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Petição Inicial Dano Moral

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Prévia do material em texto

SAN TIAGO DANTAS QUENTAL 
ADVOGADOS ASSOCIADOS 
AV. NILO PEÇANHA, 12 - GRUPO 421 – CEP 20020-100 – RIO DE JANEIRO – RJ – BRASIL 
TEL.(21) 2524-7137 – 2544-4902 – FAX: (21) 2524-1186 – E-MAIL: quental@quental.com.br 
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da Vara Cível da Comarca da Capital do 
Estado do Rio de Janeiro 
 
 
GRERJ Eletrônica nº 50924931473-03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ALI AHAMAD KAMEL ALI HARFOUCHE, brasileiro, 
casado, jornalista, portador da carteira de identidade nº 05.442.996-4, 
expedida pelo IFP/RJ, inscrito no CPF sob o nº 807.667.067-53, 
domiciliado nesta cidade, onde reside na Avenida Vieira Souto, nº 344, 
apartamento 401, Ipanema, vem, por seu advogado abaixo assinado (doc. 
1), propor 
 
AÇÃO ORDINÁRIA DE 
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL 
 
contra MIGUEL GOMES BARBOSA DO ROSÁRIO, brasileiro, 
jornalista, inscrito no CPF sob o nº 076.488.967-29, domiciliado nesta 
cidade, onde poderá ser citado na Rua do Resende, nº 99/806, Centro, pelos 
motivos e para os fins adiante expostos. 
 
3
Página 2 de 35 
 
SÍNTESE DA CONTROVÉRSIA 
 
1. O autor é jornalista de destaque, também formado em 
ciências sociais, e, atualmente, ocupa o importante cargo de diretor geral de 
jornalismo e esportes da TV GLOBO. 
 
2. O réu, também jornalista, mantém na internet, com o 
endereço virtual www.ocafezinho.com, um “blog de análise política”, 
denominado O CAFEZINHO (doc. 2). 
 
3. Ao descrever a “linha editorial” do seu blog, o réu sustenta 
que “Ninguém em sã consciência pode ser tão apaixonado por uma 
ideologia que a ponha acima do bom senso, da ética, do respeito mútuo 
entre serem humanos”. E conclui: “A linha editorial deste blog, portanto, é 
formada por esses valores: bom senso, ética e respeito.” (doc. 2). 
 
4. O réu, no entanto, deixando de lado os propalados “bom 
senso, ética e respeito”, atacou o autor de forma sórdida, ao publicar em 
seu blog, no dia 16 de janeiro de 2013, um post com o título “As taras de 
Ali Kamel” (doc. 3), repleto de mentiras e ofensas. 
 
5. Com efeito, a pretexto de comentar a condenação de um 
colega blogueiro a pagar ao autor indenização por dano moral, o réu, em 
atitude insensata, antiética e desrespeitosa, postou na internet o insultuoso 
artigo adiante transcrito: 
 
“Lembro-me como se fosse ontem quando o Cloaca fez 
uma descoberta incrível. Havia um Ali Kamel na 
4
Página 3 de 35 
 
década de 80 que protagonizara filmes pornográficos, 
entre eles o clássico, O Solar das Taras Proibidas. 
Além de ser homônimo do todo-poderoso diretor de 
jornalismo das Organizações Globo, ele era 
absolutamente igual! Mesmo rosto, mesmo tom de 
pele, mesmo formato de cabeça. E a juventude do ator 
batia com a idade atual do jornalista. 
O Cloaca publicou o post com o vídeo, sem mais 
comentários, sem sequer mencionar o Ali Kamel da 
Globo. Era uma piada pronta. Uma piada inocente, 
mas poderosa e engraçadíssima, por razões que me 
recuso a dar, porque são óbvias, numerosas, e fazê-lo 
equivaleria a escrever uma tese sobre as piadas de 
português. Posso ser um blogueiro meio prolixo. Não 
quero também ser um chato de galochas! 
Algo tão engraçado naturalmente logo se espalhou 
pela internet. Virou uma espécie de meme da 
blogosfera. E agora eu fico sabendo que, anos depois, 
o nosso querido blogueiro Rodrigo Vianna, 
responsável pelo blog O Escrevinhador, é condenado 
pela justiça a pagar uma indenização a Ali Kamel por 
danos morais! Razão: Vianna teria difamado Ali 
Kamel ao publicar em seu blog que este trabalhara 
em filmes ‘adultos’ na juventude. 
Ali Kamel pode acusar quem quiser, mas a Justiça 
aceitar tal disparate, e condenar Vianna por causa de 
um chiste de humor totalmente inocente como este, me 
parece uma perseguição política (não muito) velada. 
Mais que isso, parece um ataque hediondo ao humor 
político e à liberdade de expressão. 
Mais uma vez, vemos a Justiça desempenhando o 
triste papel de empregadinha dos poderosos. Ali 
Kamel mostrou-se indigno de ser comparado a um 
profissional da indústria pornográfica. O Ali Kamel 
do filme ‘adulto’ é que deveria nos processar por 
compará-lo a um sacripanta. 
É inacreditável que o diretor de jornalismo da 
empresa que comete todo o tipo de abuso contra a 
democracia, contra a dignidade humana, a empresa 
que se empenha dia e noite para denegrir a imagem 
do Brasil, aqui e no exterior, cujos métodos de 
5
Página 4 de 35 
 
jornalismo fazem os crimes de Ruport (sic) Murdoch 
parecerem estrepolias (sic) de uma criança mimada, 
pretenda processar um blogueiro por causa de um 
chiste! 
Entendo que todos nós blogueiros devemos ser 
extremamente prudentes quando acusamos uma 
pessoa. Se Rodrigo tivesse acusado Kamel – sem 
provas – de surrupiar ipads do escritório da Globo, eu 
acharia justo que fosse condenado por danos morais. 
Não é o caso. A condenação não é apenas injusta, é 
insensata, arbitrária e antidemocrática. Espero, pelo 
bem da fé que tenho na justiça, que seja revertida. 
Vianna já avisou que irá recorrer, o que faz muito 
bem. 
O problema é que tudo isso implica em altas despesas 
advocatícias, as quais constituem uma espécie de 
penalidade. 
Vianna tem toda a solidariedade do Cafezinho. Mais 
ainda. O episódio deveria incentivar os blogueiros 
progressistas a se organizarem numa espécie de 
associação, para se defenderem de ataques sórdidos 
como esse. Uma associação também facilitaria a 
obtenção de contratos de publicidade e patrocínio, 
pois se um blog oferece pequena quantidade de visitas, 
duzentos blogs podem oferecer duzentas vezes mais. 
Farei um post amanhã amadurecendo melhor a ideia. 
Enquanto pensam no assunto, relaxem assistindo a 
ardente performance do nosso querido Ali Kamel! O 
verdadeiro, o ator; não o sacripanta reacionário e 
golpista.” (cf. http://www.ocafezinho.com/2013/01/16/ 
as-taras-de-ali-kamel/ – sem grifos no original – doc. 
3) 
 
6. Como se vê, o réu, agindo com enorme leviandade, xingou 
o autor de “sacripanta reacionário e golpista”, acusou-o de cometer “todo 
o tipo de abuso contra a democracia” e “a dignidade humana”, de se 
empenhar “dia e noite para denegrir a imagem do Brasil, aqui e no 
exterior” e de utilizar “métodos de jornalismo” que “fazem os crimes de 
6
Página 5 de 35 
 
Ruport (sic) Murdoch parecerem estrepolias (sic) de uma criança 
mimada”. 
 
7. Como se não bastasse, o réu ainda afirmou que a Justiça 
seria “empregadinha dos poderosos”, procurando, assim, desmerecer a 
vitória do autor na ação acima referida — que seria um “disparate” — e, 
ao mesmo tempo, questionar a probidade do Poder Judiciário, que estaria 
promovendo “uma perseguição política” e um “ataque hediondo ao 
humor político e à liberdade de expressão”. 
 
8. Tais aleivosias, obviamente, não podem ficar impunes, pois 
constituem abuso do direito de manifestação do réu e causam profundo 
dano moral ao autor. 
 
9. Por essas razões e mais aquelas adiante alinhadas, o autor se 
vê obrigado a vir a Juízo, em defesa da sua honra, da sua imagem, do seu 
nome e da sua reputação, a fim de pleitear a condenação do réu ao 
pagamento da justa reparação do dano moral que causou com o 
irresponsável artigo “As taras de Ali Kamel”. 
 
ANTECEDENTES DA LIDE 
 
10. No início do segundo semestre de 2009, o blog denominado 
CLOACA NEWS – AS ÚLTIMAS DO JORNALISMO DE ESGOTO (E DOS 
COLIFORMES FAVORITOS DA IMPRENSA GOLPISTA) 
(http://cloacanews.blogspot.com), iniciou uma desleal campanha para 
7
Página 6 de 35 
 
difamar o autor, espalhando na internet o vexatório boato de que ele teria 
estrelado um filme pornográfico na década de 1980. 
 
11. Com efeito, no dia 16 de agosto de 2009 o CLOACA NEWSpublicou, sob o título “AS TARAS PROIBIDAS DE ALI KAMEL”, um 
vídeo com trecho do filme pornográfico SOLAR DAS TARAS PROIBIDAS, 
acompanhado da seguinte descrição: “Um (sic) tia ninfomaníaca e suas 
sobrinhas estão de luto por causa da morte de um cachorro. Diretor de 
famosa rede de TV e seu amigo pilantra fingem que são primos e vão 
consolá-las. Entre os pontos altos da película, a magistral interpretação do 
galã no take ‘isso, gostosa!’ e o momento em que ele, no afã de arrastar a 
moça para o matinho, discorre sobre a moralidade...” (cf. 
http://cloacanews.blogspot.com.br/2009/08/as-taras-proibidas-de-ali-kamel. 
html – doc. 4 – sem destaque no original). 
 
12. No caso, é evidente que o CLOACA NEWS, de má-fé, com a 
intenção de constranger o autor, lhe atribuiu expressamente uma carreira 
pretérita de ator de filme pornográfico. Afinal, o único ALI KAMEL 
conhecido por ser “Diretor de famosa rede de TV” é o autor. 
 
13. Nos meses seguintes, a campanha difamatória promovida 
pelo CLOACA NEWS ganhou a entusiasmada adesão do jornalista e também 
blogueiro RODRIGO DE LUIZ BRITO VIANNA, que havia sido subordinado do 
autor na TV GLOBO, até seu contrato não ser renovado, após avaliação de 
desempenho normal em qualquer grande empresa, quando, então foi 
trabalhar para uma rede de televisão concorrente. 
 
8
Página 7 de 35 
 
14. De fato, em um período de mais de um ano o jornalista 
RODRIGO DE LUIZ BRITO VIANNA publicou diversos posts em seu blog, 
denominado ESCREVINHADOR (http://www.rodrigovianna.com.br), 
insinuando falsamente que o autor teria estrelado o filme pornográfico 
SOLAR DAS TARAS PROIBIDAS. 
 
15. Saliente-se que o sórdido rumor foi espalhado de má-fé, 
pois qualquer jornalista que desejasse cumprir a ética de sua profissão teria 
plenas condições de apurar que o autor não atuou em SOLAR DAS TARAS 
PROIBIDAS ou em qualquer outro filme, pornográfico ou não. 
 
16. Realmente, não fosse a biografia do autor largamente 
conhecida por todos que trabalham ou trabalharam com ele (caso do 
jornalista RODRIGO DE LUIZ BRITO VIANNA), bem como pela maioria dos 
profissionais da área de comunicação, uma simples pesquisa a fontes 
idôneas e de fácil acesso bastaria para confirmar ou não a veracidade da 
notícia de que ele teria sido ator de filmes pornográficos ou teria um 
homônimo como ator pornô. Por exemplo: o governo federal mantém na 
internet o site http://cinemateca.gov.br, repositório oficial de dados sobre 
todos os filmes nacionais, onde se encontra o detalhamento de toda a ficha 
técnica da obra SOLAR DAS TARAS PROIBIDAS e se constata que o ator que 
atuou naquela película chama-se ALEX KAMEL e não ALI KAMEL (doc. 
5). 
 
17. Ou seja, se houvesse boa-fé, ética e respeito, a absurda 
insinuação de que o autor teria sido ator de filme pornográfico jamais teria 
9
Página 8 de 35 
 
sido publicada pelo CLOACA NEWS e repetida no blog ESCREVINHADOR, do 
jornalista RODRIGO DE LUIZ BRITO VIANNA. 
 
18. Assim, diante dos incessantes e injustificados ataques à sua 
honra, à sua imagem, ao seu nome e à sua reputação, com a propagação do 
difamante rumor sobre sua fantasiosa participação no filme pornográfico 
SOLAR DAS TARAS PROIBIDAS, o autor ajuizou ações de indenização por 
danos morais contra o responsável pelo blog CLOACA NEWS e contra o 
jornalista RODRIGO DE LUIZ BRITO VIANNA, distribuídas, respectivamente, 
aos MM. Juízos da 25ª e da 23ª Varas Cíveis desta Comarca (processos nºs. 
0428252-91.2010.8.19.0001 e 0374279-27.2010.8.19.0001). 
 
19. A ação aforada contra o responsável pelo blog CLOACA 
NEWS, o Sr. WILIANS MIGUEL GOMES DE BARROS, foi julgada procedente, 
por sentença publicada no último dia 09 de setembro de 2013 (doc. 6). 
 
20. Anteriormente, a ação aforada contra o jornalista RODRIGO 
DE LUIZ BRITO VIANNA, responsável pelo blog ESCREVINHADOR, também 
havia sido julgada procedente pelo MM. Juízo da 23ª Vara Cível desta 
Comarca, por sentença cuja parcial transcrição se impõe, para a perfeita 
compreensão daquele caso: 
 
“Importante registrar em um primeiro momento que o 
réu em sua contestação se esforça para identificar uma 
diferença entre os diversos sítios de informação 
jornalística e os ‘blogs’, afirmando que nestes últimos 
é permitida a expressão dos seus autores de maneira 
mais relaxada, satírica e até debochada. 
 
10
Página 9 de 35 
 
Com relação a tal afirmação, devo dizer que todos os 
meios de comunicação escritos ou falados, 
fomentados por jornalistas, sejam eles famosos por 
suas capacidades de enfrentamento crítico das 
notícias ou não, devem se pautar pela verdade, pela 
ética e, acima de tudo, pelo profissionalismo. Não há 
diferenciação em termos de garantias constitucionais 
às espécies de veículos de comunicação existentes e 
que servem para propagar notícias. 
... 
O que está posto para julgamento é a atitude do réu de 
publicar em seu ‘blog’ repetidas vezes notícias 
alusivas à suposta participação do autor em um filme 
pornô e da existência de taras tituladas também pelo 
autor. 
 
Através da leitura destas manifestações é possível 
verificar que, de fato, o réu se valia das expressões 
‘ator pornô’ e ‘taras de Ali Kamel’ sempre que tinha a 
intenção de se referir ao autor ou à empresa na qual o 
mesmo trabalha. 
 
Em contestação o réu afirmou que tais expressões 
revelam um mote ou uma metáfora e que a metáfora 
serve como critica e não para acusar propriamente o 
autor de ser fornicador profissional. 
 
Não é preciso ser jornalista para conhecer os 
conceitos de mote e de metáfora. A segunda se 
fundamenta em uma relação de semelhança e o 
primeiro se refere a um tema. Pois bem, por qualquer 
lado que se olhe, seja pelo lado do mote, seja pelo da 
metáfora vê-se que a intenção do réu era de colocar o 
autor em plano de evidência usando para isso da 
notícia, que é verdade, não fora por ele veiculada, de 
que o autor teria sido ator em um filme pornográfico 
e com esta afirmação fez diversas suposições. 
 
A pergunta que fica é a seguinte: qual o motivo de 
usar estas expressões, voltando ao tema do filme 
pornográfico, repetidas vezes, em contextos diferentes 
11
Página 10 de 35 
 
de notícias? Os documentos trazidos aos autos 
revelam que o réu fez referência à suposta 
participação do autor em um filme pornográfico para 
falar de assuntos que não guardavam relação de 
conexão entre si. 
 
É bastante difícil, diante do contexto dos fatos nesta 
ação, concordar com o réu quando ele afirma que o 
uso das expressões acima serve como crítica ao 
desempenho profissional do autor e não para afirmar 
que ele seja um fornicador profissional. 
 
As informações disponibilizadas no ‘blog do autor 
(sic)’ contém indubitavelmente grande interesse 
público, sendo certo que é absolutamente 
desnecessário fazê-las acompanhar de expressões 
‘ator pornô’ e ‘tara de Ali Kamel’, valendo-se 
repetidas vezes da história lançada por terceira 
pessoa. 
 
Não se trata assim do direito de informar, uma vez que 
este é constitucionalmente assegurado ao autor (sic), 
mas sim de ataques desnecessários, sem fundamento 
na verdade, pois não restou provada a participação do 
autor em tal filme, com o evidente intuito de propagar 
e manter na mídia a falsa notícia, sem qualquer 
ligação com as informações que o réu pretendia 
dispor ao seu público. 
 
Não se pretende com esta sentença que o réu seja 
proibido de lançar críticas ao autor, ao seu trabalho 
ou a empresa para a qual o mesmo trabalha, mas 
apenas e tão somente assegurar que estas críticas 
sejam feitas nos limites do direito de informação. Um 
destes limites é a privacidade e a dignidade das 
pessoas por eles citadas. 
 
E mais: não há qualquer interesse públicorelevante 
ao se propagar a suposta participação do autor em 
um filme pornô. Ao contrário, a atitude do réu revela 
12
Página 11 de 35 
 
unicamente a intenção de fazer piada, constranger e 
expor o autor. 
 
Como afirmei linhas antes o caso dos autos não revela 
a necessidade de se escolher qual valor proteger: o da 
liberdade de imprensa ou o da privacidade ou 
dignidade. A presente ação não está analisando o 
exercício da liberdade de imprensa e sua necessidade 
de um lado e de outro a dignidade do réu. Trata-se 
antes de reconhecer que no desempenho de suas 
atividades jornalísticas o réu deve sempre pautar-se 
pela verdade, pela urbanidade, pela crítica fundada 
em elementos robustos de prova, sem utilizar-se de 
motes ou metáforas desnecessárias e que resultam em 
agressões e ofensas à honra de terceiros. 
 
As diversas menções feitas pelo réu ao autor em seu 
‘blog’ vieram todas acompanhadas da desnecessária 
repetição da história do filme pornográfico, da 
atuação do autor em tal filme, de suas supostas taras, 
enfim, atitude que se não fosse ofensiva seria pueril. 
A postura revela conduta voluntária e culposa, 
porque contrária ao direito a ensejar o devido 
reparo.” (doc. 7 – sem grifos no original). 
 
21. Ressalte-se que a procedência do pedido indenizatório 
formulado pelo autor contra o jornalista RODRIGO DE LUIZ BRITO VIANNA já 
foi confirmada em segunda instância, conforme se infere da fundamentação 
do acórdão a seguir parcialmente transcrita: 
 
“... o caso concreto não aponta, a nosso sentir, sequer 
a hipótese de colisão de tais direitos fundamentais, 
posto que, analisando a indispensável ponderação dos 
bens envolvidos, e seguindo a orientação da 
jurisprudência pelos princípios da unidade da 
constituição, da concordância prática e da 
proporcionalidade, constatamos que o apelante, em 
diversas vezes no seu blog, pretendendo criticar a 
13
Página 12 de 35 
 
conduta profissional do apelado, utiliza de jogo de 
palavras, fazendo trocadilhos e comparações da 
atuação do recorrido com o ator de filme pornô da 
década de 80, que possui nome semelhante, 
extrapolando o âmbito da crítica e atingindo a 
imagem do apelado, renomado jornalista. 
... 
... se é certo que há essa ampla liberdade de criticar, é 
correto também que o seu exercício não é ilimitado. Ao 
se exercitar o direito de crítica, deve-se manter 
pertinência com a obra, atividade ou atitude 
criticados, não sendo permitido que, a pretexto do 
exercício do direito de crítica, sejam atingidas, de 
modo ofensivo, a intimidade, a honra e a imagem da 
pessoa a quem se refira o fato ou a obra sob comento. 
 
A liberdade de crítica é uma liberdade natural. 
Contudo, criticar não é destruir, ofender, injuriar, 
difamar, violentar a dignidade alheia. Conquanto 
exprimir opinião seja um dos direitos mais nobres no 
seio da sociedade, constituindo direito fundamental e 
elemento essencial democrático que garante a livre 
discussão das ideias, constitui abuso de direito a 
crítica veemente e ofensiva contra alguém, 
principalmente, quanto tem cunho pessoal, visando 
denegrir a imagem de terceiro. O direito-dever de 
informar deve ser exercido dentro dos limites do 
razoável. 
... 
Insta salientar que a crítica do apelante ultrapassou o 
limite da informação jornalística, vindo a atingir 
diretamente a pessoa do apelado, uma vez que de 
forma reiterada, por um longo período, fez alusão à 
suposta participação do apelado a filme pornô, 
restando configurado o abuso de direito. 
 
Inquestionável a responsabilidade civil pelos danos 
morais sofridos pelo apelado, uma vez que se mostra 
presente o principal de seus elementos, o atuar ilícito 
por parte do veículo noticioso. O dano moral 
necessariamente pressupõe a lesão ao direito de 
14
Página 13 de 35 
 
personalidade, que no caso se constatou, sobretudo 
porque as insinuações a respeito de suposta 
participação do apelado em filme pornográfico foram 
feitas de forma reiterada por um longo período, o que 
ultrapassa o âmbito da crítica e sem dúvida difama a 
imagem do apelado, conhecido jornalista, e 
ultrapassa o mero dissabor.” (doc. 8 – sem grifos no 
original). 
 
22. Em suma, após detido exame do caso, o Poder Judiciário 
reconheceu, em duas instâncias, que o jornalista RODRIGO DE LUIZ BRITO 
VIANNA abusou ilicitamente da sua liberdade de expressão, ofendendo 
moralmente o autor. 
 
23. O réu, no entanto, sem sequer se informar sobre o processo 
judicial ou ouvir o que o autor tinha a dizer, tomou partido do jornalista 
RODRIGO DE LUIZ BRITO VIANNA e, no dia seguinte ao do julgamento da 
apelação, publicou o post “As Taras de Ali Kamel”, afirmando que “A 
condenação não é apenas injusta, é insensata, arbitrária e 
antidemocrática” (doc. 3). 
 
24. E pior: parte para a agressão pura e simples, acusando 
levianamente o autor de utilizar métodos criminosos, além de qualificá-lo 
de “sacripanta reacionário e golpista”. 
 
25. Ou seja, o réu “esquece” a suposta linha editorial do seu 
blog e de forma insensata, destituída de ética e sem demonstrar qualquer 
respeito (inclusive pelo Poder Judiciário), deturpa os fatos, faz afirmações e 
insinuações caluniosas, injuriosas e difamantes, tudo com o evidente 
propósito de denegrir a honra, a imagem, o nome e a reputação do autor. 
15
Página 14 de 35 
 
 
26. Assim agindo, o réu, da mesma forma que o jornalista 
RODRIGO DE LUIZ BRITO VIANNA, abusou da sua liberdade de expressão, 
cometendo ato ilícito, razão pela qual deve ser condenado a reparar o dano 
moral causado ao autor. 
 
PUBLICAÇÃO MENTIROSA E OFENSIVA 
 
27. O réu inicia seu post “As Taras de Ali Kamel” com uma 
sucessão de mentiras deslavadas: “o Cloaca fez uma descoberta incrível. 
Havia um Ali Kamel na década de 80 que protagonizara filmes 
pornográficos, entre eles o clássico, O Solar das Taras Proibidas. Além 
de ser homônimo do todo-poderoso diretor de jornalismo das 
Organizações Globo, ele era absolutamente igual! Mesmo rosto, mesmo 
tom de pele, mesmo formato de cabeça. E a juventude do ator batia com a 
idade atual do jornalista. O Cloaca publicou o post com o vídeo, sem mais 
comentários, sem sequer mencionar o Ali Kamel da Globo. Era uma 
piada pronta. Uma piada inocente, mas poderosa e engraçadíssima” (sem 
grifos no original – doc. 3). 
 
28. A primeira mentira, que derruba todo o resto e, 
principalmente, a canhestra alegação de que o blog CLOACA NEWS teria se 
limitado a publicar uma simples “piada inocente” (doc. 3), é a de que 
haveria um homônimo do autor no filme pornográfico SOLAR DAS TARAS 
PROIBIDAS. Na realidade, como já esclarecido e comprovado, o ator do 
filme se chamava ALEX KAMEL (doc. 5). Ou seja, não se tratava de uma 
piada pronta, aproveitada de forma inocente pelo blog CLOACA NEWS e, na 
16
Página 15 de 35 
 
sequência, pelo jornalista RODRIGO DE LUIZ BRITO VIANNA, mas sim de 
uma farsa fabricada para difamar o autor! 
 
29. Ademais, não é verdade que “O Cloaca publicou o post 
com o vídeo, sem mais comentários, sem sequer mencionar o Ali Kamel da 
Globo” (doc. 3). Com efeito, o nome do autor está destacado no título do 
post publicado no blog CLOACA NEWS: “AS TARAS PROIBIDAS DE ALI 
KAMEL”. E acompanhando o vídeo do filme, o responsável pelo blog 
CLOACA NEWS publicou sua falsa versão do enredo de SOLAR DAS TARAS 
PROIBIDAS, fazendo expressa referência à participação de um “Diretor de 
famosa rede de TV” (doc. 4). 
 
30. Ora, no filme em tela não havia nenhum “Ali Kamel” 
(mencionado no título do CLOACA – doc. 4), nem um “Diretor de famosa 
rede de TV” (citado no post do CLOACA – doc. 4), como se constata da 
sinopse oficial daquela obra audiovisual, adiante transcrita:“É a história de cinco mulheres e uma tia 
ninfomaníaca que recebe dois sobrinhos para passar 
uma temporada em seu solar, em Petrópolis. Na 
verdade, porém, os rapazes não são sobrinhos, mas 
sim massagistas contratados pelo caseiro a mando da 
tia. Enquanto as coisas acontecem no solar, as cinco 
mulheres sofrem uma chantagem, em conseqüência da 
estranha morte de um homem desaparecido no 
passado, tido pela imprensa como vítima da tia, a 
maior suspeita. A verdade que se procura estabelecer, 
então, é que o homem morrera durante um ato sexual 
com a tia ninfomaníaca. Ao pedir socorro a um 
delegado amigo, tudo na base do fingimento, a tia 
megera volta a ser inocentada, enquanto o chantagista 
acaba preso e os dois falsos sobrinhos simplesmente 
17
Página 16 de 35 
 
vão embora. A tia resolve programar novamente 
outros ‘sobrinhos’ com o caseiro...” (cf. 
http://www.cinemateca.gov.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/? 
IsisScript=iah/iah.xis&base=FILMOGRAFIA&lang=p
&nextAction=lnk&exprSearch=ID=025363&format=d
etailed.pft#1 – doc. 5). 
 
31. Está claro, portanto, que o CLOACA NEWS adulterou a 
sinopse real do filme e o fez, dolosamente, para disseminar a falsa 
informação de que o autor, “Ali Kamel”, “Diretor de famosa rede de TV”, 
teria sido ator de filmes pornográficos na juventude (doc. 4). 
 
32. Nesse sentido, vale transcrever as partes mais relevantes da 
fundamentação da sentença que condenou o responsável pelo blog CLOACA 
NEWS, o Sr. WILIANS MIGUEL GOMES DE BARROS, a indenizar o autor em 
R$ 50.000,00: 
 
“Em primeiro lugar, não é fato verídico que 
determinado ator, dito homônimo do autor, tenha 
realizado filme pornô na década de 1980. Como 
alegado e comprovado pelos documentos que instruem 
o processo, o ator pornô dos idos de 1980, que 
realizou o filme ‘O solar das taras proibidas’, sequer 
utilizava nome artístico ‘ALI Kamel’, mas sim ‘ALEX 
Kamel’ (fls. 323/324 - site oficial do Governo do país). 
 
Logo, a maliciosa distorção de indicação do nome do 
ator pornô tem como exclusiva finalidade traçar 
vínculo entre ele e o autor, como se homônimos 
fossem. E isto para atribuir ao ora autor a realização 
do filme pornô acima descrito. 
 
Em segundo lugar, impende ressaltar que muito 
embora o réu diga que é verídico o fato da existência 
de ator de filme pornô, falso homônimo do autor, que 
18
Página 17 de 35 
 
atuou na década de 1980, não nega - ao contrário, 
admite - que pretendeu relacioná-lo ao autor. Isto 
porque busca demonstrar que assim agiu apenas com 
animus jocandi. 
 
Aliás, sequer poderia negar a pretendida correlação, 
já que as postagens no blog do réu destacadas na 
inicial - comprovadas pelos documentos que a 
instruem e não impugnados - são claras nesse sentido. 
 
É evidente, portanto, a intenção do réu de relacionar o 
autor da ação ao ator do filme pornô da década de 80. 
Tanto assim é que, decerto, não haveria qualquer 
interesse dos seus seguidores no blog sobre notícias do 
ator ‘homônimo’, se não fosse a identidade de nome 
com conhecido jornalista da emissora TV Globo. Mais 
do que isso, o réu admite que isto pretendeu já que, 
segundo sua versão, apenas quis fazer piada da 
situação no que entende ser seu direito de 
manifestação com utilização de animus jocandi. 
 
Nada mais equivocado. 
... 
No caso vertente, contudo, está bastante claro que 
houve excesso no direito de informar da parte do réu. 
 
Afinal, sequer veiculou informação. Não é de 
interesse público e relevante fazer piada através da 
correlação do nome e imagem do autor a de ator 
pornográfico dos idos de 1980. 
 
Não se compreende - senão pelo intuito de 
arregimentar seguidores de gosto duvidoso e pela 
prática de sensacionalismo e de inexplicável ataque 
pessoal ao autor e à emissora e que trabalha - o 
interesse em trazer à tona o nome de ator pornô que 
acabou por não ganhar expressão em correlação ao 
nome do autor - conhecido jornalista que galgou 
degraus dentro dessa mesma profissão. 
... 
19
Página 18 de 35 
 
Destarte, também não medra alegação do réu no 
sentido de que não ficou configurado o dano. É 
evidente a mácula à honra do autor. 
 
Como salientado acima, o demandante não quis 
vincular seu nome e carreira profissional ao 
seguimento erótico. Ao revés, empenhou-se em 
carreira que premia os que demonstram maior 
capacidade intelectual. A correlação de seu nome, de 
forma reiterada - como aqui ocorreu, por mais de um 
ano - a de ator pornô acarreta danos que se operam de 
pleno Direito. 
 
Nesse contexto, infere-se que o réu excedeu - muito - 
em seu direito/dever de informar e não lhe socorre a 
escusa do animus jocandi. Deixou de observar seu 
dever de atuar de forma ética e profissional e 
ingressou no terreno da ofensa pessoal, sem qualquer 
conteúdo informativo, ou gracioso. Conclui-se, ainda, 
que assim agindo ofendeu moralmente o autor, 
ocasionando-o danos morais. 
 
Tal inadequada conduta é deveras censurável. Nos 
dias atuais, de grande facilidade de acesso a 
informação - de boa e má qualidade - a internet tem se 
mostrado instrumento precioso. Porém, sua grande 
eficácia acaba por potencializar efeitos danosos se 
utilizada com propósitos escusos. 
 
Decerto o réu tem amplo conhecimento da grande 
repercussão do lançamento de qualquer dado na 
internet. Sabe que faz reverberar todo o inserido e 
alcançar o que sempre se imaginou impossível. 
 
Mesmo assim, valeu-se desse grande poder para 
atingir a honra do autor, potencializando o dano que 
intencionalmente quis ocasionar. 
 
Esta conduta, advinda de quem quer se afirma 
jornalista, formador e divulgador de idéias, lançada 
em mundo de enormes proporções (a internet), é 
20
Página 19 de 35 
 
deveras repreensível e deve ser pontualmente 
apenada.” (sem grifos no original – doc. 6). 
 
33. Como se vê, o CLOACA NEWS mentiu para ofender o autor e 
o réu mentiu ainda mais, distorcendo vergonhosamente os fatos para 
montar sua tese difamante de que a condenação do jornalista RODRIGO DE 
LUIZ BRITO VIANNA, por difundir insistentemente o ardiloso boato acerca 
de uma inexistente carreira de ator pornô do autor, seria um “disparate”, 
que comprovaria que a Justiça brasileira desempenharia “o triste papel de 
empregadinha dos poderosos” (doc. 3). 
 
34. Como se não bastasse, o réu ainda afirmou, por conta 
própria, extrapolando as perfídias do CLOACA NEWS e as insinuações 
maldosas contidas no blog do jornalista RODRIGO DE LUIZ BRITO 
VIANNA, que o autor seria “absolutamente igual!” ao ator do filme 
pornográfico SOLAR DAS TARAS PROIBIDAS, concluindo que ambos teriam o 
“Mesmo rosto, mesmo tom de pele, mesmo formato de cabeça. E a 
juventude do ator batia com a idade atual do jornalista” (doc. 3). 
 
35. Pura invencionice! O autor não tem qualquer semelhança 
física com o ator cuja fotografia é exibida no blog do réu, com a legenda 
“Ali Kamel, estrela pornô”, ou com qualquer artista que apareça no vídeo 
também disponibilizado através de link incluído no post objeto da lide (doc. 
3). 
 
36. Lamentavelmente, o réu, ao inventar a suposta 
semelhança, acaba por alimentar, de forma maldosa, a mentira de que 
o ator do filme pornográfico SOLAR DAS TARAS PROIBIDAS poderia ser 
21
Página 20 de 35 
 
o autor, informação falsa que o próprio réu admite que “se espalhou pela 
internet. Virou uma espécie de meme da blogosfera” (doc. 3). 
 
37. De fato, hoje, na internet, o nome, a imagem, a honra e a 
reputação do autor estão manchados por essa falsa associação, que o réu, 
como outros jornalistas que se denominam “blogueiros progressistas” 
(doc. 3), não se cansam de incentivar, mesmo plenamente cientes da 
mentira. 
 
38. E o réu ainda tem a desfaçatez de sustentar que o autor sóteve êxito na ação aforada contra seu colega “progressista” porque a 
Justiça seria “empregadinha dos poderosos” (doc. 3)! Quanta deturpação! 
 
39. Essa insinuação, de uma quimérica relação ilícita entre o 
autor e o Poder Judiciário, que teria garantido ao primeiro obter uma 
condenação qualificada como “injusta”, “insensata”, “arbitrária” e 
“antidemocrática” (doc. 3), é não só disparatada, como altamente ofensiva. 
 
40. O réu, obviamente, não desconhece, ou pelo menos já deve 
ter ouvido falar, dos direitos personalíssimos, notadamente à honra e à 
imagem, que a Constituição Federal a todos assegura. Mas certamente os 
desconsidera e os toma como irrelevantes. Se os levasse em conta, se 
compreendesse a relevância, para qualquer cidadão, da honra, da imagem, 
do nome e da reputação, entenderia, sem qualquer dificuldade, a 
condenação imposta ao jornalista RODRIGO DE LUIZ BRITO VIANNA. 
 
22
Página 21 de 35 
 
41. O autor obteve êxito na demanda judicial em foco — e 
também na ação aforada contra o responsável pelo CLOACA NEWS — não 
porque a Justiça seria “empregadinha dos poderosos” (doc. 3), mas sim 
por uma única, simples e evidente razão: porque o jornalista RODRIGO DE 
LUIZ BRITO VIANNA, abusando de sua liberdade de expressão, durante mais 
de um ano, publicou diversos posts insistindo em uma insinuação 
vexatória, que sabia, ou deveria saber, ser absolutamente falsa, ou seja, de 
que o autor poderia ter atuado no filme pornô SOLAR DAS TARAS 
PROIBIDAS. Simples assim! 
 
42. A teoria conspiratória do réu, de que o Poder Judiciário 
atuaria como “empregadinha dos poderosos” (doc. 3), é apenas mais um 
gancho para ofender o autor, para menosprezar sua honra, sua imagem, seu 
nome e sua reputação, que, pelo que se sugere no post “As Taras de Ali 
Kamel”, só encontrariam guarida em uma instituição supostamente 
corrompida. 
 
43. Mas as ofensas ficam ainda mais graves quando o réu, 
levianamente, passa a sustentar que o autor seria um “sacripanta 
reacionário e golpista”, responsável por “todo o tipo de abuso contra a 
democracia, contra a dignidade humana”; por se empenhar “dia e noite 
para denegrir a imagem do Brasil, aqui e no exterior”; e por utilizar 
“métodos de jornalismo (que) fazem os crimes de Ruport (sic) Murdoch 
parecerem estrepolias (sic) de uma criança mimada” (doc. 3). 
 
44. O magnata das telecomunicações RUPERT MURDOCH, como 
se sabe, foi obrigado a fechar um de seus jornais, o NEWS OF THE WORLD, 
23
Página 22 de 35 
 
que era o de maior tiragem da imprensa britânica, após serem 
desmascarados esquemas ilícitos de grampos telefônicos e subornos, 
utilizados para a obtenção de “furos jornalísticos” que impulsionavam as 
vendas do referido periódico. Tais crimes levaram à cadeia muitos 
executivos das suas empresas. 
 
45. O réu, no entanto, sem qualquer fundamento, sem qualquer 
explicação e sem qualquer prova, afirma que o autor utilizaria métodos 
criminosos incomparavelmente mais graves do que aqueles utilizados no 
jornal de RUPERT MURDOCH, além de ser um “sacripanta reacionário e 
golpista” (doc. 3) que age contra a democracia, a dignidade humana e a 
imagem do Brasil. 
 
46. Sem dúvida alguma, são ofensas gravíssimas e 
irresponsáveis, típicas daqueles que não sabem conviver com opiniões 
diferentes e, sem argumentos, partem para a agressão pura e simples 
daqueles de quem discordam. 
 
47. O autor nunca cometeu qualquer crime; o autor nunca se 
posicionou ou agiu contra a democracia, a dignidade humana ou a imagem 
do Brasil; e o autor nunca praticou qualquer golpe. Ora, o réu, mesmo 
discordando da atuação profissional do autor, não pode, levianamente, 
fazer tais acusações, porque atribuir a prática de crime a alguém, sem nada 
provar, é caluniar; porque afirmar, sem fundamento, que alguém atenta 
contra a democracia, a dignidade humana e o país é injuriar; porque xingar 
alguém de “sacripanta reacionário e golpista” (doc. 3) é difamar. E a 
24
Página 23 de 35 
 
calúnia, a injúria e a difamação não são toleradas pela legislação, pelo 
contrário, são tipificadas como crimes contra a honra. 
 
48. Para fins de uma didática comparação, vale citar outra 
análise da condenação do jornalista RODRIGO DE LUIZ BRITO VIANNA 
publicada na chamada blogosfera. Trata-se de um insuspeito artigo do 
advogado WALTER MONTEIRO, postado no dia 08 de abril de 2013 na 
“coluna” BISSEXTA do blog OURO DE TOLO (www.pedromigao.com.br). 
Diz-se que a opinião é insuspeita porque o advogado em questão, 
honestamente, esclarece que “execrava Ali Kamel” e “admirava” o 
jornalista RODRIGO DE LUIZ BRITO VIANNA (doc. 9). Mesmo assim, o 
advogado WALTER MONTEIRO fez o que se espera de todos aqueles que se 
dedicam a exercer com bom senso, ética e respeito, a liberdade de 
expressão, especialmente dos jornalistas. Ou seja, fez um exame imparcial 
dos fatos, emitindo, ao final, sua opinião crítica, sem ofensas. Confira-se: 
 
“A primeira vez que ouvi falar no assunto foi no blog 
do Luiz Carlos Azenha, com um post intitulado ‘Humor 
– Justiça conclui que Ali Kamel não manda na Globo’. 
Dois trechos me intrigaram, transcrevo abaixo: 
 
‘Kamel bate um recorde: 4 vitórias em 4 ações na 
primeira instância da Justiça carioca. Alguém tem 
dúvida sobre o resultado dos processos que ele 
também move contra Luís Nassif e o sr. Cloaca? Nem 
o Barcelona tem esse aproveitamento! 
 
Ali Kamel processou Rodrigo Vianna por causa de 
uma piada. Processou Marco Aurélio Mello por uma 
obra de ficção. E a mim por atribuir a ele poder que 
não tem.’ 
 
25
Página 24 de 35 
 
A minha curiosidade é que o tema se encaixava no meu 
projeto de pesquisa do doutorado, ainda inconcluso 
(talvez eternamente inconcluso). Trabalhando para o 
Sindicato dos Jornalistas no Rio, vi casos de pequenos 
veículos de imprensa massacrados por indenizações 
pesadas, às voltas com ações judiciais impagáveis. 
 
A tese que me propus a investigar partia do princípio 
de que o Judiciário brasileiro, mesmo sem se dar conta 
e por vias transversas, poderia contribuir para impedir 
a livre circulação de ideias e o confronto de opiniões. 
 
A hipótese original trabalhava com pequenos jornais, 
quase sempre de cidades interioranas, alvo da ira de 
poderosos locais, com dificuldades para se defenderem 
adequadamente, sem apoio de quase ninguém. Uma 
batalha quixotesca e dura. 
 
Mas o texto do Azenha me deu um estalo: será que a 
estratégia dos coronéis regionais estaria sendo 
reproduzida por alguém de alta patente do segmento 
de mídia para sufocar os blogs, ainda mais frágeis que 
os jornais do interior? 
 
A versão de que o Ali Kamel é um Darth Vader em 
guerra contra os que pensam diferente da Globo 
rapidamente ganhou musculatura no ambiente virtual 
e chegou-se a dizer que a justiça andava mais rápido 
para Ali Kamel que para o restante da população, 
além dele sempre vencer. 
 
E a coisa foi indo longe: Azenha ameaçou fechar o 
blog, tem deputado se pronunciando na Câmara 
contra a ameaça da asfixia econômica dos blogs, foi 
criado um fundo econômico para protegê-los das 
‘ações movidas por grandes corporações da mídia’ 
(palavras deles), enfim, a ‘Aliança Rebelde’ já está 
pronta para resistir às investidas da tropa do 
‘Império’ doida para sufocar os ‘Jedis’. 
 
26
Página 25 de 35 
 
Eu seria mais um a cerrar fileiras na dita resistência 
heroica, não fosse a minha curiosidade de saber o 
que realmente acontecera com os processos, para 
poder engordar a minha tese eternamente work in 
progress. Foi aí que eu tomei um susto, seguido de 
desapontamento e frustração. 
 
São 4 blogueiros condenados, como disse o Azenha: 
ele próprio, Rodrigo Vianna, MarcoAurélio Mello e 
Paulo Henrique Amorim. Vamos, portanto, aos casos, 
que supostamente representariam um atentado à 
liberdade de opinião. 
 
Rodrigo Vianna escreveu um texto chamado ‘As 
Taras de Ali Kamel’, dizendo que o jornalista era um 
ator pornô e publicou um link para um dos filmes que 
teria sido encenado pelo diretor da Globo, onde há 
um ator que se parece com ele fisicamente. Quando 
processado, alegou que a alusão às taras, ao filme e a 
profissão de ator pornô são, na verdade, uma mera 
metáfora, sem intenção de transformá-lo em um 
fornicador profissional. Foi condenado a pagar R$ 
50 mil, em um processo ainda em tramitação, que 
demorou 2 anos para ser julgado em primeira 
instância. 
... 
Dos 4 processos citados, enfim, 3 deles nada têm a ver 
com confronto de ideias ou críticas políticas. São 
ofensas diretas e graves a uma pessoa que não é 
pública e que tem todo o direito de se revoltar ao ser 
acusada de ser um ator pornô ou plantador de 
maconha em casa. 
 
Não é surpresa nenhuma que Ali Kamel tenha 
vencido essas causas. Incrível seria exatamente o 
contrário – que histórias tão loucas e sem qualquer 
possibilidade de serem comprovadas não tivessem 
resultado em condenação. Um dos réus, Marco 
Aurélio Mello, ainda teve a ousadia de alegar, em sua 
defesa, que Ali Kamel estava ‘muito sensível’. 
... 
27
Página 26 de 35 
 
Independente de qualquer coisa, a leitura dos 4 
processos nos deixa claro o seguinte: 
 
a) Todos os réus foram condenados porque deram 
ampla margem para tal; 
 
b) Os processos seguiram uma tramitação bastante 
convencional, não havendo o menor indício de 
aceleração; 
 
c) As condenações estão longe de ser exageradas, 
nenhuma delas supera o equivalente a 50 salários 
mínimos. Exatamente por conta disso, é um equívoco 
dizer que representam uma ameaça à liberdade de 
informação; 
 
Uma coisa é preciso dizer: à exceção de PHA, cuja 
resposta desconheço, os demais réus reagiram muito 
mal às condenações. Um dos objetivos da indenização 
é o que se chama de ‘caráter pedagógico’, ou seja, 
desestimular o ofensor a repetir o erro praticado. Mas 
nada disso aconteceu. Ao invés de refletirem sobre 
suas práticas, os blogueiros assumiram um papel de 
vítima que não lhes cai bem, omitiram de seus leitores 
os reais motivos das sentenças e inventaram uma 
espécie de conspiração simplesmente fantasiosa. 
 
Um papelão, convenhamos, que me traz uma 
decepção profunda, já que eu admirava a todos e 
execrava Ali Kamel. Nada pode ser pior do que 
descobrir que, ao final de tudo, era o suposto vilão 
quem tinha razão. 
 
A parte mais irônica fica para o final. A grande mídia 
não pode nem ouvir falar em regulação de suas 
atividades e esses blogueiros, ao contrário, são seus 
maiores defensores. Junto comigo, que sou um 
entusiasta do tema. 
 
Pois justamente se no Brasil houvesse uma regulação 
da atividade jornalística, capaz de punir desvios éticos 
28
Página 27 de 35 
 
e práticas ilícitas, estariam todos punidos! Afinal, 
quem foi que disse que se pode acusar alguém de ser 
usuário/produtor de drogas e ‘fornicador 
profissional’, não provar nada e ficar tudo por isso 
mesmo? 
 
Que vexame. Que vergonha. Que decepção.” (doc. 9 
– sem grifos no original). 
 
49. Em suma, o artigo acima parcialmente reproduzido, de 
insuspeita autoria, demonstra cabalmente a desonestidade do réu no post 
“As Taras de Ali Kamel”. 
 
50. Com efeito, o réu não examinou os fatos, não buscou 
esclarecimentos de fontes idôneas, não ouviu o autor, enfim, nada fez para 
produzir uma crítica honesta, baseada no bom senso, na ética e no respeito. 
Muito pelo contrário, o artigo do réu no seu blog CAFEZINHO não passa de 
um amontoado de mentiras e ofensas, publicadas dolosamente com a 
intenção de denegrir a imagem, o nome, a honra e a reputação do autor. 
 
MANIFESTO ABUSO DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO 
 
51. Diga-se, desde já, antecipando-se à previsível defesa do réu, 
que, obviamente, não se nega o seu direito de livre manifestação, inclusive 
de criticar, que é constitucionalmente garantido. Mas a liberdade de 
manifestação encontra limites nos direitos personalíssimos alheios, que 
também estão expressamente assegurados na Constituição Federal. Ou seja, 
o réu poderia até criticar o autor e a decisão judicial que lhe favoreceu na 
ação aforada contra o jornalista RODRIGO DE LUIZ BRITO VIANNA, mas 
desde que o fizesse, evidentemente, sem ofensas pessoais. 
29
Página 28 de 35 
 
 
52. Nesse sentido, ensina SERGIO CAVALIERI FILHO que “A 
crítica jornalística não se confunde com a ofensa; a primeira apresenta 
ânimo exclusivamente narrativo conclusivo dos acontecimentos em que 
se viu envolvida determinada pessoa, ao passo que a segunda descamba 
para o terreno do ataque pessoal. Não se nega ao jornalista, no regular 
exercício de sua profissão, o direito de divulgar fatos e até de emitir juízo 
de valor sobre a conduta de alguém, com a finalidade de informar a 
coletividade. Daí a descer ao ataque pessoal, todavia, vai uma barreira 
que não pode ser ultrapassada, sob pena de configurar o abuso de 
Direito, e, conseqüentemente, o dano moral e até material.” (“Programa 
de Responsabilidade Civil”, 5ª edição, pág. 124 – sem destaques no 
original). 
 
53. No mesmo diapasão se manifesta de forma pacífica a 
jurisprudência, já tendo o egrégio Superior Tribunal de Justiça proclamado 
que “As pessoas públicas, malgrado mais suscetíveis a críticas, não 
perdem o direito à honra. Alguns aspectos da vida particular de pessoas 
notórias podem ser noticiados. No entanto, o limite para a informação é o 
da honra da pessoa. Com efeito, as notícias que têm como objeto pessoas 
de notoriedade não podem refletir críticas indiscriminadas e levianas, 
pois existe uma esfera íntima do indivíduo, como pessoa humana, que 
não pode ser ultrapassada.” (REsp 706769/RN, relator Ministro LUIZ 
FELIPE SALOMÃO, Quarta Turma, DJe de 27.04.2009 – sem destaques no 
original). 
 
30
Página 29 de 35 
 
54. Sobre o tema, vale citar, ainda, a valiosa lição extraída do 
voto do eminente Ministro CELSO DE MELLO, no julgamento pelo colendo 
Supremo Tribunal Federal da Arguição de Descumprimento de Preceito 
Fundamental (ADPF) nº 130, que tinha por objeto da chamada Lei de 
Imprensa: 
 
“Tenho por irrecusável, por isso mesmo, que 
publicações que extravasem, abusiva e 
criminosamente, o exercício ordinário da liberdade de 
expressão e de comunicação, degradando-se ao nível 
primário do insulto, da ofensa e, sobretudo, do 
estímulo à intolerância e ao ódio público, não 
merecem a dignidade da proteção constitucional que 
assegura a liberdade de manifestação do pensamento, 
pois o direito à livre expressão não pode 
compreender, em seu âmbito de tutela, 
exteriorizações revestidas de ilicitude penal ou de 
ilicitude civil. 
... 
Cabe reconhecer que os direitos da personalidade 
(como os pertinentes à incolumidade da honra e à 
preservação da dignidade pessoal dos seres humanos) 
representam limitações constitucionais externas à 
liberdade de expressão, ‘verdadeiros contrapesos à 
liberdade de informação’ (L. G. GRANDINETTI 
CASTANHO DE CARVALHO, ‘Liberdade de 
Informação, e o Direito Difuso à Informação 
Verdadeira’, p. 137, 2ª Ed., 2003, Renovar), que não 
pode – não deve – ser exercida de modo abusivo 
(GILBERTO HADDAD JABUR, ‘Liberdade de 
Pensamento e Direito à Vida Privada’, 2000, RT), 
mesmo porque a garantia constitucional subjacente à 
liberdade de informação não afasta, por efeito do que 
determina a própria Constituição da República, o 
direito do lesado à indenização por danos morais ou à 
imagem (CF, artigo 5º, incisos V e X, c/c o art. 220, 
§1º). 
 
31
Página 30 de 35Na realidade, a própria Carta Política, depois de 
garantir o exercício da liberdade de informação 
jornalística, impõe-lhe parâmetros – dentre os quais 
avulta, por sua inquestionável importância, o 
necessário respeito aos direitos da personalidade (CF, 
art. 5º, V e X) – cuja observância não pode ser 
desconsiderada pelos órgãos de comunicação social, 
tal como expressamente determina o texto 
constitucional (art. 220, §1º), cabendo, ao Poder 
Judiciário, mediante ponderada avaliação das 
prerrogativas constitucionais em conflito (direito de 
informar, de um lado, e direitos da personalidade, de 
outro), definir, em cada situação ocorrente, uma vez 
configurado esse contexto de tensão dialética, a 
liberdade que deve prevalecer no caso concreto.” 
(grifos distintos dos que constam no original). 
 
55. Na hipótese dos autos, o réu ofendeu o autor atribuindo-lhe 
aleivosamente a prática de métodos criminosos no exercício da sua 
profissão, bem como de agir contra a democracia, a dignidade humana e a 
imagem do Brasil. Como se não bastasse, insultou gratuitamente o autor, 
chamando-o de “sacripanta reacionário e golpista” (doc. 3). E, ainda, 
trouxe novamente à tona o vexatório rumor de que o autor teria sido ator 
pornográfico na juventude. 
 
56. Como se constata facilmente, o réu não se limitou a criticar 
o autor e a condenação imposta pelo Poder Judiciário ao jornalista 
RODRIGO DE LUIZ BRITO VIANNA. Longe disso, o réu desceu ao ataque 
pessoal, ofendendo desnecessariamente o autor, violando o bom senso, a 
ética e o respeito que devem nortear o trabalho de qualquer jornalista. 
 
32
Página 31 de 35 
 
57. A hipótese é, pois, de manifesto abuso da liberdade de 
expressão, que, como reconhecem a boa doutrina e a jurisprudência 
remansosa, constitui ato ilícito. 
 
58. Assim, demonstrada a prática do ato ilícito, impõe-se, nos 
termos do artigo 5º, V e X, da Constituição Federal, e dos artigos 186, 187 
e 927 do Código Civil, o reconhecimento da procedência desta ação, com a 
condenação do réu a reparar o dano moral decorrente das ofensas e 
mentiras que veiculou no artigo “As Taras de Ali Kamel”, em valor a ser 
arbitrado na sentença. 
 
O DANO MORAL E SUA QUANTIFICAÇÃO 
 
59. O dano moral, no caso em tela, decorre da simples 
divulgação pública pelo réu das mentiras e ofensas contidas no post “As 
Taras de Ali Kamel”, dispensando comprovação. É o que a doutrina e a 
jurisprudência denominam de dano in re ipsa. 
 
60. Com efeito, é inegável que a mera publicação dos insultos e 
das inverdades é suficiente para causar sério dano moral, pois atinge o 
autor duplamente: no aspecto subjetivo gera profundo sofrimento com 
as injustas e descabidas ofensas; por outro lado, a publicação também 
abala seriamente a honra objetiva do autor perante todos aqueles que 
têm acesso ao texto ofensivo e mentiroso. 
 
61. Não havendo dúvidas quanto ao ilícito e ao dano, resta a 
questão do arbitramento da indenização moral a ser fixada na sentença, que 
33
Página 32 de 35 
 
deve levar em conta a gravidade, a natureza e a repercussão da ofensa, as 
posições sociais do ofendido e do ofensor, a intensidade do dolo na prática 
do ato danoso e, além do conteúdo reparador que lhe é próprio, o caráter 
inibidor e punitivo da condenação. 
 
62. Na hipótese dos autos, a consideração de todos esses 
elementos recomenda, sem a menor margem de dúvida, que a indenização 
seja especialmente elevada. 
 
63. Em primeiro lugar porque a ofensa é seriíssima, afinal, o 
réu acusou o autor, ainda que genericamente, de cometer crimes 
graves, de atentar contra a democracia, a dignidade humana e a 
imagem do Brasil. Como se não bastasse, pelo puro prazer de agredir, o 
réu taxa o autor de “sacripanta reacionário e golpista” (doc. 3). E mais: 
para envergonhar o autor, o réu retoma a piada fraudulenta, que 
tantos dissabores vem lhe causando nos últimos anos, da sua suposta 
atuação no filme pornográfico SOLAR DAS TARAS PROIBIDAS, agora 
acrescida de mais uma invencionice, isto é, de que o ator daquela 
película seria “absolutamente igual” ao autor, tendo o “Mesmo rosto, 
mesmo tom de pele, mesmo formato de cabeça” (doc. 3). 
 
64. Em segundo lugar porque o autor, no curso de sua longa 
carreira, alcançou prestígio e reconhecimento entre os seus pares e o 
público, tendo uma história, um nome e uma imagem que não podem 
ser impunemente enxovalhados de forma tão leviana, insensata e 
desrespeitosa. 
 
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65. Em terceiro lugar porque o réu agiu com inegável má-fé, 
com a intenção mais do que evidente de desacreditar o autor, de 
enlamear a sua honra, a sua reputação, a sua imagem e o seu nome. 
 
66. Em quarto lugar pela repercussão das mentiras e ofensas 
que, uma vez publicadas na internet, ganham moto próprio, 
multiplicando-se por meio de incontroláveis reproduções e comentários 
anônimos em inumeráveis sites e blogs, alcançando, dessa forma, um 
número incalculável de pessoas em todo o mundo, além das “milhares de 
almas diárias” que visitariam o CAFEZINHO, segundo consta do “media 
kit” divulgado pelo réu (doc. 2). 
 
67. Cabe aduzir, por último, que o réu ofende na busca do 
lucro, já que o blog CAFEZINHO não é um simples instrumento para 
manifestação de suas ideias. Trata-se, na verdade, de um produto 
comercial, com venda de assinaturas e mensagens publicitárias (docs. 2 
e 3). 
 
68. Considerando todos esses fatores, ou seja, a gravidade das 
ofensas, o dolo do réu, sua busca de lucro em detrimento da honra, da 
reputação, do nome e da imagem alheias, bem como o fato de que o autor é 
um jornalista sério e renomado, tendo, pois, uma história de vida 
profissional e pessoal a zelar, é necessário ativar com bastante energia, 
no caso concreto, a função dissuasória do dano moral. 
 
69. Realmente, faz-se mister desestimular ao máximo que o 
imenso sofrimento do autor com as descabidas ofensas que lhe foram 
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dirigidas no post “As Taras de Ali Kamel” se repita, ou venha a ser 
experimentado por novas vítimas do réu. 
 
70. Assim, deve-se impor ao réu neste feito uma indenização 
por dano moral que seja suficientemente grave, de modo a que ele 
perceba que a liberdade de expressão não é uma carta branca para 
ataques à honra, à reputação, à imagem e ao nome alheios, bem como 
para que para que ele compreenda que bom senso, ética e respeito são 
valores a serem efetivamente observados, não sendo princípios vazios, 
que se prestariam apenas a enfeitar uma “linha editorial” enganadora. 
 
* * * 
 
71. Diante do exposto, o autor requer a V. Exa. se digne 
determinar a citação do réu, por oficial de justiça, para, querendo, contestar 
o pedido ora formulado, que deverá ser julgado procedente, para condenar 
o réu ao pagamento de indenização por dano moral, em valor a ser fixado 
na sentença, que deverá ser monetariamente atualizado a partir da data do 
arbitramento e acrescido dos juros legais de mora, estes contados desde a 
data da publicação objeto da lide. 
 
72. O autor requer, ainda, a condenação do réu ao pagamento 
das custas do processo e dos honorários advocatícios de sucumbência de 
20% do valor da condenação. 
 
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73. Protesta pela produção das provas documental, pericial e 
testemunhal, bem como pelo depoimento pessoal do réu, sob pena de 
confissão. 
 
74. Informa que seus advogados receberão intimações nesta 
cidade, na Avenida Nilo Peçanha, nº 12, salas 413 a 415 e 419 a 421, 
Centro. 
 
75. Dá à causa o valor de R$ 41.000,00. 
 
Nestes termos, 
P. deferimento.Rio de Janeiro, 10 de setembro de 2013. 
 
 
João Carlos Miranda Garcia de Sousa 
OAB/RJ nº 75.342 
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