Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EFEITOS DA POSSE INDENIZAÇÃO POR BENFEITORIAS Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias. DIREITO A PERCEPÇÃO DE FRUTOS: - O possuidor de boa-fé tem direito aos frutos percebidos, assim como deve ser indenizado pelas despesas de produção e custeio dos pendentes. - Já se o possuidor estiver de má-fé ele não terá direito aos frutos de qualquer natureza, sendo indenizado apenas pelas despesas de produção e custeio, e respondendo pelos que culposamente deixou de perceber (percipiendos). Código Civil Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação. Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia. Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. RESPONSABILIDADE PELA PERDA DA COISA (Código Civil) Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa. Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante. - O possuidor de boa-fé só responde por culpa na hipótese de perda da coisa, ao passo que a responsabilidade do possuidor de má-fé é objetiva, embora admitindo a exclusão do nexo causal quando ficar comprovado que o dano ocorreria se a coisa estivesse com o proprietário. MECANISMOS DE DEFESA DA POSSE: EXTRAJUDICIAL: autotutela Alguns autores diferenciam a legítima defesa do desforço imediato, pois na primeira está havendo uma turbação. Ao passo que na segunda ocorre o esbulho. -Turbação: impede-se o exercício pleno dela - Esbulho: ocorre a perda total da posse - A doutrina majoritária, no entanto, trata como sinônimo o desforço imediato, a autotutela, a legítima defesa da posse ou o desforço incontinenti. Natureza jurídica da autotutela: (é uma forma de composição particular do conflito lícito). É um ato lícito na modalidade do exercício regular de um direito (previsto no artigo 188) “Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.” - No entanto, o exercício que extrapolar manifestamente o seu fim social, irá caracterizar um ato ilícito na modalidade de abuso de direito e com isso gerando uma responsabilidade de natureza objetiva. Ou seja, o excesso que gerar dano vai gerar responsabilidade civil de natureza objetiva. - A identificação da categoria jurídica autotutela passa por uma série de requisitos. -> REQUISITOS: Art. 1210, § 1, CC/02. “§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse”. ● IMEDIATIDADE: “Contanto que o faça logo”. Trata-se de um conceito intencionalmente indeterminado, razão pela qual a sua verificação só pode ser feita no caso concreto. O caso concreto vai verificar a natureza lícita ou ilícita da reação. ● MODERAÇÃO: “os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável” -Só pode ser identificada no caso concreto. A reação pode ser proporcional ao dano que se quer evitar. (ex: tiro na perna) LEGITIMIDADE: Em regra, o possuidor direto é o legitimado. Também o será o possuidor indireto quando agir contra terceiros que não o possuidor direto. Ainda terá legitimidade o detentor, mas atuando em nome do possuidor. O possuidor indireto não pode agir contra o direto, mas este tem a possibilidade de praticar autotutela. O possuidor injusto pode agir contra terceiro e se tiver passado prazo razoável, pode até contra o possuidor esbulhado, se este não reagir imediatamente. OBS: A autotutela é sempre uma faculdade e não uma obrigatoriedade.
Compartilhar