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PROCESSOS MICROBIOLÓGICOS

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PROCESSOS MICROBIOLÓGICOS - E (2022.JUN)
Aula 1.1 - Classificação e identificação bacteriana
Desafio
O trato genital feminino possui uma microbiota rica e variada. Dentre as bactérias colonizadoras se destacam as produtoras de ácido lático, os Lactobacillus, que propiciam um meio ácido, o qual é uma barreira de defesa para bactérias infecciosas. Outros microrganismos também podem ser encontrados normalmente e em menor quantidade fazendo parte desta microbiota, como: Candida, Enterococcus, Corynebacterium, Streptococcus e Staphylococcus. Os Streptococcus do grupo B (Streptococcus agalactiae) são encontrados na microbiota vaginal de aproximadamente 20% das mulheres. Entretanto a presença desta bactéria na microbiota vaginal em mulheres gestantes é um fator determinante para a infecção do recém-nascido. Durante o pré-natal, gestantes na 35ª a 37ª semana são submetidas a uma pesquisa de colonização por S. agalactiae no canal vaginal. Neste exame um swab com secreção é coletado e inoculado em meios de cultura adequados para crescimento de S. agalactiae, como o ágar sangue. Porém, devido à diversidade de bactérias que podem ser encontradas no canal vaginal e que se desenvolvem em meio ao ágar sangue, é necessário identificar as colônias suspeitas. Desse modo, diga como pode ser realizada a identificação de S. agalactiae em amostras de secreção vaginal.
Resposta
O primeiro passo para a identificação é a observação da morfologia da colônia em ágar sangue. Colônias de S. agalactiae possuem tamanho médio, formato circular e convexo, são translúcidas e com uma pequena hemólise beta (total) ao redor da colônia no meio de cultura. Posteriormente, devemos confirmar que essa colônia suspeita é de um Streptococcus, mas para tal será necessário visualizar as células pela coloração de Gram, observando cocos gram-positivos e realizando o teste da catalase, que deverá ser negativo. Por fim, para identificação da espécie S. agalactiae, deve-se realizar o teste de CAMP, que será positivo. A realização desses testes na sequência indicada é essencial para a correta identificação fenotípica, pois outras bactérias, que podem ser isoladas no canal vaginal, podem se apresentar com resultados parecidos, como exemplo da Listeria monocytogenes, positiva ao teste de CAMP.
Exercícios
1. 
O teste da catalase é um método simples e rápido de avaliação fenotípica de alguns grupos microbianos. Selecione abaixo a afirmação que indica os gêneros diferenciados pelo resultado deste teste.
A. 
Neisseria e Moraxella.
Ambas são cocos gram-negativas e catalase-positivas.
B. 
Staphylococcus e Streptococcus.
O teste da catalase é a técnica fenotípica sugerida para diferenciação destes gêneros, que compreendem cocos gram- -positivos, sendo Staphylococcus positivos para a enzima e Streptococcus negativos para a enzima.
C. 
Listeria e Corynebacterium.
Ambas bactérias são bacilos gram-positivos e catalase-positivos.
D. 
Acinetobacter e Enterobacteriaceae.
Ambas são bacilos gram-negativos e catalase-positivos.
E. 
Lactobacillus e Streptococcus.
Ambas são bactérias gram-positivas e catalase-negativas.
2. 
Algumas bactérias ao crescerem em meios suplementados com sangue podem produzir toxinas e substâncias que lisam as hemácias ou interagem com a hemoglobina presente no meio de cultura. Selecione abaixo a opção que relaciona de maneira adequada o tipo de hemólise com seu aspecto.
A. 
Alfa-hemólise, lise total das hemácias, o meio de cultura fica transparente.
Alfa-hemólise é denominada quando ocorre a produção de peróxido de hidrogênio pelas bactérias, o qual interage com as hemácias oxidando a hemoglobina e dando uma coloração esverdeada ao meio.
B. 
Beta-hemólise, com ausência de hemólise, o meio de cultura permanece sem alterações.
Beta-hemólise é denominada quando há produção de exotoxinas bacterianas que lisam totalmente as hemácias dando um aspecto amarelado e transparente ao meio de cultura.
C. 
Beta-hemólise, lise total das hemácias, o meio de cultura fica transparente.
Beta-hemólise é denominada quando há produção de exotoxinas bacterianas que lisam totalmente as hemácias dando um aspecto amarelado e transparente ao meio de cultura.
D. 
Gama-hemólise, lise parcial das hemácias, o meio de cultura apresenta coloração esverdeada.
Gama-hemólise é denominado quando as bactérias não produzem qualquer alteração no meio de cultura, o qual permanece com seu aspecto original.
E. 
Alfa-hemólise, ausência de hemólise, o meio de cultura permanece sem alterações
Alfa-hemólise é denominada quando ocorre a produção de peróxido de hidrogênio pelas bactérias, o qual interage com as hemácias oxidando a hemoglobina e dando uma coloração esverdeada ao meio.
3. 
Durante a identificação das bactérias gram-negativas aeróbias, é essencial definir a reação ao teste da oxidase. Selecione abaixo qual a resposta mais adequada a respeito desse teste.
A. 
Verifica a presença de um transportador de elétrons.
O teste da oxidase verifica se a bactéria possui atividade da enzima intracelular citocromo-oxidase como transportador de elétrons e pode utilizar oxigênio para produção de energia.
B. 
O teste avalia a capacidade de utilizar citrato como fonte de carbono.
O teste de citrato avalia a presença de uma permease.
C. 
Verifica a capacidade de degradação do peróxido de hidrogênio.
Essa reação é catalisada pela enzima catalase.
D. 
Verifica a capacidade de acidificação de meios em anaerobiose.
A acidificação de meios em anaerobiose é um indicativo de metabolismo fermentativo.
E. 
Verifica tolerância a altas concentrações de sais.
Os testes de tolerância ao sal são realizados em meios de cultura específicos com mais de 6,5% de NaCl.
4. 
A presença de flagelos e observação da motilidade bacteriana é utilizada na identificação de diversas bactérias. Qual das informações abaixo NÃO é adequada de ser considerada para esta avaliação?
A. 
Crescimento em meios semissólidos.
Os meios semissólidos são recomendados para essa avaliação, um crescimento difuso a partir de uma região de inoculação indica motilidade.
B. 
Coloração pelo método de Ryu.
A Técnica de Ryu permite a coloração de flagelos e determinação da capacidade de motilidade bacteriana.
C. 
Observação de suspensões bacterianas em lâmina e lamínula.
Ao realizar a preparação de uma bactéria móvel em lâmina e lamínula, é possível observar bactérias atravessando com campo microscópio em linhas retas.
D. 
A temperatura deve ser ajustada de acordo com o microrganismo.
Algumas bactérias não apresentam motilidade a 35°C, temperatura habitual de incubação, precisando ser incubadas a temperaturas inferiores.
E. 
Crescimento difuso na superfície de um ágar.
A observação de colônias espalhadas pela superfície de um ágar não é indicada para avaliar motilidade.
5. 
Os meios OF (oxidação fermentação) são essenciais para a identificação de bacilos gram-negativos não fermentadores de glicose. A respeito destes testes, selecione a mais adequada.
A. 
São utilizados apenas para avaliação da capacidade de fermentação e oxidação de glicose.
Não. Esses meios podem ser utilizados para avaliação de diversos açucares, como maltose, lactose, xilose, entre outros.
B. 
Deve-se realizar o teste apenas em anaerobiose.
Não. Para avaliação da capacidade de oxidação, os tubos devem ser mantidos em aerobiose.
C. 
Podemos observar bactérias que são negativas em meios OF glicose.
Sim, algumas bactérias podem ser consideradas inertes, ou seja, não utilizam açúcares como fonte energética.
D. 
O teste deve ser lido pela observação de crescimento no fundo do tubo.
Não, as bactérias oxidativas irão se desenvolver apenas na superfície do tubo e a observação de positividade se dá pela viragem de cor para amarelo.
E. 
São testes indicados para identificação apenas de bactérias oxidase positiva.
Não, bactérias podem realizar a oxidação da glicose mesmo sem a presença da citocromo oxidase.
Aula 1.2 - Meios de cultura e cultivo bacteriano
Desafio
Infecções gastrointestinais acometem um grande número de indivíduos, especialmente criançase idosos, sendo uma importante causa de morbidade e mortalidade. Há uma ampla diversidade de agentes causadores de infecções gastrointestinais (bactérias, vírus e parasitas) e em algumas condições esses agentes devem ser investigados. Entre as bactérias, destacam-se a família das enterobactérias (Salmonella, Shigella e Escherichia coli) que são microrganismos anaeróbios facultativos que colonizam o trato gastrointestinal humano, podendo causar infecções, assim como a Campylobacter, que são microrganismos microaerófilos, geralmente encontrados em aves que possuem uma temperatura corporal próxima a 42°C. Um dos exames utilizados para definição da etiologia das infecções gastrointestinais é a cultura de fezes. Nas culturas rotineiras é indicada apenas a pesquisa dos principais patógenos bacterianos, mas deve-se levar em consideração que as fezes são intensamente colonizadas pela microbiota gastrointestinal, havendo até 1012 UFC/g de bactérias contaminantes. Isso torna essencial uma escolha cuidadosa dos meios de cultura, técnicas de inoculação e condições de incubação para isolamento dos patógenos de rotina. Desse modo, há diversas escolhas que devem ser realizadas para um adequado cultivo de amostras de fezes.
Explique as seguintes necessidades para esse cultivo:
a) Tipos de meios de cultura indicados.
b) Técnica de inoculação dos meios.
c) Condições de incubação dos meios.
Resposta
Para o adequado cultivo de amostras de fezes, veja as escolhas que devem ser realizadas:
a) Devem ser selecionados meios seletivos para enterobactérias e diferenciais para os principais gêneros patogênicos, assim reduzindo o número de contaminantes no cultivo e permitindo uma avaliação inicial dos principais patógenos no cultivo. Exemplo: ágar MacConkey, seletivo para bactérias gram-negativas sem exigência nutricional e diferencial para fermentação de lactose; ágar Salmonella-Shigella, mais seletivo que o MacConkey e diferencial para as bactérias pela produção de sulfetos; caldo Selenito, meio enriquecido para isolamento de Salmonella. Para isolamento de Campylobacter, deve ser utilizado um meio seletivo, como ágar Campy, que é acrescido de vários antimicrobianos para inibir outras bactérias.
b) Para a cultura de fezes é indicada a realização de inoculação dos meios em placas por técnica de esgotamento, a fim de poder visualizar as colônias isoladas e suas características em cada meio de cultura.
c) Os meios de cultura para enterobactérias devem ser incubados invertidos em estufas bacteriológicas com temperatura de 35°C, em aerobiose. Já o meio para Campylobacter deve ser mantido invertido em estufa bacteriológica a 42°C, em jarras de microaerofilia (atmosfera rica em CO2).
Exercícios
1. 
O meio de cultura ágar sal manitol possui na sua composição elevada concentração de sal e vermelho de fenol que permite identificação das bactérias fermentadoras de manitol. Como esse meio de cultura pode ser classificado?
A. 
Apenas enriquecedor.
Meios enriquecidos são acrescidos de nutrientes diferenciados para o crescimento de bactérias com exigências nutricionais.
B. 
Apenas seletivo.
Meios seletivos possuem inibidores de crescimento para determinadas bactérias.
C. 
Apenas diferencial.
Meios diferenciais possibilitam identificar as bactérias de acordo com uma característica.
D. 
Seletivo e diferencial.
Possuem inibidores de crescimento, como o sal em elevadas concentrações, e permitem a identificação de acordo com uma característica, como a fermentação do manitol.
E. 
Enriquecedor e diferencial.
São meios com a adição de nutrientes para bactérias exigentes e permitem a identificação da bactéria de acordo com uma característica.
2. 
Para o adequado cultivo de bactérias, é necessário que as condições ambientais sejam ajustadas para os microrganismos esperados. Ao realizar uma cultura de rotina com incubação de meios de cultura em aerobiose, qual das bactérias abaixo obrigatoriamente NÃO irá se desenvolver nos meios?
A. 
Aeróbias estritas.
Bactérias aeróbias se desenvolvem na presença do ar atmosférico.
B. 
Microaerófilas.
Bactérias microaerófilas se desenvolvem melhor em atmosferas pobres em O2, porém não terão o crescimento inibido em aerobiose.
C. 
Aeróbias facultativas.
Bactérias aeróbias facultativas poderão se desenvolver tanto na presença quanto na ausência do O2 atmosférico.
D. 
Anaeróbias estritas.
Bactérias anaeróbias estritas serão inibidas pelo O2 atmosférico, não se desenvolvendo em meios em aerobiose.
E. 
Fermentadoras.
Bactérias fermentadoras podem ou não ser inibidas pelo ar atmosférico, sendo em sua maioria facultativas.
3. 
Os meios de cultura podem ser classificados de acordo com a consistência e apresentação em tubos ou placas de petri. Selecione a afirmação de apresentação e consistência mais adequada para avaliação da morfologia de uma colônia bacteriana.
A. 
Líquido em tubos.
Em caldos as bactérias crescem dissolvidas no líquido não possibilitando a visualização de colônias.
B. 
Sólido em placas.
Os meios sólidos são ideais para a visualização de colônias, pois permitem o crescimento de bactérias em sua superfície. A área da superfície da placa permite o isolamento e adequada visualização das colônias.
C. 
Semissólidos em tubos.
Os meios semissólidos são apresentados em tubos e são utilizados para inoculação das bactérias no seu interior e visualização de motilidade, entretanto, não permitem a visualização de uma colônia.
D. 
Sólido em tubos.
Os meios sólidos em tubos são mais protegidos da contaminação, entretanto, não possuem uma área de superfície adequada para isolamento de colônias.
E. 
Líquidos em placas.
Não é indicada a utilização de placas para preparo de meios líquidos, pois há risco de derramamentos e contaminação.
4. 
Qual das opções abaixo NÃO é indicada para as técnicas de inoculação de meios por esgotamento?
A. 
Uso de alças bacteriológicas calibradas.
O uso de alças calibradas não é indicado, pois não será realizada uma contagem das colônias desenvolvidas.
B. 
Utilização de meios sólidos.
A técnica de esgotamento deve ser realizada sob a superfície de um meio sólido, sendo que a área da placa é adequada para o seu funcionamento.
C. 
Esterilização da alça bacteriológica entre cada etapa de espalhamento.
A técnica visa uma diluição da amostra sob a superfície do meio. Caso não seja esterilizada em cada etapa não ocorrerá a diluição da amostra.
D. 
Devem ser realizadas até quatro espalhamentos.
É indicado que sejam realizados de dois até quatro espalhamentos na superfície da placa a fim de conseguir o adequado isolamento das colônias bacterianas.
E. 
Utilização de meios em placas.
A técnica de esgotamento deve ser realizada sob a superfície de um meio sólido, sendo que a área da placa é adequada para sua execução.
5. 
A técnica asséptica é um conjunto de procedimentos que contribuem para reduzir a contaminação dos espaços com microrganismos, assim como impedir a contaminação das culturas com microrganismos indesejados. Abaixo são listados alguns procedimentos. Selecione aquele que você considera NÃO ser adequado numa técnica microbiológica asséptica.
A. 
Flambar alças bacteriológicas.
As alças devem ser aquecidas na chama até ficarem incandescentes, afim de esterilizar e evitar qualquer tipo de contaminação na manipulação de culturas e amostras.
B. 
Abertura de tubos e placas próxima à chama do bico de Bunsen.
A maioria das contaminações de laboratoristas se dá pela inalação ou contato com espirros. A chama do bico de Bunsen cria uma zona de proteção contra os aerossóis e espirros.
C. 
Colocação das tampas de tubos sobre a bancada de trabalho.
As tampas nunca devem ser colocadas sobre a bancada pelo risco de contaminações. As tampas devem ser retiradas e mantidas seguras na mão do laboratorista.
D. 
Limpeza de superfícies com desinfetante antes e após o uso.
Todas as superfícies de trabalho devem ser desinfetadas antes e após seu uso para evitar os riscos de contaminação.
E. 
Uso de jalecos e luvas ao realizar os procedimentos.
O uso do jaleco e das luvas são barreirasde proteção dos laboratoristas que sempre devem utilizar no ambiente do laboratório.
Aula 2.1 - Coloração e Bacterioscopia
Desafio
O exame microbiológico é classicamente dividido em bacteriológico (cultura) e bacterioscópico (microscopia). As técnicas de microscopia são essenciais, pois muitos agentes infecciosos podem ser rapidamente diagnosticados pela visualização de achados característicos após coloração de esfregaços. Existem algumas vantagens para o uso de material fixado e corado, incluindo uma maior visibilidade das células após a coloração; facilidade de transporte do material pois o mesmo está fixado e principalmente porque permite diferenciar células de afinidades distintas aos corantes e de morfologia variada.
A maioria das bactérias tem afinidade por um grande número de corantes, principalmente aqueles do grupo dos derivados básicos da anilina (ex. fucsina básica). Ao efetuar a coloração utilizando apenas um corante e observar a morfologia da bactéria, a técnica é denominada de coloração simples. Quando se utiliza de um corante com o objetivo de evidenciar diferenças entre células bacterianas, a técnica e denominada de coloração diferencial (ex. método de Gram, o método de Ziehl-Neelsen e o método de Albert-Laybourn).
A coloração de Gram, foi desenvolvida em 1884 pelo médico dinamarquês Hans Christian Joachim Gram, tem como fundamento o fato de que as bactérias, quando coradas por corante básico púrpura (ex. cristal violeta) e depois de tratadas pelo iodo (lugol), formam um composto de coloração escura, complexo iodo-pararosanilina. Este composto, nas bactérias Gram-positivas, é fortemente retido e não pode ser facilmente removível pelo tratamento posterior com o ·álcool, ao passo que nas Gram-negativas este composto é facilmente descorado pelo álcool. Como resultado as bactérias Gram positivas são coradas em purpura e as Gram negativas em rosa.
Considerando que a coloração de Gram reage de forma diferente com diferentes tipos de bactérias e, dessa forma são utilizadas para realizar a distinção entre elas durante o diagnóstico de um processo infeccioso, como você explica o mecanismo da coloração de Gram e a respectiva classificação das bactérias em Gram positivas e Gram negativas?
Resposta
O mecanismo da coloração de Gram se refere à diferença na composição da parede celular das bactérias, onde as Gram-positivas possuem uma espessa camada de peptideoglicano e ácido teicóico, e as Gram-negativas, uma fina camada de peptideoglicano, sobre a qual se encontra uma camada composta por lipoproteínas, fosfolipídeos, proteínas e lipopolissacarídeos.
Durante o processo de coloração, o tratamento com álcool-acetona extrai os lipídeos, daí resultando uma porosidade ou permeabilidade aumentada da parede celular das bactérias Gram-negativas. Assim, o complexo iodo-pararosanilina (cristal violeta-iodo) pode ser retirado e as bactérias Gram negativas são descoradas. Por outro lado, a parede celular das bactérias gram-positivas, em virtude de sua composição diferente, torna-se desidratada durante o tratamento com álcool acetona, a porosidade diminui, a permeabilidade é reduzida e o complexo iodo-pararosanilina não pode ser extraído.
Exercícios
1. 
A técnica de coloração de Gram compreende o uso de um corante principal, mordente, descorante e corante secundário. Caso seja esquecida a aplicação do descorante como irão se apresentar as bactérias gram-positivas e gram-negativas, respectivamente?
A. 
Ambas coradas de violeta.
Sem a aplicação do descorante (álcool-acetona), as bactérias gram- -negativas irão permanecer com o corante violeta, assim como as gram-positivas.
B. 
Ambas coradas de rosa.
Sem a aplicação do descorante (álcool-acetona), as bactérias gram- -negativas irão permanecer com o corante violeta, assim como as gram-positivas.
C. 
Coradas de violeta e coradas de rosa.
Sem a aplicação do descorante (álcool-acetona), as bactérias gram- -negativas irão permanecer com o corante violeta, assim como as gram-positivas.
D. 
Coradas de rosa e coradas de violeta.
Sem a aplicação do descorante (álcool-acetona), as bactérias gram- -negativas irão permanecer com o corante violeta, assim como as gram-positivas.
E. 
Não será possível visualizar células bacterianas.
Sem a aplicação do descorante (álcool-acetona), as bactérias gram- -negativas irão permanecer com o corante violeta, assim como as gram-positivas.
2. 
Ao preparar um esfregaço para ser corado por técnica de Gram, devemos ter alguns cuidados. Selecione abaixo a alternativa que indica um cuidado importante.
A. 
Realiza esfregaços espessos para facilitar a observação das bactérias.
Esfregaços espessos não são adequados, pois há sobreposição de materiais, dificultando a observação da morfologia celular e pode gerar falhas de coloração. Após o esfregaço estar seco, ele deve ser rapidamente fixado com o calor da chama do bico de Bunsen ou alternativamente com a aplicação de metanol 95%. Flambar a lâmina com Alcool 70% pode danificar a morfologia celular. Caso os corantes sejam aplicados com o material ainda fresco, sem fixação, ocorrerá a perda de material nos processos de lavagem e troca de corantes. Um esfregaço bom é aquele que conseguimos enxergar através dele células que podem estar presentes em grandes quantidades, mesmo sem serem visíveis a olho nu
B. 
Fixar a lâmina com calor.
Esfregaços espessos não são adequados, pois há sobreposição de materiais, dificultando a observação da morfologia celular e pode gerar falhas de coloração. Após o esfregaço estar seco, ele deve ser rapidamente fixado com o calor da chama do bico de Bunsen ou alternativamente com a aplicação de metanol 95%. Flambar a lâmina com Alcool 70% pode danificar a morfologia celular. Caso os corantes sejam aplicados com o material ainda fresco, sem fixação, ocorrerá a perda de material nos processos de lavagem e troca de corantes. Um esfregaço bom é aquele que conseguimos enxergar através dele células que podem estar presentes em grandes quantidades, mesmo sem serem visíveis a olho nu
C. 
Secar a lâmina flambando com Alcool 70%.
Esfregaços espessos não são adequados, pois há sobreposição de materiais, dificultando a observação da morfologia celular e pode gerar falhas de coloração. Após o esfregaço estar seco, ele deve ser rapidamente fixado com o calor da chama do bico de Bunsen ou alternativamente com a aplicação de metanol 95%. Flambar a lâmina com Alcool 70% pode danificar a morfologia celular. Caso os corantes sejam aplicados com o material ainda fresco, sem fixação, ocorrerá a perda de material nos processos de lavagem e troca de corantes. Um esfregaço bom é aquele que conseguimos enxergar através dele células que podem estar presentes em grandes quantidades, mesmo sem serem visíveis a olho nu
D. 
Aplicar corantes na lâmina com o material ainda fresco.
Esfregaços espessos não são adequados, pois há sobreposição de materiais, dificultando a observação da morfologia celular e pode gerar falhas de coloração. Após o esfregaço estar seco, ele deve ser rapidamente fixado com o calor da chama do bico de Bunsen ou alternativamente com a aplicação de metanol 95%. Flambar a lâmina com Alcool 70% pode danificar a morfologia celular. Caso os corantes sejam aplicados com o material ainda fresco, sem fixação, ocorrerá a perda de material nos processos de lavagem e troca de corantes. Um esfregaço bom é aquele que conseguimos enxergar através dele células que podem estar presentes em grandes quantidades, mesmo sem serem visíveis a olho nu
E. 
Caso não seja possível observar material a olho nu, repetir o esfregaço.
Esfregaços espessos não são adequados, pois há sobreposição de materiais, dificultando a observação da morfologia celular e pode gerar falhas de coloração. Após o esfregaço estar seco, ele deve ser rapidamente fixado com o calor da chama do bico de Bunsen ou alternativamente com a aplicação de metanol 95%. Flambar a lâmina com Alcool 70% pode danificar a morfologia celular. Caso os corantes sejam aplicados com o material ainda fresco, sem fixação, ocorrerá a perdade material nos processos de lavagem e troca de corantes. Um esfregaço bom é aquele que conseguimos enxergar através dele células que podem estar presentes em grandes quantidades, mesmo sem serem visíveis a olho nu
3. Qual das afirmações abaixo é VERDADEIRA a respeito da coloração de Gram?
A. 
Permite a visualização de flagelos.
Os corantes de Gram agem no peptideoglicano da parede celular, sendo que as gram-positivas ficam coradas com o violeta enquanto as gram-negativas são descoradas com álcool-acetona e coram com o corante fucsina ou safranina.
B. 
Não possibilita a visualização de cápsulas de polissacarídeos.
Os corantes de Gram agem no peptideoglicano da parede celular, sendo que as gram-positivas ficam coradas com o violeta enquanto as gram-negativas são descoradas com álcool-acetona e coram com o corante fucsina ou safranina.
C. 
Diferencia as bactérias pela estrutura da parede celular.
Os corantes de Gram agem no peptideoglicano da parede celular, sendo que as gram-positivas ficam coradas com o violeta enquanto as gram-negativas são descoradas com álcool-acetona e coram com o corante fucsina ou safranina.
D. 
Permite a observação das bactérias álcool-ácido resistentes.
Os corantes de Gram agem no peptideoglicano da parede celular, sendo que as gram-positivas ficam coradas com o violeta enquanto as gram-negativas são descoradas com álcool-acetona e coram com o corante fucsina ou safranina.
E. 
Não é adequada para observação de morfologia celular.
Os corantes de Gram agem no peptideoglicano da parede celular, sendo que as gram-positivas ficam coradas com o violeta enquanto as gram-negativas são descoradas com álcool-acetona e coram com o corante fucsina ou safranina.
4. 
Ao visualizar a imagem corada pela técnica de Gram, podemos afirmar que:
A. 
Há presença de cocos gram-negativos.
Bacilos gram-negativos são células bacterianas em formato retangular, coradas de rosa.
B. 
Há presença de leucócitos.
Bacilos gram-negativos são células bacterianas em formato retangular, coradas de rosa.
C. 
Há a presença de bacilos gram-positivos.
Bacilos gram-negativos são células bacterianas em formato retangular, coradas de rosa.
D. 
Há presença de espiroquetas gram-negativas.
Bacilos gram-negativos são células bacterianas em formato retangular, coradas de rosa.
E. 
Há a presença de bacilos gram-negativos
Bacilos gram-negativos são células bacterianas em formato retangular, coradas de rosa.
5.  Ao visualizar a imagem corada pela técnica de Gram, podemos afirmar que:
A. Há presença de bacilos longos gram-positivos.
Estafilococos gram-positivos são células bacterianas esféricas, coradas de violeta e em arranjo de aglomerados celulares. Bacilos gram-positivos são células bacterianas em formato retangular e coradas de violeta. Diplococos gram-negativos são células bacterianas esféricas coradas de rosa em pares. Espiroquetas são células bacterianas gram-negativas, coradas de rosa, em espiral. Bastonetes gram-negativos apresentam-se em formas cilíndricas capsulares na coloração rósea.
B. Há presença de estafilococos gram-positivos.
Estafilococos gram-positivos são células bacterianas esféricas, coradas de violeta e em arranjo de aglomerados celulares. Bacilos gram-positivos são células bacterianas em formato retangular e coradas de violeta. Diplococos gram-negativos são células bacterianas esféricas coradas de rosa em pares. Espiroquetas são células bacterianas gram-negativas, coradas de rosa, em espiral. Bastonetes gram-negativos apresentam-se em formas cilíndricas capsulares na coloração rósea.
C. Há a presença de diplococos gram-negativos
Estafilococos gram-positivos são células bacterianas esféricas, coradas de violeta e em arranjo de aglomerados celulares. Bacilos gram-positivos são células bacterianas em formato retangular e coradas de violeta. Diplococos gram-negativos são células bacterianas esféricas coradas de rosa em pares. Espiroquetas são células bacterianas gram-negativas, coradas de rosa, em espiral. Bastonetes gram-negativos apresentam-se em formas cilíndricas capsulares na coloração rósea.
D. Há a presença de espiroquetas gram-negativas.
Estafilococos gram-positivos são células bacterianas esféricas, coradas de violeta e em arranjo de aglomerados celulares. Bacilos gram-positivos são células bacterianas em formato retangular e coradas de violeta. Diplococos gram-negativos são células bacterianas esféricas coradas de rosa em pares. Espiroquetas são células bacterianas gram-negativas, coradas de rosa, em espiral. Bastonetes gram-negativos apresentam-se em formas cilíndricas capsulares na coloração rósea.
E. Há a presença de bastonetes gram-negativos.
Estafilococos gram-positivos são células bacterianas esféricas, coradas de violeta e em arranjo de aglomerados celulares. Bacilos gram-positivos são células bacterianas em formato retangular e coradas de violeta. Diplococos gram-negativos são células bacterianas esféricas coradas de rosa em pares. Espiroquetas são células bacterianas gram-negativas, coradas de rosa, em espiral. Bastonetes gram-negativos apresentam-se em formas cilíndricas capsulares na coloração rósea.
Aula 2.2 - Staphylococcus
Desafio
As piodermites são condições infecciosas da pele, geralmente com formação de coleções de pus causadas por bactérias, principalmente os cocos gram-positivos. Nesse contexto, um homem de 52 anos, diabético, foi encaminhado ao laboratório para realização de exame microbiológico de lesão eritematosa infiltrada e com uma pústula na coxa direita.
O homem relatou que havia suspeitado de ter sido picado por algum inseto, mas com a piora e dor no local procurou um médico. Foram coletadas amostras da pústula e realizado exame bacteriológico e bacterioscópico.
Nas imagens abaixo estão representadas a cultura em ágar sangue e o bacterioscópico da pústula.
Desse modo, responda aos seguintes questionamentos:
a) Qual a sua suspeita de bactéria isolada?
b) Como você pode confirmar a espécie bacteriana suspeita?
c) Quais complicações podem ocorrer por esta bactéria?
Resposta
a) As infecções de pele que acometem os folículos pilosos (foliculites) e seu agravamento (furúnculos) são causadas principalmente pela espécie de cocos gram-positivos Staphylococcus aureus. As colônias em ágar sangue apresentam-se com tamanho grande, opacas, com zona de hemólise. Na coloração de gram é possível observar os cocos gram-positivos em aglomerados.
b) Sabendo-se tratar de um coco gram-positivo, a confirmação do gênero Stahylocococcus se dá pela positividade no teste da catalase (produção de gás em contato com peróxido de hidrogênio). Dentro do gênero há dezenas de espécies e a identificação de S. aureus pode ser obtida por meio de um ou mais dos seguintes testes: positividade para coagulase, positividade para DNAse, fermentação do manitol ou aglutinação com testes imunológico para S. aureus.
c) O S. aureus é um colonizante da nasofaringe de aproximadamente 30% dos indivíduos, sendo mais conhecido como um importante patógeno humano e por possuir diversos fatores de virulência. No estabelecimento de um processo infeccioso, não tratado adequadamente, pode evoluir com diversas complicações. A partir de um furúnculo pode ocorrer evolução para carbúnculo, piomiosite, fascite e osteomielites, ainda pode haver disseminação para a corrente circulatória com o desenvolvimento de bacteremias, endocardites e pneumonias. Algumas cepas podem produzir toxinas que são relacionadas ao desenvolvimento de choque tóxico.
Exercícios
1. 
Normas técnicas definem o limite de contaminação de alimentos com Staphylococcus aureus devido ao risco de intoxicação alimentar. Qual dos fatores de virulência citados abaixo está diretamente relacionado a esse quadro?
A. 
Enzima coagulase.
Induz a conversão do fibrinogênio em fibrina que recobre a célula bacteriana, protegendo contra a fagocitose.
B. 
Toxina da síndrome do choque tóxico-1.
Essa toxina age como um superantígeno amplificando intensamente a resposta inflamatória e induzindo o quadro de choque.
C. 
Enterotoxinas.
São toxinas termoestáveisque, quando ingeridas, aumentam os movimentos peristálticos, podendo resultar em diarreia e vômitos.
D. 
Leucocidina de Panton-Valentine.
Interagem com a membrana de leucócitos, criando poros e induzindo a lise dos leucócitos.
E. 
Toxinas epidermolíticas.
Possuem ação proteolítica e digerem a matriz da epiderme, resultando em lesões teciduais. Relacionadas à síndrome da pele escaldada estafilocócica.
2. 
Selecione a conduta abaixo mais adequada ao isolar um Staphylococcus coagulase negativa de uma amostra de urina de uma paciente jovem com sintomas de infecção urinária.
A. 
Provável contaminação da amostra, pois Staphylococcus são colonizantes da pele.
Apesar de serem colonizantes da pele, o isolamento de algumas espécies pode ser indicativo de processos infecciosos.
B. 
Devemos realizar teste de suscetibilidade à novobiocina.
A espécie S. saprophyticus é a segunda causa de infecções urinárias em mulheres, sendo esta espécie coagulase negativa e resistente à novobiocina.
C. 
Trata-se de uma infecção por Staphylococcus aureus.
Os S. aureus apresentam resultado positivo para coagulase.
D. 
Não é possível, pois as espécies são inibidas pela ureia.
Algumas espécies podem possuir enzima urease.
E. 
Devemos realizar teste da catalase.
Todas as espécies de Staphylococcus são catalase positiva
3. 
Os testes para identificação de S. aures podem ser realizados por diversas metodologias. Selecione abaixo a afirmação CORRETA sobre o que é detectado no teste da coagulase executado em lâmina ou em tubo, respectivamente.
A. 
Fator de agregação e enzima livre.
A coagulase em lâmina detecta a presença de proteínas de superfície que reagem com o fibrinogênio, enquanto a coagulase em tubo detecta a enzima livre que converte o fibrinogênio em fibrina.
B. 
Fermentação do manitol e hemácias sensibilizadas.
O teste de fermentação é realizado no meio ágar sal manitol, enquanto os testes de hemaglutinação detectam o fator de agregação por meio de hemácias sensibilizadas.
C. 
Partículas de látex sensibilizadas e desoxirribonuclease.
Os testes de aglutinação com látex utilizam fibrinogênio para detectar o fator de agregação, e as endonucleases são detectadas no teste de DNAse.
D. 
Produção de desoxirribonuclease e enzima livre.
A produção de endonucleases é detectada pelo teste de DNAse.
E. 
Enzima livre e fator de agregação.
A coagulase em lâmina detecta a presença de proteínas de superfície que reagem com o fibrinogênio, enquanto a coagulase em tubo detecta a enzima livre que converte o fibrinogênio em fibrina.
4. 
Em um exame microbiológico com crescimento de S. aureus, em qual das alternativas abaixo é mais provável de o isolamento estar relacionado com processo infeccioso?​​​​​​​
A. 
Secreção da nasofaringe.
Apesar de serem encontrados na mucosa da nasofaringe não são associados às sinusites.
B. 
Fezes diarreicas. 
As intoxicações alimentares por S. aureus se dão pelo consumo de toxinas pré-formadas nos alimentos e não por invasão bacteriana do trato intestinal.
C. 
Swab superficial de pele. 
Espécies de Staphylococcus são um dos principais microorganismo da microbiota natural da pele.
D. 
Sangue periférico.
Infecção das valvas cardíacas podem ocorrer por vários agentes incluindo S. aureus e coagulase negativa. Além disso, infecções de pele ou pneumonias podem ter o agente infeccioso isolado na corrente sanguínea.
E. 
Líquido cefalorraquidiano de pacientes previamente hígidos.
Meningites ou abscessos cerebrais por Staphylococcus foram relatados apenas em pacientes que apresentam traumatismos ou cirurgias no sistema nervoso central. Os agentes de meningites na comunidade são principalmente Streptococcus pneumonia, Haemophilus influenza e Neisseria meningitidis.
5. 
A resistência a antimicrobianos tem sido uma grande preocupação quando tratamos de Staphylococcus. Selecione abaixo a alternativa que melhor se enquadra ao termo MRSA.
A. 
Isolados de S. aureus que possuem penicilinases.
As penicilinases são extremamente comuns desde os anos 1940 em Staphylococcus aureus e induzem resistência às penicilinas mais simples.
B. 
Isolados que são resistentes ao tratamento com vancomicina.
Isolados resistentes à vancomicina (VRSA) são raros, em decorrência da aquisição do gene vanA.
C. 
c) Isolados que apresentam fator de agregação.
O fator de agregação está presente em todos os S. aureus sendo um fator de virulência, mas não de resistência aos antimicrobianos.
D. 
Isolados de S. aureus que possuem a proteína PBP2a.
MRSA (Staphylococcus aureus resistentes à meticilina) possuem uma proteína com o sítio-alvo para antimicrobianos beta-lactâmicos modificada e que se torna resistente ao tratamento com penicilina sintéticas.
E. 
Isolados de S. epidermidis produtores de biofilmes.
S. epidermidis são conhecidos por essa habilidade de produzir biofilmes, porém o termo MRSA se refere aos Staphylococcus aureus resistentes à meticilina.
Aula 3.1 - Enterobactérias
Desafio
As infecções do sistema urinário são um dos processos infecciosos frequentes na população, variando sua incidência de acordo com fatores, como gênero, hospitalização e idade. As causas desses processos infecciosos são principalmente bacterianas, sendo que os principais grupos de patógenos são os cocos gram-positivos e os bacilos gram-negativos.
Desse modo, responda aos seguintes questionamentos:
a) Qual a sua suspeita de bactéria isolada na urina?
b) Como você pode confirmar a espécie bacteriana suspeita?
c) Qual a relação dessa bactéria com infecções urinárias?
Resposta
a) Aproximadamente 80% das infecções urinárias são causadas por enterobactérias. Essas bactérias são bacilos gram-negativos que se desenvolvem em meio ágar MacConkey. A evidência de colônias grandes, opacas, secas e de cor rosa intensa em meio ágar MacConkey indicam suspeitas de Escherichia coli, principal uropatógeno.
b) A confirmação deve ser realizada por teste de fermentação da glicose em meios como o TSI (triple sugar iron). Se for positiva, indica tratar-se de uma entrobactéria. Para confirmação da espécie E. coli é necessária a avaliação do perfil metabólico. Podem-se utilizar os meios de cultura: ágar citrato de Simmons, ágar fenilalanina, SIM (sulfeto-indol-motilidade), ágar lisina, ágar ureia de Christensen, ou o meio Rugai, entre outros.
c) A espécie E. coli é a principal bactéria causadora de infecções urinárias, sendo isolada em 70% dos casos. O principal hábitat dessa espécie é o sistema gastrointestinal, fazendo parte da microbiota humana. Pela proximidade do trato gastrointestinal e genital feminino, essas bactérias podem ser facilmente translocadas para a uretra e algumas cepas possuem a capacidade de expressar estruturas de adesão aos tecidos e produção de citotoxinas, as quais permitem a invasão da bexiga e o desenvolvimento de processos infecciosos.
Exercícios
1. 
Em condições específicas, as espécies de enterobactérias podem ser relacionadas a uma grande diversidade de processos infecciosos. Abaixo estão listadas algumas condições infecciosas. Selecione a opção em que há menor probabilidade de a causa ser uma enterobactéria.
A. 
Pneumonias.
Em pneumonias na comunidade, a espécie Klebisella pneumoniae pode ser encontrada em até 3% dos casos. Já nas pneumonias associadas à ventilação mecânica, diversas espécies podem ser relacionadas (ex.: E. coli, Enterobacter, Klebsiella).
B. 
Meningites.
Em crianças recém-nascidas, a E. coli é uma das principais causas de meningite.
C. 
Gastroenterites bacterianas.
As enterobactérias são classicamente relacionadas ao trato gastrointestinal, havendo espécies que são patogênicas, como Salmonella spp., Shigella spp., Yersinia enterocolitica e algumas cepas de E. coli.
D. 
Faringites.
Apesar de eventualmente serem isoladas na orofaringe, as enterobactérias não causam infecções como faringites.
E. 
Infecções de feridas.
Em virtude da ampla distribuição, as enterobactérias podem infectar feridas abertas.
2. 
Selecione abaixo a alternativa CORRETA com características das enterobactérias.
A. 
Oxidase negativa.
As enterobactériasnão possuem citocromo oxidase C, apresentando resultado negativo no teste de oxidase.
B. 
Não reduzem nitratos.
São redutoras de nitratos a nitritos. A presença de nitrito em amostras de urina é um indicativo de infecção por enterobactérias.
C. 
Metabolismo não fermentador.
As enterobactérias são diferenciadas dos demais bacilos gram- -negativos por apresentarem metabolismo fermentativo ácido.
D. 
Cocos gram-positivos.
Os gêneros e as espécies de enterobactérias possuem formato bacilar e parede gram-negativa.
E. 
Não possuem motilidade.
Uma das características das enterobactérias é de possuir flagelos.
3. 
Qual das espécies de enterobactérias abaixo é considerada um patógeno intestinal obrigatório?
A. 
Escherichia coli.
É a principal enterobactéria da microbiota humana, pois apenas algumas cepas podem causar infecções, não sendo patógeno obrigatório.
B. 
Klebsiella pneumoniae.
É considerado um patógeno oportunista dos tratos urinário e respiratório. Encontrada principalmente em solos, também pode compor a microbiota intestinal.
C. 
Shigella sonnei.
Sua presença gera o quadro de disenteria bacilar, ou shigelose, uma infecção importante do trato gastrointestinal. A transmissão se dá pelo consumo de alimentos contaminados.
D. 
Enterobacter cloacae.
Pode ser encontrado na microbiota intestinal, em frutas, vegetais e água. É considerado um patógeno oportunista dos tratos urinário e respiratório.
E. 
Proteus mirabillis.
É encontrado principalmente nos solos, podendo fazer parte da microbiota intestinal. É um patógeno oportunista do trato urinário.
4. 
O meio ágar MacConkey é um dos meios de escolha para isolamento de enterobactérias, devido à seleção de gram-negativos sem exigências nutricionais. Esse meio permite a diferenciação de bactérias pela fermentação da lactose (colônias rosa). Selecione abaixo a alternativa que apresenta apenas enterobactérias que apresentam colônias rosa em ágar MacConkey.
A. 
Shigella flexneri, Enterobacter sp., Citrobacter diversus.
As espécies de Shigella são lactose negativa. Citrobacter apresentam reação tardia, após 24 horas.
B. 
Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Enterobacter sp.
Os três gêneros são considerados o principal grupo de fermentadores da lactose.
C. 
Shigella flexneri, Salmonella sp., Yersini enterocolitica.
Os três gêneros não possuem capacidade de fermentar a lactose.
D. 
Escherichia coli, Providencia stuartii, Proteus mirabillis.
Os gêneros Providencia e Proteus possuem algumas semelhanças e não fermentam lactose.
E. 
Klebsiella oxytoca, Morganella morgani, Serratia marcescens.
As espécies de Morganella são lactose negativa. Serratia apresentam reação tardia.
5. 
Algumas cepas de Escherichia coli podem ser causa de diarreias. Selecione abaixo a resposta mais adequada.
A. 
 As cepas enterotoxigênicas levam a um quadro de diarreia grave com colite hemorrágica.
As infecções com cepas enterotoxigênicas levam a um quadro de diarreia intensa, entretanto sem destruição tecidual.
B. 
As cepas enteropatogênicas são a principal causa de diarreia em adultos ou “diarreia do viajante”.
As cepas enteropatogênicas são relacionadas à diarreia em crianças.
C. 
A toxina da cepa entero-hemorrágica pode levar ao quadro de falência renal.
A presença da toxina Shiga tipos 1 ou 2 pode levar a síndrome hemolítica-urêmica e falência renal.
D. 
A toxina Shiga é o mecanismo patogênico da cepa enterotoxigênica.
As cepas enterotoxigênicas apresentam uma exotoxina ou enterotoxina que causam a hipersecreção de líquidos da mucosa intestinal.
E. 
Cepas enteroinvasivas são as principais colonizadoras da nossa microbiota.
As cepas enteroinvasivas compartilham semelhanças com Shigella e, quando presentes no intestino, invadem a mucosa epitelial causando diarreia.
Aula 3.2 - Streptococcus Beta-hemolíticos
Desafio
A sepse é uma das manifestações mais graves de uma infecção generalizada, caracterizada por sintomas sistêmicos e elevada mortalidade. A sepse puerperal é aquela ocorrida após o parto, sendo causa importante de morte materna. As bactérias frequentemente associadas são aquelas que normalmente colonizam a microbiota materna.
Nesse contexto, uma paciente de 20 anos foi transferida dois dias após o parto sem intercorrências para um hospital de alta complexidade por suspeita de sepse. A paciente foi internada em unidade de terapia intensiva com quadro de sepse severa e síndrome do choque tóxico. No momento da internação foram coletados dois frascos de hemocultura que evidenciaram crescimento do mesmo microrganismo. A paciente foi tratada com penicilina e clindamicina, sobreviveu e teve alta após 20 dias de internação.
Abaixo estão as imagens das colônias em ágar sangue da bactéria obtida das hemoculturas, assim como uma coloração de Gram da colônia.
Desse modo, você foi desafiado a responder aos seguintes questionamentos:
a) Qual a sua suspeita de bactéria isolada?
b) Como você pode confirmar a espécie bacteriana suspeita?
c) O que explica as complicações apresentadas?
Resposta
a) A imagem apresenta cocos gram-positivos em cadeia, sugestivo de estreptococos, e na placa de ágar sangue é possível evidenciar uma zona de hemólise total do tipo beta. Duas espécies de estreptococos beta-hemolíticos são associados às complicações puerperais: S. agalactiae, associado a infecções em recém-nascidos e mulheres pós-parto, e S. pyogenes, associado a endometrite e bacteremias pós-parto.
b) A diferenciação das espécies S. pyogenes e S. agalactiae pode ser realizada pela avaliação de diversos testes. Sendo os achados do S. pyogenes sensibilidade à bacitracina, teste de PYR positivo, aglutinação com grupo A de Lancefield, resistência ao sulfametoxazol- -trimetropima, e teste de CAMP negativo. E os achados do S. agalactiae, teste de CAMP positivo, teste de PYR negativo, aglutinação com grupo B de Lancefield e resistência ao sulfametoxazol-trimetropima.
c) Provavelmente ocorreu uma infecção por S. pyogenes, pois este pode causar a síndrome semelhante ao choque tóxico pela liberação de exotoxinas pirogênicas que agem como superantígenos e induzem liberação maciça de citocinas e mediadores inflamatórios. O tratamento instituído é adequado, uma vez que até o momento consideramos os S. pyogenes e S. agalactiae sensíveis às penicilinas e com baixa resistência à clindamicina. Cabe ressaltar que, embora menos frequente, há relatos de quadros da síndrome semelhante ao choque tóxico causadas por isolados de S. agalactiae.
Exercícios
1. 
A sorologia de Lancefield permite a identificação de importantes estreptococos por meio da avaliação do tipo de antígeno de parede celular expresso pela bactéria. Selecione abaixo a alternativa que indica o antígeno presente em Streptococcus agalactiae.
A. 
Grupo A
Os antígenos do grupo A são relacionados ao Streptococcus pyogenes.
B. 
Grupo B
Os antígenos do grupo B são relacionados ao Streptococcus agalactiae.
C. 
Grupo C
Os antígenos do grupo C são relacionados ao Streptococcus dysgalactiae e Streptococcus equi.
D. 
Grupo F
Os antígenos do grupo F são relacionados ao grupo anginosus (S. anginosus, S. constellatus, S. intermedius).
E. 
Grupo G
O antígeno do grupo G é relacionado ao Streptococcus dysgalactiae sub. equisimilis.
2. 
Os estreptococos do grupo A possuem diversos fatores que contribuem para sua virulência e abaixo estão relacionados alguns. Selecione qual é considerado o principal e possibilita a tipagem de isolados.
A. 
Estreptolisina S.
É uma hemolisina não antigênica, que induz a morte de diversos tipos celulares.
B. 
Estreptolisina O.
É uma hemolisina antigênica, lábil ao oxigênio que induz a morte de diversos tipos celulares. Também produzidas por estreptococos do grupo C e G.
C. 
Proteína M.
São projeções extracelulares que permitem sobrevivência à fagocitose e morte de leucócitos. A análise da sequência de aminoácidos permite a tipagem em mais de 124 genótipos conhecidos. Alguns tipos são mais relacionados a doenças pós- -estreptocócicas.
D. 
Cápsula.
A cápsula de ácido hialurônico é um importante fator de virulênciapara adesão aos tecidos e evasão da opsonização.
E. 
Exotoxinas pirogênicas.
São relacionados aos quadros de escarlatina e síndrome semelhante ao choque tóxico.
3. 
Os estreptococos do grupo B (S. agalactiae) são importantes causas de infecções em recém-nascidos, sendo indicada a pesquisa de gestantes portadoras. Selecione abaixo a alternativa que indica os materiais que devem ser pesquisados para colonização.
A. 
Swab vaginal.
O canal vaginal é um importante sítio de colonização transitória do estreptococo do grupo B, porém o principal sítio de colonização é a porção baixa do intestino e reto.
B. 
Swab anal.
A porção baixa do intestino e reto é o principal sítio anatômico de colonização, porém isolados estão presentes também no canal vaginal.
C. 
Swab de pele.
A colonização da pele por estreptococos ocorre principalmente pelo grupo A.
D. 
Swab vaginal e anal.
O canal vaginal é um importante sítio de colonização transitória do estreptococo do grupo B, e a porção baixa do intestino e reto é considerada o principal reservatório desta bactéria.
E. 
Swab anal e de pele.
Swab de pele não é recomendado, visto que não é reservatório do estreptococo do grupo B.
4. 
Foi isolado um estreptococo do exudato de um paciente com faringite, porém ele não aglutinou-se com o grupo A de Lancefield e apresentou sensibilidade ao sulfametoxazol-trimetropima. Selecione abaixo qual o grupo bacteriano que você considera mais provável de ser relacionado ao caso.
A. 
S. pneumoniae, pois não apresenta antígenos de Lancefield.
Apesar de não apresentarem antígenos de Lancefield e serem colonizantes da orofaringe, não são relacionados às faringites.
B. 
S. agalactiae, que apresenta antígenos do grupo B.
Não são relacionados às faringites, e a orofaringe não é seu reservatório. São resistentes ao sulfametoxazol-trimetropima.
C. 
Streptococcus dysgalactiae sub. equisimilis, que apresenta antígenos do grupo C e G.
São sensíveis ao sulfametoxazol-trimetropima e são associados a condições infecciosas, como faringites, bacteremias e endocardites, entre outras.
D. 
Enterococcus sp., que apresentam antígenos do grupo D.
Não são relacionados às faringites, e a orofaringe não é seu reservatório. São resistentes ao sulfametoxazol-trimetropima.
E. 
 Grupo viridans, pois não apresenta antígenos de Lancefield.
São os principais integrantes da microbiota da orofaringe e não estão relacionados às faringites. O grupo anginosus pode apresentar antígenos de Lancefield (A, D, F e G).
5. 
O teste de CAMP é utilizado para identificação presuntiva de estreptococos do grupo B. Selecione abaixo a alternativa que está CORRETA a respeito do teste.
A. 
 Somente estreptococos do grupo B apresentam teste positivo.
A espécie de bacilos gram-positivos Listeria monocytogenes também apresenta fator CAMP positivo.
B. 
O teste deve ser executado em conjunto com uma bactéria hemolítica, como o Streptococcus pyogenes.
Para execução do teste é necessária a inoculação em conjunto com uma cepa de Staphylococcus aureus produtora de beta- -hemólise.
C. 
Resultados de resistência à bacitracina podem substituir o teste de CAMP.
Não. Diversas espécies podem apresentar resistência à bacitracina, e somente testes específicos, como a sorologia de Lancefield ou a produção de pigmento em meios específicos, são indicados para substituição do teste de CAMP.
D. 
O fator CAMP é uma proteína que inibe a hemólise em ágar sangue.
O fator CAMP é uma proteína que amplifica a zona de hemólise do Staphylococcus aureus em ágar sangue.
E. 
Detecta a presença de uma proteína que interage com a beta- -hemolisina do Staphylococcus aureus.
O fator CAMP é uma proteína que amplifica a zona de hemólise do Staphylococcus aureus em ágar sangue. Em testes positivos é observada uma zona clara na região de aproximação das duas bactérias.
Aula 4.1 - Streptococcus pneumoniae e grupo Viridans
Desafio
As pneumonias são condições infecciosas que acometem os pulmões. As causas são diversas (bactérias, vírus, fungos e parasitas) e a definição da etiologia do processo infeccioso é determinante para uma abordagem terapêutica adequada e direcionada.
Desse modo, responda aos seguintes questionamentos:
a) Visto que o escarro é uma amostra do trato respiratório inferior que é contaminada pela passagem pela via respiratória superior e boca, como você poderia confirmar que esta bactéria isolada é relevante?
b) Como você poderia confirmar qual a espécie bacteriana presente?
c) Quais complicações, além do derrame pleural, podem ocorrer secundárias a uma pneumonia por esta bactéria?
Resposta
a) A avaliação microbiológica de escarro deve ser cuidadosa, uma vez que para a obtenção espontânea do muco da árvore brônquica obrigatoriamente haverá passagem pela via respiratória superior e contaminação com a microbiota residente. Nos exames microbiológicos de escarro é sugerida a avaliação da qualidade da amostra por observação no bacterioscópico. A observação de muco e mais de 25 leucócitos por campo de 100 vezes são indicativos de amostra adequada, enquanto que a observação de mais de 10 células epiteliais é um indicativo de contaminação. Na imagem em aumento de 100 vezes, pode ser observado o muco corado de rosa ao fundo, dois leucócitos indicados pela flecha e diplococos gram-positivos sugestivos de pneumococo.
b) A observação de colônias alfa-hemolíticas (com zona esverdeada) no ágar sangue é frequente em amostras de escarro e, para sua identificação, devemos primeiramente realizar o teste da catalase, que, para os estreptococos, deverá ser negativa. Para identificação da espécie S.pneumoniae, devemos avaliar um dos seguintes testes: optoquina sensível, bile-solubilidade positiva ou reação de Quellung positiva.
c) As infecções por S. pneumoniae podem evoluir para quadros severos. Estima-se que 25% dos casos apresentam bacteremia e a mortalidade nestes casos é de 30%. A partir de uma bacteremia estabelecida, pode ocorrer endocardite, meningite e artrite séptica.
Exercícios
1. 
Os estreptococos alfa-hemolíticos são extremamente relacionados, e a identificação das espécies é um desafio mesmo para as técnicas mais avançadas, sendo que, entre os testes fenotípicos, o teste de solubilidade em bile é considerado o mais confiável. Selecione abaixo qual o mecanismo detectado por esse teste.
A. 
Mutação de uma H - ATPase transmembrana.
ATPase transmembrana é o alvo da optoquina. Mutações estão relacionadas a raros isolados de S. pneumoniae resistentes à optoquina.
B. 
Ativação da autolisina LytA.
A autolisina LytA é uma enzima conservada e presente em todos os isolados de S. pneumoniae. Em contato com desoxicolato, a autólise é aumentada.
C. 
Composição de polissacarídeos capsulares.
Todos isolados infecciosos possuem cápsulas de polissacarídeos que podem possuir dezenas de composições. Os testes com antissoros são utilizados para identificação destes polissacarídeos.
D. 
Sensibilidade ao sulfametoxazol-trimetropima.
Esse teste é utilizado para identificação dos estreptococos beta- -hemolíticos. Os estreptococos do grupo alfa-hemolíticos são considerados sensíveis ao sulfametoxazol-trimetropima.
E. 
Detecção da pneumolisina.
A pneumolisina é uma citotoxina liberada pelo S. pneumoniae. Alguns testes moleculares foram utilizados para o genePly. Porém outras espécies relacionadas também podem apresentar este gene.
2. 
O teste da sensibilidade à optoquina é frequentemente utilizado na diferenciação dos estreptococos grupo viridans e de Streptococcus pneumoniae. Para realização deste teste, a incubação deve ser realizada em atmosfera rica em CO2. Selecione abaixo a alternativa que justifica essa afirmação.
A. 
Incubações em aerobiose podem resultar em falsa sensibilidade.
Os estreptococos se desenvolvem melhor em atmosfera pobre em O2. Caso ocorra a incubação em aerobiose, a ação inibitória do oxigênio pode induzir a inibição de crescimento pela optoquina.
B. 
Incubações em aerobiose podem induzir falsa resistência.
Em atmosfera rica em O2, o S. pneumoniae pode não se desenvolver no meio de cultura.C. 
Os estreptococos apenas apresentam hemólise em anaerobiose.
A ação de hemolisinas é mais intensa em anaerobiose, porém este fato não interfere no teste da optoquina.
D. 
Estreptococos são fermentadores homoláticos.
Os estreptococos patogênicos possuem metabolismo exclusivamente fermentador lático, portanto são anaeróbios facultativos.
E. 
Estreptococos possuem catalase.
Uma característica do gênero Streptococcus é a ausência da enzima catalase e da citocromo oxidase.
3. 
A espécie Streptococcus pneumoniae é considerada a principal causa de mortes por doenças prevenidas por vacinação. Selecione abaixo qual a estrutura utilizada como alvo para as vacinas disponíveis atualmente.
A. 
Proteína de membrana PspA.
É uma proteína com potencial imunogênico e essencial para a capacidade de virulência.
B. 
Antígenos flagelares.
Os estreptococos não possuem motilidade.
C. 
Lipopolissacarídeo A.
Essa estrutura é presente na membrana externa da parede celular de bactérias gram-negativas.
D. 
Ácidos teicoicos.
Os ácidos teicoicos são componentes da parede celular de gram- -positivos e são antígenos para reconhecimento de alguns estreptococos.
E. 
Polissacarídeos capsulares.
Os diversos açucares que compõem a cápsula do S. pneumoniae são essenciais para o desenvolvimento de infecções. Vacinas são direcionadas para os sorotipos mais frequentes.
4. 
Os estreptococos do grupo viridans são intensamente relacionados à ocorrência de endocardites. Selecione abaixo a alternativa que possui menor relação com esse quadro infeccioso. ​​​​​​​
A. 
Higiene bucal precária.
Esses microrganismos são os principais colonizantes da orofaringe e é frequente a associação de endocardites com higiene precária.
B. 
Procedimentos cirúrgicos dentários.
Traumas na orofaringe induzem a bacteremias transitórias por estes microrganismos.
C. 
Doença valvar.
Doença valvar preexistente associada a uma bacteremia transitória são fatores de risco para endocardite.
D. 
Paciente submetido à quimioterapia do câncer.
As lesões na mucosa em decorrência da quimioterapia induzem a bacteremias.
E. 
Infecções virais respiratórias.
Infecções virais no trato respiratório são um fator de risco para o desenvolvimento de pneumonias por S. pneumoniae.
5. 
Selecione abaixo a alternativa que cita corretamente processos infecciosos associados ao Streptococccus pneumoniae.
A. 
Cárie dentária, pneumonias e artrite.
Os estreptococos do grupo viridans, especialmente S. mutans, são relacionados às etapas inicias da cárie dentária.
B. 
Artrite, bacteremia e cistites.
Não é associado às infecções urinárias.
C. 
Pneumonias, meningites e gastroenterites.
Não é associado às infecções intestinais.
D. 
Sinusites, otites e meningites.
É uma das causas de infecções dos seios da face em associação com outros microrganismos, assim como otites de ouvido médio e meningites.
E. 
Otites, cistites e bacteremias.
Não é associado às infecções urinárias.
Aula 4.2 - Pseudomonas, Acinetobacter e bactérias relacionadas
Desafio
As infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) são conceituadas como aquelas que se manifestam após 48 horas da admissão em serviços de saúde. As IRAS ocorridas em unidades de terapia intensiva (UTI) são graves, uma vez que os pacientes são portadores de doenças severas, são submetidos a procedimentos invasivos e há seleção de bactérias resistentes aos antimicrobianos pelo uso prolongado desses fármacos. Neste contexto, avalie o caso abaixo:
Paciente, sexo masculino, 65 anos , diagnóstico de acidente vascular cerebral isquêmico, internado em UTI. Após 6 dias evolui com piora, sendo necessária intubação traqueal e ventilação mecânica. No dia seguinte foi isolado Escherichia coli, >105 UFC/mL, na urina da sonda vesical e imediatamente iniciado tratamento com ciprofloxacino. No 10º dia foi obtido aspirado de secreção traqueal para cultura havendo crescimento de 106 UFC/mL em ágar sangue e ágar MacConkey de uma bactéria identificada como Pseudomonas aeruginosa. Abaixo está o perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos observado:
Amicacina – Resistente
Aztreonam – Resistente
Ceftazidima – Resistente
Cefepima – Resistente
Ciprofloxacino – Resistente
Imipenem – Resistente
Piperacilina+Tazobactam – Resistente
Em virtude do perfil de resistências, o paciente foi tratado empiricamente com polimixina, porém o paciente evoluiu para óbito no 14º dia de internação. Deste modo, responda aos seguintes questionamentos:
a) Quais achados e testes podem ter sido realizados para a identificação do isolado como sendo Pseudomonas aeruginosa?
b) Quais eventos ocorridos favoreceram a presença da bactéria na secreção traqueal?
c) Qual o motivo de quantificar estas bactérias no aspirado de secreção traqueal?
Resposta
a) Na coloração de Gram, Pseudomonas aeruginosa se apresenta como bacilos gram negativos retos. A espécie se desenvolve na maioria dos meios de cultura, sendo as colônias em ágar sangue grandes, de cor cinza-esverdeada (aspecto metálico), e em ágar MacConkey, grandes, lactose negativa de cor verde e odor frutificado. Esses achados associados ao teste de oxidase positiva permitem a identificação presuntiva desta espécie, entretanto podem ser realizados testes adicionais para confirmação, como a observação de crescimento a 42°C, presença de motilidade e desnitrificação de nitratos e nitritos.
b) As Pseudomonas são o gênero de bacilo gram-negativo não fermentador mais frequentemente isolado em amostras clínicas, sendo que as infecções costumam ocorrer em locais com maior umidade, como as vias respiratórias. Esta bactéria apresenta distribuição ampla nos solos, águas e plantas, sendo com frequência encontrada contaminando dispositivos e soluções no ambiente hospitalar. A contaminação de tubos de respiradores é um importante meio de transmissão. Esta bactéria possui um estreito espectro de agentes para tratamento de infecções e pode transportar plasmídios com múltipla resistência, o que leva ao surgimento de isolados com resistência a todos os antimicrobianos testados. O uso prévio de antimicrobianos promove a seleção de bactérias resistentes, como as Pseudomonas.
c) A secreção traqueal é um espécime clínico obtido do trato respiratório de pacientes em ventilação mecânica. Em virtude da presença do tubo endotraqueal, as secreções orais acabam por contaminar a secreção traqueal e as culturas realizadas deste material frequentemente apresentam uma grande diversidade de microrganismos. Em virtude deste fato e de que pacientes ventilados sofrem infecções mesmo por bactérias do ambiente ou da microbiota humana é necessário que sejam utilizadas técnicas quantitativas para avaliação das bactérias isoladas. Pontos de corte ≥106 UFC/mL aumentam a especificidade, mas reduzem a sensibilidade, sendo que estes microrganismos devem ser identificados e ter o teste de sensibilidade aos antimicrobianos realizado. Pontos de corte de ≥105 UFC/mL podem ser utilizados, porém com baixa especificidade.
Exercícios
1. 
A família das Pseudomonas é ampla, sendo subdividida em grupos de acordo com a homologia RNAr/DNA. Porém uma característica permite a diferenciação de Pseudomonas aeruginosa das demais. Selecione abaixo a resposta que indica essa característica.
A. 
Positividade para citocromo oxidase.
A família das Pseudomonas compreende em sua maioria espécies com motilidade e oxidase positiva.
B. 
Presença de pigmento que se difunde no ágar.
Pseudomonas aeruginosa produz um pigmento azulado que se difunde no ágar, denominado piocianina, o qual não é produzido pelas demais Pseudomonas.
C. 
Presença de flagelos polares.
A família das Pseudomonascompreende em sua maioria espécies com motilidade e oxidase positiva.
D. 
Fermentação e oxidação da glicose.
A P. aeruginosa possui a capacidade de oxidação de açúcar, mas, assim como as demais bactérias semelhantes, não fermenta açucares.
E. 
Resistência à polimixina.
As Pseudomonas são sensíveis à polimixina, porém algumas espécies podem sofrer alterações em decorrência da intensa exposição aos antimicrobianos e adquirir resistência.2. 
A P. aeruginosa produz várias substâncias que favorecem a colonização e infecção de hospedeiros. Selecione abaixo qual afirmação é CORRETA a respeito desses elementos.
A. 
Expressão de alginato permite a invasão dos tecidos.
O alginato é um polissacarídeo relacionado à formação de biofilmes, o que facilita a adesão ao epitélio pulmonar e protege da ação de antimicrobianos e sistema imune.
B. 
Os lipopolissacarídeos permitem maior resistência aos antimicrobianos.
São exotoxinas relacionadas aos quadros de sepse.
C. 
A piocianina inibe outras bactérias e reduz atividade ciliar respiratória.
É uma bacteriocina que facilita a colonização de hospedeiros e também anula a atividade ciliar, causando lesões oxidativas no tecido respiratório.
D. 
A leucocidina produz adesão à superfície epitelial.
Atua inibindo a função de neutrófilos e linfócitos.
E. 
A exotoxina A atua na inibição da fagocitose.
Atua causando destruição tecidual pela inibição da síntese de proteínas.
3. 
A maioria das infecções por BGN-NF é relacionada à hospitalização ou a doenças crônicas de base, porém algumas síndromes infecciosas, como a melioidose e o mormo, podem acometer indivíduos na comunidade que forem expostos aos agentes infecciosos. Selecione abaixo qual afirmativa CORRETA que cita os agentes da melioidose e mormo, respectivamente.
A. 
Burkholderia pseudomallei e Burkholderia mallei.
As espécies Burkholderia pseudomallei e Burkholderia mallei possuem como reservatórios o solo ou animais infectados, sendo que a inalação ou contato com animais pode resultar em infecção mesmo após prolongado tempo de incubação.
B. 
Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter baumannii.
Ambos são relacionados intensamente a infecções hospitalares.
C. 
Burkholderia mallei e Stenotrophomonas maltophilia.
Stenotrophomonas maltophilia é encontrada como parte da microbiota, porém está sendo considerada um patógeno oportunista hospitalar.
D. 
Complexo Burkholderia cepacia.
É causa de infecções oportunistas em pacientes com doença granulomatosa crônica.
E. 
Pseudomonas putida e complexo Burkholderia cepacia.
Ambas são associadas a infecções em pacientes com doenças de base.
4. 
A espécie Stenotrophomas maltophilia é uma integrante da família das < i> , porém pode ser facilmente diferenciada das demais em virtude de apresentar qual característica abaixo?
A. 
Teste de oxidase positiva.
Stenotrophomas maltophilia é uma das poucas < i> oxidase negativa.
B. 
Motilidade negativa.
Assim como todas as < i>, é motilidade positiva.
C. 
Resistência à polimixina.
Stenotrophomas maltophilia é intrinsecamente sensível à polimixina, sendo esta informação utilizada para diferenciação do complexo Burkholderia cepacia, que é intrinsecamente resistente.
D. 
Teste de DNAse positiva.
O teste da DNAse é utilizado para identificação presuntiva de Stenotrophomas maltophilia, uma vez que as demais < i> mais frequentes são negativas neste teste.
E. 
Presença de pigmento verde.
As colônias frequentemente apresentam coloração amarelo-pálida ou cinza.
5. 
A espécie Acinetobacter baumannii é associada a infecções hospitalares, porém o isolamento desta em amostras de líquido cefalorraquidiano e de secreção uretral podem ser erroneamente identificado como Neisseria em virtude de frequentemente as células apresentarem morfologia de cocos gram-negativos. Nessa situação, qual característica abaixo apresentada pode identificar corretamente o isolado como sendo Acinetobacter baumannii?
A. 
Teste de DNAse positiva.
Assim como as Neisseria, o A. baumanni não produz DNAse.
B. 
Motilidade positiva.
Entre os BGN-NF, são uns dos poucos motilidade negativa.
C. 
Fermentação da glicose e lactose.
Não possuem metabolismo fermentativo.
D. 
Ausência de crescimento em ágar MacConkey.
As colônias de A. baumanni crescem em ágar MacConkey, apresentando uma pigmentação levemente rosa.
E. 
Teste de oxidase negativa.
Ao contrário das Neisseria e Moraxella, o Acinetobacter apresenta resultado negativo no teste de oxidase.
Aula 5.1 - Neisseria e Moraxella
Desafio
As doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) são condições infecciosas transmitidas de uma pessoa para outra por meio do contato sexual. São condições muito comuns; estima-se que, anualmente, 500 milhões de pessoas são infectadas por alguma DST, e há uma grande diversidade de agentes infecciosos relacionados (vírus, bactérias, parasitas e fungos). Muitas condições podem se apresentar assintomáticas, o que dificulta o diagnóstico e facilita a disseminação das doenças, enquanto outras apresentam um quadro clínico característico. Nesse contexto, avalie o caso a seguir:
Responda aos seguintes questionamentos:
a) A imagem A apresenta os achados presentes no bacterioscópico por Gram. Indique o que está sendo observado.
b) Após a coleta, o swab foi imediatamente inoculado em meio ágar Thayer-Martin e incubado por 48 horas, 35°C em atmosfera de 5% de CO2. Esse procedimento está correto? Justifique.
c) Na cultura houve crescimento de colônias pequenas. Indique os testes de identificação e os resultados esperados para o caso.
Resposta
a) Na imagem são visualizados diversos leucócitos polimorfonucleares (seta 1) e diplococos gram-negativos intracelulares (seta 2). As células bacterianas apresentam um formato que lembra “grãos de café” ou “riniformes”. Tais achados são sugestivos de gonococo.
b) O procedimento citado está correto, uma vez que o paciente apresenta suspeita de gonorreia. O agente etiológico, Neisseria gonorrhoeae, é uma bactéria extremamente sensível ao dessecamento e a alterações de temperatura, portanto, as amostras devem ser mantidas em swabs com meios de cultura ou imediatamente inoculadas em meios de cultura específicos. A espécie N. gonorrhoeae é uma exigente nutricional apenas crescendo em meios ricos em cisteína. O meio ágar Thayer-Martin é basicamente um ágar chocolate acrescido de antimicrobianos para crescimento seletivo de Neisseria, indicado para cultura de amostras não estéreis com as de secreções genitais. Apesar de serem microrganismos aeróbicos, a incubação em atmosfera rica em CO2 facilita seu crescimento, assim como a atmosfera, que deve ser mantida úmida.
c) O meio Thayer-Martin é seletivo para Neisseria; assim sendo, toda colônia é suspeita. Há grande diversidade de morfologia, sendo em geral de tamanho pequeno, brilhantes e elevadas. Algumas ficam fortemente aderidas ao ágar devido à produção de fímbrias. Nos testes da oxidase e catalase, apresentam resultados positivos, sendo negativo para DNAse.
Exercícios
1. 
Na rotina de microbiologia clínica, alguns isolados de gram-negativas não fermentadoras, como Acinetobacter baumannii, podem ter aspecto semelhante às Neisseria. Selecione o teste indicado para diferenciação.
A. 
a) Morfologia ao Gram.
O gênero Acinetobacter compreende cocobacilos gram-negativos que podem se apresentar como cocos gram-negativos.
B. 
b) Teste da catalase.
Ambos os gêneros compreendem bactérias catalase positiva.
C. 
c) Teste de oxidase.
O gênero Neisseria compreende bactérias oxidase-positivas, enquanto os Acinetobacter são alguns dos poucos gram-negativos não fermentadores oxidase-negativos.
D. 
d) Crescimento em ágar chocolate.
O ágar chocolate é um meio enriquecido de onde provêm as condições necessárias para isolamento dessas bactérias.
E. 
e) Presença de flagelos.
Acinetobacter e Neisseria compreendem bactérias sem motilidade, nenhuma das duas apresenta flagelos.
2. 
Algumas espécies do gênero Neisseria e a espécie Moraxella catarrhalis são consideradas os únicos cocos gram-negativos verdadeiros, ou seja, que não se apresentam com aspecto bacilar ao serem expostos a concentrações subinibitórias de penicilina. Selecione qual característica é indicada para sua diferenciação.
A. 
a) Resultado da DNAse.
As Moraxella apresentam positividade nesse teste, e as Neisseria são negativas.
B. 
b) Teste de oxidase.
Neisseria e Moraxella são bactérias oxidase-positivas.
C. 
c) Teste de catalase.
Neisseria e Moraxella são bactérias catalase-positivas.
D. 
d) Crescimentoem ágar Thayer-Martin.
Apesar de o meio Thayer-Martin ser um meio seletivo para Neisseria, algumas Moraxella e outros gêneros com menor suscetibilidade aos antimicrobianos da sua composição podem crescer.
E. 
e) Crescimento em ágar sangue.
Moraxella se desenvolve bem em meio ágar sangue, assim como algumas espécies de Neisseria menos exigentes.
3. 
As colônias de Neisseria podem apresentar grande variedade de aspecto, isto é, de pequenas, brilhantes e elevadas até colônias grandes, achatadas e opacas. Essa variedade se deve à intensidade de um fator de virulência bem reconhecido. Selecione a alternativa que indica esse fator.
A. 
a) Polissacarídeo capsular.
Cepas de N. meningitidis frequentemente são encapsuladas, existindo 13 sorogrupos (principais: A, B, C, X, Y e W-135), impedindo que os leucócitos destruam a bactéria.
B. 
b) Lipo-oligossacarídeos.
São componentes similares aos lipopolissacarídeos na parede externa das demais bactérias gram-negativas. São associados à indução de resposta inflamatória e evasão da ação bactericida do soro.
C. 
c) Proteína OPA.
É proteína da membrana externa que gera adesão e fixação aos tecidos.
D. 
d) Fímbrias.
As fímbrias são projeções que permitem adesão às células do hospedeiro. Isolados com intensa expressão apresentam colônias pequenas e brilhantes, aderidas ao meio de cultura, enquanto isolados com baixa ou nenhuma expressão apresentam colônias opacas e planas.
E. 
e) IgA protease.
Essa enzima atua clivando as imunoglobulinas IgA1 e facilitando o estabelecimento de processos infecciosos.
4. 
A meningite causada pela Neisseria meningitidis é uma infecção de caráter epidêmico pela rápida disseminação na população. Atualmente há vacinas disponíveis a fim de erradicar o estado portador de alguns grupos capsulares. Selecione a alternativa que indica o reservatório dessa bactéria.
A. 
a) Mucosa genital humana.
Neisseria pode ser encontrada como colonizante da mucosa genital ou mesmo causando infecções, mas não é o reservatório da espécie N. meningitidis.
B. 
b) Epitélio da nasofaringe humana.
O principal reservatório da N. meningitidis é a nasofaringe de humanos, fixando-se às células do epitélio e fazendo parte da microbiota. Normalmente, de 2 a 20% das pessoas são portadoras assintomáticas e, em epidemias, até 100% dos indivíduos podem ser portadores.
C. 
c) Animais domésticos.
Apenas o homem é reservatório de N. meningitidis.
D. 
d) Trato respiratório inferior.
O trato respiratório inferior é considerado estéril.
E. 
e) Trato gastrintestinal.
Apesar da grande diversidade da microbiota do tubo digestivo, a Neisseria não é encontrada nesse ambiente.
5. 
A espécie Moraxella catarrhalis é encontrada como parte da microbiota humana, podendo ser causa de infecções respiratórias oportunistas. Selecione que condição infecciosa é menos relacionada a essa bactéria.
A. 
a) Bronquites.
Acomete principalmente pacientes idosos com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). É a apresentação mais frequente no trato respiratório.
B. 
b) Sinusites.
Em amostras de aspirado de seio maxilar de crianças com sinusite, a M. catarrhalis pode ser isolada em 2 a 16% dos casos.
C. 
c) Pneumonias.
Pacientes idosos com doença pulmonar obstrutiva crônica são os grupos de risco para pneumonias por M. catarrhalis.
D. 
d) Otites.
Principalmente em crianças, pode ser a causa de até 11% das otites de ouvido médio.
E. 
e) Artrites.
Raramente a M. catarrhalis é associada à infecção disseminada com presença da bactéria na corrente circulatória. Achados de cocos gram-negativos em líquido sinovial são fortemente associados com Neisseria. Porém, ao menos dois casos na literatura relatam o isolamento de M. catarrhalis em artrites, sendo então necessária sempre a identificação da espécie isolada.
Aula 5.2 - Bacillus, Listeria e Corynebacterium
Desafio
As doenças transmitidas pelos alimentos (DTAs) são, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um dos principais problemas de saúde pública. Há muitas DTAs e algumas se destacam pelas graves consequências da infecção.
Responda:
a) Como pode ter sido realizada a identificação do isolado bacteriano?
b) Como o paciente pode ter entrado em contato com o microrganismo e quais as possíveis formas de transmissão dessa bactéria?
c) Qual a relação entre a infecção por HIV e a listeriose?
Resposta
a) A Listeria monocytogenes cresce em ágar sangue com colônias branco-acinzentadas com hemólise fraca. Na coloração de Gram são evidenciados bacilos curtos gram-positivos. As colônias são catalase-positivas, com motilidade, e resultado positivo no teste de CAMP. Esses achados são suficientes para uma identificação presuntiva da espécie.
b) Essa bactéria pode ser colonizadora de uma grande variedade de animais, assim como do solo e dos alimentos. Geralmente, a transmissão se dá pela ingestão de alimentos de origem animal contaminados, o que é uma possível via de transmissão do caso, uma vez que houve a manifestação de sintomas gastrintestinais dias antes de a bacteremia ser diagnosticada. Outra importante via de transmissão é de gestante para feto, que pode ocorrer dentro do útero ou pela passagem no canal vaginal de mulheres contaminadas.
c) A L. monocytogenes é um patógeno intracelular com capacidade de invadir as células do hospedeiro. O principal mecanismo de eliminação é via resposta imunológica celular, que está prejudicada em pacientes infectados pelo vírus HIV. A listeriose é uma doença que acomete principalmente crianças recém-nascidas, idosos e pacientes imunodebilitados.
Exercícios
1. 
Colônias de Listeria monocytogenes e Streptococcus agalactiae são muito semelhantes em ágar sangue, sendo essencial a capacidade de diferenciação dessas duas bactérias. Qual alternativa cita o teste que pode ser utilizado para fazer a diferenciação?
A. 
a) Crescimento em anaerobiose.
Ambas as espécies têm metabolismo facultativo.
B. 
b) Teste da catalase.
L. monocytogenes apresenta catalase positiva e Streptococcus são negativos para catalase.
C. 
c) Teste de CAMP.
Ambas as espécies apresentam resultado positivo no teste de CAMP.
D. 
d) Hidrólise do hipurato.
Ambas as espécies são positivas para hidrólise do hipurato.
E. 
e) Beta-hemólise.
As colônias são muito parecidas em ágar sangue, com produção de zona fraca de hemólise beta ao redor da colônia.
2. 
O gênero Corynebacterium é composto por uma grande diversidade de bactérias que se apresentam como células em formato de clava e catalase positiva. A diferenciação das espécies é problemática, mas podem ser facilmente diferenciadas da Listeria devido a uma característica. Selecione a alternativa que indica essa característica.
A. 
a) Motilidade negativa.
O teste mais recomendado para diferenciação de Corynebacterium e Listeria é a observação da ausência de motilidade dos Corynebacterium.
B. 
b) Produção de endósporos.
Os bacilos esporulados são os gêneros Bacillus e Clostridium.
C. 
c) Parede celular gram-positiva.
Ambos apresentam parede celular gram-positiva.
D. 
d) Urease positiva.
Algumas espécies de Corynebacterium apresentam urease, mas não é uma característica do gênero.
E. 
e) Teste de CAMP.
Alguns isolados de Corynebacterium podem apresentar positividade.
3. 
A espécie Corynebacterium diphtheriae é a mais patogênica do grupo, sendo causa da difteria. Selecione a afirmativa CORRETA a respeito dessa bactéria.
A. 
a) A bactéria é transmitida pela ingestão de alimentos contaminados.
O C. diphtheriae tem como reservatório a nasofaringe e a pele humana, sendo transmitido por contato, principalmente com secreções respiratórias de hospedeiros contaminados.
B. 
b) O principal fator de virulência é o endósporo bacteriano.
Essa bactéria não é esporulada e seu fator de virulência é uma toxina.
C. 
c) A profilaxia da difteria é realizada com antimicrobianos para eliminação do estado portador.
Ocorrem isolados com e sem produção de toxina. Apenas produtores de toxinas são considerados causa de infecção. A imunização com vacinas para o toxoide diftérico reduz muito o isolamento de

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