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Prisão Em Flagrante

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DA PRISÃO EM FLAGRANTE 
 
1. CONCEITO: É uma prisão que consiste na restrição da liberdade de alguém, independente 
de ordem judicial, possuindo natureza cautelar, desde que esse alguém esteja cometendo, 
tenha acabado de cometer ou seja perseguido (ou mesmo encontrado) em situação (ou na 
posse de elementos) que faça presumir o cometimento da infração penal (CPP, art.302). É 
uma forma de autodefesa da sociedade. 
A expressão flagrante vem da expressão latim “flagare”, que significa queimar ou 
arder (TÁVORA, 2011, p.549). É o que crime que está acontecendo ou acabou de acontecer. 
É o crime evidente por si mesmo. 
A Prisão em flagrante delito é uma prisão sem pena, prevista no artigo 5º LXI da 
Constituição Federal e tem seu procedimento disciplinado nos artigos 301 a 310 do Código 
de Processo Penal. 
O seu objetivo, dentre outros, é evitar a consumação ou o exaurimento do crime, 
a fuga do possível culpado, garantir a colheita de elementos informativos e assegurar a 
integridade física do autor do crime e da vítima. Além da imobilização e encaminhamento 
à delegacia do suposto criminoso, uma série de outros atos devem ser praticados, 
compondo verdadeiro procedimento, que será visto nos tópicos a seguir. 
 
→ Quem pode prender em flagrante (LEGITIMIDADE ATIVA)? 
 
É comum imaginar que somente as forças policiais podem prender alguém em 
flagrante. 
 
Contudo, em verdade, qualquer do povo pode realizá-la, e a razão é simples: um 
dos objetivos da prisão em flagrante é o afastamento de perigo atual ou iminente. Por isso, 
se um cidadão puder conter um criminoso enquanto pratica um delito, caso decida fazê-
lo, a lei dará amparo ao seu ato heroíco – embora não seja algo recomendado que o faça. 
 
Perceba, no entanto, que a lei (CPP, art. 301) afirma que “qualquer do povo 
poderá”. Trata-se de mera faculdade. 
 
 
 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/código-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10653461/artigo-301-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
Caso decida por não efetuar a prisão em flagrante, nenhuma omissão criminosa 
ser-lhe-á imputada. Ademais, em “qualquer”, estão compreendidos quem não atingiu a 
maioridade, quem se encontre com seus direitos políticos suspensos ou submisso a 
qualquer outra restrição legal, estrangeiros etc. 
 
Por outro lado, as autoridades policiais e os seus agentes (polícia civil, militar etc.) 
tem o dever legal de efetuar a prisão em flagrante (aqui, a redação do art. 301 fala em 
“deverão”), sob pena de responder criminal e administrativamente pela omissão. 
Qualquer pessoa do povo poderá realizar a prisão em flagrante, estando, nesse caso, 
no exercício regular de um direito, tratando a hipótese de um flagrante facultativo (CPP, 
art.301). 
Já as autoridades policiais e seus agentes deverão realizar a prisão em flagrante, 
estando, nesse caso, no estrito cumprimento de um dever legal, sendo que aqui ocorre 
um flagrante obrigatório ou compulsório (CPP, art.301). 
Lembrando que a Prisão em Flagrante no Brasil é um ato administrativo complexo, 
sujeito ao crivo do Poder Judiciário. Embora a condução coercitiva possa ser feita por 
qualquer pessoa (seja de forma facultativa ou obrigatória), somente a “autoridade 
competente” poderá lavrar o chamado APF (auto de prisão em flagrante), encerrando o 
conduzido/autuado no cárcere. 
Quanto à legitimidade ativa e a “autoridade competente”, existem algumas 
modalidades de flagrantes: 
a) Flagrante policial: na maioria das vezes, a autoridade policial será o delegado de 
polícia. Mas existem outros tipos de autoridades (CPP, art.304); 
b) Flagrante militar: no caso de infração militar, o auto de prisão em flagrante é 
lavrado pela autoridade policial militar encarregada (Tenente, Capitão, etc); 
c) Flagrante parlamentar: O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o 
regimento interno, a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito (Súmula 
397 do STF); 
d) Flagrante judicial: Se o crime for cometido na presença do Juiz de direito ou 
contra este, no exercício de suas funções, será ele o competente para lavrar o auto (CPP, 
art.307, parte final); 
 
 
➔ E quem pode ser preso em flagrante (LEGITIMIDADE PASSIVA)? 
Qualquer cidadão pode ser autuado em estado de flagrante de delito. Salvo algumas 
exceções. 
1ª Exceção: diz respeito às pessoas que não podem ser presas em estado de flagrante. São 
elas: 
- Menor de 18 anos (menor é apreendido – art.106 do ECA); 
- Diplomatas estrangeiros (imunidade diplomática); 
- Presidente da República (art. 86. § 3º, CF/88); 
- Autor de acidente automobilístico culposo que preste pronto e integral socorro à vítima 
(art. 301 do CTB/Lei n. 9.503/97); 
- Autor de infração penal de menor potencial ofensivo (art. 69, § único, da Lei n. 9.099/95); 
- Usuário de Drogas (para consumo pessoal – arts. 28 e 48, § 2º, da Lei n. 11.343/06). 
 
2ª Exceção: diz respeito às pessoas que podem ser presas em estado de flagrante SOMENTE 
EM CRIMES INAFIANÇAVEIS. São elas: 
- Membros do Congresso Nacional: Senador e Deputado Federal (art.53, §2º do CF/88); 
- Deputados estaduais (art.27, §1º c/c art.53, §1º, da CF/88); 
- Magistrados (art.33, II, LC nº 35/79 - LOMAN); 
- Membros do MP (art.40, III, Lei nº 8.625/93 - LONMP); 
- Advogados no exercício da profissão (art.7º, Lei 8.906/94) 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10588997/artigo-301-da-lei-n-9503-de-23-de-setembro-de-1997
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91797/código-de-trânsito-brasileiro-lei-9503-97
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11305789/artigo-69-da-lei-n-9099-de-26-de-setembro-de-1995
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11305745/parágrafo-1-artigo-69-da-lei-n-9099-de-26-de-setembro-de-1995
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103497/lei-dos-juizados-especiais-lei-9099-95
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10868007/artigo-28-da-lei-n-11343-de-23-de-agosto-de-2006
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10866043/artigo-48-da-lei-n-11343-de-23-de-agosto-de-2006
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10865980/parágrafo-2-artigo-48-da-lei-n-11343-de-23-de-agosto-de-2006
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95503/lei-de-tóxicos-lei-11343-06
2. ESPÉCIES DE PRISÃO EM FLAGRANTE 
 
Ao iniciarmos a leitura do artigo 302 do CPP, o qual nos apresenta as espécies de 
prisão em flagrante, encontramos quatro situações, cada qual com suas especificidades e 
requisitos de validez, a seguir enunciadas: 
 
“Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: 
I - está cometendo a infração penal; 
II - acaba de cometê-la; 
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, 
em situação que faça presumir ser autor da infração; 
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que 
façam presumir ser ele autor da infração.” 
 
Em princípio, a palavra “flagrante” indica que o autor do delito foi visto praticando 
ato executório da infração penal e, por isso, acabou preso por quem o flagrou e levado até 
a autoridade policial. Ocorre que o legislador, querendo dar maior alcance ao conceito de 
flagrância, estabeleceu, no art. 302 do Código de Processo Penal, quatro hipóteses em que 
referido tipo de prisão é possível, sendo que, em algumas delas, o criminoso até já deixou 
o local do crime. 
 
 
2.1. FLAGRANTE PRÓPRIO OU PERFEITO 
 
Trata-se das situações apresentadas nos incisos I e II do artigo 302 do CPP. 
 
Considera-se flagrante próprio ou perfeito quando o agente é surpreendido 
cometendo a infração penal ou quando acaba de cometê-la. É a modalidade que mais se 
aproxima da origem da palavra flagrante, pois há um vínculo de imediatividade entre a 
ocorrência da infração e a realização da prisão. 
 
Sem dúvidas, vemos no inciso I – “Está cometendo”, a situação mais clara de 
flagrância, é o momento do crime, podendo haver a cessação da conduta criminosa, ouao 
menos a interrupção da continuidade da prática ilícita, caso ocorra a prisão em flagrante do 
autor da conduta. 
 
Ocorre, pois, quando o agente está em pleno desenvolvimento dos atos executórios 
da infração penal (inciso I). Nessa situação, havendo a intervenção de alguém, impede-se o 
prosseguimento da execução, redundando, muitas vezes, em tentativa. Mas, não é raro que, 
no caso de crime permanente (SE PROLONGA NO TEMPO – SEQUESTRO), cuja consumação 
se prolonga no tempo, a efetivação da prisão ocorra para impedir, apenas, o 
prosseguimento do delito já consumado. 
Ao partirmos para a análise específica do inciso II, art. 302 do CPP, vemos situação 
bastante peculiar, em que não pode o autor da conduta criminosa se afastar do local da 
prática do crime. 
 
A expressão “acaba de cometê-la” deve ser interpretada de forma restritiva, no 
sentido de absoluta imediatividade (sem qualquer intervalo de tempo). Em outras palavras, 
o agente é encontrado imediatamente após cometer a infração penal, sem que tenha 
conseguido se afastar da vítima e do lugar do delito. 
 
Sem dúvida é uma situação em que não hesitaríamos pela possibilidade de prisão do 
autor da conduta criminosa, pois estamos diante daquele que efetivamente acabou de 
cometer o crime. 
 
Podemos trazer como exemplo o indivíduo que se encontra com a arma do crime 
nas mãos, segundos após efetuar os disparos fatais que levaram a óbito o sujeito passivo 
(hipótese de homicídio). Nesse caso o agente policial ouviu os estampidos dos disparos, o 
cheiro de pólvora está no ar, há fumaça saindo do cano da arma, além da presença do autor 
ao lado do corpo, já sem vida, dando, dessa maneira, a “certeza” de ser ele o executor. 
 
Veja que nesta hipótese de flagrante é essencial que o indivíduo que cometeu a 
conduta criminosa não se afaste do lugar do crime e da vítima, caso contrário teremos que 
optar por outras espécies, quando cabíveis, para efetuar a prisão em flagrante do criminoso. 
 
Flagrante legal. 
 
2.2. FLAGRANTE IMPRÓPRIO 
 
A partir do inciso III do art. 302 do CPP, passamos a verificar situações em que as 
circunstâncias de clareza da prática criminosa não se apresentarão para aquele que vai 
realizar a prisão do autor de conduta criminosa. 
 
Embora por flagrante se deva entender a relação de imediatismo entre o fato ou 
evento e sua captação ou conhecimento pelo homem, o art. 302 contempla também 
situações em que não é mais possível falar-se em ardência, crepitação ou flagrância, 
expressões normalmente utilizadas na doutrina a partir da expressão latina flagrare. 
 
A primeira dessas situações que iremos estudar é chamada pelo professor Renato 
Brasileiro de Lima de Flagrante Impróprio, Imperfeito, Irreal ou Quase-Flagrante. 
 
“O flagrante impróprio, também chamado de imperfeito, irreal ou quase-flagrante, 
ocorre quando o agente é perseguido logo após cometer a infração penal, em 
situação que faça presumir ser ele o autor do ilícito (CPP, art. 302, inciso III). Exige o 
flagrante impróprio a conjugação de 3 (três) fatores: a) perseguição (requisito de 
atividade); b) logo após o cometimento da infração penal (requisito temporal); c) 
situação que faça presumir a autoria (requisito circunstancial).“ 
 
Ao analisar esses fatores, percebemos a necessidade de alguns requisitos para se 
convalidar tal flagrante. 
 
Apontamos a necessidade da perseguição, que se iniciará, logo após o cometimento 
da conduta criminosa, ou seja, terá que ser esta conduta visualizada por um terceiro, salvo 
quando não iniciada a perseguição pela própria vítima, que mesmo que não inicie a 
perseguição, irá realizar um alarde, indicando o autor da prática criminosa, o popular “pega 
ladrão”. 
 
Importante para ratificar a validade da prisão é a não interrupção desta perseguição, 
a qual poderá ser realizada por qualquer pessoa, vítima, agente policial, ou terceiro, estes 
poderão inclusive realizar uma espécie de revezamento, desde que não se paralise este 
acompanhamento ao criminoso, não lhe dando descanso. 
 
A crença popular de que é de 24 horas o prazo entre a prática do crime e a prisão 
em flagrante não tem o menor sentido, eis que, não existe um limite temporal para o 
encerramento da perseguição. Não havendo solução de continuidade, isto é, se a 
perseguição não for interrompida, mesmo que dure dias ou até mesmo semanas, havendo 
êxito na captura do perseguido, estaremos diante de flagrante delito. 
 
Não se pode falar, portanto, em prazo para esta “forma de prisão” ser realizada, ao 
passo que poderá ocorrer após uma perseguição que atravesse dias, semanas ou anos. 
Embora não seja muito provável que esse acompanhamento dure mais do que algumas 
horas, quiçá dias, este avanço temporal não seria suficiente para violar aquilo que é 
entendido como cabível para legitimar esta espécie de prisão em flagrante. 
 
Fernando Capez concordando com este entendimento batiza essa modalidade de 
“Flagrante em perseguição”, entendendo que a interrupção nesta perseguição traria 
ilegalidade para esta espécie de prisão em flagrante. 
 
Nesta hipótese, contanto que a perseguição não seja interrompida, o executor 
poderá efetuar a prisão onde quer que alcance o capturando, desde que dentro do território 
nacional. 
 
Flagrante legal. 
 
 
 
2.3. FLAGRANTE PRESUMIDO 
 
Outra espécie de prisão em flagrante em que não encontraremos o “queimar da 
chama criminosa”, é aquele que denominados flagrante presumido, ficto ou assimilado, 
previsto no Código de Processo Penal no art. 302, inciso IV. 
 
No flagrante presumido, o agente é preso, logo depois de cometer a infração, com 
instrumentos, armas, objetos ou papeis que presumam ser ele o autor do delito. 
 
Esta espécie não exige perseguição. Basta que a pessoa, em situação suspeita, seja 
encontrada logo depois da prática do ilícito, sendo que, o móvel que a vincula ao fato é a 
posse de objetos que façam crer ser a autora do crime. O lapso temporal consegue ainda 
ter maior elasticidade, pois a prisão decorre do encontro do agente com os objetos que 
façam a conexão com a prática do crime. 
 
Nesta espécie de flagrante, o agente é preso logo depois de cometer a infração, com 
instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da infração. 
Nesse caso, a lei não exige que ocorra perseguição, bastando para sua consecução, que a 
pessoa seja encontrada logo depois da prática do ilícito com objetos que indiquem sua 
autoria ou participação. 
 
É o que comumente ocorre nos crimes patrimoniais, quando a vítima comunica à 
polícia a ocorrência de um roubo e a viatura sai pelas ruas do bairro à procura do carro 
subtraído, por exemplo. Visualiza o autor do crime algumas horas depois, em poder do 
veículo, dando-lhe voz de prisão. 
 
Quando se fala sobre o lapso temporal mais elástico, entende-se, de acordo com 
parte da doutrina, que estamos nos referindo ao tempo entre a prática do cometimento do 
ilícito e da indicação de autoria para o criminoso. Não se pode, portanto, falar em ampliar o 
intervalo temporal entre o momento do crime e a prisão do agente, que nesta espécie de 
flagrante, não poderá superar algumas horas. 
 
Também neste contexto não se pode conferir à expressão “logo depois” uma larga 
extensão, sob pena de se frustrar o conteúdo da prisão em flagrante. Trata-se de uma 
situação de imediatidade, que não comporta mais do que algumas horas para findar-se. O 
bom senso da autoridade – policial e judiciária –, em suma, terminará por determinar se é 
caso de prisão em flagrante. 
 
Deve-se entender, porém, que para que se efetue na prática a prisão de uma pessoa, 
não há necessidade de entender a distinção entre as espécies de flagrante presentes no 
CPP, pois qualquer delas, desde que executadas vislumbrando-se seus requisitos, estarão 
de acordo com a legalidade exigida em nosso ordenamento. Flagrante legal. 
2.4. FLAGRANTE PROVOCADO OU PREPARADO 
 
No flagrante preparado ou provocado o agente é induzido ou instigadoa cometer a 
conduta criminosa, sendo então preso em flagrante. É uma modalidade onde claramente 
percebemos uma armadilha sendo preparada com o objetivo de realizar a prisão daquele 
que cede aos estímulos do agente provocador e acaba praticando o crime. 
 
Trata-se de um arremedo de flagrante, ocorrendo quando um agente provocador 
induz ou instiga alguém a cometer uma infração penal, somente para assim poder prendê-
lo. 
 
Trata-se de crime impossível (art. 17, CP), pois inviável a sua consumação. 
 
Ao mesmo tempo em que o provocador leva o provocado ao cometimento do delito, 
age em sentido oposto para evitar o resultado. Estando totalmente na mão do provocador, 
não há viabilidade para a constituição do crime. 
 
Em outros países vemos esta prática como legítima, nos Estados Unidos, por 
exemplo, um programa de Televisão chamado Bait Car (Carro Isca), apresenta uma situação 
bastante curiosa, onde pessoas acabam por furtar um veículo, que estaria abandonado, mas 
que na verdade foi ali deixado por policiais, exatamente como uma espécie de isca, sendo 
então realizada a prisão dos criminosos. 
 
Seria uma prática que poderia, sem dúvida auxiliar as polícias a realizar prisões de 
criminosos, como apontam Távora e Alencar em sua obra: 
 
“Seria uma eficiente ferramenta para prender pessoas que sabidamente são 
criminosas, pois ao serem estimuladas e iniciando a conduta delitiva, seriam 
surpreendidas em flagrante. É temerário, contudo, que se admita que o Estado, 
através dos seus órgãos de investigação, ou até mesmo os particulares, estimulem a 
prática do delito com o fim de realização da prisão em flagrante. Esta vontade de 
deflagrar o inquérito policial com o suspeito já preso e com vasta documentação da 
atividade delitiva já conseguida, não pode endossar condutas não ortodoxas onde os 
fins justifiquem os meios..” 
 
Entendendo desta forma o Supremo Tribunal Federal redigiu a Súmula 145, 
regulando tal situação. 
 
Disciplina o tema a Súmula 145 do Supremo Tribunal Federal: “Não há crime quando 
a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”. 
 
É certo que esse preceito menciona apenas a polícia, mas nada impede que o 
particular também provoque a ocorrência de um flagrante somente para prender alguém. 
A armadilha é a mesma, de modo que o delito não tem possibilidade de se consumar. 
 
Ex.: policial disfarçado, com inúmeros outros igualmente camuflados, exibe relógio 
de alto valor na via pública, aguardando que alguém tente assaltá-lo. Apontada a arma para 
a pessoa que serve de isca, os demais policiais prendem o agente. Inexiste crime, pois 
impossível sua consumação. 
 
Concluímos, portanto, que o Flagrante Preparado ou Provocado se trata de prática 
ilegal, não podendo, portanto, ser realizado tanto pelo particular, como pelos agentes 
policias. A súmula 145 torna evidente que a consumação do crime nessas situações é 
impossível, trata-se da hipótese em que não pode ser consumado o crime por ineficácia 
absoluta do meio eleito. Logo, por se apresentar em desacordo com a legislação, deve a 
autoridade judicial, diante de conduta análoga, realizar o relaxamento da prisão em 
flagrante. 
 
Flagrante ilegal. 
 
 
2.5. FLAGRANTE ESPERADO 
 
Caso a autoridade policial não tenha induzido ou provocado o cometimento do 
crime, tendo apenas aguardado seu cometimento, não teremos flagrante preparado, mas 
sim o que chamamos de flagrante esperado, que é aceito com naturalidade pela 
jurisprudência. 
 
Nessa espécie de flagrante, não há qualquer atividade de induzimento, instigação ou 
provocação. Valendo-se de investigação anterior, sem a utilização de um agente 
provocador, a autoridade policial ou terceiro limita-se a aguardar o momento do 
cometimento do delito para efetuar a prisão em flagrante, respondendo o agente pelo crime 
praticado na modalidade consumada, ou, a depender do caso, tentada. Tratando-se de 
flagrante legal, não há falar em relaxamento da prisão nos casos de flagrante esperado, 
funcionando a liberdade provisória com ou sem fiança como medida de contra cautela. 
 
Vejamos que esta espécie de flagrante trata de conduta legal, pois o autor da prisão 
não provoca ou induz o criminoso, apenas aguarda o cometimento do crime, o qual se 
descobriu que ocorreria em virtude investigação policial, ou outra prática legal: 
 
Ex.: O empresário liga para o policial e sugere comprar seu silêncio por um milhão de 
reais. O policial aceita e, no momento da entrega, prende o empresário. Neste exemplo deve-
se notar que a conduta partiu diretamente da pessoa sem que para isso houvesse qualquer 
estímulo por parte da autoridade policial, que apenas cedeu à sugestão de corrupção para 
poder prender o empresário. Esta postura da autoridade policial fará toda a diferença no 
caso concreto. 
 
No exemplo acima percebemos que a conduta criminosa ocorreu sem qualquer 
provocação do agente público, portanto, esta forma de prisão em flagrante será 
considerada prática legal. 
 
A partir do que estudamos, fica claro o entendimento de que esta “campana”, 
vigilância ou monitoramento, mesmo que eletrônico, não influenciará na conduta do 
criminoso, o qual de qualquer forma teria praticado a conduta criminosa. 
 
Flagrante esperado é uma forma de flagrante válido e regular, no qual agentes da 
autoridade, cientes, por qualquer razão (em geral notícia anônima), de que um crime poderá 
ser cometido em determinado local e horário, sem que tenha havido qualquer preparação 
ou induzimento, deixam que o suspeito aja, ficando à espreita para prendê-lo em flagrante 
no momento da execução do delito. Note-se que em tal caso não há qualquer farsa ou 
induzimento, apenas aguarda-se a prática do delito no local. 
 
Exatamente como nos traz o título do capítulo, trata-se de uma espera por algo que 
de qualquer forma ocorreria, mas que, devido a este acompanhamento resultará em uma 
prisão em flagrante lícita e, portanto, aceita em nosso ordenamento jurídico. 
 
 
2.6. FLAGRANTE FORJADO 
 
Flagrante forjado é uma espécie de reprodução de flagrante, é a falsidade 
equiparada a crime. Trata-se da hipótese em que é criada uma situação criminosa que de 
fato não existiu. 
 
É aquele armado, fabricado, realizado para incriminar pessoa inocente. É a lídima 
expressão do arbítrio, onde a situação de flagrância é maquinada para ocasionar a prisão 
daquele que não tem conhecimento do ardil. Ex.: empregador que insere objetos entre os 
pertences do empregado, acionando a polícia para prendê-lo em flagrante pelo furto, para 
com isso demiti-lo por justa causa. 
 
O Professor Guilherme de Souza Nucci reforça o entendimento quanto à ilegalidade 
destra prática, apresentando ainda outro exemplo para esta espécie de flagrante: 
 
“Trata-se de um flagrante totalmente artificial, pois integralmente composto por 
terceiros. É fato atípico, tendo em vista que a pessoa presa jamais pensou ou agiu 
para compor qualquer trecho da infração penal. Imagine-se a hipótese de alguém 
colocar no veículo de outrem certa porção de entorpecente, para, abordando-o 
depois, conseguir dar voz de prisão em flagrante por transportar ou trazer consigo a 
droga. A mantença do entorpecente no automóvel decorreu de ato involuntário do 
motorista, motivo pelo qual não pode ser considerada conduta penalmente 
relevante.” 
 
O próprio termo “forjado” nos demonstra ao menos uma “impressão” de presença 
de ilegalidade. Pois, como sabemos a conduta do agente é necessária para compor o crime. 
Percebemos dessa forma, que não havendo por parte do “autor” a intenção, vontade ou 
ainda a responsabilidade pela prática criminosa, recairá sobre aquele que forjou o flagrante, 
alguma imputação de prática ilícita. 
 
Amparados nesse entendimento, podemos dizer que no caso do Flagrante Forjado, 
o único criminoso é o “agente forjador”, que sem dúvida, desde que presentes os requisitos 
legais, deverá ser preso em flagrante delito. 
 
Flagrante ilegal. 
 
 
2.7. FLAGRANTE DIFERIDOTambém conhecido por flagrante prorrogado, postergado, estratégico ou ação 
controlada, está previsto em algumas legislações especiais. 
 
A ação controlada consiste no retardamento da intervenção policial, que deve 
ocorrer no momento mais oportuno do ponto de vista da investigação criminal ou da 
colheita de provas. Também conhecida como flagrante prorrogado, retardado ou diferido, 
vem prevista na Lei de Drogas e na nova Lei das Organizações Criminosas (Lei nº 12.850/13). 
 
É um flagrante que possui aspecto estratégico, pois a autoridade policial tem a 
faculdade de aguardar, conforme o entendimento colhido durante a investigação criminal, 
o momento oportuno para efetuar a prisão do criminoso, não importando se sua atitude 
implique na postergação da intervenção. Mesmo percebendo a ocorrência delituosa, pode-
se deixar de atuar, no intuito de capturar o maior número de infratores, ou do recolhimento 
de um maior número de provas. 
 
Interessante e profundo estudo é demonstrado na obra do Professor Guilherme de 
Souza Nucci, senão vejamos: 
 
“É a possibilidade que a polícia possui de retardar a realização da prisão em 
flagrante, para obter maiores dados e informações a respeito do funcionamento, dos 
componentes e da atuação de uma organização criminosa. Veja-se o disposto nos 
arts. 3.º e 8.º da Lei 12.850/2013: “Art. 3.º Em qualquer fase da persecução penal, 
serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios de 
obtenção da prova: (…) III – ação controlada (…). Art. 8.º Consiste a ação controlada 
em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por 
organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e 
acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à 
formação de provas e obtenção de informações. (…)”. 
 
Outro exemplo encontra-se no art. 53, II, da Lei 11.343/2006: “a não atuação policial 
sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos 
utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a 
finalidade de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações 
de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível.” 
 
Quando falamos, principalmente, sobre a possibilidade da ação controlada na lei 
12.850/2013, estamos diante de uma ferramenta de extrema importância da Segurança 
Pública frente ao crime Organizado. Quando o legislador apresentou esta possibilidade para 
confrontar as Organizações Criminosas, devemos entender quais os motivos e objetivos 
desta aplicação, dentre as quais destacamos a tentativa de alcançar a liderança do grupo 
criminoso. 
 
Trata-se do retardamento legal da intervenção policial ou administrativa, 
basicamente a realização da prisão em flagrante, mesmo estando a autoridade policial 
diante da concretização do crime praticado por organização criminosa, sob o fundamento 
de se aguardar o momento oportuno para tanto, colhendo-se mais provas e informações. 
Assim, quando, futuramente, a prisão se efetivar, será possível atingir um maior número de 
envolvidos, especialmente, se viável, a liderança do crime organizado. 
 
Ora, parece bastante tranquilo, portanto, o entendimento de legalidade do flagrante 
diferido, amparado por várias leis como demonstramos, restando evidente a legalidade da 
sua aplicação pelas forças policiais. Flagrante legal. 
 
 
3. Momento da Prisão em Flagrante 
 
A prisão em flagrante pode ser feita tanto na fase do inquérito policial (ou mesmo 
antes deste) ou durante o processo judicial (Ex. Falso Testemunho - art. 342 CP). 
 
Não se exige mandado judicial. Logo, pode ser feita em qualquer momento, desde 
que um crime esteja ocorrendo em estado de flagrância (art.302 do CPP). 
 
Portanto, não há restrições quanto ao momento: pode ser realizada em qualquer 
dia, horário ou local, inclusive dentro de residência, mesmo sem o consentimento do 
morador (art.5º, XI, CF/88). 
 
 
4. Formalidades da Prisão em Flagrante 
 
Além do aspecto material (ter sido o conduzido encontrado em estado de 
flagrância) é importante observar o aspecto formal para lavratura do auto de prisão em 
flagrante, sob pena de relaxamento da prisão manifestamente ilegal (art.5º, LXV, CF/88). 
 
Isto porque, a inversão ou mesmo ausência dos requisitos (material ou formal) 
pode ensejar a colocação do conduzido em liberdade, o que gera grande dissabor para as 
autoridades envolvidas e direito de reparação ao conduzido (ou encarcerado) ilegalmente. 
 
Neste aspecto, a Lei 12.403/2011 trouxe várias inovações procedimentais, 
estabelecendo uma sistemática própria para lavratura do auto de prisão em flagrante. 
 
Vejamos como ficou a nova ordem, segundo os artigos 304 a 310 do Código de 
Processo Penal: 
1. Captura e apreensão em “estado de flagrância”. Se for infração de menor 
potencial ofensivo (contravenção penal ou crime cuja pena máxima seja igual ou 
abaixo de dois anos) será lavrado um TCO (termo circunstanciado de ocorrência 
policial – art.69 da Lei 9.099/95) e não haverá prisão em flagrante ou mesmo 
inquérito policial; 
2. Na sequência, o conduzido é apresentado coercitivamente à autoridade 
competente; 
3. Neste momento, tem direito de comunicar imediatamente sua prisão a pessoa 
livremente indicada (art.306 do CPP) – o prazo para que essa comunicação ocorra 
é de até 24h; 
4. O condutor da prisão será ouvido (ex. policial militar condutor); 
5. A vítima será ouvida (e colhida sua representação, se for o caso); 
6. O Representante legal da vítima menor será ouvido (se for o caso); 
7. Oitiva das testemunhas (no mínimo duas – art. 304, §2º, do CPP, ainda que 
seja apenas de apresentação). 
8. O capturado é interrogado (a presença do advogado nesse momento é 
facultativa. Pode exercer o silencia sobre os fatos); 
9. Lavratura e assinatura dos termos, autos e laudos; 
10. Análise de fiança pelo delegado conforme arts. 322 a 325 do CPP (pena 
máxima não superior a 04 anos); 
11. Sendo negado o arbitramento da fiança, será o autuado encarcerado e 
recolhido ao estabelecimento prisional adequado (art. 304, §1º, do CPP); 
12. Expedição da Nota de Culpa em até 24 horas após a captura (art. 306, §2º, do 
CPP). A Nota de Culpa deverá conter os direitos do conduzido, a assinatura da 
autoridade, o motivo da prisão, o nome do condutor e das testemunhas. 
13. O auto de prisão em flagrante será encaminhado em até 24 horas ao Juiz e 
Promotor com competência e atribuição, respectivamente, para conhecer da 
infração penal (art. 306, §1º, do CPP). Será entregue uma cópia também ao 
advogado declinado pelo autuado. Caso não tenha advogado, será enviada cópia 
integral para a Defensoria Pública. Não havendo defensor disponível, deverá ser 
nomeado um advogado dativo. 
14. O Juiz por sua vez, ao receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo 
de 24 horas da realização da prisão, deverá promover audiência de custódia, onde 
poderá tomar as seguintes medidas: 
a. Relaxar a prisão em flagrante: quando manifestamente ilegal ou irregular o 
flagrante (art.5º, IXV, CF/88); 
b. Converter a prisão em flagrante em prisão preventiva: se presentes os 
requisitos desta (arts.310, II e 312 do CPP); 
c. Conceder liberdade provisória: cumulada ou não com algumas medidas 
cautelares (inclusive a fiança), se ausentes os requisitos da preventiva (art.321 do 
CPP e art.5º, LXVI, CF); 
 
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA 
É um ato do Direito Processual Penal em que o acusado por um crime, preso em 
flagrante, tem direito a ser ouvido por um juiz, de forma a que este avalie eventuais 
ilegalidades em sua prisão. 
Este instrumento é previsto internacionalmente, pelo Pacto de San José da Costa 
Rica. 
Durante a audiência, o juiz analisará a prisão sob o aspecto da legalidade, da 
necessidade e da adequação da continuidade da prisão ou da eventual concessão de 
liberdade com ou sem a imposição de outras medidas cautelares. 
O juiz poderá avaliar também eventuaisocorrências de tortura ou de maus-tratos, 
entre outras irregularidades. 
O Pacote Anti-Crime previu algumas consequências práticas para o desrespeito à 
regra da audiência de custódia. A primeira delas atinge os atores processuais. 
Nos termos do art. 310, §3º, a autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à 
não realização da audiência de custódia no prazo estabelecido no caput deste artigo 
responderá administrativa, civil e penalmente pela omissão. 
Além disso, o art. 310, §4º prevê que transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o 
decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, a não realização de audiência de 
custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela 
autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão 
preventiva. 
Note-se que a prisão será considerada ilegal quando se mantiver por prazo superior 
a 48 (quarenta e oito) horas sem que tenha havido a audiência de custódia. Como se sabe, 
prisão ilegal deverá ser imediatamente relaxada. 
 
RELAXAMENTO DA PRISAO EM FLAGRANTE 
Havendo prisão em flagrante, deve-se, primeiramente, analisar se a prisão é 
legal ou ilegal. 
 
Caso a prisão seja ilegal, a peça cabível será o pedido de relaxamento das prisão 
em flagrante, com fundamento no artigo 310, inciso I do CPP, além do artigo 5º, inciso LXV 
da CF/88. 
 
O relaxamento da prisão em flagrante tem como causa a prisão em flagrante 
ilegal, assim, deve-se requerer o relaxamento do flagrante, com a expedição do alvará de 
soltura. 
 
Cabe ressaltar que a prisão em flagrante ilegal é aquela que podem apresentar 
duas espécies de vicio: 
 
1. VICIO MATERIAL: quando não há a configuração da situação de flagrante prevista no 
artigo 302 do CPP. 
 
2. VICIO FORMAL: quando ocorre uma irregularidade na confecção do auto de prisão em 
flagrante, ou seja, foi realizado em desconformidade com as determinações dos artigos 
304 e seguintes do CPP. 
 
 
Possíveis ilegalidades no momento da lavratura do auto de prisão em flagrante: 
 
- Assistência jurídica: é ilegal a prisão em flagrante quando o preso for impedido de estar 
assistido por advogado durante seu interrogatório. A Lei n. 13.245/16 modificou o 
Estatuto da OAB e incluiu, dentre os direitos do advogado, o de assistir seu cliente 
investigado durante o interrogatório. Portanto, ainda que a voz de prisão tenha se dado 
dentro da legalidade, se o preso for impedido de ser assistido por seu advogado durante 
o interrogatório, o APF será ilegal. 
 
- Comunicação à Defensoria Pública: é ilegal a prisão em flagrante quando, se necessária, 
ausente a comunicação do flagrante à DP. De acordo com o art. 306, § 1º, do CPP, em até 
24 horas, contadas da prisão, a Defensoria Pública deve receber cópia do APF, caso o 
autuado não tenha sido acompanhado por advogado. A não observância do dispositivo 
pode ensejar a ilegalidade do APF. 
 
- Ausência de nota de culpa: é ilegal a prisão em flagrante caso o preso não receba a nota 
de culpa. A nota de culpa é o documento fornecido ao preso onde constam o motivo da 
prisão, o nome de quem o prendeu e o conduziu à autoridade policial e o nome das 
testemunhas ouvidas. A nota de culpa deve ser entregue no prazo de 24 horas, contadas 
da prisão. 
 
 
- Encaminhamento do APF ao juiz: é ilegal a prisão em flagrante caso o APF não seja 
encaminhado ao juiz no prazo de 24 horas. O CPP determina expressamente (art. 306, § 
1º) que, no prazo de 24 horas, o APF deve ser encaminhado ao juiz, para que decida pelo 
relaxamento, pela concessão de liberdade provisória ou pela decretação de prisão 
preventiva. O prazo é contado do momento da prisão. 
 
- Comunicação imediata: é ilegal a prisão caso o juiz, o MP e a família do preso não sejam 
comunicados imediatamente da prisão. O CPP, em seu art. 306, caput, determina que a 
prisão em flagrante deve ser comunicada imediatamente ao juiz competente, ao MP e à 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/296154218/lei-13245-16
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10652850/artigo-306-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10652808/parágrafo-1-artigo-306-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/código-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/código-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/código-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10652850/artigo-306-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
família do preso ou à pessoa por ele indicada. A não observância do dispositivo torna o 
APF ilegal 
 
- Incomunicabilidade do preso: é ilegal a prisão em flagrante caso o preso seja mantido 
incomunicável. Caso o preso seja mantido incomunicável, a sua prisão em flagrante será 
ilegal. 
 
- Lavratura de APF em crime de ação penal privada: é ilegal a lavratura do APF sem 
autorização da vítima. Nos crimes de ação penal privada e de ação penal pública 
condicionada, se não houver manifestação favorável da vítima, o APF não pode ser 
lavrado, sob pena de relaxamento.

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