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PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO SUS

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Realização 
IV SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
Data: 29 a 30 DE OUTUBRO DE 2015 
PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO SUS: 
A CONTRIBUIÇÃO DO FARMACÊUTICO 
 
CARVALHO, Jacqueline1; SOUZA, Débora2; ABREU, Natália2; RIBEIRO NETO, Luciane Maria3. 
1Discente do Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo, SP. e-mail: 
carvalhojacquez@gmail.com 
2Discente do Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo, SP. 
3Docente do Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo, SP. 
 
Palavras-chave: Práticas integrativas e complementares. Farmacêutico. Terapias alternativas. 
 
INTRODUÇÃO 
No Brasil, a partir da década de 80, diversas ações e programas de fitoterapia, homeopatia e 
acupuntura eram desenvolvidas na rede pública de saúde, porém essas experiências, devido à 
ausência de diretrizes específicas, ocorriam de modo desigual, descontinuado e, muitas vezes, sem o 
devido registro, fornecimento adequado de insumos ou ações de acompanhamento e avaliação 
(BRASIL, 2015). 
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% da população dos países em 
desenvolvimento utiliza práticas tradicionais nos cuidados básicos de saúde, com destaque para o uso 
de plantas ou preparados. Nesse sentido, a OMS recomenda a difusão mundial dos conhecimentos 
necessários ao uso racional das plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos. Em sua estratégia 
global sobre a medicina tradicional e a medicina complementar e alternativa, a OMS reforça o 
compromisso de estimular o desenvolvimento de políticas públicas, com o objetivo de inseri-las no 
sistema oficial de saúde dos seus 191 Estados-membros (BRASIL, 2006; BRASIL 2015). 
Atendendo a demanda populacional e às orientações da OMS, o Ministério da Saúde 
normatizou, no dia quatro de maio de 2006, por meio da Portaria 971/06, a Política Nacional de Práticas 
Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS. Desse modo, recursos como a homeopatia, plantas 
medicinais e fitoterápicos e a medicina tradicional chinesa/acupuntura passaram a ser oferecidos ao 
paciente, de modo a integrar métodos terapêuticos alternativos aos sistemas médicos complexos, 
oferecendo novas e menos invasivas possibilidades de cuidado (BRASIL, 2015). 
Os sistemas e recursos terapêuticos incluídos na PNPIC buscam estimular os mecanismos 
naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras, 
atuando de forma multiprofissional, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo 
terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade, com ênfase na atenção 
básica, voltada ao cuidado continuado, humanizado e integral em saúde (BRASIL, 2006). 
 
OBJETIVO 
Abordar a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares aplicadas ao Sistema 
Único de Saúde (SUS), bem como apontar a importância da atuação do farmacêutico nesta área. 
 
METODOLOGIA 
Com base em documentos publicados entre Maio de 2006 e Janeiro de 2015, procedentes de 
“sites” específicos, como Ministério da Saúde, Conselho Federal de Farmácia e Portal da Saúde, foi 
possível abordar a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares aplicadas ao Sistema 
Único de Saúde (SUS). Como descritores utilizou-se Práticas Integrativas e Complementares, 
Farmacêutico e as Terapias Alternativas. 
 
DESENVOLVIMENTO 
A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) caracteriza-se por um sistema médico integral, originado 
há milhares de anos na China que inclui práticas corporais, como Acupuntura e Tai Chi Chuan, mentais 
(meditação) e orientação alimentar. A acupuntura compreende um conjunto de procedimentos que 
permitem o estímulo preciso de locais anatômicos definidos por meio da inserção de agulhas filiformes 
 
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IV SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
Data: 29 a 30 DE OUTUBRO DE 2015 
metálicas para fins terapêuticos com efeitos reconhecidos e comprovados cientificamente. Admite-se 
atualmente, que a estimulação de pontos de Acupuntura provoque a liberação, no sistema nervoso 
central, de neurotransmissores e outras substâncias responsáveis pelas respostas de promoção de 
analgesia, relaxamento muscular, restauração de funções orgânicas e modulação imunitária. O 
Conselho Federal de Farmácia reconhece o exercício da Acupuntura como especialidade farmacêutica, 
através da Resolução número 353/00, mas para atuar nessa área é necessário que o farmacêutico 
tenha titulação lato sensu de especialista (BRASIL, 2006; BRASIL, 2015). 
A fitoterapia compreende um sistema terapêutico empregado com finalidade profilática, curativa 
ou para fins de diagnóstico, caracterizado pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formas 
farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas. Os produtos podem ser oferecidos à 
população nas seguintes formas: planta medicinal in natura, planta medicinal seca (droga vegetal), 
fitoterápico manipulado (preparados em farmácias com manipulação autorizada pela vigilância 
sanitária) e/ ou fitoterápico industrializado (BRASIL, 2006; PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERAPIA, 
2012). 
O Ministério da Saúde instituiu no Sistema Único de Saúde (SUS), em abril de 2010, as 
“Farmácias Vivas”, sistema que compreende todas as etapas, desde o cultivo, a coleta, o 
processamento e o armazenamento de plantas medicinais até a manipulação e a dispensação de 
preparações magistrais e oficinais de plantas medicinais e fitoterápicos. Os medicamentos fitoterápicos 
ofertados no SUS são Espinheira-santa, Guaco, Alcachofra, Cáscara-sagrada, Babosa, Aroeira, 
Salgueiro, Plantago, Hortelã, Isoflavona-de-soja, Garra-do-diabo e Unha-de-gato. Nas Unidades 
Básicas de Saúde (UBS), surgiram os hortos de plantas medicinais, os quais constituem importantes 
fontes de matéria-prima para processamento e dispensação para uso dos profissionais de saúde e da 
população, assim como fonte de mudas para plantio nos jardins da comunidade, além disso, são 
usados para promover ações educativas para profissionais de saúde e à população (BRASIL, 2015; 
PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERAPIA, 2012). 
A Homeopatia é um sistema complexo, baseado no princípio vitalista e no uso da lei dos 
semelhantes, segundo a qual as substâncias existentes na natureza podem curar os mesmos sintomas 
que são capazes de produzir. É uma especialidade médica, reconhecida pelo Conselho Federal de 
Medicina desde 1980, que, dentre outros profissionais, possui em seu quadro de especialistas o 
farmacêutico habilitado em Homeopatia e, em geral, a formação é feita em cursos de especialização 
em Homeopatia. O medicamento homeopático pode ser derivado de plantas, animais ou minerais e o 
farmacêutico homeopata transforma essas substâncias em medicamentos homeopáticos através de 
uma técnica especial chamada dinamização. Através da Portaria de número 3237, de dezembro de 
2007, do Ministério da Saúde define o elenco de referência dos medicamentos e insumos do 
componente básico da Assistência Farmacêutica, com uma lista que inclui medicamentos fitoterápicos 
e medicamentos homeopáticos contidos na Farmacopeia Homeopática Brasileira 2ª. Edição (cerca de 
450 medicamentos homeopáticos), os quais podem ser ofertados na rede SUS. A homeopatia atua em 
diversas situações clínicas do adoecimento como, por exemplo, nas doenças crônicas não 
transmissíveis, nas doenças respiratórias e alérgicas, nos transtornos psicossomáticos reduzindo a 
demanda por intervenções hospitalares e emergenciais, contribuindo para a melhoria da qualidade de 
vida dos usuários, bem como contribui para o uso racional de medicamentos, podendo reduzir a 
fármaco-dependência (GUTIERREZ, 2008; BRASIL, 2015). 
Os recursos citados podem ser prescritos tanto de forma exclusiva como complementar ou 
associada a outros métodos terapêuticos. Eles apresentam-se como uma possibilidade de tratamento 
com baixos índices de efeitoscolaterais e que buscam promover qualidade de vida e tratamento 
individualizado. A busca pelos tratamentos alternativos tem aumentado de forma significativa, assim 
como o investimento neles; entre 2007 e 2008 houve um crescimento de 122% na realização de 
procedimentos de acupuntura e no mesmo período ocorreu um aumento de 358% na realização de 
práticas corporais, mas apesar da adesão gradativa da população a essas práticas, ainda faltam 
profissionais capacitados nas áreas, assim como maiores investimentos para expandi-las e torná-las 
conhecidas, ampliando o acesso a elas (ESPÍRITO SANTO, 2013; FIGUEIREDO, 2010). 
Com a implementação e difusão das Práticas Integrativas e Complementares (PICs) no SUS o 
profissional farmacêutico ganhou destaque ao atuar de forma integrada a outros profissionais da saúde, 
 
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promovendo um serviço com maior segurança e qualidade aos pacientes. O farmacêutico é 
responsável por executar, acompanhar e assegurar a aquisição dos medicamentos, bem como 
promover a correta distribuição e armazenamento destes, além de definir os medicamentos a serem 
fracionados e manipulados e acompanhar sua produção. Junto aos profissionais de saúde, ele realiza 
atendimento individual e gestão de caso focando a necessidade de cada paciente e adesão ao 
tratamento. Ele também tem a função de intermediar ações que disciplinem a prescrição, dispensação 
e o consumo de medicamentos, bem como fazer a orientação e acompanhamento farmacoterapêutico, 
além de promover a incorporação das práticas integrativas e completares nos diversos níveis de 
complexidade do sistema (MINAS GERAIS, 2011). 
 
CONCLUSÃO 
As Práticas Integrativas e Complementares constituem novas opções terapêuticas destinadas 
aos pacientes de modo a complementar os tratamentos convencionais. Os medicamentos são os 
principais agentes que causam intoxicações em seres humanos no Brasil, o que mostra a importância 
de práticas que incentivem a conscientização sobre o seu uso racional e a utilização de novas terapias 
e recursos de acordo com a necessidade de cada indivíduo, disponibilizando terapias menos 
agressivas. As PICs, no desenvolvimento de suas práticas, conseguem proporcionar assistência à 
saúde de modo acolhedor, humanizado, integrando o ser humano com o meio ambiente e a sociedade, 
promovendo o autocuidado, além de enaltecer o papel do farmacêutico como um profissional 
imprescindível na promoção da saúde com segurança, qualidade e eficácia. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BRASIL. Aloísio Brandão. Conselho Federal de Farmácia. O farmacêutico nas terapias 
alternativas. Pharmacia Brasileira, Brasília, v. 53, p.45-46, maio 2006. Disponível em: 
<http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/14/45a46.pdf>. Acesso em: 01 set. 2015. 
 
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. . A Fitoterapia no SUS e o Programa de Pesquisas de Plantas 
Medicinais da Central de Medicamentos. 2006. Disponível em: 
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/fitoterapia_no_sus.pdf>. Acesso em: 03 set. 2015. 
 
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. . Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares 
no SUS. 2006. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pnpic.pdf>. Acesso em: 03 
set. 2015. 
 
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. . Política Nacional de Práticas Integrativas e 
Complementares. 2015. Disponível em: 
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_praticas_integrativas_complementares_
2ed.pdf>. Acesso em: 03 set. 2015. 
 
 ESPÍRITO SANTO. SECRETARIA DA SAÚDE DO ESPÍRITO SANTO. (Org.). Manual de Práticas 
Integrativas e Complementares no SUS. 2013. Disponível em: 
<http://www.saude.es.gov.br/download/SESA_MANUAL_PIC_VERSAO_FINAL.pdf>. Acesso em: 03 
set. 2015. 
 
GUTIERREZ, Márcia. Homeopatia no SUS. Pharmacia Brasileira, Brasília, v. 63, p. 9-16, jan. 2008. 
Entrevista concedida a Aloísio Brandão. 
 
MINAS GERAIS. CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DE MINAS GERAIS. . A IMPORTÂNCIA 
DO FARMACÊUTICO NO SUS. 2011. Disponível em: 
<http://www.crfmg.org.br/externo/profissional_empresa/downloads/2.pdf>. Acesso em: 03 set. 2015. 
 
 
Realização 
IV SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
Data: 29 a 30 DE OUTUBRO DE 2015 
PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERAPIA. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. Disponível em: 
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/plantas_medicinais_fitoterapia_pnpic.pdf>. Acesso em: 01 set. 
2015. 
 
TALITA FIGUEIREDO (São Paulo). O Estadão. Cresce procura por terapia alternativa na rede 
pública. 2010. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/geral,cresce-procura-por-terapia-
alternativa-na-rede-publica,491731>. Acesso em: 07 set. 2015.

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