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A relevância do staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) nas infecções hospitalares

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Revista Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão vol. 4 n°1 
130 
A RELEVÂNCIA DO STAPHYLOCOCCUS AUREUS RESISTENTE À 
METICILINA (MRSA) NAS INFECÇÕES HOSPITALARES 
CARAÇA, Ana Amélia Bordignon
1
; SISTI, Elisa
2
 
 
Resumo: O Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) é um importante patógeno 
envolvido nas infecções hospitalares, apresentando elevados índices de morbimortalidade. 
Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi promover maior conhecimento acerca deste 
patógeno, sua epidemiologia e perfil de resistência antimicrobiana no âmbito das infecções 
hospitalares. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de caráter descritivo do tipo revisão de 
literatura, através da análise e levantamento bibliográfico de artigos científicos, publicados 
nas bases de dados PUBMED, SCIELO, CAPES e LILACS, entre 2003 e 2015. As infecções 
causadas por MRSA ocorrem principalmente através da admissão de pacientes colonizados ou 
infectados ou por meio da disseminação entre os profissionais da saúde. O MRSA pode ser 
encontrado em diversos sítios anatômicos, sendo os principais as cavidades nasais e as mãos. 
Este apresenta uma frequência elevada em pacientes que fazem uso de cateter e estão 
internados em Unidades de Terapias Intensivas (UTIs), além de ter sido descrito como um 
frequente colonizador de superfícies nestas unidades. Seu mecanismo de resistência está 
relacionado à produção de uma proteína ligadora de penicilina (PBPs) anômala que está 
inserido em um elemento genético móvel. Sabe-se que o crescimento da resistência bacteriana 
tem sido exacerbado pelo uso indiscriminado e pela morosidade no desenvolvimento de novos 
antibióticos. Assim, as informações descritas neste estudo podem ser úteis para a educação e a 
conscientização dos profissionais de saúde, constituíndo medidas eficazes para o controle das 
infecções hospitalares e da disseminação do MRSA, reduzindo consequentemente os impactos 
econômicos e epidemiológicos deste crescente problema de saúde. 
 
Palavras Chave: Infecção hospitalar. MRSA. Resistência antimicrobiana. 
 
Abstract: The methicillin-resistant staphylococcus aureus (MRSA) is considered an 
important pathogen involved in hospital infections, accounting for a large number of 
morbidity and mortality in hospital. Thus the aim of this study was to promote greater 
knowledge of this pathogen, epidemiology and antimicrobial resistance profile in the context 
of hospital infections. For both a descriptive research type literature review was performed, 
and run through the analysis and literature articles and other scientific papers, published in 
PubMed databases, SCIELO, CAPES and LILACS, between 2003 and 2015. Infections 
caused by MRSA in hospital is through the admission of colonized or infected patients, as 
well as dissemination among health professionals. MRSA can be found on several anatomical 
sites, the main ones being the nasal cavities and hands. In several studies analyzed it may be 
noticed that MRSA have elevated numbers in patients using catheter and are admitted to the 
 
1 
Biomédica Egressa do curso de Biomedicina da Universidade Luterana do Brasil campus Carazinho. E-mail: 
ana.bcaraca@gmail.com 
2 
Docente e Coordenadora do curso de Biomedicina da Faculdade Especializada na Área da Saúde do Rio 
Grande do Sul - FASURGS –Passo Fundo – RS. E-mail: lisasisti@yahoo.com.br 
 
 
 
Revista Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão vol. 4 n°1 
131 
ICU, besides the colonization of microorganisms on these surfaces. As is research are 
extremely important because it is through her that generate information and necessary support 
to the adoption of care across hospital infections caused by MRSA may contribute to the 
reduction of economic and epidemiological impact of this health problem. 
 
Keywords: Nosocomial infection. MRSA. Antimicrobial resistance. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Segundo o Ministério da Saúde, a infecção hospitalar pode ser definida como uma 
infecção adquirida após a admissão do paciente em uma unidade hospitalar e, que se 
manifeste durante a internação ou após a alta (ANVISA, 2005). 
Trata-se de um grave e relevante problema de saúde pública, que leva à óbito a cada 
ano, aproximadamente, cem mil pacientes hospitalizados. Segundo a Organização Mundial da 
Saúde (OMS), as infecções hospitalares atingem 14% dos pacientes internados no Brasil 
(LIMA et al., 2015). 
De maneira geral, as infecções hospitalares são causadas por um desequilíbrio entre a 
microbiota humana e os mecanismos de defesa do hospedeiro. Isto pode ocorrer devido à 
existência de uma patologia de base do paciente, à realização de procedimentos invasivos, 
e/ou uso indiscriminado de antibióticos ou ainda decorrente do próprio ambiente hospitalar 
(PEREIRA et al., 2005). 
Neste contexto, considera-se que pacientes internados em hospitais estão sujeitos a 
uma ampla variedade de microrganismos patogênicos, principalmente em Unidades de 
Terapias Intensivas (UTIs), onde são utilizados antimicrobianos potentes e de largo espectro, 
e os procedimentos invasivos são necessários (CATÃO et al., 2013). 
Muitos dos pacientes hospitalizados em UTIs requerem a cateterização através de 
acessos profundos realizados com urgência, devido à gravidade em que se encontram. O uso 
de antibióticos e medicamentos mais potentes nestas unidades também costuma ser 
indispensável para a estabilidade/tratamento dos pacientes. Assim, tal ambiente é tido como 
mais propenso ao desenvolvimento de uma infecção hospitalar (MARQUES NETTO et al., 
2009). 
Além das UTIs, alguns ambientes hospitalares, tais como centros cirúrgicos, unidades 
de pediatria, berçário neonatal, clínica médica e/o cirúrgica, nos quais os pacientes são 
 
 
 
Revista Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão vol. 4 n°1 
132 
tratados com antibióticos, também representam um “habitat” capaz de albergar bactérias que 
podem tornar-se resistentes aos respectivos antimicrobianos (SANTOS, 2004). 
De fato a resistência antimicrobiana tem se tornado uma ameaça à saúde pública, 
estando associada à uma alta taxa de morbimortalidade, além de gerar custos mais elevados às 
unidades hospitalares (CATÃO et al., 2013). 
À nível nacional, o panorama da resistência bacteriana é preocupante, e o crescente 
surgimento de novas cepas de bactérias resistentes nos hospitais brasileiros vêm causando 
preocupação entre os profissionais de saúde (SANTOS, 2004). 
Logo, o conhecimento dos microrganismos frequentemente isolados e seu perfil de 
sensibilidade/resistência antimicrobiana são de extrema importância, uma vez tais 
informações podem possibilitar a prevenção e o controle dos mesmos. 
O Staphylococcus aureus é um importante agente etiológico associado às infecções 
adquiridas, tanto na comunidade quanto em hospitais, sendo considerado um dos principais 
patógenos humanos, destacando-se por sua elevada frequência e patogenicidade que o 
capacita a produzir doenças. Este é apontado como responsável por um elevado número de 
morbimortalidade à nível hospitalar (BREVES et al., 2015; KLUPLICH et al.,2011). 
Neste âmbito, diversos estudos tem evidenciado este como um importante patógeno 
resistente à antibióticos, destacando-se ainda o fato de que o mesmo pode colonizar as 
narinas, a faringe, as axilas, as mãos, o umbigo, o trato urinário e as feridas abertas de 
pacientes e/ou profissionais da saúde (SANTOS et al., 2007; SOUZA; FIGUEIREDO, 2008). 
A frequência de infecções ocasionadas por Staphylococcus aureus meticilina 
resistente (MRSA) tem apresentado crescimento contínuo em instituições hospitalares a nível 
mundial (BURKE, 2003; COHEN etal., 2008; De LENCASTRE et al., 2007) 
Dados da literatura evidenciam a existência de um número crescente de cepas de 
Staphylococcus aureus meticilina resistente (MRSA) que apresentam resistência a múltiplos 
agentes antimicrobianos e são implicadas como causas de infecções hospitalares (RATTI; 
SOUSA, 2009) 
Cepas de S. aureus portadoras de resistência múltipla são mais comuns em ambiente 
hospitalar tendo como consequência problemas clínicos e epidemiológicos. Esta resistência 
limita as opções terapêuticas e prolonga o tempo de tratamento dessas infecções (LIMA et al., 
2015). 
Estas informações caracterizam o S. aureus como um importante patógeno envolvido 
em infecções hospitalares, cujas cepas isoladas de ambiente hospitalar e profissionais da 
 
 
 
Revista Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão vol. 4 n°1 
133 
saúde, frequentemente apresentam resistência à múltiplos agentes antimicrobianos. Logo, o 
controle deste patógeno no ambiente hospitalar, principalmente em UTIs, torna-se 
imprescindível para a otimização da terapêutica e consequente redução de comorbidades 
decorrentes e dos respectivos custos envolvidos. 
Assim, o objetivo do presente estudo foi promover maior conhecimento teórico acerca 
deste patógeno, sua epidemiologia e perfil de resistência antimicrobiana no âmbito das 
infecções hospitalares, no intuito de enfatizar a importância de ações de educação em saúde 
que culminem em minimização de infecções hospitalares e no consequente controle da 
disseminação do MRSA. 
 
 
2 METODOLOGIA 
A presente pesquisa caracteriza-se como um estudo descritivo do tipo revisão de 
literatura, o qual foi realizado através da análise e levantamento bibliográfico de livros 
pertinentes à área de interesse, artigos e demais trabalhos científicos (teses, dissertações e 
trabalhos de conclusão de curso), publicados nas bases de dados PUBMED, SCIELO, CAPES 
e LILACS, entre 2003 e 2015, usando-se os seguintes descritores: Infecção hospitalar; MRSA 
e Resistência aAtimicrobiana. 
Foram consideradas as informações referentes à frequência de MRSA em unidades 
hospitalares, principais fontes de contaminação e mecanismos de resistência deste patógeno. 
 
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Nos últimos anos, o S. aureus vem sendo considerado um dos principais patógenos 
humanos devido a sua elevada frequência e patogenicidade que o capacita a causar doenças, 
tanto em indivíduos imunocomprometidos quanto em indivíduos aparentemente saudáveis, 
além de possuir uma fácil disseminação intra-hospitalar associada à resistência aos 
antimicrobianos, tornando-se assim um paradigma das infecções bacterianas (CATÃO et al., 
2013). 
O S. aureus é um microrganismo com elevada capacidade de adquirir resistência aos 
antibióticos, salientando-se que nenhuma outra espécie bacteriana, com semelhante nível de 
virulência para o organismo humano, apresenta tamanho grau de flexibilidade para suportar e 
sobreviver à terapia antimicrobiana (CATÃO et al., 2013). 
 
 
 
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134 
Sabe-se que cerca de 70% dos isolados de S. aureus, nos principais hospitais 
brasileiros, são resistentes à meticilina (MRSA). O grande problema é que as cepas clássicas 
de MRSA apresentam-se resistentes a outros grupos de drogas indicadas para o tratamento 
dos Staphylococcus, como: clindamicina; eritromicina; tetraciclina, e com menor frequência: 
gentamicina e sulfametoxazol/trimetoprim. Todos os beta-lactâmicos (penicilinas, 
cefalosporinas, carbapenêmicos) são considerados resistentes, independentemente do 
resultado do antibiograma, restringindo muito as opções terapêuticas (CATÃO et al., 2013). 
As infecções causadas por MRSA são adquiridas em hospitais através da admissão de 
um paciente colonizado ou infectado (LIMA et al., 2015). 
A disseminação dessas cepas resistentes costuma prolongar a permanência do paciente 
no hospital em 40% e de aumentar o custo do tratamento em pelo menos 32%, comparado aos 
demais pacientes. Á exemplo disto, um hospital universitário na Finlândia contabilizou o 
custo de um surto de MRSA de 14 meses de duração em U$ 1.279.385,00 apenas para o 
tratamento dos pacientes e controle do surto (LIMA et al., 2015). 
 
3.1 As principais fontes de infecção do MRSA e sua relação com a infecção hospitalar 
A colonização por MRSA, especialmente em profissionais da área da saúde, 
representa uma problemática relevante, uma vez que esta condição repercute em um aumento 
da ocorrência de infecções hospitalares (FARIA; UENO, 2009). 
O MRSA pode ser encontrado em diversos sítios anatômicos, sendo os principais às 
cavidades nasais e as mãos (LIMA et al., 2015). O principal mecanismo de disseminação de 
MRSA à nível hospitalar acontece pelas mãos dos profissionais da saúde (BREVES et al., 
2015). Hospitalização, residência em casas de repouso, cirurgia, hemodiálise e dispositivos 
intravenosos, são fatores de risco conhecidos para a exposição à MRSA (MEJIA et al., 2010). 
A disseminação endógena desta bactéria costuma ser mais comum, sendo responsável 
por muitas das infecções adquiridas no hospital, devido principalmente à presença de 
estafilococos na pele e na nasofaringe. No entanto, a disseminação exógena através da 
transferência para uma pessoa vulnerável pelo contato direto ou através de fômites também 
pode ocorrer (LIMA et al., 2015). 
O MRSA já foi identificado até mesmo na saliva de trabalhadores de limpeza de um 
hospital brasileiro (CRUZ et al., 2011). Um estudo recente demonstrou a existência de MRSA 
em 27 das amostras coletadas das cavidades nasais dos 120 profissionais da saúde de um 
hospital e submetidas ao cultivo microbiológico. Este patógeno foi mais prevalente no sexo 
 
 
 
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feminino, correspondendo a 22 casos (81,5%) e na faixa etária entre 20 e 28 anos (RABELO 
et al., 2014). 
A existência destes patógenos em superfícies hospitalares já foi demonstrada, bem 
como a capacidade do MRSA de permanecer viável em locais aparentemente limpos. Estes 
fatores contribuem para a disseminação microbiana, aumentando consequentemente os níveis 
de infecção hospitalar (FERREIRA et al., 2009). 
Neste contexto, Carvalho (2005), realizou uma pesquisa baseada na da coleta e cultivo 
microbiológico de 208 diferentes superfícies das enfermarias de um referido hospital, 
constituídas das maçanetas das portas, grades laterais das camas, mesas das cabeceiras e 
pisos. A presença de MRSA foi evidenciada em 4 (15,4%) das amostras de pisos das 
enfermarias e 1 (1,3%) amostra dos demais locais pesquisados. 
Utilizando uma abordagem semelhante, Ferreira et al., (2009) demostraram a presença 
de MRSA nas superfícies de uma UTI, evidenciando positividade para este patógeno em 10 
(55,5%) das amostras coletadas junto às grades das camas hospitalares. Resultados positivos 
para o crescimento deste patógeno também foram verificados em amostras de roupas 
utilizadas em procedimentos cirúrgicos, da mesa da cabeceira e manivela da cama e em 
botões da bomba de infusão. 
 
3.2 O surgimento do MRSA e seus mecanismos de resistência 
De forma geral, os mecanismos de aquisição de resistência bacteriana podem ser 
classificados em dois grupos principais: mutação em um gene no cromossomo bacteriano, ou 
aquisição de um gene de resistência de outro microrganismo, através de transdução, 
transformação ou conjugação. Essas alterações no genoma bacteriano podem desencadear 
mudanças na enzima ou estrutura alvo, na via metabólica, bombas de fluxo e/ou inativação do 
antibiótico por degradação do mesmo ou inibição competitiva (LIMA et al., 2015). 
As β- lactamases sãoenzimas microbianas que catalisam a hidrolise do anel β- 
lactâmico dos fármacos antimicrobianos através da ligação C-N, fazendo com que o 
antimicrobiano fique inativo, impedindo a atividade do mesmo contra as enzimas 
responsáveis pela síntese da parede celular bacteriana (BERTONCHELI; HORNER, 2008). 
No entanto, ainda na década de 1970 começaram a surgir as primeiras cepas de S. 
aureus com resistência à meticilina, identificadas pela sigla MRSA e consideradas de grande 
 
 
 
Revista Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão vol. 4 n°1 
136 
importância, uma vez que a droga era a opção para o tratamento de infecções causadas por 
esse patógeno (GELATTI et al., 2009). 
Nas décadas de 40 e 50, as infecções causadas por S. aureus eram tratadas com 
penicilina, que exercia seu mecanismo de ação sobre a parede celular bacteriana. Porém, a 
referida bactéria passou a apresentar resistência ao anel β- lactâmico da droga. Com isso, foi 
desenvolvida a primeira penicilina semi-sintética, denominada meticilina, que possuía um 
anel β- lactâmico modificado, capaz de prover resistência às β- lactamases produzidas pelo 
microrganismo (LIMA et al., 2015). 
Desde então, o MRSA tem sido considerado um dos mais importantes patógenos, 
envolvidos nas infecções hospitalares, devido à sua multirresistência antimicrobiana, 
decorrente do uso descontrolado de penicilinas resistentes a β- lactamases (KLEIN; 
GOULART, 2008). 
Sabe-se que o mecanismo de ação da maioria dos antimicrobianos β-lactâmicos ocorre 
através da ligação em proteínas bacterianas que participam da síntese da parede celular, 
denominadas proteínas ligadoras de penicilina (PBPs). Esta ligação acaba impedindo a 
formação da parede celular, resultando na lise bacteriana (GELATTI et al., 2009). 
O mecanismo de resistência da MRSA está relacionado com a produção de uma 
proteína ligadora de penicilina (PBPs) anômala, denominada PBP 2a ou PBP2, que apresenta 
baixa afinidade com os β-lactâmicos (KONEMAN et al., 2010). A presença desta forma 
anômala faz com que a meticilina apresente uma baixa afinidade pelo local de ligação e assim 
deixe de ser efetiva (CATÃO et al., 2013). 
Segundo a literatura, a codificação dessas PBPs está relacionada à presença de um 
gene denominado mecA, que está inserido em um elemento genético móvel chamado Cassete 
Cromossômico Estafilocócico (SCCmec) (GELATTI et al., 2009). 
Com o avanço do MRSA, ocorreu a ampliação da utilização de vancomicina, que 
passou a ser considerada a última arma contra essas cepas. O uso deste medicamento foi 
difundido após 1980, e o aumento da pressão seletiva levou ao isolamento, em 1997, da 
primeira cepa de S. aureus resistente à vancomicina no Japão e, em 2000, no Brasil. Essa cepa 
possuía o gene vanA, provavelmente adquirido de uma cepa de Enterococcus resistente à 
vancomicina1 (LIMA et al., 2015). 
 
 
 
 
 
 
Revista Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão vol. 4 n°1 
137 
3.3 Prevalência e epidemiologia do MRSA em infecções hospitalares 
As infecções hospitalares causadas por MRSA são adquiridas em hospitais através da 
admissão de um paciente colonizado ou infectado. No Brasil, o programa de vigilância 
antimicrobiana descreveu uma prevalência de MRSA de 30,9% em pacientes hospitalizados 
entre 1997 e 2000, enquanto em grandes hospitais de ensino brasileiro, os índices de infecção 
por MRSA descritos chegaram a 73% (NAVES et al., 2012). 
A ocorrência de MRSA tem apresentado crescimento contínuo em instituições 
hospitalares a nível mundial, sendo responsável, em alguns locais, por mais de 50% das 
ocorrências de infecção por S. aureus. Embora as medidas de controle destinadas a evitar sua 
transmissão tenham sido iniciadas nos hospitais após o seu aparecimento na Europa, sua 
aplicação foi tardia e acabou resultando em uma atual pandemia (LIMA et al., 2015). 
Catão et al., (2013) em seu estudo, avaliou 1.056 resultados de culturas bacterianas de 
diversos materiais biológicos e biomateriais, dentre os quais 175 (48,88%) referiam-se à casos 
de infecção hospitalar. Destes casos, 26 (14,86%) descreviam o patógeno S. aureus. como 
agente etiológico e 17 (65,38 %) evidenciavam a presença de MRSA. 
Ainda no estudo citado, os resultados de culturas positivas para MRSA foram mais 
frequentes no gênero masculino, correspondendo a 9 casos ou 52,95 % e na faixa etária de 60 
anos, com 7 casos ou 41,17%. Já dentre as amostras biológicas em que o MRSA foi isolado, 5 
(29,41%) eram provenientes de secreção orotraqueal e/ou biomateriais (cateteres e drenos), 1 
(5,88%) de amostras de urina e 3 ( 17,65%) de secreções de feridas, ocular e de ouvido. 
Analisando-se o setor hospitalar onde tal patógeno foi mais frequente, destacou-se a UTI, 
ambiente no qual 15 culturas (88,24%) mostraram-se positivas para o MRSA (CATÃO et al., 
2013). 
De forma semelhante, Rabelo et al., (2014) realizou um estudo com 91 pacientes 
internados na UTI, hemodiálise/ serviço de nefrologia e clinica cirúrgica de um hospital, no 
qual foram encontradas 9 culturas positivas para MRSA sendo a maior ocorrência nas 
amostras de pacientes que tinham cateter (33,3%) e estavam internados no setor de 
hemodiálise/ serviço de nefrologia. 
Analisando-se o desfecho desta infecção, um estudo recente demonstrou que a 
incidência de pacientes com sepse hospitalar por MRSA atingiu 73,22% e o índice de 
mortalidade foi de 56,33% em um hospital-escola de São Paulo, com capacidade para 660 
leitos (LIMA et al., 2015). 
 
 
 
 
Revista Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão vol. 4 n°1 
138 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O aumento da frequência e aparecimento de bactérias cada vez mais resistentes, 
principalmente das encontradas em ambientes hospitalares, tais como o MRSA, é motivo de 
preocupação em todo o mundo. 
O crescimento da resistência bacteriana tem sido exacerbado pelo uso indiscriminado 
e pela morosidade no desenvolvimento de novos antibióticos. Assim, as informações e dados 
obtidos neste estudo ressaltam a importância da realização constante de pesquisas sobre a 
prevalência das infecções nosocomiais por este agente, bem como voltadas à descoberta de 
novas estratégias terapêuticas e antibióticos. 
A educação e a conscientização dos profissionais de saúde parece ser ainda a medida 
mais eficaz no controle das infecções hospitalares e no surgimento de novas cepas resistentes. 
A conscientização sobre a necessidade do uso prudente de antibióticos também é uma medida 
fundamental para minimizar o surgimento de bactérias resistentes no ambiente hospitalar. 
No caso das infecções hospitalares causadas pelo MRSA, as culturas de vigilância 
ativa (ASC) podem constituir ferramentas utéis no controle da sua disseminação, podendo ser 
utilizadas para a triagem dos pacientes no momento da internação hospitalar, com a finalidade 
de identificar os portadores de MRSA, seguido de exames periódicos para identificar os 
pacientes que adquirem MRSA durante a internação e ainda para os profissionais de saúde 
para prevenir ou tratar os casos de colonização. 
 
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