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Disciplina: Operações de terminais, armazéns e controle de estoques Aula 6: Conceitos e classificações em estoques Apresentação Nesta aula, compreenderemos os conceitos básicos relacionados à gestão dos estoques, bem como a sua tipologia e características relacionadas à geração ou supressão de sua demanda. Também abordaremos duas ferramentas de gestão de estoque: a classificação ABC e a análise de criticidade dos estoques. Objetivos Descrever conceitos básicos de estoques, tipologia do estoque e sua demanda; Explicar a classificação ABC e criticidade em estoques. Conceitos em gestão de estoques Antes de iniciar este estudo, devemos entender que os estoques são importantes, mas nem sempre necessários. A formação dos estoques deve ocorrer quando existirem dúvidas quanto à demanda ou quanto ao ressuprimento. Homem e mulher em movimentação de estoque. (Fonte: Halfpoint / Shutterstock) As demandas flutuam por diferentes motivos e aspectos e é importante uma relação de parceria entre cliente e fornecedor. Mas é possível não ter estoques? Não ter estoques é algo muito desejado pelas empresas, mas bastante complexo de ser conseguido em função das diversas nuances que envolvem tanto a previsão das demandas quanto o ressuprimento. Porque surgem o estoques? Veja os principais motivos. Difícil ou inviável coordenar suprimento e demanda O equilíbrio entre o que comprar/produzir e o que se vai vender, na grande maioria dos casos, é de difícil obtenção. Incertezas de previsões de demanda Muito embora haja métodos para definição da demanda, elas variam muito e por diversos motivos. Especular com estoques (preços) Alguns produtores não ofertam ao mercado a quantidade suficiente para abastecimento da demanda, o que provoca aumento dos preços. Suprir os canais de distribuição Os pontos de vendas dos produtos devem ser supridos com precisão. Tipos de demanda É fundamental, na gestão dos estoques, conceituar os tipos de demanda pois cada uma possui uma forma diferenciada quanto ao ressuprimento de seus itens. Vamos conhecê-las: Demanda permanente ou regular Muitos produtos têm ciclo de vida longo, de forma que parecem que vão ser comercializados para sempre. Mesmo produtos que têm sua permanência no mercado projetada para 5 anos podem ser considerados de demanda permanente. Tal caso ocorre quando não existem grandes picos ou vales de consumo, ao longo de um determinado período, como, por exemplo: Refrigerantes; Pasta dental; Sabão em pó etc. Demanda sazonal Alguns produtos têm tal sazonalidade na demanda que não podem ser controlados da mesma forma que produtos com demanda permanente. Podem ser produtos com ciclo anual de demanda ou simplesmente produtos de moda com ciclos de vida muito curtos. A principal característica dessa demanda é de poder ser considerada composta por um único pico pelo controle de estoques, ou seja, produtos que vendem em apenas algumas épocas do ano. Exemplos: Ovos de Páscoa; Produtos festivos para Copa do Mundo; Artigos relacionados ao Carnaval etc. Demanda irregular Alguns produtos têm demanda tão irregular que a projeção de suas vendas é muito difícil. O controle de estoques para produtos com essa demanda deverá estar amarrado com a previsão precisa de vendas, principalmente quando o comportamento errático está combinado com tempos de ressuprimento muito longos ou pouco flexíveis. Essa demanda, portanto se caracteriza por grandes variações entre sucessivos intervalos de tempo. Todos os estoques têm alguns desses itens e variarão no caso de cada empresa. Podemos tomar como exemplo uma caneta de cor verde para quadro branco. Esse item possui uma saída irregular em função do pouco interesse. Demanda em declínio Algum dia, a demanda de um produto acaba e, então, um produto novo vem em seu lugar. O declínio da demanda é geralmente gradual e os estoques excedentes podem ser diminuídos pouco a pouco. Para alguns produtos, entretanto, o final ocorre subitamente, mas de modo planejado. O caso típico é o de peças de reposição para produtos de vida útil planejada, ou produtos que não são vendidos há muito tempo, mas que ainda estão em uso. Demanda derivada Para alguns produtos, sua demanda é conhecida se a demanda dos produtos acabados puder ser determinada. Por exemplo, a partir da previsão de vendas de automóveis novos pode- se calcular facilmente a necessidade de pneus. A demanda de pneus é dita derivada. Tipos de Estoques 01 Estoque empurrado (push system); 02 Estoque puxado (pull system); 03 Estoques por estado da produção; 04 Estoques por propósito; Homem em conferência de estoque com tablet em mãos. (Fonte: Zephyr_p / Shutterstock) 05 Estoque Sazonal; 06 Estoque em Trânsito; 07 Estoque de Segurança; 08 Estoque Regulador. Saiba mais Para saber detalhes sobre esses estoques e outros juntamente com conceitos importantes em gestão de estoques leia o texto: Tipos de Estoques: definições e gestão. <galeria/aula6/anexo/a06_05_01.pdf> Ferramenta Curva ABC aplicada a estoques Também conhecido como Classificação ABC, este método é bastante empregado na linguagem corrente da gestão de estoques, é um instrumento de planejamento que permite ao gerente orientar seus esforços em direção aos resultados mais significativos para a sua organização. É baseado nas conclusões de Pareto, economista italiano (1842-1923), que, ao estudar a distribuição de renda entre a população do sistema econômico que vivia, estabeleceu um princípio, segundo o qual, o maior segmento de renda nacional concentrava-se em uma pequena parcela da população, enquanto a maioria dela absorvia a menor parte da mesma renda. Nos últimos 60 anos, a partir de esforços iniciais da General Eletric americana, o princípio de Pareto tem sido adaptado ao universo de materiais, particularmente à gerência de estoques, com o nome de Classificação ABC. A aplicação do método visa estabelecer prioridades, ou seja, dar importância aos itens que trazem mais impactos para os estoques e respectivamente para a empresa, sem entretanto, desconsiderar os menos importantes. Pode-se fazer uma Classificação ABC ou traçar uma Curva ABC por giro, peso, volume, tempo de reposição, por valor etc. Gráfico representativo da curva de pareto. (Fonte: astephan / Shutterstock) Vamos considerar esse método aplicado aos estoques e, então, verificar que a maior importância deve ser atribuída às vendas/giros, lembrando que os estoques imobilizam capital da empresa. A curva ABC deve ser considerada como a ferramenta básica e fundamental para a gestão dos estoques. Por meio dela, é possível entender como o estoque é constituído quanto aos seus itens. Mas então, quais são as ações relevantes fornecidas pela Curva ABC? Ela visa relacionar os itens estocados e entender sua importância para o estoque e o negócio da empresa, principalmente quanto ao giro, visto que, os estoques imobilizam o capital da empresa, e quanto maior for seu giro, quanto menos tempo ficarem paralisados, menor será o impacto para as finanças da empresa. Também contribui na gestão dos estoques pois estabelece políticas de compra, de vendas e de produção. Atividade 1. Tipos de Estoque: Entre os diversos tipos de estoques que usamos nas organizações, existe um que é utilizado para não permitir que haja grandes flutuações de preço do produto no mercado. Essa é uma característica de que tipo de estoque? a) Promocional b) Ciclo c) Trânsito d) Regulador e) Especulativo Classificação Após a classificação executada, vamos perceber como devem ser administrados e operacionalizados os itens estocados conforme a sua importância, já estabelecida. Vamos ver, então, como essa classificação vai definir os itens por grupos de importância relativa:1 Classe A Grupo de itens que são considerados mais importante. 2 Classe B Grupo de itens com relevância razoável. 3 Classe C Grupo de itens menos importante. A curva ABC será obtida após a classificação dos itens e deverá, de uma forma geral, seguir os passos: Enquadramento de todos os itens estocados ativos e seu enquadramento no método; Registro e tabulação dos itens; Separação por classes ABC; Elaboração da curva. Saiba mais Para saber detalhes desse tema e entender melhor acesse a leitura: Classificação dos itens por grupos de importância relativa. <galeria/aula6/anexo/a06_09_01.pdf> Fases de elaboração da curva ABC Homem em estoque com tablet em mãos. (Fonte: Halfpoint / Shutterstock) A separação em classes será executada de acordo com os critérios pré- estabelecidos pela empresa. A relação dos itens deve ser obtida através de inventário e apoio do setor de planejamento e controle da produção quanto aos planos de produção baseados na demanda. Para a elaboração da curva ABC, os itens tabulados deverão ser plotados. Já a tabulação é a relação obtida que deverá ser relacionada em planilhas por ordem de importância e também de acordo com seus atributos (vendas, custos etc). A área de Vendas cria, naturalmente, um grupo de produtos mais importantes em função do faturamento, clientes, prazo de entrega etc. (é a classe A). A Produção faz sua classificação em função da complexidade da fabricação, custo da matéria- prima, tempo de processamento etc. (gerando suas classes ABC). Da mesma forma, a Logística procede em seus estoques, centrando seja pelo giro no estoque, por % de faturamento, por valor absoluto etc. Atividade 2. Estoque e ressuprimento: Entre os diversos tipos de estoques, aquele cujo ressuprimento é definido pelos fornecedores, sejam eles internos ou externos, é denominado de: a) Estoque Empurrado b) Estoque Puxado c) Estoque Sazonal d) Estoque de Matéria Prima e) Estoque Ciclo Estoque com computador aberto em sistema. (Fonte: Phonlamai Photo / Shutestock) Análise da Criticidade Um número significativo de empresas industriais nacionais e internacionais tem tratado a questão dos estoques envolvendo apenas matérias-primas, componentes e serviços. Ou seja, a disponibilização de ferramentas apenas na base de conhecimentos quantitativos, desprezando os aspectos qualitativos. A análise meramente quantitativa pode trazer distorções perigosas para a organização, quando, por sua vez, não considera a importância do item em relação à operação do sistema como um todo. A gestão dos estoques por métodos mais complexos, como o da criticidade, visa entender se o item é indispensável a que grau para o processo a que se destina. Os itens críticos na sua falta podem trazer grandes problemas para a empresa, dependendo do processo em que estejam inseridos, podendo até imobilizar a operação se esse item for, por exemplo, uma matéria-prima. E tudo isso será determinante para a imagem que a empresa apresentará frente a seus clientes, demonstrando, em sua execução, a necessidade e/ou a facilidade de substituição de um item por outro e na velocidade com que todo o processo é desempenhado. A Análise da Criticidade tem sua origem da gestão da qualidade, ou seja, está diretamente ligada ao poder que determinado item terá nas operações a serem executadas pela empresa, o que possibilita uma avaliação adicional dos processos desempenhados. Dois parâmetros são utilizados para o entendimento da criticidade de um determinado item neste processo: Frequência de ocorrência de falha para aquele item, que pode ser classificada em: Muito alta ou frequente; Alta ou razoavelmente provável; Moderada ou ocasional; Muito baixa ou extremamente improvável. Severidade, indicando o quão severo é para o processo produtivo a ocorrência daquela falha, que pode ser: Catastrófica; Muito séria; Séria; Significante; Pequena. Classificação quanto à criticidade Usando o conceito de criticidade dos itens do estoque, os itens podem ser classificados em três grupos: Materiais Z Críticos. Itens cuja falta provoca a interrupção da produção, cuja substituição é difícil ou não existem fornecedores alternativos. São aqueles materiais cuja falta causará uma interrupção no processo produtivo da empresa, sendo, dessa forma, imprescindíveis. Materiais Y Pouco críticos. Itens cuja falta não exerce efeito na produção em curto prazo. Fazem parte dessa categoria aqueles itens cuja falta não irá provocar efeitos em curto prazo, sendo que são importantes, mas sua falta não irá impedir um procedimento, ou seja, podem ser substituídos por um breve período de tempo. Materiais X Não críticos. São todos os demais itens do estoque que não entram na classe Z nem na classe Y e que podem ser facilmente substituídos. Devemos entender ainda que a criticidade dos itens nos estoques vai variar de empresa para empresa, dependendo do seu negócio, pois o nível de serviço a ser oferecido deve ser cumprido, quanto a quantidades disponíveis, qualidade dos produtos, prazos de entrega etc. Em suma, a criticidade de cada um dos itens está relacionada às características inerentes a cada empresa, adotando-se fatores que mais são influenciados na falta do item. Atividade 3. Analise de criticidade: Existem itens cuja falta provoca a interrupção da produção, ou cuja substituição é difícil ou não existem fornecedores alternativos disponíveis. São aqueles materiais em que falta causará uma interrupção no processo produtivo da empresa ou no fluxo da cadeia logística, sendo, desta forma, imprescindíveis. Considerando a análise de Criticidade, estas características referem-se a que tipo de item de estoque? a) Semicrítico b) Crítico c) Pouco crítico d) Sazonalmente crítico e) Não crítico Referências LIMA, Rafael. Operações e controle de estoques. Rio de Janeiro: SESES, 2015. RODRIGUES, Paulo. R. A. Gestão Estratégica da Armazenagem. 2. Ed. São Paulo: Aduaneira, 2011. SZABO, Viviane. Gestão de Estoques. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. Próximos Passos Parâmetros no Controle de Estoque; Métodos de Controle de Estoque. Explore mais Leia os seguintes artigos relacionados aos assuntos que estudamos em nossa aula: “Quadro conceitual para gestão de estoques: enfoque nos itens” <http://www.scielo.br/pdf/gp/v19n4/a02v19n4.pdf> , por Peter Wanke; “Estudo sobre a Ferramenta Curva ABC em uma Empresa de Distribuição” <http://www.convibra.com.br/upload/paper/adm/adm_3336.pdf> ; “Análise conjunta da Curva ABC e do fator criticidade em uma farmácia de manipulação de Guaçuí – ES” <https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos12/46416629.pdf> .
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