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Álgebra Linear 3._ Transformações Multilineares Pág. 1 TEORIA DOS DETERMINANTES Permutações Dado um conjunto com n objectos todos distintos, define-se permutação de n como o número de grupos que se podem constituir com os n objectos, diferindo uns dos outros pela ordem dos seus elementos. Pn = n (n-1) (n-2) (n-3) ... 1 = n! Consideremos o conjunto A = {1 2 3} O número de permutações que se podem constituir com os 3 elementos do conjunto é igual a 3!= 3 * 2 * 1 = 6. Os grupos que se podem formar diferindo uns dos outros pela ordem dos seus elementos são : (1 2 3) (1 3 2) (2 1 3) (2 3 1) (3 1 2) (3 2 1) À permutação (1 2 3) em que os seus elementos se dispõem na ordem natural, dá-se o nome de permutação principal. Em qualquer permutação, se 2 elementos estão dispostos na ordem natural, diz-se que fazem uma permanência. Na permutação (1 3 2), o elemento 1 está antes do elemento 2. Os elementos 1 e 2 constituem uma permanência. Se numa permutação dois elementos não estão dispostos na ordem natural, diz-se que constituem uma inversão. Na permutação (1 3 2) os elementos 3 e 2 constituem uma inversão. CLASSE DE UMA PERMUTAÇÃO Para se obter a classe de uma permutação efectuam-se trocas entre elementos consecutivos até se reconstruir a permutação principal. Se o nº de inversões é par, a permutação é de classe par. Se o nº de inversões é ímpar, a permutação é de classe ímpar. Com n elementos obtém-se n! permutações, sendo 2 !n de classe par e 2 !n de classe ímpar. Álgebra Linear 3._ Transformações Multilineares Pág. 2 Definição de determinante Determinante de uma matriz de ordem n é o somatório dos seus termos. O termo de um determinante de ordem n é o produto de n elementos da matriz quadrada de tal forma que nesse produto entre um e um só elemento de cada linha e de cada coluna. Um termo é positivo ou negativo consoante a permutação que lhe dá origem é de classe par ou ímpar. Determinante de 2ª ordem Seja A uma matriz quadrada de 2ª ordem. = 2221 1211 aa aa A Representa-se o determinante da matriz A por det A ou |A|. Então 2221 1211det aa aa A = Os termos de um determinante obtêm-se efectuando as permutações possíveis entre linhas ou entre colunas. Efectuando as permutações entre colunas fixando as linhas vemos que com os elementos 1 e 2 podem efectuar-se as permutações (1,2) e (2,1). Fixando as linhas teremos (a11 a22) e (a12 a21) Sendo a permutação (1,2) de classe par o termo (a11 a22) é positivo; sendo a permutação (2,1) de classe ímpar o termo (a12 a21) é negativo. Deste modo o valor do determinante de 2ª ordem é dado por : 21122211 2221 1211det aaaa aa aa A −== Nota: na prática multiplicam-se os elementos da diagonal principal e subtrai-se-lhe o produto dos elementos da diagonal secundária. Álgebra Linear 3._ Transformações Multilineares Pág. 3 Determinante de 3ª ordem Consideremos a matriz quadrada de 3ª ordem, matriz [A]. O determinante respectivo vem: 333231 232221 131211 aaa aaa aaa A = Agora fixamos as linhas e efectuamos as permutações entre as colunas 1, 2, 3. Temos assim 6 permutações: (1 2 3); (2 3 1); (3 1 2); (3 2 1); (1 3 2); (2 1 3). Abstraindo do sinal e fixadas as linhas obtemos os seis termos do determinante: (a11 a22 a33) (a12 a23 a31) (a13 a21 a32) (a13 a22 a31) (a11 a23 a32) (a12 a21 a33) Os três primeiros termos são positivos e os três últimos são negativos. Deste modo o valor do determinante é dado por : |A| = a11 a22 a33 + a12 a23 a31 + a13 a21 a32 − − a13 a22 a31 − a11 a23 a32 − a12 a21 a33 Menor de um determinante É o determinante que se obtém de um determinante dado suprimindo o mesmo número de linhas e de colunas. Se um determinante é de ordem n, suprimindo p linhas e p colunas, obtém-se um determinante de ordem (n - p) que é um menor do determinante dado. Álgebra Linear 3._ Transformações Multilineares Pág. 4 Menor complementar de um elemento Chama-se menor complementar de um elemento aik de um determinante, ao determinante que se obtém, suprimindo a linha e a coluna a que pertence esse elemento (linha i e coluna k). Se um determinante é de ordem n, o menor complementar é de ordem (n - 1). Representa-se o menor complementar de aik por Mik. Complemento Algébrico de um elemento É igual ao menor complementar ou ao seu simétrico, consoante a soma dos índices do elemento é par ou ímpar. Representa-se o complemento algébrico de aik por Aik. Desta forma temos que Aik = (-1)i+k Mik Menor principal Um menor diz-se principal se a diagonal é constituída por elementos principais do determinante dado. Álgebra Linear 3._ Transformações Multilineares Pág. 5 Teorema de Laplace Um determinante é igual à soma dos produtos dos elementos de uma fila (linha ou coluna) pelos respectivos complementos algébricos. Consideremos um determinante de 3ª ordem 333231 232221 131211 aaa aaa aaa A = Aplicando a Regra de Sarrus obtemos o valor do determinante. |A|=a11a22a33+a12a23a31+a13a21a32−a13a22a31−a11a23a32−a12a21a33 |A|=a11(a22a33−a23a32) +a12(a23a31−a21a33)+a13(a21a32−a22a31) 3231 2221 13 3331 2321 12 3332 2322 11 aa aa a aa aa a aa aa aA ⋅+⋅−⋅= |A|=a11A11 +a12A12+a13A13 Qualquer que seja a ordem do determinante e qualquer que seja a linha ou coluna, procede-se de igual modo. Aplicando o Teorema de Laplace baixa-se a ordem do determinante. Cálculo abreviado de um determinante A aplicação sucessiva do Teorema de Laplace permite-nos determinar o valor de um determinante de qualquer ordem. Trata-se porém de um processo moroso, basta atender a que de um determinante de 5ª ordem se obtêm 5 determinantes de 4ª ordem e consequentemente 20 determinantes de 3ª ordem. Álgebra Linear 3._ Transformações Multilineares Pág. 6 Antes de se aplicar o Teorema de Laplace a um determinante de ordem n, reduzem-se a zero (n-1) elementos de uma fila, de acordo com as propriedades dos determinantes; a este processo dá-se o nome de Cálculo Abreviado. Corolário do Teorema de Laplace Se num determinante multiplicarmos os elementos duma fila pelos correspondentes complementos algébricos de outra fila paralela, a soma obtida é nula. Seja ijaD = (i, j = 1, 2, ... n), temos: 0 1 = = = ∑nk k jkAika Teorema de Laplace generalizado Todo o determinante é igual à soma algébrica dos produtos que se obtêm multiplicando todos os menores de ordem p, contidos em p filas paralelas, pelos correspondentes complementos algébricos. Álgebra Linear 3._ Transformações Multilineares Pág. 7 Matriz Adjunta Matriz adjunta de uma matriz é a matriz transposta da matriz que se obtém substituindo cada elemento pelo respectivo complemento algébrico. Seja A uma matriz quadrada de ordem n A = nnanana naaa naaa L LLLL L L 21 22221 11211 A matriz adjunta, que se representa por Adj A, vem: Adj A = nnAnAnA naAA nAAA L LLLL L L 21 22212 12111 Se multiplicarmos a matriz A pela sua adjunta A ⋅ Adj A = nnanana naaa naaa L LLLL L L 21 22221 11211 ⋅ nnnn n n AAA AAA AAA L LLLL L L 21 22212 12111 ++++++ ++++++ ++++++ = nnAnnanAnanAnnaAnanAnnaAnannAnanAanAnaAanAnaAa nnAnanAanAnaAanAnaAa LLLL LLLL LLLL LLLL 1122111111 2121222121121121 1111212111111111 Os elementos da diagonal principal são todos iguais a det A (Teorema de Laplace). Os restantes elementos são todos nulos (Corolário do Teorema de Laplace). Temos assim: Álgebra Linear 3._ Transformações Multilineares Pág. 8 A ⋅ Adj A = A A A det00 0det0 00det L LLLL L L A ⋅ Adj A = det A ⋅ I ⇒ A-1 ⋅ A ⋅ Adj A = A-1 ⋅ det A ⋅ I ⇒ Adj A = A-1 ⋅ det A adjA A A ⋅=− det 11 Álgebra Linear 3._ Transformações Multilineares Pág. 9 Determinante Simétrico Diz-se que um determinante é simétrico, quando os elementos simetricamente dispostos em relação à diagonal principal são iguais. 29133 13146 365 Determinante Hemi-Simétrico Diz-se que um determinante é hemi-simétrico, se os elementos dispostos simetricamente em relação à diagonal principal são simétricos e os elementos principais são nulos. 043 402 320 − − − Propriedade Qualquer determinante hemi-simétrico de ordem ímpar é nulo. Matriz Regular É a matriz quadrada cujo determinante é diferente de zero. 07 302 132 121 ≠=⇒ − = AA Matriz Singular É a matriz quadrada cujo determinante é igual a zero. 0 053 132 121 =⇒ − = BB Álgebra Linear 3._ Transformações Multilineares Pág. 10 Derivada de um determinante A derivada do determinante de A, atendendo à definição de determinante, obtém-se aplicando as regras de derivação da soma e do produto. Considere-se um determinante de 2ª ordem 21122211 2221 1211 aaaa aa aa A −== Aplicando as regras de derivação vem )'21(1221)'12()'22(1122)'11( aaaaaaaaAdx d −−+= = )'22()'21( 1211 2221 )'12()'11( aa aa aa aa + Álgebra Linear 3._ Transformações Multilineares Pág. 11 EQUAÇÕES LINEARES Consideremos o sistema de n equações lineares e n incógnitas: =+++ =+++ =+++ nnnnnn nn nn bxaxaxa bxaxaxa bxaxaxa L LLLLLLLLLLL L L 2211 22222121 11212111 Na forma matricial, pode-se escrever: AX = B ⇒ X = A-1B ⇒ BadjA A X ⋅⋅= det 1 Esta expressão pode ser escrita: ⋅ = nb b b nnAnAnA nAAA nAAA A nx x x M L LLLL L L M 2 1 21 22212 12111 det 12 1 Desenvolvendo este produto, matricialmente, obtem-se: )2211(det 1 .............................................................. )2222112(det 1 2 )1221111(det 1 1 nbnnAbnAbnAAn x nbnAbAbAA x nbnAbAbAA x +++= +++= +++= L L L de onde se conclui: Álgebra Linear 3._ Transformações Multilineares Pág. 12 nnanana naaa naaa nbnana baa baa nx nnanana naaa naaa nnananb naab naab x L LLLL L L L LLLL L L L L LLLL L L L LLLL L L 21 22221 11211 21 22221 11211 21 22221 11211 2 2222 1121 1 == Se num sistema cuja matriz é A, det A ≠ 0, o sistema diz-se de Cramer. Regra de Cramer Num sistema de Cramer, o valor de cada incógnita é igual ao quociente entre dois determinantes. O determinante denominador é o determinante do sistema, o numerador obtém-se do denominador substituindo a coluna dos coeficientes da incógnita que se quer determinar, pelos termos independentes depois de transpostos ao segundo membro. Resolução de um sistema de equações lineares pelo método dos determinantes. Dado um sistema de m equações e n incógnitas, procura-se o maior determinante em ordem, que se pode extrair da matriz do sistema, e que seja diferente de zero, a que se dá o nome de determinante principal do sistema. Vamos representá-lo por p∆ . Álgebra Linear 3._ Transformações Multilineares Pág. 13 Classificação das equações e incógnitas As equações cujos coeficientes estão representados no determinante principal, chamam-se equações principais. As restantes equações (se as houver) são equações não principais. As incógnitas cujos coeficientes estão representados no determinante principal, chamam-se incógnitas principais. As restantes incógnitas (se as houver) são incógnitas não principais. Determinante Característico Chama-se determinante característico, e representa-se por c∆ , ao determinante que se obtém orlando o determinante principal com uma linha e uma coluna. A linha é constituída pelos coeficientes correspondentes de uma equação não principal. A coluna é constituída pelos termos independentes correspondentes. Há tantos determinantes característicos quantas as equações não principais. Teorema: • Se todos os determinantes característicos são nulos, ou não existem, o sistema é compatível. • O sistema é determinado se todas as incógnitas são principais; e indeterminado se há incógnitas não principais. • Se alguns dos determinantes característicos é diferente de zero, o sistema é impossível.
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