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Nome do Treinamento Motores Elétricos Eletromagnetismo - Introdução O magnetismo, como qualquer forma de energia, é originado na estrutura física da matéria, ou seja, no átomo. O elétron gira sobre seu eixo (spin eletrônico) e ao redor do núcleo de um átomo (rotação orbital) como mostra a figura abaixo. Eletromagnetismo - Introdução Na maioria dos materiais, a combinação entre direção e sentido dos efeitos magnéticos gerados pelos seus elétrons é nula, originando uma compensação e produzindo um átomo magneticamente neutro. Porém, pode acontecer uma resultante magnética quando um número de elétrons gira em um sentido e um número menor de elétrons gira em outro sentido. Assim, muitos dos elétrons dos átomos dos ímãs girando ao redor de seus núcleos em direções determinadas e em torno de seus próprios eixos, produzem um efeito magnético em uma mesma direção que resulta na expressão magnética externa. Esta expressão é conhecida como campo magnético permanente e é representado pelas linhas de campo. Campo Magnético e Linhas de Campo Magnético Campo magnético é a região ao redor de um imã, na qual ocorre uma força magnética de atração ou de repulsão. O campo magnético pode ser definido pela medida da força que o campo exerce sobre o movimento das partículas de carga, tal como um elétron. A representação visual do campo é feita através de linhas de campo magnético, também conhecidas por linhas de indução magnética ou linhas de fluxo magnético, que são linhasenvoltórias imaginárias fechadas, que saem do pólo norte e entram no pólo sul. A Figura abaixo mostra as linhas de campo representando visualmente o campo magnético. Campo Magnético e Linhas de Campo Magnético Assim, as características das linhas de campo magnético: • são sempre linhas fechadas: saem e voltam a um mesmo ponto; • as linhas nunca se cruzam; • fora do ímã, as linhas saem do pólo norte e se dirigem para o pólo sul; • dentro do ímã, as linhas são orientadas do pólo sul para o pólo norte; • saem e entram na direção perpendicular às superfícies dos pólos; • nos pólos a concentração das linhas é maior: quanto maior concentração de linhas, mais intenso será o campo magnético numa dada região. Campo Magnético e Linhas de Campo Magnético Se dois pólos diferentes de ímãs são aproximados haverá uma força de atração entre eles, as linhas de campo se concentrarão nesta região e seus trajetos serão completados através dos dois ímãs. Se dois pólos iguais são aproximados haverá uma força de repulsão e as linhas decampo divergirão, ou seja, serão distorcidas e haverá uma região entre os ímãs onde o campo magnético será nulo. Estas situações estão representadas na Figura abaixo. Campo Magnético e Linhas de Campo Magnético No caso de um imã em forma de ferradura, as linhas de campo entre as superfícies paralelas dispõem-se praticamente paralelas, originando um campo magnético uniforme. No campo magnético uniforme, todas as linhas de campo têm a mesma direção e sentido em qualquer ponto. A Figura abaixo mostra essa situação. Na prática, dificilmente encontra-se um campo magnético perfeitamente uniforme. Entre dois pólos planos e paralelos o campo é praticamente uniforme se a área dos pólos for maior que a distância entre eles, mas nas bordas de um elemento magnético há sempre algumas linhas de campo que não são paralelas às outras. Estas distorções são chamadas de espraiamento. Fluxo Magnético O fluxo magnético, simbolizado por φ, é definido como a quantidade de linhas de campo que atingem perpendicularmente uma dada área, como mostra a Figura 5. A unidade de fluxo magnético é o Weber (Wb), sendo que um Weber corresponde a 1x108 linhas do campo magnético. Densidade de Campo Magnético Densidade de campo magnético, densidade de fluxo magnético ou simplesmente campo magnético, cuja unidade Tesla (T), é uma grandeza vetorial representada pela letra B e é determinada pela relação entre o fluxo magnético e a área de uma dada superfície perpendicular à direção do fluxo magnético. Assim: Densidade de Campo Magnético A direção do vetor B é sempre tangente às linhas de campo magnético em qualquer ponto, como mostra a Figura abaixo. O sentido do vetor densidade de campo magnético é sempre o mesmo das linhas de campo. Permeabilidade Magnética Se um material não magnético, como vidro ou cobre, for colocado na região das linhas de campo de um ímã, haverá uma imperceptível alteração na distribuição das linhas de campo. Entretanto, se um material magnético, como o ferro, for colocado na região das linhas de campo de um ímã, estas passarão através do ferro em vez de se distribuírem no ar ao seu redor porque elas se concentram com maior facilidade nos materiais magnéticos, como mostra a Figura abaixo. Este princípio é usado na blindagem magnética de elementos (as linhas de campo ficam concentradas na carcaça metálica não atingindo o instrumento no seu interior) e instrumentos elétricos sensíveis e que podem ser afetados pelo campo magnético.. Permeabilidade Magnética Portanto, um material na proximidade de um ímã pode alterar a distribuição das linhas de campo magnético. Se diferentes materiais com as mesmas dimensões físicas são usados, a intensidade com que as linhas são concentradas varia. Esta variação se deve a uma grandeza associada aos materiais chamada permeabilidade magnética, μ. A permeabilidade magnética de um material é uma medida da facilidade com que as linhas de campo podem atravessar um dado material. A permeabilidade magnética do vácuo, μ0 vale: Permeabilidade Magnética A permeabilidade magnética de todos os materiais não magnéticos, como o cobre, alumínio, madeira, vidro e ar é aproximadamente igual à permeabilidade magnética do vácuo. Os materiais que têm a permeabilidade um pouco inferior à do vácuo são chamados materiais diamagnéticos. Aqueles que têm a permeabilidade um pouco maior que a do vácuo são chamados materiais paramagnéticos. Materiais magnéticos como o ferro, níquel, aço, cobalto e ligas desses materiais têm permeabilidade de centenas e até milhares de vezes maiores que o vácuo. Esses materiais são conhecidos como materiais ferromagnéticos. A relação entre a permeabilidade de um dado material e a permeabilidade do vácuo é chamada de permeabilidade relativa, assim: Permeância A permeância é o inverso da relutância e será dada pelas seguintes fórmulas: Relutância Magnética A relutância magnética é a medida da oposição que um meio oferece ao estabelecimento e concentração das linhas de campo magnético. A relutância magnética é determinada pela equação: Relutância Magnética A relutância magnética é uma grandeza análoga à resistência elétrica (R) que pode ser determinada pela equação que relaciona a resistividade e as dimensões de um material: Podemos notar que a resistência elétrica e a relutância magnética são inversamente proporcionais à área, ou seja, maior área menor resistência ao fluxo de cargas elétricas e ao fluxo de linhas de campo. Estas grandezas são diretamente proporcionais ao comprimento do material. Entretanto a relutância é inversamente proporcional à permeabilidade magnética, enquanto a resistência é diretamente proporcional à resistividade elétrica. Materiais com alta permeabilidade, como os ferromagnéticos, têm relutâncias muito baixas e, portanto, proporcionam grande concentração das linhas de campo magnético. Relutância Magnética Quando dois materiais de permeabilidades diferentes apresentam-se como caminho magnético para as linhas do campo, estas se dirigem para o de maior permeabilidade. Isto é chamado de princípio da relutância mínima. Na Figura abaixo, podemos perceber que o ferro, de alta permeabilidade, representa um caminho magnético de menor relutância para as linhas de campo, concentrando-as.Já o vidro, de baixa permeabilidade, não proporciona grande concentração das linhas de campo. Isso representa um caminho magnético de alta relutância. Lei de Ohm para Circuitos Magnéticos Fazendo uma analogia com a Lei de ohm, é possível calcular a fmm , considerando um circuito magnético fechado (fonte CA, bobina e núcleo de ferro), onde: Força Magnetomotriz (fmm) representa a fem (força eletromotriz); Relutância Magnética (R) representa R (resistência elétrica) e Fluxo Magnético (Φ) representa I (corrente elétrica). Aplicando a lei de ohm teremos a seguinte fórmula: FENÔMENOS ELETROMAGNÉTICOS Descoberta de Oersted Em 1820, um professor e físico dinamarquês chamado Hans Christian Oersted observou que uma corrente elétrica era capaz de alterar a direção de uma agulha magnética de uma bússola. Para o experimento mostrado na Figura 10, quando havia corrente elétrica no fio, Oersted verificou que a agulha magnética se movia, orientando-se numa direção perpendicular ao fio, evidenciando a presença de um campo magnético produzido pela corrente. Este campo originava uma força magnética capaz de mudar a orientação da bússola. Este campo magnético de origem elétrica é chamado de campo eletromagnético. Interrompendo-se a corrente, a agulha retornava a sua posição inicial, ao longo da direção norte-sul. Campo Magnético criado por Corrente Elétrica No mesmo ano que Oersted comprovou a existência de um campo magnético produzido pela corrente elétrica, o cientista francês André Marie Ampère, preocupou-se em descobrir as características desse campo. Nos anos seguintes, outros pesquisadores como Michael Faraday, Karl Friedrich Gauss e James Clerk Maxwell continuaram investigando e desenvolveram muitos dos conceitos básicos do eletromagnetismo. As linhas de campo magnético são linhas envoltórias concêntricas e orientadas, como mostra a Figura abaixo. O sentido das linhas de campo magnético produzido pela corrente no condutor é dada pela Regra de Ampère. A Regra de Ampère, também chamada de Regra da Mão Direita é usada para determinar o sentido das linhas do campo magnético, considerando-se o sentido convencional da corrente elétrica. Regra de Ampère – Regra da Mão Direita Com a mão direita envolvendo o condutor e o polegar apontando para o sentido convencional da corrente elétrica, os demais dedos indicam o sentido das linhas de campo que envolvem o condutor Para a representação do sentido das linhas de campo ou de um vetor qualquer perpendicular a um plano (como o plano do papel) utiliza-se a seguinte simbologia: Regra de Ampère – Regra da Mão Direita O campo magnético gerado por um condutor percorrido por corrente pode ser representado por suas linhas desenhadas em perspectiva, ou então com a simbologia estudada, como mostra a Figura abaixo. Fontes de Campo Magnético Além dos ímãs naturais (magnetita) e os ímãs permanentes feitos de materiais magnetizados, é possível gerar campos magnéticos através da corrente elétrica em condutores. Se estes condutores tiverem a forma de espiras ou bobinas, pode-se gerar campos magnéticos muito intensos. Campo Magnético gerado em torno de um Condutor Retilíneo A intensidade do campo magnético gerado em torno de um condutor retilíneo percorrido por corrente elétrica depende da intensidade dessa corrente. Uma corrente intensa produzirá um campo intenso, com inúmeras linhas de campo que se distribuem até regiões bem distantes do condutor. Uma corrente menos intensa produzirá poucas linhas numa região próxima ao condutor, conforme mostrado na figura abaixo. Campo Magnético gerado em torno de um Condutor Retilíneo O vetor B que representa a densidade de campo magnético ou densidade de Fluxo em qualquer ponto, apresenta direção sempre tangente às linhas de campo no ponto considerado. Isso pode ser comprovado pela observação da orientação da agulha de uma bússola em torno de um condutor percorrido por corrente elétrica, como mostra a figura abaixo. Campo Magnético gerado em torno de um Condutor Retilíneo A densidade de campo magnético B num ponto p considerado, é diretamente proporcional à corrente no condutor, inversamente proporcional à distância entre o centro do condutor e o ponto e depende do meio, conforme mostrado na equação matemática: Campo Magnético gerado no centro de uma Espira Circular Um condutor em forma de espira circular quando percorrido por corrente elétrica é capaz de concentrar as linhas de campo magnético no interior da espira. Isso significa que a densidade de campo magnético resultante no interior da espira é maior que a produzida pela mesma corrente no condutor retilíneo. Para a determinação do campo magnético no centro de uma espira circular, a regra da mão direita também é válida. O polegar indica o sentido da corrente elétrica na espira e os demaisdedos da mão direita, o sentido das linhas de campo magnético que envolvem o condutor da espira circular. Campo Magnético gerado no centro de uma Espira Circular Assim, para os campos magnéticos: Campo Magnético gerado no centro de uma Bobina Longa ou Solenoide Um solenoide é uma bobina longa obtida por um fio condutor isolado e enrolado em espiras iguais, lado a lado, e igualmente espaçadas entre si, como mostra a Figura 16. Quando a bobina é percorrida por corrente, os campos magnéticos criados em cada uma das espiras que formam o solenoide se somam, e o resultado final é idêntico a um campo magnético de um imã permanente em forma de barra. Podemos observar que as linhas de campo são concentradas no interior do solenoide. Campo Magnético gerado no centro de uma Bobina Longa ou Solenoide Entre duas espiras os campos se anulam pois têm sentidos opostos. No centro do solenoide os campos se somam e no interior do solenoide o campo é praticamente uniforme. Quanto mais próximas estiverem as espiras umas das outras, mais intenso e mais uniforme será o campo magnético. A densidade do campo magnético (densidade de fluxo magnético) no centro de um solenoide é expresso por: Força Magneto-Motriz A Força Magneto-Motriz (fmm) é definida como a causa da produção do fluxo no núcleo de um circuito magnético. Assim, a força magneto-motriz produzida por uma bobina é dada pelo produto Indução Eletromagnética Como visto, em 1820 Oersted descobriu que uma corrente elétrica produz campo magnético. A partir dessa descoberta, o inglês Michael Faraday e o americano Joseph Henry se dedicaram a obter o efeito inverso, ou seja, obter corrente elétrica a partir do campo magnético. A Figura abaixo mostra um dos dispositivos usados por Faraday, onde o enrolamento 1, chamado de primário, é uma bobina com N1 espiras de condutor isolado e está conectado, através de uma chave interruptora, à bateria (fonte de tensão contínua) que faz circular uma corrente contínua e esta gera um campo magnético. Este campo magnético é intensificado pois aslinhas de campo são concentradas pelo efeito caminho magnético do núcleo de material ferromagnético de alta permeabilidade. Indução Eletromagnética As linhas de campo geradas pelo enrolamento 1 passam por dentro do enrolamento 2, chamado de secundário, que é uma bobina com N2 espiras de condutor isolado. O secundário está monitorado por um galvanômetro que detecta qualquer corrente que circular no enrolamento. É importante salientar que não haja contato elétrico entre os enrolamentos primário e secundário e nem destes com o material do núcleo, pois são bobinas de condutores isolados. Em 1831, ao acionar sucessivas vezes a chave interruptora no circuito do enrolamento primário, Faraday fez as seguintes observações: • no momento em que a chave é fechada, o galvanômetro acusa uma pequena corrente de curta duração; • após a corrente cessar e durante o tempo em que a chave permanecerfechada, o galvanômetro não mais acusa corrente; • ao abrir a chave, o galvanômetro volta a indicar uma corrente de curta duração, em sentido oposto. Indução Eletromagnética Esses três momentos podem ser explicados da seguinte maneira: • enquanto o campo magnético criado pela corrente no enrolamento primário cresce é gerada uma corrente no enrolamento secundário, que ocorre logo após a chave ser fechada pois a corrente é crescente, sendo que quando o campo no enrolamento primário se estabiliza (se torna constante) a corrente cessa no enrolamento secundário; • enquanto o campo magnético permanece constante no enrolamento primário, não há corrente no enrolamento secundário; • enquanto o campo magnético diminui no enrolamento primário, é gerada uma corrente no enrolamento secundário, com sentido oposto à anterior, pois logo após a chave ser aberta o campo magnético se anula no enrolamento primário. Conclusão de Faraday “A simples presença do campo magnético não gera corrente elétrica. Para gerar corrente é necessário variar fluxo magnético.” O experimento de Faraday mostra que se numa região próxima a um condutor, bobina oucircuito elétrico houver uma variação de fluxo magnético, aparecerá nos seus terminais uma diferença de potencial (ddp), chamada de força eletromotriz induzida (fem) ou tensão induzida. Caso o circuito elétrico esteja fechado, esta força eletromotriz induzida fará circular uma corrente elétrica induzida. Conclusão de Faraday Michael Faraday enunciou a lei que rege este fenômeno, chamado de Indução Eletromagnética e que relaciona a tensão elétrica induzida (fem) devida à variação do fluxomagnético num circuito elétrico. A Lei de Faraday diz o seguinte: “Em todo condutor enquanto sujeito a uma variação de fluxo magnético é estabelecida uma força eletromotriz (tensão) induzida.” Conclusão de Faraday Assim, a Lei de Faraday diz que a tensão induzida em um circuito é igual ao resultado da taxa de variação do fluxo magnético no tempo e é dada pela divisão da variação do fluxo magnético pelo intervalo de tempo em que ocorre, com sinal trocado. Ou seja, quanto mais o fluxo variar num intervalo de tempo, tanto maior será a tensão induzida, que numa bobina é diretamente proporcional ao número de espiras: Exercícios 1) Qual a densidade de fluxo em teslas quando existe um fluxo de 600 Wb através de uma área de 0,0003 m²? 2) Calcule os ampéres-espira de uma bobina com 1.500 espiras e uma corrente de 4 mA. 3) Calcule a intensidade de campo de uma bobina com 40 espiras, 10 cm de comprimento e passando por ela uma corrente de 3A. 4) Uma bobina tem uma fmm de 500 Ae e uma relutância de 2 x 106 Ae/Wb. Calcule o fluxo total Φ. 5) Qual a densidade de fluxo de um núcleo contendo 20.000 linhas e uma área da secção reta de 5 cm² ? Máquinas Elétricas Rotativas Princípio da Conservação de Energia – “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794) Conceito de máquina elétrica: Conjunto de órgãos ou “sistema” destinados a promover a transformação de energia: “um sistema destinado a efetuar uma conversão de forma de energia em que pelo menos uma das formas é elétrica”. Esta transformação pode ser: • de um tipo noutro (ex: energia elétrica em energia térmica); • dentro de mesmo tipo de energia, uma alteração das suas características físicas (ex: energia elétrica em elétrica, transformador). Máquina Elétrica Elementar Sua estrutura é composta por dois circuitos elétricos independentes e um circuito magnético. Todas as outras máquinas são variantes, mais ou menos complexas, desta estrutura e podem ser deduzidas a partir dela. O funcionamento baseia-se nos seguintes princípios: • Qualquer condutor percorrido por uma corrente elétrica cria em seu redor um campo magnético; • Se um condutor se movimenta em um campo magnético fica submetido a uma DDP; • Se um condutor for imerso em um campo magnético variável no tempo, este fica submetido a uma DDP; • Um condutor, percorrido por uma corrente elétrica e imerso num campo magnético, fica submetido a uma força. Classificação das Máquinas Elétricas As máquinas eléctricas podem ser classificadas quanto à função que exercem: • Transformação de energia mecânica em energia eléctrica – Geradores; • Transformação de energia eléctrica em energia mecânica – Motores; • Transformação de tensão/corrente eléctrica – Transformadores (máquina estática). Considerando o seu princípio de funcionamento, podemos dividir as máquinas rotativas da seguinte maneira: Rotor/Estator e Indutor/Induzido Nas máquinas rotativas, existe sempre uma parte fixa - estator - e uma parte móvel - rotor. Nos geradores, o movimento de rotação do rotor provoca o aparecimento de uma f.e.m. no estator. Nos motores, a aplicação de uma f.e.m. ao estator provoca o movimento de rotação do rotor. Costumam também utilizar-se os termos indutor e induzido para representar a causa e o efeito, respectivamente, de um gerador ou de um motor. No caso dos motores, o indutor é o estator, provocando uma força de rotação induzida no rotor (sendo este o induzido). Motores de Corrente Contínua (CC) Na prática, enquanto os pequenos motores utilizam um íman permanente (ou magneto) para produzir o campo, em motores de maior potência o campo é produzido recorrendo a um eletroímã. O rotor é ligado a um comutador (coletor) que está dividido em dois semi-anéis (segmentos de coletor. O propósito do comutador é o de inverter a corrente na apropriada fase de rotação de forma a que o binário desenvolvido seja sempre na mesma direcção. A corrente é fornecida, recorrendo a uma bateria, aos segmentos de coletor, recorrendo a um par de escovas que estão encostadas ao coletor por intermédio de molas. Motor de Indução Trifásico ou Assíncrono Trifásico O motor de indução trifásico é todo motor elétrico em que o rotor gira, devido à indução do efeito eletromagnético do estator. O rotor gira com velocidade menor do que o efeito eletromagnético criado pelo estator. O termo assíncrono utiliza-se pois a velocidade de rotação do rotor não é igual à velocidade de rotação do campo girante criado pelo estator, isto é, o movimento do rotor não é síncrono com o movimento do campo girante do estator. O termo indução utiliza-se pois o movimento de rotação do rotor é o resultado do aparecimento de f.e.ms. induzidas no rotor. Princípio de Funcionamento O motor de indução é um motor que baseia o seu princípio de funcionamento na criação de um campo magnético rotativo. A partir da aplicação de tensão alternada (trifásica, usualmente) no estator, consegue produzir-se um campo magnético rotativo - campo girante - que atravessa os condutores do rotor. Este campo magnético variável induz no rotor f.e.m. que, por sua vez, criam o seu próprio campo magnético girante. Este campo magnético girante criado pelo rotor, ao tender a alinhar-se com o campo girante do estator, produz um movimento de rotação no rotor. A velocidade de rotação do rotor é ligeiramente inferior à velocidade de rotação do campo girante do estator, não estando por isso o rotor sincronizado com esse campo girante. Estator e Rotor Este motor tem um estator do tipo do alternador e que constitui o indutor. O rotor, que será o induzido, pode apresentar-se de duas formas: • Rotor em Curto-Circuito (ou em Gaiola de Esquilo); • Rotor Bobinado. Rotor em Curto-Circuito (ou em Gaiola de Esquilo) O enrolamento do rotor consiste em barras condutoras dispostas ao longo do rotor e em todo o seu perímetro, curto-circuitadas nas extremidades por anéis condutores. Utiliza-se o termo Gaiola de Esquilo pois o rotor assemelha-se às gaiolas em que os esquilos brincam, quando em cativeiro. Estas barras são geralmente de alumínio maspodem também ser de cobre ou outro condutor. Este é o motor mais comum hoje em dia pois tem diversas vantagens relativamente ao motor de rotor bobinado e aos motores de corrente contínua, nomeadamente o facto de não ter anéis coletores nem escovas. Rotor Bobinado O enrolamento do rotor é similar ao enrolamento do estator. Este tipo de motor tem também anéis coletores e escovas que, ao conduzirem a corrente gerada no rotor para o exterior, permitem, através de resistências variáveis, limitar a corrente no arranque e controlar a velocidade de rotação do motor. Partes Constituintes do Estator No estator, temos as seguintes peças: carcaça, núcleo, bobinado e placa de bornes. Partes Constituintes do Rotor No rotor temos as seguintes peças: mancais, tampas, eixo, núcleo do rotor, gaiola de esquilo, ventilador. Fechamento de Bobinas de um Motor de Indução Trifásico O motor de indução trifásico possui 3, 6, 9 e 12 pontos e através da tensão da rede elétrica, serão feitos os seus respectivos fechamentos: triângulo (Δ) e estrela (Y). Obs: falaremos do motor de indução trifásico de 6 e 12 pontas. Fechamento de Bobinas de um Motor de Indução Trifásico de 6 Pontas em Triângulo (Δ) – 220V Fechamento de Bobinas de um Motor de Indução Trifásico de 6 Pontas em Estrela (Y) – 380V Fechamento de Bobinas de um Motor de Indução Trifásico de 12 Pontas em Duplo Triângulo (ΔΔ) – 220V Fechamento de Bobinas de um Motor de Indução Trifásico de 12 Pontas em Dupla Estrela (YY) – 380V Fechamento de Bobinas de um Motor de Indução Trifásico de 12 Pontas em Triângulo em Série (Δ) – 440V Fechamento de Bobinas de um Motor de Indução Trifásico de 12 Pontas em Estrela em Série (Y) – 760V Motor de um Bobinado com Ligações Tipo Dahlander Além dos motores de um bobinado com 3,6,9 ou 12 bornes, existe um tipo de motor com um bobinado, com ligações internas diferentes, chamadas de ligações tipo Dahlander. Estas ligações são idênticas às citadas anteriormente, porém modificam a rotação do motor. O motor de um bobinado com ligações tipo Dahlander difere na maneira de ligar o bobinado e na identificação dos bornes. O aspecto do motor com ligação tipo Dahlander é o mesmo do motor com um bobinado, porém eles só podem ser ligados para um único valor de tensão e suas rotações são diferentes: ou baixa, ou alta rotação. Normalmente, este tipo de motor vem com uma placa de seis bornes, identificados por letras e índices, conforme figura abaixo. Motor de Rotor Bobinado ou Motor de Anéis O estator do motor bobinado é idêntico ao do motor em curto-circuito. A diferença está principalmente no rotor. Veja abaixo as ilustrações dos rotores, para as comparações necessárias. O bobinado do rotor é ligado em estrela, conforme o esquema abaixo. Motor de Rotor Bobinado ou Motor de Anéis O rotor bobinado tem seus anéis ligados à placa de bornes do estator através de uma conexão especial, pois os anéis giram com o rotor, mas a placa de bornes não é giratória. Esta conexão especial é feita através de “escovas” ou carvão mineral (carvão mineral é o mesmo material empregado na fabricação de grafite para lápis). O carvão mineral (escova) é um material macio e condutor de corrente elétrica, que permite o contato entre os anéis do rotor e os bornes da placa. Veja as ilustrações abaixo. As ligações do estator são as mesmas do motor de um bobinado com placa de seis bornes, permitindo normalmente as ligações em (Y) estrela (380V) e (Δ) triângulo (220V). Motor de Rotor Bobinado ou Motor de Anéis Além dos seis bornes do bobinado do estator, existem mais três bornes do rotor, ficando a placa do motor de rotor bobinado com nove bornes, assim identificados: (X1 – X2 – X3) ou (R– R– R). Motor de Rotor Bobinado ou Motor de Anéis Os bornes (X1 –X2 – X3) da placa não são ligados aos condutores de fases (R– S– T). Eles são ligados a um dispositivo chamado de reostato, que tem a função exclusiva de fazer variar a rotação do motor. O reostato é, então, um dispositivo de controle de velocidade do motor de rotor bobinado. É composto por três conjuntos de resistores ligados aos contatos fixos do reostato. Ao girar os contatos móveis, aumenta-se ou diminui-se a rotação do motor. Veja a ilustração abaixo, com a ligação do estator, anéis e reostato. Os bornes (X1 –X2 – X3) são ligados aos terminais dos extremos de cada conjunto de resistores do reostato. Características Nominais do Motor de Indução Trifásico As características do motor de indução estão contidas na sua placa de identificação. Quando um fabricante projeta um motor, usa certos valores, de acordo com: – as características da rede que irá fornecer energia elétrica ao motor; – o tipo de máquina que o motor fará funcionar; – as condições em que o motor irá funcionar, etc. Esses valores característicos dos motores vêm escritos na placa de dados. Nela estão indicados, de maneira direta ou indireta, todas as informações básicas necessárias para aplicação daquele motor. Veja uma destas placas na figura ao lado. Existem normas que padronizam as informações contidas nas placas de características nominais dos motores elétricos. Estas normas podem ser ABNT – IEC – NEMA – etc. Tensão Nominal (V) A tensão nominal do motor de indução trifásico é o valor da tensão da rede para qual o motor foi projetado, para que possa funcionar normalmente sem se aquecer em excesso. O isolamento do motor é feito baseado na tensão nominal do motor. Por isso, antes de ligar um motor à rede, veja primeiro se a tensão nominal da rede está de acordo com a tensão nominal do motor. Conforme já foi visto no estudo das ligações dos motores de indução trifásicos, eles podem ter 3, 6, 9 ou 12 bornes, que permitem a adaptação de um mesmo motor para diversos valores da rede. Corrente Nominal (A) A corrente nominal do motor é o valor da corrente elétrica que circula em cada um dos condutores de fases (R –S–T) quando o motor está funcionando a plena carga. Diz-se que um motor está funcionando a plena carga, quando ele movimenta uma máquina que exige toda a sua capacidade. Assim como a tensão nominal, a corrente nominal também pode ter mais de um valor, dependendo da tensão nominal da rede. Frequência Nominal (Hz) Como o motor de indução é ligado em corrente alternada (ca), é necessário que se indique o valor da freqüência da corrente alternada em que o motor deve funcionar. A freqüência é dada em Hz. A freqüência nominal dos motores é estabelecida de acordo com o núcleo e o bobinado. Por isso, antes de ligar um motor de indução à rede, veja primeiro se a freqüência nominal do motor está de acordo com a freqüência nominal da rede. Potência Nominal (cv, HP ou KW) A potência nominal é o valor da capacidade do motor em fazer movimentar uma máquina. Este valor é dado em cavalo-vapor (cv) ou em quilowatt(kW), que é um múltiplo da unidade de medida da potência elétrica ou horse-power (HP). Como o motor transforma a energia elétrica em energia mecânica, a potência nominal de um motor pode ser dada em potência elétrica(kW) ou em potência mecânica(cv ou HP). Velocidade Nominal (rpm) A velocidade nominal é o valor da rotação do rotor, medido em cada minuto, ou seja, é o número de rotações por minuto (rpm) do rotor, sob tensão, frequência e potência nominais do motor. O motor de indução é chamado também de motor assíncrono, conforme já se estudou no início deste capítulo. A rotação do rotor é devida à indução do efeito eletromagnético do bobinado do estator. Quando o motor está funcionando, o efeito criado pelo bobinado do estator é dividido em pólos eletromagnéticos. Portanto, o rotor gira de acordo com o número de pólos do motor. Para que o motor tenha força suficiente para movimentar as máquinas, é necessárioque o rotor gire com velocidade um pouco menor que o efeito eletromagnético. Por isso, ele é chamado de motor assíncrono. Quando o motor está sem carga, a rotação do rotor é praticamente igual à rotação do efeito eletromagnético criado pelo estator. Além do número de pólos, a rotação do motor depende da freqüência nominal do motor, pois aumentando a frequência, aumenta a rotação do motor. Assim fica claro que a rotação do motor depende do número de pólos e do valor da frequência nominal. Velocidade Nominal (rpm) A tabela abaixo relaciona o número de pólos (p), o número de rotações por minuto (rpm) e a freqüência (F) dos motores de indução trifásicos. Classe de Isolamento (Isol.Cl) A classe de isolamento está relacionada com o isolamento e a temperatura do bobinado dos motores. É o máximo de temperatura com que um motor pode funcionar, sem deixar que o bobinado se queime. Este valor é dado por letras, que indicam a temperatura medida em graus Celsius. Cada letra indica um valor de classe de isolamento, padronizada pela ABTN. Tabela de Classes de isolamento de motores, quanto à temperatura (para motores de potência nominal abaixo de 5000cv). Fator de Serviço (FS) O fator de serviço é um valor pré- estabelecido pela fábrica de motores que, multiplicado pela potência nominal do motor, lhe garante um funcionamento normal, caso haja um aumento na potência exigida pela máquina. Em outras palavras, o fator de serviço é uma reserva de potência que dá ao motor uma capacidade de suportar melhor o funcionamento, caso haja um aumento na potência exigida pela máquina. O fator de serviço varia de 1,0 a 1,5. Grau de Proteção (IP) O grau de proteção de um motor é um código, padronizado pela ABNT, formado das letras IP, seguidas de um número de dois algarismos, que define o tipo de proteção do motor contra a entrada de água, pó ou objetos estranhos. O código citado é válido para todo equipamento elétrico. Vejamos como decifrar o código do grau de proteção contra penetração de corpos sólidos estranhos e contra contatos acidentais. Vejamos como decifrar o código do grau de proteção contra penetração de corpos sólidos estranhos e contra contatos acidentais. Este código vem escrito da seguinte forma: Regime de Trabalho (Reg.) O regime de trabalho de um motor é uma característica que prevê o grau de regularidade da carga a que o motor é submetido, ou seja, se o motor é ligado a todo instante, se o motor é ligado e a carga é constante durante todo o tempo em que o motor está funcionando, ou se a carga mínima varia a cada instante. O regime de trabalho de um motor pode ser contínuo ou alternado. Normalmente, os motores são fabricados para um regime contínuo, ou seja, para cargas constantes durante todo o tempo. Caso se deseje um motor com regime de trabalho alternado, o comprador deve encomendar este motor, indicando todos os dados das variações de regime que ele deseja. Vamos citar apenas os mais comuns, para exemplificar, pois são vários os tipos de regime. Os regimes de trabalho são identificados por símbolos alfa- numéricos, segundo o seguinte critério: a – Regime Contínuo (S1) – Funcionamento a carga constante. b – Regime de Tempo Limitado (S2) – Funcionamento alternado (funciona por alguns instantes, depois para, volta a funcionar, para, etc.), sendo que não há tempo definido de funcionamento ou parada. c – Regime Intermitente Periódico (S3) – Funcionamento alternado (porém, com tempo definido de funcionamento e parada). Exercícios 1) Quais os componentes principais de um motor trifásico de Corrente Alternada? 2) Qual a diferença de um rotor em gaiola e um rotor bobinado? 3) Qual ou quais os dispositivos que podem ser ligados aos anéis coletores do rotor bobinado? 4) Para que serve os resistores ligados aos anéis coletores de um rotor bobinado? 5) Faça o fechamento de bobinas de um motor de indução trifásico de 6 pontas em 220V e um de 12 pontas em 440V. Número de Pólos, Velocidade de Sincronismo (n) As bobinas do estator estão dispostas de tal forma, que o campo magnético criado gira ao longo do estator. A velocidade de rotação do campo girante é constante e é denominada velocidade de sincronismo. Se o rotor girasse síncrono com o campo, a sua velocidade seria: Escorregamento ou Deslizamento (S) Num motor de indução, a velocidade de rotação do rotor é diferente da velocidade de sincronismo. Este facto deve-se a que tem de existir uma diferença de velocidades entre o rotor e o campo girante do estator. Se o rotor girar à mesma velocidade do campo girante, deixaria de existir movimento relativo, deixando de existir correntes induzidas no rotor, o que implicaria a não existência de força (binário) induzida no rotor. A esta diferença de velocidades dá-se o nome de deslizamento - s (ou escorregamento) e pode ser calculado por: Escorregamento ou Deslizamento O deslizamento do motor dependerá de: • Perdas mecânicas por atrito (apoios e rolamentos) e arrastamento (ar) • Carga imposta Quando o motor roda em vazio, o deslizamento é muito pequeno, pois o binário necessário é mínimo (apenas o suficiente para suportar as perdas mecânicas). À medida que o pedido de carga vai aumentando, o deslizamento vai aumentando, até que no limite o binário (resistente) é tanto que o motor não roda e s = 1. Quando maior o motor, menos deslizamento ele tem. Valores típicos para o deslizamento são da ordem de 0.5% em vazio e entre 3% a 5% à sua carga nominal (plena carga), dependendo do tipo de motor. Para dar uma ideia das velocidades envolvidas, apresenta-se a seguinte tabela para um deslizamento de 5% à plena carga: Rendimento ou Eficiência (η) É também muito importante referir que o deslizamento está intimamente relacionado com o rendimento do motor. De facto, quanto maior o deslizamento, maiores as perdas, sendo menor o rendimento do motor. O deslizamento à plena carga dá uma ideiado rendimento do motor (η ≤ 100% - s). O rendimento de um motor é tanto maior quanto maior a sua potência (o deslizamento diminui com a potência). Valores típicos de rendimento para motores de indução trifásicos de rotor em curto-circuito são de 80% para um motor de 0.75 kW, 95% para potências de 100 kW e mais de 98% para motores de grandes potências. Obviamente que quanto mais a velocidade de rotação se aproximar da velocidade de sincronismo, melhor será o rendimento do motor (menor é o deslizamento). Binário (T) O binário motor à plena carga pode ser conhecido, se forem conhecidas a potência e a velocidade à plena carga, pela expressão abaixo. A unidade do binário T é o Newton.Metro (N.m), a unidade da potência P é o KiloWatt (KW) e a unidade da velocidade de rotação n é rotações por minuto (rpm). Quando o motor roda à plena carga, o binário desenvolvido pelo motor será igual ao binário necessário para manter a carga a rodar àquela velocidade. Durante o arranque, contudo, o binário desenvolvido pelo motor terá de ser superior ao imposto pela carga, caso contrário o motor não acelera. Arranque A maior parte dos motores de indução são suficientemente robustos para arrancarem diretamente da rede, isto é, acelerarem a carga desde parado até à velocidade nominal, estando aplicada a tensão nominal. No entanto, durante a fase inicial de arranque, o arranque direto implica um consumo de corrente cinco a sete vezes superior à corrente nominal do motor. A elevada corrente no arranque direto poderá ter efeitos nocivos: • Para o motor O excesso de corrente causa sobreaquecimento, podendo deteriorar os isolamentos. • Para a instalação eléctrica. Ou é dimensionada para estes valores de corrente, ou poderão “disparar” os dispositivos de proteção (relês ou fusíveis). Uma apreciável queda de tensão na linha poderá afetar o funcionamento de outros equipamentos alimentados pela mesma linha. ArranquePoderão então existir casos em que é necessário um método de arranque alternativo, baseando-se todos na redução da tensão de alimentação: • Arranque por reóstato: uma resistência variável é introduzida em série com o enrolamento do estator. Método antieconómico, devido às perdas por Efeito de Joule no reóstato. • Arranque por transformador ou autotransformador: é utilizado um transformador ou um autotransformador trifásico para auxiliar o arranque por variação da tensão de alimentação. Dispendioso, dado o preço do transformador. • Arranque estrela-triângulo: um comutador liga o estator em estrela, inicialmente e, após uma certa velocidade, comuta a ligação para triângulo, aumentando a tensão aplicada a cada um dos enrolamentos. Antes da utilização dos conversores electrónicos era o método de arranque mais comum. • Arranque por conversor eletrônico de potência: o mesmo equipamento de controle controla a velocidade e o arranque do motor. Os motores de rotor bobinado tem também a possibilidade de poderem ser arrancados (e controlar a velocidade) por introdução de uma resistência rotórica, na fase de arranque. Controle de Velocidade O controle de velocidade dos motores de indução (de rotor em curto-circuito) poderá ser efectuado por diversos métodos: • Variação do número de pólos (do estator) Neste método, os enrolamentos do estator são projetados de forma que, alterando as ligações das bobinas, o número de pólos possa ser alterado nas relações 2:1, 4:1, etc. Podem obter- se várias velocidades, apesar de ser um método robusto e eficiente, tem as desvantagens de só se poderem obter velocidades discretas e de que o estator é mais complexo, aumentando o custo do motor. Controle de Velocidade • Variação da Frequência Ao observar a expressão da velocidade de sincronismo, verifica-se que esta é proporcional à frequência da tensão de alimentação. Para a tensão da rede eléctrica nacional, esta frequência é fixa (50 Hz), exigindo um dispositivo electrónico que forneça uma tensão com frequência variável - um conversor electrónico de potência. Estes dispositivos normalmente fornecem uma tensão proporcional à variação da frequência por forma a manter o binário constante. Com a ajuda de um inversor (conversor CC/CA) é também possível obter uma tensão/frequência variável a partir de uma fonte de alimentação contínua, como é o caso das baterias dos automóveis eléctricos, permitindo assim a utilização de um motor de indução num automóvel. Controle de Velocidade • Variação da Tensão de Alimentação A variação da tensão de alimentação poderá ser feita por um autotransformador ou por um conversor electrónico de potência. Sendo o binário motor proporcional ao quadrado da tensão aplicada, variando a tensão varia-se o binário disponível, logo a velocidade vai ser diferente. Este facto encontra-se descrito na figura seguinte. O motor ao ser alimentado por duas tensões (V1, V2) desenvolve duas curvas de binário (TM1, TM2). • Variação da Tensão e da Frequência de Alimentação Os sistemas modernos de controlo de velocidade baseados em conversores electrónicos de potência permitem controlar ao mesmo tempo a tensão e a frequência de alimentação, permitindo um mais adequado arranque e controlo de velocidade dos motores de indução. Travagem Regenerativa Embora possa parecer estranho à primeira vista, o motor de indução de rotor em curto-circuito pode também funcionar como um gerador, mesmo sabendo que o rotor não recebe qualquer energia eléctrica do exterior. Este fenómeno acontece pois, mesmodeixando de alimentar os enrolamentos do estator (caso da travagem), existe um magnetismo remanescente (campo magnético que permanece no núcleo ferromagnético do rotor) que, dado que o rotor está em rotação, induz uma f.e.m. nos enrolamentos do estator. O aparecimento desta f.e.m. faz com que o motor passe a fornecer energia ao sistema que antes lha fornecia (carregando as baterias no caso dos automóveis ou dando energia à rede no caso de outros veículos ligados à rede eléctrica). A f.e.m. induzida no estator é proporcional à velocidade de rotação do motor. Com a diminuição da velocidade, diminui o valor desta f.e.m., diminuindo o binário de travagem. Por este motivo, na fase final da travagem regenerativa é necessário ajudar esta “travagem eléctrica” com uma travagem mecânica. Exercícios 1) Determine a velocidade síncrona de um motor de 8 pólos, 60 Hz. 2) Quantos pólos devem possuir um motor AC para funcionar com 3600 RPM, 60 Hz. 3) Um motor com velocidade rotórica de 850 RPM, de 8 polos, 60 Hz. Qual o escorregamento percentual deste motor. 4) Um motor com escorregamento de 5%, 8 pólos, 60 Hz. Qual a velocidade do rotor deste motor. 5) Determine a corrente nominal de um motor trifásico de 50 HP – 440 V – cos φ = 0,88 – η = 0,95. 6) Determine a corrente nominal de um motor trifásico de 40 HP – 220 V – cos φ = 0,88 – η = 0,95. Manutenção de Motores Elétricos Industriais Os motores elétricos são responsáveis por grande parte da energia consumida nos segmentos onde seu uso é mais efetivo, como nas indústrias, onde representam em média mais de 50% do consumo de eletricidade dessas instalações. São, portanto, equipamentos sobre os quais é preciso buscar, prioritariamente, a economia de energia. Nos motores elétricos as operações de controle de materiais e equipamentos têm na sua maioria um efeito direto sobre o estudo mecânico e elétrico destes equipamentos, agindo direta ou indiretamente sobre seus rendimentos. Neste capítulo são apresentadas ações que, se adotadas pelos técnicos de manutenção, resultarão na melhoria do rendimento dos motores existentes em suas instalações, proporcionando economia de energia elétrica. Manutenção de Motores Elétricos Industriais Cabe ainda observar que 90% dos motores elétricos instalados são assíncronos com rotor em curto-circuito, sendo portanto este tipo de equipamento objeto da análise a seguir apresentada. A figura abaixo mostra as principais perdas que ocorrem nos motores elétricos assíncronos: Carregamento Conveniente dos Motores Um motor elétrico é dimensionado para fornecer um conjugado nominal Cn, a uma velocidade nominal Nn. Isto é, para uma potência nominal Pn, temos: Carregamento Conveniente dos Motores As perdas elétricas (ou perdas térmicas) variam com o quadrado do conjugado resistente (carga). Num motor bem dimensionado, o conjugado resistente deve ser menor que o conjugado nominal. Se for igual ou ligeiramente superior, o aquecimento resultante será considerável. Por outro lado, um motor "sub-carregado" apresente uma sensível redução no rendimento. O carregamento ideal deveria corresponder à carga do trabalho a ser efetuado, o que nem sempre é fácil de determinar. Se o trabalho exigido da máquina acionada apresente sobrecargas temporárias, a potência do motor deve ser ligeiramente superior à potência necessária. É importante limitar o crescimento das perdas, realizando adequada manutenção das máquinas e componentes mecânicos de acionamento, como por exemplo: regulagem das folgas, lubrificação adequada, verificação dos alinhamentos, etc. Carregamento Conveniente dos Motores Finalmente, devemos lembrar que motores individuais são geralmente mais econômicos em energia do que as transmissões múltiplas. A título de ilustração, apresentamos no quadro a seguir a diminuição do rendimento de um motor assíncrono trifásico de 75 CV, 4 pólos, em função do carregamento apresentado em regime normal de operação. Ventilação Adequada Nos motores auto-ventilados, o ar de resfriamento é fornecido por um ventilador interno ou externo acionado pelo eixo do motor. O fluxo de ar arrasta consigo poeira e materiais leves que obstruem aos poucos as aberturas ou canais e impedem a passagem do ar e a dispersão normal de calor, o que aumentafortemente o aquecimento do motor. Por outro lado, é comum encontrar nas indústrias motores instalados em espaços exíguos que limitam a circulação do ar, provocando aquecimentos excessivos. Nos motores que utilizam ventilação forçada externa, a parada do grupo motoventilador pode causar os mesmos problemas. Portanto, para assegurar o bom funcionamento das instalações, devem ser tomadas as seguintes precauções: • limpar cuidadosamente os orifícios de ventilação; • limpar as aletas retirando a poeira e materiais fibrosos; • cuidar para que o local de instalação do motor permita livre circulação de ar; • verificar o funcionamento do sistema de ventilação auxiliar e a livre circulação do ar nos dutos de ventilação. Controle de Temperatura Ambiente De forma geral, a temperatura limite suportada pelos isolantes do motor é calculada para o funcionamento num ambiente com temperatura de 40ºC. Portanto, é importante verificar e controlar a temperatura ambiente para não ultrapassar os valores para os quais o motor foi projetado. Cuidado com as Variações de Tensão O equilíbrio térmico de um motor é modificado quando a tensão de alimentação varia. Uma queda de tensão limita o fluxo do circuito magnético, reduzindo as perdas no ferro e a corrente em vazio. Porém, o conjugado motor deve superar o conjugado resistente, para impedir o aumento excessivo do escorregamento. Como o conjugado motor é função do produto entre o fluxo e a intensidade da corrente absorvida, se o fluxo diminui a intensidade da corrente aumenta. Com a corrente em carga aumentada pela queda de tensão, o motor se aquecerá, aumentando as perdas. Um aumento de tensão de alimentação terá efeitos mais limitados, uma vez que a corrente em vazio aumenta enquanto a corrente em carga diminui. Operação com Partidas e Paradas Bem Equilibradas Devem ser evitadas as partidas muito demoradas que ocorrem quando o conjugado motor é apenas ligeiramente superior ao conjugado resistente: a sobre intensidade de corrente absorvida, enquanto a velocidade nominal não é atingida, aquece perigosamente o motor. Da mesma forma, uma frenagem por contracorrente, ou seja, através de inversão do motor, representa, a grosso modo, o custo equivalente a três partidas. Em todos os casos, é fundamental assegurar-se que o conjugado de partida seja suficiente: - através da escolha de um motor adequado; - verificando se a linha de alimentação possui características necessárias para limitar a queda da tensão na partida; - mantendo a carga acoplado ao motor em condições adequadas de operação, de forma a não apresentar um conjugado resistente anormal. Partidas Muito Frequentes Quando o processo industrial exige partidas freqüentes, essa característica deve ser prevista no projeto do equipamento e o motor deve estar adaptado para trabalhar desta forma. Porém, em conseqüência de reguladores de algumas máquinas, pode ser necessário proceder a várias partidas num tempo relativamente curto, não permitindo que o motor esfrie adequadamente. A figura abaixo mostra que entre cada partida a curva de aquecimento tem sua origem e pico mais elevados e pode ultrapassar rapidamente o limite crítico de temperatura. Aconselha-se, durante essas regulagens, observar a temperatura do motor, proporcionando tempos de parada suficientes para que a temperatura volte a um valor conveniente. Degradação dos Isolantes Térmicos A vida útil de um isolante pode ser drasticamente reduzida se houver um sobreaquecimento representativo do motor. As principais causas da degradação dos isolantes são: sobretensão de linha, sobreintensidade de corrente nas partidas, depósito de poeira formando pontes condutoras, ataque por vapores ácidos ou gases arrastados pela ventilação. Para prevenir a degradação desses isolantes, recomendamos no quadro abaixo algumas medidas a serem tomadas: Fixação Correta dos Motores e Eliminação de Vibrações O motor standard é construído para funcionar com eixo horizontal. Para funcionamento com eixo vertical ou outras inclinações, o motor deve ser construído para esse fim, geralmente equipado com um mancal de encosto. Em poucas palavras, um motor nunca deve ser fixado numa inclinação qualquer de seu eixo sem que se tenha certeza de suas características próprias. Vibrações anormais causam uma redução no rendimento do motor: elas podem ser consequência de uma falha no alinhamento, de uma fixação insuficiente ou defeituosa do motor em sua base, de folgas excessivas dos mancais, ou ainda de um balanceamento inadequado nas partes giratórias. Para controlar este problema, podemos tomar algumas medidas preventivas, mostradas no quadro abaixo. Lubrificação Correta dos Mancais É importante saber que a uma temperatura de 40ºC, a vida útil de um rolamento de esferas em funcionamento contínuo pode ser de 3 a 4 anos ou mais. No entanto, para cada 10ºC de elevação da temperatura de trabalho a vida útil diminui, em média, 50%. A correta lubrificação dos rolamentos, além de permitir um melhoria de rendimento, evita a elevação da temperatura que prejudica a vida útil desses equipamentos. A lubrificação dos rolamentos é feita geralmente com graxa mineral. Quando as temperaturas de operação forem elevadas (de 120ºC a 150ºC) ou as velocidades de rotação forem acima de 1.500 rpm, usa-se óleo mineral para a lubrificação. Esses óleos devem ter características lubrificantes adequadas às condições de trabalho. Lubrificação Correta dos Mancais Nos motores de pequena potência, a lubrificação inicial na montagem é prevista de modo a assegurar um número elevado de horas de funcionamento. Às vezes, a reserva de graxa é suficiente para toda a vida útil do equipamento. Nos motores maiores há necessidade de lubrificação externa. A frequência de lubrificação depende do projeto dos mancais e das características dos lubrificantes utilizados. No quadro abaixo são apresentadas algumas recomendações que podem garantir maior vida útil para os rolamentos e um menor consumo de energia. Exemplos de Defeitos Mais Frequentes nos Motores Elétricos Exemplos de Defeitos Mais Frequentes nos Motores Elétricos Exemplos de Defeitos Mais Frequentes nos Motores Elétricos Exemplos de Defeitos Mais Frequentes nos Motores Elétricos Exemplos de Defeitos Mais Frequentes nos Motores Elétricos Exemplos de Defeitos Mais Frequentes nos Motores Elétricos Exemplos de Defeitos Mais Frequentes nos Motores Elétricos Exemplos de Defeitos Mais Frequentes nos Motores Elétricos Exemplos de Defeitos Mais Frequentes nos Motores Elétricos
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