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Difusão Profa. Laédna Neiva Universidade Federal do Cariri – UFCA Engenharia de Materiais Juazeiro do Norte/CE Disciplina: Ciência dos Materiais I Conceitos Fundamentais Difusão É o fenômeno de transporte de material por meio do movimento dos atômicos. Muitas reações e processos importantes dependem desse tipo de transferência de massa. Essa movimentação requer a existência de um sítio vazio adjacente e também requer que átomo possua energia suficiente para quebrar as ligações que une aos seus vizinhos. A energia requerida para esse tipo de movimento é de natureza vibracional. Conceitos Fundamentais Difusão A magnitude da energia é proporcional ao valor da temperatura experimentada pelos átomos. Os átomos em um cristal só ficam estáticos no zero absoluto. Nem todos os átomos tem a mesma energia, poucos tem energia suficiente para se difundirem. Movimentos atômicos podem ocorrer pela ação de campos elétricos e magnéticos, se as cargas interagirem com o campo. Resumidamente, esse fenômeno pode ser compreendido a partir de um par de difusão, apresentado a seguir. Exemplo de um Par de Difusão (Junção de duas barras constituídas por metais distintos) Difusão Antes do aquecimento Depois do aquecimento Exemplo de Interdifusão (Difusão de Impurezas) Mecanismos de Difusão (Exclusivo para Metais) Difusão LACUNAS INTERSTICIAL *Autodifusão (metais puros) *Interdifusão (metais diferentes) Mecanismos de Difusão (Exclusivo para Metais) Difusão LACUNAS Requer a existências de lacunas. Esse mecanismo envolve o deslocamento de um átomo de uma posição normal da estrutura para uma lacuna. A medida em que os átomos se adiantam em uma direção, as lacunas se movimentam na direção oposta. Vale tanto para autodifusão quanto para interdifusão. Mecanismos de Difusão (Exclusivo para Metais) Difusão LACUNAS 1. Auto-difusão Processo de difusão termicamente ativado. 2. Interdifusão Dois materiais A e B miscíveis se difundem aleatoriamente um no outro. O gradiente de concentração é o fluxo total de átomos de A em B. 1. Auto-difusão 2. Interdifusão Mecanismos de Difusão (Exclusivo para Metais) Difusão INTERSTICIAL Envolve átomos que migram de uma posição intersticial para outra adjacente que esteja disponível. É um mecanismo de interdifusão. Átomos hospedeiros ou de impureza substitucionais não se difundem por esse mecanismo. Em geral, esse tipo de difusão ocorre muito mais rapidamente do que a difusão por lacunas. Mecanismos (Considerações Importantes) Difusão Energia de ativação é a quantidade de energia necessária para um átomo mudar de posição. Quanto maior o tamanho do átomo, maior será a energia de ativação requerida. Defeitos na forma de lacunas são imprescindíveis para a ocorrência de processos difusivos. No mecanismo intersticial, a energia de ativação requerida é menor que para as lacunas. Materiais fortemente ligados necessitam de uma maior energia de ativação para que a difusão ocorra. 1ª Lei de Fick Difusão em Estado Estacionário É um processo de difusão dependente do tempo. O fluxo de difusão corresponde ao número de átomos que passa através de da área A. A determinação do fluxo difusivo é feita por meio da seguinte expressão: Tem a função de determinar o fluxo de difusão para um intervalo de tempo. 1ª Lei de Fick Difusão em Estado Estacionário J é o fluxo difusivo, é a quantidade de matéria que atravessa uma determinada área de forma perpendicular à seção plana dessa área, por unidade de tempo. O sinal negativo indica que o fluxo de átomos ocorre de forma a diminuir a concentração original. D = constante de proporcionalidade chamada de coeficiente de difusão. = é o gradiente de concentração (força motriz). = é a distância linear percorrida pelo componente em difusão. O coeficiente de difusão (D) depende: Difusão em Estado Estacionário Do raio iônico do elemento em difusão. Exemplo: O raio iônico do C é menor do que o raio do Ni; logo, o valor de D para a difusão do C no Fe é maior do que para a difusão do Ni no Fe. Do tipo de estrutura. Exemplo: na estrutura CCC os átomos se difundem mais do que na CFC, pois esta última possui maior fator de empacotamento. Da temperatura. Temperaturas mais elevadas conduzem a maiores coeficientes de difusão, porque os átomos têm maior energia térmica e, conseqüentemente, maiores probabilidades de serem ativados no sentido de vencer a barreira de energia. O coeficiente de difusão (D) depende: Difusão em Estado Estacionário Do mecanismo por meio do qual a difusão acontece. Intersticial ou Substitucional. Presença de defeitos do tipo lacuna conduz a um maior valor de D. Quanto maior a concentração de lacunas, maior o valor de D. Concentração da espécie em difusão. Quanto maior a concentração, maior a difusividade. Exercício de Fixação Difusão em Estado Estacionário Uma placa de ferro é exposta a uma atmosfera rica em carbono em um de seus lados e a uma atmosfera deficiente em carbono do outro lado, a 700°C. Se uma condição de estado estacionário é atingida, calcule o fluxo de difusão do carbono através da placa, sabendo-se que as concentrações do carbono nas posições 5 e 10 mm abaixo da superfície rica em carbono são de 1,2 e 0,8 Kg/m3, respectivamente. Suponha um coeficiente de difusão de 3X10-11m2/s. Resposta = 2,4 X10-9 Kg/m2.s 2ª Lei de Fick Difusão em Estado Não-Estacionário Na prática, a maioria das situações de difusão ocorrem dessa forma. O valor de J e o dC para o elemento em difusão, para um ponto específico, variam ao longo do tempo. Consequentemente, haverá um acúmulo ou esgotamento líquido do elemento que se encontra em difusão. Nesse caso, o fluxo difusivo é calculado por meio da seguinte expressão: Também são conhecidas como condições transientes. Perfis de concentração para condições transitórias. 2ª Lei de Fick Difusão em Estado Não-Estacionário Por meio da determinação de condições de fronteira a expressão da 2ª lei de Fick pode se apresentar da seguinte forma: t = 0 => Cx = C0 x = 0 (C0 = concentração inicial) t > 0 => Cx = Cs x = 0 (Cs = concentração presente na superfície) Cx ≠ Cs qdo x > 0 Condições de Fronteira: Exercício de Fixação Difusão em Estado Não-Estacionário Quando se faz necessário endurecer a superfície de uma peça de aço para níveis superiores aos existentes no interior da peça, é preciso aumentar a concentração de carbono na superfície da peça; uma das maneiras de se executar isso é por meio de um processo conhecido por carbonetação. Nesse processo, a peça de aço é exposta, em temperatura elevada, a uma atmosfera rica em um hidrocarboneto gasoso, como o CH4. Exercício de Fixação Difusão em Estado Não-Estacionário Com base neste contexto, considere uma peça de aço que contenha inicialmente uma concentração uniforme de carbono de 0,25% e que será submetida a uma temperatura de 950°C. Se a concentração de carbono na superfície da peça for repentinamente elevada e mantida em 1,20%, quanto tempo será necessário para se atingir um teor de carbono de 0,80% em uma posição localizada a 0,5 mm abaixo da superfície? Ocoeficiente de difusão para o carbono no ferro nessa temperatura é de 1,6X10-11m2/s. Suponha que a peça de aço seja semi-infinita. Dados do problema Difusão em Estado Não-Estacionário Difusão em Estado Não-Estacionário Fatores que Influenciam a Difusão ESPÉCIES DIFUSIVAS (D) TEMPERATURA *A magnitude de D é um indicativo da taxa de difusão do elemento difusivo. *Tanto o material hospedeiro quanto as espécies difusivas influenciam o valor de D. T D *Exerce a maior influência que o processo pode receber. *Dependência de D em relação a T Fatores que Influenciam a Difusão TEMPERATURA - D0 = constante pré-exponencial independente da temperatura (m2/s). - Qd = a energia de ativação para a difusão (J/mol, cal/mol ou eV/átomo). - R = a constante dos gases, 8,31J/mol.K ou 1,987 cal/mol.K - T = temperatura absoluta Onde Fatores que Influenciam a Difusão O valor de D aumenta exponencialmente com o aumento da temperatura. Exercício de Fixação Usando os dados da Tabela 5.2 (Callister) calcule o coeficiente de difusão para o magnésio no alumínio a 550°C. Fatores que Influenciam a Difusão Resposta = 5,8 X10-13 m2/s Difusão em Não-Metais A difusão em sólidos cerâmicos também ocorre. Por exemplo, a permeação de vidros pelo gás hélio é bastante conhecida. Como a estrutura das cerâmicas é predominantemente constituída por ligações iônicas, o processo é mais complicado quando comparado aos metais e ligas. Para que a difusão aconteça em sólidos iônicos, dois tipos de defeitos de sinais opostos devem ser criados. Por exemplo, se uma lacuna aniônica e uma lacuna catiônica são criadas simultaneamente, a neutralidade elétrica é preservada e a difusão pode então ocorrer.
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