Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TRABALHO DE DIREITO CIVIL II - OBRIGAÇÕES 1.Três dançarinas, Barbara; Gabriela e Nathália, devem solidariamente 300 mil reais a um famoso cantor de funk. Diante do fato posto responda de acordo com a situação exposta (situações não cumulativas): Uma das dançarinas, Barbara, se converteu seriamente a uma religião, e tem sua vida dedicada a ela. O cantor comovido por sua luta e por sua mudança revê o contrato e perdoa sua dívida. Agora ele, com pressa, exige os mesmos 300 mil reais de Nathália. Está certa sua cobrança? Explique. Não. Ao perdoar a dívida de Barbara, caracteriza-se a remissão da dívida. Logo, deve ser abatido o valor do perdoado a Barbara, que seriam 100 mil reais. Portanto, ele não pode exigir os mesmos 300 mil de Nathália, pois ela e Gabriela devem solidariamente apenas 200 mil reais. O que ele pode fazer é cobrar 200 mil reais de qualquer uma delas. CC, Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada. CC, Art. 388. A remissão concedida a um dos codevedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida. Nathália muito abalada pela situação gasta todo seu patrimônio em festas e bebidas, de modo a se tornar insolvente. Nesse caso, poderia o cantor exigir os mesmos 300 mil reais de Barbara? Sim, porque a obrigação é solidária. Então, pode ser exigida de qualquer dos devedores. Pelo fato de Nathália ter se tornado insolvente e pagando Barbara os 300 mil, ela poderá exigir que Gabriela lhe pague 150 mil. CC, Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores. O cantor, muito contente com a performance de Gabriela em sua turnê nacional, renuncia à sua solidariedade. Nesse caso, quanto ele exigiria de cada uma delas? Nesse caso, desfaz -se o vínculo de solidariedade de Gabriela, ou seja, o cantor pode exigir 100 mil reais dela, e os 200 mil reais restantes solidariamente de Barbara e Nathália. CC, Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais. 2. Joana, André e Fernanda eram devedores solidários de Rachel. A dívida em questão era um colar de diamantes no valor de 30 mil reais. Ocorre que André morreu deixando para seus dois herdeiros seu único patrimônio no valor de 2 mil reais, ou seja, mil reais para cada. Como Rachel poderá buscar sua dívida dos herdeiros de André? Como a dívida é divisível, Rachel só poderá exigir dos herdeiros a quota parte de cada um nos limites da herança, ou seja, mil reais de cada um, pois cessa a solidariedade em relação aos herdeiros. CC, Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. E, se no caso, André tivesse deixado para um de seus filhos, Daniel, o referido colar que deu origem a dívida. Poderá Rachel cobrá-lo inteiramente de Daniel? E como se resolveria a obrigação perante os outros devedores? Sim, Daniel pagaria com o colar e buscaria a quota parte do outro herdeiro. CC, Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor. 3. João e Maria firmam uma obrigação em que o primeiro se compromete a pagar o valor de R$800,00 (oitocentos reais) em troca de a segunda dar a ele seu celular ou sua câmera. Considere as situações a seguir, separadamente uma da outra. a) Antes da tradição, Maria briga com o namorado e joga seu celular na direção dele. O objeto atinge a parede e cai no chão destruído. Quais os desdobramentos jurídicos neste caso? Trata-se de uma obrigação alternativa, pois há pluralidade de prestações e para o cumprimento da obrigação, uma delas deve ser cumprida. Como não foi acordado quem deveria escolher a prestação a ser cumprida, a escolha cabe ao devedor, Maria. Houve perecimento da coisa e a escolha cabia ao devedor. Neste caso, a obrigação subsiste, devendo ser cumprida por meio da prestação que restou, no caso, a entrega da câmera. Importante notar que não importa se o perecimento foi por culpa ou não do devedor. CC, Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. CC, Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra. b) Certo dia, Maria resolve fazer um passeio ao Cristo Redentor e leva a câmera para registrar os momentos. Na volta, ela é assaltada e o bandido leva a câmera e também seu celular. Quais as consequências jurídicas deste ocorrido? Ambas as prestações se perderam e a escolha ainda é do devedor. Como Maria não teve culpa no perecimento de ambas as coisas, a obrigação está extinta. CC, Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação. c) Suponha agora que no momento em que firmaram a obrigação, ficou decidido que quem escolheria o objeto a ser entregue seria João. Mudaria alguma coisa nos casos anteriores? Explique. No primeiro caso, João terá direito a escolher ou a prestação subsistente ou o valor da que se perdeu, mais perdas e danos porque Maria foi culpada pelo perecimento da coisa. CC, Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos. No segundo caso, nada muda, pois Maria não foi culpada pela impossibilidade de cumprimento das prestações. Logo, não importa a quem cabia a escolha. CC, Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação. 4. Adriano promete a um certo comprador 200kg de tomate de sua plantação, sendo 50% da safra deste ano e o restante da safra do ano seguinte. Considere as situações a seguir, considerando cada uma separadamente da outra. Que tipo de obrigação é esta? Obrigação de dar coisa incerta, pois estão definidos somente o gênero e a quantidade, não a espécie CC, Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. Antes da tradição relacionada à 1a safra, a plantação é destruída por uma praga. Adriano então diz ao comprador que não poderá mais lhe entregar o combinado. Que atitudes pode o comprador tomar? Por se tratar de coisa incerta, sabe -se que esta nunca perece, ainda que por caso fortuito ou força maior. Logo, o comprador ainda pode cobrar de Adriano o cumprimento da obrigação, isto é, a entrega dos 200 kg de tomate, ainda que a coisa tenha perecido sem sua culpa. CC, Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. No momento da tradição da 2a safra, Adriano entrega os tomates mais feios, de toda a safra. O que se pode dizer sobre a atitude de Adriano? Como não houve combinado sobre a quem caberia escolha, esta fica com o devedor. Entretanto, a coisa deve ter qualidade média, ou seja, não tem que ser necessariamente a coisa melhor, mas também não pode ser a pior. Logo, a atitude de Adriano está errada. Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigadoa prestar a melhor. 5. Clara contrata os palhaços Patati e Patatá para animarem a festa de sua filha de 4 anos. Considere as situações a seguir, considerando cada uma separadamente da outra. a) Na noite anterior a festa, Patati e Patatá sofrem um acidente de trânsito e acabam internados em um hospital, com previsão de alta em 10 dias. Quais as consequências jurídicas deste fato? Trata-se de obrigação de fazer. Por ter se tornado inexequível sem culpa dos devedores, resolve-se a obrigação. Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos. b) Patati e Patatá resolvem descansar um pouco antes da festa, que seria à noite. Acontece que eles acabam dormindo demais e só acordam no dia seguinte, não tendo comparecido, portanto, à festa da filha de Clara. O que ela pode fazer? Agora a impossibilidade se deu por culpa dos devedores. Respondem, portanto por perdas e danos. Ainda que a obrigação seja indivisível, ou seja, tem por objeto fato insuscetível de divisão, a obrigação perde esta qualidade por se resolver em perdas e danos. Como ambos foram culpados, respondem por partes iguais. CC, Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos. CC, Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. CC, Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. § 1º Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais. 6. Marcelo, Marco e Marcio devem o cavalo X à Cíntia. a) Cíntia vai à Marco lhe cobrar a dívida. Está correta esta atitude? Explique. Sim. Por se tratar de obrigação indivisível, cada devedor está obrigado à dívida toda, ou seja, o credor pode exigir a prestação por inteiro de qualquer um. CC, Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. CC, Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados. b) Marcio é quem estava responsável por cuidar do cavalo. Ocorre que o animal ficou muito doente e, por negligência de Marcio, acaba morrendo. Que consequências jurídicas decorrem deste fato? Perecimento da coisa, por culpa do devedor: paga -se o equivalente mais perdas e danos. Como são vários devedores e a obrigação é indivisível, ela perde esta qualidade quando se resolve em perdas e danos, ou seja, torna -se divisível. Os demais dividirão o valor do equivalente de forma igual. Como apenas Marcio agiu de forma culposa, somente ele responderá por perdas e danos. CC, Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. CC, Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. § 2º Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos. CC, Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.
Compartilhar