíduos Resenha 
13 04/11/15 Imperativo categórico Resumo 
14 11/11/15 A ética do dever e autonomia (Kant) Texto Argumentativo 
15 18/11/15 A liberdade e a responsabilidade em Sartre Resumo 
16 25/11/15 A ética da responsabilidade (Weber) Resenha 
17 02/12/15 Um dos temas anteriores 2ª Avaliação 
18 09/12/15 A questão da bioética Resenha 
 
 
 
Ministério da Educação 
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ 
Campus de Santa Helena 
Professora Maristela Rosso Walker 
 
 
Aula 1 - Fundamentos da Ética 
Conceito de Ética 
O que é ética? 
Para Aristóteles o homem deveria ser correto virtuoso e ético 
A palavra ética é de origem grega derivada de ethos, que diz respeito ao costume, aos hábitos 
dos homens. Teria sido traduzida em latim por mos ou mores (no plural), sendo essa a origem 
da palavra moral. 
A palavra "ética" vem do grego ἠθικός (ethikos), e significa aquilo que pertence ao ἦθος1 
(ethos), que significava "bom costume", "costume superior", ou "portador de caráter". 
Uma das possíveis definições de ética seria a de que é uma parte da filosofia (e também 
pertinente às ciências sociais) que lida com a compreensão das noções e dos princípios que 
sustentam as bases da moralidade social e da vida individual. Em outras palavras, trata-se de 
uma reflexão sobre o valor das ações sociais consideradas tanto no âmbito coletivo como no 
âmbito individual. 
Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais. A palavra ética é 
derivada do grego, e significa aquilo que pertence ao caráter. 
Diferencia-se da moral, pois, enquanto esta se fundamenta na obediência a costumes e hábitos 
recebidos, a ética, ao contrário, busca fundamentar as ações morais exclusivamente pela 
razão. 
Na filosofia clássica, a ética não se resumia à moral (entendida como "costume", ou "hábito", 
do latim mos, mores), mas buscava a fundamentação teórica para encontrar o melhor modo de 
viver e conviver, isto é, a busca do melhor estilo de vida, tanto na vida privada quanto em 
público. A ética incluía a maioria dos campos de conhecimento que não eram abrangidos na 
física, metafísica, estética, na lógica, na dialética e nem na retórica. Assim, a ética abrangia os 
campos que atualmente são denominados antropologia, psicologia, sociologia, economia, 
pedagogia, às vezes política, e até mesmo educação física e dietética, em suma, campos direta 
ou indiretamente ligados ao que influi na maneira de viver ou estilo de vida. Um exemplo 
desta visão clássica da ética pode ser encontrado na obra Ética, de Spinoza. 
Porém, com a crescente profissionalização e especialização do conhecimento que se seguiu à 
revolução industrial, a maioria dos campos que eram objeto de estudo da filosofia, 
particularmente da ética, foram estabelecidos como disciplinas científicas independentes. 
Assim, é comum que atualmente a ética seja definida como "a área da filosofia que se ocupa 
do estudo das normas morais nas sociedades humanas" e busca explicar e justificar os 
costumes de um determinado agrupamento humano, bem como fornecer subsídios para a 
solução de seus dilemas mais comuns. Neste sentido, ética pode ser definida como a ciência 
que estuda a conduta humana e a moral é a qualidade desta conduta, quando julga-se do ponto 
de vista do Bem e do Mal. 
A ética também não deve ser confundida com a lei, embora com certa frequência a lei tenha 
como base princípios éticos. Ao contrário do que ocorre com a lei, nenhum indivíduo pode ser 
compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer 
qualquer sanção pela desobediência a estas; por outro lado, a lei pode ser omissa quanto a 
questões abrangidas no escopo da ética. 
O exercício de um pensamento crítico e reflexivo quanto aos valores e costumes vigentes tem 
início, na cultura ocidental, na Antiguidade Clássica com os primeiros grandes filósofos, a 
exemplo de Sócrates, Platão e Aristóteles. Questionadores que eram, propunham uma espécie 
de “estudo” sobre o que de fato poderia ser compreendido como valores universais a todos os 
homens, buscando dessa forma ser correto, virtuoso, ético. O pano de fundo ou o contexto 
histórico nos qual estavam inseridos tais filósofos era o de uma Grécia voltada para a 
preocupação com a pólis, com a política. 
A ética seria uma reflexão acerca da influência que o código moral estabelecido exerce sobre 
a nossa subjetividade, e acerca de como lidamos com essas prescrições de conduta, se 
aceitamos de forma integral ou não esses valores normativos e, dessa forma, até que ponto 
nós damos o efetivo valor a tais valores. 
Segundo alguns filósofos, nossas vontades e nossos desejos poderiam ser vistos como um 
barco à deriva, o qual flutuaria perdido no mar, o que sugere um caráter de inconstância. Essa 
mesma inconstância tornaria a vida social impossível se nós não tivéssemos alguns valores 
que permitissem nossa vida em comum, pois teríamos um verdadeiro caos. Logo, é 
necessário educar nossa vontade, recebendo uma educação (formação) racional, para que 
dessa forma possamos escolher de forma acertada entre o justo e o injusto, entre o certo e o 
errado. 
Assim, a priori, podemos dizer que a ética se dá pela educação da vontade. Segundo Marilena 
Chauí em seu livro Convite à Filosofia (2008), a filosofia moral ou a disciplina denominada 
ética nasce quando se passa a indagar o que são, de onde vêm e o que valem os costumes. Isto 
é, nasce quando também se busca compreender o caráter de cada pessoa, isto é, o senso moral 
e consciência moral individuais. Segundo Chauí, podemos dizer que o Senso Moral é a 
maneira como avaliamos nossa situação e a dos outros segundo ideias como a de justiça, 
injustiça, bom e mau. Trata-se dos sentimentos morais. Já com relação à Consciência Moral, 
Chauí afirma que esta, por sua vez, não se trata apenas dos sentimentos morais, mas se refere 
também a avaliações de conduta que nos levam a tomar decisões por nós mesmos, a agir em 
conformidade com elas e a responder por elas perante os outros. Isso significa ser responsável 
pelas consequências de nossos atos. 
Assim, tanto o senso moral como a consciência moral vão ajudar no processo de educação de 
nossa vontade. O senso moral e a consciência moral tem como pressuposto fundamental a 
ideia de um agente moral, o qual é assumido por cada um de nós. Enquanto agente moral, o 
indivíduo colocará em prática seu senso e consciência, pois são importantes para a vida em 
grupo entre vários outros agentes morais. 
Logo, o agente moral deve colocar em prática sua autonomia enquanto indivíduo,pois aquele 
que possui uma postura de passividade apenas aceita influências de qualquer natureza. Assim, 
consciência e responsabilidade são condições indispensáveis à vida ética ou moralmente 
correta. 
Num sentido menos filosófico e mais prático podemos compreender um pouco melhor esse 
conceito examinando certas condutas do nosso dia a dia, quando nos referimos por exemplo, 
ao comportamento de alguns profissionais tais como um médico, jornalista, advogado, 
empresário, um político e até mesmo um professor. Para estes casos, é bastante comum ouvir 
expressões como: ética médica, ética jornalística, ética empresarial e ética pública. 
A ética pode ser confundida com lei, embora que, com certa frequência a lei tenha como base 
princípios éticos. Porém, diferente da lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado 
ou por outros indivíduos a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela 
desobediência a estas; mas a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas pela ética. 
A ética abrange uma vasta área, podendo ser aplicada à vertentente profissional. Existem 
códigos de ética profissional, que indicam como um indivíduo deve se comportar no âmbito 
da sua profissão. A ética e a cidadania são dois dos conceitos que constituem a base de uma 
sociedade próspera. 
Definição e objeto de estudo 
 O estudo da ética dentro da filosofia, pode-se dividir em sub-ramos, após o advento da 
filosofia analítica no séc XX, em contraste com a filosofia continental ou com a tradição 
filosófica. Estas subdivisões são: 
 Metaética, sobre a teoria da significação e da referencia dos termos e proposições morais e 
como seus valores de verdade podem ser determinados 
 Ética normativa, sobre os meios práticos de se determinar as ações morais 
 Ética aplicada, sobre como a moral é aplicada em situações específicas 
 Ética descritiva, também conhecido como ética comparativa, é o estudo das visões, 
descrições e crenças que se tem acerca da moral 
 Ética Moral, trata-se de uma reflexão sobre o valor das ações sociais consideradas tanto no 
âmbito coletivo como no âmbito individual. 
Termo 
Em seu sentido mais abrangente, o termo "ética" implicaria um exame dos hábitos da espécie 
humana e do seu caráter em geral, e envolveria até mesmo uma descrição ou história dos 
hábitos humanos em sociedades específicas e em diferentes épocas. Um campo de estudos 
assim seria obviamente muito vasto para poder ser investigado por qualquer ciência ou 
filosofia particular. Além disso, porções desse campo já são ocupadas pela história, pela 
antropologia e por algumas ciências naturais particulares (como, por exemplo, a fisiologia, a 
anatomia e a biologia),se considerarmos que o pensamento e a realização artística são hábitos 
humanos normais e elementos de seu caráter. No entanto, a ética, propriamente dita, restringe-
se ao campo particular do caráter e da conduta humana à medida que esses estão relacionados 
a certos princípios – comumente chamados de "princípios morais". As pessoas geralmente 
caracterizam a própria conduta e a de outras pessoas empregando adjetivos como "bom", 
"mau", "certo" e "errado". A ética investiga justamente o significado e escopo desses 
adjetivos tanto em relação à conduta humana como em seu sentido fundamental e absoluto. 
Ética sofistica 
Embora Sócrates tenha sido o primeiro a chegar a uma concepção adequada dos problemas da 
conduta, a ideia geral não surgiu com ele. A reação natural contra o dogmatismo metafísico e 
ético dos antigos pensadores havia alcançado o seu clímax com os sofistas. Górgias e 
Protágoras são apenas dois representantes do que, na verdade, foi uma tendência universal a 
abandonar a teorização dogmática e estritamente ontológica e a se refugiar nas questões 
práticas – especialmente, como era natural na cidade-estado grega, nas relações cívicas do 
cidadão. 
A educação oferecida pelos sofistas não tinha por objetivo nenhuma teoria geral da vida, mas 
propunha-se ensinar a arte de lidar com os assuntos mundanos e administrar negócios 
públicos. Em seu encômio às virtudes do cidadão, apontaram o caráter prudencial da justiça 
como meio de obter prazer e evitar a dor. Na concepção grega de sociedade, a vida do cidadão 
livre consistia principalmente em suas funções públicas, e, portanto, as declarações 
pseudoéticas dos sofistas satisfaziam as expectativas da época. Não se considerava a ἀρετἠ 
(virtude ou excelência) como uma qualidade única, dotada de valor intrínseco, mas como 
virtude do cidadão, assim como tocar bem a flauta era a virtude do tocador de flauta. Percebe-
se aqui, assim como em outras atividades da época, a determinação de adquirir conhecimento 
técnico e de aplicá-lo diretamente a assuntos práticos; assim como a música estava sendo 
enriquecida por novos conhecimentos técnicos, a arquitetura por teorias modernas de 
planejamento e réguas T (ver Hipódamo), o comando de soldados pelas novas técnicas da 
"tática" e dos "hoplitas", do mesmo modo a cidadania deve ser analisada como inovação, 
sistematizada e adaptada conforme exigências modernas. Os sofistas estudaram esses temas 
superficialmente, é certo, mas abordaram-nos de maneira abrangente, e não é de se estranhar 
que tenham lançado mão dos métodos que se mostraram bem-sucedidos na retórica e tenham-
nos aplicado à "ciência e arte" das virtudes cívicas. 
O Protágoras de Platão alega, não sem razão, que ao ensinar a virtude eles simplesmente 
faziam sistematicamente o que todos os outros faziam de modo caótico. Mas no verdadeiro 
sentido da palavra, os sofistas não dispunham de um sistema ético, nem fizeram contribuições 
substanciais, salvo por um contraste com a especulação ética. Simplesmente analisaram as 
fórmulas convencionais, de maneira bem semelhante a de certos moralistas (assim chamados) 
"científicos". 
A essa arena de senso-comum e vagueza, Sócrates trouxe um novo espírito crítico, e mostrou 
que esses conferencistas populares, a despeito de sua fértil eloquência, não podiam defender 
suas suposições fundamentais nem sequer oferecer definições racionais do que alegavam 
explicar. Não só eram assim "ignorantes" como também perenemente inconsistentes ao lidar 
com casos particulares. Desse modo, com o auxílio de sua famosa "dialética", Sócrates 
primeiramente chegou ao resultado negativo de que os pretensos mestres do povo eram tão 
ignorantes quanto ele mesmo afirmava ser, e, em certa medida, justificou o encômio de 
Aristóteles de ter prestado o serviço de "introduzir a indução e as definições" na filosofia. No 
entanto, essa descrição de sua obra é muito técnica e muito positiva, se avaliada com base nos 
primeiros diálogos de Platão, em que o verdadeiro Sócrates encontra-se menos alterado. 
Sócrates sustentava que a sabedoria preeminente que o oráculo de Delfos lhe atribuiu 
consistia numa consciência única da ignorância. No entanto, é igualmente claro, com base em 
Platão, que houve um elemento positivo muito importante no ensinamento de Sócrates, que 
justifica afirmar, junto com Alexander Bain, que "o primeiro nome importante na filosofia 
ética antiga é Sócrates". 
A união dos elementos positivo e negativo de sua obra tem causado alguma perplexidade 
entre os historiadores, e a consistência do filósofo depende do reconhecimento de algumas 
doutrinas a ele atribuídas por Xenofonte como meras tentativas provisórias. Ainda assim, as 
posições de Sócrates mais importantes na história do pensamento ético são fáceis de 
harmonizar com sua convicção de ignorância e tornam ainda mais fácil compreender sua 
infatigável inquirição da opinião comum. Enquanto mostrava claramente a dificuldade de 
adquirir conhecimento, Sócrates estava convencido de que somenteo conhecimento poderia 
ser a fonte de um sistema coerente da virtude, assim como o erro estava na origem do mal. 
Assim, Sócrates, pela primeira vez na história do pensamento, propõe uma lei científica 
positiva de conduta: a virtude é conhecimento. Esse princípio envolvia o paradoxo de que a 
pessoa que sabe o que é o bem não pratica o mal. Mas esse é um paradoxo derivado de seus 
truísmos irretorquíveis: "Toda a pessoa deseja o seu próprio bem e obtê-lo-ia se pudesse" e 
"Ninguém negaria que a justiça e a virtude em geral são bens; e entre todos, os melhores". 
Todas as virtudes, portanto, estão sintetizadas no conhecimento do bem. Mas esse bem, para 
Sócrates, não é um dever que se opõe ao interesse próprio. A força do paradoxo depende de 
uma fusão do dever e do interesse numa única noção de bem, uma fusão que era prevalecente 
no modo de pensar da época. Isso é o que forma o núcleo do pensamento positivo de Sócrates, 
segundo Xenofonte. Ele não podia oferecer nenhuma abordagem satisfatória do Bem em 
abstrato, e esquivava-se de qualquer questão sobre esse ponto dizendo que não conhecia 
"nenhum bem que não fosse bom para alguma coisa em particular", mas esse bem particular é 
consistente consigo mesmo. Quanto a si, estimava acima de todas as coisas a virtude da 
sabedoria; e, no intuito de alcançá-la, enfrentava a penúria mais severa, sustentando que uma 
vida assim seria mais rica em satisfação que uma vida de luxo. Essa visão multidimensional é 
ilustrada pela curiosa mistura de sentimentos nobres e meramente utilitários em sua 
abordagem sobre a amizade: um amigo que não nos traga benefícios não vale nada; no 
entanto, o maior benefício que um amigo pode nos trazer é o aperfeiçoamento moral. 
As características historicamente importantes de sua filosofia moral, tomando-se 
conjuntamente seus ensinamentos e o seu caráter pessoal, podem ser sintetizados da seguinte 
maneira: (1) uma busca apaixonada por um conhecimento que não está disponível em lugar 
algum, mas que, se encontrado, aperfeiçoará a conduta humana; (2) simultaneamente, uma 
exigência de que os homens deveriam agir na medida do possível conforme uma teoria 
coerente; (3) uma adesão provisória à concepção recebida sobre o que é bom, com toda a sua 
complexidade e incoerência, e uma prontidão permanente em sustentar a harmonia de seus 
diversos elementos, e em demonstrar a superioridade da virtude mediante um apelo ao padrão 
do interesse próprio; (4) firmeza pessoal em adotar essas convicções práticas. É só quando se 
tem em vista todos esses pontos que se pode compreender como, das conversações socráticas, 
brotaram as diferentes correntes do pensamento ético grego. 
A ética tem sido aplicada na economia, política e ciência política, conduzindo a muitos 
distintos e não-relacionados campos de ética aplicada, incluindo: ética nos negócios e 
Marxismo. 
Também tem sido aplicada à estrutura da família, à sexualidade, e como a sociedade vê o 
papel dos indivíduos, conduzindo a campos da ética muito distintos e não-relacionados, como 
o feminismo e a guerra, por exemplo. 
A visão descritiva da ética é moderna e, de muitas maneiras, mais empírica sob a filosofia 
Grega clássica, especialmente Aristóteles. 
Inicialmente, é necessário definir uma sentença ética, também conhecido como uma 
afirmativa normativa. Trata-se de um juízo positivo ou negativo (em termos morais) de 
alguma coisa. Sentenças éticas são frases que usam palavras como bom, mau, certo, errado, 
moral, imoral, etc. 
Aqui vão alguns exemplos: “Salomão é uma boa pessoa” / “As pessoas não devem 
roubar”/“A honestidade é uma virtude”. Em contraste, uma frase não-ética precisa ser uma 
sentença que não serve para uma avaliação moral. Alguns exemplos são: 
“Salomão é uma pessoa alta” /“As pessoas se deslocam nas ruas”/"João é o chefe". 
Ética nas ciências - A principal lei ética na robótica é: Um robô jamais deve ser projetado 
para machucar pessoas ou lhes fazer mal. 
Na biologia: Um assunto que é bastante polémico é a clonagem: uma parte dos ativistas 
considera que, pela ética e bom senso, a clonagem só deve ser usada, com seu devido 
controle, em animais e plantas somente para estudos biológicos - nunca para clonar seres 
humanos. 
Na Programação: Nunca criar programas (softwares) para prejudicar as pessoas, como para 
roubar ou espionar. 
 
REFERÊNCIAS 
BARTUSCHA, Wolfgang. Espinosa. Artmed, 2010. 
BROCHARD, Victor. Os Céticos Gregos. Odysseus Editora, 2009. 
DELEUZE, Gilles. Espinosa: Filosofia Prática. Editora Escuta. 2008. 
 
ATIVIDADE 
Elaboração de RESENHA abordando o que estudamos na aula de hoje. 
 
 
Ministério da Educação 
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ 
Campus de Santa Helena 
Professora Maristela Rosso Walker 
 
Aula 2 - Fundamentos da Ética 
A essência das éticas antiga e moderna 
Qual o conceito de ética na Grécia antiga e a ética da interioridade 
na sociedade medieval? 
Partindo de uma visão filosófica, assim como os grandes pensadores na história da 
humanidade, o conceito de ética está associado ao estudo fundamentado dos valores morais 
que orientam o comportamento humano em uma sociedade. 
Contudo, a Ética no período grego, era direcionada a um foco diferente do da sociedade 
medieval, moderna e pós-moderna. No período grego a Ethos, variava conforme seus 
pensadores, Sócrates, por exemplo racionaliza a Ética e preconiza uma concepção do bem e 
do mal e da virtude, Já com Platão, a Ética ganha fôlego na política a partir de uma concepção 
metafísica e da sua doutrina da alma, por sua vez Aristóteles fala do homem político, social, 
condenado a viver na pólis. 
Com essas linhas de pensamento que moldaram por alguns séculos a ética da humanidade, 
bem como a de muitos povos e civilizações futuras, percebesse que a ética na Grécia antiga se 
fixava muito mais no caráter público individual de cada ser, bem como sua consciência moral 
individual que era anexada de maneira livre e racional ao seu meio de viver naquele período. 
Porem apos a decadência do universo grego e suas filosofias éticas, a reflexão da ética 
filosófica toma novas direções: de uma moral da pólis para uma moral do universo. Isso 
devido a grande influência da igreja e suas normas de convivência social que eram reguladas 
pelo cristianismo. 
Neste período a ética passa da dimensão de ação, no comportamento, no agir social para a 
dimensão das boas intenções com o desejo de alcançar o bem para atender a vontade divina. 
Mesmo que nesse período a filosofia estivesse a favor da teologia como se percebe com os 
trabalhos de Agostinho e Tomás de Aquino as visões socráticas, platônicas e aristotélicas 
eram usadas exclusivamente para cristianizar e não mais ser inspiradora da liberdade e 
racionalidade individual. 
A ética de Agostinho foi desenvolvida por uma ideia teológica nas categorias de ordem e de 
fim, ordem essa atribuída com um significado ontológico e ético que se articula à ideia de fim 
ser o condutor da plena realização. Já com Tomás de Aquino, que também recebeu influências 
de Agostinho procurou desenvolver uma ideia de ética, pela qual se dá a perfeição do ser em 
sua ordem, o que ele prescreve através de três marcos conceituais: a estrutura do agir ético, a 
estrutura da vida ética e a realização histórica da vida ética. 
Desse modo com estas duas influências filosóficas percebe-se a inegável influência deste tipo 
de ética por toda a sociedade medieval e ainda nas sociedades modernas e pós-modernas, 
mesmo que de modo mais sútil. Neste período da história medieval embebedada pelas visões 
agostinianas e aquinianas a ideia de culpa pessoal pelo não cumprimento da ética com Deus, 
criou um juiz no interiore na consciência de cada medievo o que fez com que se iniciasse um 
movimento de rompimento do vinculo entre a ética e a política. 
Considerações sobre a Ética Grega 
Moral ou Ética - Há alguma diferença entre os significados de moral e de ética? Esta é a 
primeira questão que surge quando nos aventuramos por estes caminhos da filosofia. O termo 
moral deriva do latim mos, significa "costume", ao mesmo modo de ética, que se origina do 
grego ethos. Desta maneira podemos dizer que moral e ética significam a mesma coisa, ou 
seja, são equivalentes. Isto é verdadeiro pelo menos quando nos referimos à filosofia antiga. 
Contudo, atualmente se fazem algumas distinções entre moral e ética. Mas, pelo fato de nossa 
pesquisa estar restrita à filosofia antiga podemos, sem maiores problemas, usar tanto o termo 
ética quanto moral que isto não deve causar nenhum mal entendido. Particularmente, prefiro a 
palavra ética por ter a sua origem na língua grega (que é a língua utilizada por Platão). Porém, 
estamos conscientes de que muitos autores hispânicos e franceses optam pelo termo moral. 
Contudo, o problema não é tão simples, pois a palavra ética tanto pode vir do grego     
quanto de     . O primeiro termo realmente significa costume, hábito ou uso, como é 
utilizado por Platão no Fédon, e o segundo, tem outro significado, quer dizer: disposição de 
caráter; temperamento; disposição da alma; maneira de ser, pensar ou sentir, como, por 
exemplo, é utilizado pelo próprio Platão no Fedro. Então, se queremos referir-nos à ética 
nessa segunda acepção se faz conveniente e mais oportuno utilizar a palavra "ética" e não 
"moral"; já que a primeira abrange os dois sentidos, enquanto que moral (do latim mos) só faz 
referência ao sentido de costume. 
Os primeiros passos da Ética - A ética grega surge com a especulação dos filósofos sobre os 
costumes do seu tempo e das suas cidades, isto é, além das práticas habituais de conduta, 
também as crenças de caráter religioso aí implicadas. Já nos pré-socráticos, encontramos 
algumas reflexões com o intuito de descobrir as razões pelas quais os homens devem se 
comportar de determinada maneira. Mais do que isto, o discurso ético procura definir uma 
atitude reflexiva e racional para julgar as ações humanas (como exemplo, podemos citar 
Demócrito). Porém, há, em filosofia, um certo consenso no que diz respeito ao pensador mais 
representativo do início da ética antiga. Desde Aristóteles até nossos dias, atribui-se à figura 
de Sócrates este papel. É claro que antes dele já houve quem falasse de normas de 
comportamento, como é o caso dos chamados pré-socráticos, assim como alguns autores 
trágicos e historiadores, sem esquecer os sofistas, contemporâneos de Sócrates. Porém, foi 
Sócrates quem delimitou o domínio do estudo que trata das ações humanas, definiu uma 
atitude reflexiva e crítica dos conceitos e argumentos necessários para a criação e 
desenvolvimento da ética como parte integrante da filosofia antiga. Isto é, Sócrates não foi 
quem inaugurou a reflexão ética, mas quem criou um estilo de pesquisa ética, analítica e 
argumentativa. Seu pensamento irá influenciar as novas escolas, mesmo após a sua morte, 
como é o caso dos cínicos e dos cirenaicos e também das escolas helenísticas (epicurismo, 
ceticismo e estoicismo). 
A filosofia ética da antiguidade se desenvolve por um período de mais de dez séculos. 
Tradicionalmente é dividido em três grandes momentos: os pré-socráticos; Sócrates, Platão e 
Aristóteles; e os helenistas. A rigor, nem todas as correntes de filosofia ética antiga podem ser 
encaixadas nesta divisão. Por exemplo, temos o caso de Pirron e seu discípulo Timon, 
pensadores do século III A. C., os quais trabalham com uma forma radical de ceticismo. 
Igualmente temos o caso dos filósofos injustamente chamados de "socráticos menores", que 
embora sejam contemporâneos de Platão, diferenciam-se tanto deste quanto de Aristóteles. 
Também cabe ressaltar que nem sempre havia consenso dentro destes grupos. Assim, 
Aristóteles faz severas criticas a Platão, e epicuristas, estoicistas e ceticistas não param de 
debater entre eles. 
Ética nos pré-socráticos - A literatura homérica nos deixou uma herança cultural 
considerável. No que diz respeito à ética, encontramos nos poemas de Homero o 
desenvolvimento de um modelo que tem por finalidade a procura do ideal heróico de 
afirmação de si. Aquiles ouve as recomendações do seu pai que lhe diz para "ser sempre o 
primeiro, o melhor e superior aos outros". A possessão da virtude é a medida das façanhas 
cumpridas. Esse ideal de afirmação de si que faz procurar o desafio e a competição é 
associado a uma ética da vergonha ou da honra. No poema de Hesíodo, Os trabalhos e os 
dias, encontramos o ideal de afirmação de si conjugado a uma ética fundada sobre o 
constrangimento e a autolimitação. Em geral, podemos dizer que as grandes obras literárias 
gregas que tratam das reflexões éticas são anteriores ou contemporâneas a Sócrates. Porém, a 
essência da filosofia ética, como reflexão sobre a conduta humana, lhe é posterior. 
Podemos constatar que os trabalhos dos pré-socráticos são muito mais preceitos de 
moralidade (como é o caso dos fragmentos de Heráclito, 110, 111, 112) do que propriamente 
reflexões éticas. Como exceção, temos a teoria heraclitiana da justiça e a concepção 
democritiana do bem moral. A Dike (justiça) para Heráclito trabalha com as noções de erro e 
reparação. Ela designa a punição ou a correção infligida a quem ultrapassa a medida e 
perturba a ordem entre os elementos do mundo, pois a ordem do kosmos ou da physis tem um 
caráter ético, político e estético. 
Xenófanes é o primeiro pensador que tenta dissociar o estudo do mundo humano do mundo 
divino. O mundo dos deuses e o cosmos só conhecem a justiça e a harmonia, diferente do 
mundo humano onde também encontramos hostilidade, conflitos, injustiça e retribuição. 
Assim, a conduta do homem deve ser entendida por princípios diferentes dos aplicados para 
compreender o cosmos. Estas críticas à teologia ingênua de Homero e Hesíodo encontradas 
nos fragmentos de Xenófanes provavelmente preparam o caminho para a emergência do 
racionalismo ético que virá um século mais tarde. 
Ética nos contemporâneos de Sócrates - Vemos em Demócrito a primeira formulação de 
uma teoria convencionalista da legalidade. As leis (nomos) são concebidas como 
indispensáveis ao convívio humano e fazem parte das exigências éticas necessárias à proteção 
mútua dos interesses. A qualidade ética da vida boa está associada a um bem fundamental e, 
sobretudo, a um bem interior ao sujeito, isto é, um estado da alma. Este bem é designado 
como euthymia (bom humor, tranqüilidade de espírito) e está associado ao euesto (bem-estar) 
e à athambia (a capacidade de não se perturbar por nada). Este bem ético é objetivo e 
universal e opõe-se ao prazer, bem relativo, subjetivo e variável. A tese socrática da justiça 
como bem da alma dependente do exercício da razão, encontra-se aqui prefigurada. Para 
Demócrito há uma superioridade dos prazeres intelectuais e espirituais sobre os outros 
prazeres como a riqueza e a reputação. 
Ética em Sócrates - A filosofia ética de Sócrates pode ser reconstituída a partir dos textos de 
Xenofonte (Memoráveis, Banquete e Apologia de Sócrates) e dos primeiros diálogos de 
Platão. Sócrates inova tanto no estilo da pesquisa ética quanto na compreensão da arete 
(virtude). O elemento mais surpreendente do pensamento socrático é a sua convicção em 
afirmar que a racionalidade, ou o saber, é um meio de progredir até a virtude. Um certo 
processo de pesquisa racional, o elenchos (meio de prova, argumento, investigação), permite 
estabelecer um conjunto de certezas que formao conteúdo da Ética. Sem um exato saber não 
é possível uma ação justa e sempre que há saber, a ação justa resulta automaticamente. O 
saber é a raiz de toda ação ética, e a ignorância a fonte de todos os erros. 
A noção de bem na ética grega - O pensamento deve ser capaz de imaginar um ideal do 
"melhor agir" ou do "melhor ser", a respeito das relações dos homens entre si, do estatuto da 
sua vida social. Para podermos ser capazes de determinar a natureza da noção de bem ético, 
faremos um levantamento histórico tomando como base a obra de Léon Robin. 
Nos poemas homéricos, mais do que uma justiça divina, encontramos em Zeus o poder de 
realizar todos os seus caprichos, socorrer os seus favoritos, satisfazer as suas paixões. Os 
deuses, a exemplo dos homens, sentem cólera e desejo de vingança, e estão longe de ser 
portadores do direito. Isto causa um sentimento de incerteza com respeito à vida, que é bem 
representado pelo pessimismo de Teógonis. Talvez seja a partir de Sólon e nas suas Elegias 
que aparece a confiança, por parte dos mortais, na justiça divina. 
A dicotomia entre physis e nomos - A filosofia começa com o assombro do homem perante 
os fenômenos da natureza. Utilizando-se da razão, os primeiros filósofos tentam encontrar um 
princípio último (arkhe) que dê conta dessa realidade. Todo esse processo de investigação 
começa com os estudos sobre a physis feitos pelos pré-socráticos, continuados tanto nos 
trabalhos de Platão com seu mundo das Ideias e a Ideia de Bem, quanto os de Aristóteles com 
sua tese do Primeiro Motor imóvel. Foram a ordem, a harmonia, a regularidade e 
superioridade desses fenômenos que fizeram com que os filósofos primeiro contemplassem, 
depois se assombrassem, para que, em seguida, tentassem desvendar esses fenômenos, 
perguntando-se pela sua causa e a sua essência. Assim nasce a filosofia, buscando desvendar a 
natureza e procurando a verdadeira essência deste mundo. 
O sentido da physis nos pré-socráticos - Provavelmente, foi Anaximandro o primeiro 
pensador a deixar por escrito um trabalho sobre a natureza. Apesar de existirem dúvidas sobre 
o título da sua obra Peri physeos, não podemos negar que o conteúdo seja a physis. E quem 
primeiro utilizou a palavra physis foi Heráclito, ao afirmar que "a natureza ama ocultar-se". 
Resumidamente, podemos dizer, tomando como base o artigo já citado de Gómez Muntán, 
que a palavra physis pode assumir quatro sentidos diferentes entre os pré-socráticos: 
No pensamento grego, a lei se opõe primeiro à arbitrariedade. Por isto que nomos substitui a 
palavra thesmos, que, como themis, designa o comando autoritário de um superior, Deus, rei 
ou legislador com poderes plenos. 
 
REFERÊNCIAS 
PLATÃO. Gorgias. Tradução de Alfred Croiset, revisão, introdução e notas de Jean-François 
Pradeau, Paris, Les Belles Lettres, 1997. 
PLATÃO. Obras completas. Tradução, introdução e notas de MIGUEZ, ARAUJO, YAGÜE, 
GIL, RICO, HUESCAR e SAMARANCH. Segunda edición - tercera reimpresión. Madrid, 
Aguilar S.A. de Ediciones, 1977. 
 
ATIVIDADE 
Elaborar um RESUMO sobre o tema abordado na aula de hoje. Uma página. 
 
Ministério da Educação 
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ 
Campus de Santa Helena 
Professora Maristela Rosso Walker 
 
Aula 3 - Fundamentos da Ética 
A essência da ética contemporânea 
Idade Contemporânea: a ética do homem concreto 
A idade contemporânea é o período específico atual da história do mundo ocidental, iniciado 
a partir da Revolução Francesa (1789 d.C.) é o nome dado ao conjunto de acontecimentos 
que, entre 5 de maio de 1789 e 9 de novembro de 1799[1], alteraram o quadro político e social 
da França. Ela começa com a convocação dos Estados Gerais e a Queda da Bastilha e se 
encerra com o golpe de estado do 18 de Brumário de Napoleão Bonaparte. 
O seu início foi bastante marcado pela corrente filosófica iluminista, que elevava a 
importância da razão. Havia um sentimento de que as ciências iriam sempre descobrindo 
novas soluções para os problemas humanos e que a civilização humana progredia a cada ano 
com os novos conhecimentos adquiridos. Com o evento das duas grandes guerras mundiais o 
ceticismo imperou no mundo, com a percepção que nações consideradas tão avançadas e 
instruídas eram capazes de cometer atrocidades dignas de bárbaros. Decorre daí o conceito de 
que a classificação de nações mais desenvolvidas e nações menos desenvolvidas têm 
limitações de aplicação. 
Atualmente está havendo uma especulação a respeito de quando essa era irá acabar, e, por 
tabela, a respeito da eficiência atual do modelo europeu da divisão histórica. 
A história ou Idade contemporânea compreende o espaço de tempo que vai da revolução 
francesa aos nossos dias. A idade contemporânea está marcada de maneira geral, pelo 
desenvolvimento e consolidação do regime capitalista no ocidente e, consequentemente pelas 
disputas das grandes potências europeias por territórios, matérias-primas e mercados 
consumidos. 
Para Marx, o Estado Alemão da sua época representava o passado dos povos modernos e a 
luta contra sua opressão assinalaria o esforço de livrar a humanidade de todos os laços que a 
alienam. Um de seus pensamentos é de que toda crítica permanece inócua se não atinge a raiz 
do próprio homem, enquanto ser concreto e a sociedade no qual vive e se manifesta, e fala que 
“Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social 
que lhe determina a consciência”. 
Ética Contemporânea 
A ética contemporânea teve seu início em meados do século XIX, devido às mudanças que a 
evolução da ciência provocou na humanidade, descobrindo até mesmo formas eficientes de 
acabar com a vida humana. 
Dessa forma, o novo pensamento ético que nasceu começou a contestar o racionalismo 
absoluto, e assumir a existência de uma parte inconsciente em todos os homens. 
As principais correntes dessa Ética Contemporânea são: O Existencialismo, o Pragmatismo, a 
Psicanálise, o Marxismo, o Neopositivismo e a Filosofia Analítica. (Comentaremos sobre 
cada uma dessas correntes durante a construção desse blog.) 
A ética na idade contemporânea se defronta com uma enorme variedade de tendências morais 
derivadas do pluralismo cultural existente. Dentro de uma mesma sociedade encontramos 
correntes morais diferentes, que se formam a partir dos juízos de valores recebidos por cada 
sujeito em seu ciclo de convivência. A imparcialidade exigida da ética faz com que nenhuma 
dessas “vertentes” morais seja aceita como a melhor tendência. 
Às correntes da ética contemporânea cabe criticar e analisar os diferentes hábitos e costumes 
existentes nos dias atuais para que cheguemos a um ponto comum a ser aceito. 
Há também um novo desafio imposto aos estudiosos que se dedicam à ética: o fato de que o 
comportamento dos homens nem sempre são guiados pelos seus juízos sobre o valor dos atos. 
Além da parte irracional já aceita e levada em consideração por essas correntes, o conceito 
deturpado de felicidade pode fazer com que as pessoas se distanciem das virtudes éticas, da 
justa medida citada por Aristóteles em seus estudos. 
A nova filosofia de vida e a ética de manipulação favorecem ao imediatismo, à criação de 
cidadãos altamente manipuláveis e à superação do individual sobre o coletivo. Tudo é feito 
em nome de uma falsa liberdade, que está se confundindo com o conceito de libertinagem. 
Analisar esses fatos de acordo com cada uma das correntes da ética contemporânea é o 
objetivo dessa página em nosso blog. 
Iniciaremos então a nossa discussão nos referenciando no Existencialismo, que tem como 
principais filósofos Kierkgaard e Sartre. 
O filosofo Johnson, cita e explica algumas características objetivastes do “eu”,são elas: 
1- O eu é racional, essencial – para o objetivismo moral o agente moral deve ser um tipo de 
quase objeto com uma natureza determina, fixa, assim é considerado como tendo uma 
natureza imutável que partilha com todas as outras criaturas de sua espécie. 
2- O eu é não histórico – como a essência do agente moral não é modificada por condições 
históricas o “eu” permanece fixo, independentemente da cultura e do tempo. 
3- O eu é universal – pelo fato de possuirmos razão prática os agentes morais são todos iguais, 
pois agir moralmente é considerado como um problema, pois temos que sair de nossas 
particularidades e nos dar conta da natureza racional universal partilhada em virtude da qual 
constituímos uma comunidade moral universal. 
4 – O eu é bifurcado em razão e desejo – estabelece que o eu consiste em entendimento e 
desejo, sendo distintos um do outro, porém a máquina da mente, por si mesma, nada quer, e o 
desejo sem o auxílio do entendimento, nada pode ver. Essa dupla natureza é a verdadeira 
força motivacional do ser, pois nos empurram e determinam os objetos de nossos apetites ou 
aversões. 
5- O eu é individual e atômico – define assim por entender as pessoas como fontes de seus 
próprios fins, já que a racionalidade e a liberdade são inerentes, propriedades essenciais das 
pessoas individuais. 
A Ética dos Falantes (Antônio Rogério da Silva) 
A ideia de uma ética fundada na comunicação é das mais originais da história da filosofia. Em 
geral, procura-se estabelecer princípios morais sobre um bem maior que deva ser perseguido, 
numa noção de justiça distributiva, em sentimentos especiais, na razão, ou mesmo em 
interesses particulares comuns a cada indivíduo, mas nunca numa discussão entre as pessoas. 
Todas teorias morais, com exceção do contratualismo – talvez –, estão centradas na 
constituição física ou cognitiva de um ser racional, sendo, portanto, subjetivas. 
Entretanto, a ética do Discurso tenta fornecer critérios que possam validar normas ou leis 
morais, não no sujeito, mas na atividade comunicativa exercida por ele, diante de seus 
semelhantes. Essa característica intersubjetiva traz consequências importantes para a estrutura 
política da sociedade, ao mesmo tempo em que tenta resolver um problema de 
comprometimento na realização das ações morais, sem apelar para considerações metafísicas 
do sujeito. Esse tipo de ética avalia o regime democrático como único apto a fomentar leis a 
partir de um acordo extraído do debate público. Os argumentos desenrolados por meio da 
comunicação produziriam um consenso, cujo esclarecimento mútuo teria força coercitiva 
suficiente para levar todos os participantes a agirem conforme o que fora aceito como válido 
por cada um dos envolvidos. 
O Conceito de Discurso 
A formulação de Habermas para a ética do Discurso evita alguns problemas de justificação 
que a postura "apriorista" e transcendental de Apel tem de enfrentar. Habermas assume uma 
posição mais fraca quanto a essas pretensões, sendo, contudo, melhor montada e 
esclarecedora. Motivo pelo qual ela é a referência que a maioria dos críticos e comentadores 
tem em mente. 
Discurso é definido como uma relação entre duas ou mais pessoas estabelecida através de 
conversação argumentativa, onde cada parte está disposta a defender suas opiniões frente aos 
demais. O aspecto intersubjetivo da troca de justificações é constitutivo dos acordos acerca 
dos enunciados com pretensões de validade problematizadas. Dos agentes, exige-se que sejam 
falantes competentes de uma linguagem natural comum. Os temas tratados são retirados do 
pano de fundo do mundo vivido. Porém, isso não é tudo. 
Os discursos visam atingir a verdade, ou correção, de uma descrição, ou norma, de forma 
cooperativa. Podem ser divididos em dois planos distintos: o discurso teórico, sobre asserções 
ou afirmações descritivas; e o discurso prático, sobre imperativos, leis ou normas. No discurso 
teórico, está em jogo o valor de verdade de uma constatação acerca das coisas no mundo. Por 
verdade, entende-se a pretensão de validade implicada com atos de fala constatativos, ou seja, 
descrições que são fundamentadas por meio de frases. As questões sobre a verdade das 
asserções envolvidas surgem em contextos de ação, que abrangem informações obtidas sobre 
objetos empíricos. Quando as asserções se tornam problemáticas e já não se acham deduções 
lógicas, nem evidências em experiências decisivas, contra ou a favor à descrição dos fatos, se 
faz necessário estabelecer uma troca de informações, a fim de encontrar motivações racionais 
(argumentos) para aceitação ou rejeição de sua validade. O consenso que resulta dessa 
discussão deve ser determinado pelos argumentos apresentados, que estão relacionados a uma 
realidade exterior à linguagem utilizada. 
Assim, o discurso teórico constitui-se em um processo gradual de autorreflexão dos 
participantes. As descrições problemáticas, para serem consideradas válidas, entram em uma 
discussão onde se exige explicações sobre seus argumentos teóricos. Em seguida, verifica-se a 
adequação desse argumento ao contexto linguístico. Por fim, um acordo deve surgir para que 
uma fundamentação ocorra livremente. Em outras palavras, em um discurso teórico empírico, 
as asserções com pretensões de validade controvertidas buscam a aprovação de todos os 
ouvintes, que, por sua vez, podem exigir explicações acerca de suas causas ou motivos, no 
caso de acontecimentos ou ações. Os níveis de argumentação pelos quais a discussão se 
desenrola requerem, como regras de inferência indutiva, que haja uniformidade empírica ou 
hipóteses sustentadas pelas observações, pesquisas ou experimentos. Destarte, se chega a uma 
teoria consensual da verdade, pelo discurso argumentativo. 
Uma vez que a argumentação seja considerada suficiente para tomadas de decisão motivadas 
racionalmente, o discurso é capaz de rever a adequação dos próprios sistemas linguísticos 
adotados – sejam teóricos ou práticos. Nesse exame, o discurso proporciona a conscientização 
dos indivíduos em relação ao processo de formação do conhecimento e das normas, pois 
permite o trânsito livre e simétrico dos participantes através dos diversos níveis discursivos, 
com apresentação de propostas, demandas por fundamentos, troca de papéis entre falantes e 
ouvintes, em um engajamento pelo entendimento mútuo, sem o emprego da coerção física. 
A Formação Moral dos Falantes 
As características formais, universais e cognitivas ficam evidentes depois da descrição 
do modelo de discurso habermasiano. Entretanto, a constituição moral da pessoa gera alguns 
obstáculos ao aspecto cognitivo da teoria. As pessoas introduzem as normas e apresentam as 
razões que as motivam adotar aquelas normas consideradas moralmente válidas. Para tanto, 
faz-se necessário que, além de uma capacidade comunicativa internalizada, os sujeitos tenham 
passado por um desenvolvimento moral, durante o processo natural de amadurecimento que 
transforma a criança em adulto. 
Influências 
As influências de Immanuel Kant (1724-1804) são óbvias, mas também percebe-se a 
preocupação com a distinção feita por Georg W. F. Hegel (1770-1831) entre eticidade e 
moralidade – aquela relacionada a valores subjetivos, contextuais e históricos, esta a regras e 
sistemas de conduta gerais. De George Herbert Mead (1863-1931), vem a ideia de 
comunicação como uma interação entre indivíduos capazes de adotar o ponto de vista do 
outro. Charles Sanders Peirce (1839-1914) contribuiu com a noção de pragmatismo e 
falibilismo da razão. Sigmund Freud (1856-1939) fornece o modelo terapêutico do discurso, 
pronto a esclarecer as distorções do ouvinte. De Karl Marx (1818-1883), é tirada a visão de 
um mundo dominado pelas lutas de poder. JohnRawls (1921-2002) inspira, com sua 
construção da "posição original", a situação ideal de fala de Habermas. Ao passo que são 
notadas influências de Ludwig Wittgenstein (1889-1951) e Martin Heidegger (1889-1976), 
especialmente, em Apel, além de uma série de outros nomes omitidos aqui. 
Problemas 
A despeito de tantas influências ilustres, da acolhida mundial e sua intuitiva 
plausibilidade, a ética do Discurso não está imune a críticas. Ernst Tugendhat (Lições sobre 
Ética, 1993) apontou uma circularidade nas pressuposições constitutivas da situação ideal de 
fala, por causa de um forte conteúdo moral nas condições igualitárias requeridas dos falantes. 
Assim, a moral que precisaria ser fundada pelo consenso já estaria embutida em todo 
procedimento argumentativo, previamente. 
Os problemas de aplicação foram levantados por Albrecht Wellmer (Ethik und Dialog/ 
Ética e Diálogo, 1986). A fundamentação última, pretensão de Apel, é atacada por Charles 
Taylor (As Fontes do Eu, 1989), motivo pelo qual Habermas se vê forçado a admitir um certo 
falibilismo para sua variante, que é mantida enquanto a condição humana for inalterada. As 
mudanças feitas por Kohlberg em sua teoria, inclusão do nível transacional entre os estágio 4 
e 5, devido às críticas feministas, como as de Carol Gilligan, e contra-exemplos empíricos 
aumentam ainda mais a desconfiança na possibilidade de seres humanos ascenderem aos 
últimos estágios pós-convencionais. 
As transformações feitas, no intuito de responder aos críticos, acabaram gerando uma 
teoria partida em duas, onde os problemas de fundamentação são abordados por um lado, 
ficando os de aplicação a cargo de princípios ad hoc de adequação, segundo K. Günther, e 
reguladores da "parte B" do discurso, de acordo com Apel. Não obstante, a passagem do 
discurso ideal para o real continua sendo uma questão aberta, sem resolução fácil, que 
mantém a ética do Discurso como um projeto a ser mais trabalhado por seus simpatizantes. 
 
Bibliografia 
APEL, K.-O. La Ética del Discurso como Ética de la Responsabilidad, in APEL, K.-O., 
DUSSEL, E. & FORNET-BETANCOURT, R. Fundamentación de la Ética y Filosofía de 
la Liberación; trad. Luis F. Segura. – México, D.F.: Siglo XXI, 1992. 
HABERMAS, J. Teoría de la Acción Comunicativa: Complementos y estudios 
previos;trad. Manuel J. Redondo. – Madrid: Cátedra, 1994. 
LIMA, J. P. Linguagem e Ação. – Lisboa: Apáginastantas, 1983. 
SEARLE, J. Os Atos de Fala; trad. Carlos Vogt. – Coimbra: Almedina, 1981. 
 
ATIVIDADE 
Elaborar um TEXTO ARGUMENTATIVO de no máximo 1 página a respeito do tema da 
aula de hoje. 
 
Ministério da Educação 
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ 
Campus de Santa Helena 
Professora Maristela Rosso Walker 
 
Aula 4 - Fundamentos da Ética 
A dignidade humana 
A ética e a dignidade da pessoa humana 
Para que o sucesso de uma sociedade seja completo, é necessário contar com algumas 
qualidades inerentes ao ser que a compõe, o ser humano que a habita e contribui para que esta 
mesma melhore ou trace caminhos que pode levá-la ao fracasso. Dentre todas as qualidades 
que Deus proporcionou aos homens, sem dúvida, a mais importante pode ser considerada o 
discernimento para saber-se interpretar a diferenciação entre atitudes boas ou más, que podem 
incentivar as pessoas ao redor, afinal, antes de propostas, o que o ser humano mais segue e 
analisa são exemplos. À essa capacidade de discernimento dá-se o nome de ética, que aliada a 
um sentimento inerente ao ser humano, a dignidade humana, pode contribuir com sua 
evolução ou extinção. 
Ao discorrer sobre a ética, é necessária uma análise etimológica do termo, que deriva do 
grego ethos, cuja tradução é caráter, modo de ser de uma pessoa. Já a tradução da palavra 
pode ser considerada como sua conceituação, visto que ética nada mais é do que um conjunto 
de valores morais e princípios que norteiam a sociedade, fazendo com que o ser humano 
busque dentro de si a valoração do que é bom ou mal, almejando assim atingir-se um 
equilíbrio entre os dois, relacionando-se com o sentimento de justiça social. 
Já a dignidade humana é um sentimento que vincula todos os cidadãos, ela surge como 
exigência inalienável. Ao mesmo tempo que a sociedade evolui, evolui também o sentido de 
ética cumulado ao desejo de proteção da dignidade da pessoa humana. Desejo este que surgiu 
e ganhou força com o advento da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Certo é que o 
conceito de dignidade humana aliado ao sentimento evoluiu com o tempo, essa noção de 
dignidade deveria ser comum a todos os seres humanos, como sendo reconhecimento coletivo 
de uma herança da civilização que já suportou tantas barbáries. 
Após as grandes guerras mundiais, que deixaram explícitas os extremos que os humanos 
podem chegar para defender territórios e dinheiro, a preocupação com o binômio ética-
dignidade evolui demasiadamente. Vários países adotaram como base constitucional a 
proteção a este princípio, inclusive a Constituição Brasileira, que protege em seu corpo o 
advento da Dignidade Humana. 
Porém, o que se vê nos dias atuais, embora a luta continue por parte de algumas entidades, é 
um crescente desrespeito às questões éticas, e como caminham juntas, à dignidade humana 
também. Visto que o senso de ética não é uma virtude que caminha sozinha, acompanha a 
sociedade, evolui conforme a mesma cresce, estando sujeita à decadência também. 
No âmbito brasileiro, o desrespeito aos dois preceitos é gradativamente crescente e visível, 
em todos os âmbitos da sociedade, na área da saúde vê-se instaurado o caos, por médicos que 
não comparecem em plantões quando não deveriam sequer terem saído dos hospitais para 
aguardarem possível surgimento de pacientes em suas residências; na infraestrutura uma 
precariedade extrema, falta de acomodação para o crescimento desordenado nas grandes 
cidades, que leva cidadãos a habitarem locais passíveis de grandes desastres, que vitimam um 
número cada vez maior de serres humanos. 
Os investimentos que poderiam ser aplicados às melhorias nas áreas da saúde, educação e 
moradia são direcionados muitas vezes à incentivos para atrair grandes empresas de outros 
países, ou então direcionadas às opções de lazer, como ganhar a competição para hospedar a 
Copa do Mundo de Futebol ou então Olimpíadas. Claro, a sociedade necessita de lazer, mas 
tanto quanto necessita de melhores condições e melhorias de vida. Investimentos em ações 
que tenham retorno para o próprio Brasil. 
Nos meios de comunicação vemos o crescente desrespeito a virtudes e sentimentos que 
seriam inerentes ao ser humano, com sua capacidade de discernimento pode elevar ou não o 
senso de ética, que vêm decaindo cada vez mais. O ser humano não é um robô que segue 
mandamentos, necessitando de exemplos a serem seguidos, exemplo este que não é 
encontrado em um país onde o Ministro do STF, Marco Aurélio afirma que a “ditadura foi um 
mal necessário”. Não existem padrões elevados a serem seguidos hodiernamente na sociedade 
brasileira, estando esta demasiadamente focada no lucro e sucesso perante o exterior, sem 
importar-se primeiro com o que ocorre dentro de si. É o velho dito popular, muitos têm forma, 
mas não conteúdo. 
Façamos então uma breve reflexão, sobre o destino da sociedade brasileira, só nós, os 
habitantes desta mesma sociedade podemos contribuir para melhorá-la, a questão é, quanto 
mais se pede, mas tem que se dar. Estaríamos dispostos a fazer tantas concessões com o fim 
de alcançarmos uma sociedade melhor, mais comum e igualitária? 
DA ÉTICA NA DIALOGICIDADE À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: O 
NEOCONSTITUCIONALISMO COM VISTAS AO RECONHECIMENTO DA 
ALTERIDADE NO ACESSO À JUSTIÇA 
Afonso Soares de OliveiraSobrinho 
Raízes Históricas Da Pobreza: Do Medievo À Modernidade Excludente 
No estudo da pobreza é importante recorrer à história enquanto contribuição dialética para 
refletirmos sobre o presente. Nesse sentido, o historiador Georges Duby (1993) atenta para 
algo que inquieta a espécie humana enquanto movimento cíclico no tocante à reflexão do 
passado ao longo de quinhentos anos. Trata-se da referência à questão da pobreza enquanto 
dilema existencial, o que o famoso historiador chama de segregação do pobre pelo corpo 
social. 
Georges Duby, (1993), já no limiar do ano 2000, chamava atenção para o dilema cotidiano de 
povos famélicos migrando em busca da sobrevivência. Como exalta o referido autor, voltar ao 
passado (evolução da sociedade na Europa no medievo) é relevante para refletirmos sobre o 
presente: A Europa de 1 000 anos atrás não era menos exuberante que a de hoje nos países do 
Terceiro Mundo. Nada a limitava, a não ser a castidade imposta a uma parcela considerável da 
população masculina votada ao serviço de Deus. As práticas contraceptivas e abortivas não 
eram desconhecidas, apenas de uso extremamente restrito e severamente condenadas pelas 
instituições religiosas. 
No entanto, essa exuberância era largamente corrigida pela alta mortalidade infantil, mais 
devastadora nos meios sociais baixos, e por ondas periódicas de escassez alimentar e 
epidemias. Devido a essa regulação natural, as taxas de crescimento demográfico mantinham 
aquém de 0,6% ao ano. Isto é, muito abaixo das que se verificam nos países mais pobres de 
hoje. Se os terrores do ano 1000 realmente existiram, o que duvido, é certo que não se 
apoiavam na percepção de uma demografia galopante e perturbadora. 
Sem a menor dúvida, esse crescimento comedido foi o principal fator do progresso material 
contínuo que favoreceu a Europa daquele tempo. Pode-se afirmar que todas as conquistas da 
civilização europeia, o impulso da ciência, o abandono da selvageria são frutos dele. Foi um 
fator de progresso porque se operava em espaços onde a densidade de ocupação do solo era 
pequena, comparável à da África negra de hoje. 
O aumento de população encontrava facilmente onde se espalhar, e aí está a principal 
diferença da situação presente. O capital de que podiam dispor os homens se oferecia em 
abundância: era a terra. No meio de uma economia essencialmente rural, em que a mão-de-
obra constituía o mais ativo agente de produção, o crescimento determinou a extensão do 
espaço cultivado e o aumento dos rendimentos”. (DUBY, 1993, p. 230-231). 
Nesse período a fome, a indigência e a caça aos pobres não tinha se estabelecido, segundo o 
referido autor. Trata-se, no entanto, de uma sociedade camponesa que lidava com mecanismos 
de compensação e de solidariedade. Sob a instituição do domínio senhorial, portanto, a 
miséria não existia devido aos laços entre o senhor e os súditos. 
Os direitos humanos fundamentais no século XXI e seus desafios: a pobreza, a negação 
da diversidade e a crise global do centro à periferia do capitalismo. 
Em pleno século XXI nos deparamos com um problema que parece ser ignorado pelas 
potenciais mundiais: a fome, a indigência e, principalmente nas cidades, a pobreza em suas 
diversas formas, em especial pela negação da cidadania e pelo preconceito. 
Paralelamente ocorrem os dilemas econômicos, políticos e sociais relacionados a pessoas 
desesperadas migrando em busca de abrigo, de comida, de emprego, enfim, de sobrevivência. 
São, por exemplo, pessoas fugindo da guerra, da fome, refugiados políticos no continente 
africano e no Oriente Médio devido às crises sociais denominadas de "primavera árabe". Mais 
recentemente tem-se notícia do que parecia improvável, uma nova onda de multidões no 
Velho Mundo saindo às ruas protestando por emprego, por previdência social, por justiça 
social na periferia europeia. 
Nascido há um ano para protestar contra a crise, os políticos e os excessos do capitalismo, o 
movimento dos "indignados" volta às praças da Espanha neste sábado, no pontapé inicial de 
quatro dias de mobilizações para demonstrar que seu espírito continua vivo. 
Na segunda década do século XXI, o combate à pobreza se configura como algo marcante em 
nossa sociedade globalizada. Nesse sentido, a história nos revela um dos maiores dilemas 
humanos e que ganha novas dimensões na atualidade, a pobreza se configura na questão 
central do espírito do próprio capitalismo em vigor, pela produção de riquezas em benefício 
de poucos, ou seja, pela acumulação exponencial do sistema financeiro mundial, pela negação 
da pluralidade cultural, pelo aumento das diferenças entre aqueles que estão dentro e fora dos 
padrões morais e de consumo burgueses - padrões de consumo destrutivos e insustentáveis 
ambientalmente (destruição das fontes primárias de recursos naturais, que leva ao 
esgotamento da própria vida). Esse capitalismo se reflete econômica, política e socialmente 
no mundo dito civilizado, que nega as liberdades e a dignidade humana para todos, sejam 
ricos e pobres, em especial pelos contrastes sociais gritantes. 
Essas considerações iniciais são essenciais para refletirmos sobre o tema da pobreza enquanto 
questão social em suas múltiplas faces e diz respeito à afirmação histórica da dignidade 
humana como dimensão dos direitos fundamentais no século XXI a partir da negação da 
liberdade de viver dignamente aos mais vulneráveis econômica, cultural e socialmente. 
Trata-se de “tempos líquidos” nas palavras de Zygmunt Bauman (2007). Nesse sentido, o 
individualismo enfraquece os vínculos humanos e de solidariedade, traduzindo-se numa 
globalização perversa: 
“O novo individualismo, o enfraquecimento dos vínculos humanos e o definhamento da 
solidariedade estão gravados num dos lados da moeda cuja outra face mostra os contornos 
nebulosos da ‘globalização negativa’. Em sua forma atual, puramente negativa, a globalização 
é um processo parasitário e predatório que se alimenta da energia sugada dos corpos dos 
Estados-nações e de seus sujeitos”. [...]. (BAUMAN, 2007, p. 30). 
André Berten (2011), em “Modernidade e Desencantamento”, aponta a subjetivação e 
individualização dos seres humanos na modernidade europeia como elemento importante que 
nos une no presente, mas nos separa historicamente da humanidade anterior aos tempos 
modernos. Antes a existência humana e o poder para governá-la eram concebidos como de 
origem divina, e assim se justificava a religião como fundamento da sociedade. Isso, com o 
encerramento do mundo europeu medievo, mudou e a relação do homem com Deus se 
individualiza, interioriza-se: 
“O traço mais característico deste desencantamento é a passagem de uma representação 
transcendente para uma representação imanente daquilo que funda a sociedade, a passagem de 
uma fundamentação externa para uma fundamentação interna. É o significado profundo da 
ideia de democracia: uma sociedade que se funda sobre ela mesma. [...]”. (BERTEN, 2011). 
Do ponto de vista moral, as reações sociais ao isolamento dos indivíduos que estão fora dos 
padrões econômicos e de consumo social ou culturalmente aceitos acabam por gerar, muitas 
vezes, um suicídio moral e social. Esse mesmo suicídio provoca, porém, no grupo social que 
contribuiu para a sua realização uma dupla repulsa, por considerar que a vítima não contribuiu 
para a autorrealização, sendo, portanto, o fracasso culpa do próprio indivíduo. Acerca do 
suicídio, Durkheim (2008) observa: "O suicídio é, pois, reprovado porque revoga aquele culto 
pela pessoa humana sobre o qual repousa toda a nossa moral [...]" (DURKHEIM, 2008, p. 
123). 
Da ética na dialogicidade à dignidade da pessoa humana: o neoconstitucionalismo como 
reconhecimento da alteridade 
A efetividade dos direitoshumanos fundamentais se realiza mediante o reconhecimento das 
relações dialógicas no pluralismo jurídico tendo diante da complexidade dos casos concretos a 
dignidade da pessoa humana como princípio fundante com vistas ao acesso à justiça. 
Ética na dialogicidade entre o sujeito e a alteridade em instituições justas e legítimas, portanto 
ético-jurídico-políticas, como apresenta Paul Ricoeur (2008). 
Pensar o neoconstitucionalismo do ponto de vista filosófico envolve o pensamento aristotélico 
da ideia de justiça com equidade. Nesse sentido, ao intérprete na busca da ratio legis exige-se 
um distanciamento necessário pelo juízo prudencial, deontológico e reflexivo exercido pelo 
terceiro, representado pelo Estado enquanto instituição social. O justo numa perspectiva 
cíclica visa o bem da vida que se traduz na felicidade do corpo social pelo pensamento plural 
do bem comum. 
Uma concepção de justiça identificada na ética do humano pela revelação da vulnerabilidade 
existencial e que vai além da moral para o campo do viver bem em instituições legítimas 
tendo o “ser” como o centro das decisões se aproxima da visão kantiana do homem como “um 
fim em si mesmo”. Nesse sentido, para além da obrigação e da vinculação da norma, o sujeito 
responsável exerce papel social pela participação política na tomada de decisões (consciência, 
organização, reflexão e ação) na pólis com vistas à emancipação humana. A República diz 
respeito ao governo que inclua a todos e visa o bem da coletividade para além de 
determinados grupos e/ou clãs. 
Os dilemas e os conflitos permeiam as histórias de vida. Valores e crenças muitas vezes são 
frustrados por sentenças de apenação (ditadas pelo agente judiciário em nome do Estado) que 
não fazem justiça, que não preveem o perdão, tampouco promovem a reabilitação, isso por 
causa da impossibilidade de mensuração do bem que se perdeu. As relações sociais deveriam 
ser permeadas pela ética do humano (ética aristotélica da virtude com equidade e ética 
kantiana das obrigações vinculadas à garantia da dignidade humana). Assim, portanto, mais 
que viver em instituições formalmente isonômicas, faz-se primordial o retorno ao “mito” na 
compreensão filosófica do direito: a linguagem como espaço de comunicação do “eu” com o 
“outro” pelo respeito à pluralidade cultural e social e pela formação de um campo da 
legitimidade política como espaço de inclusão das diferenças com vistas ao bem comum. 
Nesse sentido, as variáveis cíclicas rompem com as tradicionais relações patrimonialistas 
egocêntricas calcadas na tradição, família e propriedade privada dos meios de produção como 
centro de interesses e passa-se das relações do “ter” em direção às relações do “ser” na 
valorização à pluralidade étnico-cultural e social. 
ATIVIDADE 
Elaborar uma RESENHA de no máximo 1 página a respeito do tema da aula de hoje. 
 
Ministério da Educação 
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ 
Campus de Santa Helena 
Professora Maristela Rosso Walker 
 
Aula 5 - Fundamentos da Ética 
Divisões da ética: metaética, ética 
normativa e ética aplicada 
Metaética 
Em filosofia, meta-ética é o ramo da ética que procura entender a natureza das propriedades 
éticas, enunciados, atitudes e juízos. Meta-ética é um dos três ramos da ética geralmente 
reconhecidos pelos filósofos. Os outros são a ética aplicada e a ética normativa, Teoria ética e 
ética aplicada formam a ética normativa. A meta-ética tem recebido considerável atenção dos 
filósofos acadêmicos nas últimas décadas. 
Enquanto as éticas normativas formulam seguintes questões como “O que alguém deve 
fazer?”, endossando assim alguns juízos éticos de valor e rejeitando outros, a meta-ética 
formula questões como “O que é o bem?” e “Como podemos dizer o que é bom e o que é 
mau?”, procurando entender a natureza das propriedades e avaliações dos enunciados éticos. 
Algum teóricos afirmam que certas considerações metafísicas sobre a moral são necessárias 
para uma correta avaliação de teorias morais atuais e para a tomada de decisões acerca da 
moral prática. Outros argumentam com premissas contrárias, afirmando que nossas ideias 
morais advêm de nossas intuições na tomada de decisão, antes de termos qualquer senso de 
uma moralidade metafísica. 
Questões da meta-ética 
Segundo Richard Garner e Bernard Rosen,1 , há três tipos de problemas meta-éticos, ou três 
questões gerais: 
Qual o significado dos termos e juízos morais? / Qual a natureza dos juízos morais? 
Como os juízos morais podem ser apoiados e defendidos? 
Uma questão do primeiro tipo envolve questões como, “O que as palavras ‘bem’, ‘mal’, 
‘certo’ e ‘errado’ significam?”. A segunda categoria inclui questões sobre se os julgamentos 
morais são ou universais ou relativos, ou algum tipo de pluralismo de valorativo. Questões do 
terceiro tipo indagam, por exemplo, como podemos saber que algo é certo ou errado. Garner e 
Rosen dizem que as respostas a estas três perguntas básicas “não são dissociáveis, e algumas 
vezes a resposta de uma compromete fortemente a resposta de outra”. 
Ética normativa 
Ética Normativa é a investigação racional, ou uma teoria, sobre os padrões do correto e 
incorreto, do bom e do mau, com respeito ao carácter e à conduta, que uma classe de 
indivíduos tem o dever de aceitar. Essa classe pode ser a humanidade em geral, mas podemos 
também considerar que a ética médica, a ética empresarial, etc., são corpos de padrões que os 
profissionais em questão devem aceitar e observar. Esse tipo de investigação e a teoria que daí 
resulta (a ética kantiana e a utilitarista são exemplos amplamente conhecidos) não descrevem 
o modo como as pessoas pensam ou se comportam; antes prescrevem o modo como as 
pessoas devem pensar e comportar-se. Por isso se chama "ética normativa": o seu objetivo 
principal é formular normas válidas de conduta e de avaliação do caráter. O estudo sobre que 
normas e padrões gerais são de aplicar em situações-problema efectivos chama-se também 
"ética aplicada". Recentemente, a expressão "teoria ética" é muitas vezes usada neste sentido. 
Muito do que se chama filosofia moral é ética normativa ou aplicada. 
Ética e moral 
*Thomas Mautner* - Universidade Nacional da Austrália 
A palavra "ética" relaciona-se com "ethos", que em grego significa hábito ou costume. A 
palavra é usada em vários sentidos relacionados, que é necessário distinguir para evitar 
confusões. 
1. É a investigação racional, ou uma teoria, sobre os padrões do correto e incorreto, do bom e 
do mau, com respeito ao carácter e à conduta, que uma classe de indivíduos tem o dever de 
aceitar. Esta classe pode ser a humanidade em geral, mas podemos também considerar que a 
ética médica, a ética empresarial, etc., são corpos de padrões que os profissionais em questão 
devem aceitar e observar. Este tipo de investigação e a teoria que daí resulta (a ética kantiana 
e a utilitarista são exemplos amplamente conhecidos) não descrevem o modo como as pessoas 
pensam ou se comportam; antes prescrevem o modo como as pessoas devem pensar e 
comportar-se. Por isso se chama "ética normativa": o seu objetivo principal é formular normas 
válidas de conduta e de avaliação do carácter. O estudo sobre que normas e padrões gerais são 
de aplicar em situações-problema efetivos chama-se também "ética aplicada". Recentemente, 
a expressão "teoria ética" é muitas vezes usada neste sentido. Muito do que se chama filosofia 
moral é ética normativa ou aplicada. 
2. A ética social ou religiosa é um corpo de doutrina que diz respeito o que é correto e 
incorreto, bom e mau, relativamente ao carácter e à conduta. Afirma implicitamente que lhe é 
devida obediência geral. Neste sentido, há, por exemplo, uma ética confucionista, cristã, etc. 
É semelhanteà ética normativa filosófica ao afirmar a sua validade geral, mas difere dela 
porque não pretende ser estabelecida unicamente com base na investigação racional. 
3. A moralidade positiva é um corpo de doutrinas, a que um conjunto de indivíduos adere 
geralmente, que dizem respeito ao que é correto e incorreto, bom e mau, com respeito ao 
carácter e à conduta. Os indivíduos podem ser os membros de uma comunidade (por exemplo, 
a ética dos índios Hopi), de uma profissão (certos códigos de honra) ou qualquer outro tipo de 
grupo social. Pode-se contrastar a moralidade positiva com a moralidade crítica ou ideal. A 
moralidade positiva de uma sociedade pode tolerar a escravatura, mas a escravatura pode ser 
considerada intolerável à luz de uma teoria que supostamente terá a autoridade da razão (ética 
normativa) ou à luz de uma doutrina que tem o apoio da tradição ou da religião (ética social 
ou religiosa). 
4. Ao estudo a partir do exterior, por assim dizer, de um sistema de crenças e práticas de um 
grupo social também se chama ética, mais especificamente "ética descritiva", dado que um 
dos seus objetivos principais é descrever a ética do grupo. Também se lhe chama por vezes 
étnoética, e é parte das ciências sociais. 
5. Chama-se "metaética" ou "ética analítica" a um tipo de investigação ou teoria filosófica que 
se distingue da ética normativa. A metaética tem como objeto de investigação filosófica os 
conceitos, proposições e sistemas de crenças éticos. Analisa os conceitos de correto e 
incorreto, bom e mau, com respeito ao carácter e à conduta, assim como conceitos 
relacionados com estes, como, por exemplo, a responsabilidade moral, a virtude, os direitos. 
Inclui também a epistemologia moral: o modo como a verdade ética pode ser conhecida (se é 
que o pode); e a ontologia moral: a questão de saber se há uma realidade moral que 
corresponde às nossas crenças e outras atitudes morais. As questões de saber se a moral é 
subjetiva ou objetiva, relativa ou absoluta, e em que sentido o é, pertencem à metaética. 
O que é a ética? 
Na sua acepção mais abrangente, a ética (ou filosofia moral) é o estudo do que faz a vida 
boa — a "arte de viver". Era esta a acepção de ética dos filósofos gregos. Mais tarde, tornou-
se comum uma perspectiva mais restritiva da ética, segundo a qual esta estuda a questão de 
saber como temos o dever de viver. Hoje em dia, a ética é quase sempre entendida neste 
segundo sentido. 
A ética divide-se em três subdisciplinas: metaética, ética normativa e ética aplicada. 
Chama-se metaética à subdisciplina que estuda a natureza da própria ética. Eis dois exemplos 
de problemas estudados nesta subdisciplina: 
1) Serão os juízos éticos relativos à cultura? Quando dizemos que o assassínio de crianças 
inocentes é incorreto, essa é uma verdade objetiva, ou meramente um costume social que 
varia de cultura para cultura? Serão os princípios éticos preconceitos culturais? 
2) Por que razão havemos de ser morais? Haverá boas razões para obedecer aos princípios 
éticos? Se sim, quais são? Será que todas as razões para agir têm de ser razões de carácter 
egoísta? Ou poderá haver razões altruístas para agir? 
A ética normativa é o estudo dos princípios e fundamentos da vida ética. Eis dois exemplos de 
problemas estudados nesta subdisciplina: 
3) Qual é o bem último? Muitas coisas são bens em virtude de serem meios ou instrumentos 
para outras coisas boas. O dinheiro, por exemplo, não é bom em si — mas é bom como meio 
para podermos ter uma vida boa. Mas será que há algo que seja o bem último, ou seja, algo 
em função do qual todos os outros bens sejam bens? Será o prazer? Ou a virtude? Ou a 
vontade boa? 
4) O que faz uma ação ser correta? Será que o Pedro fez uma coisa incorreta quando teve a 
intenção de ajudar a Paula, mas acabou por magoá-la? Será que só conta a intenção, ou conta 
também as consequências das nossas ações para saber se essas ações são corretas ou não? 
A ética aplicada é o estudo dos problemas práticos da ética. Eis dois exemplos de problemas 
desta subdisciplina: 
1) Será incorreto fazer um aborto em qualquer circunstância? Será correcto uma mulher fazer 
um aborto exclusivamente porque não deseja ter a criança? Ou terá de ter razões mais fortes, 
como razões de saúde? 
2) Será que temos o dever de ajudar os mais pobres? O dinheiro que nos países mais 
desenvolvidos as pessoas da classe média gastam em pequenas coisas sem importância — 
como um celular dos mais caros, quando podiam comprar um mais económico — seria 
suficiente para salvar uma pessoa de morrer à fome nos países mais pobres. Teremos então o 
dever de a ajudar, dando-lhe alguma da nossa riqueza? 
As palavras «ética» e «moral» são geralmente usadas como sinónimas, dado que 
originalmente o termo latino “moralis” foi criado por Cícero a partir do termo “mores” para 
traduzir o termo grego “ethos”; e tanto “mores” como “ethos” significam «costumes». 
Para dar os primeiros passos na ética normativa e na metaética, aconselho o livro Elementos 
de Filosofia Moral, de James Rachels (Gradiva), pela sua clareza, simplicidade e precisão. 
Para dar os primeiros passos na ética aplicada, aconselho o livro Ética Prática, de Peter 
Singer (Gradiva), o livro que reativou esta área da ética e que é também muitíssimo claro, 
simples e preciso. Finalmente, quem estiver interessado no problema mais específico do 
aborto, a leitura obrigatória é A Ética do Aborto, org. de Pedro Galvão (Dinalivro), que reúne 
seis ensaios filosóficos seminais desta área (três que defendem a permissibilidade do aborto e 
três que a contestam), sendo ainda servido por uma informativa introdução do organizador. 
Moral, Ética e Metaética 
Hoje muito se fala em Ética. Ética empresarial, ética médica, ética advocatícia, Códigos de 
Ética, entre tantos outros exemplos. 
É também muito comum ouvir dizer que uma pessoa, um espetáculo ou um programa de TV é 
algo que não tem moral, principalmente quando possui um apelo sexual ou uma atitude ou 
opinião diferente do que determina uma crença religiosa. 
Contudo, tecnicamente, percebe-se que, quase sempre o que se está a fazer é atribuir 
significados equivocados a respeito da moral e da ética, arrogando a esses termos um campo 
semântico que não lhes pertence. Isso porque se referem à ética enquanto, na verdade, o que 
estão a dizer é algo sobre a moral, e quando classificam determinado objeto como moral ou 
imoral estão a atribuir acepções pejorativas ao termo. 
A Ética 
Um dos filósofos mais respeitados da atualidade, Dr. Richard M. Hare conceitua a Ética de 
forma clara e objetiva. Ele afirma que Ética é a Filosofia da Moral. Ela é o estudo da moral. 
Isso quer dizer, conforme ressaltado anteriormente, que a Ética é uma ciência. É uma 
disciplina autônoma da Filosofia, um ramo da Filosofia. Assim como a Metafísica, a Filosofia 
da Linguagem, a Filosofia do Direito, a Filosofia Política, entre outras disciplinas filosóficas. 
A ética é então, a parte da Filosofia responsável pela investigação dos princípios que 
motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo 
especialmente a respeito da essência das normas, de suas causas motoras, eficientes e 
teleológicas. É a investigação dos valores, prescrições e exortações presentes em qualquer 
realidade social. 
Em outras palavras é dizer que ela é o estudo dos significados e das propriedades lógicas das 
palavras morais. E ela faz isso analisando se os argumentos morais são bons ou ruins a partir 
da lógica dos discursos e da análise da definição das palavras e de seu significado. 
O principal objetivo da Ética é a busca de justificativas para as regras propostas pela Moral. A 
ética não estabelece regras. Ela julga as regras, dizendo

Continue navegando