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Prof.: Hércules Freitas freitashr@biof.ufrj.br Rio de Janeiro, 2018 Aminoácidos, peptídeos, proteínas e enzimas Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação – IBMR Disciplina: Bioquímica dos alimentos Os aminoácidos • Os aminoácidos presentes nas proteínas são isômeros L – A biologia é canhota • Glicina não tem isomeria óptica Carbon o alfa Grupo R apolar e alifáticos • Aminoácidos apolares e hidrofóbicos • Ligações de Van der Waals • Ala, Val, Leu, Iso – Interações hidrofóbicas • Gly; menor aminoácido • Met – Possui átomo de enxofre • Pro – Iminoácido (cadeia fechada), menor flexibilidade estrutural Grupo R aromáticos • Aminoácidos hidrofóbicos • Tirosina pode formar pontes de hidrogênio com a água • Modificações pós- traducionais – Fosforilação do OH da tirosina • Fenilalanina – Mais apolar Grupos R polares, não carregados • Solubilidade intermediária em água • Serina e treonina – Grupos hidroxil • Asparagina e glutamina – Grupo amida • Cisteína – Grupo sulfidril – Ligações dissulfeto Grupos R carregados • Aminoácidos básicos – Carga positiva – Lisina, segundo grupo amino – Arginina, grupo guanidina – Histidina, grupo aromático imidazol • Aminoácidos ácidos – Carga negativa – Possuem segundo grupo ácido carboxílico Aminoácidos incomuns • Modificações pós-traducionais – 4-hidroxiprolina – 5-hidroxilisina – 6-N-metil-lisina – Gama-carboxiglutamato – Fosforilação de resíduos • Selenocisteína – Selênio ao invés de enxofre na Cys – É adicionado durante a tradução por mecanismo específico e regulado Aminoácidos são ionizáveis • Substâncias anfóteras: possuem natureza dual • Podem funcionar assim como ácidos ou bases – Doam ou recebem prótons Titulação de um aminoácido • pKa: tendência de um grupo fornecer um próton ao meio • Aminoácidos podem perder até 2 prótons para o meio • Conclusão: a função das proteínas depende do pH ao qual estão submetidas Curvas de titulação predizem a carga elétrica dos aminoácidos • Alguns aminoácidos podem ter átomos ionizáveis também em sua cadeia lateral Peptídeos e proteínas Polipeptídeo >Insulina [Homo sapiens] MALWMRLLPLLALLALWGPDPAAAFVN QHLCGSHLVEALYLVCGERGFFYTPKT RREAEDLQVGQVELGGGPGAGSLQPLA LEGSLQKRGIVEQCCTSICSLYQLENY CN Peptídeos também são ionizáveis • Ou seja, possuem curva de titulação característica • Funcionam em faixas de pH ótimas Número de resíduos por proteína Uso de aminoácidos • Varia bastante entre as proteínas • Não permite predizer com precisão o comportamento molecular da molécula Estrutura tridimensional de proteínas Níveis estruturais das proteínas A conformação espacial das proteínas • As proteínas não são traços rígidos porque suas ligações químicas podem realizar rotação – A maioria das ligações químicas não são planares • Cada proteína tem uma estrutura específica que depende de – sua estrutura primária – interações químicas resultantes entre as cadeias laterais dos aminoácidos – modificações pós-traducionais – condições do meio em que elas estão inseridas Temas importantes 1. A conformação tridimensional (3D) depende da seqüência de aminoácidos 2. A função depende da estrutura 3. Cada proteína existe em um ou em pequeno número de formas estruturalmente estáveis 4. As principais forças para a estabilização de estruturas são forças não-covalentes 5. Existem padrões estruturais comuns que ajudam a organizar o entendimento apolipoprotein A-I (PDB code 1AV1) Estrutura formada apenas por alfas-hélices Conformação nativa • Proteína dobrada em conformação funcional • Dobramento espacial se dá principalmente por interações fracas – principalmente hidrofóbicas – Ligações de H e iônicas são otimizadas em estruturas termodinamente mais favoráveis • Estabilidade estrutural – Tendência a manter a conformação nativa – Ligações dissulfeto são incomuns, mas estabilizam proteínas de organismos termófilos • Camada de solvatação: formada pela água envolvendo uma molécula hidrofóbica Estrutura de uma treptavidina, proteína modificada a partir da estreptavidina humana que funciona biotecnologicamente para ligar outras moléculas, como a biotina. Formada apenas por folhas beta e loops (2Y3E) Estruturas secundárias • Descreve o arranjo espacial dos átomos na cadeia principal • Tipos – Hélices α – Conformações β – Voltas β – Indefinida (loops, coils, turns) Alfa-hélices • O arranjo mais simples que as proteínas podem assumir é um arranjo helicoidal • Esqueleto polipeptídico fica enrolado em torno de um eixo imaginário – Cada volta contém 3,6 resíduos • Grupos R se voltam para fora do eixo • Em média, 25% dos aminoácidos de qualquer proteína estão em hélices α All-alpha proteins Estabilidade da alfa hélice • A hélice é comum porque nesse modelo as posições das ligações de hidrogênio estão otimizadas – Entre um H ligado ao NH2 e um O do COOH – Cada ligação peptídica participa de ligação de hidrogênio, conferindo estabilidade • Para isso, todos os aminoácidos precisam ter o mesmo tipo de isomeria óptica Tendência dos aas em formar hélices • O grupo lateral interfere na capacidade do aminoácido em formar hélices – Volume e forma de Asp, Ser, Thr e Cys desestabilizam se estiverem muito próximos – Pro e Gly dificultam a formação de hélices • Relações com o vizinho também são importantes • Componentes amino e carbonil formam dipolo elétrico Conformação β (beta) • Esqueleto estendido em forma de zigue-zague • Folhas β paralelas e anti- paralelas. • Quando as folhas são próximas, os grupos R devem ser pequenos – Teias e queratinas... Gly e Ala Estruturas em folhas Beta • Beta-propeller Beta-barril Estruturas terciárias e quaternárias de proteínas Estrutura terciária (3D) • Arranjo tridimensional total de todos os átomos de uma proteína • Alcance mais longo e dimensão total, quando comparado com 2D • Segmentos distantes na estrutura 1D podem ser atraídos por interações fracas • Algumas proteínas são formadas por mais de um complexo polipeptídico (quaternária) • Proteínas fibrosas e globulares Proteínas fibrosas • Queratina, colágeno, fibroína – Proteínas estruturais: força e elasticidade • Insolúveis em água: aa’s hidrofóbicos (Ala, Val, Leu, Ile, Met e Phe) • Alfa queratina: cabelo, pelo, unhas, garras, penas, chifres, cascos e parte externa da pele • Pontes dissulfeto estabilizam e dão mais resistências às cadeias Colágeno • Tecidos conectivos: tendões, cartilagens – Garante resistência • Hélice específica • Existem mais de 30 variantes do colágeno dependendo do tecido e da função Fibroínas de seda • Folhas beta • Rica em A e G – Alto empacotamento • Ligações de H entre as cadeias B • Não é elástica, mas é flexível Proteínas globulares • Diversidade estrutural reflete diversidade funcional – Dobramento gera estrutura compacta • Têm partes em hélices-a e partes em folhas-B • Motivos estruturais – Padrão identificável – Envolve elementos 2D e conexões entre eles Classificação estrutural das proteínas Classificação estrutural das proteínas Estrutura quaternária • Dímeros, homodímeros, heterodímeros • Trímero, tetrâmero • Oligômero, multímero Desnaturação de proteínas • Condições diferentes das celulares levam as proteínas à desnaturação • Perda da estrutura leva também à perda da função• Calor, pHs extremos, temperatura (?), solventes orgânicos, detergentes Renaturação de proteínas • A sequência terciária é determinada pela sequência primária, certo? • As proteínas desnaturadas, portanto, podem voltar aos estados nativos através de renaturação, quando o estímulo é retirado Enovelamento protéico • Lento e gradual • Algumas proteínas se dobram de forma assistida pelas proteínas chaperonas Vaca louca • A doença de Creutzfeldt- Jakob, é causada por uma falha no enovelamento de proteínas • Mecanismo não muito entendido, mas parece que as proteínas em forma priônica transformam as outras também em proteínas com esse formato As estruturas primárias das proteínas são conhecidas • Para todos os genomas sequenciados, conhece-se a estrutura primária de todas as proteínas para este organismo • As pontes dissulfeto podem se formar entre diferentes cadeias protéicas – E principalmente dentro da mesma Proteínas com outros grupos químicos • Adicionados pós-traducionalmente Conclusões • Diferentes características químicas das cadeias laterais dos aminoácidos definem características de peptídeos e proteínas • Os resíduos de aminoácidos são ligados às centenas ou milhares para formar peptídeos e proteínas • As proteínas podem ser modificadas pós-traducionalmente • As sequências das proteínas são excelentes marcadores da evolução da vida na terra Slides elaborados por Francisco Prosdocimi (Prof. Adjunto/IBqM/UFRJ) Função proteica Hormônios proteicos • Hormônios que são proteínas – Prolactina – Hormônio de crescimento (GH, HGH) – Hormônio adenocorticotrófico (ACTH) – Vasopressina – Ocitocina – Insulina – Somatostatina, etc. • Todos esses hormônios viajam no sangue e precisam ser reconhecidos e incorporados em células específicas que são identificadas e reconhecidas através de receptores proteicos ligados às membranas celular Cascatas de regulação • Proteínas viajam no sangue até encontrar receptor de membrana • Interações proteína- proteína e proteína-ligante regulam o metabolismo celular • Acionadas por proteínas de membrana • Reconhecem modificações no meio externo e modificam o ambiente intracelular em resposta A estrutura dinâmica das proteínas • Ligação reversível a outras moléculas: ligantes – Permite resposta rápida a modificações ambientais e condições metabólicas • Sítio de ligação: interage com o ligante – Complementar em tamanho, forma, carga e afinidade à água • A estrutura definida da proteína é como uma foto, na realidade a proteína opera de forma dinâmica O Ligante e o encaixe induzido • O sítio de ligação discrimina entre diferentes moléculas, ou seja, a interação é específica • Uma proteína pode ter sítio de ligação para diversas moléculas • Proteínas são flexíveis • Mudanças conformacionais (alostéricas) são essenciais para a função proteica • Encaixe induzido: adaptação estrutural da proteína que se liga firmemente a ele Teoria do caos e estrutura de proteínas • Novas teorias dizem que o modelo chave-e-fechadura está refutado • A proteína fica em um estado de movimentação dinâmica razoavelmente caótico – É o substrato que induz a mudança conformacional na proteína. • Complementaridade interativa: é como se a chave moldasse a fechadura ao encontrar com ela – ou vice-versa Modificações conformacionais • Em uma proteína contendo várias subunidades, uma mudança conformacional em uma delas normalmente afeta a conformação das demais. • As ligações com os ligantes podem ser reguladas por meio de interações específicas (fosforilação, glicosilação, etc.) ou por ligação a outros ligantes. • Nas enzimas, os ligantes são chamados substratos e o sítio de ligação é chamado sítio catalítico ou sítio ativo. Proteínas de ligação ao O2 • A mioglobina e a hemoglobina são provavelmente as proteínas mais estudadas do mundo – Primeiras a terem estrutura 3D conhecida – Reação reversível de ligação ao O2 • Por que uma proteína? – O2 é pouco solúvel em solução aquosa (sangue) Como ligar e transportar O2 • O problema: nenhuma cadeia lateral de aminoácido é adaptada a ligar uma molécula de oxigênio – Sabe-se que metais de transição (Ferro e cobre) ligam-se bem ao O2, mas... – Ferro livre gera espécies reativas de oxigênio • Grupo prostético: composto associado permanentemente a uma proteína e que contribui para sua função • O grupo heme: anel de protoporfirina, seis ligações A mioglobina • 154 aa; 16700 Kda • Encontrada no tecido muscular de mamíferos – Em focas e baleias guarda O2 para mergulhos longos • Globina (prot. globular) – 8 α-hélices – 78% dos resíduos • Ligações proteína-ligantes são descritas por expressões de equilíbrio >gi|44955888|ref|NP_976312.1| myoglobin [Homo sapiens] MGLSDGEWQLVLNVWGKVEADIPGHGQEVLIR LFKGHPETLEKFDKFKHLKSEDEMKASEDLKK HGATVLTALGGILKKKGHHEAEIKPLAQSHAT KHKIPVKYLEFISECIIQVLQSKHPGDFGADA QGAMNKALELFR KDMASNYKELGFQG P + L PL Hemoglobina • Proteína tetramérica quase esférica com 4 grupos heme – 2 cadeias alfa – 2 cadeias beta • <50% de similaridade na cadeia primária!! – Estrutura 3D muito similar Eritrócitos • Eritrócitos são células altamente especializadas em transportar O2 – Perderam núcleo, mitocôndia, retículo – Vivem 120 dias – 34% de seu peso total é de hemoglobina • Hemoglobina está 96% saturada no sangue arterial e 64% no sangue venoso • o CO tem mais afinidade à hemoglobina do que o O2 Anemia falciforme • A mutação homozigota (aa) de um único nucleotídeo que codifica para a cadeia B da hemoglobina faz com que a forma da hemácia seja modificada – Não há cura, transporte ineficiente de O2 • Por outro lado, o heterozigoto (Aa) possui maior resistência à malária já que o Plasmodium não consegue infectar tão bem as hemácias falciformes Citoesqueleto • Rede de filamentos proteicos que se prolongam no citoplasma • Rede estrutural da célula – Define formato e organização geral do citoplasma • Responsável pelos movimentos celulares – Transporte interno de organelas – Transporte de cromossomos na mitose • Estrutura dinâmica – Organizado e desorganizado (divisão celular) Composição do citoesqueleto • Formados por três tipos principais de filamentos arranjados em conjunto e associados a organelas e à membrana por proteínas acessórias – Filamentos de Actina – Filamentos intermediários – Microtúbulos • Funções – Motilidade celular, transporte de organelas, divisão celular e outros tipos de transporte celular FA FI MT Filamentos do citoesqueleto • Cada tipo de filamento do citoesqueleto é um polímero construído a partir de subunidades menores (monômeros) • Podem difundir-se rapidamente pelo citoplasma • Proteínas acessórias associam-se ao citoesqueleto • Os polímeros do citoesqueleto são mantidos por ligações fracas (não covalentes) Actina • Proteína globular, principal proteína do citoesqueleto – 20% das proteínas totais de uma célula – Leveduras: um gene; Mamíferos: 6 genes • Uma das proteínas mais conservadas sendo 90% idêntica desde os fungos até os mamíferos • Quando polimerizada forma filamentos do citoesqueleto • Participa da contração muscular, mobilidade celular, divisão celular, citocinese, movimentação de vesículas e organelas, sinalização celular, estabilização e manutenção das junções celulares, formato celular • Interage com as membranas celulares Filamentos de Actina • Microfilamentos formam feixes ou redes tridimensionais compropriedades de géis semi-sólidos • O arranjo e a organização dos filamentos, as ligações entre feixes e redes e estruturas celulares são regulados pela ligação com uma variedade de proteínas de associação com a actina • Os filamentos são particularmente abundantes junto à membrana plasmática – Suporte mecânico e forma celular – Movimento da superfície celular Projeções de membrana • Microvilosidades intestinais • Estruturas de resposta a estímulo – Formadas por formação e retração de feixes de actina • Pseudópodos • Microespículas Resumo: filamentos de actina • A: Microvilosidades • B: feixes contráteis citoplasmáticos • C: Protrusões em forma de lâmina e em forma de dedo • D: Anel contrátil durante a divisão celular Actina, miosina e o movimento celular • Filamentos de actina estão associados a proteínas miosinas, responsável por movimentos celulares • A miosina é motor molecular – Converte ATP em energia mecânica – Gera força e movimento • Responsável pela contração muscular, divisão celular, movimentações celulares Miosinas • Reconhecidas originalmente como ATPases presentes em músculos lisos e estriados • Conservadas na cabeça (liga actina e hidrolisa ATP), mas variáveis na cauda (interação com moléculas) • Genoma humano possui aproximadamente 40 genes diferentes para miosinas • Forma define a velocidade com a qual se deslocam nos feixes de actina Contração muscular • Especialização das células musculares • Músculo como modelo para o estudo do movimento em nível celular e molecular • Músculos – Estriado esquelético: movimentos voluntários – Estriado cardíaco: bombeia sangue do coração – Liso: movimentos involuntários do estômago, intestino, útero e vasos sanguíneos Músculo esquelético • São feixes de fibras musculares • Citoplasma composto de miofibrilas – Filamento espessos de miosina – Filamentos finos de actina • Sarcômeros – Cadeia de unidades contráteis Sarcômeros • Proteínas titinas – Ligam miosina da linha M até o disco Z • Modelo do filamento deslizante (1954) – Contração do sarcômero – Aproximação dos discos Z – Banda A não sofre alteração – Bandas I e H desaparecem – Deslizamento dos filamentos de actina Linha M O modelo do filamento deslizante • As cabeças globulares da miosina ligam-se à actina – Ligação entre filamentos finos e espessos • A miosina movimenta seus domínios globulares sobre os filamentos de actina em direção ao terminal positivo Miosinas não-convencionais • Não formam filamentos • Envolvidas em outros tipos de movimentos celulares – Transporte de vesículas e organelas – Fagocitose, emissão de pseudópodos • Caudas se ligam a organelas • Movimentação sob o esqueleto de actina Microtúbulos • Cilindros ocos de 25nm de diâmetro • Estruturas dinâmicas em constante processo de organização e desorganização • Definem a forma da célula • Promovem locomoção, transporte intracelular de organelas e separação dos cromossomos durante a mitose Tubulina • Proteína globular • Arranjos das formas alfa e beta formam os microtúbulos Microtúbulos, drogas e câncer • Drogas que se ligam à tubulina, como a colchicina e a colcemida inibem a polimerização de microtúbulos • Inibem assim a divisão celular (mitose) • Outras drogas que se ligam aos microtúbulos são também utilizadas no tratamento de câncer, como vincristina e vimblastina Centríolo, centrossomo e organização dos microtúbulos • Microtúbulos se estendem a partir de um centro organizador de microtúbulos – O centrossomose localiza junto ao núcleo • Durante a mitose os centrossomos formam os fusos mitóticos, responsáveis pela separação dos cromossomos nas células filhas Cílios e Flagelos • Projeções de membrana formadas por microtúbulos e responsáveis pelo movimento de células eucarióticas • Flagelos de bactérias são proteicos (não tubulina) • Estrutura em axonema (9+2) Proteínas e imunologia • A maioria das interações proteína-ligante não envolve grupo prostético • Discriminação efetiva do ligante é na forma de sítio de ligação proteína-proteína • Resposta imunológica – A distinção molecular entre “próprio” e “não-próprio” – Teoria de rede – O sistema homeostático bioquímico é altamente sensível e desenvolvido através das reações entre ligantes e proteínas Sistemas imunológicos • Imunidade celular – Células hospedeiras infectadas por vírus, parasitas e tecidos estranhos – Linfócitos T • Parasitas possuem receptores de células T • Células T auxiliares produzem proteínas sinalizadoras (citocinas) • Imunidade humoral – Infecções bacterianas e virais, proteínas estranhas – Anticorpos ou imunoglobulinas (Ig) – 20% das proteínas do sangue são Igs produzidas pelos linfócitos B Proteínas imunológicas • Proteínas de reconhecimento altamente específicas (humanos têm 108 anticorpos com especificidades diferentes) • Antígeno: molécula que induz resposta imunológica – Epítopo: determinante antigênico, região da molécula reconhecida • Imunoglobulinas (ig’s): formadas por 4 cadeias polipeptídicas, sendo 2 pesadas e 2 leves Imunoglobulinas • Ligação específica entre antígeno e anticorpo • Imunoglobulinas podem ser encontradas em monômeros, dímeros, trímeros, multímeros • Marcação do patógeno para engolfamento por macrófagos Conclusões • As proteínas têm inúmeras funções celulares • A estrutura da proteína é altamente relevante para que ela tenha uma função celular • O contato proteína-proteína regula muitas funções intra e intercelulares (receptores de membrana) • As proteínas mudam de conformação quando encaixadas a um ligante – A ligação reversível da proteína ao ligante é importante na regulação do metabolismo – Sítios de ligação podem ligar diferentes moléculas, algumas com mais afinidade do que o ligante desejado • Proteínas interagem para a formação do citoesqueleto e contração muscular, gastando energia química • Polimerização e despolimerização de complexos poliméricos acontecem em todo o instante nas células • Proteínas podem ligar moléculas indiretamente -- através de grupos prostéticos • Há um controle dos ligantes mais comuns dentro de um organismo e a presença de novas moléculas desconhecidas aciona o sistema imune Enzimas A vida e a energia para a vida • Duas condições fundamentais: 1. Autorreplicação 2. Metabolismo • Catálise enzimática • A queima de açúcares é a principal forma segundo a qual retiramos energia do meio ambiente para vivermos • Um saco de açúcar pode permanecer anos na prateleira do supermercado – A prateleira não tem enzimas! • Nos animais, a glicose libera sua energia química em segundos – Reações catalíticas promovem a oxidação da glicose ao quebrar ligações químicas que armazenam energia Participam das vias bioquímicas • Enzimas realizam o controle preciso do metabolismo celular • O metabolismo energético é um dos principais temas de estudo da bioquímica • Permitem resposta e adaptação a um meio em mudança O que são as enzimas? • Proteínas notáveis, altamente especializadas – Alto grau de especificidade com substratos • Poder catalítico extraordinário – Muito maior do que catalisadores sintéticos • Aceleram reações químicas – Em condições suaves de temperatura e pH • São o centro e o objeto de estudo principal da bioquímica – Atuando de forma organizada catalisam centenas de reações que degradam as moléculas dos nutrientes e conservam suas energias • Doenças ocorrem quando elas não funcionam bem • Como os cientistasdescobriram as enzimas? LOUIS PASTEUR ✓ 1835: Berzelius, conceito de catálise ✓ 1885: fermentação do açúcar por lêvedos, gerando álcool ✓ 1896: Edward Buchner consegue fermentar o açúcar num extrato de lêvedo sem vida! ✓ Fermentos, portanto, catalisavam reações químicas (açúcar a álcool) – biocatalisadores ✓ Enzima vem do grego εν ζυμη, cuja tradução é “no lêvedo” Louis Pasteur 1822-1895 Um pouco de história... EMIL FISCHER ✓ Sacarase ✓ Quebra da sacarose em glicose e frutose ✓ Produziu diversos análogos de sacarose para testar se a enzima funcionava ✓ Determinadas mutações tornavam os análogos resistentes à sacarase ✓ Modelo de ação enzimática chave-e-fechadura Hermann Emil Fischer 1852 - 1919 Enzimas são proteínas? ✓ Qual a natureza das enzimas? ✓ O químico orgânico alemão Richard Willstätter (1872–1942) – ganhador do Nobel pela estrutura da clorofila – conseguiu separar o componente enzimático de um preparado biológico e não encontrou nenhuma proteína! ✓ 1926 (EUA) – J Summer cristaliza a urease e conclui: enzimas são proteínas! ✓ Willstater criticou os resultados… James Batcheller Sumner 1887-1955 SIM! Mas como funcionam? ✓ Kunitz e Northrop ✓ Eletroforese e centrifugação: enzimas estão na fração proteica! ✓ Mesmo em quantidades proteicas indetectáveis pelos métodos, as enzimas continuavam tendo atividades ✓ Como as milhares de reações catalíticas eram possíveis a uma proteína? John Howard Northrop 1891-1987 Finalmente, Sanger ✓ 1952 ✓ Publica a primeira estrutura primária de uma proteína: a Insulina, com 51 aminoácidos. ✓ O trabalho mostrava também que a estrutura das proteínas poderia ser descrita pela sua sequência de aminoácidos, do N ao C terminal. ✓ A sequência, entretanto, não ajudava a prever a função da proteína. Frederick Sanger 13 August 1918 CONCLUSÃO: HISTÓRIA DA BIOQUÍMICA ✓ As enzimas realizam reações catalíticas e transformam moléculas umas nas outras ✓ Os organismos biológicos são ricos em enzimas e as enzimas funcionam também fora dos organismos biológicos → biotecnologia! ✓ As enzimas são proteínas formadas por polímeros de aminoácidos ✓ A multiplicidade de função se dá pela interação tridimensional formada (modelo chave-fechadura) por interações não-covalentes a partir de uma série de aminoácidos ligados covalentemente (ligação peptídica) >gi|386828|gb|AAA59172.1| insulin [Homo sapiens] MALWMRLLPLLALLALWGPDPAAAFVNQHLCGSHLVEALYLVCGERGFFYTPKTR REAEDLQVGQVELGGGPGAGSLQPLALEGSLQKRGIVEQCCTSICSLYQLENYCN • Componente químico adicional necessário para a função – Cofator: íons inorgânicos – Coenzima: moléculas orgânicas complexas – Se liga muito firmemente: grupo prostético • Enzima completa: holoenzima – Parte proteica: apoenzima ou apoproteína Enzimas Nomenclatura das enzimas • Normalmente se adiciona o sufixo ase ao nome do substrato ou à atividade realizada – Urease – hidrolisa a uréia – DNA-polimerase – polimeriza DNA – Pepsina – pepsis vem do grego (digestão) • Sistema de classificação enzimático – EC number – Quatro números: 2.7.1.1 • 2: transferase • 7: fosfotransferase • 1: transfere P para grupo OH- • 1: tem D-glicose com aceptor Reação enzimática • Reação se dá em fases: • Enzima aumenta a velocidade das reações • Os catalisadores aumentam a velocidade das reações por que diminuem a energia de ativação Reações com 2 ou mais substratos • Velocidade das reações químicas depende também da faixa de pH – Maior velocidade está normalmente associada ao pH do ambiente onde a enzima atua Inibição reversível • Inibição competitiva – Inibidor compete pela ligação ao sítio ativo • A ligação do inibidor altera os parâmetros cinéticos, tornando a reação mais lenta • Os inibidores irreversíveis ligam-se covalentemente ou destroem grupos funcionais da enzima – Podem ser usados como drogas Exemplos de reações enzimáticas A quimotripsina • Catalisa a hidrólise de ligações peptídicas adjacentes a aminoácidos aromáticos (Trp, Phe, Tyr) • Forma intermediário acil-enzima covalente após clivagem A hexocinase • Sofre um ajuste induzido quando ligada ao substrato • Fosforila um resíduo de glicose • Primeiro passo da via glicolítica A lisozima • Agente antibacteriano natural encontrado nas lágrimas e clara de ovo – Peptideoglicano da parede de bactérias é seu substrato • Constituinte da parede microbiana que protege da lise osmótica – Enzima rompe ligação glicosídica • Monômero com 129 aa’s • Mecanismo específico de ação enzimática ainda é controverso “mesmo uma infinidade de experimentos não pode provar que algo esteja certo, mas um único experimento pode provar que está errado”. Albert Einstein Enzimas regulatórias • Possui atividade catalítica aumentada ou diminuída em resposta a certos sinais – Ajustes na velocidade da via metabólica permite que as células se adaptem a condições em variação • Tipos mais comuns – Enzimas alostéricas (ligações reversíveis a compostos) – Modificações covalentes – Ativadas por remoção de segmentos peptídicos (irreversível) • Subunidade regulatória é normalmente diferente da subunidade catalítica Enzimas alostéricas • Homotrópicas: o ativador é o próprio substrato (hemoglobina) • Heterotrópicas: outro ativador • Enzimas alostéricas – Mais de um sítio regulatório • Cada um específico para um regulador • Aspartato-transcarbamoilase – 12 cadeias polipeptídicas – Azul: catalíticas – Vermelho/Amarelo: regulatórias Enzimas alostéricas são reguladoras • ... de vias bioquímicas • Normalmente são o primeiro passo da via – “economiza” a execução das outras reações – Único passo de regulação da via • Inibição por retroalimentação: São inibidas pelo produto do último passo • Inibição alostérica heterotrópica Regulação por modificações covalentes • 500 tipos diferentes Modificações pós- traducionais covalentes já foram descritos • Proteínas inteiras podem ser adicionados como a ubiquitina – Ubiquitinilação marca proteína para degradação • Mudanças substanciais afetam de forma significativa a função da enzima • Fosforilação é a mudança mais comum – Podem haver vários sítios fosforiláveis Proteínas cinases e fosfatases • Cinases: adicionam grupo fosforil a resíduos de Ser, Thr ou Tyr – Básicas: fosforilam resíduos de vizinhança básica – Preferências por resíduos próximos a Pro • Atómos de O2 do grupo fosforil podem fazer pontes de H com outras regiões da proteína – Reestabiliza a proteína estruturalmente • Atuam em cascatas de sinalização celular Fosforilações múltiplas • São possíveis e permitem controle requintado da regulação • Glicogênio sintase – Catalisa a união de glicoses para formar glicogênio – Fosforila em vários sítios (ver figura) Proteólise de precursores • Proteases não podem ser produzidas em estado ativo – Do contrário destruiriam as proteínas celulares... • Zimogênios são precursores das proteinases – Só funcionam depois da ativação por proteínas – Ativação irreversível • Mecanismo de produção de pró-proteínas ou pró- enzimas Conclusões • A atividade das vias metabólicas é regulada pelo controle da atividade de certas enzimas • O conhecimento do mecanismo de ação das enzimas permite desenvolver medicamentos que inibam essa ação • A inibição de uma enzima pode ser reversível, competitiva • As enzimas são catalisadores eficazes, aumentando a velocidade de ocorrência de uma reação Slides elaborados por Francisco Prosdocimi (Prof. Adjunto/IBqM/UFRJ)