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TEORIA DAS ESTRUTURAS ARCOS TRI-ARTICULADOS (NOTAS DE AULAS) Ponte Alexandre III Paris 1897-1900 Prof. Dr. José Luiz F. de Arruda Serra � SUMÁRIO 1. Generalidades 01 2. Viga curva 02 3. Arcos tri-articulados 03 3.1 - Exemplo 06 3.2 - Definição e determinação da linha de pressões 06 3.3 - Observações 07 3.4 – Equação do arco de eixo parabólico 08 4. Exercícios resolvidos 09 4.1 - Exercício 4.1: Determinação de M, V e N 09 4.2 - Exercício 4.2: linha de pressões 10 5. Exercícios propostos 11 Anexo 01 – Gabaritos de provas 13 � Introdução ao estudo de arcos 1. Generalidades. Arco é uma estrutura plana com carregamento no próprio plano. Em geral possui eixo curvo e sua característica principal é de ser possível escolher a forma de seu eixo de modo a apresentar pequenos esforços de flexão quando submetido ao carregamento permanente. A figura 1.1, ilustra um resumo da nomenclatura usada para os arcos. Figura 1.1 – Nomenclatura usual para arcos A figura 1.2, mostra os tipos usuais de arcos. Nesta publicação apenas o arco Tri-articulado, isostático será estudado para o caso de carregamento perpendicular à linha de impostas. Figura 1.2 – Tipos de arcos � 2. Viga curva. Antes de iniciarmos propriamente o estudo dos arcos, vamos analisar a distribuição dos esforços solicitantes em uma viga curva, cujos resultados servirão para o estudo dos arcos. Vamos nos preocupar somente com cargas perpendiculares ao movimento do carrinho. Nestas condições o apoio fixo não apresentará reação na direção paralela ao movimento do apoio móvel (carrinho), o qual tomaremos como movimento horizontal. Seja y = f (x) a equação do eixo da viga curva e (p) a projeção da viga curva e seu carregamento em uma viga horizontal, para a qual determinamos os diagramas de momento fletor e força cortante Mp e Vp respectivamente (figura 2.1). Como para o cálculo de momentos só interferem as distâncias horizontais, o momento fletor na viga curva é o mesmo que ocorre na viga projetada na seção correspondente, ou seja: (2.1) Vamos determinar os diagramas de força cortante e força normal na viga curva (figura 2.2). Dada a equação do eixo da viga curva y = f (x), o ângulo ( que mede a inclinação da curva vale: (2.2) Seja Rv = soma das forças verticais à esquerda do corte em uma seção genérica. Como Rv é igual a força cortante (com sinal) na viga projetada, temos: (2.3) Então, em qualquer seção da viga curva temos: (2.4) Figura 2.1 – Viga curva Figura 2.2 – Forças cortante e normal � As expressões de Mr, Vr e Nr valem para qualquer seção da viga curva. Convém não esquecer que tanto Vp como ( possuem sinal. Naturalmente nos trechos descendentes da viga curva, o ângulo ( estará situado no 4o quadrante trigonométrico e o seno e a tangente terão valores negativos. 3. Arcos tri-articulados. Os arcos tri-articulados são formados por duas chapas articuladas entre si. Como se trata de uma estrutura isostática já foi objeto de estudo em Resistência dos Materiais. A finalidade de retomar a análise de estruturas isostáticas em Teoria das Estruturas é desenvolver uma técnica para tornar expedita a solução dessas estruturas. Seja o arco tri-articulado da figura 3.1. Os valores de yC, a e b referem-se à articulação C. As cargas que atuam no arco podem ser decompostas em duas direções ortogonais: paralela e perpen-dicular à linha de impostas AB. Neste trabalho, vamos estudar apenas as cargas perpendiculares à linha de impostas AB Figura 3.1 – Arco tri-articulado Em benefício da simplicidade, vamos estabelecer a nomenclatura simplificadora: (( à linha de impostas ( horizontal ( à linha de impostas ( vertical Para resolver tecnicamente o arco tri-articulado, vamos aplicar o artifício de Henneberg ou troca de vínculos entre a articulação C e o apoio fixo B. Retirando-se a barra vincular horizontal do apoio fixo B, ele se torna apoio móvel na horizontal. Colocando-se esta barra na articulação C, ela se transforma em uma seção comum, que mantém a continuidade da estrutura Figura 3.2 – Troca de vínculos � Com esta troca de vínculos podemos fazer o raciocínio de superposição de efeitos: Figura 3.3 – Superposição de efeitos Notação: (r) = problema real (0) = problema “zero” – apenas o carregamento está aplicado (sem H) = problema “um” – apenas H=1 está aplicada (sem carregamento) A correspondente equação de superposição é: (r) = (0) + H((1) (3.1) Ou seja, qualquer grandeza (esforço ou deslocamento) no problema real (r) é igual a grandeza correspondente no problema (0) mais H vezes a mesma grandeza no problema (1). Aplicando-se a equação de superposição (3.1) para os esforços solicitantes, temos em qualquer seção: Mr = M0 + H(M1 Vr = V0 + H(V1 (3.2) Nr = N0 + H(N1 Os diagramas de M, V e N no problema (0) [M0, V0 e M0] não apresentam dificuldades para serem calculados. O problema (0) é a viga curva já resolvida e M0, V0 e N0 são os valores fornecidos nas expressões (2.4). Como o carregamento do problema (1) é apenas uma carga horizontal unitária, é fácil determinar os valores de M1, V1, e N1. Como se sabe, os esforços solicitantes em uma seção genérica S, são a soma dos efeitos de todos os esforços à esquerda (ou à direita) de um corte efetuado na seção S. Assim, os efeitos da carga unitária (reação em A) na seção S são os indicados na figura 3.4 a). Na figura 3.4 b) estão indicados as projeções da carga horizontal unitária nas direções correspondentes a N e V. Deve-se estabelecer uma convenção para os esforços solicitantes no arco: M > 0 (( tração nas fibras do intradorso (dentro) V > 0 (( percorre a seção no sentido horário N > 0 (( esforço de tração � � Figura 3.4 – Determinação de M1, V1 e N1 M1 = ( y V1 = ( sen ( (3.3) N1 = ( cos ( Os sinais negativos aparecem devido a convenção adotada. Assim, a única incógnita nas equações (3.2) que determinam os esforços finais é H. Este valor será determinado com a condição de ser nulo o momento fletor do problema real na articulação C, ou seja, Mc (real) = 0. A aplicação da equação de superposição (3.1) para o ponto C fornece: zero = M0C + H((– yc) (3.4) Como M0C = MPC (momento da viga projetada na seção correspondente a C), temos: .................................................... (3.5) Isto é, em um arco tri-articulado com carregamento perpendicular à linha de impostas (considerada horizontal), a componente “horizontal” do empuxo é o resultado da divisão do momento fletor da viga projetada na seção correspondente à articulação C, pelo valor da “altura” da articulação (ou distância da articulação à linha de impostas). Com o valor de H determinado (expressão 3.5), os esforços solicitantes finais são obtidos pela aplicação de (2.4) e (3.3) em (3.2): Mr = Mp ( H(y Vr = Vp(cos ( ( H(sen ( Nr = ( Vp(sen ( ( H(cos ( (tração +) ...............................(3.6) � 3.1 – Exemplo A figura 3.5 mostra um arco tri-articulado de eixo parabólico, submetido a um carregamento simétrico constituído de duas cargas concentradas. Vamos determinar o diagrama de momento fletor. A solução é apresentada na própria figura. Figura 3.5 – Exemplo 1 – Arco tri-articulado O diagrama de M final pode ser determinado graficamente a partir do diagrama de MP. Traça-se neste diagrama uma nova linha de fecho (fêcho) ou linha de referência, que é a equação do arco a menos de um fator de escala igual a H. Esta curva é construída em escala vertical conveniente (H), de forma que passe pelo ponto C correspondente a articulação, pois nela temos a condição Mr = 0. Os valores finais de Mr do arco tri-articulado são, na escala considerada, os valores das “ordenadas” que ligam essa nova linhade referência com o diagrama de Mp. Convém notar que o diagrama de momentos fletores da viga curva ou da viga projetada (MP) apresenta valores muito maiores que o diagrama de momentos fletores (Mr) do arco. Neste exemplo o Mmáx no arco é 8 vezes menor que o Mmáx na viga curva. Este fato mostra a vantagem fundamental do arco sobre a viga curva no caso de cargas verticais: o pequeno momento fletor que o solicita. 3.2 – Definição e determinação da linha de pressões Caso y = k(Mp teremos Mr = Vr = zero em qualquer seção do arco tri-articulado, ou seja: Se o digrama de momento fletor da viga projetada for proporcional a forma do arco, serão nulos os momentos fletores e forças cortantes em qualquer seção do arco. Esta forma particular que anula os momentos fletores e forças cortantes é denominada linha de pressões. Demonstração: Dai, Como Caso a forma do arco seja a linha de pressões, ele estará sujeito apenas a esforços normais. Em uma seção genérica, conforme ilustra a figura 3.6, temos: (3.7) (3.8) Figura 3.6 – Esforço normal 3.3 – Observações: A linha de pressões é a forma ideal para as estruturas tri-articuladas, pois corresponde a sua forma estrutural mais econômica, uma vez que o momento fletor é o esforço mais sedento de seção. Com o conhecimento do conceito de linha de pressões, a estrutura mais econômica para o carregamento do exemplo anterior seria a apresentada na figura 3.7 a). O valor de f pode assumir qualquer valor não nulo, devendo ser evitado valores muito pequenos pois o empuxo horizontal H é inversamente proporcional a f (equação 3.5) e a normal sendo diretamente proporcional a H (equação 3.7) cresce demasiado nos arcos muito abatidos (quase vigas retas), podendo apresentar problemas de flambagem. O mesmo princípio explica a forma final que toma um cabo sem resistência à flexão quando solicitado por cargas verticais. As figuras 3.7 b), c), ... ilustram este comentário. A linha de pressões para carregamento uniformemente distribuído é uma parábola do 2o grau, isto é, o arco de eixo parabólico submetido a carregamento uniformemente distribuído (aproximadamente peso próprio), não tem momentos fletores nem forças cortantes, motivo pelo qual é adotado para estruturas com grandes vãos livres. Na prática, além dos arcos tri-articulados são muito utilizados os arcos bi-articulados e bi-engastados, para os quais também constitui ponto de partida para o projeto a determinação da linha de pressões do carregamento permanente. Para os arcos hiperestáticos também vale (muito aproximadamente) a regra: se forma do arco for proporcional ao diagrama da viga projetada, ele coincide com a linha de pressões, isto é, M = V = zero. É oportuno observar a notável intuição dos construtores da antigüidade clássica, que sem conhecimento formal dos princípios da estática, construíram abóbadas e arcos de alvenaria de pedra, que não resistem à tração (e muitos deles permanecem íntegros até hoje ...). Também as Catedrais da idade média com suas cúpulas e leveza dos seus arcos e abóbadas merecem menção. Figura 3.6 – Linhas de pressão 3.4 – Equação do arco de eixo parabólico. A dedução a seguir por ser geométrica, vale para qualquer tipo de arco. Seja o arco de eixo parabólico da figura 3.7, com sistema de eixos nas impostas. Figura 3.7 – Arco parabólico A equação genérica desta parábola é: y = ax2 + bx + c Como passa pelos pontos (0,0), (L,0) e (L/2,f),temos: Para x = 0, y = 0 (( c=0 Para x = L, y = 0 (( 0 = aL2 + bL (( b = -aL Para x = L/2, y = f (( f = aL2/4 – aL2/2 (( a = - 4f/L2 Com a = - 4f/L2 tem-se b = 4f/L Substituindo-se os valores calculados de a, b e c=0 em y = ax2 + bx + c, tem-se: y = -4fx2/L2 + 4fx/L, ou colocando-se 4fx/L2 em evidência: (3.9) 4. – Exercícios resolvidos 4.1 – Exercício: determinação de M, V e N Seja o arco de eixo parabólico da figura 4.1. Determinar M, V e N de metro em metro. Figura 4.1 – Exercício: Determinação de M, V e N 4.2 – Exercício: linha de pressões Figura 4.2 – Exercício: linha de pressões 5. Exercícios propostos ANEXO 01 - Gabaritos de provas �PAGE � _1149165978.unknown _1149166606.unknown _1149166628.unknown _1149166631.unknown _1149166620.unknown _1149166601.unknown _1149165967.unknown _1149165974.unknown _1146586040.unknown _1149165953.unknown _1146313913.unknown
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