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Desvios Comportamentais em Cães e Gatos

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Desvios Comportamentais em Cães e Gatos
Izabela de Lima
João Pessoa 2019/1�
Este trabalho irá tratar de uma revisão bibliográfica, reunindo diversos artigos sobre o assunto, pois apesar de sua grande importância, esta doença ainda não possui muitos estudos no Brasil, dificultando o seu diagnóstico e possíveis tratamentos.
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Conteúdo
51	INTRODUÇÃO	�
62	ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS	�
73 PATOLOGIAS COMPORTAMENTAIS EM CÃES	�
84	PATOLOGIAS COMPORTAMENTAIS EM GATOS	�
95	ANSIEDADE POR SEPARAÇÃO	�
10a.	Fatores Predisponentes	�
10b.	Sintomas	�
10c. Tratamento	�
126	O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO	�
137	A SINDROME DA DISFUNÇÃO COGNITIVA	�
13a.	Predisposição	�
13b.	Sinais Clínicos	�
14c.	Diagnóstico	�
14d.	Abordagem Terapêutica	�
17e.	Prognóstico e qualidade de vida	�
198	CONCLUSÃO	�
20REFERÊNCIAS	�
�
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INTRODUÇÃO XE "INTRODUÇÃO" 
Há uma ligação reconhecida entre a saúde mental e a saúde física no campo da medicina humana e esta ligação começa a ser reconhecida no campo da medicina veterinária. O médico veterinário deve estar atento ao bem-estar físico e mental dos seus pacientes, visar a possibilidade do sofrimento mental e proporcionar alívio, com a mesma compaixão com que trata os problemas físicos.
A razão mais frequente para que o proprietário rejeite o seu animal, envolve problemas comportamentais (DiGiacomo, Arluke & Patronek, 1998; Miller, Staats, Partlo & Rada, 1996). Estes problemas podem resultar em abandono ou eutanásia, se o animal for negligenciado e não for tratado�
ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS XE "ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS" 
O número e o tipo de problemas comportamentais pode mudar ao longo do tempo. Uma compreensão acerca das tendências atuais dos problemas comportamentais em cães e gatos domésticos, bem como a distribuição dos problemas dos animais por sexo, idade e raça, pode ajudar os médicos veterinários a fazer um diagnóstico correto e a alertar os seus clientes para que estes possam estar mais preparados para detectar problemas comportamentais e procurar respostas/resolução.
Sabendo-se que a maioria dos problemas de comportamento tem tratamento e que esses tratamentos, como para quaisquer doenças, exigem um diagnóstico preciso e devem ser adequados para cada problema, levando em consideração características do proprietário e de sua família. Fazem parte desse repertório terapêutico: (1) uso de medicamentos de apoio (antidepressivos e ansiolóticos, por exemplo); (2) técnicas de modificação comportamental, como a dessensibilização e o contracondicionamento; (3) técnicas de enriquecimento ambiental; e (4) modificações hormonais, que podem ser feitas por medicamentos ou por meio de cirurgias (OVERALL, 1997).
No Brasil, até o presente momento, não há uma casuística nacional dos problemas de comportamento dos cães domésticos, nem de como os casos existentes são conduzidos
3 PATOLOGIAS COMPORTAMENTAIS EM CÃES XE "ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS EM CÃES" 
 Em um estudo feito pela Bamberger e Houpt (2006) Noventa e seis diagnósticos diferentes foram atribuídos às 13 categorias gerais de comportamento. A maior percentagem de cães afetados foi contabilizada na categoria “agressividade”, seguida pela ansiedade, comportamento indisciplinado, eliminação, fobias, vocalização excessiva, comportamento de ingestão anômala, comportamento de locomoção anômalo, comportamento variado (disfunção cognitiva, depressão, pseudociese, salivação psicogênica e síndrome de hiperestesia (excesso de sensibilidade a estímulos), medos, auto-mutilação, grooming e comportamento sexual indesejado. A agressividade, a vocalização excessiva e o comportamento destrutivo foram os principais problemas identificados pelos proprietários. A ansiedade é muitas vezes considerada o 2º problema comportamental relatado a seguir à agressividade, nomeadamente a ansiedade de separação. Em cães adotados de um canil, os proprietários referiram: o medo, a atividade excessiva e o comportamento destrutivo, como problemas principais nas primeiras 4 semanas após a aquisição do animal�
PATOLOGIAS COMPORTAMENTAIS EM GATOS XE "ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS EM GATOS" 
Estudos baseados na opinião dos proprietários dos gatos revelam que a eliminação inadequada é o principal problema referido. Os resultados da maioria dos casos clínicos de felinos também indicam a eliminação como o problema mais comum (Appleby et al., 2005). Bamberger e Houpt (2006), realizaram um estudo em gatos semelhante ao anteriormente descrito para a raça canina. Os problemas de eliminação, englobam a maior porcentagem de gatos afetados (mais de metade), seguida pela agressividade (36,4%), problemas de ingestão, ansiedade, vocalização excessiva, grooming excessivo, auto-mutilação, comportamento sexual e medos.
Intervenções comportamentais ou ambientais deverão ser necessárias na resolução destes problemas, adicionalmente a uma terapia médica apropriada e modificação dietética.
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ANSIEDADE POR SEPARAÇÃO XE "ANSIEDADE POR SEPARAÇÃO" 
A ansiedade, medos e fobias estão entre os problemas comportamentais mais comuns nos cães de companhia. Estas alterações incluem ansiedade generalizada, ansiedade por separação e fobias a estímulos específicos tais como: trovoada, fogo-de-artifício e outros barulhos (Gruen & Sherman, 2008). Os casos de ansiedade por separação ocorrem numa proporção significativa de animais, apesar de pouco reconhecidos. Esta situação perfaz um total de 20% a 40% dos casos que aparecem para consulta da especialidade comportamental, tratando-se do 2º problema mais comumente diagnosticado (Sherman & Mills, 2008). A ansiedade por separação ocorre quando o animal é separado de uma figura pela qual apresenta um vínculo forte, normalmente o proprietário. Trata-se de uma alteração que afeta não apenas o bem-estar do animal, mas também a estabilidade da ligação animal - proprietário (Blackwell et al., 2006). Na espécie canina, o grau de stress está parcialmente dependente do grau de ligação com a figura que se ausenta (Hennessy, 1997). Talvez uma das maiores diferenças entre cães e gatos, seja o fato de os cães geralmente necessitarem de uma interação social contínua. Apesar dos gatos serem sociáveis por natureza, na fase adulta não necessitam de contato com humanos ou outros felinos para sobreviver. Além disso, há uma maior variação idividual da sociabilização em gatos relativamente aos cães. No entanto, uma evidência crescente sugere que os gatos formam ligações sociais (Bradshaw, 1998) e podem desenvolver reações de separação semelhantes às que os cães desenvolvem (Schwartz, 2002).�
Fatores Predisponentes XE "Fatores Predisponentes" 
A ansiedade por separação pode ser o reflexo da desordem dos tempos que correm e do estilo de vida moderno. Os longos dias de trabalho dos proprietários, o fato das pessoas optarem por viver sós, a restrição da oportunidade de sociabilização intraespecífica e o exercício limitado nos cães, são fatores que estão na base para a ocorrência desta alteração.
Os fatores de risco associados incluem: uma história de separação traumática (morte de uma pessoa/animal na mesma casa), falta de hábito em permanecerem sozinhos, mudanças na rotina e prolongamento da partida pelos proprietários e mudança de casa. Adicionalmente, os cães que seguem constantemente os seus proprietários, cães de meios urbanos, cães adotados do canil/rua ou cães que têm apenas um proprietário, apresentam maior propensão.
Sintomas XE "Sintomas" 
Os problemas comportamentais relacionados com a separação em cães e gatos, variam amplamente em forma e grau, até no mesmo indivíduo.Há três categorias primárias de mau comportamento em cães e gatos com SAS e que ocorrem na ausência do proprietário: eliminação inapropriada de urina e fezes, vocalização excessiva ou persistente e destruição (Sherman & Mills, 2008). Outros sinaisde SAS em cães incluem: agitação, alterações fisiológicas (ex. vómito, diarreia, hipersiália, tremores e taquicardia); auto-mutilação (ex. lamber psicogénico ou o morder compulsivo da cauda), comportamento repetitivo (ex. circling), sinais de depressão (isolamento social, letargia, inapetência, posturas de medo e submissão) e agressividade (Sherman & Mills, 2008)
c. Tratamento XE "Tratamento" 
O tratamento da ansiedade por separação envolve o maneio ambiental e a modificação comportamental, com ou sem terapia farmacológica adicional. Um controlo ideal parece ser conseguido através da combinação dos três (King, Simpson & Overall, 2000). A modificação comportamental baseia-se resumidamente, numa dessensibilização gradual e contra-condicionamento do animal. Através do contra-condicionamento, tenta-se mudar a resposta negativa de um animal a um determinado estímulo, por respostas mais agradáveis. Por exemplo, eliminar a agressão por medo de um animal ao fazê-lo associar o objeto de medo com algo agradável em vez de desagradável. A dessensibilização passa pela exposição do animal a um estímulo que evoque o comportamento anômalo, em intensidades gradualmente crescentes, até o animal deixar de reagir a esse estímulo (McMillan, 2003). Neste caso, o estímulo é o fato do animal permanecer sozinho, ou afastado da figura de vínculo�
O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO XE "O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO" 
Os avanços na área da medicina e nutrição veterinária, bem como uma maior preocupação dos proprietários pelos seus cães, têm contribuído para um aumento da esperança média de vida destes animais, que chegam assim a idades cada vez mais avançadas. Aliada a este aumento na esperança média de vida, a prevalência de doenças associadas à idade também aumentou. O processo de envelhecimento não é uma patologia, mas um processo biológico natural complexo e inevitável, no qual ocorre uma redução progressiva da saúde física e alterações da consciência e reação mental do animal. Ocorrem várias alterações anatómicas no cérebro, contudo o papel de cada uma delas é ainda incerto.
 As queixas comportamentais mais comuns nos cães geriátricos são destruição, defecação e/ou micção em locais inadequados, vocalização excessiva, sinais de ansiedade de separação, excesso de comportamentos territoriais, agressividade, medos e fobias.Muitos proprietários não são capazes de distinguir quais destas alterações podem ser devidas à idade nem estão informados relativamente à existência de opções terapêuticas. Posto isto, e uma vez que a maioria dos donos irá confrontar-se com o processo de envelhecimento dos seus animais, o médico veterinário deverá auxiliá-los, informando-os sobre as alterações físicas e mentais que poderão surgir com a idade e respetivas opções terapêuticas, mas também da importância da realização regular de check-ups geriátricos.�
A SINDROME DA DISFUNÇÃO COGNITIVA XE "A SINDROME DA DISFUNÇÃO COGNITIVA" 
 A Síndrome de Disfunção Cognitiva Canina é uma condição patológica neurodegenerativa onde se observam alterações comportamentais progressivas em cães geriátricos (normalmente a partir dos 8 anos), por um período prolongado de tempo (mais de 18 a 24 meses) e que não podem ser atribuídas a um comprometimento da sua condição médica, como infeção, tumor ou falência orgânica. Os sinais clínicos são inespecíficos e muitas vezes difíceis de detetar e, apesar da sua ocorrência aumentar com a idade, esta patologia não é considerada uma alteração normal do envelhecimento. O sistema nervoso é particularmente sensível aos efeitos do envelhecimento e os danos que surgem vão-se acumulando, podendo resultar nesta desordem neurodegenerativa, que é caracterizada por uma redução cognitiva gradual, com défices a vários níveis (sensorial, aprendizagem, memória, noções espaciais, estado de alerta, nível de atividade, padrão de sono e interações sociais).
Predisposição XE "Predisposição" 
A SDC acomete cães e gatos em idade avançada. A idade na qual os sinais clínicos começam a ser observados varia de acordo com a espécie e raça. Os gatos são acometidos em idade mais avançada que os cães. Cerca de 60% dos cães com 11 anos de idade já apresentam sinais de SDC. Em cães de raças grandes, as alterações podem ser notadas a partir de sete anos e, em raças menores, a partir dos dez anos. A progressão da SDC parece ser mais rápida em machos castrados do que nos inteiros, sugerindo um potencial efeito protetor hormonal contra o desenvolvimento da doença.
Sinais Clínicos XE "Sinais Clínicos" �� XE "Sinais Clínicos" 
Os sinais clínicos de cães com SDCC são comportamentais e podem ser subtis em fases iniciais da patologia, com tendência ao seu agravamento com a progressão desta síndrome. Estes sinais podem ser agrupados em cinco categorias principais, resumidas pela sigla “DISHA” (Desorientation, Interactions, Sleep-wake cycle changes, House soiling, Activity levels), que corresponde a desorientação, alterações na interação com pessoas e outros animais, alterações do ciclo do sono, problemas de higiene e eliminação e alteração do nível de atividade; ou “DISHAAL”, que inclui também ansiedade, aprendizagem e memória (Anxiety, Learning and memory). As queixas principais em cães com SDCC concentram-se nas categorias do ciclo do sono, interação e higiene/eliminação, por serem as que mais afetam negativamente a relação dono/cão. A intensidade com que estas alterações afetam o animal é muito variável e depende do próprio indivíduo e do grau de disfunção que este apresenta. Uma vez que algumas das alterações descritas são compatíveis com sinais de envelhecimento normal, é necessário diferenciar as alterações comportamentais relacionadas com lesões graves do processo cognitivo a as alterações psicomotoras que surgem num envelhecimento dito normal, de modo a evitar falsos diagnósticos. Ensinar os donos a reconhecerem sinais significativos de alterações na saúde do seu animal é também essencial para o sucesso no diagnóstico de SDCC. Assim torna-se possível o diagnóstico e tratamento precoces, antes do desenvolvimento de mais complicações e progressão da patologia, permitindo aumentar a longevidade, qualidade de vida e bem-estar do animal.
Diagnóstico XE "Diagnóstico" 
Atualmente ainda não estão disponíveis testes diagnósticos objetivos, de fácil acesso e aplicabilidade para detetar a SDCC e prever o seu prognóstico de qualidade de vida.Quando um cão geriátrico se apresenta à consulta com alguns dos problemas comportamentais e cognitivos compatíveis com SDCC, não é possível assumir que se trata desta patologia. Para o seu correto diagnóstico é essencial descartar condições médicas que possam causar ou mascarar essas alterações, uma vez que é frequente a existência de problemas médicos em cães geriátricos
Os cães que apresentam diminuição de vários aspetos cognitivos, na ausência de doença médica que os explique, devem ser examinados tendo em mente a SDCC
Abordagem Terapêutica XE "Abordagem Terapêutica" 
	
Uma vez que não existe cura, recorre-se a intervenções terapêuticas que visam minimizar as alterações comportamentais presentes e atrasar a progressão da doença.
 São também objetivos do tratamento a melhoria da qualidade de vida do animal e uma melhoria da interação animal-proprietário. Para atingir estes objetivos institui-se uma terapia multimodal que inclui o enriquecimento mental (através da intervenção ambiental), terapia farmacológica e suplementação nutricional, alcançando-se um efeito sinergético, além de tratamentos alternativos. 
Enriquecimento Mental: O maneio da SDCC é também uma questão de bem-estar nestes animais, uma vez que as alterações que surgem põem em risco as cinco liberdades do animal (livre de sede, fome e malnutrição; de desconforto; de dor e doença; livre para expressar o seu comportamento normal; livre de medo e stress). Algumas alterações podem ser feitas em casa de modo a reduzir em parte estas consequências e facilitar a adaptação do animalà sua condição fisiopsicológica. Estas alterações podem incluir remoção da mobília da área onde ele permanece a maioria do tempo, colocação de mais recipientes de água junto do local de repouso, aumento dos locais de descanso e colocação de rampas para facilitar o seu acesso. A colocação de material antiderrapante pode auxiliar a mobilidade destes cães, evitando ainda a ansiedade e stress provocados por quedas. Caso o cão tenha alguns défices visuais e/ou auditivos podem ser colocados tapetes ou carpetes nos locais centrais e corredores, facilitando a sua orientação através da identificação táctil. Adicionar novos odores e sons suaves em locais próximos de recursos importantes pode igualmente auxiliar a orientação e movimentação destes animais, mantendo algum conforto no ambiente familiar. 
A estimulação sensorial não é apenas importante em termos de orientação, mas também é benéfica por potenciar a atividade cerebral em cães com capacidades sensoriais diminuídas. É aconselhável aumentar o contacto com novos sabores, cheiros e sons e caso fiquem sozinhos por longos períodos de tempo poderão beneficiar do acesso a janelas que deixem ver o exterior ou mesmo de ver televisão. Os cães com SDCC têm normalmente menor capacidade de adaptação a mudanças, portanto uma das recomendações consiste em promover um ambiente livre de perturbações e alterações repentinas. Se possível devem ser evitadas alterações do ambiente físico (como mudança de habitação) e alterações socias (como alteração da rotina do proprietário ou introdução de um novo membro na família). Manter uma rotina diária regular e previsível ajuda a reduzir a ansiedade e stress e a manter a orientação temporal do animal. 
Caso padeça de problemas no ciclo do sono, o cão deve ser estimulado durante o dia, com atividades e brincadeiras, e durante a noite deve ser mantido num local calmo e sem luz artificial para facilitar o sono durante a noite. No caso de alterações da rotina inadiáveis, estas devem ser feitas de modo gradual e a utilização de terapia com feromonas sintéticas (DAP: Dog Appeasing Pheromone – feromona apaziguadora canina) pode ser útil, principalmente em cães com ansiedade, agitação e/ou depressão. Uma das consequências desta patologia é a perda de memória relativa a comandos básicos previamente aprendidos, perdendo consequentemente a obediência e habilidade de realização de tarefas simples. A estimulação mental é essencial, uma vez que o cérebro é um órgão com plasticidade que pode ser retreinado, por exemplo através de passeios curtos em locais não habituais, de forma a promover a exploração olfativa, auditiva e visual, e a interação social com outras pessoas e animais. Qualquer tipo de estimulação mental ou cognitiva deverá ser feito de modo gradual, pois a capacidade de concentração e memória destes cães é limitada. Também se podem ensinar comandos novos simples e reensinar os desaprendidos, com recompensas claras e inequívocas, quer seja utilizando o clicker, festas ou comida, e evitando sempre o reforço negativo. Este retreinamento deve ser iniciado o mais rapidamente possível, de modo a prevenir o desenvolvimento de comportamentos indesejados e permitindo que o animal consiga realizar novamente algumas atividades da sua rotina, como urinar e defecar nos locais apropriados. Deverá ser mais lento e progressivo do que anteriormente, respeitando as limitações e o ritmo de cada cão. O enriquecimento ambiental é essencial na manutenção da função cognitiva: aumenta a flexibilidade comportamental e o número de sinapses, diminui o stress, melhora o bem-estar do animal e tem um efeito sinergético quando aliado a terapia farmacológica e nutricional. Assim torna-se benéfica a realização de novas brincadeiras em casa e durante os passeios, com brinquedos novos alternados semanalmente (como brinquedos de libertação de comida, que também estimulam o processo mental). Estudos indicam que o enriquecimento ambiental em idades precoces poderá ter também um papel neuroprotetor, reduzindo assim a probabilidade de desenvolvimento de SDCC no futuro. 
A terapia farmacológica é variável e deve ser adaptada a cada animal. Tem dois objetivos principais: restaurar as concentrações de neurotransmissores e evitar o avanço do processo neurodegenerativo através de várias estratégias. No maneio farmacológico desta síndrome pode-se recorrer a vários fármacos, de acordo com os sinais observados e objetivos pretendidos. 
Suplementação Nutricional: A SDCC é uma patologia multifatorial cujo maneio dietético poderá ser benéfico, no sentido de reduzir a perda neuronal e manter a função cognitiva existente, através da correção de alterações metabólicas. A introdução na dieta de alguns compostos aparenta ter um efeito sinergético em conjunto com a terapia farmacológica e enriquecimento mental. . A restrição calórica também poderá trazer benefícios para o animal, já que mantém a função mitocondrial e controla a formação de produtos de oxidação. As dietas formuladas para cães geriátricos, que contêm combinações dos componentes mencionados, permitem obter melhorias entre duas a oito semanas após a sua introdução. Estas melhorias podem ser observadas nos testes neuropsicológicos de aprendizagem reversa e discriminativa, mas também clinicamente numa melhoria da aprendizagem e memória do animal. Estes resultados são ainda mais satisfatórios quando a dieta enriquecida é aliada à terapia farmacológica e enriquecimento ambiental, podendo ser também benéfica em cães geriátricos sem SDCC, de modo a preservar as suas capacidades cognitivas. Existem no mercado vários suplementos direcionados para o cão geriátrico, que contêm várias combinações dos compostos referidos, como a Senilife®, Aktavait®, Novifit® e Neutricks®. Estão a ser estudados os efeitos de outros suplementos no maneio desta patologia, como a utilização de óleo de peixe, própolis (neuroprotetor e antioxidante), fitoquímicos (ex. curcumina, neuroprotetora), fosfatidilserina (neuroprotetora e reguladora dos níveis de neurotransmissores), α-casozepina e triptofano (redutores da ansiedade e agressividade), Fallopia Japonica (neuroprotetora) e valeriana (calmante, ansiolítica e indutora do sono). Por sua semelhança com a doença de Alzheimer em humanos, é possível prever possíveis tratamentos alternativos que poderiam ser utilizados no futuro, após os devidos estudos. Um exemplo destes tratamentos alternativos é a acupuntura.
Dois estudos reportados na Conferencia Mundial de Alzheimer no ano 2000 descobriram que a acupuntura reduzia a ansiedade e a depressão nos pacientes, resultando em uma melhora clínica significativa (MILLEA; REED, 2001).
Diversas linhas de evidências sugerem que a estimulação de nervos periféricos podem melhorar transtornos afetivos, cognitivos e circulatórios em humanos em humanos (MILLEA; REED, 2001). De acordo com Reed; Millea (2001), a acupuntura também pode aumentar neurotransmissores como acetilcolina e seratonina, o que ajudaria a aumentar a função cognitiva através da através deste mecanismo através da estimulação vagal, atrasando assim ainda mais o declínio cognitivo.
O exercício físico também é bastante utilizado como tratamento. É importante pois com a melhora da parte física, o psiquismo do paciente também melhora, já que ele evita o recolhimento em si e continua a executar as atividades do mundo externo. 
Prognóstico e qualidade de vida XE "Prognóstico e qualidade de vida" 
Uma vez que a definição de qualidade de vida é variável para cada proprietário, o médico veterinário deverá adaptar o prognóstico ao animal e às perspetivas do seu Tutor. Atualmente não existe cura para esta síndrome, cuja tendência é agravar-se progressivamente, e o seu prognóstico de qualidade de vida é bastante variável. Existem vários fatores que influenciam esse prognóstico, entre eles a idade, duração e gravidade dos sinais clínicos, o carácter das alterações fisiopatológicas presentes, a terapia instituída e a existência de doenças concomitantes. A definição de qualidade devida e o empenho do Tutor influenciam também este prognóstico, uma vez que caso exista uma interligação forte entre animal-tutor, este irá estar mais motivado e investirá mais no tratamento e bem-estar do seu animal, mantendo-o consigo por um período de tempo mais longo�
CONCLUSÃO XE "CONCLUSÃO" 
Podemos concluir que o grande desafio da medicina comportamental prende-se com a complexidade do diagnóstico pois todos os sinais são inespecíficos, tornando difícil perceber o perfil em questão. A base do tratamento é a modificação comportamental, servindo os fármacos apenas como adjuvantes, e como tal o prognóstico nestes casos está muito dependente da motivação e complacência dos Tutores. Estudos que avaliem as características e a prevalência das alterações comportamentais são necessários para o desenvolvimento de bons protocolos de prevenção e tratamento, evitando-se assim que aumentem as taxas de abandono e eutanásia entre os nossos animais de companhia.�
REFERÊNCIAS XE "REFERÊNCIAS" 
NASCIMENTO, N. H.; GHIRALDI, L. D. Demência de Alzheimer: Terapêutica farmacológica e não farmacológica. Uningá Review, v. 6, p. 83-91, 2011.
Elsa Palma Teixeira, Desvios Comportamentais Nas Espécies Canina E Felina Panorama Actual E Discussâo De Casos Clínicos. UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA Faculdade de Medicina Veterinária, Lisboa- 2009
 HEIBLUM, M.; et. al. “Didy,” a clinical case of cognitive dysfunction syndrome. Journal of Veterinary Behavior, v. 2, p. 68-72, 2007.
Rita Maria Da Costa Pereira, Síndrome da Disfunção Cognitiva Canina. Instituto de Ciências Medicas Bel Salazar, Relatório Final de Estágio Mestrado Integrado em Medicina Veterinária, A, - Porto 2009.
https.com.br/://www.revistanossoclinico sindrome-da-disfuncao-cognitiva/
Guilherme Marques SoaresI, 1; Letícia Mattos de Souza-DantasI; José Mário D’AlmeidaII; Rita Leal PaixãoIII, Epidemiologia de problemas comportamentais em cães no Brasil: inquérito entre médicos veterinários de pequenos animais. Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária, Clinica e Reprodução Animal, Faculdade de Veterinária, Universidade Federal Fluminense (UFF) - Niterói RJ.

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