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Aula 5 Efeitos da posse

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EFEITOS DA POSSE 
INDENIZAÇÃO POR BENFEITORIAS
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
 
DIREITO A PERCEPÇÃO DE FRUTOS:
 
- O possuidor de boa-fé tem direito aos frutos percebidos, assim como deve ser indenizado pelas despesas de produção e custeio dos pendentes.
 
- Já se o possuidor estiver de má-fé ele não terá direito aos frutos de qualquer natureza, sendo indenizado apenas pelas despesas de produção e custeio, e respondendo pelos que culposamente deixou de perceber (percipiendos). 
Código Civil
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
RESPONSABILIDADE PELA PERDA DA COISA
 (Código Civil)
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.
	
- O possuidor de boa-fé só responde por culpa na hipótese de perda da coisa, ao passo que a responsabilidade do possuidor de má-fé é objetiva, embora admitindo a exclusão do nexo causal quando ficar comprovado que o dano ocorreria se a coisa estivesse com o proprietário. 
 
MECANISMOS DE DEFESA DA POSSE:
 
EXTRAJUDICIAL: 
autotutela
 
Alguns autores diferenciam a legítima defesa do desforço imediato, pois na primeira está havendo uma turbação. Ao passo que na segunda ocorre o esbulho.
 
-Turbação: impede-se o exercício pleno dela
- Esbulho: ocorre a perda total da posse
 
- A doutrina majoritária, no entanto, trata como sinônimo o desforço imediato, a autotutela, a legítima defesa da posse ou o desforço incontinenti. 
Natureza jurídica da autotutela: (é uma forma de composição particular do conflito lícito). É um ato lícito na modalidade do exercício regular de um direito (previsto no artigo 188)
 
“Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.”
- No entanto, o exercício que extrapolar manifestamente o seu fim social, irá caracterizar um ato ilícito na modalidade de abuso de direito e com isso gerando uma responsabilidade de natureza objetiva.
 Ou seja, o excesso que gerar dano vai gerar responsabilidade civil de natureza objetiva.
	- A identificação da categoria jurídica autotutela passa por uma série de requisitos. 
	-> REQUISITOS: Art. 1210, § 1, CC/02. 
“§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse”.
● IMEDIATIDADE: 
		“Contanto que o faça logo”. Trata-se de um conceito intencionalmente indeterminado, razão pela qual a sua verificação só pode ser feita no caso concreto. 
	O caso concreto vai verificar a natureza lícita ou ilícita da reação.
 
● MODERAÇÃO:
		“os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável”
 		-Só pode ser identificada no caso concreto. A reação pode ser proporcional ao dano que se quer evitar. (ex: tiro na perna)
 
LEGITIMIDADE:
		Em regra, o possuidor direto é o legitimado. Também o será o possuidor indireto quando agir contra terceiros que não o possuidor direto.
		Ainda terá legitimidade o detentor, mas atuando em nome do possuidor. 
 		O possuidor indireto não pode agir contra o direto, mas este tem a possibilidade de praticar autotutela.
		O possuidor injusto pode agir contra terceiro e se tiver passado prazo razoável, pode até contra o possuidor esbulhado, se este não reagir imediatamente.
				
 OBS: A autotutela é sempre uma faculdade e não uma obrigatoriedade.

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