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Dificuldades de Aprendizagem Na Leitura e na Escrita

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Dificuldades de Aprendizagem Na Leitura e na Escrita
Para entendermos o que impede que a criança aprenda a ler e escrever precisamos considerar que a escrita é um produto da evolução histórica cultural da humanidade, é um sistema organizado e para dominá-lo a criança precisa compreendê-lo. Sabendo-se que a escrita é uma prática de cultura, e que existem vários fatores culturais envolvidos no seu processo de aprendizagem.
Do ponto de vista do sujeito que aprende, existem diferentes períodos de desenvolvimento determinantes para se abordar o processo de aprendizagem do ensino da escrita e da leitura. Sabemos que hoje, do ponto de vista biológico, há um fator complicador na forma como o cérebro processa a linguagem, com áreas de especialização para as diversas dimensões da linguagem.
Partindo do pressuposto de que quando a criança não corresponde positivamente ao processo de aprendizagem de ler e escrever, é importante ressaltar mesmo que falar, ler e escrever, sejam ações que estejam relacionadas, pertencem a naturezas distintas.
O ato de falar possível pela genética da espécie humana, o desenvolvimento da fala é construído por essa mesma capacidade genética. O ser humano é capaz de desenvolver essa habilidade da oralidade, ou seja, falar ou se expressar através de gestos, no caso de Libras e tantos outros sistemas de linguagem de sinais.
A escrita por sua vez, requer um pouco mais de complexidade, pois não se realiza através da herança genética, tende a ser construída. A escrita pressupõe o domínio de duas habilidades simultâneas; ler e escrever, que envolvem aspectos distintos no seu desenvolvimento, mas são interdependentes uma da outra.
Um individuo pode saber uma língua e não necessariamente ser capaz de escrevê-la ou Lê-la, a menos que passe por um processo de aprendizagem para cada uma dessas habilidades.
Na maioria das vezes o insucesso dessa aprendizagem é dado à criança ou a família. Alguns especialistas apontam a escola, e na maior parte das vezes o culpado apontado é quase sempre o professor. Para compreender o que impede a criança de aprender, é preciso analisar a relação entre educa dor mediada pelo conhecimento, essa relação é construída a apartir de experiências culturais, que podem coincidir ou não entre os dois, para cada individuo envolvido nesse processo de aprendizagem, está diretamente expostos a cultura da escola em que está inserido, o contexto macro em que se insere a escola, pois a aprendizagem não se da no vazio, é uma realização individual, por interação com o outro e o meio social; portanto um processo complexo, muitas vezes a não aprendizagem se dá porque o método de ensino não se adéqua aos processos de desenvolvimento em que a criança se encontra, não considerando o individuo em seu desenvolvimento cultural.
Ou seja, não se considera a língua escrita como um sistema estruturado e complexo, que demanda o domínio de diferentes habilidades nas dimensões que o compõem, levando em consideração essa complexidade, a avaliação surge como um eixo norteador fundamental que precisa ser analisado cuidadosamente, uma vez que é determinante para que haja êxito ou insucesso exclusão da criança do ambiente escolar.
“Toda criança pode aprender a ler e a escrever, mas não em qualquer situação. Está claro hoje, que toda criança pode aprender. Mas esta claro também, que não e em qualquer situação que o ser humano aprende. Mas ainda, não há uma mesma situação para todas as crianças” (Souza Lima, 2006, p.5).
O fator facilitador no processo de aprendizagem pode ser o link entre as experiências culturais do individuo; com as estratégias e métodos utilizados para a evolução do processo de ensino. A aprendizagem necessita passar por esse processo de adequação do conhecimento prévio, como imagens, questões que o individuo se colocaram, palavras e fatos á novos conhecimentos, para assim adquirir uma nova informação de como executar uma nova tarefa ou atividade.
“É importante lembrar que o aluno não é só uma cabeça que aprende, mas um corpo todo” (Souza Lima, 2006, p.7).
A questão crucial do ensino escolarizado da criança quanto à escrita é a avaliação que se aplica a aprendizagem da leitura e escrita. Normalmente se leva muito em conta o que a criança não foi capaz de realizar, o que não significa que ela não saiba, e sim o resultado do conhecimento que emerge do contexto em que ela está inserida.
“A antropologia da Educação nos revela que o espaço da sala de aula é carregado de significados para o educando. A sala de aula é um contexto em que a avaliação está sempre presente, como plano de fundo. (Souza Lima, 2006,p.6).
O entendimento sobre as dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita não pode ser considerado de uma forma universal, uma vez que abrange uma series de diferentes fatores a cada individuo. Dificuldade de aprendizagem não significa incapacidade de aprender, pois existe uma infinidade de espaços onde a aprendizagem pode ocorrer.
Normalmente no ato da leitura os olhos se movem rapidamente em movimentos de ida e volta se fixando no inicio e fim de cada palavra, a construção dessa palavra é feita no cérebro, incluindo, para isso, o armazenamento de imagens relacionadas, o conhecimento léxico (imagens, sinônimos, antônimos, vocabulários, experiências).
Sendo assim o cérebro preenche a palavra de acordo com o que se tem registrado sobre a imagem na memória que se tem da palavra. Por esse processo desencadeado é que observamos algumas crianças que quando estão aprendendo a ler e a escrever uma determinada palavra a escrevem como se fala ou com a ausência de alguma silaba ou troca de algum grafema, por ter um som similar ao de outro grafema.
Partindo desse raciocínio, o importante é um trabalho direto com a criança no conceito da construção da palavra, interligando imagem, a memória ou experiência que a criança já possua. Para então apresentar à escrita e a leitura da mesma. Porem há necessidade que se repita diversas vezes , com exemplos variados para que haja o aprendizado adequado.
Independente do método utilizado para a alfabetização (ensino da leitura e escrita) há aptidões que a criança necessita obter para que tenha sucesso na aprendizagem e fazer uso da escrita e da leitura na vida cotidiana e na escola. Pois a aptidão em uma das partes compromete o bom desenvolvimento da outra, que apesar de distintas esta interligadas.
“Por exemplo, um desenvolvimento léxico pobre compromete o desenvolvimento da dimensão semântica e tem implicações importantes no domínio da sintaxe e da prosódia da língua” (Souza Lima, 2006,p.11).
A linguagem escrita é um sistema complexo, como acabam de ser descrita, que entrelaça diversas vias, todas precisam ser trabalhadas desde o inicio do processo ensino=aprendizagem, embora a criança participe do processo como um todo, ela necessita da participação ativa e continua do educador, principalmente a respeito de conhecimentos ou fatos do qual ela desconhece e não possue experiências anteriores com determinados sistemas simbólicos.
Sendo assim a aprendizagem da escrita está interligada a um trabalho intencional, organizado e continuo do docente, e esse trabalho deve levar em consideração a parte estruturada da língua.
“Para escrever é preciso ter um acervo de recursos, e ter o que dizer sobre o assunto, para ler, é preciso ter um acervo de recursos que permita compreender o texto” (Souza Lima, 2006, p.15).
Para poder ler e escrever a criança necessita construir significados, ou seja, fazer a relação simbólica em seu cérebro. Uma das mais significativas manifestações das capacidades humanas, que é simbolizar, uma das mais ricas para o processo de ensino-aprendizagem.

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