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ASPECTOS DESTACADOS DA NACIONALIDADE BRASILEIRA AQUISICAO, PERDA E REAQUISICAO

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
ASPECTOS DESTACADOS DA NACIONALIDADE BRASILEIRA: AQUISIÇÃO, 
PERDA E REAQUISIÇÃO. 
 
DANIELA LIMAS PEREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itajaí-SC. 
Novembro 2008 
 i 
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
ASPECTOS DESTACADOS DA NACIONALIDADE BRASILEIRA: AQUISIÇÃO, 
PERDA E REAQUISIÇÃO. 
 
 
DANIELA LIMAS PEREIRA 
 
 
 
 
Monografia submetida à 
Universidade do Vale do Itajaí – 
UNIVALI, como requisito parcial à 
obtenção do grau de Bacharel em 
Direito. 
 
 
 
 
Orientadora: MSc. MÁRCIA SARUBBI LIPPMANN 
 
 
 
Itajaí-SC. 
Novembro 2008 
 
 
 ii 
 
AGRADECIMENTO 
À professora orientadora Márcia Sarubbi 
Lippmann pela forma paciente e incansável 
com que leu e releu meu texto, 
demonstrando confiança, e com suas críticas 
que sempre foram construtivas e 
procedentes. 
À minha amiga Camila Dias pela força 
incentivadora e compreensão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 iii 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
Aos meus pais Deolindo José Pereira e Maria 
Teresinha de Limas Pereira que foram um 
exemplo de vida e coragem, demonstrando 
sempre a importância da educação. 
Aos meus dois irmãos Deolindo José Pereira 
Júnior e Marcos Vinicius Pereira que sempre 
estão ao meu lado me compreendendo e 
me apoiando nas minhas decisões. 
Ao meu noivo Marcos Martins Puhl, pelo 
amor, respeito, pela paciência, pela 
compreensão e pelo apoio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 iv 
 
 
 
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade 
pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a 
Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a 
Banca Examinadora e a Orientadora de toda e qualquer responsabilidade 
acerca do mesmo. 
 
Itajaí, 20 de novembro de 2008. 
 
 
Daniela Limas Pereira 
Graduanda 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 v 
PÁGINA DE APROVAÇÃO 
A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade 
do Vale do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Daniela Limas 
Pereira, sob o título Aspectos destacados da nacionalidade brasileira, foi 
submetida em 20 de novembro de 2008 à banca examinadora composta 
pelos seguintes professores:Márcia Sarubbi Lippmann, e Luciana Coelho 
aprovada com a nota 7,5(sete vírgula cinco). 
 
Itajaí,20 de novembro de 2008 . 
 
 
MSc. Márcia Sarubbi 
Orientadora e Presidente da Banca 
 
 
MSc. Antonio Augusto Lapa 
Coordenação da Monografia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 vi 
ROL DE CATEGORIAS 
 
AQUISIÇÃO: Formada do vocábulo latino acquisitio (ação de adiquirir), é 
empregado na linguagem jurídica para indicar o ato ou fato, em virtude 
do qual se opera a transferência do domínio ou propriedade de uma 
coisa móvel ou imóvel, ou a sua posse, ou a transferência de um direito, 
para uma pessoa, que assim se torna proprietária dela, ou titular deste 
direito Aquisição da nacionalidade – Expressão utilizada em Direito Público 
para indicar ou mostrar que uma pessoa adquiriu a nacionalidade de um 
país, isto é, que, segundo as leis do mesmo país, é considerada como 
pertencente a ele, tida como nacional ou nacionalizada. A 
nacionalidade, em regra, se adquire pelo nascimento no país, ainda de 
que pais estrangeiros, desde que não residindo nele em função ou a 
serviço de seu governo.Mais a nacionalidade também se adquire pela 
naturalização, que pode ser compulsória ou voluntária.1. 
 
ESTADO: deriva do latim status (estado, posição, ordem, condição), é 
vocábulo que possui sentidos próprios no Direito Público e no Direito 
Privado. Estado. No sentido do Direito Público, Estado, segundo conceito 
dado pelos juristas, é o agrupamento de indivíduos, estabelecidos ou 
fixados em um território determinado e submetidos à autoridade de um 
poder público ou soberano, que lhe dá autoridade orgânica. É a 
expressão jurídica mais perfeita da sociedade, mostrando-se também a 
organização política de uma nação, ou de um povo. Entretanto, há 
distinção entre as expressões povo, nação, sociedade e estado2. 
 
 
1 SILVA, de Plácido e, – Vocabulário Jurídico I e II ,4º Edição, Editora forense, 1996 Rio de 
Janeiro, Volume I A-C pág. 181 e 182 
 
2
 SILVA, de Plácido e, – Vocabulário Jurídico I e II ,4º Edição, Editora forense, 1996 Rio de 
Janeiro, Volume I A-C, p 627 
 
 vii 
EXPULSÃO: Medida administrativa tomada pelo presidente da República 
para retirar do território nacional um estrangeiro que se mostra prejudicial 
aos interesses do País. Diferente da Extradição, que é julgada pelo 
Supremo Tribunal Federal, a pedido do país de origem do estrangeiro, a 
expulsão é uma decisão tomada pelo Poder Executivo. O pedido 
normalmente é feito via diplomática de governo a governo, e o Supremo 
Tribunal Federal é a autoridade competente a se pronunciar sobre o 
pedido. Em regra, é concedida a extradição de cidadão do país 
requisitante, salvo em casos de crime político. Brasileiros natos não podem 
ser extraditados. Os naturalizados podem sofrer o processo, nos casos 
previstos pela Constituição (Art. 5º, inciso LI). O andamento do pedido de 
extradição no Supremo Tribunal Federal depende de que o extraditando 
seja preso no Brasil e colocado à disposição da Justiça até que termine o 
processo (Prisão Preventiva para Extradição). Ele será submetido a 
interrogatório e terá direito a se defender por meio de advogado. A 
Procuradoria-Geral da República também deve se manifestar na ação.3 
 
Extradição: (extraditio) – Entrega à autoridade competente e pelos meios 
regulares do individuo que, tendo praticado um delito dentro do território 
de sua jurisdição, se refugia em território estranho à esta, onde é 
capturado. Em quase todos os paises a sua concessão independe do 
tratado; alguns deles julgam necessário haver convenção a respeito. Os 
criminosos políticos, por princípio quase universal, estão excluídos da 
extradição. No Brasil, são também excluídos, além deste delito, o de 
opinião e o praticado por nacional. A extradição pode ser: a) 
interestadual, quando se verifica, mediante o cumprimento de 
formalidades especiais, entre unidades da própria Federação; 
b)internacional, quando por via diplomática o governo de uma nação 
pede ao de outra que lhe entregue certo individuo que homiziou no seu 
 
3
 www.centraljuridica.com/diconario/g/1/l/e/dicionario_juridico/dicionario_juridico.htm 
 viii 
território , por haver praticado um crime no pais de onde saiu, a fim de 
que , perante a sua justiça, seja julgado ou cumpra a pena que lhe foi 
imposta. Não será concedida a extradição de estrangeiro, por crime 
político ou de opinião, e, em caso nenhum, a de brasileiro (Constituição 
Federal)4. 
 
NAÇÃO: Por sua origem etimológica, do latim natio, de natus (nascido), já 
se tem a idéia de que nação significa a reunião de pessoas, nascidas em 
um território dado, procedentes da mesma raça, falando o mesmo 
idioma, tendo os mesmos costumes e adotando a mesma religião, 
formando, assim, um povo, cujos elementos componentes trazem consigo 
as mesmas características raciais e se mantêm unidos pelos hábitos, 
tradições, religiãoe língua.. Mas, a rigor, os elementos território, língua, 
religião, costumes e tradição, por si sós, não constituem o caráter de 
nação. São requisitos secundários, que se integram na sua formação. 
O elemento dominante, que se mostra condição subjetiva para evidencia 
de uma nação assenta no vinculo que une estes indivíduos, determinando 
entre eles a convicção de um querer viver coletivo. É, assim, a consciência 
de sua nacionalidade, em virtude de qual se sentem constituindo um 
organismo ou agrupamento, distinto de qualquer outro, com vida própria, 
interesses especiais e necessidades peculiares. Nesta razão, o sentido de 
nação não se anula porque seja esta fracionada entre vários Estados, ou 
porque varias nações se unam para a formação de um Estado. O estado 
é uma forma política, adotada ´por um povo, que constitui uma nação, 
ou por vários povos de nacionalidades diferentes, para que se submetam 
a um poder publico soberano, emanado de sua própria vontade, que lhes 
vem dar unidade política. A nação preexiste sem qualquer espécie de 
organização legal. Mesmo no conceito da teoria clássica, em que é tido 
como a pessoa jurídica, constituída pelo conjunto de indivíduos que 
 
4 NUNES, Pedro, Dicionário de Tecnologia Jurídica, volume I A-F, 11 edição revista 
ampliada e atualizada livraria Freitas bastos s.a rio de janeiro, p.454 
 
 ix 
formam o Estado, apresenta-se como distinta deste para mostra-se a 
depositária da soberania, em que assenta a organização política, 
fundada em sua vontade. E mesmo que, comumente, seja empregado 
em sinonímia de Estado, em realidade significa a substancia humana que 
o forma, atuando aquele em seu nome e no seu próprio interesse, isto é, 
pelo seu bem estar, por sua honra, por sua independência e por sua 
prosperidade5. 
 
NACIONALIDADE: Exprime a qualidade ou a condição de nacional, 
atribuída a uma pessoa ou coisa, em virtude do que se mostram 
vinculadas à nação, ou ao Estado, a que pertencem ou de onde se 
originam. Revelada a nacionalidade, sabe-se, assim, a que nação 
pertence a pessoa ou a coisa. E, por essa forma, se estabelecem os 
princípios jurídicos que possam ser aplicados quando venham as pessoas a 
ser agentes de ato jurídico e as coisas objeto destes mesmos atos. A 
nacionalidade, em regra, é decorrente do fato do nascimento, quanto às 
pessoas, ou da origem ou feitura, quanto às coisas. 
E coisa e pessoas têm a nacionalidade do Estado, sob cuja jurisdição 
territorial se tenham formado (coisas) ou nascido (pessoas).Mais, em 
relação às pessoas, a nacionalidade pode alterar-se pela adoção de 
outra. E as coisas também podem tomar nova nacionalidade. A mudança 
de nacionalidade sempre decorre de ato ou de fato que se diz de 
naturalização. Mas, a nacionalidade assim adquirida não se diz 
propriamente qualidade de nacional, sim qualidade de nacionalizado.A 
adoção de nova nacionalidade jamais é admitida por presunção. E 
indispensável que a pessoa, que não deseja conservar a nacionalidade 
de origem, ou deseja a que decorre do fato de nascimento demonstre 
por fato positivo o desejo de a mudar, adotando, outra nacionalidade, ou 
seja aquela do pais em que reside ou para aonde se transplantou. Em 
 
5
 NUNES, Pedro, Dicionário de Tecnologia Jurídica, volume I A-F, 11 edição revista 
ampliada e atualizada livraria Freitas Bastos S.A., Rio De Janeiro, p.1048 
 x 
relação às coisas a troca ou a mudança de nacionalidade diz-se, 
propriamente, nacionalização. Naturalização é privativa as pessoas. A 
questão da nacionalidade é de relevância em Direito, visto que , por ela, 
é que se determina, em vários casos, a aplicação da regra jurídica, que 
deve ser obedecida em relação às pessoas e aos atos que pretendam 
praticar, em país estrangeiro, notadamente no que se refere aos Direitos 
de Família, de Sucessão6. 
 
NACIONALIDADE DERIVADA: A nacionalidade derivada é adquirida 
mediante naturalização, definida como o ato pelo qual alguém adquire a 
nacionalidade de outro país. Costuma ocorrer mediante solicitação, 
escolha ou opção do indivíduo e por concessão do Estado cuja 
nacionalidade é solicitada7. 
 
NACIONALIDADE ORIGINÁRIA: Nacionalidade de origem vide 
nacionalidade natural. Nacionalidade Natural: Embora a questão de 
nacionalidade se apresente como essencialmente jurídica, notadamente 
porque resulta num vinculo de ordem jurídica, que prende as pessoas e 
coisas a determinado Estado, una-se da expressão simplesmente para a 
nacionalidade adquirida pelo nascimento, da que provem por 
naturalização. Por sua origem, em verdade, elas se distinguem: a de 
nascimento é efetivamente natural, a outra é uma nacionalidade que se 
deriva da mudança ou adoção de outra nacionalidade que vem substituir 
a que tinha pelo nascimento. A nacionalidade natural é igualmente dita 
de nacionalidade de origem ou originaria, porque, em regra, é fixada pelo 
lugar de nascimento. E a nacionalidade firmada pelo jus-soli. Há teoria , 
porem, que procura determinar a nacionalidade, não em razão do solo, 
 
6 NUNES, Pedro, Dicionário de Tecnologia Jurídica, volume I A-F, 11 edição revista 
ampliada e atualizada livraria Freitas Bastos S.A Rio De Janeiro, p. 1047 e 1048 
7 http://pt.wikipedia.org/wiki/Nacionalidade 
 xi 
em que se nasceu mais em decorrência do sangue, de que se proveio. É 
a nacionalidade emanada do jus sanguinis8. 
 
NATURALIZAÇÃO: Formado de naturalizar (tornar natural), é o vocábulo 
usado na terminologia jurídica, para indicar o ato pelo qual o estrangeiro, 
renunciando sua nacionalidade de origem, adota a de outro pais. Nestas 
condições, pela naturalização, o estrangeiro torna-se cidadão do país, 
cuja nacionalidade adotou. Não se diz cidadão nato, que o adjetivo é 
próprio aos nascidos no pais ou nativos. Diz-se naturalizado. Embora, o 
naturalizado fique equiparado ao nacional, não se investe nos mesmos 
direitos assegurados ao nacional. Há direitos políticos e, mesmos, certas 
funções que são privativas do cidadão nato, dos quais não pode 
participar o cidadão naturalizado. A naturalização difere da 
nacionalização, A naturalização é a mudança da nacionalidade do pais 
de origem pelo pais de adoção. Vide: Nacionalizar.A nacionalização 
exprime toda ação de passar para o poder exclusivo do Estado tudo que 
se encontrava em posição diferente ou de integrar, como pertencente à 
nação, tudo que não lhe pertencia. Os princípios fundamentais para a 
naturalização são fixados na Constituição brasileira, nos incisos III e IV do 
art.129, E, por eles, a nacionalidade brasileira, conseqüente da 
naturalização, adquire-se de modo tácito ou expresso. Decorrem daí duas 
espécies de naturalização9. 
 
PÁTRIA: Do latim pátria, de pater (pai), entende-se, vulgarmente, o lugar 
ou pais em que se nasce ou que se teve origem. Nesta circunstância, 
demonstrando a pátria uma relação de origem natural, um fato humano, 
toda pessoa terá sempre uma pátria porque, em qualquer lugar, há de ter 
nascido. É, portanto, em sentido próprio, a significação de um fato ou 
 
8
 NUNES, Pedro, Dicionário de Tecnologia Jurídica, volume I A-F, 11 edição revista 
ampliada e atualizada livraria Freitas Bastos S.A Rio De Janeiro, p. 1048 
9
 SILVA, de Plácido e, – Vocabulário Jurídico I e II ,4º Edição, Editora forense, 1996 Rio de 
Janeiro, Volume III, p.1052 
 xii 
acontecimento, que não pode ser destruído pelas leis civis ou políticas. 
Entanto, empregam-no na acepção da nacionalidade, cujosentido é 
tecnicamente mais exato que se pode referir à situação jurídica que 
decorre do nascimento ou da naturalização. Pátria traz sempre consigo a 
idéia de origem ou primitividade, ligada a um fato, independentemente 
da vontade humana. Vide: Nascimento, Nacionalidade, Naturalização. 
Para a pessoa que perde a nacionalidade, diz-se apátrida ou sem-pátria. 
Mas, pátria, aí não tem sentido próprio. É tida em significação de 
nacionalidade, pois que a realidade é contrária ao principio de ordem 
natural: nasce-se sempre em alguma parte. Entanto, apátrida ou sem-
pátria, a rigor, entende-se aquele cujo o lugar de nascimento não se sabe 
ou é desconhecido, embora geralmente determine a pessoa que se viu 
privada de sua nacionalidade10 
 
POVO: Do latim populus (grande número de homens), em sentido vulgar, 
provindo de sua etimologia, significa a multidão de indivíduos ou de 
pessoas, acidentalmente reunidos, sem qualquer interesse que os prenda 
ou uma. É, assim, indicativo de uma porção de homens ou um grande 
numero de pessoas, sem referência ao aspecto político ou jurídico, em 
que se apresentem. Juridicamente, povo designa a totalidade de pessoas, 
que habita um território dado, já se apresentando como elemento 
formador de uma nacionalidade. É assim a população de um território ou 
a massa de indivíduos que compõem um Estado. E, nesta razão, vem, 
geralmente, qualificado: povo brasileiro, povo inglês, povo norte-
americano, povo russo, povo etc., a fim de que, pela qualificação, seja 
determinada a extensão do território, em que se encontram, e feita 
alusão à organização política, a que pertencem. Embora, povo, como 
vocábulo jurídico, não se confunda com a palavra nação, que significa 
este mesmo povo vinculado por um interesse comum e subjugado por 
 
10
 SILVA, de Plácido e, – Vocabulário Jurídico I e II ,4º Edição, Editora forense, 1996 Rio de 
Janeiro, Volume III, p.1130 
 xiii 
uma firme consciência de sua nacionalidade, representa o elemento 
fundamental do Estado, que nele exerce, em principio, promana dele e 
em nome dele é exercido. Vide: Nação, Estado, Sociedade11 
 
POPULAÇÃO:� Totalidade de habitantes de um pais ou de uma região. 
População designa igualmente, o conjunto de pessoas, em determinado 
território ou pais, que constitui ou forma uma classe: população escolar12 
 
REAQUISIÇÃO: Ato ou efeito de readquirir , Readquirir . Adiquirir 
novamente13 
 
 
 
 
 
 
 
11
 SILVA, de Plácido e, – Vocabulário Jurídico I e II ,4º Edição, Editora forense, 1996 Rio de 
Janeiro, Volume III, p.1190 
 
12
 SILVA, de Plácido e, – Vocabulário Jurídico I e II ,4º Edição, Editora forense, 1996 Rio de 
Janeiro, Volume III, p. 1177 
 
13
 DINIZ, Maria Helena, Vocabulário Jurídico – Volume 4, Editora Saraiva, São Paulo, 1998, 
p.43. 
 xiv 
SUMÁRIO 
RESUMO...............................................................................................................XV 
INTRODUÇÃO.........................................................................................................1 
CAPÍTULO 1.............................................................................................................4 
1.1- UMA INTRODUCAO SOBRE A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA 
NACIONALIDADE...................................................................................................4 
1.1.2- Estado, Nação, Pátria E País, Povo e População....................................6 
1.1.3- Nacionalidade sua Origem: espécies e Características.......................9 
1.1.4-O Perfil da Nacionalidade na atualidade..............................................11 
1.2- NATUREZA JURÍDICA....................................................................................16 
1.3-CONCEITO DE NACIONALIDADE.................................................................18 
 
CAPÍTULO 2 ..........................................................................................................22 
2.1- NACIONALIDADE ORIGINÁRIA E DERIVADA..............................................22 
2.1.1- Nacionalidade Originária ou primária..................................................22 
2.1.2- Ius Solis e Ius Sanguinis............................................................................27 
2.1.3- Nacionalidade Secundária ou Derivada.............................................31 
2.1.4.- Espécie e Requisitos para a Naturalização no Brasil...........................34 
2.1.4.1-Naturalização Comum..........................................................................34 
2.1.4.2- Naturalização Extraordinária................................................................36 
2.1.4.3-Naturalização Especial..........................................................................37 
2.1.4.4- Naturalização Provisória.......................................................................38 
2.2 - DIFERENÇAS CONSTITUCIONAIS ENTRE NATOS E NATURALIZADOS.........39 
2.3- IGUALDADE DE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS DOS PORTUGUESE...............42 
 
CAPÍTULO 3 ..........................................................................................................44 
3.1- PERDA DA NATURALIZAÇÃO.......................................................................44 
3.2-REAQUISIÇÃO DA NATURALIZAÇÃO...........................................................49 
3.3- ANÁLISE JURISPRUDENCIAL.........................................................................52 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................63 
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS....................................................................67 
 
 
 
 xv 
RESUMO 
O presente trabalho monográfico tem como objetivo 
fazer uma breve abordagem a respeito da Nacionalidade brasileira no 
que tange a sua aquisição, perda e reaquisição.O tema é atual e é de 
extrema importância, pois esclarece a necessidade da implementação e 
dos preceitos de Direito Internacional no que tange a nacionalidade, nas 
normas brasileiras.Aborda-se incialmente questões introdutórias e históricas 
acerca do presente instituto, conceituação e natureza jurídica. Analisa-se 
a nacionalidade originária e derivada, assim como seus critérios de 
atribuição e espécies e por derradeiro trata-se das formas de perda e 
reaquisição na nacionalidade pátria. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 1 
INTRODUÇÃO 
A presente Monografia tem como objeto o estudo da 
Nacionalidade brasileira, com a intenção de abordar os aspectos jurídicos 
concernentes a aquisição, perda e reaquisição da nacionalidade no ordenamento 
jurídico pátrio. 
A nacionalidade compreende a situação do indivíduo 
em face do Estado, podendo ser, nacional ou estrangeiro. Trata-se, na 
realidade, de um direito superior, garantido pela Declaração Universal dos 
Direitos Humanos. 
Nacional é o sujeito natural do Estado que, em seu 
conjunto, constitui o povo. O estrangeiro se define por exclusão, sendo 
aquele ao qual o direito do Estado não atribui a qualidade de nacional. 
Do direito brasileiro decorrem duas classes de 
nacionais: os natos e os naturalizados, contudo, a distinção entre ambas 
as categorias é tênue, já que a Constituição Federal de 1988 impede a 
criação ou tratamento diferenciado para o naturalizado enumerando, 
taxativamente, quais são os cargos e funções privativas de brasileiros 
natos. 
Quanto ao estrangeiro, assegura-se aos residentes no 
país, paridade com os brasileiros, no tocante aos direitos à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, facultando-se a 
qualquer pessoa, em temposde paz, a entrada, permanência ou saída 
do país, com seus bens. 
Neste texto, o Direito de Nacionalidade será abordado 
em seus mais diversos aspectos, tratando, inicialmente, de sua 
 
 2 
conceituação jurídica e suas espécies, compreendidas entre primária e 
secundária. 
Serão comentados ainda os sistemas e as formas de 
aquisição de nacionalidade, apresentando, inclusive, variantes modos 
existentes de aquisição no direito comparado. 
Para tanto, principia-se, no Capítulo 1: 1.1- Uma 
Introdução sobre a Evolução Histórica da Nacionalidade; 1.1.2- Estado, 
Nação, Pátria e País, Povo e População; 1.1.3- Nacionalidade sua Origem: 
Espécies e Características; 1.1.4- O Perfil da Nacionalidade na Atualidade; 
1.2- Natureza Jurídica e1.3- Conceito de Nacionalidade. 
No Capítulo 2: 2.1-Nacionalidades Originária e 
Derivada; 2.1.1- Nacionalidade Originária ou Primária; 2.1.2- Ius Solis e Ius 
Sanguinis; 2.1.3- Nacionalidade Derivada ou Secundária; 2.1.4- Histórico da 
Nacionalidade no Brasil; 2.1.5- Espécies e Requisitos para a Naturalização 
Brasileira; 2.1.5.1- Naturalização Comum; 2.1.5.2- Naturalização 
Extraordinária; 2.1.5.3-Naturalização Especial; 2.1.5.4- Naturalização 
Provisória; 2.2- Diferença Constitucionais entre Natos e Naturalizados e 2.3- 
Igualdade de Direito Civis e Políticos dos Portugueses. 
No Capítulo 3: 3.1-Perdas da Nacionalidade; 3.2-
Reaquisição da Nacionalidade e 3.3-Analise Jurisprudencial. 
O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as 
Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos 
destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das 
reflexões sobre o tema. 
Para a presente monografia foram levantadas as 
seguintes hipóteses: 
� A nacionalidade é um instituto de direito 
 3 
interno que, todavia encontra repaldo no Direito 
internacional. 
� A nacionacionalidade brasileira é dividida em 
duas tipologias originária e derivada. 
� A nacionalidade brasileira pode ser perdida e 
readquirida sem restrições. 
 
Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na 
Fase de Investigação foi utilizado o Método Indutivo, na Fase de 
Tratamento de Dados o Método Cartesiano, e, o Relatório dos Resultados 
expresso na presente Monografia é composto na base lógica Indutiva. 
Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as 
Técnicas do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da 
Pesquisa Bibliográfica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4 
CAPÍTULO 1 
HISTÓRICO EVOLUTIVO DA NACIONALIDADE 
 
 
1.1 UMA INTRODUÇÃO SOBRE A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA 
NACIONALIDADE 
 
Independentemente do local ou qualquer outro fator, 
todo relacionamento social encontra seus fundamentos nas razões de 
afinidade entre as pessoas. Um grupo de amigos, uma sociedade de 
bairro, uma associação de classe, sempre acaba se unindo pelos 
interesses que têm em comum e pelos objetivos que almejam, e sobre 
todos paira o maior instinto da raça humana: a preservação. 
Na formação de um Estado o processo não é muito 
diverso; normalmente a sua aparição resulta da união de um povo 
reunido em um território delimitado, sob o governo de um representante a 
quem é delegada a função de comandá-lo, administrá-lo e atender aos 
interesses reivindicados. 
Segundo Bastos14: 
É um truísmo afirmar que o homem é um animal social. 
Com efeito, tem sido esta a sua situação em todos os 
tempos, a de viver em sociedade. Quer nos parecer 
que nunca será possível identificar uma razão 
específica para a formação da sociedade. Ela se 
 
14 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional - Celso Bastos Editor, São Paulo, 
2002. 
 
 5 
confunde com o próprio evoluir do homem, 
perdendo-se, portanto, mas origens da própria 
espécie humana. 
Aliás, em geral, sempre foi possível visualizar 
graficamente a identidade de um Estado: bastava um mapa e uma 
bandeira do território soberano. As leis, os costumes e tradições, o povo, 
tudo era representado por estes símbolos. 
Na visão de Miranda15: “Não surpreende, 
naturalmente, a variedade histórica das formas por que o Estado aparece, 
em correlação com as causas locais do acontecimento". 
Aliás, em geral, sempre foi possível visualizar 
graficamente a identidade de um Estado: bastava um mapa e uma 
bandeira do território soberano. As leis, os costumes e tradições, o povo, 
tudo era representado por estes símbolos. 
Segundo Miranda16: 
Seria dizer, na situação atual das coisas, o homem é um 
ser preso a terra, e, para que uma determinada ordem 
jurídica possa ser exclusiva num determinado espaço, 
ela tem necessariamente de dispor de uma parcela do 
globo terrestre" nessa linha de raciocínio prossegue em 
seguida observando que eliminar o território seria 
eliminar o próprio Estado, o que não é verdade. 
 Já com relação ao povo, a regra não é a mesma, pois 
de fato todo Estado é a organização soberana de um povo. Eliminar um 
povo e substituí-lo por outro seria o mesmo que destruir um Estado e 
constituir um outro. 
 
15 MIRANDA, Jorge, Teoria do Estado e da Constituição. Forense, 2002, p.21 
16 MIRANDA, Jorge, Teoria do Estado e da Constituição. Forense, 2002, p.21 
 6 
Na opinião de Miranda17: 
No plano da antropologia histórica, revelam-se 
processos mais importantes, a conquista, a migração, a 
aglutinação por laços de sangue ou por laços 
econômicos, a evolução social pura e simples para 
organizações cada vez mais complexas. 
 
1.1.2 Estado , Nação, Pátria e País, Povo e População 
Apesar de abarcar características de patriotismo, o 
conceito de povo não se confunde com o conceito de nação, que 
envolve pessoas unidas por sentimentos históricos e culturais, com 
passado, presente e futuro, a preservação das tradições. 
Na visão de Doria18: 
Para o autor, nação é primeiro o conjunto de homens 
que derivam de uma origem comum, com a mesma 
raça, a mesma língua, certa fé predominante, as 
mesmas tradições, o mesmo destino histórico, não 
importando suportar o jugo de governo estrangeiro 
durante certa época, podendo até mesmo ser 
partilhado às vezes. 
 
Apesar de abarcar características de patriotismo, o 
conceito de povo não se confunde com o conceito de nação, que 
envolve pessoas unidas por sentimentos históricos e culturais, com 
passado, presente e futuro, a preservação das tradições. 
 
17 MIRANDA, Jorge, Teoria do Estado e da Constituição. Forense, 2002, p.21 
18 DORIA, Sampaio, Direito Constitucional, 4a edição, vol 1 tomo 1 Max Limonad, 1958 
 7 
Segundo Miranda19: “Há grande dificuldade em 
distinguir povo de nação, uma vez que o Estado Moderno de tipo europeu 
emergiu na história como Estado Nacional, tendo sido a nação o instituto 
a lhe conferir unidade e coesão”. 
No princípio a raça, a crença, bem como a língua, era 
utilizada para identificar um Estado, sendo que até hoje, alguns Estados 
adotam uma religião oficial. No Brasil, à época do Império, a religião 
oficial era a católica. 
Na visão de Azambuja20: 
A nação é a base para um Estado sólido. Essa clássica 
afirmação levou a doutrina a confeccionar um dos 
conceitos de Estado como nação politicamente 
organizada. "Os Estados formados pela força, pela 
sujeição de nações diferentes, cedo ou tarde se 
esfacelam ou desaparecem". 
 O Estado Democrático de Direito, dotado de 
liberdade de crença e de pensamento, e igualdade de raças, veio 
separar oficialmente a figura do Estado da figura da nação. 
 Na opinião de FerreiraFilho21: “Durante “longos 
séculos, o estrangeiro foi considerado como o inimigo e não raro se lhe 
recusava qualquer direito”. 
Na Constituição brasileira o único resquício aparente 
de um elemento ligado à nação é a adoção do português como idioma 
oficial da República Federativa do Brasil (artigo 13 caput), no entanto, em 
 
19 MIRANDA, Jorge, Teoria do Estado e da Constituição. Forense, 2002 
20 AZAMBUJA, Darcy. Teoria Geral do Estado - Globo, 28a Edição, Porto Alegre, 1991,p.23 
21 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves, Curso de Direito Constitucional, Saraiva, 29a edição 
2002 p.110 
 8 
momento algum se proíbe a utilização de outra língua no país, 
respeitando-se assim a forma de expressão, o que leva a crer que se trata 
de um dispositivo neutro. 
Comenta Miranda22: 
Entre nação e pátria existe coincidência no essencial, 
todavia, a nação é um conceito cultural 
acompanhado de vivências dominantes afetivas; a 
pátria pertence toda ela ao domínio da afetividade. 
Na Constituição brasileira o único resquício aparente 
de um elemento ligado à nação é a adoção do português como idioma 
oficial da República Federativa do Brasil (artigo 13 caput), no entanto, em 
momento algum se proíbe a utilização de outra língua no país, 
respeitando-se assim a forma de expressão, o que leva a crer que se trata 
de um dispositivo neutro. 
Na opinião de Miranda23: 
Por sua vez, o termo população também se relaciona 
com o tema nacionalidade, outrossim, diverge do 
conceito de nação e de povo, por abranger todas as 
pessoas que definitivamente habitam um determinado 
território, sejam elas nacionais ou estrangeiras. "Do 
conceito de povo distingue-se claramente o de 
população. O Povo corresponde a um conceito 
jurídico e político, a população a um conceito 
demográfico e econômico. O primeiro é uma unidade 
de ordem, a segunda a simples soma de uma 
 
22 Novo Aurélio Século XXI Editora Nova Fronteira, 3a edição 1999. 
23 MIRANDA, Jorge, Manual de Direito Constitucional Tomo III Estrutura Constitucional do 
Estado, 2a edição Coimbra Editora Limitada. 1988 p.59 
 9 
multiplicidade de homens atomisticamente 
considerados. 
Ainda no que diz respeito à pátria, se crê que os 
símbolos, mencionados no parágrafo 1o do artigo 13 da Constituição 
Federal, a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais foi uma forma que 
o constituinte encontrou de positivar o significado desse instituto. 
Entretanto, cabe ressalvar que o termo lá utilizado 
(República Federativa do Brasil) é a denominação do Estado, sendo a 
pátria, o Brasil. 
 
1.13 Nacionalidade sua Origem , Espécies e Características 
 
Conforme já colocado, o instituto da nacionalidade 
originou-se do conceito de povo, cabendo lembrar que ambos se 
resumem os grupos de pessoas unidas por afinidade, visando, sobretudo 
preservar-se. 
Na visão de Ferreira Filho24: 
O nacional é o sujeito natural do estado. O conjunto 
de nacionais é que constitui o povo sem o qual não 
pode haver Estado. De acordo com o direito 
internacional público o nacional está preso ao Estado 
por um vínculo que o acompanha em suas 
deslocações no espaço, inclusive no território de 
outros Estados. 
 
24 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves, Curso de Direito Constitucional, Saraiva, 29a edição 
2002 p. 109. 
 10 
É possível citar as famílias, as tribos e as ordens como 
às raízes do instituto da nacionalidade, sempre traçando objetivos 
comuns, unidos por um vínculo, esses grupos procuraram não se misturar 
uns com os outros visando a perpetuação. As famílias e os grupos étnicos 
valorizavam mais a hereditariedade, os integrantes de um tronco comum 
correspondiam aos sentidos dos nacionais, enquanto os demais seriam os 
estrangeiros. 
Segundo Bueno25: “Sob o seu aspecto jurídico a 
nacionalidade designa o laço que une o indivíduo a um Estado 
determinado. A teoria da nacionalidade é, portanto, aquela que tem por 
objeto indicar o Estado de que depende cada um. 
Esse fato ensejou a possibilidade de muitos poderem 
se apresentar como polipádridas, e deu origem ao sistema eclético da 
nacionalidade, no qual os critérios do ius soli e do ius sanguinis convivem 
harmonicamente. 
Segundo a Emenda26: 
Grande parte dos Estados que se organizaram ou 
reorganizaram entre o fim século XVIII e início do 
século XX adotaram esse sistema. Os descendentes de 
um imigrante italiano que se radicou no Brasil são 
exemplos disso, embora nascidos no Brasil são italianos 
perante a legislação do país de seu ancestral que 
adota o ius sanguinis, e brasileiros pois aqui se adota o 
ius solis. 
 
25 BUENO, Pimenta. Direito publico brasileiro e análise da Constituição do Império. Rio de 
Janeiro, Nova Edição, 1958 
26 Os Estados Unidos da América adotaram inicialmente o ius soli em 1787, e através da 
quarta emenda de 1866 adotou-se na prática o sistema eclético. 
 11 
Aqueles que não estabelecem nenhum vínculo com 
nenhum Estado passaram a ser considerados apátridas. 
Definida a formação de grupos nacionais oriundos do 
critério "ius sanguinis", bem como o estabelecimento quase que definitivo 
do mapa terrestre, viu-se praticamente esgotada a possibilidade de 
surgirem novos grupos. O movimento de expansão dos povos foi 
substituído pelo de circulação, o que levou ao surgimento de uma nova 
modalidade de nacionalidade, diversa daquela adquirida com o 
nascimento. 
 
1.1.4 O Perfil da Nacionalidade na Atualidade 
Conforme exposto, nota-se que ao longo do tempo o 
instituto da nacionalidade sofreu influências dos fenômenos da 
preservação das origens e da proteção do território conquistado. 
Atualmente, com a aceleração do fenômeno da 
internacionalização, o instituto veio sofrer novas mutações. 
Dois fatores se destacam como os principais a 
exercerem essa influência: a valorização do indivíduo 
independentemente de sua origem, e o preenchimento das necessidades 
do mercado de trabalho mundial aliado à exploração da economia 
global. 
Não é de hoje que a economia colabora com a 
mudança das regras da nacionalização e integração do estrangeiro. 
Analisando-se bem, não foi à toa que a Constituição de 1891 trouxe no 
seu bojo a regra da nacionalização tácita, afinal o Brasil necessitava de 
um povo que se estabelecesse definitivamente a fim de desenvolver 
economicamente um país que acabara de ser formado. 
 12 
Durante muito tempo, o isolamento geográfico e o 
fechamento das fronteiras foram valorizados. Recebia tratamento 
privilegiado aquele que possuísse vínculo com o Estado onde vivia. O 
povo e o país se desenvolviam sem grandes influências dos demais 
Estados, por isso cada país tratava os nacionais e estrangeiros da forma 
que melhor julgava adequada. 
No entanto, com a revolução tecnológica e o 
desenvolvimento econômico, vários países tiveram seus mercados de 
trabalho alterados repentinamente, ou com excesso, ou com falta de 
mão de obra, o que ensejou um aumento na movimentação de pessoas 
que procuravam adequar-se aos espaços e a funções que surgiam. 
Paralelamente, a valorização do individuo como ser 
humano, independente de suas origens, fez com que os países 
flexibilizassem suas regras quanto à nacionalidade aproximando cada vez 
mais o nacional do estrangeiro. 
 
Na opinião de Ferreira Filho27 : 
A identidade da natureza humana acabou por ser 
reconhecida e, mercê do estoicismo e do cristianismo 
especialmente, aos estrangeiros se foram 
reconhecendo direitos a ponto de se equipararemeles aos próprios nacionais, salvo participação no 
governo. 
Segundo Ferreira Pinto28: 
 
27 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves, Curso de Direito Constitucional, Saraiva, 29a edição 
2002 p.110 
28 FEREIRA, Pinto, Curso de Direito Constitucional, Saraiva, 11a edição, São Paulo, 2001. 
 13 
No entanto é curioso observar que quando da 
formação do Estado Federativo norte americano, 
processo semelhante ocorreu. A Constituição 
americana de 1797 não aludia expressamente o 
problema da cidadania e foi somente através da 
décima quarta emenda de 1866 que se adotou a 
aquisição da nacionalidade pelo nascimento ou pela 
naturalização. Esta mesma emenda, admitiu a dupla 
cidadania a da União e a do Estado Membro em que 
residisse o cidadão. Essa dupla cidadania também foi 
aceita pela Suíça, na Constituição de 1874 e pela 
Alemanha em 1929 na Carta de Weimar. 
No Brasil, a adoção da dignidade da pessoa humana 
como princípio fundamental solidificou a idéia que naturalmente não 
deve haver distinção entre nacional ou estrangeiro. Os objetivos firmados 
pelo constituinte no artigo 3oda Constituição reforçam a tese. Ao afirmar 
que deseja construir uma sociedade livre, justa e solidária e promover o 
bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e 
quaisquer outras formas de discriminação, revela ele, a sua intenção de 
tratar a nacionalidade apenas como um fenômeno jurídico que implica 
na relação entre indivíduo e Estado. 
 
Na visão de Di Ruffia29: 
Para encerrar invoca-se o pensamento de Di Ruffia 
que afirma que, o povo é formado pelo conjunto de 
pessoas que, em razão de sua pertença ao Estado (a 
chamada cidadania; estabelecida com base em 
 
29 DI RUFFIA, Paolo Biscaretti, Direito Constitucional (Instituições de Direito Público). Tradução 
Maria Helena Diniz São Paulo, Revista dos Tribunais, 1984 
 14 
critérios fixados por oportunas normas jurídicas), estão 
submetidas de modo pertinente e institucional à 
autoridade do governo; porém não se as está 
considerando individualmente, em um momento 
determinado (caso em que surgiria o conceito 
estático de população), mas sim estimando-as através 
das continuas vicissitudes e sucessões das gerações, 
em sua multiforme e complexa unidade. 
Na visão de Dal Ri Junior30: 
Não obstante, pode-se inferir que os princípios 
basilares da cidadania surgiram na Grécia antiga. 
Contudo, naquele contexto grego, não se conhecia 
“o termo cidadania, nem o significado que este 
adquiriu na modernidade. 
 
Havia, entretanto, a noção de “virtude cívica”, 
elemento pelo qual se reconhecia os “cidadãos” – homens adultos, livres e 
comprometidos com os interesses da polis a qual pertenciam. 
É evidente o fator discriminatório na determinação do 
status de cidadão, uma vez que eram excluídos da participação político-
social as mulheres, os escravos e os metecos. Portanto, o sistema 
oligárquico grego excluía grande parte da população, vez que eram 
poucos que detinham o status de cidadão. 
Na opinião de Dal Ri Junior31: 
 
30 DAL RI JUNIOR, Arno. Evolução histórica e fundamentos políticos-jurídicos da cidadania. 
In: DAL RI JUNIOR, Arno; OLIVEIRA, Odete Maria de (Orgs.). Cidadania e nacionalidade: 
efeitos e perspectivas nacionais, regionais, 
globais. Ijuí: Unijuí, 2002. p. 26. 
 
31 DAL RI JUNIOR, Arno,. Na Roma antiga, Civitate era o conjunto de cidadãos que 
constituíam uma cidade e, deste modo, não se confunde com a Urbs, conjunto de 
edificações. Já Civitas tem o mesmo significado 
 15 
Evoluindo-se historicamente, o conceito de cidadania, 
em Roma, se aprimora, na medida em que é 
outorgado ao cidadão romano um rol de direitos e 
deveres. A influência grega é identificada no mundo 
romano, onde a concepção de “cidadão” foi 
empregada, desenvolvendo-se, deste modo, a Civitas 
Romana. 
 
A discussão entre a questão do pertencimento do 
indivíduo ao Estado (nacionalidade) e o pertencimento do indivíduo à 
comunidade política (cidadania) é discutida por Enrico Grosso da 
seguinte maneira: Foi procurado demonstrar, precedentemente, que a 
idéia de cidadania dominante na Grécia clássica, mais do que estar 
conexa com o pertencimento étnico a um povo e aos seus destinos, ou 
com o conceito de status da pessoa, ressaltando as relações entre 
indivíduo e autoridade, se confunde, ao invés, com a noção de 
participação política. A cidadania é um atributo que compete a cada 
homem livre, enquanto tenha a capacidade e a vontade de participar do 
governo da coisa pública. Ela assume de fato, algumas vezes, a função 
de instrumento de integração política de populações inteiras, 
independentemente de suas origens, podendo ser englobadas na vida da 
polis por meio do reconhecimento coletivo da politeia. 
 
 
Nas palavras de Barbalet32 
 
32 BARBALET, J. M. Cittadinanza: diritti, conflitto e disuguaglianza sociale. Torino: Liviana, 
2004. p. 30. Na versão consultada, em italiano: “La differenza principale fra la cittadinanza 
nella città-stato della Grécia clássica e quella nel moderno Stato democratico nazionale 
sta nell’ambito o nell’estensione della comunità política in ciascuno di essi. Per Aristotele 
la cittadinanza era lo status privilegiato del gruppo dominante entro la città-stato. Nel 
moderno Stato democratico la base della cittadinanza è la capacità di partecipare 
all’esercizio del potere politico attraverso la procedura elettorale. Perciò nel moderno 
Stato nazionale la partecipazione dei cittadini implica l’appartenenza giuridica a una 
comunità politica fondata sul suffragio universale e quindi anche l’appartenenza a una 
 16 
Com propriedade, J. M. Barbalet aponta as principais 
diferenças entre os conceitos de cidadania na Grécia 
clássica e no Estado moderno: A diferença principal 
entre a cidadania na cidade-Estado da Grécia 
clássica e aquela no moderno Estado democrático 
nacional reside no âmbito ou na extensão da 
comunidade política existente em cada um deles. 
Para Aristóteles, a cidadania era o status privilegiado 
do grupo dominante dentro da cidade-Estado. No 
moderno Estado democrático, a base da cidadania é 
a capacidade de participar do exercício do poder 
político por meio do procedimento eleitoral. Portanto, 
no moderno Estado nacional, a participação dos 
cidadãos implica o pertencimento jurídico a uma 
comunidade política fundada no sufrágio universal e, 
conseqüentemente, também ao pertencimento a uma 
comunidade civil fundada no Estado de direito. Para 
Aristóteles, o status da cidadania era limitado àqueles 
que participavam efetivamente das deliberações e do 
exercício do poder. Hoje a cidadania nacional se 
estende a toda sociedade. 
 
Na Grécia e em Roma o estrangeiro não tinha direitos, 
pois estes derivavam exclusivamente da religião, da qual o estrangeiro era 
excluído. Não podia ser proprietário, não podia casar-se, os filhos nascidos 
da união de um cidadão e uma estrangeira eram considerados bastardos, 
o estrangeiro não poderia contratar com cidadãos e não podia exercer o 
comércio; lhe era vedado herdar de um cidadão e transmitir seus bens a 
um cidadão por herança. 
 
comunità civile fondata sullo Stato di diritto. Per Aristotele lo status della cittadinanza era 
limitato a coloro che partecipavano effetivamente alle deliberazioni e all’esercizio del 
potere; oggi la cittadinanza nazionalesi estende a tutta la società.” 
 17 
 
Quando se verificou a necessidade de fazer justiça 
para o estrangeiro, foi criado um Tribunal especial. Roma tinha pretor para 
julgar o estrangeiro, o pretor peregrinus e, em Atenas, o juiz dos 
estrangeiros era o polemarca, o magistrado encarregado dos cuidados 
de guerra e de todas as relações com os inimigos. Na Índia antiga, os 
nascidos fora do território eram considerados impuros, em nível abaixo dos 
parias e dos sudras. 
 
No Egito, só os ribeirinhos do Nilo eram puros, o resto da 
terra era sede de impurezas. O egípcio não abraçaria um grego, não se 
serviria da faca de um grego, não comeria da carne de um boi que 
tivesse sido cortado com a faca de um grego, nem comeria na 
companhia de estrangeiros. 
 
Na Caldéia e na Assíria, não havia reconhecimento de 
direitos do estrangeiro. Já na Pérsia revelou-se certa tolerância para com 
determinados povos estrangeiros, o mesmo ocorrendo na China antiga. 
 
Às vezes, as cidades gregas celebravam entre si 
convênios de ajuda judicial em que determinavam que juízes seriam 
competentes para litígios que viessem a ocorrer entre pessoas das 
diferentes cidades. Vigia em Roma originariamente o jus civile para os 
cidadãos romanos e jus peregrinum para os estrangeiros. Diante dos 
contatos entre peregrinos de origens diversas e de peregrinos com 
cidadãos romanos foi criado o jus gentium, destinado a disciplinar estas 
relações jurídicas. Aí existe uma manifestação de Direito Internacional 
Privado, segundo alguns autores, pois que encerrava uma solução para o 
conflito entre regimes jurídicos diversos. O Jus gentium não representava 
um sistema de normas indiretas, indicadoras de direito aplicável, mas era 
 18 
ele próprio um sistema uniforme de normas diretas, substantivas, a ser 
aplicado a romanos e peregrinos sem distinções. 
 
1.2 NATUREZA JURÍDICA 
 
No que dizer respeito à natureza jurídica, a 
nacionalidade, no sistema do Direito Positivo brasileiro, é material e 
formalmente constitucional, salvo-conduto que o assunto fundamental 
monopoliza a forma do Estado, a forma do governo, o estilo de obtenção 
e a destreza do poder político, o consignação dos órgãos públicos, o 
alcance de sua ação, os direitos fundamentais , as garantias 
constitucionais e a ordem econômica e social. 
 
Segundo Moraes33: 
 
Por ilação, no que concerne à natureza, a 
nacionalidade, no sistema do Direito Positivo brasileiro, 
é material e formalmente constitucional, visto que a 
matéria constitucional açambarca a forma do Estado, 
a forma do governo, o modo de aquisição e o 
exercício do poder político, o estabelecimento dos 
órgãos públicos, os limites de sua ação, os direitos 
fundamentais , as garantias constitucionais e a ordem 
econômica e social. 
 
É assinalada a Revolução Francesa como estirpe da 
natureza de direito constitucional da nacionalidade, natureza essa 
recentemente concretizada. 
 
 
33 MORAES, Guilherme Pena de Nacionalidade, Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2000, p.3 
 19 
Na visão Tavares34: “è apontada a Revolução 
Francesa como origem da natureza de direito constitucional da 
nacionalidade, natureza essa atualmente consolidada”. 
 
Nesta acepção, o que diz reverência à pertinência 
para adequar a nacionalidade, todo país é aberto para constituir as 
cláusulas legais sobre nacionalidade, consentida, contundida, adequada 
os princípios de Direito Internacional. 
 
Para Moraes35: 
 
Neste sentido, o que diz respeito à atribuição para 
regular a nacionalidade, cada país é livre para 
estabelecer as normas jurídicas sobre nacionalidade, 
atendidos, contundo, certos princípios de Direito 
Internacional. 
 
O pátrio é elemento natural de uma sociedade estatal 
com capacidade intrínseco a sua individualidade, que motiva fixação e 
conhecimento constantes. A nacionalidade relaciona-se 
consecutivamente com a soberania de cada Estado. Trata-se de uma 
junção processual de direito público interno. Apesar de não ter natureza 
obrigacional, desta conexão atribuída por lei, transcorrem direitos e 
obrigações. 
Na visão Silva36: 
O nacional é membro natural de uma comunidade 
estatal com aptidão intrínseca a sua personalidade, 
que determina sujeição e participação permanentes. 
 
34 TAVARES, André Ramos, Curso de Direito Constitucional, 3ºed., Saraiva, São Paulo, 2008, 
p.673 
35
 MORAES, Guilherme Pena de Nacionalidade, Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2000, p.3 
36
 SILVA, José Afonso, Curso de Direito Constitucional Positivo, 26º ed. Malheiros,p. 319 
 20 
A nacionalidade relaciona-se sempre com a 
soberania de cada Estado. Trata-se de um liame legal 
(não contratual) de direito público interno. Embora 
não tenha natureza obrigacional, deste vínculo, 
imposto por lei, decorrem direitos e obrigações. 
 
1.3 CONCEITO DE NACIONALIDADE 
 
Portanto, que valores ligados à afetividade, ainda 
interferem na elaboração de normas que regulamentam a aquisição da 
nacionalidade. No entanto, atualmente não têm o condão de impedir 
que indivíduos sejam privados de exercer direitos fundamentais, os quais 
devem ser respeitados independentemente do local em que vivem ou do 
Estado com quem mantém vínculo político jurídico. 
 
Na opinião de Tavares37: 
 
A nacionalidade é a ligação juridicamente 
estabelecida entre um indivíduo e determinado 
Estado. Daí decorre a distinção entre nacionais e 
estrangeiros, tendo como parâmetro a existência ou 
não daquele entrelaçamento. 
 
A nacionalidade é o acordo juridicamente constituído 
entre uma pessoa e determinado Estado. Daí transcorre a altivez entre 
nacionais e estrangeiros, aproxima-se assim como parâmetro a vivência 
ou não daquele entrelaçamento. 
 
Para Moraes38: 
 
37 TAVARES, André Ramos, Curso de Direito Constitucional, 3ºed., Saraiva, São Paulo, 2008, 
p.673 
 21 
 
A nacionalidade, no esteio da melhor doutrina, é o 
vínculo jurídico-político que une uma pessoa a um 
determinado Estado, para considerá-la como 
integrante da população deste. 
 
A nacionalidade, no apoio do mais perfeito 
ensinamento, é o liame jurídico-político que acopla um indivíduo a um 
determinado Estado, para considerá-la como integrante da população 
deste. 
Na visão de Moraes39: 
 
Nacionalidade é o vínculo jurídico que liga um 
individuo a certo e determinado Estado fazendo deste 
individuo um componente do povo, da dimensão 
pessoal deste Estado, capacitando-o a exigir sua 
proteção e sujeitando-o ao cumprimento de deveres 
impostos. 
 
Nacionalidade é a junção legal que congrega um 
individuo a certo e determinado Estado fazendo deste individuo um 
elemento do povo, da extensão pessoal deste Estado, capacitando-o a 
estabelecer sua assistência e sujeitando-o a realização de obrigações 
estabelecidas. 
 
 
Para Araújo40: “... é de suma importância, visto que 
aqueles reconhecidos como nacionais integram o povo do respectivo país 
e, somados aos estrangeiros residentes, formam a população do país”. 
 
38 MORAES, Guilherme Pena de Nacionalidade, Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2000, p.3 
39 MORAES, Alexandre de, Direito Constitucional, 15º ed.,Atlas, São Paulo, 2004,p.214 
 22 
É de compêndio seriedade, salvo-conduto que aquele 
distinguido como nacionais agregam o povo do concernente país e, 
adicionadoaos estrangeiros residentes, aperfeiçoam a população do 
país. 
Na visão de Moraes41: 
 
Neste sentido, a nacionalidade corresponde a um 
vinculo jurídico, porquanto é da qualidade de 
nacional que decorrem direitos subjetivos e deveres 
jurídicos para os indivíduos, tais como a entrada no 
território do Estado da nacionalidade e o serviço 
militar obrigatório, nos termos dos arts. 5º, XV, 22, XV, e 
143, caput, da Constituição da República. 
 
A nacionalidade surge-nos, porquanto destarte como 
o adjacência que invocar, há um andamento, o acoplar que liga o 
individuo à particular concepção social que é o Estado, como igualmente 
o contíguo de anverso e obrigação da decorrente. 
 
Segundo Tavares42: 
 
A nacionalidade surge-nos, pois assim como o termo 
que evoca, a um tempo, o vinculo que liga o individuo 
à particular formação social que é o Estado, como 
outrossim o conjunto de direitos e deveres (o particular 
estatuto) daí decorrente. 
 
 
40 ARAÚJO, Luiz Alberto David, Curso de Direito Constitucional, 9 ºed., Saraiva, São Paulo, 
2005, p.215 
41 MORAES, Guilherme Pena de Nacionalidade, Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2000, p.3 
42 TAVARES, André Ramos, Curso de Direito Constitucional, 3ºed., Saraiva, São Paulo, 2008, 
p.674 
 23 
A nacionalidade é por decorrência porque vínculo 
que conectar o individua a um Estado assentado. Qualquer pessoa pode 
nascer hoje em dia sem ter a sua pátria. A ela está atrelada por motivados 
laços, provocando direitos e obrigações. 
 
Na opinião de Ferreira43: 
 
A nacionalidade é por conseqüência aquele laço que 
une o individuo a um Estado determinado. Nenhuma 
pessoa pode nascer hoje em dia sem ter a sua pátria. 
A ela está vinculada por determinados laços, gerando 
direitos e obrigações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 FERREIRA, Pinto, Curso de Direito Constitucional, 11ºed., Saraiva, São Paulo, 2001,p.162 
 24 
CAPÍTULO 2 
AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE 
 
 
2.1- NACIONALIDADE ORIGINÁRIA E DERIVADA 
 
2.1.1- Nacionalidade Originária ou Primária 
A nacionalidade é originária quando deriva do 
nascimento. Cognomina-se, ainda, primária ou atribuída. Este tipo de 
nacionalidade transcorre, via de regra, de dois discernimento que ocorre 
no período do nascimento. 
Na opinião de Dolinger44: 
A nacionalidade é originária quando decorre do 
nascimento. Denomina-se, também, primária ou 
atribuída [16]. Este tipo de nacionalidade decorre, via 
de regra, de dois critérios que incidem no momento 
do nascimento: o ius soli e o ius sanguinis e que, às 
vezes, se combinam em critério eclético . 
A nacionalidade, como a ocasião de obtenção, é 
aquinhoar em nacionalidade originária, do mesmo modo designada de 
primária ou de origem, e nacionalidade derivada, igualmente instituida de 
secundária ou de eleição. 
 
Segundo Moraes45: 
 A nacionalidade, quanto ao momento de aquisição, 
é dividida em nacionalidade originária, também 
 
44 DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado – parte geral. 5ª edição. Rio de Janeiro: 
Renovar, 2000,p. 141 
45 MORAES, Guilherme Pena de Nacionalidade, Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2000, p14-15. 
 25 
denominada de primária ou de origem, e 
nacionalidade derivada, também designada de 
secundária ou de eleição. 
 
O ensinamento qualifica a nacionalidade como de 
origem, ou originária, ou primária ou nata e nacionalidade, apanhada ou 
decorrente de naturalização. 
 
Na opinião de Tavares46: “A doutrina classifica a 
nacionalidade como de origem, ou originária, ou primária ou nata e 
nacionalidade, adquirida ou decorrente de naturalização”. 
 
É ato donairoso, já que nem um país é compelido a 
naturalizar esse ou aquele estrangeiro. É, assim sendo, uma capacidade 
do conveniente poder Executivo. 
Segundo Amorim47: naturalização: "é vínculo político. É 
ato gracioso, pois nenhum país é obrigado a naturalizar esse ou aquele 
estrangeiro. É, portanto, uma faculdade do próprio poder Executivo." 
 
Ensina Miranda48: 
 
Que a originária é a nacionalidade “que resulta do 
fato mesmo do nascimento, ou porque se determine 
qual a ligação de sangue à massa dos nacionais de 
um Estado, ou qual a ligação à ocorrência do 
nascimento no território de um Estado, ou qual a 
 
46 TAVARES, André Ramos, Curso de Direito Constitucional, 3ºed., Saraiva, São Paulo, 2008, 
p.676 
47 AMORIM, Edgar Carlos de. Direito Internacional Privado. Forense: Rio de Janeiro, 2001. 
48 MIRANDA, Pontes, Comentários à Constituição de 1967 com a Emenda n.1, de 1969, t.4, 
p. 351 
 26 
relação tida por suficiente pelo Estado de que se trata 
para que o nascimento forme o laço da 
nacionalidade”. Percebe-se que não é apenas o 
nascimento que, em tais circunstâncias, determina a 
nacionalidade. Outro elemento sempre se agrega 
para fins de atribuir determinada nacionalidade em 
função do nascimento. 
 
Comenta Moraes49:”A nacionalidade originária é 
adquirida por fato natural, ou seja, pelo nascimento”. 
 
A nossa Carta Magna conjetura extenuante e 
taxativamente as proposições de obtenção da nacionalidade originária, 
ou seja, exclusivamente serão brasileiros natos aqueles que atestarem os 
pré-requisito constitucionais das hipóteses únicas do art. 12, inciso I. 
 
Na opinião de Moraes50: 
 
 A Constituição Federal prevê exaustiva e 
taxativamente as hipóteses de aquisição da 
nacionalidade originária, ou seja, somente serão 
brasileiros natos aqueles que preencherem os 
requisitos constitucionais das hipóteses únicas do art. 
12, inciso I. Como ressalta Francisco Rezek, analisando 
hipótese semelhante, “seria flagrante, na lei, o vício de 
inconstitucionalidade, quando ali detectássemos o 
intento de criar, à margem da Lei Maior, um novo 
caso de nacionalidade originária. 
 
 
49 MORAES, Guilherme Pena de Nacionalidade, Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2000, p.15. 
50 MORAES, Alexandre de, Direito Constitucional, 15º ed.,Atlas, São Paulo, 2004,p.216 
 27 
São dois os discernimentos para a consignação da 
nacionalidade primária: o discernimento da genealogia sangüínea, ou ius 
sanguinis, pelo como se adjudica a nacionalidade em cátedra do vinculo 
de sangue, reputando-se pátrio os descendentes de nacionais, o 
discernimento da origem territorial, ou ius solis, pelo qual se comina a 
nacionalidade a quem nasce na jurisdição do Estado de que se trata. 
 
Salienta Silva51: 
 
São dois os critérios para a determinação da 
nacionalidade primária: (a) o critério da origem 
sangüínea, ou ius sanguinis, pelo qual se confere a 
nacionalidade em função do vinculo de sangue, 
reputando-se nacionais os descendentes de 
nacionais; (b) o critério da origem territorial, ou ius solis, 
pelo qual se atribui a nacionalidade a quem nasce no 
território do Estado de que se trata. 
 
O episódio do nascimento é que, em veracidade, 
origina a nacionalidade primária, alistar, entretanto, a um daquele 
discernimento. A adoção de um ou de seguinte destes é enigma político 
de cada Estado. Em geral, os Estados de emigração, como a maioria dos 
europeus, selecionam a regra do ius sanguinis, com base na qual a 
abaixamento de sua população pela saída para outros países não 
envolver em abatimento dos integrantes da nacionalidade.Comenta Silva52: 
 
 
51 SILVA, José Afonso, Curso de Direito Constitucional Positivo, 26º ed. Malheiros,p.320 
52 SILVA, José Afonso, Curso de Direito Constitucional Positivo, 26º ed. Malheiros,p. 
 28 
 O fato do nascimento é que, em verdade, determina 
a nacionalidade primária, relacionado, porém, a um 
daqueles critérios. A adoção de um ou de outro 
destes é problema político de cada Estado. Em geral, 
os Estados de emigração, como a maioria dos 
europeus, preferem a regra do ius sanguinis, com base 
na qual a diminuição de sua população pela saída 
para outros países não importará em redução dos 
integrantes da nacionalidade. Os Estados de 
imigração, como a maioria dos americanos, acolhem 
a do ius solis, pela qual os descendentes da massa dos 
imigrantes passam a integrar a sua nacionalidade, o 
que não ocorreria se perfilhassem critério do sangue. 
 
Para a atribuição da nacionalidade originária, aquela 
se alcança pelo nascimento, podem-se apontar dois sistemas legislativos: 
jus soli e jus sanguinis. Ressalte-se, contudo, que esses sistemas não são 
adotados de forma inflexível, admitindo-se temperamentos. 
 
2.1.2-Ius Solis e Ius Sanguinis 
No sistema do jus soli, a nacionalidade originária é 
obtida em virtude do território onde o indivíduo tenha nascido do lugar do 
nascimento. Logo, não importa a nacionalidade dos pais. Trata-se de 
sistema largamente usado durante a Idade Média, época em a terra, o 
solo, era o centro de gravidade da economia, feudalismo, e da 
Sociedade, senhores feudais e servos, da época. Na América, o jus soli 
também tem grande aplicação, pois é região de imigração, sendo 
conveniente para os Estados dessa região, por meio desse critério, evitar a 
 29 
formação de minorias estrangeiras sob a proteção de outros Estados. É o 
sistema adotado no Brasil. 
 
Pelo critério do jus soli, serão nacionais aqueles que 
nascerem no território do Estado, independentemente da nacionalidade 
de seus ascendentes. 
A condição de existência e sobrevivência da espécie 
humana é a vida social sendo que, todos vêm ao mundo como membro 
de uma família, de uma cidade, de uma nação. 
 
Na opinião Guimarães53: “Os critérios determinadores 
da nacionalidade originária são o ius sanguinis e o ius solis”. 
Pelo critério do ius soli, serão nacionais aqueles que 
nascerem no território do Estado, independentemente da nacionalidade 
de seus ascendentes. Por outro lado, o critério do ius sanguinis entende 
que será nacional todo aquele que descender de nacionais 
independentemente do território do nascimento. 
Na visão de Moraes54: 
Cabe frisar que a nacionalidade primária se 
materializa através dos critérios ius soli- aquisição da 
nacionalidade do país em cujo território tenha havido 
o nascimento, inerente aos Estados de imigração- e ius 
sanguinis- aquisição da nacionalidade dos país à 
época do nascimento, imanente aos Estados de 
emigração. 
 
53 GUIMARÃES, Francisco Xavier da Silva, Nacionalidade- Aquisição, Perda e Reaquisição, 
Editora Forense, 2ºed.,Rio de Janeiro, 2002,p. 12 
54 MORAES, Guilherme Pena de Nacionalidade, Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2000, p.15. 
 30 
 
Art. 12 - São brasileiros: 
I - natos: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda 
que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam 
a serviço de seu país; 
 
A primeira hipótese é a de indivíduos "nascidos na 
República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que 
estes não estejam a serviço de seu país" (artigo 12, I, a, CF). O legislador 
optou aqui claramente pelo critério do ius solis, ainda que atenuado pela 
previsão de pais estrangeiros que estejam a serviço de seu país, não se 
atribuindo, nesse caso, a nacionalidade brasileira aos seus filhos nascidos 
na República Federativa do Brasil. 
 
Salienta Moraes55: 
Cabe assinalar que o critério ius sanguinis, na 
sistemática da Constituição de 1988, opera-se em 
combinação com o elemento funcional ou com os 
elementos residência e opção, ex vi do disposto no 
art. 12, I, alíneas b e c, respectivamente. 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe 
brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço 
da República Federativa do Brasil; 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de 
mãe brasileira, desde que sejam registrados em 
repartição brasileira competente ou venham a residir 
na República Federativa do Brasil e optem, em 
 
55 MORAES, Guilherme Pena de Nacionalidade, Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2000, p.15. 
 
 31 
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, 
pela nacionalidade brasileira; 
Pelo sistema do jus sanguinis, a nacionalidade 
originária obtém-se de acordo com a dos pais, à época do nascimento. 
Trata-se de nacionalidade obtida de acordo com a filiação. Se os pais 
tiverem nacionalidades diferentes, prevalecerá a do pai. Se o filho for 
natural, ou de pai desconhecido, seguirá a nacionalidade da mãe. (15) Se 
ambos os pais forem desconhecidos, não será possível a adoção do jus 
sanguinis, fixando-se a nacionalidade pelo critério do jus soli. O critério do 
jus sanguinis foi adotado na Antigüidade Clássica e Oriental. 
Posteriormente, com a Revolução Francesa, movimento que pôs fim ao 
Antigo Regime e, com ele, lembranças do feudalismo, passou a ser mais 
utilizado. Simetricamente ao que acontece com o sistema do jus soli, o jus 
sanguinis é adotado pelos países de emigração, sobretudo os europeus, 
que desejam manter vínculos com seus nacionais. 
O critério do jus sanguinis entende que será nacional 
todo aquele que descender de nacionais independentemente do 
território do nascimento. 
Nas palavras de Keesing56: 
 
Tomando a questão da descendência ou 
ascendência como princípio de continuidade social, 
tem-se a hipótese de que a conservação das linhas de 
descendência podem ter uma função importante 
para a definição da situação dentro da sociedade, no 
que diz respeito à posição e autoridade, influência 
sobre a sucessão e a herança, como orientação da 
 
56 KEESING, Félix. Antropologia cultural. 2 ed. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1972, v. 2. 
 32 
interdependência e, nas relações mútuas entre 
parentes. (16) 
Segundo Tavares57: 
 
O critério da origem sangüínea (jus sanguinis) 
considera como nacionais os descendentes de 
nacionais. Corresponde, pois, esse critério à 
nacionalidade genitora. O critério da origem territorial 
(jus soli) considera nacional aquele que nascer em 
território do respectivo Estado. Corresponde, pois, ao 
local do nascimento. 
 
2.1.3-Nacionalidade Secundária ou Derivada 
 
 A aquisição de nacionalidade brasileira secundária 
resulta de manifestação de vontade, observados os requisitos legais. A 
Constituição Federal apresenta hipóteses no seu artigo 12, II, não mais 
contemplando a denominada "naturalização tácita" – presente nas 
Constituições de 1824 e 1891 –, mas somente a "naturalização expressa". 
 
Na visão de Moraes58: 
 
 A nacionalidade derivada é adquirida por fato 
voluntário, posterior ao nascimento, quer dizer, pela 
naturalização. Cumpre grifar que a aquisição da 
nacionalidade secundária é, em regra, informada por 
dois critérios, quais sejam: ius domicilii- aquisição da 
nacionalidade do país em cujo território tenha sido 
fixado domicílio- e o ius laboris- aquisição da 
 
57 TAVARES, André Ramos, Curso de Direito Constitucional,3ºed., Saraiva, São Paulo, 2008, 
p.677 
58 MORAES, Guilherme Pena de Nacionalidade, Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2000, p.15. 
 33 
nacionalidade do país em favor do qual foram 
prestados serviços relevantes. 
 
A nacionalidade secundária ou derivada é a que se 
adquire por vontade própria, após o nascimento, em regra pela 
naturalização, tácita ou expressa, portanto, naquela há solicitação e, 
nesta, aceitação de nacionalidade oferecida. 
 
Segundo Silva59: 
 
 Os modos de aquisição da nacionalidade secundária 
dependem da vontade: (a) do indivíduo, nos casos 
em que se lhe dá o direito de escolher determinada 
nacionalidade, a vista de alternativas que se lhe 
oferecem, como prevê no art. 12, I, c (esclarecimento 
infra), e II, a, da Constituição; (b) do Estado, mediante 
outorga ao nacional de outro, espontaneamente ou a 
pedido, como fora, para a primeira hipótese, a 
grande naturalização concedida pela Constituição de 
1891 (art. 69, IV e V) e como agora, a hipótese do art. 
12, II, b, em que se reconhece a aquisição da 
nacionalidade pelo fato residência há mais de quinze 
anos no Brasil (redação da ECR- 3/94), bastando o 
pedido do interessado, havendo aqui uma 
combinação da vontade do individuo com a do 
Estado. Esse modo de aquisição da nacionalidade 
secundaria variam de Estado para Estado. 
 
Nacionalidade secundária, por seu turno “é a que se 
adquire” em seguida do aparecimento, ou aquele, ao nascer, o indivíduo 
 
59 SILVA, José Afonso, Curso de Direito Constitucional Positivo, 26º ed. Malheiros,p.321 
 34 
incluir outra, ou outras nacionalidades, e não ainda a de que se trata, ou 
assim como entre a obtenção da nacionalidade e a data do nascimento 
interceder no equívoco de período em que o individuo não teve 
nacionalidade. 
 
Nas palavras de Tavares60: 
 Nacionalidade secundária, por seu turno “é a que se 
adquire” depois do nascimento, ou porque, ao nascer, 
a pessoa tenha outra, ou outras nacionalidades, e não 
ainda a de que se trata, ou porque entre a aquisição 
da nacionalidade (secundária) e a data do 
nascimento medeie lapso de tempo em que o 
individuo não teve nacionalidade. 
 
Segundo de Amorim61: naturalização “é vínculo 
político”. É ato gracioso, pois nenhum país é obrigado a naturalizar esse ou 
aquele estrangeiro. É, portanto, uma faculdade do próprio poder 
Executivo. 
�
A proveniência da nacionalidade derivada, 
geralmente, se dá pelo casamento ou naturalização, mas pode resultar 
também de certos modos mais complexos, estabelecidos pela legislação 
interna de certos países e que determinam a aquisição automática, ou a 
pedido, da nova nacionalidade. 
 
2.1.4 Espécies e Requisitos para a naturalização brasileira�
�
 
60 TAVARES, André Ramos, Curso de Direito Constitucional, 3ºed., Saraiva, São Paulo, 2008, 
p.676 
61 AMORIM, Edgar Carlos de. Direito Internacional Privado. Forense: Rio de Janeiro, 2001. 
 35 
Conforme exemplifica a Lei 6.815, de 19 de agosto de 
1980, sobre as espécies e requisitos para a naturalização brasileira. 
A naturalização se divide em: comum, extraordinária, 
especial e provisória. 
 
 2.1.4.1 Naturalização Comum 
 
Caso o estrangeiro tenha interesse em se tornar um 
cidadão brasileiro deverá preencher os requisitos descritos no artigo 112 
da Lei nº. 6.815/80, e requerer esta modalidade junto ao Departamento de 
Polícia Federal mais próximo do local de residência, o qual, além de outras 
providências, certificará se o interessado sabe ler e escrever a língua 
portuguesa, considerada a sua condição. 
 
 Art. 112. São condições para a concessão da 
naturalização: 
 I - capacidade civil, segundo a lei brasileira; 
 II - ser registrado como permanente no Brasil; 
 III - residência contínua no território nacional, pelo 
prazo mínimo de quatro anos, imediatamente 
anteriores ao pedido de naturalização; 
 IV - ler e escrever a língua portuguesa, 
consideradas as condições do naturalizando; 
 V - exercício de profissão ou posse de bens 
suficientes à manutenção própria e da família; 
 VI - bom procedimento; 
 VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou 
condenação no Brasil ou no exterior por crime doloso 
a que seja cominada pena mínima de prisão, 
abstratamente considerada, superior a 1 (um) ano; e 
 VIII - boa saúde. 
 36 
 § 1º não se exigirá a prova de boa saúde a 
nenhum estrangeiro que residir no País há mais de dois 
anos. 
 § 2º verificada, a qualquer tempo, a falsidade 
ideológica ou material de qualquer dos requisitos 
exigidos neste artigo ou nos arts. 113 e 114 desta Lei, 
será declarado nulo o ato de naturalização sem 
prejuízo da ação penal cabível pela infração 
cometida. 
 § 3º A declaração de nulidade a que se refere o 
parágrafo anterior processar-se-á 
administrativamente, no Ministério da Justiça, de ofício 
ou mediante representação fundamentada, 
concedido ao naturalizado, para defesa, o prazo de 
quinze dias, contados da notificação. 
 Art. 113. O prazo de residência fixado no artigo 112, 
item III, poderá ser reduzido se o naturalizando 
preencher quaisquer das seguintes condições: 
 I - ter filho ou cônjuge brasileiro; 
 II - ser filho de brasileiro; 
 III - haver prestado ou poder prestar serviços 
relevantes ao Brasil, a juízo do Ministro da Justiça; 
IV - recomendar-se por sua capacidade profissional, 
científica ou artística; ou 
 V - ser proprietário, no Brasil, de bem imóvel, cujo valor 
seja igual, pelo menos, a mil vezes o Maior Valor de 
Referência; ou ser industrial que disponha de fundos 
de igual valor; ou possuir cota ou ações integralizadas 
de montante, no mínimo, idêntico, em sociedade 
comercial ou civil, destinada, principal e 
 37 
permanentemente, à exploração de atividade 
industrial ou agrícola. 
 Parágrafo único. A residência será, no mínimo, de um 
ano, nos casos dos itens I a III; de dois anos, no do item 
IV; e de três anos, no do item V. 
Concedida ao estrangeiro residente no Brasil pelo 
prazo mínimo de quatro anos, que atenda as demais exigências do artigo 
112, da Lei 6.815/80. 
 
2.1.4.2- Naturalização Extraordinária 
Esta é destinada aos estrangeiros que vivem no Brasil 
há mais de quinze anos e têm interesse em adquirir a nacionalidade 
brasileira, já que se estabeleceu em território nacional, além do 
cumprimento das demais exigências descritas no art. 12, alínea b da 
Constituição Federal. 
A naturalização extraordinária que se processa pela 
forma simplificada está prevista no artigo 12, inciso II, letra "b", da 
Constituição Federal de 1988, in verbis: 
os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes 
na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e 
sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. 
Podemos perceber da leitura deste dispositivo legal a 
presença de três requisitos que devem ser preenchidos pelo estrangeiro 
que deseja se tornar brasileiro: 
a) Residência na República Federativa do Brasil há 
mais de 15 anos ininterruptos - Não é qualquer saída do território nacional 
 38 
que se configura como causa interruptiva do prazo. Viagens ao exterior 
que não tenham o ânimo de mudar a residência para outro país são 
permitidas. A contagem desse prazo deve ser feita do requerimento para 
trás, ou seja, os quinze anos devem ser anteriores ao pedido de 
naturalização. 
b) Ausência de condenação penal – a nosso ver, trata-
se, aqui, de qualquer tipo

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