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Cleone - Prisões

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ASSOCIAÇÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA DE GOIÁS – AECG
FACULDADE PADRÃO UNIDADE III
CURSO DE DIREITO
Cleone Conceição Souza
PRISÕES:
flagrante e preventiva 
gOIÂNIA
2013
Cleone Conceição Souza
Rogério Alves de Moura Vieira
PRISÕES:
flagrante e preventiva 
Trabalho apresentado ao Curso de Direito sob a orientação do Professor Welington Telles, que ministra a disciplina de Processo Penal para turma A6/DN3.
gOIÂNIA
2013
1. Prisão em flagrante
É, portanto, medida restritiva da liberdade, de natureza cautelar e processual, consistente na prisão, independente de ordem escrita do juiz competente, de quem é surpreendido cometendo, ou logo após ter cometido, um crime ou uma contravenção. Para José Frederico Marques, "flagrante delito é o crime cuja prática é surpreendida por alguém no próprio instante em que o delinqüente executa a ação penal ilícita".
Cabe a prisão em flagrante delito não só em relação à prática de crime, como também de contravenção.
1.1 Espécies de flagrante
Flagrante próprio: é aquele em que o agente é surpreendido cometendo uma infração penal ou quando acaba de cometê-Iá. Nestas forma o agente deve ser encontrado imediatamente após o cometimento da infração penal;
Flagrante impróprio: ocorre quando o agente é perseguido, logo após cometer o ilícito, em situação que faça presumir ser o autor da infração. No caso do flagrante impróprio, a expressão "logo após" não tem o mesmo rigor do inciso precedente. Admite um intervalo de espaço de tempo necessário para a polícia chegar ao local, colher as provas elucidadoras da ocorrência do delito e dar início à perseguição do autor;
Flagrante presumido: ): o agente é preso, logo depois de cometer a infração, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da infração. Não é necessário que haja perseguição, bastando que a pessoa seja encontrada logo depois da prática do ilícito em situação suspeita. Essa espécie de flagrante usa a expressão "logo depois", ao invés de "logo após" (somente empregada no flagrante impróprio). Embora ambas as expressões tenham o mesmo significado, a doutrina tem entendido que o "logo depois", do flagrante presumido, comporta um lapso temporal maior do que o "logo após", do flagrante impróprio.
Flagrante compulsório ou obrigatório: chama-se compulsório porque o agente é obrigado a efetuar a prisão em flagrante, não tendo discricionariedade sobre a conveniência ou não de efetivá-Ia. À autoridade policial e seus agentes, que têm o dever de efetuar a prisão em flagrante. As autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
Flagrante facultativo: consiste na faculdade de efetuar ou não o flagrante, de acordo com critérios de conveniência e oportunidade. Abrange todas as espécies de flagrante, previstas no art. 302;
Flagrante preparado ou provocado (também chamado de delito de ensaio, delito de experiência ou delito putativo por obra do agente provocador). Assim, podemos dizer que existe flagrante preparado ou provocado quando o agente, policial ou terceiro, conhecido como provocador, induz o autor à prática do crime, viciando a sua vontade, e, logo em seguida, o prende em flagrante.
Flagrante esperado: nesse caso, a atividade do policial ou do terceiro consiste em simples aguardo do momento do cometimento do crime, sem qualquer atitude de induzimento ou instigação. O agente comete crime e, portanto, poderá ser efetuada a prisão em flagrante. Esta é a posição do STJ.
Flagrante prorrogado ou retardado: está previsto no art. 22, lI, da Lei n. 9.034/95, chamada de Lei do Crime Organizado. e "consiste em retardar a interdição policial do que se supõe ação praticada por organizações criminosas ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações". Neste caso, portanto, o agente policial detém discricionariedade para deixar de efetuar a prisão em flagrante no momento em que presencia a prática da infração penal. somente é possível esta espécie de flagrante diante da ocorrência de crime organizado, ou seja, somente "em ação praticada por organizações criminosas ou a elas vinculada. Exclusivamente no crime organizado é possível tal estratégia interventiva. Fora da organização criminosa;
Flagrante forjado: Nesta espécie, os policiais ou particulares criam provas de um crime inexistente, colocando, por exemplo, no interior de um veículo substância entorpecente. Neste caso, além de, obviamente, não existir crime, responderá o policial ou terceiro por crime de abuso de autoridade.
1.2 Flagrante nas várias espécies de crimes
Crime permanente: enquanto não cessar a permanência, o agente encontra-se em situação de flagrante delito;
Crime habitual: em tese, não cabe prisão em flagrante, pois o crime só se aperfeiçoa com a reiteração da conduta, o que não é possível verificar em um ato ou momento isolado. Assim, no instante em que um dos atos componentes da cadeia da habitualidade estiver sendo praticado, não se saberá ao certo se aquele ato era de preparação, execução ou consumação. Daí a impossibilidade do flagrante;
Crime de ação penal privada: nada impede a prisão em flagrante, uma vez que o art. 301 não distingue entre crime de ação pública e privada, referindo-se genericamente a todos os sujeitos que se encontrarem em flagrante delito;
Crime continuado: existem várias ações independentes, sobre as quais incide, isoladamente, a possibilidade de se efetuar a prisão em flagrante.
1.3 Sujeitos do flagrante
Sujeito ativo: é a pessoa que efetua a prisão. "Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito”.
Sujeito passivo: é o indivíduo detido em situação de flagrância. Pode ser qualquer pessoa. Não podem ser sujeitos passivos de prisão em flagrante.
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2. prisão preventiva
2.1 Conceito
Prisão cautelar de natureza processual decretada pelo juiz durante o inquérito policial ou processo criminal, antes do trânsito em julgado, sempre que estiverem preenchidos os requisitos legais e ocorrerem os motivos autorizadores.
2.2 Pressupostos para a prisão preventiva 
Na verdade, o que a doutrina tradicional chama de pressupostos nada mais é que um dos requisitos da tutela cautelar. Com efeito, esses pressupostos constituem o fumus bani iuris para a decretação da custódia. O juiz somente poderá decretar a prisão preventiva se estiver demonstrada a probabilidade de que o réu tenha sido o autor de um fato típico e ilícito. 
São pressupostos para a decretação: 
Prova da existência do crime (prova da materialidade delitiva); 
Indícios suficientes da autoria.
2.3 Hipóteses em que pode ser decretada a prisão preventiva
Garantia da ordem pública: a prisão cautelar é decretada com a finalidade de impedir que o agente, solto, continue a delinqüir, ou de acautelar o meio social, garantindo a credibilidade da justiça, em crimes que provoquem grande clamor popular;
Conveniência da instrução criminal: visa impedir que o agente perturbe ou impeça a produção de provas, ameaçando testemunhas, apagando vestígios do crime, destruindo documentos;
Garantia de aplicação da lei penal: no caso de iminente fuga do agente do distrito da culpa, inviabilizando a futura execução da pena;
Garantia da ordem econômica: o art. 86 da Lei n. 8.884, de 11 de junho de 1994 (Lei Antitruste), incluiu no art. 312 do CPP esta hipótese de prisão preventiva. Trata-se de uma repetição do requisito "garantia da ordem pública";
Punidos com reclusão;
Punidos com detenção, se o indiciado for vadio ou de identidade duvidosa.
2.4 Decretação da prisão preventiva
Podeocorrer em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, em virtude de requerimento do Ministério Público, representação da autoridade policial (seguida de manifestação do parquet).
Se, recebidos os autos de inquérito policial relatados, o Ministério Público devolvê-los para diligências complementares, ao invés de oferecer, desde logo, a denúncia, o juiz não poderá decretar a prisão preventiva, pois, se ainda não há indícios de autoria suficientes para a denúncia, também não há para a decretação da prisão preventiva.
Devemos distinguir: se o inquérito ainda estiver em andamento, sem que a polícia tenha concluído as investigações, nada impede seja decretada a prisão, contando-se, a partir da sua efetivação, o prazo de dez dias para a conclusão.
O assistente de acusação não pode requerê-Ia, pois seu interesse se resume à formação do título executivo judicial, com vistas à futura reparação do dano cível.

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