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AULA 2 EXECUÇÃO TRABALHISTA

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DIREITO PROCESSUAL DO 
TRABALHO – AULA 2
Professora: Dra. Ana Flávia Lins Souto 
e-mail: anaf.lins@gmail.com
UNIVERSIDADE FEDERALDE CAMPINAGRANDE – UFCG
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS – CCJS
UNIDADEACADÊMICADE DIREITO – UAD
EXECUÇÃO TRABALHISTA 
INTRODUÇÃO E ASPECTOS CRÍTICOS 
A legislação vigente na Roma
antiga era extremamente rigorosa
em relação à pessoa que
deixasse de cumprir a obrigação
assumida: ao contrário do que
ocorre nos tempos atuais, porém,
os credores romanos não podiam
fazer com que a execução
incidisse no patrimônio do
devedor, pois as medidas
previstas naquela legislação
tinham como destinatária, em
regra, a pessoa do próprio
devedor. A execução era,
portanto, corporal e não
patrimonial.
Com o avanço legal e da
sociedade, a execução não mais
incide sobre a pessoa do
devedor, e sim sobre seu
patrimônio. Diz-se que a
execução tem caráter
patrimonial. Art. 789 CPC: o
devedor responde, para o
cumprimento de suas obrigações,
com todos os seus bens
presentes e futuros, salvo as
restrições estabelecidas em lei.
EXECUÇÃO TRABALHISTA 
DO CONCEITO DE EXECUÇÃO TRABALHISTA
A execução trabalhista
consiste num conjunto de
atos praticados pela Justiça
do Trabalho destinados à
satisfação de uma
obrigação consagrada num
título executivo judicial ou
extrajudicial, da
competência da Justiça do
Trabalho, não
voluntariamente satisfeita
pelo devedor, contra a
vontade deste último.
A sentença não
voluntariamente cumprida dá
ensejo a uma outra atividade
jurisdicional, destinada à
satisfação da obrigação
consagrada em um título.
Essa atividade estatal de
satisfazer a obrigação
consagrada num título que
tem força executiva, não
adimplido voluntariamente
pelo credor, se denomina
execução forçada.
EXECUÇÃO TRABALHISTA 
DOS PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO TRABALHISTA
Primazia do credor
trabalhista: a execução
trabalhista se faz no interesse
do credor. Desse modo, todos
os atos executivos devem
convergir para satisfação do
crédito do exequente. Na
execução, o presente princípio
se destaca em razão da
natureza alimentar do crédito
trabalhista e da necessidade
premente de celeridade do
procedimento executivo. Esse
princípio deve nortear toda a
atividade interpretativa do Juiz
do Trabalho na execução. Por
isso, no conflito entre normas
que disciplinam o procedimento
executivo, deve-se preferir a
interpretação que favoreça o
exequente.
Menor onerosidade ao
executado: o presente princípio
está consagrado no art. 805 do
CPC. O presente dispositivo
representa característica da
humanização da execução,
tendo por escopo resguardar a
dignidade da pessoa humana
do executado. A regra do art.
805 do CPC se mostra
compatível com a execução
trabalhista (arts. 769 e 889 da
CLT). Conclusão: somente
quando a execução puder ser
realizada por mais de uma
modalidade, com a mesma
efetividade para o credor, se
preferirá o meio menos oneroso
para o devedor.
Princípio do título: toda execução
pressupõe um título, seja ele
judicial ou extrajudicial. A execução
é nula sem título (nulla executio
sine titulo). Nesse sentido, o art.
783 do CPC. Os títulos trabalhistas
que têm força executiva estão
previstos no art. 876 da CLT.
Outrossim, o título a embasar a
execução deve ser líquido, certo e
exigível. O requisito da certeza está
no fato de o título não estar sujeito
à alteração por recurso (judicial) ou
que a lei confere tal qualidade, por
revestir o título das formalidades
previstas em lei (extrajudicial).
Exigível é o título que não está
sujeito à condição ou termo. Ou
seja, a obrigação consignada no
título não está sujeita a evento
futuro ou incerto (condição) ou a
um evento futuro e certo (termo).
Líquido é o título que individualiza o
objeto da execução (obrigação de
entregar) ou da obrigação (fazer ou
não fazer), bem como delimita o
valor (obrigação de pagar).
EXECUÇÃO TRABALHISTA 
DOS PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO TRABALHISTA
Redução do
contraditório:
o contraditório
na execução é
limitado
(mitigado), pois
a obrigação já
está
constituída no
título e deve
ser cumprida:
ou de forma
espontânea
pelo devedor
ou mediante a
atuação
coativa do
Estado, que se
materializa no
processo.
Patrimonialidade: a execução não incide
sobre a pessoa do devedor, e sim sobre
seus bens, conforme o art. 789 do CPC.
Tanto os bens presentes como os futuros
do devedor são passíveis de execução. A
Constituição prevê apenas duas
possibilidades de a execução incidir sobre
a pessoa do devedor no art. 5º, LXVII, da
CF, que assim dispõe: “Não haverá prisão
civil por dívida, salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de
obrigação alimentícia e a do depositário
infiel”. O STF fixou entendimento, com
suporte no Tratado Interamericano de
Direito Humanos, não mais ser possível a
prisão do depositário infiel, mesmo o
judicial, pois, no entender da suprema corte
brasileira, eles são equiparados a
devedores. Com efeito, dispõe a Súmula
Vinculante n. 25 do STF: É ilícita a prisão
civil de depositário infiel, qualquer que seja
a modalidade do depósito. No mesmo
sentido, Sumulou o STJ,: Descabe a prisão
civil do depositário judicial infiel.
Efetividade: há efetividade da
execução trabalhista quando
ela é capaz de materializar a
obrigação consagrada no título
que tem força executiva,
entregando, no menor prazo
possível, o bem da vida ao
credor ou materializando a
obrigação consagrada no título.
Desse modo, a execução deve
ter o máximo resultado com o
menor dispêndio de atos
processuais.
EXECUÇÃO TRABALHISTA 
DOS PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO TRABALHISTA
Utilidade: como corolário do
princípio da efetividade,
temos o princípio da utilidade
da execução. Por esse
princípio, nenhum ato inútil, a
exemplo de penhora de bens
de valor insignificante e
incapazes de satisfazer o
crédito, poderá ser
consumado. Desse modo,
deve o Juiz do Trabalho
racionalizar os atos
processuais na execução,
evitando a prática de atos
inúteis ou que atentem
contra a celeridade e o bom
andamento processual.
Subsidiariedade: o Processo do Trabalho permite que
as regras do direito processual comum sejam aplicadas
na execução trabalhista, no caso de lacuna da
legislação processual trabalhista e compatibilidade com
os princípios que regem a execução trabalhista. Na
fase de execução trabalhista, em havendo omissão da
CLT, aplica-se em primeiro plano a Lei de Execução
Fiscal (Lei n. 6.830/80) e, posteriormente, o Código de
Processo Civil (ver art. 889 da CLT). Entretanto, o art.
889 da CLT deve ser conjugado com o art. 769, pois
somente quando houver compatibilidade com os
princípios que regem a execução trabalhista a LEF
pode ser aplicada. Atualmente, na execução trabalhista,
há um desprestígio da aplicação da LEF em razão da
maior efetividade do CPC em muitos aspectos.
Entretanto, a LEF, que disciplina a forma de execução
por título executivo extrajudicial, não foi idealizada para
o credor trabalhista, o qual, na quase totalidade das
vezes, cumpre um título executivo judicial e, por isso, a
sua reduzida utilização na execução trabalhista.
EXECUÇÃO TRABALHISTA 
DOS PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO TRABALHISTA
Sincretismo processual: ainda há, na doutrina, respeitáveis opiniões no sentido de que a
execução trabalhista é um processo autônomo e não uma fase do procedimento. Em prol
desse entendimento, há o argumento no sentido de que a execução trabalhista começa
pela citação do executado, conforme dispõe o art. 880 da CLT. Milita também em favor
desse entendimento a existência de títulos executivos extrajudiciais que podem ser
executados na Justiça do Trabalho, conforme o art. 876 da CLT. Na verdade, para os
títulos executivos judiciais, a execução trabalhista nunca foi, na prática, considerada um
processo autônomo, que se inicia por petição inicial e se finaliza com a sentença.
Costumeiramente, embora a liquidaçãonão seja propriamente um ato de execução, as
Varas do Trabalho consideram o início do cumprimento da sentença mediante despacho
para o autor apresentar os cálculos de liquidação e, a partir daí, a Vara do Trabalho
promove, de ofício, os atos executivos. Todavia, no Processo do Trabalho, em se tratando
de título executivo judicial, a execução é fase do processo, e não procedimento autônomo,
pois o Juiz pode iniciar a execução de ofício (art. 878 da CLT), sem necessidade de o
credor entabular petição inicial. Além disso, a execução trabalhista prima pela
simplicidade, celeridade e efetividade, princípios esses que somente podem ser efetivados
entendendo-se a execução como fase do processo e não como um novo processo formal,
que começa com a inicial e termina com uma sentença. O próprio processo civil, por meio
da Lei n. 11.232/2005, aboliu o processo de execução, criando a fase do cumprimento da
sentença. Desse modo, a execução passa a ser mais uma fase do processo, e não um
processo autônomo que começa com a inicial e termina com a sentença. No nosso sentir,
diante dos novos rumos do processo civil ao abolir o processo de execução, e dos
princípios constitucionais da duração razoável do processo e efetividade, consagrados
pela EC 45/2004, pensamos que não há mais motivos ou argumentos para sustentar a
autonomia da execução no Processo do Trabalho. A execução trabalhista constitui fase do
processo, pelos seguintes argumentos: a) simplicidade e celeridade do procedimento; b) a
execução pode se iniciar de ofício (art. 878 da CLT); c) não há petição inicial na execução
trabalhista por título executivo judicial; d) princípios constitucionais da duração razoável do
processo e efetividade; e) acesso à Justiça e efetividade da jurisdição trabalhista.
Impulso oficial:
em razão do
relevante
aspecto social
que envolve a
satisfação do
crédito
trabalhista, a
hipossuficiência
do trabalhador e
a existência do
jus postulandi no
Processo do
Trabalho (art.
791 da CLT), a
CLT disciplina,
no art. 878, a
possibilidade de
o Juiz do
Trabalho iniciar
e promover os
atos executivos
de ofício.
EXECUÇÃO TRABALHISTA 
DOS PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS E CONDIÇÕES DA AÇÃO NA 
EXECUÇÃO 
Toda execução tem
suporte em um título:
seja judicial ou
extrajudicial. Não há
execução sem título.
Os títulos que tem
força executiva são os
líquidos, certos e
exigíveis. Na fase de
execução, também
devem estar presentes
as condições da ação
e os pressupostos
processuais para que
a execução seja válida
e possa se
desenvolver
regularmente.
Os pressupostos processuais
são requisitos de existência e
validade da relação jurídico-
processual. Enquanto as
condições da ação são
requisitos para viabilidade do
julgamento de mérito, os
pressupostos processuais
estão atrelados à validade da
relação jurídico-processual.
Por isso, a avaliação dos
pressupostos processuais
deve anteceder as condições
da ação. Dentre os
pressupostos processuais,
que são os requisitos de
existência, validade e
desenvolvimento da
execução, podemos destacar
a competência do órgão que
processará a execução e o
título que deve se revestir da
forma prevista em lei.
A doutrina tem fixado o
entendimento de que não
é o inadimplemento que
torna exigível o título
executivo, preenchendo
o requisito do interesse
processual, e sim a
alegação feita, pelo autor
da execução, de que o
título não foi cumprido. O
adimplemento ou
inadimplemento se
reportam ao próprio
mérito da execução. Há
a possibilidade jurídica
do pedido na execução
quando o título executivo
apresenta obrigação não
vedada pela lei.
EXECUÇÃO TRABALHISTA 
DO MÉRITO DA EXECUÇÃO 
Na fase de
conhecimento, o mérito
fixa-se na pretensão
posta em juízo,
consistente em impor
uma obrigação ao réu de
pagar, dar, fazer ou não
fazer. Na execução, o
mérito consiste na
pretensão de obrigar o
devedor a satisfazer a
obrigação consagrada no
título que detém força
executiva.
Na execução, os atos
praticados pelo Judiciário
são eminentemente
direcionados para a
satisfação da obrigação
consagrada no título
executivo. Por isso,
como regra geral, não há
julgamento de mérito na
execução.
Somente quando houver
impugnação do
executado por meio dos
embargos, ou outra
medida da mesma
natureza jurídica
(exceção de pré-
executividade ou
embargos de terceiros,
por exemplo) é que
haverá julgamento de
mérito na execução.
EXECUÇÃO TRABALHISTA 
DO TÍTULO EXECUTIVO 
O título executivo é o
documento que preenche os
requisitos previstos na lei,
contendo uma obrigação a ser
cumprida, individualizando as
partes devedora e credora da
obrigação, com força executiva
perante os órgãos jurisdicionais.
Toda execução tem suporte em
um título executivo, judicial ou
extrajudicial. Não há execução
sem título. O título que embasa
a execução deve ter previsão
legal, revestir-se das
formalidades previstas em lei e
possuir a forma documental.
A execução pressupõe que o título seja
líquido, certo e exigível. Nesse sentido, é o
disposto no art. 783 do CPC. O requisito da
certeza está no fato de o título não estar
sujeito à alteração por recurso (judicial) ou
que a lei confere tal qualidade, por revestir o
título das formalidades previstas em lei
(extrajudicial). Exigível é o título que não está
sujeito à condição ou ao termo. Ou seja, a
obrigação consignada no título não está
sujeita a evento futuro ou incerto (condição)
ou a um evento futuro e certo (termo). Em
outras palavras, exigível é o título cuja
obrigação nele retratada não foi cumprida
pelo devedor na data do seu vencimento.
Líquido é o título que individualiza o objeto
da execução (obrigação de entregar) ou da
obrigação (fazer ou não fazer), bem como
delimita o valor (obrigação de pagar).
EXECUÇÃO TRABALHISTA 
DOS TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS 
a) sentença trabalhista transitada
em julgado: Art. 203, §1º do CPC.
A sentença não põe mais fim ao
Processo, mas implica uma das
hipóteses da art. 485 do CPC, que
consagra as hipóteses de extinção
do processo sem resolução do
mérito, ou do art. 487 do CPC, que
estabelece as hipóteses de
resolução do mérito. A sentença
para ter força executiva plena tem
que estar revestida pela autoridade
da coisa julgada material, que é a
autoridade da decisão que projeta
efeitos fora da relação jurídico-
processual, pois aprecia o mérito da
causa, acolhendo ou rejeitando o
pedido ou pedidos de forma
definitiva, uma vez que não pode
mais ser alterada mediante recurso,
dentro da mesmo relação jurídico-
processual.
b) sentença trabalhista
pendente de
julgamento de recurso
recebido apenas no
efeito devolutivo: o
título executivo judicial
por excelência é a
sentença condenatória
transitada em julgado,
que traz consigo a
certeza e a exigibilidade.
Não obstante, se a
sentença não estiver
liquidada, haverá a fase
preliminar de liquidação.
A sentença ainda
pendente de recurso,
recebido apenas no
efeito devolutivo, pode
ser executada
provisoriamente, nos
termos do art. 899 da
CLT.
c) acordos
homologados pela
Justiça do Trabalho:
adquirem força executiva,
pois, no ato da
homologação, configura-
se o trânsito em julgado,
nos termos do parágrafo
único do art. 831 da CLT.
A jurisprudência
posicionou-se no sentido
de que o termo de
homologação da
conciliação somente
pode ser atacável pela
ação rescisória,
independentemente de
se tratar de conciliação
ou transação (súm. 259
TST)
EXECUÇÃO TRABALHISTA 
DOS TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS 
d) Sentença penal condenatória,
transitada em julgado: pode ser executada
no Justiça do Trabalho, quanto aos danos
patrimoniais e morais causados ao
empregado, ou decorrentes da relação de
trabalho (art. 515 do CPC). Pode-se
questionar a aplicabilidade do inciso VI do
art. 515 do CPC no Processo do Trabalho,
mas não há porque não aplicá-lo, haja vista
que são da competência daJustiça do
Trabalho as ações de indenização por dano
moral ou patrimonial decorrentes a relação
de trabalho. A sentença penal condenatória
em que houve o trânsito em julgado será
executada diretamente na Justiça do
Trabalho, procedendo-se à liquidação por
artigos, uma vez que haverá necessidade
de se provar fato novo, qual seja, os limites
dos danos morais e patrimoniais. Como este
título não foi produzido na justiça do
Trabalho, o credor deverá realizar um
requerimento de execução, por escrito,
instruindo-o com o título executivo.
e) Transação extrajudicial homologada pela
Justiça do Trabalho: diante de tal previsão do
CPC, discute-se bastante sobre a matéria de
homologação de transação extrajudicial
envolvendo matéria trabalhista na Justiça do
Trabalho, inclusive já há numero significativo de
ações dessa natureza nas Varas do Trabalho.
Todavia, de acordo com a EC nº 45 que
disciplina a competência da Justiça do Trabalho
para conhecer das controvérsias oriundas e
decorrentes da relação de trabalho, parece que
a Justiça do Trabalho detém competência em
razão da matéria para homologar acordo
extrajudicial envolvendo matéria trabalhista. De
outro lado, o Juiz do Trabalho deve tomar
inúmeras cautelas para homologar eventual
transação extrajudicial. Deve designar
audiência, inteirar-se dos limites do litígio e
ouvir o trabalhador. Somente em casos
excepcionais, deve o juiz homologar o acordo
extrajudicial com eficácia liberatória geral. Uma
vez homologada a transação extrajudicial, ela
adquirirá contornos de título executivo judicial.
EXECUÇÃO TRABALHISTA 
DOS TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS 
a) os Termos de Ajustes de Conduta firmados
perante o Ministério Público do Trabalho: consiste
num instrumento por meio do qual o MPT e a
pessoa, normalmente um empresa, que está
descumprindo direito metaindividuais de natureza
trabalhista, pactuam um prazo e condições para que
a conduta do ofensor seja adequado ao que dispõe a
Lei. Não se trata de transação, pois o MP não pode
dispor do interesse público, mas, inegavelmente, há
algumas concessões por parte do órgão ministerial,
como a concessão de prazo ou o perdão de
eventuais multas, a fim de que a conduta do agente
que está descumprindo o ordenamento jurídico
possa passar a cumpri-lo com maior facilidade. O
TAC deve vir acompanhado de multa pecuniária pelo
seu descumprimento e tem a qualidade de título
executivo extrajudicial. Podem ser executado na
Justiça do Trabalho não só os firmados pelo MPT,
mas também pelos demais legitimados para propor a
ação civil pública.
b) os termos de
conciliação firmados
perante as Comissões de
Conciliação Prévia: são
órgãos criados no âmbito
dos sindicatos ou das
empresas, com a
finalidade de resolução do
conflito individual
trabalhista por meio da
autocomposição. Trata-se
de um meio alternativo,
extrajudicial de solução de
conflito que tem por
finalidade propiciar maior
celeridade à resolução da
lide, sem a burocracia do
Poder Judiciário
Trabalhista.
EXECUÇÃO TRABALHISTA 
DOS TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS 
c) a certidão de inscrição na dívida
ativa da União referente às
penalidades administrativas
impostas ao empregador pelos
órgãos de fiscalização do trabalho:
diz o inciso VII do art. 114 da CF que
compete à Justiça do Trabalho
processar e julgar as ações relativas às
penalidades administrativas impostas
aos empregadores pelos órgãos de
fiscalização das relações do trabalho.
d) Títulos de crédito oriundos ou
decorrentes da relação de trabalho
podem ser executados na Justiça
do Trabalho: os títulos de crédito
que sejam emitidos em razão da
relação de trabalho, principalmente
para pagamento dos serviços, devem
ser executados na Justiça do
Trabalho, uma vez que o rol do art.
876 da CLT não é taxativo, e tal
execução propicia o acesso mais
efetivo do trabalhador à justiça,
simplificação do procedimento,
duração razoável do processo, além
de justiça do procedimento.
EXECUÇÃO TRABALHISTA 
DO PROCEDIMENTO DA EXECUÇÃO POR TÍTULOS EXECUTIOS 
EXTRAJUDICIAIS NO PROCESSO DO TRABALHO 
Ao contrário do CPC que
estabelece procedimentos distintos
para a execução por títulos judiciais
e extrajudiciais, a CLT disciplina o
mesmo procedimento para a
execução tanto do título executivo
judicial como do extrajudicial.
O procedimento previsto
para a execução por
título executivo
extrajudicial na Justiça do
Trabalho é o previsto nos
arts. 880 a 892 da CLT,
como aplicação
subsidiária do CPC
naquilo que houver
compatibilidade.
A execução trabalhista
por título executivo
extrajudicial é um
processo autônomo, uma
vez que não há a fase de
conhecimento. Começa
com a Petição Inicial, que
deverá ser instruída com
o título executivo e
requerimento de citação
do devedor, de aplicação
subsidiária ao processo
do trabalho, conforme os
art. 769 e 889 da CLT,
podendo o exequente
indicar, na inicial, bens à
penhora.
EXECUÇÃO TRABALHISTA 
DO PROCEDIMENTO DA EXECUÇÃO POR TÍTULOS EXECUTIOS 
EXTRAJUDICIAIS NO PROCESSO DO TRABALHO 
Segue-se a citação do executado
para pagar a execução ou nomear
bens à penhora, observando-se a
ordem do art. 835 do CPC. S
houver pagamento, extinguir-se-á a
execução. Caso não pague, nem
decline bens, se seguirá a penhora.
Uma vez garantido o juízo, o
executado poderá opor os
embargos à execução no prazo de
cinco dias. julgando os embargos, a
execução prosseguirá com a
expropriação de bens.
a) PI – contento o título
executivo e o
requerimento de citação
do executado; b) citação
do reclamado para pagar
ou nomear bens em 48
hrs; c) havendo
pagamento, haverá a
extinção da execução; d)
caso não haja
pagamento, haverá a
penhora de tantos bens
quantos bastem para a
garantia do juízo; e) uma
vez garantido o juízo,
poderá o executado
embargar a execução no
prazo de 5 dias; f)
expropriação de bens em
hasta pública.
Exceto a PI que deve ser
elaborada pelo
exequente, instruída com
os documentos e a
necessidade de citação
do executado,
praticamente os atos
subsequentes do
procedimento da
execução por títulos
executivos extrajudiciais
é o mesmo para os
títulos executivos
judiciais no processo do
trabalho.
EXECUÇÃO TRABALHISTA 
DA COMPETÊNCIA PARA A EXECUÇÃO TRABALHISTA
A CLT disciplina a competência
funcional para a fase de execução
trabalhista nos arts. 877 e 877-A.
Art. 877 - É competente
para a execução das
decisões o Juiz ou
Presidente do Tribunal
que tiver conciliado ou
julgado originariamente o
dissídio. Art. 877-A - É
competente para a
execução de título
executivo extrajudicial o
juiz que teria
competência para o
processo de
conhecimento relativo à
matéria.
Os referidos dispositivos
legais tratam da
competência funcional
para a execução e,
portanto, são absolutos,
não podendo ser alterada
pela vontade das partes.
EXECUÇÃO TRABALHISTA 
DA COMPETÊNCIA PARA A EXECUÇÃO TRABALHISTA
Quando a execução for por carta
precatória, aplicar-se-á a Súm. 32
do TRF: na execução por carta, os
embargos do devedor serão
decididos no juízo deprecante, salvo
se versarem unicamente vícios ou
defeitos da penhora, avaliação ou
alienação de bens.
Assevera o art. 516,
parágrafo único do CPC,
que, no caso em que a
execução da sentença se
processar em primeiro
grau de jurisdição, ou
seja, nas Varas, o
exequente poderá optar
pelo juízo do local onde
se encontrarem bens
sujeitos à expropriação
ou pelo do atual domicílio
do executado, caso em
que a remessa dos autos
do processo será
solicitada ao juízo de
origem.
A CLT não tem
disposição semelhante.
Desse modo, parte
significativa da doutrina
entende que o dispositivo
do CPC é compatível
com o Processo do
trabalho, pois propicia
maior celeridade e
efetividade da sentença,
dispensando a
necessidade de
expedição de cartas
precatórias para a
execução e também de
intermináveis ofícios.EXECUÇÃO TRABALHISTA 
DA LEGITIMIDADE PARA PROMOVER A EXECUÇÃO: ATIVA 
Parte legítima é a pessoa que pode
promover e contra a qual se pode
promover a execução. Na
execução, não se aplica a teoria in
statu assertionis, uma vez que o
processo de execução exige que a
pessoa esteja mencionada no título
como devedor. Art. 878 da CLT.
A execução pode ser
promovida por qualquer
interessado. Essa
expressão deve ser
interpretada
restritivamente, no
sentido de que, como
regra geral, somente
pode promover a
execução a parte que
figura no título como
credor ou quem a lei
atribui legitimidade ativa
ou passiva.
Assevera a CLT que o
Juiz do Trabalho pode
promover de ofício a
execução. Essa
possibilidade é peculiar
ao Processo do trabalho,
não encontrando
semelhante em outro
diplomas processuais. Tal
possibilidade não
configura quebra de
parcialidade do juiz, pois
este não é parte na
execução, apenas a
inicia e pode impulsioná-
la de ofício,
determinando, por
exemplo, a penhora de
bens, ofícios de bloqueio
de contas bancárias etc.
EXECUÇÃO TRABALHISTA 
DA LEGITIMIDADE PARA PROMOVER A EXECUÇÃO: ATIVA 
Nos processos de competência
originária dos tribunais, a execução
pode ser promovida pelo MPT.
Todavia, deve ser restrita aos
processos em que o MPT atuou
como parte ou fiscal da lei.
A execução pode ser
iniciada pelo devedor, a
fim de se exonerar da
obrigação, conforme o
CPC e também com
previsão da CLT, art. 878-
A: Faculta-se ao devedor
o pagamento imediato da
parte que entender
devida à Previdência
Social, sem prejuízo da
cobrança de eventuais
diferenças encontradas
na execução ex officio.
Outro legitimado ativo
para a execução de título
extrajudicial é a União,
na cobrança de multas
aplicadas aos
empregadores, conforme
art. 114, VII da CF. A CLT
não disciplina de forma
completa a legitimidade
na execução. Desse
modo, restam aplicáveis
à hipótese as disposições
do CPC.
EXECUÇÃO TRABALHISTA 
DA LEGITIMIDADE ATIVA DO ESPÓLIO E SUCESSORES 
O espólio, deve ser considerado
como sendo o conjunto de bens que
alguém, falecendo, deixou, tem
legitimidade para prosseguir na
execução; embora não tenha
personalidade jurídica, tem
legitimidade processual. Havendo
falecimento do credor, o Juiz do
Trabalho deverá suspender a
execução e determinar a habilitação
de sucessores.
A habilitação de
sucessores, é realizada
de forma extremamente
simples, adotando-se
como diretriz legal os
arts. 689 do CPC,
devendo ser juntadas aos
autos a certidão de óbito
do de cujus e a certidão
de que o habilitanto foi
incluído, sem qualquer
oposição, no inventário.
Essa habilitação, despida
de solenidade, independe
de sentença, sendo
admitida por simples
despacho.
A jurisprudência tem
admitido a habilitação
dos sucessores do credor
trabalhista por meio de
certidão de dependentes
junto à Previdência
Social ou de alvará
judicial. Todavia, se
houver dúvidas sobre a
legitimidade dos
sucessores, deverá o
Juiz do Trabalho
aguardar o desfecho do
inventário da Justiça
Comum.
EXECUÇÃO TRABALHISTA 
DA CESSÃO DO CRÉDITO TRABALHISTA 
Cessão do crédito trabalhista
significa a transferência pelo credor
trabalhista de seu crédito a um
terceiro que não tem relação com o
processo, tampouco figurou na
relação jurídica de trabalho. Parte
da doutrina e jurisprudência a
admitem, argumentando que não há
prejuízo à execução, que há
permissão legal e o objeto é lícito.
Desse modo, o cessionário, ainda
que não tenha participado da
relação de trabalho ou de emprego,
pode adquirir o crédito trabalhista e
executá-lo como se credor
trabalhista fosse. Argumentam
ainda que tal cessão não altera a
competência material da Justiça do
Trabalho para a execução.
A lei 11.101/05 que
regulou a recuperação
judicial, extrajudicial e a
falência, permitiu a
cessão de créditos
trabalhistas a terceiros,
apenas ressalvando que,
nesse caso, o crédito
laboral cedido será
enquadrado como crédito
quirografário.
O crédito trabalhista pode
ser cedido, mas, se isso
ocorrer, perderá a
natureza trabalhista e se
transmudará num crédito
de natureza civil, uma
vez que se desvinculará
de sua causa originária
que é a prestação de
serviços ou relação de
emprego.
EXECUÇÃO TRABALHISTA 
DO SUB-ROGADO 
Diz-se credor sub-rogado aquele que paga a dívida
de outrem, assumindo todos os direitos, ações,
privilégios e garantia do primitivo credor contra o
devedor principal e seus fiadores.
As hipóteses de sub-rogação de
crédito na Justiça do trabalho são
restritas e de difícil ocorrência, não
obstante a doutrina a tem admitido
na Justiça do trabalho. Caso haja
sub-rogação de um terceiro no
crédito trabalhista, cessará a
competência da Justiça do Trabalho
e também se alterará a natureza do
crédito, uma vez que não se tratará
,ais de dívida trabalhista.
EXECUÇÃO TRABALHISTA 
DA LEGITIMIDADE PARA PROMOVER A EXECUÇÃO: PASSIVA 
O legitimado passivo para a
execução é a pessoa que figura no
título como devedor. Não obstante,
outras pessoas podem estar
sujeitas à execução, conforme
alinha o art. 4º da lei 6.830/80, que
resta aplicável ao Processo do
Trabalho.
O art. 4º da lei 6.830/80:
a execução fiscal poderá
ser promovida contra: I-
devedor; II- o fiador; III –
o espólio, IV – a massa;
V – o responsável, nos
termos da lei, por dívidas,
tributárias ou não, de
pessoas físicas ou
jurídicas de direito
privado; e, VI – os
sucessores a qualquer
título.
Art. 779 do CPC: As
partes, ou seus
procuradores, poderão
consultar, com ampla
liberdade, os processos
nos cartórios ou
secretarias.

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