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Apostila Microbiologia I

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Universidade Católica de Goiás 
Profa. Cláudia Maria Duque de Souza 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS 
 
 
 
CURSO DE BIOMEDICINA 
MICROBIOLOGIA I 
 
 
 
 
 
 
 
Profa. CLÁUDIA MARIA DUQUE DE SOUZA 
Profa. EDLAINE RODRIGUES MONTALVÃO 
 
 
 
 
 
Universidade Católica de Goiás 
 
Profa. Cláudia Maria Duque de Souza e Edlaine Rodrigues Montalváo. 
Página 2 de 87 
Universidade Católica de Goiás 
Curso: Biomedicina 
Disciplina: Microbiologia I 
Professora: Cláudia Maria Duque de Souza 
 
 
 
 
PROGRAMA: 
 
 
1- Objetivo geral: 
 
 A disciplina Microbiologia I visa, fundamentalmente, demonstrar as 
técnicas bacteriológicas, princípios dessas técnicas, identificação dos 
gêneros e espécies e suas patologias, bem como capacitar o estudante 
para a pesquisa e reconhecimento desses microrganismos. 
 
 
 
 
 2- Objetivos específicos: 
 
 Habilitar o aluno de bacteriologia para a pesquisa, reconhecimento e 
diferenciação dos microrganismos normais e patogênicos nas diferentes 
partes do organismo humano, tais como: orofaringe, pele e anexos, 
aparelhos auditivo, visual, gastrointestinal e genito-urinário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Católica de Goiás 
 
Profa. Cláudia Maria Duque de Souza e Edlaine Rodrigues Montalváo. 
Página 3 de 87 
 
 
 
MICROBIOLOGIA I - CBB 3641 - 4 CRÉDITOS 
 
 
 
 
CONTEÚDO: 
 
01 - Normas de coleta, transporte e armazenamento das amostras das 
diferentes áreas anatômicas. 
02 - Microbiota 
03 - Urinocultura. 
04 - Coprocultura. 
05 - Antibiogramas (TSAQ) 
06 - Cultura de escarro. 
07 - Cultura de exsudato de orofaringe. 
08 - DST (Gonorréia, Sífilis). 
09 - DST (Cancro mole, LGV e Donovanose). 
10 - Cultura de exsudato do aparelho da visão. 
11 - Cultura de lesões cutâneas e anexas. 
12 - Diagnósticos laboratoriais da Hanseníase 
13 - Hemocultura e Líquidos corporais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Católica de Goiás 
 
Profa. Cláudia Maria Duque de Souza e Edlaine Rodrigues Montalváo. 
Página 4 de 87 
BIBLIOGRAFIA 
 
01. Jawetz, Ernerst. Microbiologia Médica. Guanabara Koogan. 
02. Bier, Otto. Microbiologia e Imunologia. Melhoramentos. 
03. Pelczar, Reid e Chain. Microbiologia Vol I e II. McGraw-Hill do Brasil. 
04. Moura. Microbiologia Clínica. Mc Will Editores. 
05. Korting e Gunnter. Dermatologia. Editora Manole. 
06. Cecil. Tratado de Medicina Interna. Guanabara Koogan. 
07. Dowell, Allen e Koneman. Diagnóstico Microbiológico. Panamericana. 
 
08. Neto, Amato e V. et al. Antibióticos na prática médica. Gnemed. 
09. Parage, R. Microbiologia Clínica. Panamericana. 
10. Miname. Micologia, Diagnóstico Laboratorial das Micoses. 
11. Reese, Richard E, Sentochnik, Deborah E., Douglas Jr, R. Gordon e 
Betts, Robert F. Manual de Antibióticos. 
12. Roitman, Isaac, Travassos, Luiz R. e Azevedo, João Lúcio. Tratado de 
Microbiologia. 
13. Mac Faddin. Pruebas bioquimicas para la identificacion de bactérias de 
importância clínica. Panamericana. 
14. Lennete, Balows, Hausler e Shadony. Manual de Microbiologia Clínica. 
 
15. Hentges, David J. Medical Microbiology. 
16. Fundemberg, Hugh. Microbiology and Imunology, a positive statement 
manual. Guanabara Koogan. 
17. Delost, Danessa Maria. Introduction to diagnóstic Microbiology, Mosby, 
1997. 
18. Rowland, S. Sharon. Pathogenic and Clinical Microbiology. Little, 
Brown and Company, 1994. 
19. Crissey, Thorne John, Manual of Medical Micology. 1995. Blackwell 
science. 
20. Tagliavini, Ruggero. Novo Atlas prático de Dermatologia e 
Venereologia. 1995, Santos. 
21. Konneman, Elmer. 5ª edição. Color Atlas - Diagnostic Microbiology, 
1997, Lippincott. 
22. Dwight R. Johnson. Laboratory of diagnostic of Group A Streptococcal 
infections. WHO (Organização Mundial de Saúde). 
23. Chung, Kwon J. K. Medical mycology. 1992. Lea & Fabiger. 
24. Zaitz, Clarisse. Atlas de Micologia. 1995. Medsi. 
 
Artigos da Internet 
Periódicos: Revista Laes Haes, Mc Will Editores, News Lab, 
ARSCVRAND, JAMA, Arquivos de Dermatogia (JAMA). 
 
Universidade Católica de Goiás 
 
Profa. Cláudia Maria Duque de Souza e Edlaine Rodrigues Montalváo. 
Página 5 de 87 
AULA 01 
 
 
COLETA, TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO DE AMOSTRAS. 
 
 É a parte mais importante no isolamento do microorganismo que é 
responsável pelo processo infeccioso. Uma coleta mal feita resulta no insucesso 
da pesquisa do real agente etiológico da doença. Quando há contaminação na 
coleta, por exemplo, com microorganismos da flora normal, pode gerar uma 
terapia incorreta tratando-se o germe contaminante e não o causador da 
doença. Por exemplo, num caso de pneumonia causada por Klebsiella 
pneumoniae, se a coleta for feita erroneamente (só na saliva e não no escarro), 
a terapia antibiótica estará inadequada. 
 
 A amostra clínica deve ser material do verdadeiro local da infecção e 
colhida com o mínimo de contaminação. Deve-se ter cuidado com a 
contaminação do escarro pela saliva, com a coleta de exsudatos de feridas para 
não tocar na pele adjacente, com a contaminação da amostra de endométrio 
com secreção vaginal e um cuidado especial com a limpeza do tecido 
parauretral e períneo antes da coleta de urina. Outro problema é a 
impossibilidade de atingir abcessos profundos sem agulhas e cânulas. Deve-se 
estabelecer períodos ótimos para coletar as amostras para proporcionar um 
maior acerto no isolamento dos agentes causadores, mas, para isso é 
necessário conhecer a fisiopatologia dos processos infecciosos. 
 
 
 
 
 
 
Universidade Católica de Goiás 
 
Profa. Cláudia Maria Duque de Souza e Edlaine Rodrigues Montalváo. 
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 * Hemocultura - segunda semana; 
 
Universidade Católica de Goiás 
 
Profa. Cláudia Maria Duque de Souza e Edlaine Rodrigues Montalváo. 
Página 7 de 87 
 
 
 
 * Urocultura - segunda ou terceira semana de infecção; 
 
 
 
 * Coprocultura - Salmonella tiphy = diarréia aguda; 
 
 
 
 * Soro - os anticorpos aumentam na segunda semana, mas com pico na quinta 
semana. 
 
 A urina das pessoas normais pode ser inibitória ou bactericida para 
alguns microorganismos quando o seu pH é igual ou menor do que 5,5 e 
quando há aumento da osmolalidade ou da concentração (densidade). 
 
 As novas técnicas para urina e escarro possibilitam os usos de pequenos 
volumes do material proporcionam um resultado fidedigno (tratando-se de 
micobactérias), com pouca interferência de contaminantes e dispensando as 
longas coletas de 24 horas. 
 
Universidade Católica de Goiás 
 
Profa. Cláudia Maria Duque de Souza e Edlaine Rodrigues Montalváo. 
Página 8 de 87 
 A quantidade de material deve ser suficiente para a boa execução da 
técnica usada; observar que nas formas agudas há abundância de exsudatos, 
porém, nas crônicas, há escassez.Cuidado som os swabs secos, isto é, com pouco material; pode ser desperdício 
de material do laboratório e do paciente. O melhor procedimento é retirar outra 
amostra e fazer uma declaração sobre as condições da amostra que foi 
enviada. 
No caso de escarro, 0,5 mL é pouco para toda a rotina (pesquisa de BAAR e 
cultura), além de poder não conter secreções pulmonares dos locais certos. 
 
 Dispositivos de coleta, recipientes e meios de cultura devem ser 
rigorosamente esterilizados para que se chegue a um ótimo isolamento. 
Os frascos para urina e escarro devem ter a boca larga, para não haver 
contaminação do frasco, e tampa firme para não haver vazamento do material 
no transporte. 
Recomendam-se os swabs com pontas de alginato de cálcio, dracon ou 
poliéster porque o algodão pode ter ácidos graxos que impedem certas 
bactérias sensíveis. 
Deve-se respeitar o tempo de contato entre o swab e amostra; os swabs de 
orofaringe devem ser colocados em meios de transporte para que não 
ressequem e provoquem a morte bacteriana. 
 
 
RECIPIENTES PARA TRANSPORTE DAS AMOSTRAS 
 
 
 
 
 Existem no mercado várias opções, uma delas é o Culturette (ampola de 
vidro com meio de Stuart para transporte), que assegura a umidade e conserva 
a amostra por 24 horas. 
Outro meio de transporte é o de Amies que é semi-sólido 
 Para a coleta de anaeróbios não se usa swabs, mas sim agulhas e 
seringas para aspiração. As amostras devem ser protegidas do oxigênio e da 
dissecação. 
Alguns materiais para anaerobiose disponíveis no mercado são o Anaerocult da 
Merck®, Anaerobac da Probac® e os Tubos de Scott ( dois tubos de onde foi 
retirado o oxigênio e colocado o CO2, um dos tubos tem um swab adaptado à 
tampa e o outro é lacrado). Para a coleta de anaeróbios obrigatórios, 
microaerófilos e anaeróbios facultativos têm-se os tubos mais flaconetes (Port-a-
Universidade Católica de Goiás 
 
Profa. Cláudia Maria Duque de Souza e Edlaine Rodrigues Montalváo. 
Página 9 de 87 
cult da BBL® e o Coletor de amostras anaeróbicas da BD [tubo fechado e 
saturado com gás].). 
 
 Sempre que possível coletar as amostras antes da administração de 
antibióticos, a qual irá reduzir a segurança do resultado da cultura 
(possibilidade de falso negativo), porém, existem microorganismos que têm o 
seu crescimento normal mesmo em presença de antibióticos. 
Há casos nos quais vários antibióticos da terapia têm ação bacteriostática e , 
quando colocamos a amostra em meios frescos (líquidos), com CIM 
(concentração inibitória mínima) de antibióticos, abaixo da concentração 
existente no local da infecção, o isolamento não fica problemático. 
 
 Para um bom desempenho dos exames bacteriológicos existem certas 
regras de cadastramento do paciente que devem ser observadas: 
O recipiente deve ser rotulado de maneira legível e contendo todas as 
informações completas sobre o paciente, tais como: 
 
# Numeração do exame; 
# Médico; 
# Data e hora; 
#Local da coleta do material. 
 
 
 
 Deve-se ter um bom contato com o médico, no caso de precisar de 
alguma informação antecipada do quadro do paciente. 
 
TEMPO DE ENTREGA DAS AMOSTRAS: 
 
1) Respiratória: 30 min 
2) Gastrointestinal: 1h 
3) Hemocultura: 30 min 
4) Anaeróbio: 30 min 
5) Catéter intravascular: 15 min 
6) LCR e líquido pleural 
7) Urina: até 1h, se refrigerada 
8) Swabs: imediatamente 
9) Amostras com anestésicos locais: Imediatamente!! 
Universidade Católica de Goiás 
 
Profa. Cláudia Maria Duque de Souza e Edlaine Rodrigues Montalváo. 
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AULA 02 
 
FLORA NORMAL 
 
 Atualmente, há uma grande motivação para o estudo da ecologia 
microbiana, as causas do seu estabelecimento, a sua persistência, bem como o 
papel que esta flora representa na movimentação do nosso estado de saúde, 
especialmente no que se refere à flora normal do homem. Um estudo mais 
profundo da flora autóctone é de difícil execução em virtude de problemas 
econômicos e da dificuldade de se chegar a certas regiões do corpo como os 
folículos pilosos, glândulas sebáceas, glândulas sudoríparas e vilosidades do 
intestino, constituindo um problema técnico o estudo da flora normal destas 
regiões. 
 
 Nem todas as espécies bacterianas que fazem parte da flora normal são 
cultiváveis, podendo estar presente em determinadas áreas do corpo sem 
serem recuperadas nas culturas de amostras colhidas; este também não deixa 
de ser um problema técnico de isolamento dessas bactérias autóctones. Assim, 
conclui-se que o estudo da flora normal ainda é um campo muito amplo de 
observações e discussões. 
 
 Durante o processo de nascimento a pele, nariz, boca e conjuntiva 
tornam-se infectados por organismos adquiridos na passagem pelos genitais 
maternos. Após poucas horas do nascimento, os microorganismos já estão 
proliferando dentro do trato alimentar, nas superfícies externas desse e de 
outros tratos (por exemplo, do trato urogenital) e na superfície externa (pele e 
mucosas), aonde estabelecem residência. 
Os tecidos possuem mecanismos naturais e eficientes de defesa que restringem 
os microorganismos às áreas nas quais eles podem ser tolerados; quando 
essas defesas são vencidas e as bactérias têm acesso aos tecidos 
normalmente infectados, geralmente, ocorre a doença. A disseminação desses 
organismos autóctones dá-se por manuseio, perdigotos e pela respiração. 
 
 Os conceitos de patogenicidade e virulência, atualmente, são 
considerados sinônimos e refletem a capacidade de espécies bacterianas de 
penetrarem nas defesas do hospedeiro. Algumas espécies coexistem com o 
hospedeiro de forma pacífica, mas, em determinadas circunstâncias, tornam-se 
claramente patogênicas, vencendo rapidamente as defesas do hospedeiro e 
produzindo doenças logo que chegam ao local. 
A patogenicidade dos microorganismos depende de fatores que variam com o 
gênero e as espécies do germe, e mesmo com as suas diferentes estirpes. 
Existem espécies altamente patogênicas para uma espécie animal e não 
patogênicas para outros animais, ou mesmo para o homem, devido à sua 
capacidade invasora ou então à sua toxicidade. A sua capacidade invasora 
resulta do poder de escapar da destruição causada pelas células fagocitárias, 
Universidade Católica de Goiás 
 
Profa. Cláudia Maria Duque de Souza e Edlaine Rodrigues Montalváo. 
Página 11 de 87 
ou da capacidade de produção de enzimas bacterianas que facilitam a 
penetração das bactérias nos tecidos. 
 
PELE E MUCOSAS: 
 
 Constituem barreiras físicas que são relativamente impermeáveis às 
bactérias. O pH ácido (3 a 5) da pele, devido a produtos do metabolismo 
bacteriano, inevitavelmente dificulta o crescimento de muitos microrganismos 
que chegam a esta superfície. Os ácidos graxos da pele matam muitas bactérias 
patogênicas como o S. pyogenes, mas, por outro lado, estimulam o 
crescimento de outros difteróides. 
 A lágrima e a saliva têm lisozimas que arrebentam a camada 
mucopeptídica de várias bactérias. 
 
 A acidez da mucosa vaginal (pH de 4 a 4,5) é devida ao crescimento dos 
lactobacilos. O aparelho respiratório também contém uma série de defesas 
escalonadas contra microrganismos (reflexo epiglótico, aderência de muco na 
árvore respiratória, cílios e epitélio respiratório e tosse). 
 
 A pele é considerada, porém, um ecossistema pouco favorável, 
restringindo-se, assim, a um número muito pequeno de espécies. 
Tem como componentes aeróbios: S. epidermides, S. pyogenes, outros 
Streptococcus, Difteróides lipolíticos (axilas), Difteróides não lipolíticos, 
Acinetobacter e Alkaligenes (Gram negativos, presentes em regiões úmidas 
como axilas e pés); anaeróbios: Lactobacilos anaeróbios (glândulas sebáceas), 
Propioniobacterum acne. 
 
 A maioria das bactérias vive nas camadas superiores da camada córnea 
da pele eparte superior dos folículos pilosos, sendo que 20% dessas bactérias 
não são alcançadas por desinfecção de pele. Esta barreira constitui um 
reservatório que permite rápido reestabelecimento da flora superficial após a 
sua remoção por meios artificiais. Há um aumento no número de bactérias de 
superfície imediatamente após o banho, seguido de uma diminuição até os 
níveis normais nas próximas duas horas. Isto ocorre porque durante o banho há 
uma maior exposição da camada córnea da pele. Os locais da pele mais 
habitados por bactérias são as axilas e os espaços interdigitais. 
 
 Os fatores climáticos também influenciam na constituição da flora da 
pele; no inverno há um predomínio de Micrococcus e no verão de Difteróides. 
Se a pele for abafada (vedada) há um provável aumento no pH e conseqüente 
aumento dos Difteróides. 
 
 A quantidade de lisozimas na pele é suficiente para afetar a ecologia dos 
microorganismos nela presentes, mas a fonte dessas enzimas é, ainda, 
desconhecida. 
Universidade Católica de Goiás 
 
Profa. Cláudia Maria Duque de Souza e Edlaine Rodrigues Montalváo. 
Página 12 de 87 
Os cocos residentes da pele são insensíveis à atividade lítica desta enzima, mas 
a invasão por bactérias patogênicas talvez seja dificultada. 
Os ácidos graxos da pele que inibem, in vitro, os Micrococcus, spp; S. pyogenes 
e S. aureus, não inibem Pseudomonas aeruginosas nem a E. coli. O ácido 
oléico estimula o crescimento, in vitro, de cepas lipolíticas de Difteróides 
cutâneos e Propioniobacterium acne. Sommer Ville sugeriu que as variações da 
microflora das crianças, quando comparada com os adultos, podem acontecer 
por causa das baixas concentrações de ácidos graxos livres na pele dessas 
crianças. 
 
 Os Staphylococcus coagulase negativa e outros Micrococcus podem 
dominar a pele em virtude das bacteriocinas (antibióticos bacterianos) e outros 
inibidores que eles produzem. 
 
 
FLORA NORMAL DO OLHO: 
 
 As bactérias do olho são similares àquelas encontradas na pele (há 
relação entre o S. aureus na pele e a sua presença no olho) e vias aéreas 
superiores, além das bactérias Gram negativas mais comuns do TGI que 
também são isoladas nos olhos; mas as bactérias encontradas normalmente no 
ar são, raramente, isoladas no olho. 
Acredita-se que os cílios tenham um papel importante na manutenção da flora 
do olho; acredita-se também que os olhos nunca estão desprovidos de 
Staphylococcus porque a fonte de contaminação está sempre presente. Não 
existe diferença entre a flora ocular de homens e mulheres e não há 
modificação da flora com a idade do indivíduo, exceto um aumento no número 
de Difteróides em indivíduos com 50 anos ou mais (Corynebacterium xerosis). 
 
OUVIDO: 
 
 O canal auditivo externo reflete a flora da pele, sendo que Pseudomonas 
aeruginosas e S. pneumoniae também têm sido isolados. O ouvido médio e o 
interno são estéreis e qualquer bactéria provoca infecção. 
 
TRATO GENITO URINÁRIO: 
 
 A sua flora varia com as diferentes áreas. 
 A genitália externa masculina não é muito seletiva e a flora inclui Gram 
negativos, com predominância de bacilos fusiformes, espiroquetas e 
Micobacterium smegmatis. 
 
 A flora da vagina varia com a idade da paciente. Os fatores fisiológicos, 
como os hormônios ou o glicogênio na mucosa vaginal (que é controlada por 
estrogênios e progesterona), são responsáveis pela acidez vaginal. Essa 
mesma acidez predomina no nascimento devido ao hormônio materno e, 
Universidade Católica de Goiás 
 
Profa. Cláudia Maria Duque de Souza e Edlaine Rodrigues Montalváo. 
Página 13 de 87 
quando o estrogênio torna-se ativo, há uma intensa descamação do epitélio e 
um grande depósito de glicogênio. O pH da vagina gira em torno de 4 a 5 e a 
flora é rica em Lactobacillus acidophylus. 
Na infância e menopausa o pH é básico (em torno de 6 a 7) e a flora 
predominante é de cocos. 
Na gravidez há um grande depósito de glicogênio. Recentemente, foi 
demonstrado que a ação dos lactobacilos sobre o glicogênio da vagina é 
específica de algumas estirpes que agem somente sobre o glicogênio humano. 
Existe diferença entre a flora da vagina externa, paredes vaginais, fundo de 
saco de Douglas e colo de útero. 
 
 São componentes da flora vaginal: Haemophilus vaginalis, Difteroides, 
Mycoplasma, spp; Lactobacillus, spp; Coliformes, Streptococcus, spp aeróbios, 
S. faecalis anaeróbios e S. aureus. Neisseria gonorrheae pode estar presente 
em portadora. 
 
TRATO GASTRO INTESTINAL: 
 
 É estéril ao nascimento. 
 No adulto existe entre 10 elevado a 5 e 10 elevado a 10 de bactérias por 
grama de fezes no intestino delgado e 10 elevado a 11 no intestino grosso. O 
esôfago e o estômago estão contaminados com bactérias provenientes dos 
alimentos ingeridos, mas estas bactérias não sobrevivem nestas partes do trato 
gastrointestinal. O estômago não é adequado ao crescimento de 
microrganismos devido à grande acidez do suco gástrico e à própria motilidade 
do órgão, que o esvazia em intervalos periódicos; nele, há uma reflexão da flora 
dos alimentos e saliva, porém, como floras residentes podem considerar 
algumas bactérias esporuladas e lactobacilos. O Mycobacterium gastri provoca 
bacterioscopia duvidosa com TB quando é analisado no suco gástrico. 
O fígado e vesícula são, geralmente, livres de contaminação bacteriana. 
 
 Nos níveis mais inferiores do TGI há um aumento do número de bactérias 
de cada espécie, atingindo o máximo no intestino grosso, sendo que nesses 
níveis também são encontradas as bactérias anaeróbias. 
 
 Os principais germes da flora fecal são: os bacterióides 
(Corynebacterium, sp), Lactobacillus acidophylus, Clostridium, sp (C. perfringes) 
e Streptococcus faecalis. 
 
 A flora normal do TGI foi recentemente estudada e verificou-se uma 
diferença na composição de acordo com a área geográfica, com a fisiologia e 
dieta do paciente. 
 
 O intestino delgado superior, geralmente, é estéril ou contém poucos 
germes; quando há uma gastroenterite aguda (crianças ou adultos) há um 
aumento na sua flora normal, principalmente de E. coli (que provoca diarréia 
Universidade Católica de Goiás 
 
Profa. Cláudia Maria Duque de Souza e Edlaine Rodrigues Montalváo. 
Página 14 de 87 
pela ação da exotoxina), o que irá provocar um desequilíbrio eletrolítico. Para o 
controle da E. coli as colicinas podem ser consideradas importantes, porém, 
fatores que controlam a espécie dominante, Bacterioides fragilis, ainda não 
foram definidos. 
 
CAVIDADE ORAL: 
 
 A boca pode ser considerada um ambiente uniforme. Porém, nela há 
diferentes nichos ecológicos que se alteram com o tempo durante a vida. É o 
local de maior variação de microrganismos (ex. dorso da língua, sulcos 
gengivais, placas dentárias). A contagem de microrganismos totais da saliva é 
igual a 4 - 5,5 bilhões/ml, com uma média de 750 bilhões. 
 
 O feto é, normalmente, estéril “in útero”. Durante o nascimento a criança 
é contaminada pela flora do trato genital materno (Lactobacillus, 
Corynebacterium, Micrococcus, Enterobactérias, Streptococcus, 
Peptostreptococcus, leveduras, protozoários e vírus). Apesar disso ainda é 
estéril ao nascimento e, de 6 a 10 horas após o nascimento, torna-se bem 
variada por algum tempo. 
 
 Na idade de 0 a 1 ano as bactérias que predominam são: Streptococcus, 
Staphylococcus, Lactobacillus, Neisseria catharralis, Veilonella, Nocardia, 
Actinomicetos, Escherichia, Fusobacterium, Bacterioides, Leptotrichia e 
leveduras. 
 
 A presença de dentes não é necessária para a instalação de bactérias 
filamentosas (Fusobacterium, Actinomyces, Leptotrichia). 
 
 O Streptococcus sanguis se estabelece após erupção dentária. As cáries 
também fornecem novos substratos e um pH ácido, além de dificultar a 
exposição de microrganismos aosagentes antimicrobianos da saliva. A placa 
dentária contém Streptococcus, Neisseria, Veilonella, Actinomyces e Gram 
negativos. 
 
 O pH da saliva ( 5,7 - 7,0) parece ter importância na manutenção da flora 
normal. 
Outros fatores para a manutenção desta flora são as vitaminas do complexo B e 
a mucina juntamente com carboidratos. 
 
 Os Lactobacillus,spp são em pequeno número e só aumentam na 
presença de cáries ou má higiene bucal (correlação positiva entre cáries e 
lactobacilos). 
 
BOCA: 
 
 Actinomyces, spp 
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Profa. Cláudia Maria Duque de Souza e Edlaine Rodrigues Montalváo. 
Página 15 de 87 
 Bacterioides, spp 
 Moraxella catharralis 
 Candida albicans e outras leveduras 
 Campylobacter, spp 
 Entamoeba gengivalis 
 Fusobacterium, spp 
 Haemophilus, spp 
 Lactobacillus, spp 
 Leptotrichia, spp 
 Micrococcus, spp 
 Mycoplasma, spp 
 N. meningitidis 
 Peptostreptococcus, spp 
 S. aureus 
 S. epidermides 
 S. pneumoniae 
 S. faecalis 
 S. mitis e S. salivarius ( alfa hemolítico) 
 
NASOFARINGE: 
 
 Acinetobacter, sp 
 Moraxella catharralis 
 Haemophilus, spp 
 Moraxela, spp 
 N. meningitidis 
 S. aureus 
 S. epidermides 
 
AMIGDALAS: 
 
 Actynomices, spp 
 Bacterioides, spp 
 Fusobacterium, spp 
 Micrococcus, spp 
 S. aureus 
 S. epidermides 
 S. pneumoniae 
 S. faecalis 
 Veillonella, spp 
 
 
NARIZ: 
 
 Corynebacterium, spp 
 Moraxela, spp 
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 N. meningitidis 
 S. aureus 
 S. epidermides 
 S. pneumoniae 
 S. faecalis 
 S. pyogenes (portadores sãos) 
 
 
OROFARINGE: 
 
 Bacterioides, spp 
 Candida albicans 
 Enterobacterias 
 Haemophilus, spp 
 S. pneumoniae 
 Streptococcus hemolíticos 
 
DENTE: 
 
 Leptotrichia buccalis 
 
SALIVA: 
 
 Lactobacillus, spp. 
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AULA 3 
 
 
URINOCULTURA 
COLETA: 
 
 Normalmente, é feita pelo próprio paciente. Para um isolamento ideal dos 
microrganismos causadores da infecção das VGU é necessária uma coleta com 
o mínimo de probabilidade de contaminação pelos tecidos adjacentes à uretra; o 
ideal seria a coleta com supervisão de um técnico ou enfermeiro bem treinado. 
 
NORMAS: 
 
 Cabe a nós instruir o paciente da maneira mais simples para que o 
mesmo não erre na coleta e, conseqüentemente, nos livre dos erros de 
isolamento. 
 
1. Lavar a área com água e sabão (períneo mais área genital); 
2. No caso de mulheres devem-se afastar os lábios vaginais; 
3. O frasco deve ser estéril e ter a boca larga para evitar extravasamento dos 
jatos para mãos e adjacências; 
4. Desprezar o primeiro jato (que traz excesso de bactérias da uretra e não das 
VGU em si) e colher o segundo; 
5. As instruções devem ser escritas em um cartão a ser entregue ao paciente, 
ao invés de serem ditas apenas verbalmente, com o objetivo de evitar uma 
interpretação errônea pelo paciente. Se o paciente tiver pouca instrução, faz-se 
necessária a leitura e explicação dessas instruções por parte do atendente do 
laboratório. 
 
 
 
 
Observar que: 
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- a contagem de colônias pode variar de 0 a 100.000 col/mL (ou mais); 
- pacientes isentos de infecção das vias urinárias não devem ter bactérias ou ter 
no máximo algumas colônias; 
 
- significância - de 0 a 9.000 col. /mL, não tem significado clínico 
 de 10.000 a 90.000 col./mL, suspeita de infecção 
 acima de 100.000, início de infecção. 
- o isolamento de três ou mais espécies de bactérias indica, na maioria dos 
casos, falhas na coleta ou atraso no transporte. 
- Punção supra-púbica: 
1) Qualquer isolamento de BGN deve ser considerado. 
 2) Quantidade > 103 UFC/ml de CGP deverá ser considerada. 
 
 
COLETA PARA MICRORGANISMOS ANAERÓBIOS DA URINA: 
 
 
 
 Usada principalmente para crianças e em material de adultos que 
apresentam sintomatologia, porém com ausência de crescimento nos meios 
habituais. 
 
 
1. Desinfetar a pele da região suprapúbica, localizada sobre a bexiga 
(preparação cirúrgica); 
2. No local, injetar Lidocaína a 10% por via subcutânea; 
3. Fazer um pequeno corte na epiderme e, através deste, injetar uma agulha 
espinhal calibre 18 com bizel curto e aspirar 10 mL da urina; 
4. Não coletar amostras em bolsa com catéter, exceto em crianças, porque as 
pontas do catéter podem conter muitos microrganismos uretrais. 
 
 O prazo máximo para que o material, no caso da urina, seja utilizado em 
exames é de duas horas, pois, se esse tempo for ultrapassado, há um 
crescimento excessivo das bactérias da urina dando um número alterado (para 
mais ou para menos). 
 
 Quando o paciente mora muito longe (mais de duas horas de distância) o 
material deve ser colhido no laboratório ou então deve ser trazido numa caixa 
com gelo. 
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 Os coletores de farmácia e os sacos plásticos devem ser aceitos no caso 
de crianças e internos de hospital porque são esterilizados por raios. 
 
 
MICRORGANISMOS QUE CAUSAM INFECÇÃO NO APARELHO 
URINÁRIO: 
 
 Enterobactérias (E. coli, Proteus, spp; Klebsiella, spp), Streptococcus do 
grupo D (S. faecalis), Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus, S. 
epidermides, S. saprophyticus. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SINAIS E SINTOMAS: 
 
1. Infecções na bexiga: piúria, disúria, hematúria, dor e tumefação supra-púbica 
e de abdomem inferior. 
2. Infecção renal: dor lombar e tumefação do ângulo costo-vertebral (ACV). 
 
ENTEROBACTÉRIAS: 
 
 
 
 São bactérias Gram negativas em forma de bastão com bordas retas. 
Suas colônias são grandes, cinza escuras, úmidas e mucóides; as colônias que 
crescem como ondas (fenômeno erosivo) sugerem a presença de Proteus, spp. 
 
 As enterobactérias fermentam a glicose e produzem ácido no meio, 
tornando o TAF amarelo. Uma reação no TAF de ápice e base alcalinos 
(vermelho) exclui as espécies bacterianas da família das enterobactérias. São 
citocromo-oxidase negativas, reduzem nitratos a nitritos, com exceção do 
Enterobacter aglomerans e Erwinia, spp, em 18 a 24 horas nos meios básicos 
mais KNO3. 
 Os meios seletivos para enterobactérias, normalmente, contém sais 
biliares em concentrações adequadas com o objetivo de evitar o crescimento 
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dos Gram positivos. Se o material que chegar ao laboratório albergar bactérias 
mistas (Gram positivas e Gram negativas) pode-se fazer um isolamento destas 
bactérias semeando o material em meios não seletivos como o Ágar sangue e 
em meios seletivos como o ágar MacConckey, Hektoen, ENDO. 
 
 As enterobactérias podem provocar doenças infecciosas nas VGU, 
aparelho respiratório (Klebsiella pneumoniae) e em feridas (E. coli). 
As bactérias lactose positivas são consideradas patogênicas (E. coli, 
Klebsiella,spp; Enterobacter,spp), e são fermentadores lentos Citrobacter,spp; 
Providencia,spp; Serratia,spp; Hafnia,spp. No meio seletivo EMB pode-se 
observar as colônias fermentadoras de lactose (E. coli produz colônia verde 
escura com brilho metálico). Para as amostras gastrointestinais usam-se os 
meios ágar SS, Hektoen, XLD (ou ágar SIM). 
Os caldos de enriquecimento para enterobactérias são o caldo selenito, caldoGN e caldo tetrationato. 
 
 
PRINCIPAIS BACTÉRIAS QUE CAUSAM INFECÇÕES NO TRATO 
URINÁRIO 
 
1- Escherichia coli 
 
 Existem 171 sorotipos antigênicos somáticos O e ainda são divididas em 
sorogrupos baseados nos antígenos K (capsular) e H (flagelar); certos sorotipos 
O de E. coli são conhecidos como invasores da mucosa intestinal e outros são 
conhecidos como produtores de enterotoxinas termolábeis e termoestáveis. A 
transferência de produção das enterotoxinas é dada por plasmídio (Ent.) e, 
como exemplo de sorotipos produtores tem-se: O 6; O 8; O 25; O 27; O 148; O 
159. 
Nas fezes é necessário classificá-las em enteropatogênicas ou 
enterotoxinogênicas e invasivas, mas isto só é necessário em infecções 
gastrointestinais (coprocultura). 
 
 A E. coli é predominante no intestino grosso. É um coliforme produtor de 
colicinas. Os testes de ELISA (imunoabsorção ligada a enzima) para as toxinas 
termolábeis são positivos. 
 
 A patogenia da infecção do trato urinário propaga-se por via 
hematogênica e linfática. A E. coli(UPEC) é lactose positiva, CO2 positivo, 
lisina positiva (76 a 89 %), indol positivo, motilidade positiva, VP negativo, citrato 
negativo e urease negativa. As espécies da taxonomia das enterobactérias 
adotada e proposta atualmente são: E. coli; E. hermannii e E. vulneris, E.coli 
inactiva(antiga Alkalescences-dispar). 
 
2- Proteus, spp 
 
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 A família Proteae tem como espécies de interesse: P. mirabillis, P. 
vulgaris (P vulgaris biogrupo 2), P. rettigeri (passou para P.vulgaris 
biogrupo 1), P. penerii e P. inconstans. 
 
 As Providencia stuarti e Providencia alcalifaciens estão incluídas como 
Proteus inconstans. O Proteus morganii foi transferido para o novo gênero 
Morganella morganii(subespécie morganii). 
Recentemente o nome Proteus penerii foi proposto para o organismo P. vulgaris 
indol negativo. O P. mirabillis, P. penerii e P. vulgaris são H2S positivos e podem 
ser confundidos com Salmonella, spp. 
 
 Os Proteus, no geral, são ureia positivos, fenil-alanina positivos, VM 
positivos, H2S positivos e CO2 positivos. Em TAF apresentam-se em colônias 
não pigmentadas; em meios seletivos podem ser confundidas com colônias não 
fermentadoras de lactose. Forma em ágar sangue um crescimento em véu ou 
onda como se fosse uma película. São pleomórficos, não capsulados e móveis. 
 
 O P. mirabillis é o mais encontrado em infecções humanas no trato 
urinário. Comumente são encontrados em pacientes em antibioticoterapia longa. 
O P. vulgaris é, geralmente, resistente à penicilina e à cefalosorina; o P. 
mirabillis é sensível à ampicilina e à cefalosporina. Encontram-se na água e solo 
em fezes contaminadas. 
 
 Os Proteus têm 49 antígenos O e 19 antígenos H. Algumas estirpes têm 
o antígeno K (capsular). A reação de Weil Felix utiliza antígenos dos tipos O 1 e 
O 2 de P. vulgaris e O 3 de P. mirabillis pode apresentar resultados positivos 
para as três espécies, mas especialmente para o P. mirabillis. O P. mirabillis é 
mais frequente do que o P. vulgaris, mas ambos estão frequentemente 
associados ao Diabetes e anomalias do trato urinário. Em hospitais o P. 
mirabillis acomete pacientes cateterizados, pós-cirúrgicos e aqueles que 
sofreram instrumuntações urológicas. 
 
 Encontram-se na água e fezes contaminadas, sendo que 25 % da 
população são portadora de Proteus no intestino. Pode ser encontrado, ainda, 
na garganta, olhos, feridas e trato respiratório. 
 
 A Morganella morgani também causa infecção urinária e tem sorogrupos 
classificados pelos antígenos O e H. 
 
 
 
3- Citrobacter, spp 
 
 São lactose positiva, motilidade positivos, VM positivos e citrato positivos 
(76 a 89 %) como o C. amalonaticus. Citrobacter freudii, C. amalonaticus e C. 
diversus são as espécies de interesse, sendo que o C. freudii é a espécie tipo 
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que se assemelha à Salmonella e Arizona e é um organismo oportunista no 
homem. 
 
4- Klebsiella, spp 
 
 São capsuladas, imóveis e isoladas aos pares ou em cadeias curtas. As 
colônias são elevadas, viscosas e brilhantes. Nas provas bioquímicas mostram-
se VP positivas (produzem butilenoglicol a partir da glicose), mas existem VP 
negativas e VM positivas e também VM positivas. Várias espécies têm 
bacteriocinas e causam bacteremia e infecções no trato urinário humano. São 
muito encontradas em infecções hospitalares, sendo que todas as espécies são 
resistentes à ampicilina. 
 
 As espécies que representam o gênero são: K. pneumoniae 
(K.pneumoniae subspécie pneumoniae), K. oxytoca (mais no intestino), K. 
ozaenae (necrose da mucosa nasal), K. rhinoescleromatis(K.pneumoniae 
subspécie rhinoescleromatis)granuloma destrutivo de nariz e faringe), K. 
terrigena e K. platicola. São H2S negativas, uréia negativa, femil-alanina 
negativas, lisinas positivas e ornitina negativas. 
 A K. pneumoniae tem 82 antígenos K e 5 antígenos O, mas os antígenos 
causadores da pneumonia são os capsulares 1, 2 e 3. 
 
5- Enterobacter, spp 
 
 Algumas espécies são capsuladas, são móveis, citrato positivo, CO2 
positivo, glicose positiva, VP positiva, VM negativa e H2S positivo. 
 
 Antigamente a espécie tipo era denominada Aerobacter aerogenes; o 
Enterobacter hafnia é agora Hafnia alvei e as espécies de interesse são: E. 
cloacae, E. aerogenes, E. aglomerans, E. sakazakii e E. gergoviae 
( E.aerogenes atypical) = uréia positiva). 
 
 O E. cloacae (E.cloacae-like unemed sps 1,2,3) é mais isolado na urina, 
escarro, pus, sangue e líquor; faz reação cruzada com E. coli. 
 
 O E. sakazakii, que antes era E. cloacae, é encontrado em alimentos, no 
meio ambiente e causa meningite em recém-nascidos. 
 
 O E. aglomerans (E. agglomerans complex: Erwinia herbícola, E. 
melletiae e ainda: Pantoea agglomerans (E. agglomerans HGXIII); Pantoea 
ananás (E. agglomerans HGVI) Pantoea dispersa (E. agglomerans HGIII), 
após atos cirúrgicos e cateterização positiva hemoculturas). 
 
 O E. aerogenes é encontrado em fezes humanas, esgotos, leite, água, 
VGU, pus e sangue. 
 
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6- Pseudomonas, spp 
 
 Não são enterobactérias, mas são encontradas em infecções no TGU. 
São bastonetes aeróbios estritos, móveis, catalase positiva e citocromo-oxidase 
positivo. Nas espécies flageladas o número de flagelos serve para separá-las, 
mas isso não ocorre na rotina do laboratório clínico. Possuem fímbrias que 
possibilitam a fagocitose. Produzem pigmentos solúveis, a pioverdina (P. 
fluorescens) e a piocinina ( P. aeruginosa - azul) e odor adocicado semelhante 
ao da uva. 
 
 São encontradas nos olhos, urina, ferida, sangue, lavados brônquicos e 
trato genital feminino. 
 
 As espécies de interesse são: P. aeruginosa (mais patogênica, que 
cresce a 42ºC), P. fluorescens, P. putida, P. cepacia (Burholderia cepatia, 
encontrada na putrefação da cebola, em lesões úlcero-necroticas em humanos, 
em pacientes com fibrose cística em paciente com estenose de uretra, após o 
uso de sondas), P. stutzeri (água e solo, raro em infecções) e P. maltophilia 
(Stenotophomonas maltophila, encontrada no aparelho respiratório, sangue, 
feridas e urina e pacientes com infecções oportunistas), 
P.pseudomallei(Burkholderia pseudomallei) 
 
7- Staphylococcus, spp 
 
 As espécies que causam infecções urinárias são: S. aureus, S. 
saprophyticcus, S. xylosus e S. epidermides (quando a contagem de colônias 
está muito alta ele também pode causar infecções urinárias). 
 
Outrospatógenos que podem causar infecções urinárias e outras 
infecções (Bacilos Gram negativos ,não fermentadores de açúcares: 
 
1) Flavobacterium meningosepticum = Chryseobacterium meningosepticum 
(patogênicos para prematuros) 
2) Oligella urethralis (infecções no ouvido e urinárias) 
3) Neisseria elongata (subsp. nitroredutans) endocardite 
4) Sphingobacterium spiritivorum (sg, urina, antigo Flavobacterium 
spiritivorum) 
5) Shingomonas paucimobilis (Pseudomonas paucimobilis) encontrada em 
várias amostras clínicas. 
6) Weeksella virosa (Flavobacterium genitale) = colônia mucóide, infecções 
urinárias e genitais. 
7) Alcalígenes faecalis (antigo odorans) = nebulizadores, lavado brônquico, sg, 
escarro, urina. 
8) Acinetobacter baumannii (penicilina resistente). 
 
 
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AULA 4 
 
 
COPROCULTURA 
 
 Este exame é destinado a isolar os microrganismos causadores das 
diarréias, disenterias purulentas, sanguinolentas e mucosas e dores abdominais. 
 As fezes podem se apresentar sólidas, líquidas ou pastosas; 
normalmente, as fezes líquidas e pastosas são características de agentes 
gastrointestinais patogênicos. Quando as fezes do paciente estão sólidas e ele 
está apresentando dores abdominais, o médico pode administrar um laxante 
para facilitar o trabalho da coprocultura; se as fezes estiverem líquidas ou 
pastosas há necessidade de se fazer uma suspensão em salina estéril. 
 
 A semeadura é feita num caldo de enriquecimento, podendo ser utilizado 
o caldo selenito, caldo tetrationato ou caldo GN, ou em meios seletivos (SS, 
Hektoen, XLD [xilose lisina desoxicolato], ágar sulfito-bismuto, ágar 
MacConckey, EMB ou ENDO). 
 
 As espécies que podem ser encontradas causando gastroenterites são: 
Campylobacter pylori, Camppylobacter jejuni, Salmonella, spp; Shiguella, spp; 
E. coli (enterotoxinogênica e enteropatogênica), Vibrio cholerae, Vibrio, spp; 
Yersinia enterocolitica, Clostridium difficile e Staphylococcus aureus. 
 
COLETA DE AMOSTRAS 
 
 
 
 Coletar em recipientes estéreis, de boca larga e que possam ser 
hermeticamente fechados. 
 
 Para isolar Shiguella, spp e Neisseria gonorrhoeae, utilizar Swab retal, 
sendo que para a N. gonorrhoeae tocar o Swab apenas no esfíncter anal tendo 
o cuidado de não entrar em contato com as fezes. 
 Para o isolamento de bactérias patogênicas é bom colocar as fezes em 
um conservante como o tampão fosfato de sódio ou potássio a 0,033 M mais 
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glicerol. Se a suspeita for de Salmonella, spp ou Shiguella, spp, colocar em 
caldo selenito ou caldo GN. 
 
São Bactérias Causadoras de Gastroenterites: 
 
1- Campylobacter jejuni subsp. jejuni: 
 
Quadro clínico - dor abdominal, diarréia, vômito, febre, dor de cabeça, mialgia 
e artralgia. 
Acomete mais indivíduos adultos na faixa etária de 20 a 29 anos. 
 
Transmissão - água e alimentos contaminados. 
 
Coleta - as fezes diarreicas podem ser transportadas à temperatura ambienta 
se for para cultivo imediato, caso contrário às fezes devem ser refrigeradas. 
 
Cultura - não cresce a 25 ºC cresce pouco a 37 ºC, mas cresce bem a 42-43 
ºC. Requer atmosfera gasosa adequada (2-5 % de CO2); não se deve usar a 
jarra de anaerobiose devido à concentração de O2 que é de 12 - 17 % e o 
microrganismo em questão necessitam de 3 - 6 % de O2. 
O meio mais usado é o Campy-Bap a 42 ºC é microaerófilo (↓O2) e 
Capnophilico (↑CO2). 
O crescimento da cultura deve ser avaliado em 24, 48 e 72 horas através de 
lâminas coradas pelo Gram (bastonetes curvos Gram negativos); pode ser feita 
a montagem a fresco para avaliar a presença de motilidade em flecha. 
 
 Se o material vier de ágar não inibidor a 37 ºC fazer uma lâmina corada 
pelo Gram e uma montagem a fresco para observar os mesmos aspectos do 
microrganismo em estudo, em seguida semear no ágar sangue a 25 ºC, 
podendo ou não haver crescimento (no ágar sangue o C. jejuni não cresce a 37 
ºC). O C. jejuni hidrolisa o hipurato e é sensível ao ácido nalidixico (30 mg) e à 
cefalotina. 
Pode-se fazer teste de aglutinação em látex ou Gen Probe (sonda genética), a 
partir das colônias. 
 
 
2- Helicobacter pylori 
 
 É um novo microrganismo associado à gastrite e úlcera gastroduodenal. 
Apresenta-se em espiral, porém, é mais semelhante ao gênero Spirillum que ao 
Campylobacter, além de apresentar ácidos graxos em sua parede celular que o 
difere das outras espécies de Campylobacter. 
Tem sensibilidade aos sais de bismuto, produz urease com atividade forte (fator 
de patogenicidade), não é muito ativo bioquimicamente, não fermenta 
carboidratos, não reduz nitratos e não hidrolisa o hipurato de sódio. 
 
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 A sua morfologia em espiral é vista no tecido gástrico corado pelo Gram, 
HE e acridina-orange, mas os melhores resultados foram obtidos com a 
coloração da prata de Warthin-Starry. 
 
 Para a cultura é utilizado o ágar chocolate ou o meio ágar Campylobacter 
de Skirrow (7% de sangue de cavalo, vancomicina, ácido nalidixico e 
trimetroprim). É redutor de nitrato-nitrito variável, cresce na presença de 0,5% 
de glicina e cresce à 30ºC, 42ºC. 
 
Outras sps de Helicobacter, spp: 
H. cinaedi (swabs retais em homossexuais), 
H. fennelliae (swabs retais em homo e bissexuais), 
Flexipira rappini (semelhante ao H. pylory), pacientes com ou sem AIDS, 
Gastropirillum hominis (gastrite em humanos semelhantes a H. pylori). 
 
 
3- Shigella, spp 
 
 O gênero Shigella, spp é constituido de quatro sorotipos ou subgrupos: 
A) S. dysenteriae, B) S. flexineri, C) S. boydii e D) S. sonnei. 
A sorotipagem com antisoros polivalentes ou grupo específicos é o método mais 
adequado para identificar um microorganismo isolado que tenha características 
bioquímicas e morfológicas parecidas com as da Shigella,spp. 
 
 Os biotipos imóveis e não produtores de gás de E. coli, pertencentes ao 
grupo de Alkaligenes dispar, podem se assemelhar às Shiguella, portanto, não 
se dispensa a sorotipagem (A - D). 
Possuem antígeno ‘’O’’ específico, certas estirpes têm antígenos K (termolábil) e 
não têm antígenos H. 
 
 As Shigella, spp permanecem restritas ao TGI (a septicemia é rara), são 
lactose negativa, imóveis e não produzem gás a partir da glicose; 
As exceções são a S. flexineri sorotipos Newcastle e Manchester, que diferem 
dos biogrupos de 1 - 5 por serem indol negativo, arginina negativa e CO2 
positivo. Sua identificação bioquímica fica confusa com outros gêneros como 
Hafnia alvei, Enterobacter, Providencia e E. coli invasiva. As Shiguella, spp 
exigem um maior número de provas bioquímicas devido à quase total 
negatividade nestes testes. 
Todas as espécies são produtoras de enterotoxinas, mas uma delas , a S. 
dysenteriae, produz uma exotoxina conhecida como neurotoxina de Shiga, que 
é potente e responsável pela patogenia desta espécie. 
 
 As Shigella, spp causam no homem uma doença debilitante denominada 
disenteria bacilar, mas são menos invasivas que as Salmonellas, spp. 
As shigeloses podem apresentar-se desde a forma de infecção inaparente, 
pequenas infecções com desconforto abdominal e pouca diarréia até a 
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disenteriabacilar. O início é súbito com tenesmo, diarréia e febre após um 
período de incubação de 1 a 4 dias. 
 
 Todas as Shigella, spp são patogênicas para o homem causando lesões 
no TGI (íleo e cólon), lesões no epitélio e mucosa e inflamação aguda com 
presença de restos celulares (S. flexineri). 
As lesões superficiais do TGI (mucosas) ocorrem devido à ineficiência dos 
anticorpos IgG, os quais têm efeito de proteção. 
 
 Há um aspecto a ressaltar sobre a formação de uma pseudomembrana, 
nas áreas ulceradas do TGI, composta por restos celulares, bactérias e mucosa 
necrosada. 
 
 As fezes devem ser colhidas na fase aguda antes do início do tratamento. 
O paciente está sujeito à reinfecção. 
O tratamento é feito com cloranfenicol, tetraciclinas (bacteriostáticas) ou 
ampicilina. Pode-se fazer a administração de Lactobacillus acydophillus que 
acidulam o meio tornando-o impróprio para o crescimento das Shiguella, spp. 
A vacinoterapia não tem valor algum. 
 As Shiguella, spp são anaeróbios facultativos, crescem bem em 
aerobiose. Existem variações coloniais dos tipos lisa (S) e rugosa (R), não 
invasiva. 
 
 
4- Salmonella, spp 
 
 É o gênero mais complexo com 2.200 sorotipos diferentes descritos por 
Kauffman-White. Neste esquema elas são agrupadas, em A, B, etc. com base 
nos antígenos O (somáticos), e em sorotipos 1, 2, etc. segundo os antígenos 
flagelares H. Todos os subgrupos de Salmonella, spp e Arizona, spp são 
considerados pertencentes à mesma espécie. 
 
 A contaminação se dá, normalmente, por ingestão de leite, água e 
alimentos contaminados por fezes de humanos e animais. 
Podem-se obter três tipos clínicos: 
1. Gastroenterites - diarréia de leve a fulminante, febre baixa, náuseas e 
vômitos; 
2. Bacteremia ou septicemia - febre alta com hemoculturas positivas (S.cholerae 
suis é a espécie invasiva); 
3. Febres entéricas - febra amena e diarréia. Pode ser causada por qualquer 
espécie de Salmonella, exceto a S. typhi que causa constipação. 
 
 Nos primeiros 7 a 10 dias as hemoculturas são positivas e o indivíduo 
apresenta diarréia sanguinolenta, posteriormente se positivam as culturas de 
fezes e urina. O indivíduo continua eliminando o microorganismo após 1 ano de 
desaparecimento da clínica. 
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 As Salmonella, spp são móveis (exceto as aviárias), lactose negativa, 
H2S positivo, citrato positivo e uréia negativa. 
As espécies de interesse são: S. typhi, S cholerae-suis e S. enteritidis, sendo 
que os mais de 2.200 sorotipos pertencem à espécie S. enteritidis. 
A Arizona hinshawii mudou de gênero e passou a ser subespécie da S. 
enteritidis e é causadora de gastroenterites nos humanos e animais. Existem 
outras espécies como S. pullorum (causa diarréia em pintos), S. galinanum, S. 
schottmülleri (S. paratyphi A, B, C), porém a taxonomia aceita somente as três 
primeiras espécies citadas anteriormente. 
 
Doenças: 
1- Febre tifo - S. typhi; (sorogrupo 1). 
2- Febre paratifóide no homem - S. paratyphi B; (sorogrupo 1). 
3- Gastroenterite aguda no homem e animais - S. typhimurium; (S.enteritidis 
sotipo typhimurium) 
4- Paratifo em leitões - S. cholerae-suis. 
 
 A identificação sorológica é feita colocando-se uma gota da suspensão 
de Salmonella, spp com uma gota de antisoro diluído. 
 
 A S. typhi multiplica-se no tecido linfóide, submucosa intestinal ( placas 
de Peyer) e linfonodos regionais, propaga-se para o baço, fígado e medula 
óssea e volta ao sangue com liberação de endotoxinas. 
A hemocultura positiva na primeira semana, mas na convalescência a 
coprocultura fica positiva e o indivíduo fica portador. 
 
 O diagnóstico laboratorial é feito através de hemocultura e reação de 
Widal (soroaglutinação com anticorpos anti O e anti H). 
A coprocultura tem valia no caso de infecções alimentares; a semeadura é feita 
em caldo selenito e depois em ágar SS ou ágar sulfito-bismuto (inibe a E. coli). 
A imunidade é duradoura (celular e humoral). 
 
5- E. coli enteropatogênica (EPEC) 
 
 As estatísticas mostram que a faixa etária mais acometida por este 
sorotipo vai de 0 a 2 anos. 
No intestino delgado forma abcessos localizados, o indivíduo apresenta 
tenesmo (calafrios e abdômen endurecidos), as fezes são líquidas e 
mucopiosanguinolentas. 
Os adultos só são afetados quando debilitados. 
A semeadura deve ser feita em ágar simples ou ágar sangue porque os meios 
seletivos podem inibir o crescimento de algumas dessas cepas. 
 
6- E. coli enterotoxinogênica (ETEC) 
 
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 Raramente invade a mucosa do intestino delgado ou grosso, mas pode 
produzir exotoxina que atua na mucosa intestinal provocando grande liberação 
de água. 
Essas diarréias são copiosas, não contém sinais de piócitos ou hemácias e têm 
como conseqüência desidratação sem febre. 
Algumas estirpes de E. coli são produtoras de exotoxinas e contém fímbrias 
(fatores de colonização, adesão à mucosa). 
As técnicas de ELISA são positivas para antígenos TL e TE. 
Em crianças é chamada de ¨cólera infantil¨ e adultos ¨diarréia dos viajantes¨. 
 
7- EIEC (enteroinvasiva) 
 
Invade células epiteliais (febre + colite + diarréia e PMN nas fezes + tenesmos). 
 
8- EHEC (enterohemorrágica) 
 
Elaboração de citoxinas = diarréia com sg e sem febre acompanhada de dor 
abdominal. 
 
9- EaggEC (enteroagregativa) 
 
Pode durar até 14 dias o processo diarréico é aquoso e promove desidratação 
grave. Este patógeno adere às células epiteliais. 
 
 
10- Vibrio, spp 
 
 A espécie tipo é o Vibrio cholerae, que foi causa de diarréias 
potencialmente graves durante séculos. 
A doença leva à diarréia, muitas vezes severas, desidratação e infecções extra 
intestinal que podem resultar em septicemia fatal; as fezes ficam líquidas e 
acinzentadas podendo ter coágulos. 
 
 As espécies de destaque são: V. parahaemoliticus (frutos do mar 
contaminados e mal cozidos), V. mimicus (mariscos) e V. alginolyticus (biotipo 2 
do parahaemoliticus feridas e ouvido). 
 A cólera clássica, quando aparece, tem como microrganismo responsável 
o V. cholerae biotipo El-Tor. 
 
 Os microorganismos podem ser isolados dos vômitos na fase aguda e 
para este isolamento é usado o meio TBCS (tiosulfato-citrato-bile-sacrose). 
Os Vibrio, spp são flagelados. 
O Vibrio cholerare tem 3 sorogrupos: Inaba (EUA, Peru, CHILE, Brasil, Equador 
= variedades EL TOR) Ogawa (sudeste da Ásia) e Hikojima. 
Pode ser tratado com Tetraciclina. 
 
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As provas pós-cultura que são confirmatórias para V. cholerae são: 
Gelatinase + , aglutinação de eritrócitos de galinha +. 
 
 
11- Yersinia enterocolitica 
 
Características gerais: bacilo Gram negativo pertencente às enterobactérias. 
Espécies: Y. intermedia, Y. fredericksenii, Y. kristensenii (Y. enterocolitica 
atípica). 
 
 A manifestação clínica depende do sorotipo, dos fatores genéticos e das 
condições do indivíduo. As manifestações primárias são enterites, linfadenite 
mesentérica, ileíte terminal, pericardite, pneumonia, etc.; as secundárias incluem 
eritema nodoso, púrpuras, artralgias, mono e poliarterites, glomerulonefrites, 
doenças da tireóide e tromboses. 
Em crianças e adolescentes predominam os sintomas de gastroenterite 
mesentérica; as diarréias agudas e artrite acometem mais as pessoas de 20 a 
60 anos. 
 
Quadro laboratorial: a semeadura em meios seletivos deve ser feita quando 
houver flora mista, podemdo usar o ágar tripticase soja (TSA). 
É um dos patógenos entéricos que tem ahabilidade de crescer a 4 ºC 
(enriquecimento a frio em tampão fosfato). 
Os sorotipos O3, O8 e O9 crescem em ágar sulfito-bismuto, MacConckey, SS, 
XLD e Hektoen. 
Há relatos de contaminação por tranfusão sanguínea e preparados caseiros 
com tripas e em alimentos dessa natureza que foram armazenados em 
supermercados. 
 
Bioquímica: fermenta a sacarose, uréia, ornitina, lisina e arginina e tem 
motilidade a 37 ºC. Podemos utilizar a sorotipagem para confirmar. 
 
Outras sps de Yersinia, spp: Yersinia pestis, Yersinia pseudotuberculosis 
(linfadenite mesentérica em crianças, simulando apendicite.). 
 
 
12-Clostricium difficile 
 
 É uma espécie toxinogênica que causa enterocolite e diarréia associada a 
antibióticos (outra causa rara é o S. aureus). 
 
 É encontrado na água, no intestino de animais, vagina e uretra de 
humanos, fezes de crianças e apenas 3 % das fezes de adultos sadios. É muito 
encontrado em adultos hospitalizados. 
 
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 Os antimicrobianos aplicados na doença gastrointestinal associada ao C. 
difficile incluem penicilina, clindamicina, lincomicina, metronidazol e anfotericina 
B. 
 
 Este microrganismo é encontrado associado à colite pseudomembranosa, 
doenças intestinais inflamatórias inespecíficas, obstrução e estrangulamento do 
intestino. Ele elimina a flora normal por competição e produz a enterotoxina A e 
citotoxina B. 
 
 
13- Staphylococcus, spp 
 
 Provoca intoxicação alimentar, pela enterotoxina que fica incubada de 1 a 
8 horas, com náuseas, vômitos e diarréia; a convalescência é rápida e não há 
febre. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Novos gêneros e espécies de enterobactérias que causam infeccões em 
humanos: 
a) Cedecea davisae: Escarro(VAI) 
b) Cedecea lapagei: VAI 
c) Cedecea neteri: Hemocultura de paciente com valvulopatia 
d) Ewigella americana: sg, escarro 
e) Kluyvera ascorbata: sg, urina, fezes (pigmento púrpura escuro) 
f) Leclercia adecarboxylata: várias espécimes clínicas,água e comidas 
g) Leminorella grimontii: fezes e urina 
h)Tatumella ptyseos: escarro 
i) Trabusiella guamensis: Fezes (microbiota), não causa diarréia 
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j) Yokenella regensburgei (similar a Hafnia alvei): VAS (orofaringe), escarro, 
fezes, ferida 
 
 
 
 
 
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AULA 5 
 
 
ANTIBIOGRAMA 
 
 O antibiograma continua sendo na atualidade, o método mais utilizado na 
determinação da sensibilidade bacteriana devido à sua facilidade de execução, 
e mais do que isso, devido à sua boa correlação com resultados obtidos na 
prática clínica. Naturalmente, esta boa correlação está em função dos 
constantes estudos feitos por um grande número de pesquisadores de profundo 
conhecimento sobre a matéria. 
Os antibiogramas de antigamente utilizavam três concentrações de um mesmo 
disco de sensibilidade, mas hoje, depois de estudos, usa-se uma concentração 
só para cada disco. 
 
INDICAÇÕES, SELEÇÃO DOS DISCOS, INTERPRETAÇÕES E LIMITAÇÕES 
DO TESTE. 
 
 Os testes de sensibilidade são indicados para qualquer organismo que 
contribui para a formação de um processo infeccioso de forma a garantir uma 
antibioticoterapia correta. Isto, naturalmente, se não pudermos predizer de 
antemão, conhecendo o organismo e a sua normal sensibilidade. 
 
 Os organismos causadores de infecções devem ser identificados quase 
que simultaneamente com a realização da prova de sensibilidade. O teste é bem 
recomendado para Staphylococcus, spp e Enterobactérias, uma vez que tais 
organismos exibem regular resistência aos antibacterianos comumente usados. 
 
 Como já foi dito, alguns organismos possuem sensibilidade conhecida 
frente a determinados agentes antibacterianos. Assim, por exemplo, é 
conhecida universalmente a aparente sensibilidade, nos EUA, do Streptococcus 
pyogenes e Neisseria meningitides à Penicilina. 
No entanto, o S. pyogenes originário de um paciente alérgico à Penicilina deve 
ser testado frente à Eritromicina e Tetraciclina para que se possa conhecer a 
sua sensibilidade. 
Cepas de Streptococcus pneumoniae que sejam resistentes à Penicilina são 
raramente encontradas, assim sendo, não requerem TSAQ, todavia o método 
de discos está estabelecido para estes organismos. 
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Os testes de sensibilidade são também indicados nos estudos de resistência 
epidemiológica e nos estudos de um novo antibacteriano a ser introduzido, ou 
que tenha sido recentemente introduzido, no mercado. 
 
 Recomenda-se que o teste de sensibilidade seja feito de colônias 
isoladas e supostamente patogênicas, partindo-se do isolamento primário. 
A mistura de diferentes organismos não deve ser submetida ao TSAQ. 
A prática de conduzir o teste de sensibilidade diretamente do material clínico 
também deve ser evitada, exceto em emergências clínicas nas quais o Gram 
direto sugere um único patógeno. Mesmo assim o teste deve ser repetido 
segundo determina a metodologia padrão. Quando a natureza da infecção não 
for clara e o material biológico contiver mistura de organismos ou flora normal, 
sendo que os organismos em questão guardem pouca relação com o processo 
infeccioso que está sendo tratado, os testes de sensibilidade são 
desnecessários e errôneos. 
 
SELEÇÃO DOS ANTIBACTERIANOS A SEREM USADOS ROTINEIRAMENTE 
 
 Para se fazer um teste rotineiro razoável deve ser limitado o número de 
antibacterianos a serem testados. No geral, deve-se testar apenas um 
antibacteriano representativo de cada grupo com espectro de ação similar. 
Para evitar confusão é recomendado o uso do nome genérico do antibacteriano. 
De um modo geral, a seguite recomendação é feita na seleção dos 
antibacterianos: 
 
1- Grupo das Penicilinas: 
 
 
 
Normalmente é conveniente testar o Staphylococcus, spp frente à Penicilinase 
resistente (PCR), tal como a oxacilina. 
O Staphylococcus, spp deve ser testado frente à Ampicilina ou Penicilina, mas 
não frente às duas. 
As enterobactérias devem ser testadas frente à Ampicilina e Carbenicilina. 
Proteus, spp e Pseudomonas aeruginosa devem ser testados frente à 
Carbenicilina. 
 
 A Penicilina tem na sua estrutura um anel de tiazolidina mais ácido 6-
amino-penicilânico que pode ser clivado por enzimas beta-lactamases, 
passando a ácido penicilinóico (inativo). 
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O mecanismo de ação das Penicilinas é a inibição da síntese da parede celular 
das bactérias através do bloqueio das ligações cruzadas terminais dos 
glicopeptídeos lineares nos complexos glicopeptídicos (atua no quarto estágio). 
As formas L atuam mais em Gram positivos do que em Gram negativos (exceto 
Ampicilina e Carbenicilina). 
São produtores de beta-lactamases os: Staphylococcus, spp; Pseudomonas, 
spp; Haemophylus, spp e Coliformes. 
 
 A administração é por via oral ou intramuscular, a absorção é rápida e a 
excreção se dá pelos rins. 
Uso clínico da PG: Streptococcus, spp; Neisserias, spp; Espiroquetas, 
Clostridium, spp;Staphylococcus, spp não produtores de beta-lactamases e 
bastonetes Gram positivos por via intramuscular; para infecções menores a 
administração deve ser por via oral. 
 
 Ampicilina - infecções do TGU por coliformes; 2 a 3g por dia. 
 Amoxilina - níveis mais elevados que a Ampicilina. 
 
 As Penicilinas podem causar hipersensibilidade com irritações no SNC 
(encefalopatia, delírio e convulsões); o nível de toxicidade é de mais de 30g por 
dia. Por via oral causa diarréia. 
 
2- Grupo das Cefalosporinas: 
 
 
 
Estão normalmente classificadas em três diferentes grupos: de primeira, 
segunda e terceira gerações; como elas têm espectro de ação diferente, deve-
se usar apenas uma daquelas que não se correlaciona com as demais. 
 
 Os Staphylococcus, spp são previsíveis quanto à sua sensibilidade às 
Cefalosporinas, exceto as cepas de S. aureus que são Meticilina resistentes 
(antibiótico que não tem no Brasil). 
Os enterococos são considerados resistentes às Cefalosporinas, porém, eles 
podem apresentar-se sensíveis sob certas condições do teste e a cura com 
algum antimicrobiano deste grupo poderá ocorrer, contudo, as Cefalosporinas 
não devem ser usadas rotineiramente frente a estes microrganismos. 
 
 As Cefalosporinas são isômeros da Penicilina e atuam para Gram 
positivas e Gram negativas. 
São compostas pelo ácido 7-aminocefalosporânico (em lugar do 6-
aminopenicilânico). 
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 Não devem ser usadas em meningites, mas podem ser administradas 
para infecções do trato urinário e respiratório. 
 
 Proteus, spp e Klebsiella, spp são Cefalosporinas sensíveis. 
 Enterobacter, spp, Serratia, spp e Pseudomonas, spp são Cefalosporinas 
resistentes. 
 A Cefalordina é nefrotóxica e está sendo retirada do mercado. 
 
 
3- Grupo das Tetraciclinas: 
 
 
 
 
 As Tetraciclinas apresentam boa correlação na rotina laboratorial, 
contudo, algumas bactérias podem apresentar-se mais sensíveis à Doxiclina e 
Minociclina (novas), sendo que a Clortetraciclina é a mais instável. São 
absorvidas pelo trato intestinal, têm pouca ação no LCR e as mais novas têm 
uma excreção mais lenta. 
 
 O seu modo de ação é a inibição da síntese protéica pela inibição da 
ligação do amino-ARN-t com as unidades 30s dos mini-ribossomos bacterianos. 
São bacteriostáticos e são drogas de primeira escolha para os casos de 
Clamidia e Mycoplasma, mas estimulam o aumento das leveduras. 
Existem, ainda, Staphylococcus, Proteus e Pseudomonas resistentes às 
Tetraciclinas. Têm médio espectro de ação. 
 
 Apresentam como sintomas de toxicidade distúrbios gastrointestinais e 
erupções cutâneas; em gestantes causa danos hepáticos e crianças podem 
apresentar alterações na cor dos dentes. 
 
4- Cloranfenicol: 
 
 
 
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 Distribui-se facilmente no SNC e LCR e ainda penetra nas células, mas é 
inativado no fígado quando está associado ao ácido glicurônico. 
 
 Tem como modo de ação a inibição da síntese protéica dos 
microrganismos, sendo, portanto, bacteriostático. 
Atua bem em Neisseria (pacientes sensíveis à Penicilina), Salmonella, 
Haemophylus e bactérias anaeróbias. 
 
 A resistência se dá através da enzima cloranfenicol-transferase. 
 Os efeitos colaterais: distúrbios no TGI, aumento do ferro sérico e anemia 
aplástica; em recém-nascidos e prematuros provoca a síndrome da medula 
cinzenta. No TSAQ usa-se somente um disco. 
 
 
5- Macrolídeos: 
 
 
 
 Na prática atual só a Eritromicina necessita ser testada. 
 
 Têm como modo de ação a ligação às subunidades 50s dos ribossomos. 
 
 A Eritromicina é utilizada nas VAS e em infecções por Corinebacterium, 
spp (C. minutissimum causadora de eritrasma); 
A Espiramicina é usada nas VAS, a Oleandomicina nas VD, a Trioleandomicina 
nas VAS e a Leucomicinas nas VAS e VD. 
 
 
 
 
 
 
 
 
6- Aminoglicosídeos: 
 
 
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 É neste grupo de antibióticos que estão incluídos a Amicacina, 
Gentamicina, Canamicina, Netilmicina, Tobramicina, Sizomicina, Ribostamicina, 
Dipecacina e Espectinomicina. 
 
 O espectro de ação deles não é idêntico o suficiente para assegurar a 
resistência cruzada. 
Contém atividades bacterianas tóxicas. 
O seu modo de ação é a inibição da síntese protéica das bactérias. São ativos 
em pH alcalino, ototóxicas e nefrotóxicas, são carregados positivamente, e em 
hemoculturas são inibidos pelo sulfonato polietanetol de sódio e outros 
detergentes. 
 
 As bactérias Gram negativas (enterobactérias) e as anaeróbias são 
resistentes aos aminoglicosídeos, mas eles são usados em septicemias e em 
Gram negativas. 
 
Particularidades: 
# Canamicina - é menos tóxica do que a Amicacina, bactericida para Gram 
negativas (exceto Pseudomonas, spp e Serratia, spp) e é nefro e ototóxica. 
# Amicacina - derivado sintético da Canamicina, no SNC atua sobre bactérias 
Gram negativas entéricas ou não (Pseudomonas), é nefro e ototóxica (oitavo par 
craniano). 
# Neomicina - tópica e das VD, é nefro e ototóxica. 
# Gentamicina - é bactericida para Gram positivas e Gram negativas (Proteus, 
spp; Pseudomonas, spp e Serratia, spp), os Staphylococcus, spp e bacterióides 
são resistentes, é altamente nefrotóxica. Tem uso tópico em queimaduras e 
lesões cutâneas. 
# Tobramicina - é ativa contra Pseudomonas, spp e é nefro e ototóxica. Não 
deve ser usada com diuréticos porque potencializa a ação desta droga. 
# Estreptomicina - é um bactericida (inibe a síntese proteica) bom para 
Mycobacterium tuberculosis (BK), Gram negativas e Gram positivas. É muito 
ototóxica. Pode ser associada à Isoniazida. 
# Espectinomicina - usada em infecções gonocócicas (gonorréia) = Tobricin. 
 
 
 
 
7- Lincomicina e outras drogas: 
 
 
 
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 O ideal é testar somente a Clindamicina (derivado clorado da 
Lincomicina) para Gram positivas e infecções ósseas provocadas por 
Bacterioides fragilis Staphylococcus, spp. 
 
# Clindamicina - para anaeróbios e Bacterioides fragilis. 
# Vancomicina - bactericida para enterococos e Staphylococcus, spp em 
infecções sistêmicas. Pode cauasr surdez e dano renal. 
# Novobiocina - bacteriostática que inibe a síntese de ADN e ácido teitóico 
(membrana celular). É ideal para cocos Gram positivos, inclusive os produtores 
de beta-lactamases, e bacilos Gram negativos (Proteus, spp). 
# Rifamicina - inibe a síntese de ARN (bactérias e Clamydia, spp); na 
tuberculose é utilizada associada ao Etambutol. 
 
Antibióticos de uso tópico: Neomicina, Bacitracina, Furacin, Gentamicina 
(quimioterápico que atua em membrana e mucosa) e Nebacetin (bactericida 
para Gram positivas). 
 
# Polimixina-B e Colistina - polipeptídicos bactericidas para bacilos Gram 
negativos (Pseudomonas, spp). Seu modo de ação é envolver a membrans 
celular da bactéria e destruir sua função osmótica (detergentes catiônicos). 
 
8- Quimioterápicos: 
 
# Nitrofurantoína - para Gram positivas e Gram negativas; 
# Furadantina - atua nas VGU; 
# Furacin - uso tópico; 
# Furoxona - uso nas VD; 
# Ácido nalidixico - VD e VGU; 
# Ácido oxolínico - VGU; 
# Ácido piperanídico - VGU; 
# Metronidazol - VGU e VAS; 
# Terizidona - VGU; 
# Sulfonamidas - uso sistêmico; 
# Sulfametaxazol-trimetoprim (Bactrim) - serve para fazer associações e para 
uso sistêmico. 
 
 
LIMTAÇÕES DO MÉTODO 
 
 O teste com osdiscos foi padronizado para organismos de crescimento 
rápido tais como Enterobactérias, Staphylococcus, Pseudomonas, Acinetobacter 
e algunas Streptococcus, sendo que foi modificado para testar Haemophylus, 
Neisseria e S. pneumoniae. 
 
 Os estudos nesta área não permitiram, ainda, uma padronização definitva 
para outros organismos que requerem condições anaeróbias para crescimento 
lento em ágar Müller-Hinton, ou ainda, para aquelas bactérias que apresentam 
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taxa de crescimento diferente de cepa em cepa; estes microrganismos não 
devem ser testados pelo método de discos. 
 
OBSERVAÇÒES SOBRE O MEIO DE CULTIVO 
 
 A adição de fosforilase, ou mesmo sangue lisado de cavalo, pode 
melhorar a difusão e auxiliar assim a confiança nos testes com Sulfonamidas e 
Trimetoprim com a maioria dos patógenos, exceto entrococos. 
 
 A variação de íons Ca e Mg podem afetar resultados com Tetraciclina, 
Polimixina e Aminoglicosídeos frente a Pseudomonas aeruginosa. 
 
 Cepas que não crescem em ágar Müller - Hinton deve-se acrescer 
sangue de carneiro a 5 % desfibrinado. 
 
 Ágar chocolate (com sangue de carneiro) não serve para fazer TSAQ de 
Haemophylus, mas serve se acrescer 1 % de hemoglobina e um suplemento 
tipo Isovitaex (fator X e V) ou suplememnto sintético equivalente com pH ideal 
de 7,2. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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AULA 6 
 
 
 
CULTURA DE ESCARRO 
 
 Em laboratório clínico a pesquisa do escarro se destina à pesquisa de 
vários microrganismos que podem causar infecções na árvore brônquica e 
provocar secreções sanguinolentas ou não. 
 As principais bactérias pesquisadas no escarro são: Mycobacterium 
tuberculosis (BAAR), Streptococcus pneumoniae, Haemophylus influenzae, 
Leigionella pneumophilla, Staphylococcus aureus e Fusobacterium nucleatum. 
A coleta pode ser feita através de aspirado brônquico ou punção transtraqueal. 
 
1- Mycobacterium tuberculosis 
 
 Quando o escarro chega ao laboratório, vários exames relacionados com 
BAAR podem ser solicitados: cultura, inoculação ou simplesmente o TSAQ. 
 
1.1 - Coleta: escarro espectorado, colhido por nebulização ultrasônica ou por 
aspirado brôquico, logo pela manhã após o despertar preferencialmente sem 
assepsia bucal. 
As culturas podem se positivar ou se negativar com facilidade, por isso, faz-se 
necessário à coleta de três a cinco amostras, no mínimo (no princípio da 
manhã). 
Estas amostras devem ser refrigeradas e, no caso de amostras com flora 
bacteriana mista, deve-se fazer a descontaminação (liquefação do muco e 
impedimento no crescimento de bactérias contaminantes). 
 
1.2 - Descontaminação: é feita com NaOH ou NALC (N-acetil-L-cisteína). O 
NALC é mucolítico sem atividade bacteriana (destrói as ligações dissulfeto); com 
a liquefação, as bactérias podem sedimentar com mais facilidade na 
centrifugação, que é o próximo passo. 
O NaOH a 2% (ou 3% em climas quentes) é o agente descontaminante. 
A neutralização do agente descontaminante pode ser feita com HCL ou NaOH 
concentrado. 
 O NALC é vantajoso porque tem tampão fosfato que lava a amostra e 
mantém o pH ideal de diluir as substâncias tóxicas. 
A centrifugação deve ser feita a uma alta rotação (3800 rpm), o que possibilita a 
melhor pesquisa de bacilos em lâminas e maior positividade das culturas. Os 
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lípides da parede celular das micobactérias estão em alta porcentagem, potanto, 
abaixam a densidade dos organismos, justificando assim o uso de alta rotação 
para a obtenção de melhores resutados. 
 
Técnica: 
* 10 ml de escarro em frasco estéril; 
* colocar o escarro em tubo de centrifugação com capacidade para 50 ml; 
* adiciona-se 10 ml de NALC mais NaOH a 2%; 
* agitar e deixar em repouso por 15 minutos (descontaminação); 
* homogeneizar com 30 ml de tampão fosfato com pH 6,8 (neutralização); 
 
Precauções: 
Não se recomenda o uso de Swabs para a coleta de micobactérias porque os 
lípides da parede celular são hidrófobos e inibem a transferência das bactérias 
dos Swabs para os meios aquosos. Se os Swabs forem utilizados, devem ser 
deixados em contato com o meio por quatro semanas. Como as amostras são 
extremamente perigosas, utilizar todas as medidas de segurança. 
 
1.3 - Cultura: o meio mais empregado (considerado seletivo para micobactérias) 
é o de Lowestein-Jensen, modificado por Gruft, que contém ovos inteiros 
coagulados, sais, glicerol, farinha de batata e RNA-5 mg/100 ml; tem como 
agente inibidor descontaminante o Verde de Malaquita (0,025g/100ml), 
Penicilina (5ug/ml) e ácido nalidixico (35 mg/ ml). 
Existem outros meios, tais como: Lowestein-Jensen com Cicloheximida, 
Midlebrook 7H10 (usado para TSAQ) e 7H11 (seletivo de Mitchisen). 
 
1.4 - Coloração: coram-se bem pela fucsina e descoram-se por solução álcool-
ácido. Precisa da presença de 10.000 bacilos/ml para que possam ser 
detectados pelo microscópio ótico. Existe uma boa correlação entre esfregaço 
positivo e cultura positiva; quando o paciente sofre antibioticoterapia as culturas 
negativam primeiro que os esfregaços (impede a replicação, mas não a 
combinação com o corante). 
O número de bacilos do escarro informa sobre a resposta imune e o tratamento. 
As técnicas mais usadas são: 
* Ziehl-Neelsen - tem como corante de contraste o azul de metileno; as bactérias 
coram pela fucsina e resistem ao descoramento pela solução álcool/ácido. 
* Kinyoun - azul de metileno como corante de contraste; fucsina em maior 
quantidade para corar as bactérias e a solução álcool/ácido para descorar. 
* Flourocrômica - auramina fenólica, álcool/ácido e permanganato de potássio 
como contraste. 
 
 
 
Método para relatar o número de BAAR observados em esfrgaços corados: 
 
Número BAAR observados Método de relatar do CDC 
Universidade Católica de Goiás 
 
Profa. Cláudia Maria Duque de Souza e Edlaine Rodrigues Montalváo. 
Página 46 de 87 
1 a 2 em 300 campos Núm observ. ( + / - ) 
1 a 9 em 100 campos Núm médio/10 campos (1+) 
1 a 9 em 10 campos Núm médio/10 campos (2+) 
1 a 9 por campo Núm medio/campo (3+) 
mais de 9 por campo Mais de 9/campo (4+) 
 
 Quando a pesquisa de BAAR for negativa, o método de liberação relatado 
pelo CDC é: negativo para BAAR. 
 
 
 
1.5 - Identificação de Mycobacterium tuberculosis: 
 * Temperatura ótima e tempo de crescimento - as micobactérias crescem 
melhor a uma atmosfera de 3 a 11 % de CO2 sob a temperatura de 37 ºC, 
sendo que a 30 ou 42 ºC o seu crescimento é considerado fraco. 
No meio a base de ovo crescem em doze dias (seis ou mais semanas para 
cepas ocasionais). 
Existe um tipo de subcultivo feito em caldo 7H11 mais Tween 80 (polissobato) 
com uma diluição de 1:100, semeadura em estrias para colônias isoladas; o M. 
tuberculosis tem crescimento lento enquanto que o M. fortuitum tem crescimento 
rápido. 
 
 * Produção de pigmentos - depende do fato de haver ou não exposição à 
luz ambiente (envolver o tubo com papel alumínio para evitar exposição). 
O M. tuberculosis não produz pigmentos, exceto uma cor camurça, mesmo 
quando exposto à luz intensa; Runyon separou as micobactérias

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