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PODER JUDICIÁRIO
JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO
TERMO Nr: 6323012146/2016 SENTENÇA TIPO: A
PROCESSO Nr: 0001141-19.2016.4.03.6323AUTUADO EM 29/02/2016
ASSUNTO: 040109 - AUXÍLIO-RECLUSÃO (ART. 80) - BENEF. EM ESPÉCIE/ CONCESSÃO/ 
CONVERSÃO/ RESTABELECIMENTO/ COMPLEMENTAÇÃO
CLASSE: 1 - PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
AUTOR: PRISCILA APARECIDA NOGUEIRA E OUTRO
ADVOGADO(A)/DEFENSOR(A) PÚBLICO(A): SP999999 - SEM ADVOGADO
RÉU: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - I.N.S.S. (PREVID)
PROCURADOR(A)/REPRESENTANTE:
DISTRIBUIÇÃO POR SORTEIO EM 29/02/2016 18:40:02
JUIZ(A) FEDERAL: ELIDIA APARECIDA DE ANDRADE CORREA
DATA: 17/10/2016
LOCAL: Juizado Especial Federal Cível Ourinhos, 25ª Subseção Judiciária Federal do Estado de 
São Paulo, à Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, 365, Ourinhos/SP.
<# S E N T E N Ç A
1. Relatório
Trata-se de ação proposta por JOÃO GABRIEL NOGUEIRA DE OLIVEIRA (menor) e 
PRISCILA APARECIDA NOGUEIRA (autora e representante do menor), em face do INSS por meio 
da qual objetivam a concessão do benefício de auxílio-reclusão, apresentando-se como dependentes de 
Weslley Natanael de Oliveira, segurado recolhido ao sistema penitenciário em 19/10/2015. O 
requerimento administrativo feito em 01/12/2015 foi indeferido sob o fundamento de o último salário 
de contribuição recebido pelo segurado preso ser superior ao previsto na legislação.
Citado, o INSS apresentou contestação para, no mérito, em síntese, pugnar pela 
improcedência do pedido pelos mesmos argumentos de que se valeu para negar a pretensão 
administrativamente.
Em réplica a parte autora refutou as alegações de defesa e reiterou os termos da inicial.
Parecer do Ministério Público Federal opinando pela improcedência do pedido, sem 
desconhecer a frágil situação financeira dos autores, porém não cumprem com o requisito baixa renda.
Vieram os autos conclusos para sentença.
É o relatório. DECIDO.
2. Fundamentação
Para fazer jus ao auxílio-reclusão é indispensável que o requerente cumpra os requisitos 
 
2016/632300056268-31112-JEF
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legais (art. 80, Lei nº 8.213/91), a saber: (a) qualidade de segurado do recluso; (b) qualidade de 
dependente do requerente do benefício; (c) renda do segurado antes do ingresso ao cárcere ser inferior 
ao limite legal; e (d) comprovação de prévia dependência econômica nas hipóteses legais exigidas.
A controvérsia da presente demanda cinge-se à renda do segurado antes do ingresso ao 
cárcere, requisito legal essencial, posto que o auxílio-reclusão é devido aos dependentes dos segurados 
de baixa renda recolhidos à prisão que não recebam remuneração da empresa nem estejam em gozo de 
auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço, desde que o seu último salário-de-
contribuição seja inferior ou igual ao limite estabelecido por meio de Portaria Ministerial, o que, 
quando do último salário-de-contribuição integral percebido pelo recluso (em setembro/2015) 
correspondia a R$ 1.089,72, nos termos da Portaria Interministerial MPS/MF nº 13, de 09/01/2015, 
então vigente.
Insta salientar que o C. STF, em decisão com repercussão geral (REs 587.365 e 486.413), 
estabeleceu que a renda a ser considerada para a concessão de auxílio-reclusão deve ser a do preso e 
não a de seus dependentes:
“REPERCUSSÃO GERAL
Auxílio-Reclusão e Renda Bruta do Segurado Preso - 1
A renda a ser considerada para a concessão do auxílio -reclusão de que trata o art. 
201, IV, da CF, com a redação que lhe conferiu a EC 20/98, é a do segurado preso e 
não a de seus dependentes (CF: “Art. 201. A previdência social será organizada sob a 
forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados 
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da 
lei, a: ... IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de 
baixa renda;”). Com base nesse entendimento, o Tribunal, por maioria, proveu dois 
recursos extraordinários interpostos pelo INSS para reformar acórdãos proferidos por 
Turma Recursal da Seção Judiciária do Estado de Santa Catarina, que aplicara o 
Enunciado da Súmula 5 da Turma Regional de Uniformização dos Juizados Especiais, 
segundo o qual “para fins de concessão do auxílio-reclusão, o conceito de renda bruta 
mensal se refere à renda auferida pelos dependentes e não à do segurado recluso”, e 
declarara a inconstitucionalidade do art. 116 do Regulamento da Previdência Social 
[Decreto 3.048/99: “Art. 116. O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições 
da pensão por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão que não 
receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, 
aposentadoria ou abono de permanência em serviço, desde que o seu último salário-
de-contribuição seja inferior ou igual a R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais).”], que 
teve como objetivo regulamentar o art. 80 da Lei 8.213/91. RE 587365/SC, rel. Min. 
Ricardo Lewandowski, 25.3.2009. (RE -587365)RE 486413/SC, rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, 25.3.2009. (RE-486413)
Auxílio-Reclusão e Renda Bruta do Segurado Preso - 2
Asseverou-se que o inciso IV do art. 201 da CF comete à Previdência Social a 
obrigação de conceder “auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa 
renda”, e que se extrai, de sua interpretação literal, que a Constituição limita a 
concessão do citado benefício às pessoas que estejam presas, possuam dependentes, 
sejam seguradas da Previdência Social e tenham baixa renda. Observou-se que, caso 
a Constituição pretendesse o contrário, constaria do referido dispositivo a expressão 
“auxílio-reclusão para os dependentes de baixa renda dos segurados”. Aduziu-se que 
o auxílio-reclusão surgiu a partir da EC 20/98 e que o requisito “baixa renda”, desde 
 
2016/632300056268-31112-JEF
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a redação original do art. 201 da CF, ligava-se aos segurados e não aos dependentes. 
Ressaltou-se, ademais, que, mesmo ultrapassando o âmbito da interpretação literal 
dessa norma para adentrar na seara da interpretação teleológica, constatar-se-ia que, 
se o constituinte derivado tivesse pretendido escolher a renda dos dependentes do 
segurado como base de cálculo do benefício em questão, não teria inserido no texto a 
expressão “baixa renda” como adjetivo para qualificar os “segurados”, mas para 
caracterizar os dependentes. Ou seja, teria buscado circunscrever o universo dos 
beneficiários do auxílio-reclusão apenas aos dependentes dos presos segurados de 
baixa renda, não a estendendo a qualquer detento, independentemente da renda por 
este auferida, talvez como medida de contenção de gastos. RE 587365/SC, rel. Min. 
Ricardo Lewandowski, 25.3.2009. (RE -587365) RE 486413/SC, rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, 25.3.2009. (RE-486413)
Auxílio-Reclusão e Renda Bruta do Segurado Preso - 3
Acrescentou-se que um dos objetivos da EC 20/98, conforme a Exposição de Motivos 
encaminhada ao Congresso Nacional, seria o de restringir o acesso ao auxílio-
reclusão, haja vista que o constituinte derivado ter-se-ia amparado no critério de 
seletividade que deve reger a prestação dos benefícios e serviços previdenciários, a 
teor do art. 194, III, da CF, para identificar aqueles que efetivamente necessitam do 
aludido auxílio. Nesse sentido, tal pretensão só poderia ser alcançada se a seleção 
tivesse como parâmetro a renda do próprio preso segurado, pois outra interpretação 
que levasse em conta a renda dos dependentes, a qual teria de obrigatoriamente 
incluir no rol destes os menores de 14 anos - impedidos de trabalhar,por força do art. 
227,§ 3º, I, da CF -, provocaria distorções indesejáveis, visto que abrangeria qualquer 
segurado preso, independentemente de sua condição financeira, que possuísse filhos 
menores de 14 anos. Por fim, registrou-se que o art. 13 da EC 20/98 abrigou uma 
norma transitória para a concessão do citado benefício e que, para os fins desse 
dispositivo, a Portaria Interministerial MPS/MF 77/2008 estabeleceu o salário de 
contribuição equivalente a R$ 710,08 (setecentos e dez reais e oito centavos) para o 
efeito de aferir-se a baixa renda do segurado, montante que superaria em muito o do 
salário-mínimo hoje em vigor. Esse seria mais um dado a demonstrar não ser razoável 
admitir como dependente econômico do segurado preso aquele que aufere 
rendimentos até aquele salário de contribuição. Vencidos os Ministros Cezar Peluso, 
Eros Grau e Celso de Mello, que desproviam o recurso. RE 587365/SC, rel. Min. 
Ricardo Lewandowski, 25.3.2009. (RE -587365) RE 486413/SC, rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, 25.3.2009. (RE-486413)
(extraído do Informativo nº 540, Brasília, 23 a 27 de março de 2009)
Conforme certidão de recolhimento prisional (fl. 08 do evento 03), o segurado foi 
recolhido ao sistema carcerário em 19/10/2015, época em que se encontrava empregado, conforme se 
extrai da tela do CNIS apresentada à folha 02 do evento 7 e CTPS à folha 13 do evento 3. Na tela do 
sistema CNIS à folha 03 do evento 7 consta que o segurado teve como último salário de contribuição 
integral, referente ao mês de setembro/2015, o valor de R$ 1.521,57.
Nesses casos, a jurisprudência hodierna orienta para que seja utilizado como parâmetro o 
último salário do segurado quando estava trabalhando, a fim de que se possa analisar, comparando-o 
com o limite vigente à época do vínculo, se a renda se subsumia ao permissivo legal do auxílio-
reclusão. Nesse sentido é a decisão proferida no Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei 
Federal - PEDILEF 200770590037647/PR (Juiz Federal Alcides Saldanha Lima, DOU 19/12/2011. 
Rel. Juíza Federal Ana Beatriz Vieira Palumbo), conforme trecho da decisão que segue:
 
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“...CONHEÇO E DOU PROVIMENTO AO PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO, para 
firmar a tese de que o valor a ser considerado, para enquadramento do segurado no 
conceito de baixa renda para fins de percepção de auxílio-reclusão, deve 
corresponder ao último salário-de-contribuição efetivamente apurado antes do 
encarceramento....”
Como já anotado, o último salário de contribuição integral do segurado Weslley Natanael 
de Oliveira, relativa ao seu último vínculo de trabalho, foi de R$ 1.521,57 (em setembro/2015), 
portanto superior ao limite vigente à época de R$ 1.089,72, estabelecido pela Portaria Interministerial 
MPS/MF nº 13, de 09/01/2015.
Por conseguinte, este Juízo não vislumbra qualquer irregularidade no ato que indeferiu a 
concessão do benefício aos autores, uma vez que não havia outra saída ao INSS senão indeferi-lo em 
razão do não implemento de um dos seus requisitos indispensáveis.
Sem mais delongas, passo ao dispositivo.
3. Dispositivo
POSTO ISSO, julgo improcedente o pedido e soluciono o feito com resolução do 
mérito, nos termos do artigo 487, inciso I, do Novo Código de Processo Civil.
Sem custas e sem honorários advocatícios nessa instância (artigo 55 da Lei nº 9.099/95 
c.c. o art. 1º da Lei nº 10.259/01).
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Se a parte autora desejar interpor recurso desta sentença fica ciente de que deverá 
constituir advogado e, não podendo fazê-lo por seus próprios meios, deverá procurar a Seção de 
Atendimento deste JEF, a qual fica desde já autorizada a proceder à nomeação de causídico para 
representar os interesses do autor, obedecendo-se a ordem da lista de advogados inscritos no Sistema de 
Assistência Judiciária Gratuita desta JFSP para esta Subseção Judiciária.
Havendo interposição de recurso (desde que tempestivo, fica recebido no duplo efeito), 
intime-se o MPF (se não for ele o recorrente) e aguarde-se o prazo para contrarrazões e, após, remetam-
se os autos a uma das C. Turmas Recursais de São Paulo, com as nossas homenagens e mediante as 
anotações de praxe. Registro que a contagem de prazo somente em dias úteis disciplinada pelo novo 
CPC não tem vigência no âmbito dos JEFs, dado o princípio da especialidade próprio do procedimento 
sumaríssimo (art. 98, inciso I, CF/88) e, também, os princípios da simplicidade, efetividade e, 
sobretudo, da celeridade que lhe são próprios. Caso contrário, certifique-se o trânsito em julgado e 
arquivem-se. #>
ITD
ELIDIA APARECIDA DE ANDRADE CORREA
Juiz Federal
 
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