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Direito Processual Previdenciário W B A 0 2 0 8 _ V 1. 0 2/294 Direito Processual Previdenciário Autoria: Rafaela da F. Lima Rocha Farache Como citar este documento: Farache, Rafaela da F. L. Rocha. Direito Processual Previdenciário. Vali- nhos: 2016. Sumário Apresentação da Disciplina 04 Unidade 1: Princípios do Processo Administrativo Previdenciário 05 Assista a suas aulas 37 Unidade 2: O Requerimento Administrativo 44 Assista a suas aulas 65 Unidade 3: Meios de Prova no Direito Previdenciário: A Instrução do Processo Administrativo 72 Assista a suas aulas 96 Unidade 4: Contencioso Administrativo - Fase Recursal 103 Assista a suas aulas 129 2/294 3/2943 Unidade 5: Revisão Administrativa dos Benefícios Previdenciários 137 Assista a suas aulas 173 Unidade 6: Juizados Especiais Federais 181 Assista a suas aulas 214 Unidade 7: Ações Regressivas Acidentárias 222 Assista a suas aulas 251 Unidade 8: Principais Questões Processuais Envolvendo o INSS 258 Assista a suas aulas 287 Sumário Direito Processual Previdenciário Autoria: Rafaela da F. Lima Rocha Farache Como citar este documento: Farache, Rafaela da F. L. Rocha. Direito Processual Previdenciário. Vali- nhos: 2016. 4/294 Apresentação da Disciplina O estudo do processo administrativo previ- denciário e suas principais nuances permite ao aplicador do direito e àqueles atuantes na área previdenciária agir de maneira mais crí- tica e eficaz. Com efeito, na medida em que se percebe o direito previdenciário como um direito fundamental social e as decorrências práticas de tal constatação, surge um novo pensar, uma nova forma de litigar, seja no âmbito administrativo, seja quando se ajuí- za uma ação para pleitear um benefício pre- videnciário. Assim, entendida a previdência como direito fundamental social e o pro- cesso administrativo como instrumento do segurado perante os órgãos da Previdência, questão essencial que se coloca, requer-se saber quais normas regem o processo admi- nistrativo previdenciário. Na presente disci- plina serão abordadas as principais questões do processo previdenciário, desde os princí- pios gerais e normas legais aplicáveis, pas- sando pelo requerimento administrativo pe- rante o INSS, até a análise das questões en- volvendo o processo previdenciário perante os juizados especiais federais-JEF. Será dado o necessário enfoque, ademais, aos meios de provas utilizados no âmbito do processo ad- ministrativo previdenciário, assim como as principais questões processuais que se colo- cam ao operador do direito, quando se tra- tar de ação ajuizada em face do INSS. Enfim, será apresentado o processo administrativo como instrumento do segurado perante os órgãos da Previdência para efetivação do di- reito fundamental à Previdência Social. 5/294 Unidade 1 Princípios do Processo Administrativo Previdenciário Objetivos 1. Apresentar o conceito de processo administrativo previdenciário; 2. Introduzir o tema dos princípios; 3. Abordar cada um dos principais prin- cípios. Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário6/294 Introdução A importância do estudo do processo admi- nistrativo previdenciário está estreitamen- te relacionada ao fato de ser a previdência um direito fundamental social, previsto no art. 6º da Constituição Federal de 1988.1 A CF/88 elevou a Previdência Social à cate- goria de garantia fundamental do homem, de modo que hoje já não há dúvida do ca- ráter fundamental desse direito social. Apli- cável, portanto, todo o arcabouço relativo aos direitos fundamentais, seja em relação à concretude dos mesmos, seja em relação à interpretação. 1 Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimen- tação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segu- rança, a previdência social, a proteção à maternidade e à in- fância, a assistência aos desamparados, na forma desta Con- stituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015) Deve o processo administrativo ser visto como um instrumento para a efetivação do direito fundamental social à previdência, com a atuação conjunta entre o segurado e os órgãos da Previdência Social. No ordenamento pátrio, a Previdência So- cial integra a Seguridade Social. Na defini- ção constitucional, constante do art. 1942, a 2 Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto inte- grado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da socie- dade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I - universalidade da cobertura e do atendimento; II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; V - equidade na forma de participação no custeio; VI - diversidade da base de financiamento; Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário7/294 Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públi- cos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência social e à assistência social. É a Seguridade Social gênero do qual são espécies a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde. Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari (2013, p. 57) a conceituam nos seguintes termos: Previdência Social é o sistema pelo qual, mediante contribuição, as pes- soas vinculadas a algum tipo de atividade laborativa e seus dependentes ficam resguardados quanto a eventos de infortunística (morte, invalidez, idade avançada, doença, acidente de trabalho, desemprego involuntário), ou outros que a lei considera que exijam amparo financeiro ao indivíduo (maternidade, prole, reclusão), mediante prestações pecuniárias (benefí- cios previdenciários) ou serviços. (CASTRO; LAZZARI, 2013, p. 57) A saúde e a assistência social são direitos sociais destinados a todos, bastando que se cumpram os requisitos previstos na Lei 8.742/93, no caso de assistência. Já para desfrutar dos benefícios VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário8/294 previdenciários, faz-se necessário o paga- mento de contribuições, dada a natureza contributiva do sistema adotado pela Pre- vidência Social. Faz-se possível afirmar, portanto, que o pro- cesso administrativo é corolário do Estado Democrático de Direito, permitindo partici- pação e controle no trâmite administrativo. No âmbito previdenciário a relação jurídi- ca se estabelece entre o INSS e o segurado. Pode se iniciar por iniciativa deste, quando do requerimento de uma prestação previ- denciária, ou quando o próprio INSS aciona o segurado para alguma providência. Para saber mais O INSS é uma autarquia pública federal, consti- tuindo-se em pessoa jurídica de direito público interno, nos termos do artigo 37, XIX, da Consti- tuição do Brasil. Está vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (alteração fei- ta pela Medida Provisória nº 726). Foi criado pela Lei nº 8.029/1990, após a fusão do IAPAS com o INPS. Tem como função precípua promover o re- conhecimento de direitos, administrados pela Previdência Social e estabelecidos no RGPS. De qualquer modo, o simples requerimento de um benefício perante o INSS, através do exercício do direito de petição (CF, art. 5 º, XXXIV, “a”), faz surgir o processo adminis-trativo previdenciário. Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário9/294 Nesse cenário, impende destacar que o INSS deve agir em conformidade com o regime jurídico administrativo em geral, de modo a respeitar os mesmos princípios constitucionais e específicos que caracterizam esse regime ou sistema (MASOTTI, 2006, p. 337). Nos termos do art. 658 da IN 77, pode-se conceituar o processo administrativo previdenciário como: Art. 658. Considera-se processo administrativo previdenciário o conjunto de atos administrativos praticados nos Canais de Atendimento da Previ- dência Social, iniciado em razão de requerimento formulado pelo interes- sado, de ofício pela Administração ou por terceiro legitimado, e concluído com a decisão definitiva no âmbito administrativo. Entendida a previdência como direito fundamental social e o processo administrativo como ins- trumento do segurado perante os órgãos da Previdência, questão essencial que se coloca é saber quais normas regem o processo administrativo previdenciário. Nesse passo, cumpre esclarecer ser aplicáveis ao processo administrativo previdenciário as nor- mas gerais da Lei 9.784/99, que trata do processo administrativo na Administração Pública Fe- deral, assim como as disposições das Lei nº 8.212/91, da Lei nº 8.213/91, do Decreto nº 3.048/99 Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário10/294 (Regulamento da Previdência Social) e da Portaria MPS 548/2011(Regimento interno do Conse- lho de Recursos da Previdência Social). Ressalte-se, apenas, que a aplicação da Lei 9.784/99 dar-se-á de forma subsidiária, já que o art. 69 desta norma estabelece que: Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos dessa lei. Atualmente está em vigor a Instrução Normativa INSS/PRES Nº 77, de 21 de janeiro de 2015, que estabelece rotinas para agilizar e uniformizar o reconhecimento de direitos dos segurados e beneficiários da Previdência Social, com observância dos princípios estabelecidos no art. 37 da Constituição Federal de 1988.3 A IN nº 77/2015 dispõe de capítulo próprio (capítulo XIV) destinado ao processo administrativo previdenciário, contendo disposições relacionadas ao conceito do processo, suas fases e seus princípios norteadores. 3 A edição de instruções normativas decorre do Poder Regulamentar da Administração, previsto no art. 84, IV, da CF/88, com fito de mel- hor esmiuçar a aplicação da lei. Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário11/294 Em que pese não ser lei em sentido formal, as instruções normativas são editadas pela presidência do INSS e, no âmbito do direito previdenciário, disciplinam os pormenores do trâmite processual administrativo, faci- litando sua compreensão. O art. 2º da Lei 9.784/99 também enumera os princípios norteadores do processo admi- nistrativo no âmbito federal, com destaque para os princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalida- de, moralidade, ampla defesa, contraditó- rio, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Pelo que se percebe, muitos dos princípios mencionados já eram previstos no art. 37 da CF/88. Conforme analisado pelo Procurador Fede- ral Allan Luiz Oliveira Barros4, no proces- so administrativo previdenciário podemos classificar os princípios em gerais e especí- ficos. Princípios gerais seriam aqueles ins- culpidos no art. 37 da Constituição Federal e no art. 2º da Lei 9.784/99, quais sejam: le- galidade, impessoalidade, moralidade, pu- blicidade, eficiência, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica e interesse público. Já os específicos podem ser extraídos da le- gislação previdenciária, dentre os quais se destacam a obrigatoriedade da concessão do benefício mais vantajoso; a primazia da 4 BARROS, Allan Luiz Oliveira. Linhas Gerais Sobre o Processo Administrativo Previdenciário. Revista da AGU, ANO IX, nº 26 – Brasília – DF, out/dez. 2010. Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário12/294 verdade real; a oficialidade na atuação dos órgãos para a realização de requerimentos administrativos e produção de provas; e a presunção de veracidade dos dados cons- tantes nos sistemas corporativos da Previ- dência Social. (BARROS, 2010). 1. Legalidade O postulado da legalidade é corolário do Es- tado democrático de direito e dele decorre a maior parte dos demais princípios. A neces- sidade de observância do princípio da le- galidade pela Administração vem expressa no artigo 37 da Constituição Federal e atua como limite à atuação administrativa. Sen- do assim, o servidor do INSS somente pode conceder ou negar determinado benefício vinculado às hipóteses legais. Ou seja, ja- mais o servidor do INSS poderá deixar de aplicar dispositivo legal por entendê-lo in- constitucional, por exemplo. Em tais casos, deve representar a quem de direito (MARTI- NEZ, 2015) Link BARROS, A. L. O. Linhas gerais sobre o proces- so administrativo previdenciário. Disponível em: <www.agu.gov.br/page/download/index/ id/2713856>. Acesso: nov. 2016. Especificamente no âmbito previdenciário, está o agente público adstrito não apenas à lei no sentido formal, mas também aos de- cretos, portarias e instruções normativas. É de se ter em conta que não se trata da lega- Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário13/294 lidade estrita, de modo que se deve interpretar o Direito em sua totalidade, sempre atentando aos ditames dos princípios constitucionais. No caso dos benefícios previdenciários, tendo em vista a natureza jurídica de autarquia federal do INSS, há uma presunção da legalidade e legitimidade dos atos praticados pelos servidores, de modo que cabe ao segurado provar que o indeferimento do benefício não se deu em conformi- dade com a legislação. Como consequências lógicas da presunção de legitimidade decorre a autoexecutoriedade do ato e a inversão do ônus da prova, de modo que cabe ao administrado demonstrar a ilegitimidade ou ilegalidade do ato administrativo. Nesse sentido há diversos julgados, conforme se percebe abaixo: Ementa: PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AUXÍLIO-DOENÇA E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. DANOS MORAIS INDEVIDOS. 1. Hipóte- se onde o indeferimento administrativo do benefício previdenciário pleite- ado ocorreu em razão da avaliação técnica realizada pelo INSS. Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário14/294 Não há falar em indenização por danos morais quando o INSS indefere ou suspende a concessão de benefício previdenciário, tendo em vista que age, a autarquia previdenciária, no seu legítimo exercício de direito. Com efeito, conforme concluiu o magistrado sentenciante, “não ficou caracteri- zado o dano moral, por ausência de fato lesivo. A cessação do benefício previdenciário é ato administrativo vinculado a determinadas hipóte- ses legais. No caso do autor, o benefício em questão, auxílio-doença ou auxílio-acidente, depende da capacidade laborativa. A conclusão da pe- rícia administrativa possui presunção de legalidade, só podendo ser afastada a legalidade do ato em caso de comprovada fraude. Ainda que posteriormente a nova perícia, seja administrativa ou judicial, emita laudo com conclusão diversa da anterior, isto não retira a legalidade da primeira”. 2. Não se observa, na hipótese, a ocorrência de qualquer abuso de direito que tenha resultado em lesão ao patrimônio jurídico do autor. Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário15/294 3. Apelação da parte autora a que se nega provimento (AC - APELAÇÃO CIVEL – 00035353120124013304,Relator(a) JUIZ FEDERAL SAULO JOSÉ CASALI BAHIA Sigla do órgão TRF1 Órgão julgador 1ª CÂMARA REGIONAL PREVIDENCIÁRIA DA BAHIA Fonte e-DJF1 DATA: 27/07/2016 PAGINA: Deci- são A Câmara, por unanimidade, negou provimento à apelação do autor.) Não obstante, é comum haver discrepância entre a interpretação dada à lei previdenciária pelo Poder Executivo e pelo Poder Judiciário, o que leva ao fenômeno da enorme judicialização das demandas previdenciárias, de forma massificada (VARGAS, 2015, p. 17) Assim, é necessário se ter em mente que a finalidade precípua do processo administrativo previ- denciário é garantir o mínimo essencial e necessário aos beneficiários da previdência, de modo que deve ser dada à norma previdenciária a intepretação que maior eficácia constitucional lhe conferir (VARGAS, 2015, p. 20). Por fim, cumpre esclarecer que não há interesses contrapostos entre o segurado e a previdência, de modo que o servidor do INSS deve conceder o melhor benefício, orientar o segurado e não lhe causar óbices desnecessários (CASTRO; LAZZARI, 2013, p. 511). Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário16/294 2. Impessoalidade O postulado da impessoalidade, insculpido no art. 37 da CF/88, está atrelado ao princípio da legalidade, de modo que o agente administrativo deve agir em conformidade com o interesse público e não de acordo com interesses pessoais ou de terceiros. É o que dispõe o art. 37, §1º, da CF/88: A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos ór- gãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que carac- terizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. No mesmo sentido, a Lei do processo administrativo federal, Lei 9.784/99, em seu art. 2º, pará- grafo único, inc. III, determina que, nos processos administrativos, serão observados os critérios de objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades. Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário17/294 Nessa esteira, a IN nº 77/2015 estabelece os casos em que o servidor administrativo não pode atuar no processo, seja por impe- dimento ou suspeição. Vale dizer, portanto, que, quando o servidor atua em conformidade com os ditames da legalidade na apreciação do requerimento, a decisão final será atribuída ao INSS e não ao agente público. 3. Eficiência O postulado da eficiência é um dos princi- pais vetores que regem o atuar da adminis- tração. Seu conteúdo é de extrema impor- tância no processo administrativo previ- denciário, dada a significante quantidade de benefícios em trâmite perante as agên- cias da previdência pelo país. Existem cerca de 47.900.000 de segurados e, apenas no ano de 2012, a Previdência So- cial concedeu quase 5 milhões de benefí- cios, dos quais 86,7% eram previdenciários, 6,7% acidentários e 6,6% assistenciais5. Sem dúvida, quanto mais eficiente a gestão dos benefícios no âmbito administrativo, menos ações serão ajuizadas perante o Po- der Judiciário. 5 PREVIDÊNICA SOCIAL. Regime Geral-RGPS. Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/ouvidoria-ger- al-da-previdencia-social/perguntas-frequentes/re- gime-geral-rgps/>. Acesso em: nov. 2016. Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário18/294 O princípio da eficiência diz respeito tam- bém ao prazo para a concessão do benefício previdenciário, e ao princípio da razoável duração do processo, decorrente da Emen- da Constitucional nº 45/2004, que acres- centou o inciso LXXVIII ao art. 5º da Consti- tuição Federal. Tendo em conta que o princípio da duração razoável do processo judicial e administra- tivo foi elevado à condição de garantia fun- damental, não pode a administração públi- ca se omitir e adiar a análise de pedido. De qualquer modo, vale esclarecer que a legis- lação previdenciária não aponta expressa- mente prazo para análise dos processos ad- ministrativos. Ocorre que a doutrina e diversos julgados extraem da regra insculpida no artigo 4-A, § 5º, da Lei nº 8.213/91 e do artigo 174 do Decreto nº 3.048/99, o prazo de 45 (qua- renta e cinco) dias6. 6 § 5o O primeiro pagamento do benefício será efetuado até quarenta e cinco dias após a data da apresentação, pelo segu- rado, da documentação necessária à sua concessão. (Incluí- do pelo Lei nº 11.665, de 2008). Para saber mais O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é o maior litigante nacional, correspondendo a 22,3% das demandas dos cem maiores litigantes nacio- nais, seguido pela Caixa Econômica Federal, com 8,5%, e pela Fazenda Nacional, com 7,4%.1 1 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. INSS lidera número de litígios na Justiça. Disponível em: <http://cnj.jus.br/noti- cias/cnj/56911-inss-lidera-numero-de-litigios-na-jus- tica>. Acesso em: nov. 2016. Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário19/294 Isso porque tais dispositivos dispõem que o pagamento dos benefícios deverá ocorrer até 45 dias contados da data de apresentação da documentação necessária à concessão do benefício pelo segurado. Veja o elucidativo julgado: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. PRE- VIDENCIÁRIO. PROCESSO ADMINISTRATIVO. GARANTIA CONSTITUCIO- NAL DE RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. REQUE- RIMENTO DE REVISÃO DE APOSENTADORIA. DEMORA INJUSTIFICADA DO INSS EM DECIDIR. SEGURANÇA CONCEDIDA. SENTENÇA MANTIDA. 1. A razoável duração do processo administrativo é garantia individual fundamental (art. 5º, LXXVIII, da Constituição do Brasil). 2. O INSS tem o dever de decidir os processos administrativos de concessão ou revisão de benefícios no prazo de 45 dias após a apresentação, pelo segurado, da documentação necessária. Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário20/294 3. Hipótese de demora superior a dez meses, quando da impetração, para decidir requerimento de revisão da aposentadoria do autor. Direito à de- cisão em prazo razoável. 4. Sentença que concede a segurança mantida. 5. Remessa oficial a que se nega provimento. (REOMS 2007.38.15.001189-5 REOMS - REMESSA EX OFFICIO EM MANDADO DE SEGURANÇA - Relator(a) JUIZ FEDERAL ALEXANDRE FERREIRA INFANTE VIEIRA Sigla do órgão TRF1 Órgão julgador 2ª CÂMARA REGIONAL PREVIDENCIÁRIA DE MINAS GE- RAIS Fonte e-DJF1 DATA:18/04/2016 PÁGINA: Decisão A Câmara, à unani- midade, negou provimento à remessa oficial. Data da Decisão 15/03/2016 Data da Publicação 18/04/2016 A eficiência tem estrita relação com o princípio do impulso oficial ou da oficialidade, segundo o qual a administração previdenciária deve agir de ofício, desde que pautada na lei. Nesse sentido é expressa a Instrução Normativa 77/2015, que em seu art. 659, inciso XVI, estabelece que nos processos administrativos previdenciários serão observados, entre outros, os preceitos da im- pulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados. Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário21/294 Por fim, quanto ao postulado da eficiência, cumpre dizer que o Decreto 6.932/2009 dispõe sobre a simplificação do atendimento público prestado ao cidadão, ratifica a dispensa do reconheci- mento de firma em documentos produzidos no Brasil, institui a “Carta de Serviços ao Cidadão” e dá outras providências. Em seu artigo 11 ficou estabelecido que os órgãos e entidades do Poder Executivo Federal que prestam serviços diretamente ao cidadão deverão elaborar e divulgar “Carta de Serviços ao Ci- dadão”, no âmbito de sua esfera de competência. A teor do disposto no parágrafo primeiro do art. 11º, a Carta de Serviços ao Cidadão tem por ob- jetivo informar o cidadão dos serviçosprestados pelo órgão ou entidade, das formas de acesso a esses serviços e dos respectivos compromissos e padrões de qualidade de atendimento ao público. Para saber mais Com o objetivo de prestar o melhor serviço aos cidadãos brasileiros, o INSS firmou os seguintes compro- missos de atendimento: • Concluir os requerimentos iniciais de benefícios previdenciários no prazo de até 45 dias. Nos casos em que o cadastro e todas as informações sobre o histórico profissional do trabalhador estiverem devidamente comprovados, o benefício será concluído no ato do atendimento. Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário22/294 Para saber mais • Garantir o pagamento dos benefícios a partir da data da solicitação do agendamento, observados to- dos os requisitos exigidos pela legislação. • Garantir agilidade no atendimento ao cidadão, em horário previamente agendado. • Garantir pontualidade no pagamento dos benefícios previdenciários. • Garan- tir atendimento preferencial a gestantes, lactantes, pessoas idosas, com deficiência ou amparadas por dispositivos legais específicos. • Atenuar os efeitos da incapacidade laboral por meio de programas de reabilitação profissional. • Garantir o empenho dos servidores do INSS no auxílio ao cidadão em suas ne- cessidades, orientando-o e prestando atendimento com respeito e cortesia. • Garantir aos segurados o atendimento e todos os direitos previdenciários, mesmo quando os sistemas automatizados estiverem inoperantes, por meio do protocolo de benefícios de forma manual ou remarcação do atendimento. • Manter as unidades de atendimento com identificação visual padrão e preparadas de acordo com as nor- mas de acessibilidade, segurança e limpeza. Assim, ficou estabelecido o compromisso com o bom atendimento ao segurado, além da conclu- são da análise dos benefícios em 45 dias e a garantia de que os dados do CNIS possam ser utili- zados como prova da filiação à Previdência Social, relação de emprego, comprovação de tempo de serviço ou de contribuição. Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário23/294 4. Devido Processo Legal: Con- traditório e ampla defesa -Devi- do processo legal (CF 5º, inciso LIV e LV) O postulado do devido processo legal no processo administrativo previdenciário está relacionado à necessidade da observância dos princípios do contraditório e da ampla defesa. São muitos os julgados nos quais se esclarece ser necessária a observância do devido processo legal substantivo pelo INSS ao suspender ou mesmo cessar o pagamen- to de benefícios. Pode ser conceituada nos termos do art. 2º, parágrafo único, inciso X, da Lei 9.784/99, como sendo a garantia dos direitos à comu- nicação, à apresentação de alegações fi- nais, à produção de provas e à interposição de recursos nos processos em que possam resultar sanções e nas situações de litígio. A suspensão do benefício previdenciário não se confunde com seu cancelamento. Com efeito, enquanto na suspensão o be- nefício tem seu pagamento apenas susta- do, no cancelamento ocorre a extinção da obrigação do pagamento pelo INSS ao be- neficiário (LAZZARI et al., 2016, p. 166). São casos de suspensão, dentre outros: au- sência dos beneficiários aos exames perió- dicos, nos casos de benefícios por incapa- cidade; ausência de defesa do beneficiário, quando notificado pelo INSS em casos de suspeita de irregularidade na concessão ou manutenção do benefício, a teor do dispos- Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário24/294 to no art. 11, da Lei 10.666/2003 7(LAZZARI et al., 2016, p. 166). Já o cancelamento8 pode ocorrer nos se- guintes casos: retorno ao trabalho em ativi- dade nociva à saúde do segurado que rece- be aposentadoria especial; reaparecimento do segurado considerado falecido, após de- 7 Art. 11. O Ministério da Previdência Social e o INSS manterão programa permanente de revisão da concessão e da ma- nutenção dos benefícios da Previdência Social, a fim de apurar irregularidades e falhas existentes. § 1o Havendo indício de irregularidade na concessão ou na manutenção de benefício, a Previdência Social notificará o beneficiário para apresentar defesa, provas ou documentos de que dispuser, no prazo de dez dias. § 2o A notificação a que se refere o § 1o far-se-á por via postal com aviso de recebimento e, não comparecendo o beneficiário nem apresentando defesa, será suspenso o benefício, com notificação ao beneficiário. § 3o Decorrido o prazo concedido pela notificação postal, sem que tenha havido resposta, ou caso seja considerada pela Previdência Social como insuficiente ou improcedente a defe- sa apresentada, o benefício será cancelado, dando-se conhe- cimento da decisão ao beneficiário. claração de sua morte presumida; retorno ao trabalho do aposentado por invalidez; a verificação pelo INSS de concessão ou ma- nutenção de benefício de forma irregular ou indevida (LAZZARI et al., 2016, p. 169). Assim, mesmo em caso de suspeitas de fraudes ou recebimento indevido do bene- fício, o INSS não pode cessar ou suspender o mesmo sem antes oportunizar prazo para a defesa do interessado. Está a autotutela administrativa, portanto, condicionada à observância das garantias constitucionais processuais emanadas da cláusula do devi- do processo legal (SAVARIS, 2009, p. 147). Por fim, cabe mencionar que, quando da aprovação da Súmula Vinculante n º 5 e do Julgamento do Recurso Extraordinário nº 434.059-3, o Min Relator Gilmar Mendes Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário25/294 afirmou que o direito de defesa compreen- de o direito de informação, o direito de ma- nifestação e o direito de ver seus argumen- tos considerados. 5. Motivação Todo ato administrativo realizado pelo INSS tem de ser motivado de forma clara e coe- rente. Desse modo, ao indeferir um requeri- mento de benefício administrativo ou mes- mo uma revisão, o ato deve ser motivado, com a indicação da legislação que embasou tal decisão. Nesse sentido o disposto no inciso X, do art. Art. 659, da IN 77/2015, determina a fun- damentação das decisões administrativas, indicando os documentos e os elementos que levaram à concessão ou ao indeferi- mento do benefício ou serviço. No dizer dos magistrados Castro e Lazzari (2013, p. 516), a decisão do processo admi- nistrativo deverá conter um relato sucinto do objeto do requerimento, fundamenta- ção com análise das provas constantes dos autos, bem como a conclusão deferindo ou indeferindo o pedido formulado. O ato de concessão ou indeferimento do benefício é ato vinculado (não discricioná- rio), de modo que o servidor está atrelado ao motivo que foi aposto no processo admi- nistrativo. No mesmo contexto releva consignar que o art. 69, da IN 77/2015, estabelece que a Ad- ministração tem o dever de explicitamente Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário26/294 emitir decisão nos processos administrati- vos e sobre solicitações ou reclamações em matéria de sua competência. 6. Direito ao melhor benefício Nos termos do art. 687, da IN 77/2015, o INSS deve conceder o melhor benefício a que o segurado fizer jus, cabendo ao servi- dor orientar nesse sentido. Assim, quando, por ocasião da decisão, for identificado que estão satisfeitos os requisitos para mais de um tipo de benefício, cabe ao INSS oferecer ao segurado o direito de opção, mediante a apresentação dos demonstrativos financei- ros de cada um deles. No mesmo sentido, o art. 659, inciso VI da mesma instrução normativa preceitua que o servidor deve conduzir o processo admi- nistrativo com a finalidade de resguardar os direitos subjetivos dos segurados, de- pendentes e demais interessados da Pre- vidência Social, esclarecendo os requisitosnecessários ao benefício ou serviço mais vantajoso. Há inclusive a previsão para alteração da DER (data de entrada do requerimento ad- ministrativo) quando se verificar no curso do processo administrativo que o segurado não satisfazia os requisitos para o reconhe- cimento do direito, mas que os implemen- tou em momento posterior. Nesse sentido, já houve manifestação do STF, no julgamento do Recurso Extraordi- Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário27/294 nário nº 630.501/RS8, no qual, por maio- ria dos votos, foi reconhecido o direito do segurado ao melhor benefício sempre que, preenchidos os requisitos para o gozo de determinado benefício, a lei posterior re- vogue o dito benefício, estabeleça requisi- tos mais rigorosos para a sua concessão ou, ainda, imponha critérios de cálculo menos favoráveis. 7. Publicidade O princípio da publicidade pode ser en- tendido sob vários aspectos. A IN 77/2015 menciona que é dever do servidor prestar ao interessado, em todas as fases do pro- 8 RE 630.501, rel. p/ o ac. min. Marco Aurélio, voto da min. El- len Gracie, julgamento em 21-2-2013, Plenário, DJE de 26-8- 2013, com repercussão geral.) cesso, os esclarecimentos necessários para o exercício dos seus direitos. Atende, ainda, ao princípio da publicidade a garantia do acesso à informação. A Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011, conhecida como Lei de Acesso à Informa- ção, estabelece que as informações de inte- resse geral devem ser divulgadas de ofício pelos órgãos públicos. Os procedimentos que asseguram o direito fundamental de acesso à informação devem ser executados em conformidade com os princípios básicos da administração pública e com a observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção, a divulgação de informações de interesse público, independentemente de solicita- ções, a utilização de meios de comunicação Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário28/294 viabilizados pela tecnologia da informação, o fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração pública e o desenvolvimento do controle social da administração pública. O Decreto nº 6.932, de 11 de agosto de 2009, também foi editado buscando dar concretude ao princípio da publicidade. Ele dispõe sobre a simplificação do atendimen- to público prestado ao cidadão, ratifica a dispensa do reconhecimento de firma em documentos produzidos no Brasil e institui a “Carta de Serviços ao Cidadão”. Link PREVIDÊNCIA SOCIAL. Acesso à informação. Dis- ponível em: <http://www.previdencia.gov.br/ acesso-a-informacao/>. Acesso em nov. 2016. Assim, cabe ao INSS a divulgação do máxi- mo de informações de interesse público de forma organizada e centralizada em seção específica nos sítios eletrônicos dos órgãos e entidades. Link O Decreto nº 6.932, de 11 de agosto de 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/ d6932.htm>. Acesso em nov. 2016. Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário29/294 A mencionada Carta de Serviços ao Cida- dão tem por objetivo informar o cidadão dos serviços prestados pelo órgão ou enti- dade, das formas de acesso a esses serviços e dos respectivos compromissos e padrões de qualidade de atendimento ao público. De igual forma, deverá trazer informações claras e precisas em relação a cada um dos serviços prestados.9 8. A presunção de veracidade dos dados constantes nos siste- mas da Previdência Social Urge registrar que no processo administra- tivo previdenciário vige a presunção de ve- racidade das informações constantes dos 9 DECRETO Nº 6.932, DE 11 DE AGOSTO DE 2009 – DOU DE 12/08/2009 sistemas do INSS. Com efeito, os dados da Previdência Social nada mais são que atos administrativos, que, como regra, são dota- dos de presunção de legitimidade. Para saber mais Os dados e informações constantes nos sistemas corporativos da Previdência Social, como todo ato administrativo, gozam da presunção de ve- racidade, presumindo-se verdadeiros enquanto não apresentadas outras provas que infirmem o seu valor probatório (STJ. EREsp 519988/CE). Quando da análise de um requerimento de benefício, o servidor está vinculado às in- formações constantes dos sistemas. Desse modo, cabe ao segurado comprovar a inva- Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário30/294 lidade da informação, com a produção de provas. Os principais sistemas ou banco de informa- ções do INSS são: PLENUS, CNIS, SABI, SUIBE e, mais recentemente, também o CadÚnico. 9. Gratuidade No âmbito do processo administrativo pre- videnciário é vedada a cobrança de custas e despesas processuais, a teor do disposto no art. 2, XI, da Lei 9.784/99 e do art. 659, XV, da IN 77/2015. A gratuidade decorre do direito de petição (art. 5º, XXXIV, da CF/88). Não poderia ser diferente, dada a hipossufi- ciência de que se reveste o segurado diante da Administração. Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário31/294 Glossário INSS: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL STF: SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL RGPS: REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL Questão reflexão ? para 32/294 Se os estrangeiros residentes no país são também titu- lares de direitos fundamentais, conforme já assentado pelo STF, têm eles direito à previdência? 33/294 Considerações Finais • A Previdência é um direito fundamental social, prevista no art. 6º da CF/88. • Aplica-se ao processo administrativo previdenciário a Lei do processo admi- nistrativo federal, Lei 9.784/99, assim como os princípios nela constantes. • O INSS deve conceder o melhor benefício a que o segurado fizer jus, cabendo ao servidor orientar nesse sentido. • A doutrina extrai da regra insculpida no artigo 4-A, § 5º, da Lei nº 8.213 /91 e do artigo 174 do Decreto nº 3.048/99, o prazo de 45 dias. Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário34/294 Referências ALENCAR, Hermes Arrais. Benefícios Previdenciários. Temas integrais revisados e atualizados pelo autor com obediência às Leis especiais e gerais. 4. ed. São Paulo: Leud, 2009. BARROS, Allan Luiz Oliveira. Linhas Gerais Sobre o Processo Administrativo Previdenciário. Re- vista AGU, ano IX, nº 26 – Brasília – DF, out/dez. 2010. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.plan- alto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 25.08.2016. ____. Lei n. 8.742, de 07 de dezembro de 1993. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/cciv- il_03/Leis/L8742.htm>. Acesso em: 25.08.2016. ____. Lei n. 8.029, de 12 de abril de 1990. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/ leis/L8029cons.htm>. Acesso em: 02.09.2016. ____. Lei n. 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Disponível em:<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ Leis/L9784.htm>. Acesso em: 05.09.2016. ____. Lei 8.212, de 24 de julho de 1991. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L8212cons.htm>. Acesso em: 05.09.2016. ____.Lei 8.213, de 24 de julho de 1991. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L8213cons.htm>. Acesso em: 05.09.2016. Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário35/294 ____.Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/cciv- il_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm>. Acesso em: 05.09.2016. ____. Decreto n. 3.048, de 06 de maio de 1999. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/cciv- il_03/decreto/d3048.htm>. Acesso em: 05.09.2016. ____. Decreto n. 6.932, de 11 de agosto de 2009. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/cciv- il_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6932.htm>.Acesso em: 05.09.2016. CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013. LAZZARI, João Batista [et al.]. Prática processual previdenciária: administrativa e judicial.7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016. MARTINEZ, Wladimir Novaes. Princípios de direito previdenciário. 6. ed. São Paulo: LTR, 2015. MASOTTI, Viviane. O Processo administrativo previdenciário. Revista da Escola Paulista de Di- reito, ano 2, n. 2, mar./abr. 2006. SERAU Jr., M. A; FOLMANN, M. (orgs) Previdência Social: em busca da justiça social. Homenagem ao professor Dr. José Antônio Savaris. São Paulo: LTR, 2015. Unidade 1 • Princípios do Processo Administrativo Previdenciário36/294 SAVARIS, José Antonio. Direito Processual Previdenciário. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2009. VARGAS, Alberto Rodrigo Patino. Revisitando o princípio da legalidade sob o paradigma prin- cipiológico constitucional previdenciário. In: SERAU Jr., M. A; FOLMANN, M. (Orgs). Previdência Social: em busca da justiça social. Homenagem ao professor Dr. José Antônio Savaris. São Paulo, LTR, 2015. 37/294 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Princípios do Processo Adminis- trativo Previdenciário. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ b0226aa7cd815b4d08d7eac611e03db4>. Aula 1 - Tema: Princípios do Processo Adminis- trativo Previdenciário. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ d742983c5a4ce31b82515881e1a04beb>. 38/294 1. Assinale a alternativa que NÃO apresenta o princípio aplicável ao processo previdenciário. a) Legalidade. b) Motivação dos atos administrativos. c) Impessoalidade. d) Oficialidade. e) Taxatividade. Questão 1 39/294 2. Quanto ao princípio do direito ao melhor benefício, é correto afirmar que: a) Somente é reconhecido na via judicial. b) Não se aplica aos casos de pensão por morte. c) O servidor do INSS deve conceder o melhor benefício e orientar o segurado, não lhe causan- do óbices desnecessários. d) O INSS deve conceder o melhor benefício, mas não pode o servidor orientar o segurado nes- se sentido. e) Caso se identifique que estão satisfeitos os requisitos para mais de um tipo de benefício, cabe ao INSS escolher qualquer deles, à sua escolha. Questão 2 40/294 3. No âmbito previdenciário, o agente público está adstrito não apenas à lei no sentido formal. Assinale a alternativa que apresenta os outros as- pectos. a) aos decretos. b) às instruções normativas. c) aos regulamentos. d) aos princípios legais. e) aos decretos autônomos. Questão 3 41/294 4. Com relação ao cancelamento e suspensão dos benefícios previdenciários, podemos afirmar, EXCETO: a) A suspensão do benefício previdenciário não se confunde com seu cancelamento. b) Enquanto na suspensão o benefício tem seu pagamento apenas sustado, no cancelamento ocorre a extinção da obrigação do pagamento pelo INSS ao beneficiário. c) Em caso de suspeitas de fraudes ou recebimento indevido do benefício, o INSS pode cessar ou suspender o mesmo sem oportunizar prazo para a defesa do interessado. d) É exemplo de suspensão a ausência dos beneficiários aos exames periódicos, nos casos de benefícios por incapacidade; e) O cancelamento pode ocorrer em caso de retorno ao trabalho em atividade nociva à saúde do segurado que recebe aposentadoria especial. Questão 4 42/294 5. Assinale a alternativa que apresenta o sistema utilizado pelo INSS na análise dos benefícios previdenciários. a) CNIS. b) CONSEG. c) DARF. d) TEBAS. e) RECEITA FEDERAL. Questão 5 43/294 Gabarito 1. Resposta: E. A taxatividade não é um dos princípios apli- cáveis ao processo administrativo previ- denciário. 2. Resposta: C. Nesse sentido, dispõe o art. 687 da IN 77/2015: O INSS deve conceder o melhor benefício a que o segurado fizer jus, caben- do ao servidor orientar nesse sentido. 3. Resposta: E. Os decretos ou regulamentos de execução ou executivos são editados em função da lei, possibilitando a sua fiel execução (art. 84, IV, da CF/88). 4. Resposta: C. Em caso de suspeitas de fraudes ou recebi- mento indevido do benefício, o INSS pode cessar ou suspender o mesmo, desde que seja oportunizado prazo para a defesa do interessado. 5. Resposta: A. Os principais sistemas utilizados pelo INSS são: PLENUS, CNIS, SABI, CadÚnico. 44/294 Unidade 2 O Requerimento Administrativo Objetivos 1. Entender o processo de requerimento de uma prestação previdenciária no âmbito do INSS; 2. Compreender os requisitos para a concessão do benefício previdenciá- rio; 3. Analisar o julgamento do RE 631.240/ MG. Unidade 2 • O Requerimento Administrativo45/294 Introdução Antes de discorrer sobre o requerimento do benefício administrativo perante o INSS, faz-se necessário tecer algumas considera- ções sobre esse órgão administrativo. O INSS é uma autarquia de âmbito nacio- nal, vinculada ao Ministério do Desenvol- vimento Social e Agrário, instituída com fundamento no disposto no art. 17 da Lei n° 8.029, de 12 de abril de 1990, e tem por fi- nalidade promover o reconhecimento de di- reito ao recebimento de benefícios adminis- trados pela Previdência Social, assegurando agilidade e comodidade aos seus usuários. Deve atuar para garantir a renda do traba- lhador e de sua família, nos momentos de incapacidade laborativa ocasionada por doença, prisão, acidente, gravidez, velhice ou mesmo morte. Para saber mais Ministério alterado pela Medida Provisória nº 726/2016. Antes o INSS era vinculado ao Ministé- rio da Previdência Social. Link PROGRAMA NACIONAL DE GESTÃO PÚBLICA E DESBUROCRATIZAÇÃO. GESPÚBLICA-Carta de serviços. Disponível em: <http://www.gespu- blica.gov.br/>. Acesso em: nov. 2016. A gestão da seguridade social é feita de forma descentralizada, em conformida- de com o disposto no art. 194, parágrafo único, inciso VII da CF/88 (LAZZARI et al., 2016, p. 47). Unidade 2 • O Requerimento Administrativo46/294 É o INSS também responsável pela opera- cionalização do benefício assistencial de prestação continuada (LOAS), dos benefí- cios decorrentes de acordos internacionais e de determinados benefícios de natureza indenizatória, regidos por legislação espe- cial, tais como: a) Pensão especial aos deficientes físi- cos portadores da Síndrome da Tali- domida; b) Pensão mensal vitalícia do seringueiro e seus dependentes (trabalhou como seringueiro na região amazônica atendendo ao apelo do governo bra- sileiro, contribuindo para o esforço de guerra na produção da borracha, du- rante a Segunda Guerra Mundial); c) Pensão especial das vítimas de hemo- diálise de Caruaru-PE; d) Auxílio especial mensal aos jogadores titulares e reservas das Seleções Bra- sileiras Campeãs das Copas Mundiais - Lei nº 12.663, de 05 de junho de 2012 (O auxílio especial mensal para jogador é devido a partir de 1º de ja- neiro de 2013 aos jogadores titulares e reservas, sem recursos ou com re- cursos limitados, das seleções brasi- leiras campeãs das copas mundiais masculinas da Fédération Internatio- nale de Football Association - FIFA, nos anos de 1958, 1962 e 1970); e) Pensão especial hanseníase (A pensão especial hanseníase é devida às pes- soas atingidas pela hanseníase e que Unidade 2 • O Requerimento Administrativo47/294 foram submetidas a isolamento e in- ternação compulsórios em hospitais- -colônia até 31 de dezembro de 1986). Hoje já não mais existem as aposentadorias previstas em legislação especial do jorna- lista profissional, do atleta profissional defutebol e do aeronauta, ressalvados os de direito adquirido. Caberá ao INSS o proces- samento, a manutenção e o pagamento de tais pensões. Em relação aos benefícios decorrentes de acordos internacionais, eles são aqueles firmados visando à proteção dos 4 milhões de brasileiros residentes no exterior e dos 1 milhão de estrangeiros residentes no Brasil. O INSS, além de ser responsável pela con- cessão e administração dos benefícios, era responsável pela fiscalização e arrecadação de grande parte das contribuições sociais destinadas ao Sistema Previdenciário. Com o advento da Lei nº 11.457/07, que en- sejou a criação da Secretaria da Receita Fe- deral do Brasil, órgão vinculado do Ministé- rio da Fazenda, tais atribuições não cabem mais ao INSS. Link Lei. Nº 11.457/2007. Disponível em <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2007/lei/l11457.htm>. Acesso em nov. 2016. Unidade 2 • O Requerimento Administrativo48/294 As medidas noticiadas retiraram da Procu- radoria Federal Especializada junto ao INSS as atribuições de representação judicial e extrajudicial relativas à execução da dívida ativa do INSS atinente à competência tri- butária referente às contribuições sociais a que se refere o art. 1° da Lei nº 11.098, de 13 de janeiro de 2005, bem como seu con- tencioso fiscal, nas Justiças Federal, do Tra- balho e dos Estados, além da consultoria e assessoramento jurídicos a elas correspon- dentes. As atribuições supra foram conferidas dire- tamente à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional - PGFN. 1. COMO REQUERER UM BENEFÍ- CIO PREVIDENCIÁRIO A teor do disposto no parágrafo único do art. 658 da IN 77, o processo administra- tivo previdenciário possui quatro fases, quais sejam: inicial, instrutório, decisória e recursal. A primeira fase inicia-se com o protocolo do requerimento administrativo, que pode ser feito pelo próprio segurado, por procurador legalmente constituído ou ainda represen- tante legal. Unidade 2 • O Requerimento Administrativo49/294 O processo administrativo também pode se iniciar de ofício, pelo próprio INSS, em casos de suspensão ou cancelamento de benefí- cio, casos em que deve haver a notificação do interessado para apresentar alegações ou defesa (LAZZARI et al., 2016, p. 183) Conforme mencionado, o segurado não pre- cisa de procurador ou representante para atuar perante o INSS ao requerer o benefí- cio previdenciário a que faz jus. No entanto, é possível se fazer representar por advoga- do (LAZZARI et al., 2016, p. 179). Ao ingressar com o requerimento, nasce o processo administrativo previdenciário, gerando-se um NB (Número de Benefício). Vale ressaltar, nesse ponto, que a data da entrada do requerimento é que vai pautar a data do início do pagamento do benefício - DIB, em regra. Para saber mais A teor do disposto no art. 660, da IN 77/2015, são legitimados para realizar o requerimento do be- nefício ou serviço: I - o próprio segurado, depen- dente ou beneficiário; II - o procurador legalmen- te constituído; III - o representante legal, assim entendido o tutor, curador, detentor da guarda ou administrador provisório do interessado, quando for o caso; IV - a empresa, o sindicato ou a enti- dade de aposentados devidamente legalizada, na forma do art. 117 da Lei nº 8.213, de 1991; e V - o dirigente de entidade de atendimento de que trata o art. 92, § 1º, do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, na forma do art. 493. Unidade 2 • O Requerimento Administrativo50/294 O requerimento de benefícios é compos- to de duas etapas, quais sejam, o agenda- mento por meio de um dos canais de aten- dimento e apresentação da documentação no local, data e horário agendado. De qualquer modo, será considerada como DER a data de solicitação do agendamento do benefício ou serviço. Essa informação é de extrema importância na fixação da data de início dos benefícios. Há na legislação, ainda, a previsão da em- presa, sindicato ou entidade de aposentados legalmente reconhecida requerer benefício perante a Previdência Social. De igual forma, se faz possível o protocolo de requerimento de auxílio-doença pela empresa, em relação a seus empregados e prestadores de serviço, conforme dispor o art. 661 da IN 77. É possível, outrossim, especificamente no caso de benefício de auxílio-doença, que o INSS processe de ofício o benefício, ou seja, sem requerimento do interessado, quando tiver ciência da incapacidade do segurado. A teor do disposto no art. 6671 da IN nº 77, 1 Art. 667. O requerimento de benefícios e serviços deverá ser solicitado pelos canais de atendimento da Previdência Social, previstos na Carta de Serviços ao Cidadão do INSS de que trata o art. 11 do Decreto nº 6.932, de 11 de agosto de 2009, tais como: I - Internet, pelo endereço eletrônico www.previdencia. gov. br; II - Central de Tele atendimento - 135; e III - Unidades de Atendimento. § 1º As Unidades de Atendimento de Acordos Internacionais destinam-se ao atendimento de requerimentos de benefícios e serviços exclusivamente no âmbito dos Acordos Internacio- nais. § 2º As Unidades de Atendimento de demandas judiciais des- tinam-se exclusivamente ao cumprimento de determinações judiciais em ações nas quais o INSS for parte do litígio. § 3º O requerimento de benefícios e serviços agendáveis é composto de duas etapas: Unidade 2 • O Requerimento Administrativo51/294 o requerimento do benefício pode ser feito através do todos os canais do INSS, ou seja, pela internet, pela Central de Tele aten- dimento – 135, e em qualquer Unidade de Atendimento da Previdência Social, inde- pendentemente do local de seu domicílio, exceto APS de Atendimento a Demandas Judiciais - APSADJ e Equipes de Atendimen- to a Demandas Judiciais - EADJ. Ao comparecer à agência da Previdência, o segurado ou interessado deve levar um I - agendamento por meio de um dos canais de atendimento; e II - apresentação da documentação no local, data e horário agendado. § 4º O agendamento de benefícios e serviços deverá ser real- izado preferencialmente pelos canais de atendimento referi- dos nos incisos I e II do caput. § 5º A relação dos serviços agendáveis e não agendáveis será divulgada na Carta de Serviços ao Cidadão de que trata o art. 11 do Decreto nº 6.932, de 2009. documento de identificação, podendo ser qualquer um dos enumerados no art. 762 da IN 77/2016. Faz-se necessário, como regra, a apresentação de documentos originais ou de cópias autenticadas em cartório ou por servidor do INSS. Pode também o advogado autenticar documentos. Em tais casos deve ser apresentada procuração ou substabele- cimento e cópias da carteira da OAB (LAZ- ZARI et al., 2016, p. 188). Em casos de pensão por morte, se o falecido já recebia algum benefício do INSS, é possí- vel fazer o pedido pela internet e enviar os documentos necessários pelos Correios. Existem cerca de 1.122 agências do INSS es- palhadas pelo país, e como regra todo mu- nicípio com mais de 20 mil habitantes tem ao menos uma agência do INSS. Unidade 2 • O Requerimento Administrativo52/294 O direito de petição, previsto no art. 5º, inci- so XXXIV, da CF/882 consagra a ilegalidade da recusa em protocolar o requerimento do benefício, que deve ser sempre assegurado. 2 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos es- trangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pa- gamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de dire- itos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; Link Informação disponívelem: <http://socialpre- videncia.net/previdencia-social-telefone. html>. Acesso em 17 de setembro de 2016. Ademais, a apresentação de documentação incompleta não constitui motivo para recu- sa do requerimento do benefício ou serviço, sendo obrigatória a protocolização de todos os pedidos administrativos, cabendo, se for o caso, a emissão de carta de exigência ao requerente. Nesse sentido, dispõe o art. 105, da Lei 8.213/91, que dispõe sobre os Planos de Benefício da Previdência Social, in verbis: Art. 105. A apresentação de documentação incompleta não constitui motivo para recu- sa do requerimento de benefício. No decorrer do processo administrativo, a agência da Previdência na qual o mesmo tramita deve comunicar-se com o interes- sado sobre as decisões por meio de comu- nicação que deverá ser feita via postal com Unidade 2 • O Requerimento Administrativo53/294 aviso de recebimento, telegrama ou outro meio que assegure a ciência do interessado. Sempre que possível, a comunicação dar- -se-á por ciência nos próprios autos, nos termos do art. 665, 2o da IN 77. Quando do comparecimento, o interessado deve levar documento de identificação pes- soal e o processo será formalizado até a fase decisória com os documentos exigidos pela a IN INSS/PRES nº 85, de 18/02/2016, quais sejam: requerimento formalizado e assina- do, procuração ou documento que compro- ve a representação legal, se for o caso, com- provante de agendamento, quando cabível, cópia do documento de identificação do requerente e do representante legal, quan- do houver divergência de dados cadastrais, documentos comprobatórios relacionados ao pedido, caso houver e decisão funda- mentada. Na formalização do processo será suficiente a apresentação dos documentos originais ou cópias autenticadas em cartório ou por servidor do INSS, ou ainda conforme pre- visto no art. 676, podendo ser solicitada a apresentação do documento original para verificação de contemporaneidade ou ou- tras situações em que este procedimento se fizer necessário. 2. OBRIGATORIEDADE DO RE- QUERIMENTO ADMINISTRATIVO Questão relevante que se põe ao se estudar o requerimento administrativo é saber se ele é obrigatório. Ou seja, pode o segurado Unidade 2 • O Requerimento Administrativo54/294 optar por ir diretamente ao Poder Judiciá- rio para obter o benefício previdenciário, ou tem que passar primeiramente pelo INSS? À primeira vista, poder-se-ia alegar que a necessidade de se ir primeiramente ao INSS violaria o direito de ação previsto no art. 5º, inciso XXXV3. Ocorre que somente se pode falar em lesão ou ameaça de lesão a direi- to no âmbito previdenciário quando houver pretensão resistida pelo INSS, seja pelo in- deferimento, seja pela omissão no atendi- mento do pleito pela autarquia previdenci- ária (LAZZARI et al., 2016, p. 612). 3 Art. 5º.XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judi- ciário lesão ou ameaça a direito; Depois de muitos debates, o STF4 já decidiu em sede repercussão geral (caráter vincu- lante) que a concessão de benefícios pre- videnciários depende de requerimento do interessado, de modo que não se caracte- riza ameaça ou lesão a direito antes de sua apreciação e indeferimento pelo INSS, ou se excedido o prazo legal para sua análise. Na prática, se o INSS não recusa o benefí- cio, não há que se falar em pretensão re- sistida, ou interesse de agir, e o processo acaba sendo extinto por carência de ação. Isso porque o interesse de agir é juntamen- te com as condições da ação. Nesse senti- do defende o magistrado Bruno Takahashi (2012, s.p.) que: 4 RE 631.240, rel. min. Roberto Barroso, julgamento em 3-9- 2014, Plenário, DJE de 10-11-2014, com repercussão geral. Unidade 2 • O Requerimento Administrativo55/294 O interesse de agir, juntamente com a legitimidade de partes e a possibi- lidade jurídica do pedido, é enumerado como uma das condições da ação pelo Código de Processo Civil no inciso VI do artigo 267. Segundo o co- nhecimento corrente, o interesse de agir sustenta-se sobre o binômio ne- cessidade-adequação. Dessa forma, para existir essa condição da ação, a pretensão do autor somente pode ser satisfeita por meio do ingresso em juízo (necessidade) e a providência judicial requerida deve ser capaz de corrigir a situação conflituosa (adequação) (TAKAHASHI, 2012, s.p). Mas a exigência de prévio requerimento não se confunde com o exaurimento das vias adminis- trativas. Já em caso de requerimento de revisão de benefício, é facultado ao segurado ir diretamente ao Poder Judiciário. Com efeito, no julgamento do RE 631.240/MG, o Supremo Tribunal Federal fixou o entendimento de que o acesso à justiça depende de prévio requerimento administrativo tão somente nas ações de concessão de benefício previdenciário. Foram ressalvadas as hipóteses de pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de benefício anteriormente concedido. Unidade 2 • O Requerimento Administrativo56/294 Há diversos enunciados do FONAJEF sobre o requerimento administrativo, conforme se observa: Enunciado 77- O ajuizamento da ação de concessão de benefício da segu- ridade social reclama prévio requerimento administrativo. Enunciado nº 78- O ajuizamento da ação revisional de benefício da seguri- dade social que não envolva matéria de fato dispensa o prévio requerimento administrativo, salvo quando houver ato oficial da Previdência reconhecen- do administrativamente o direito postulado (Revisado no IX FONAJEF). Enunciado nº 79- A comprovação de denúncia da negativa de protocolo de pedido de concessão de benefício, feita perante a ouvidoria da Previdência Social, supre a exigência de comprovação de prévio requerimento administra- tivo nas ações de benefícios da seguridade social (Aprovado no III FONAJEF). Enunciado nº 80- Em juizados itinerantes, pode ser flexibilizada a exigência de prévio requerimento administrativo, consideradas as peculiaridades da região atendida (Aprovado no III FONAJEF) Unidade 2 • O Requerimento Administrativo57/294 O Supremo Tribunal Federal5 estabeleceu regra de transição para os processos em curso, confor- me se percebe do seguinte excerto do julgado: Quanto às ações ajuizadas até a conclusão do presente julgamento (03.09.2014), sem que tenha havido prévio requerimento administrativo nas hipóteses em que exigível, será observado o seguinte: (i) caso a ação tenha sido ajuizada no âmbito de Juizado Itinerante, a ausência de anterior pedido administrativo não deverá implicar a extinção do feito; 5 RECURSO EXTRAORDINÁRIO 631.240 MINAS GERAIS RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO. Julgado em 03/09/2014. Para saber mais O Fonajef é um evento promovido anualmente pela Ajufe desde 2004. Seu objetivo é discutir temas, sis- temáticas e soluções para aprimorar o funcionamento dos juizados especiais federais, a partir do debate a respeito das mais diversas situações vivenciadas pelos juízes federais que atuam nestes órgãos da Jus- tiça Federal. Até o momento, o Fonajef já aprovou 180 enunciados. Disponível em: <http://www.ajufe. org/eventos/fonajef/fonajef/>. Acesso em set. 2016. Unidade 2 • O Requerimento Administrativo58/294 (ii) caso o INSS já tenha apresentado contestação de mérito, está caracterizado o interesse em agir pela resistência à pretensão; (iii) as demais ações que não se en- quadrem nos itens (i) e (ii) ficarão sobrestadas, observando-se a sistemática a seguir. Nos demais casos, foi determinado o sobrestamento das ações de modo a intimar o autor a in- gressar com o requerimento administrativo em 30 dias, sob pena de extinção do processo. As- sim decidiu o STF, verbis: Nas ações sobrestadas, o autor será intimado a dar entrada no pedido administra- tivo em 30 dias, sob pena de extinção doprocesso. Comprovada a postulação ad- ministrativa, o INSS será intimado a se manifestar acerca do pedido em até 90 dias, prazo dentro do qual a Autarquia deverá colher todas as provas eventualmente ne- cessárias e proferir decisão. Se o pedido for acolhido administrativamente ou não puder ter o seu mérito analisado devido a razões imputáveis ao próprio requerente, extingue-se a ação. Do contrário, estará caracterizado o interesse em agir e o feito deverá prosseguir. Em todos os casos acima – itens (i), (ii) e (iii) –, tanto a análise administrativa quanto a judicial deverão levar em conta a data do início da ação como data de entrada do requerimento, para todos os efeitos legais. Unidade 2 • O Requerimento Administrativo59/294 Glossário APSADJ: agência da Previdência Social destinada ao atendimento de demandas judiciais. FONAJEF: Fórum Nacional dos Juizados Especiais Federais. APS: Agência da Previdência Social. Questão reflexão ? para 60/294 Após decorrido o prazo de 60 dias desde que se ingres- sou com o requerimento administrativo perante alguma agência da Previdência Social, o INSS ainda não decidiu. Qual ação cabível? 61/294 Considerações Finais • O INSS é uma autarquia de âmbito nacional e tem por finalidade pro- mover o reconhecimento de direito ao recebimento de benefícios ad- ministrados pela Previdência Social, assegurando agilidade e como- didade aos seus usuários. • O ajuizamento da ação de concessão de benefício da seguridade so- cial reclama prévio requerimento administrativo. • No julgamento do RE 631.240/MG, foram ressalvadas as hipóteses de pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de benefício anteriormente concedido. • Nas ações sobrestadas, o autor será intimado a dar entrada no pe- dido administrativo em 30 dias, sob pena de extinção do processo. Comprovada a postulação administrativa, o INSS será intimado a se manifestar acerca do pedido em até 90 dias, prazo dentro do qual a Autarquia deverá colher todas as provas eventualmente necessárias e proferir decisão. Unidade 2 • O Requerimento Administrativo62/294 Referências ALENCAR, Hermes Arrais. Benefícios Previdenciários. Temas integrais revisados e atualizados pelo autor com obediência às Leis especiais e gerais. 4. ed. São Paulo: Leud, 2009. BARROS, Allan Luiz Oliveira. Linhas Gerais Sobre o Processo Administrativo Previdenciário. Re- vista AGU, ano IX nº 26 – Brasília-DF, out/dez. 2010. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.plan- alto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 25.08.2016. ____. Lei n. 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/cciv- il_03/Leis/L9784.htm>. Acesso em: 05.09.2016. ____ Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/L8212cons.htm> Acesso em: 05.09.2016. ____Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/L8213cons.htm> Acesso em: 05.09.2016. ____Lei n. 8.029, de 12 de abril de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/ leis/L8029cons.htm> Acesso em: 05.09.2016. ____Lei n. 12.663. de 5 de junho de 2012. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2011-2014/2012/Lei/L12663.htm>. Acesso em: 05.09.2016. Unidade 2 • O Requerimento Administrativo63/294 ____Lei n. 11.457, de 16 de março de 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cciv- il_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11457.htm>. Acesso em: 05.09.2016. ____Lei n. 11.098 de 13 de janeiro de 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cciv- il_03/_ato2004-2006/2005/lei/L11098.htm>. Acesso em: 05.09.2016. ____Decreto n. 3048, de 06 de maio de 1999. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cciv- il_03/decreto/d3048.htm> Acesso em: 05.09.2016. CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013. LAZZARI, João Batista; [et al.] Prática processual previdenciária: administrativa e judicial. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016. MARTINEZ, Wladimir Novaes. Princípios de direito previdenciário. 6. ed. São Paulo: LTr, 2015. MASOTTI, Viviane. O processo administrativo previdenciário. In: Revista EPD – Escola Paulista de Direito. São Paulo: Escola Paulista de Direito, ano 2, n. 2, p. 337-365, mar./abr. 2006. SERAU Jr., M. A; FOLMANN, M. (orgs) Previdência Social: em busca da justiça social. Homenagem ao professor Dr. José Antônio Savaris. São Paulo: LTR, 2015. Unidade 2 • O Requerimento Administrativo64/294 TAKAHASHI, Bruno. O prévio indeferimento administrativo em matéria previdenciária e a fixação dos pontos controvertidos da demanda. Ieprev, Belo Horizonte, ano 06, n. 236, 9 ago. 2012 VARGAS, Alberto Rodrigo Patino. Revisitando o princípio da legalidade sob o paradigma prin- cipiológico constitucional previdenciário. In: SERAU Jr., M. A; FOLMANN, M. (Orgs). Previdência Social: em busca da justiça social. Homenagem ao professor Dr. José Antônio Savaris. São Paulo: LTR,2015. 65/294 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: Requerimento Administrativo. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 97c4b6334af866367cebb93b29d43b74>. Aula 2 - Tema: Requerimento Administrativo. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ cef6a5947535c2b7a5a473e2705b8109>. 66/294 1. Com relação ao INSS, assinale a alternativa INCORRETA. a) O INSS é uma autarquia de âmbito nacional, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário. b) O INSS tem por finalidade promover o reconhecimento de direito ao recebimento de bene- fícios administrados pela Previdência Social, assegurando agilidade e comodidade aos seus usuários. c) É o INSS também responsável pela operacionalização do benefício assistencial de prestação continuada (LOAS) e dos benefícios decorrentes de acordos internacionais. d) Não detém o INSS legitimidade para concessão de benefícios de natureza indenizatória, re- gidos por legislação especial. e) O INSS é considerado como fazenda pública, devido sua natureza jurídica de autarquia fede- ral. Questão 1 67/294 2. São de responsabilidade do INSS os benefícios abaixo, EXCETO: Questão 2 a) Auxílio-reclusão. b) LOAS-Idoso. c) Pensão especial devida às vítimas de talidomida. d) Pensão especial de ex-combatente. e) Aposentadoria por invalidez. 68/294 3. Analise as alternativas abaixo e assinale a INCORRETA. Questão 3 a) O processo administrativo previdenciário possui quatro fases, quais sejam: inicial, instrutó- rio, decisória e recursal. b) A primeira fase do procedimento administrativo previdenciário inicia com o protocolo do requerimento administrativo. c) O requerimento administrativo pode ser feito pelo próprio segurado, por procurador legal- mente constituído ou ainda representante legal. d) O requerimento de benefícios é composto de duas etapas: o agendamento por meio de um dos canais de atendimento e apresentação da documentação no local, data e horário agen- dado. e) Será considerada como DER a data de deferimento do benefício. 69/294 4. Assinale a alternativa que apresenta a hipótese na qual o Requerimento administrativo do benefício previdenciário é dispensável. Questão 4 a) Juizados itinerantes. b) LOAS idoso. c) Pensão por morte. d) Auxílio-maternidade. e) Aposentadoria por tempo de contribuição. 70/294 5. Assinale a alternativa que apresenta o que ficou decidido após o julga- mento do RE 631.240/MG, pelo STF. Questão 5 a) Caso a ação tenha sido ajuizada no âmbitode Juizado Itinerante, a ausência de anterior pe- dido administrativo deverá implicar a extinção do feito. b) Caso o INSS já tenha apresentado contestação de mérito, está caracterizado o interesse em agir pela resistência à pretensão. c) As ações que não se enquadrem no julgamento ficarão sobrestadas ad eternum. d) Foi determinado o sobrestamento das ações de modo a intimar o autor a ingressar com o requerimento administrativo, sem prazo estabelecido. e) Nas ações sobrestadas, o autor será intimado a dar entrada no pedido administrativo em 30 dias, sob pena de julgamento do processo no estado em que se encontra. 71/294 Gabarito 1. Resposta: D. O INSS detém legitimidade para concessão de benefícios de natureza indenizatória, re- gidos por legislação especial, tais como a pensão aos portadores de talidomida, sol- dado da borracha, etc. 2. Resposta: D. É de competência da União Federal. 3. Resposta: E. Será considerada como DER a data de agen- damento do benefício. 4. Resposta: A. Enunciado nº 80 do FONAJEF: “Em juizados itinerantes, pode ser flexibilizada a exigên- cia de prévio requerimento administrativo, consideradas as peculiaridades da região atendida.” 5. Resposta: B. No julgamento do RE 631.240/MG, o STF as- sentou o entendimento de que, caso o INSS já tenha apresentado contestação de méri- to nos autos, está caracterizado o interesse em agir pela resistência à pretensão. 72/294 Unidade 3 Meios de Prova no Direito Previdenciário: A Instrução do Processo Administrativo Objetivos 1. Analisar a fase instrutória do processo administrativo previdenciário; 2. Verificar os meios de prova utilizados no processo administrativo previden- ciário; 3. Estudar a fase decisória do processo administrativo previdenciário. Unidade 3 • Meios de Prova no Direito Previdenciário: A Instrução do Processo Administrativo73/294 Introdução O requerimento será analisado por servidor competente, que analisará o preenchimen- to dos requisitos para a concessão do bene- fício, tendo como subsídio sistemas dispo- níveis, tais como PLENUS e CNIS. Trata-se da fase instrutória do processo administra- tivo previdenciário. Ao analisar o requerimento do segurado, o servidor do INSS irá efetuar a análise da do- cumentação, a fim de verificar o preenchi- mento dos requisitos para a concessão do benefício pretendido. Nesse contexto, em que pese não ser moti- vo para indeferir o benefício, a ausência de algum documento enseja o envio de carta de exigência pelo INSS, na qual se elencam os documentos necessários à análise do be- nefício. Assim, a teor do disposto no § 7º do art. 678, esgotado o prazo para o cumprimento da exigência sem que os documentos tenham sido apresentados, o processo será decidi- do com base nos dados constantes dos sis- temas informatizados do INSS, para somen- te depois haver análise de mérito quanto ao pedido de benefício. De todo modo, conforme estabelecido pelo art. 27 da Lei do processo administrativo fe- deral, o desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo admi- nistrado. Ainda que o processo tramite por impulso oficial, poderá o interessado juntar docu- mentos e requerer diligências. Somente po- derá se recusar a produção de provas solici- Unidade 3 • Meios de Prova no Direito Previdenciário: A Instrução do Processo Administrativo74/294 tadas pelo interessado se forem absolutamente impertinentes, desnecessárias ou protelatórias (Artigo 38, § 2º da Lei 9.784∕99). Caso o interessado declare que fatos a serem provados constam de documentos que se encon- tram em outro processo no próprio INSS ou em outro órgão da administração, cabe ao INSS re- quisitar tais documentos, e não os exigir do interessado. É o que dispõe o art. 37 da Lei 9.784/99, verbis: Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registra- dos em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respecti- vas cópias. Os principais sistemas ou bancos de informações do INSS são: PLENUS, CNIS, SABI, SUIBE e, mais recentemente, também o CadÚnico. Unidade 3 • Meios de Prova no Direito Previdenciário: A Instrução do Processo Administrativo75/294 Vale registrar que desde 2009, com a al- teração do regulamento da Previdência Social (Decreto 3.048/99) pelo Decreto 6.722/20081, os dados constantes do CNIS relativos a vínculos, remunerações e con- tribuições valem como prova de filiação à Previdência Social, tempo de contribuição 1 Art. 19. Os dados constantes do Cadastro Nacional de In- formações Sociais - CNIS relativos a vínculos, remunerações e contribuições valem como prova de filiação à previdência so- cial, tempo de contribuição e salários-de-contribuição. (Re- dação dada pelo Decreto nº 6.722, de 2008). § 1o O segurado poderá solicitar, a qualquer momento, a in- clusão, exclusão ou retificação das informações constantes do CNIS, com a apresentação de documentos comprobatórios dos dados divergentes, conforme critérios definidos pelo INSS, independentemente de requerimento de benefício, exceto na hipótese do art. 142. (Redação dada pelo Decreto nº 6.722, de 2008). § 2o Informações inseridas extemporaneamente no CNIS, in- dependentemente de serem inéditas ou retificadoras de dados anteriormente informados, somente serão aceitas se corrob- oradas por documentos que comprovem a sua regularidade. (Redação dada pelo Decreto nº 6.722, de 2008). Para saber mais O CNIS contém 230 milhões de registros de pes- soas físicas, 700 milhões de vínculos emprega- tícios, 20,2 bilhões de dados de remunerações e outros 2,3 bilhões de contribuições. Por meio des- se cadastro a administração faz um cruzamento de dados e informações dos cidadãos relativos a seus dados pessoais, vínculos empregatícios, contribuições previdenciárias vertidas, benefícios requeridos, remunerações percebidas de seus re- gistros de relações de trabalho, bem como outros dados pessoais necessários para se gerenciar as políticas sociais.1 1 DATAPREV. Rodrigo Assumpção apresenta CNIS durante fórum do Banco Mundial. Disponível em: <http://portal.dat- aprev.gov.br/rodrigo-assumpcao-apresenta-cnis-du- rante-forum-do-banco-mundial>. Acesso em nov. 2016. Unidade 3 • Meios de Prova no Direito Previdenciário: A Instrução do Processo Administrativo76/294 e salários de contribuição, o que permite o reconhecimento automático de direitos previdenciários. É facultado ao segurado solicitar a inclusão ou retificação das informações constantes do CNIS, com a apresentação de documen- tos comprobatórios dos dados divergentes, que comprovem sua regularidade. Não constando do CNIS informações sobre contribuições ou remunerações, ou haven- do dúvida sobre a regularidade do vínculo, motivada por divergências ou insuficiências de dados relativos ao empregador, ao segu- rado, à natureza do vínculo, ou a procedên- cia da informação, esse período respectivo somente será confirmado mediante a apre- sentação pelo segurado da documentação comprobatória solicitada pelo INSS. (Incluí- do pelo Decreto nº 6.722, de 2008). Já o Plenus é uma ferramenta de consulta de informações cadastrais dos beneficiários da Previdência Social, inclusive vencimentos (somente relativos ao último ano), além de dados técnicos sobre os benefícios concedi- dos. É por meio do Plenus que são feitas as consultas ao SUB.2 O sistema SABI armazena as informações relativas às perícias médicas realizadas pe- los médicos peritos do INSS, na análise do preenchimento dos requisitos para a con- cessão dos benefícios por incapacidade.