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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO – AULA 2 Professora: Dra. Ana Flávia Lins Souto e-mail: anaf.lins@gmail.com UNIVERSIDADE FEDERALDE CAMPINAGRANDE – UFCG CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS – CCJS UNIDADEACADÊMICADE DIREITO – UAD EXECUÇÃO TRABALHISTA INTRODUÇÃO E ASPECTOS CRÍTICOS A legislação vigente na Roma antiga era extremamente rigorosa em relação à pessoa que deixasse de cumprir a obrigação assumida: ao contrário do que ocorre nos tempos atuais, porém, os credores romanos não podiam fazer com que a execução incidisse no patrimônio do devedor, pois as medidas previstas naquela legislação tinham como destinatária, em regra, a pessoa do próprio devedor. A execução era, portanto, corporal e não patrimonial. Com o avanço legal e da sociedade, a execução não mais incide sobre a pessoa do devedor, e sim sobre seu patrimônio. Diz-se que a execução tem caráter patrimonial. Art. 789 CPC: o devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei. EXECUÇÃO TRABALHISTA DO CONCEITO DE EXECUÇÃO TRABALHISTA A execução trabalhista consiste num conjunto de atos praticados pela Justiça do Trabalho destinados à satisfação de uma obrigação consagrada num título executivo judicial ou extrajudicial, da competência da Justiça do Trabalho, não voluntariamente satisfeita pelo devedor, contra a vontade deste último. A sentença não voluntariamente cumprida dá ensejo a uma outra atividade jurisdicional, destinada à satisfação da obrigação consagrada em um título. Essa atividade estatal de satisfazer a obrigação consagrada num título que tem força executiva, não adimplido voluntariamente pelo credor, se denomina execução forçada. EXECUÇÃO TRABALHISTA DOS PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO TRABALHISTA Primazia do credor trabalhista: a execução trabalhista se faz no interesse do credor. Desse modo, todos os atos executivos devem convergir para satisfação do crédito do exequente. Na execução, o presente princípio se destaca em razão da natureza alimentar do crédito trabalhista e da necessidade premente de celeridade do procedimento executivo. Esse princípio deve nortear toda a atividade interpretativa do Juiz do Trabalho na execução. Por isso, no conflito entre normas que disciplinam o procedimento executivo, deve-se preferir a interpretação que favoreça o exequente. Menor onerosidade ao executado: o presente princípio está consagrado no art. 805 do CPC. O presente dispositivo representa característica da humanização da execução, tendo por escopo resguardar a dignidade da pessoa humana do executado. A regra do art. 805 do CPC se mostra compatível com a execução trabalhista (arts. 769 e 889 da CLT). Conclusão: somente quando a execução puder ser realizada por mais de uma modalidade, com a mesma efetividade para o credor, se preferirá o meio menos oneroso para o devedor. Princípio do título: toda execução pressupõe um título, seja ele judicial ou extrajudicial. A execução é nula sem título (nulla executio sine titulo). Nesse sentido, o art. 783 do CPC. Os títulos trabalhistas que têm força executiva estão previstos no art. 876 da CLT. Outrossim, o título a embasar a execução deve ser líquido, certo e exigível. O requisito da certeza está no fato de o título não estar sujeito à alteração por recurso (judicial) ou que a lei confere tal qualidade, por revestir o título das formalidades previstas em lei (extrajudicial). Exigível é o título que não está sujeito à condição ou termo. Ou seja, a obrigação consignada no título não está sujeita a evento futuro ou incerto (condição) ou a um evento futuro e certo (termo). Líquido é o título que individualiza o objeto da execução (obrigação de entregar) ou da obrigação (fazer ou não fazer), bem como delimita o valor (obrigação de pagar). EXECUÇÃO TRABALHISTA DOS PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO TRABALHISTA Redução do contraditório: o contraditório na execução é limitado (mitigado), pois a obrigação já está constituída no título e deve ser cumprida: ou de forma espontânea pelo devedor ou mediante a atuação coativa do Estado, que se materializa no processo. Patrimonialidade: a execução não incide sobre a pessoa do devedor, e sim sobre seus bens, conforme o art. 789 do CPC. Tanto os bens presentes como os futuros do devedor são passíveis de execução. A Constituição prevê apenas duas possibilidades de a execução incidir sobre a pessoa do devedor no art. 5º, LXVII, da CF, que assim dispõe: “Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel”. O STF fixou entendimento, com suporte no Tratado Interamericano de Direito Humanos, não mais ser possível a prisão do depositário infiel, mesmo o judicial, pois, no entender da suprema corte brasileira, eles são equiparados a devedores. Com efeito, dispõe a Súmula Vinculante n. 25 do STF: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. No mesmo sentido, Sumulou o STJ,: Descabe a prisão civil do depositário judicial infiel. Efetividade: há efetividade da execução trabalhista quando ela é capaz de materializar a obrigação consagrada no título que tem força executiva, entregando, no menor prazo possível, o bem da vida ao credor ou materializando a obrigação consagrada no título. Desse modo, a execução deve ter o máximo resultado com o menor dispêndio de atos processuais. EXECUÇÃO TRABALHISTA DOS PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO TRABALHISTA Utilidade: como corolário do princípio da efetividade, temos o princípio da utilidade da execução. Por esse princípio, nenhum ato inútil, a exemplo de penhora de bens de valor insignificante e incapazes de satisfazer o crédito, poderá ser consumado. Desse modo, deve o Juiz do Trabalho racionalizar os atos processuais na execução, evitando a prática de atos inúteis ou que atentem contra a celeridade e o bom andamento processual. Subsidiariedade: o Processo do Trabalho permite que as regras do direito processual comum sejam aplicadas na execução trabalhista, no caso de lacuna da legislação processual trabalhista e compatibilidade com os princípios que regem a execução trabalhista. Na fase de execução trabalhista, em havendo omissão da CLT, aplica-se em primeiro plano a Lei de Execução Fiscal (Lei n. 6.830/80) e, posteriormente, o Código de Processo Civil (ver art. 889 da CLT). Entretanto, o art. 889 da CLT deve ser conjugado com o art. 769, pois somente quando houver compatibilidade com os princípios que regem a execução trabalhista a LEF pode ser aplicada. Atualmente, na execução trabalhista, há um desprestígio da aplicação da LEF em razão da maior efetividade do CPC em muitos aspectos. Entretanto, a LEF, que disciplina a forma de execução por título executivo extrajudicial, não foi idealizada para o credor trabalhista, o qual, na quase totalidade das vezes, cumpre um título executivo judicial e, por isso, a sua reduzida utilização na execução trabalhista. EXECUÇÃO TRABALHISTA DOS PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO TRABALHISTA Sincretismo processual: ainda há, na doutrina, respeitáveis opiniões no sentido de que a execução trabalhista é um processo autônomo e não uma fase do procedimento. Em prol desse entendimento, há o argumento no sentido de que a execução trabalhista começa pela citação do executado, conforme dispõe o art. 880 da CLT. Milita também em favor desse entendimento a existência de títulos executivos extrajudiciais que podem ser executados na Justiça do Trabalho, conforme o art. 876 da CLT. Na verdade, para os títulos executivos judiciais, a execução trabalhista nunca foi, na prática, considerada um processo autônomo, que se inicia por petição inicial e se finaliza com a sentença. Costumeiramente, embora a liquidaçãonão seja propriamente um ato de execução, as Varas do Trabalho consideram o início do cumprimento da sentença mediante despacho para o autor apresentar os cálculos de liquidação e, a partir daí, a Vara do Trabalho promove, de ofício, os atos executivos. Todavia, no Processo do Trabalho, em se tratando de título executivo judicial, a execução é fase do processo, e não procedimento autônomo, pois o Juiz pode iniciar a execução de ofício (art. 878 da CLT), sem necessidade de o credor entabular petição inicial. Além disso, a execução trabalhista prima pela simplicidade, celeridade e efetividade, princípios esses que somente podem ser efetivados entendendo-se a execução como fase do processo e não como um novo processo formal, que começa com a inicial e termina com uma sentença. O próprio processo civil, por meio da Lei n. 11.232/2005, aboliu o processo de execução, criando a fase do cumprimento da sentença. Desse modo, a execução passa a ser mais uma fase do processo, e não um processo autônomo que começa com a inicial e termina com a sentença. No nosso sentir, diante dos novos rumos do processo civil ao abolir o processo de execução, e dos princípios constitucionais da duração razoável do processo e efetividade, consagrados pela EC 45/2004, pensamos que não há mais motivos ou argumentos para sustentar a autonomia da execução no Processo do Trabalho. A execução trabalhista constitui fase do processo, pelos seguintes argumentos: a) simplicidade e celeridade do procedimento; b) a execução pode se iniciar de ofício (art. 878 da CLT); c) não há petição inicial na execução trabalhista por título executivo judicial; d) princípios constitucionais da duração razoável do processo e efetividade; e) acesso à Justiça e efetividade da jurisdição trabalhista. Impulso oficial: em razão do relevante aspecto social que envolve a satisfação do crédito trabalhista, a hipossuficiência do trabalhador e a existência do jus postulandi no Processo do Trabalho (art. 791 da CLT), a CLT disciplina, no art. 878, a possibilidade de o Juiz do Trabalho iniciar e promover os atos executivos de ofício. EXECUÇÃO TRABALHISTA DOS PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS E CONDIÇÕES DA AÇÃO NA EXECUÇÃO Toda execução tem suporte em um título: seja judicial ou extrajudicial. Não há execução sem título. Os títulos que tem força executiva são os líquidos, certos e exigíveis. Na fase de execução, também devem estar presentes as condições da ação e os pressupostos processuais para que a execução seja válida e possa se desenvolver regularmente. Os pressupostos processuais são requisitos de existência e validade da relação jurídico- processual. Enquanto as condições da ação são requisitos para viabilidade do julgamento de mérito, os pressupostos processuais estão atrelados à validade da relação jurídico-processual. Por isso, a avaliação dos pressupostos processuais deve anteceder as condições da ação. Dentre os pressupostos processuais, que são os requisitos de existência, validade e desenvolvimento da execução, podemos destacar a competência do órgão que processará a execução e o título que deve se revestir da forma prevista em lei. A doutrina tem fixado o entendimento de que não é o inadimplemento que torna exigível o título executivo, preenchendo o requisito do interesse processual, e sim a alegação feita, pelo autor da execução, de que o título não foi cumprido. O adimplemento ou inadimplemento se reportam ao próprio mérito da execução. Há a possibilidade jurídica do pedido na execução quando o título executivo apresenta obrigação não vedada pela lei. EXECUÇÃO TRABALHISTA DO MÉRITO DA EXECUÇÃO Na fase de conhecimento, o mérito fixa-se na pretensão posta em juízo, consistente em impor uma obrigação ao réu de pagar, dar, fazer ou não fazer. Na execução, o mérito consiste na pretensão de obrigar o devedor a satisfazer a obrigação consagrada no título que detém força executiva. Na execução, os atos praticados pelo Judiciário são eminentemente direcionados para a satisfação da obrigação consagrada no título executivo. Por isso, como regra geral, não há julgamento de mérito na execução. Somente quando houver impugnação do executado por meio dos embargos, ou outra medida da mesma natureza jurídica (exceção de pré- executividade ou embargos de terceiros, por exemplo) é que haverá julgamento de mérito na execução. EXECUÇÃO TRABALHISTA DO TÍTULO EXECUTIVO O título executivo é o documento que preenche os requisitos previstos na lei, contendo uma obrigação a ser cumprida, individualizando as partes devedora e credora da obrigação, com força executiva perante os órgãos jurisdicionais. Toda execução tem suporte em um título executivo, judicial ou extrajudicial. Não há execução sem título. O título que embasa a execução deve ter previsão legal, revestir-se das formalidades previstas em lei e possuir a forma documental. A execução pressupõe que o título seja líquido, certo e exigível. Nesse sentido, é o disposto no art. 783 do CPC. O requisito da certeza está no fato de o título não estar sujeito à alteração por recurso (judicial) ou que a lei confere tal qualidade, por revestir o título das formalidades previstas em lei (extrajudicial). Exigível é o título que não está sujeito à condição ou ao termo. Ou seja, a obrigação consignada no título não está sujeita a evento futuro ou incerto (condição) ou a um evento futuro e certo (termo). Em outras palavras, exigível é o título cuja obrigação nele retratada não foi cumprida pelo devedor na data do seu vencimento. Líquido é o título que individualiza o objeto da execução (obrigação de entregar) ou da obrigação (fazer ou não fazer), bem como delimita o valor (obrigação de pagar). EXECUÇÃO TRABALHISTA DOS TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS a) sentença trabalhista transitada em julgado: Art. 203, §1º do CPC. A sentença não põe mais fim ao Processo, mas implica uma das hipóteses da art. 485 do CPC, que consagra as hipóteses de extinção do processo sem resolução do mérito, ou do art. 487 do CPC, que estabelece as hipóteses de resolução do mérito. A sentença para ter força executiva plena tem que estar revestida pela autoridade da coisa julgada material, que é a autoridade da decisão que projeta efeitos fora da relação jurídico- processual, pois aprecia o mérito da causa, acolhendo ou rejeitando o pedido ou pedidos de forma definitiva, uma vez que não pode mais ser alterada mediante recurso, dentro da mesmo relação jurídico- processual. b) sentença trabalhista pendente de julgamento de recurso recebido apenas no efeito devolutivo: o título executivo judicial por excelência é a sentença condenatória transitada em julgado, que traz consigo a certeza e a exigibilidade. Não obstante, se a sentença não estiver liquidada, haverá a fase preliminar de liquidação. A sentença ainda pendente de recurso, recebido apenas no efeito devolutivo, pode ser executada provisoriamente, nos termos do art. 899 da CLT. c) acordos homologados pela Justiça do Trabalho: adquirem força executiva, pois, no ato da homologação, configura- se o trânsito em julgado, nos termos do parágrafo único do art. 831 da CLT. A jurisprudência posicionou-se no sentido de que o termo de homologação da conciliação somente pode ser atacável pela ação rescisória, independentemente de se tratar de conciliação ou transação (súm. 259 TST) EXECUÇÃO TRABALHISTA DOS TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS d) Sentença penal condenatória, transitada em julgado: pode ser executada no Justiça do Trabalho, quanto aos danos patrimoniais e morais causados ao empregado, ou decorrentes da relação de trabalho (art. 515 do CPC). Pode-se questionar a aplicabilidade do inciso VI do art. 515 do CPC no Processo do Trabalho, mas não há porque não aplicá-lo, haja vista que são da competência daJustiça do Trabalho as ações de indenização por dano moral ou patrimonial decorrentes a relação de trabalho. A sentença penal condenatória em que houve o trânsito em julgado será executada diretamente na Justiça do Trabalho, procedendo-se à liquidação por artigos, uma vez que haverá necessidade de se provar fato novo, qual seja, os limites dos danos morais e patrimoniais. Como este título não foi produzido na justiça do Trabalho, o credor deverá realizar um requerimento de execução, por escrito, instruindo-o com o título executivo. e) Transação extrajudicial homologada pela Justiça do Trabalho: diante de tal previsão do CPC, discute-se bastante sobre a matéria de homologação de transação extrajudicial envolvendo matéria trabalhista na Justiça do Trabalho, inclusive já há numero significativo de ações dessa natureza nas Varas do Trabalho. Todavia, de acordo com a EC nº 45 que disciplina a competência da Justiça do Trabalho para conhecer das controvérsias oriundas e decorrentes da relação de trabalho, parece que a Justiça do Trabalho detém competência em razão da matéria para homologar acordo extrajudicial envolvendo matéria trabalhista. De outro lado, o Juiz do Trabalho deve tomar inúmeras cautelas para homologar eventual transação extrajudicial. Deve designar audiência, inteirar-se dos limites do litígio e ouvir o trabalhador. Somente em casos excepcionais, deve o juiz homologar o acordo extrajudicial com eficácia liberatória geral. Uma vez homologada a transação extrajudicial, ela adquirirá contornos de título executivo judicial. EXECUÇÃO TRABALHISTA DOS TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS a) os Termos de Ajustes de Conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho: consiste num instrumento por meio do qual o MPT e a pessoa, normalmente um empresa, que está descumprindo direito metaindividuais de natureza trabalhista, pactuam um prazo e condições para que a conduta do ofensor seja adequado ao que dispõe a Lei. Não se trata de transação, pois o MP não pode dispor do interesse público, mas, inegavelmente, há algumas concessões por parte do órgão ministerial, como a concessão de prazo ou o perdão de eventuais multas, a fim de que a conduta do agente que está descumprindo o ordenamento jurídico possa passar a cumpri-lo com maior facilidade. O TAC deve vir acompanhado de multa pecuniária pelo seu descumprimento e tem a qualidade de título executivo extrajudicial. Podem ser executado na Justiça do Trabalho não só os firmados pelo MPT, mas também pelos demais legitimados para propor a ação civil pública. b) os termos de conciliação firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia: são órgãos criados no âmbito dos sindicatos ou das empresas, com a finalidade de resolução do conflito individual trabalhista por meio da autocomposição. Trata-se de um meio alternativo, extrajudicial de solução de conflito que tem por finalidade propiciar maior celeridade à resolução da lide, sem a burocracia do Poder Judiciário Trabalhista. EXECUÇÃO TRABALHISTA DOS TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS c) a certidão de inscrição na dívida ativa da União referente às penalidades administrativas impostas ao empregador pelos órgãos de fiscalização do trabalho: diz o inciso VII do art. 114 da CF que compete à Justiça do Trabalho processar e julgar as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações do trabalho. d) Títulos de crédito oriundos ou decorrentes da relação de trabalho podem ser executados na Justiça do Trabalho: os títulos de crédito que sejam emitidos em razão da relação de trabalho, principalmente para pagamento dos serviços, devem ser executados na Justiça do Trabalho, uma vez que o rol do art. 876 da CLT não é taxativo, e tal execução propicia o acesso mais efetivo do trabalhador à justiça, simplificação do procedimento, duração razoável do processo, além de justiça do procedimento. EXECUÇÃO TRABALHISTA DO PROCEDIMENTO DA EXECUÇÃO POR TÍTULOS EXECUTIOS EXTRAJUDICIAIS NO PROCESSO DO TRABALHO Ao contrário do CPC que estabelece procedimentos distintos para a execução por títulos judiciais e extrajudiciais, a CLT disciplina o mesmo procedimento para a execução tanto do título executivo judicial como do extrajudicial. O procedimento previsto para a execução por título executivo extrajudicial na Justiça do Trabalho é o previsto nos arts. 880 a 892 da CLT, como aplicação subsidiária do CPC naquilo que houver compatibilidade. A execução trabalhista por título executivo extrajudicial é um processo autônomo, uma vez que não há a fase de conhecimento. Começa com a Petição Inicial, que deverá ser instruída com o título executivo e requerimento de citação do devedor, de aplicação subsidiária ao processo do trabalho, conforme os art. 769 e 889 da CLT, podendo o exequente indicar, na inicial, bens à penhora. EXECUÇÃO TRABALHISTA DO PROCEDIMENTO DA EXECUÇÃO POR TÍTULOS EXECUTIOS EXTRAJUDICIAIS NO PROCESSO DO TRABALHO Segue-se a citação do executado para pagar a execução ou nomear bens à penhora, observando-se a ordem do art. 835 do CPC. S houver pagamento, extinguir-se-á a execução. Caso não pague, nem decline bens, se seguirá a penhora. Uma vez garantido o juízo, o executado poderá opor os embargos à execução no prazo de cinco dias. julgando os embargos, a execução prosseguirá com a expropriação de bens. a) PI – contento o título executivo e o requerimento de citação do executado; b) citação do reclamado para pagar ou nomear bens em 48 hrs; c) havendo pagamento, haverá a extinção da execução; d) caso não haja pagamento, haverá a penhora de tantos bens quantos bastem para a garantia do juízo; e) uma vez garantido o juízo, poderá o executado embargar a execução no prazo de 5 dias; f) expropriação de bens em hasta pública. Exceto a PI que deve ser elaborada pelo exequente, instruída com os documentos e a necessidade de citação do executado, praticamente os atos subsequentes do procedimento da execução por títulos executivos extrajudiciais é o mesmo para os títulos executivos judiciais no processo do trabalho. EXECUÇÃO TRABALHISTA DA COMPETÊNCIA PARA A EXECUÇÃO TRABALHISTA A CLT disciplina a competência funcional para a fase de execução trabalhista nos arts. 877 e 877-A. Art. 877 - É competente para a execução das decisões o Juiz ou Presidente do Tribunal que tiver conciliado ou julgado originariamente o dissídio. Art. 877-A - É competente para a execução de título executivo extrajudicial o juiz que teria competência para o processo de conhecimento relativo à matéria. Os referidos dispositivos legais tratam da competência funcional para a execução e, portanto, são absolutos, não podendo ser alterada pela vontade das partes. EXECUÇÃO TRABALHISTA DA COMPETÊNCIA PARA A EXECUÇÃO TRABALHISTA Quando a execução for por carta precatória, aplicar-se-á a Súm. 32 do TRF: na execução por carta, os embargos do devedor serão decididos no juízo deprecante, salvo se versarem unicamente vícios ou defeitos da penhora, avaliação ou alienação de bens. Assevera o art. 516, parágrafo único do CPC, que, no caso em que a execução da sentença se processar em primeiro grau de jurisdição, ou seja, nas Varas, o exequente poderá optar pelo juízo do local onde se encontrarem bens sujeitos à expropriação ou pelo do atual domicílio do executado, caso em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem. A CLT não tem disposição semelhante. Desse modo, parte significativa da doutrina entende que o dispositivo do CPC é compatível com o Processo do trabalho, pois propicia maior celeridade e efetividade da sentença, dispensando a necessidade de expedição de cartas precatórias para a execução e também de intermináveis ofícios.EXECUÇÃO TRABALHISTA DA LEGITIMIDADE PARA PROMOVER A EXECUÇÃO: ATIVA Parte legítima é a pessoa que pode promover e contra a qual se pode promover a execução. Na execução, não se aplica a teoria in statu assertionis, uma vez que o processo de execução exige que a pessoa esteja mencionada no título como devedor. Art. 878 da CLT. A execução pode ser promovida por qualquer interessado. Essa expressão deve ser interpretada restritivamente, no sentido de que, como regra geral, somente pode promover a execução a parte que figura no título como credor ou quem a lei atribui legitimidade ativa ou passiva. Assevera a CLT que o Juiz do Trabalho pode promover de ofício a execução. Essa possibilidade é peculiar ao Processo do trabalho, não encontrando semelhante em outro diplomas processuais. Tal possibilidade não configura quebra de parcialidade do juiz, pois este não é parte na execução, apenas a inicia e pode impulsioná- la de ofício, determinando, por exemplo, a penhora de bens, ofícios de bloqueio de contas bancárias etc. EXECUÇÃO TRABALHISTA DA LEGITIMIDADE PARA PROMOVER A EXECUÇÃO: ATIVA Nos processos de competência originária dos tribunais, a execução pode ser promovida pelo MPT. Todavia, deve ser restrita aos processos em que o MPT atuou como parte ou fiscal da lei. A execução pode ser iniciada pelo devedor, a fim de se exonerar da obrigação, conforme o CPC e também com previsão da CLT, art. 878- A: Faculta-se ao devedor o pagamento imediato da parte que entender devida à Previdência Social, sem prejuízo da cobrança de eventuais diferenças encontradas na execução ex officio. Outro legitimado ativo para a execução de título extrajudicial é a União, na cobrança de multas aplicadas aos empregadores, conforme art. 114, VII da CF. A CLT não disciplina de forma completa a legitimidade na execução. Desse modo, restam aplicáveis à hipótese as disposições do CPC. EXECUÇÃO TRABALHISTA DA LEGITIMIDADE ATIVA DO ESPÓLIO E SUCESSORES O espólio, deve ser considerado como sendo o conjunto de bens que alguém, falecendo, deixou, tem legitimidade para prosseguir na execução; embora não tenha personalidade jurídica, tem legitimidade processual. Havendo falecimento do credor, o Juiz do Trabalho deverá suspender a execução e determinar a habilitação de sucessores. A habilitação de sucessores, é realizada de forma extremamente simples, adotando-se como diretriz legal os arts. 689 do CPC, devendo ser juntadas aos autos a certidão de óbito do de cujus e a certidão de que o habilitanto foi incluído, sem qualquer oposição, no inventário. Essa habilitação, despida de solenidade, independe de sentença, sendo admitida por simples despacho. A jurisprudência tem admitido a habilitação dos sucessores do credor trabalhista por meio de certidão de dependentes junto à Previdência Social ou de alvará judicial. Todavia, se houver dúvidas sobre a legitimidade dos sucessores, deverá o Juiz do Trabalho aguardar o desfecho do inventário da Justiça Comum. EXECUÇÃO TRABALHISTA DA CESSÃO DO CRÉDITO TRABALHISTA Cessão do crédito trabalhista significa a transferência pelo credor trabalhista de seu crédito a um terceiro que não tem relação com o processo, tampouco figurou na relação jurídica de trabalho. Parte da doutrina e jurisprudência a admitem, argumentando que não há prejuízo à execução, que há permissão legal e o objeto é lícito. Desse modo, o cessionário, ainda que não tenha participado da relação de trabalho ou de emprego, pode adquirir o crédito trabalhista e executá-lo como se credor trabalhista fosse. Argumentam ainda que tal cessão não altera a competência material da Justiça do Trabalho para a execução. A lei 11.101/05 que regulou a recuperação judicial, extrajudicial e a falência, permitiu a cessão de créditos trabalhistas a terceiros, apenas ressalvando que, nesse caso, o crédito laboral cedido será enquadrado como crédito quirografário. O crédito trabalhista pode ser cedido, mas, se isso ocorrer, perderá a natureza trabalhista e se transmudará num crédito de natureza civil, uma vez que se desvinculará de sua causa originária que é a prestação de serviços ou relação de emprego. EXECUÇÃO TRABALHISTA DO SUB-ROGADO Diz-se credor sub-rogado aquele que paga a dívida de outrem, assumindo todos os direitos, ações, privilégios e garantia do primitivo credor contra o devedor principal e seus fiadores. As hipóteses de sub-rogação de crédito na Justiça do trabalho são restritas e de difícil ocorrência, não obstante a doutrina a tem admitido na Justiça do trabalho. Caso haja sub-rogação de um terceiro no crédito trabalhista, cessará a competência da Justiça do Trabalho e também se alterará a natureza do crédito, uma vez que não se tratará ,ais de dívida trabalhista. EXECUÇÃO TRABALHISTA DA LEGITIMIDADE PARA PROMOVER A EXECUÇÃO: PASSIVA O legitimado passivo para a execução é a pessoa que figura no título como devedor. Não obstante, outras pessoas podem estar sujeitas à execução, conforme alinha o art. 4º da lei 6.830/80, que resta aplicável ao Processo do Trabalho. O art. 4º da lei 6.830/80: a execução fiscal poderá ser promovida contra: I- devedor; II- o fiador; III – o espólio, IV – a massa; V – o responsável, nos termos da lei, por dívidas, tributárias ou não, de pessoas físicas ou jurídicas de direito privado; e, VI – os sucessores a qualquer título. Art. 779 do CPC: As partes, ou seus procuradores, poderão consultar, com ampla liberdade, os processos nos cartórios ou secretarias.
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