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Aula 2 Docente: Loise A. Costa Março/2015 Helmintos: Ascaris lumbricoides C a r a c t e r i z a ç ã o G e r a l H e l m i n t o s • Grupo muito numeroso de animais; • Inclui espécies de vida livre e de vida parasitária; • Filos PLATYHELMINTHES, NEMATHELMINTHES e ACANTHOCEPHALA • Ocorrências no homem são muito comuns; • 20% da população do mundo está parasitada por Ascaris lumbricoides e situação equivalente em relação aos ancislotomídeos. H e l m i n t o s Reino ANIMALIA Sub-Reino METAZOA - Filo NEMATHELMINTHES Classe NEMATODA - Filo PLATYHELMINTHES Classe TREMATODA Classe CESTOIDEA H e l m i n t o s Reino ANIMALIA Sub-Reino METAZOA - Filo NEMATHELMINTHES Classe NEMATODA - Filo PLATYHELMINTHES Classe TREMATODA Classe CESTOIDEA N e m a t ó i d e s - Vermes cilíndricos, com extremidades afiladas, ou filiformes; - 500.000 espécies diferentes, a maioria de vida livre; - 50 espécies parasitam o homem. N e m a t ó i d e s • Características -Tamanho variado (≤1mm até > 1m); - Fusiformes, alongados, simetria bilateral; - Boca e ânus; - Muitos ovos, casca espessa; - Parasitas: dióicos ( ♂ e ♀), ♀ menor ♂; - Vida livre: hermafroditas ou partenogenéticos; - Parasitas intestinais humanos: monoxenos. D e s e n v o l v i m e n t o d o s n e m a t ó i d e s • Cutícula = “exoesqueleto” - Proteção - Locomoção (expansão e retração) o Estratificada; o Estrutura metabolicamente ativa e capaz de crescimento; o Proteínas, lipídeos e carboidratos; o Entrada de oxigênio; o Pouco permeável. O r g a n i z a ç ã o d o s n e m a t ó i d e s : A p a r e d e d o c o r p o A cutícula: a) camada cortical externa; b) cortical interna; c) fibrilar da matriz; d) homogênea da matriz; e) camadas fibrosas; f) membrana basal. • Hipoderme - Situada entre a cutícula e a camada muscular; - Produz os materiais que irão constituir a cutícula. • Musculatura - Fibras exclusivas: fibrocélulas fusiformes; - Ligada a cutícula; - Prolongamentos aos cordões nervosos; - Musculatura do sistema digestivo, reprodutor, etc. E s t r u t u r a d o c o r p o O r g a n i z a ç ã o d o s n e m a t ó i d e s : A p a r e d e d o c o r p o E s t r u t u r a d o c o r p o O r g a n i z a ç ã o d o s n e m a t ó i d e s : A p a r e d e d o c o r p o Corte de uma célula muscular de Nippostrongylus sp.: a) cutícula; b) hipoderme; c) estrutura de sustentação; d) miofibrilas; e) glicogênio; f) inclusões lipídicas; g) mitocôndrias; h) parte da fibra muscular não-contrátil; i) região contrátil; j) fibras implantadas na cutícula. • Pseudoceloma - Contém um líquido que banha todos os órgãos; - Transporta nutrientes e oxigênio; - Esqueleto hidrostático; E s t r u t u r a d o c o r p o O r g a n i z a ç ã o d o s n e m a t ó i d e s : A c a v i d a d e d o c o r p o O r g a n i z a ç ã o d o s n e m a t ó i d e s Não tem sistema circulatório • Aparelho digestivo - Cavidade bucal o lábios e papilas sensoriais o característico de cada gênero ou família - Esôfago o tubo muscular o bulbo provido de válvulas O r g a n i z a ç ã o d o s n e m a t ó i d e s Passagem do alimento pelo esôfago: p) lábio; q) alimento; r) válvulas bulbares. • Aparelho digestivo - Intestino o simples, terminando no ânus (♀) ou cloaca (♂) o células cúbicas, com microvilosidades O r g a n i z a ç ã o d o s n e m a t ó i d e s • Podem ser separados em 4 grupos: -Vivem no interior do tubo digestivo e alimentam-se de microrganismos e restos alimentares: Ascaris e Enterobius. - Alimentam da mucosa do tubo digestivo e apresentam peças bucais dilacerantes: Ancylostoma e Necator. - Vivem na cavidade intestinal, penetram parcialmente no tecido da mucosa, causam histólise e aspiram o produto: Trichuris. F i s i o l o g i a d o s n e m a t ó i d e s N u t r i ç ã o - Vivem nos tecidos do hospedeiro, e aí se alimentam, causando histólise; ou ingerem sangue, linfa e produtos inflamatórios (como os estrongilóides, as filárias e as larvas de várias espécies, ao fazerem migrações pelo organismo). F i s i o l o g i a d o s n e m a t ó i d e s N u t r i ç ã o - Em geral são dióicos (sexos separados); - Existem hermafroditas nos quais ocorrem a protandria (a mesma gônada produz primeiro espermatozóides e depois óvulos); partenogênese também é vista – Strongyloides. F i s i o l o g i a d o s n e m a t ó i d e s R e p r o d u ç ã o - Ovos: variam quanto à forma e estrutura; - Apresentam três estruturas: o membrana interna: impermeável a água e de natureza lipídica; o membrana quitinosa: forma opérculos ou rolhas polares; o membrana mais externa: pode estar presente, protéico e produzida pela secreção da parede uterina. F i s i o l o g i a d o s n e m a t ó i d e s R e p r o d u ç ã o F i s i o l o g i a d o s n e m a t ó i d e s R e p r o d u ç ã o Trichuris Necator Ascaris - O ovo pode encontrar-se na fase de célula única ou em fase de segmentação; - Em geral necessitam de algum tempo nas condições de meio externo e em presença de O2 para embrionarem e torna infectantes; - Há casos em que a fêmea pare a larva formada e esta precisa passar por uma muda para se tornar infectante; C i c l o b i o l ó g i c o d o s n e m a t ó i d e s p a r a s i t o s - Larvas de algumas espécies eclodem no solo e só tornam infectantes depois da terceira muda; - Os helmintos podem penetrar em seus hospedeiros passivamente ou ativamente. Outras são veiculadas através de insetos hematófagos. C i c l o b i o l ó g i c o d o s n e m a t ó i d e s p a r a s i t o s - Eclosão dos ovos: regulada pelo desenvolvimento larvário e pelas condições ambientais (temperatura e umidade); - Para a eclosão: movimentação da larva e produção de enzimas; - Modificam a permeabilidade da casca e a larva aumenta de volume; - Há casos que a eclosão depende de um estímulo do hospedeiro. C i c l o b i o l ó g i c o d o s n e m a t ó i d e s p a r a s i t o s - Crescimento e mudas: é descontínuo devendo passar por quatro mudas ou ecdises. C i c l o b i o l ó g i c o d o s n e m a t ó i d e s p a r a s i t o s - Cutícula cresce com o helminto e este para de crescer pouco antes da ecdise; - Desenvolvimento larvário: mecanismo de secreção neuroendócrina, hormônios de crescimento e muda (ecdisonas): o promove a formação de nova cutícula; o determina a separação da antiga, por lise celular; o ruptura da bainha e seu abandono. C i c l o b i o l ó g i c o d o s n e m a t ó i d e s p a r a s i t o s - Em alguns casos, a cutícula velha é conservada depois da 2ª muda como uma bainha protetora da larva, que já não se alimenta mas adquiriu poder infectante (como a L3 dos ancilostomídeos). C i c l o b i o l ó g i c o d o s n e m a t ó i d e s p a r a s i t o s - Ciclo monoxeno simples (Enterobius). T i p o s d e c i c l o d e v i d a - Ciclo monoxeno: fase de vida livre e outra parasitária (Strongyloides). - Ciclo monoxeno: fase larvária no meio externo durante a qual adquirem sua capacidade infectante (ancilostomídeos). T i p o s d e c i c l o d e v i d a - Ciclo heteroxeno (filárias): Ti p o s d e c i c l o d e v i d a Ciclo biológico de Wuchereria bancrofi, que infecta o homem (1-4) e mosquitos do gênero Culex (4-6). - As larvas podem migrar no organismo hospedeiro antes de alcançar seu habitat definitivo; - Larvas de Necator americanus penetram pela pele e podem alcançar a rede capilar pulmonar; - Ascaris lumbricoides invadem a mucosa intestinal e alcançam a rede capilar pulmonar. M i g ra ç ã o d a s l a r v a s A s c a r i s l u m b r i c o i d e s e a s c a r í a s e Reino ANIMALIA Sub-reino METAZOA Filo NELMATHELMINTHES Classe NEMATODA Ordem ASCARIDA Família ASCARIDAE Gênero ASCARIS Espécie ASCARIS LUMBRICOIDES A s c a r i s l u m b r i c o i d e s - Maior parasito habitual do homem; - Popularmente conhecidos como lombrigas ou bichas; - Vermes longos, cilíndros e com extremos afilados; - Extremidade das fêmeas quase reta e dos machos enrolados. A s c a r i s l u m b r i c o i d e s A, fêmea; B, macho A s c a r i s l u m b r i c o i d e s Macho: 15 cm Fêmea: 30-40 cm Fêmea: retilínea Macho: curva Cutícula lisa, brilhante, com estrias circulares de cor branco-marfim ou rosada. M o r f o l o g i a Cutícula lisa brilhante Cutícula se apóia sobre uma camada chamada hipoderma Miocélulas: emitem expansões dirigidas aos feixes nervosos; estímulo para as contrações musculares e a movimentação do parasito Corte transversal de um áscaris ao nível do esôfago. M o r f o l o g i a Três lábios grandes com papilas sensoriais Boca M o r f o l o g i a Boca é cercada pelos três lábios providos de papilas sensoriais (flechas) M o r f o l o g i a Intestino retilíneo e achatado abrindo-se no ânus que , nas fêmeas, tem a forma de fenda transversal, próximo da extremidade posterior - Fêmeas: grande parte da cavidade geral (pseudoceloma) é ocupada pelos órgãos genitais duplos, de tipo tubular, enovelados; - Há milhões de óvulos em desenvolvimento. Uma fêmea produz cerca de 200.000 ovos por dia; - Machos: 1 testículo tubular, longo e enovelado. M o r f o l o g i a M o r f o l o g i a Verme fêmea 2 ovários tubulares 2 ovidutos 2 úteros Vagina curta Abertura vaginal M o r f o l o g i a Verme macho 1 testículo tubular, longo e enovelado Canal deferente Canal ejaculador retilíneo Cloaca 2 espículos grossos M o r f o l o g i a Ovos férteis são ovais e quase esféricos e medem em torno de 60 a 45 µm Apresentam uma delgada casca interna impermeável, outra quitinosa e a mais externa é albuminosa, espessa e com rugosidades M o r f o l o g i a No solo embrionam em 2 semanas (entre 20 e 30°C e na terceira semana tornam- se infectantes. Podem permanecer infectantes durante meses. M o r f o l o g i a Ovos inférteis: são produzidos quando as fêmeas estão isoladas ou mais numerosas que os machos. São alongados, 90-80 µm, e não embrionam. M o r f o l o g i a A s c a r i s l u m b r i c o i d e s - Localizam-se no jejuno e íleo; - Nutrem-se de materiais semi-digeridos ou outros; - Intestino: infecção leve e clinicamente benigna; - Apêndice, vias biliares ou pancreáticas ou brônquio: estado grave a até fatal; - Longevidade de 1-2 anos. - Ciclo do tipo monoxênico; - Ovos férteis: tornam-se embrionados em 15 dias, em 25 e 30°C, umidade de 70% e oxigênio em abundância; - L1: primeira larva dentro do ovo; - L2: L1 após uma semana sofre muda; ainda dentro do ovo; - L3: L2 que sofreu muda, é a forma infectante e ainda dentro do ovo; permanece infectantes no solo por vários meses; - Após ingestão: L3 atravessa todo o trato digestivo e larvas eclodem no intestino delgado; C i c l o d e v i d a - Eclosão ocorre: pH, temperatura, sais e concentração de CO2; - Larvas liberadas atravessam a parede intestinal na altura do ceco e caem nos vasos linfáticos e nas veias e invadem o fígado entre 18 e 24 hs; - Três dias chegam ao coração direito e 4 a 5 dias estão nos pulmões; - L4: 8 dias da infecção, L3 transforma-se em L4 no pulmão; - L5: L4 rompem os capilares e muda em L5 nos alvéolos; C i c l o d e v i d a - L5 sobem pela árvore brônquica e traquéia, chegando até a faringe, onde podem ser expelidas por expectoração ou deglutidas, fixando-se no intestino delgado; - Transformam-se em adultos jovens 20 a 30 dias após a infecção; - Em 60 dias alcançam a maturidade sexual. C i c l o d e v i d a C i c l o d e v i d a Ovos são eliminados juntamente com as fezes No solo o ovo fertilizado, em condições favoráveis sofre embrionamento Forma a primeira larva dentro do ovo: L1 (presença de O2) Uma semana, L1 sofre muda, transformando em L2 e, em seguida sofre nova muda, L3 L3, larva infectante e ainda dentro do ovo; atravessa todo o trato digestivo e as larvas eclodem no intestino delgado; atravessa a parede intestinal e caem no vaso linfático e nas veias; e invadem o fígado No pulmão, L3 muda para L4 e nos alvéolos muda para L5 L5 fixa-se no intestino delgado onde irá crescer Tra n s m i s s ã o - Ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos L3; - A partir das mãos sujas; - Podem ser aspirados e depois deglutidos com o muco das vias aéreas; - Poeira, aves e insetos podem veicular mecanicamente os ovos; - Os ovos têm grande capacidade de aderência a superfícies de alimentos. P a t o g e n i a - A ação patogênica ocorre em duas etapas: o durante a migração das larvas; o vermes adultos em seu habitat definitivo. - As migrações e localizações anômalas dos vermes adultos constituem uma terceira categoria de patogenia. P a t o g e n i a - Migração larvária: o número de larvas presentes no hospedeiro; o localização no tecido; o sensibilidade do hospedeiro. Infecção de baixa intensidade: não se observa nenhuma alteração; Infecção maciça: lesões hepáticas e pulmonares. No fígado focos hemorrágicos e de necrose. Pulmão ocorrem vários pontos hemorrágicos, pode apresentar um quadro pneumônico com febre, tosse, dispnéia e eosinofilia. Pode ainda ocorrer manifestações alérgicas e a síndrome de Löeffler (febre, bronquite e pneumonia). P a t o g e n i a - Vermes adultos no intestino: o infecções de baixa intensidade: não há complicações; o infecções médias (30-40) ou maciças (100 ou mais): ação espoliadora, tóxica, irritativa, mecânica (obstrução), localização ectópica. P a t o g e n i a Em crianças: obstrução intestinal por um bolo de Ascaris lumbricoides P a t o g e n i a S i n t o m a s - Desconforto abdominal; - Dor epigástrica e má digestão; - Náuseas; - Perda de apetite e emagrecimento; - Sensação de coceira no nariz; - Irritabilidade; - Sono intranquilo; - Ranger de dentes à noite. S i n t o m a s - Pode provocar ainda: o Espasmos; o Peritonite (inflamação do peritônio); o Volvo (torção de uma alça do intestino); o Intussuscepção (invaginação da alça do intestino). L o c a l i z a çã o e c t ó p i c a - Eliminação de áscaris; - Parasitismo intenso; - Vermes são irritados por algum alimento, drogas ou anti-helmínticos. L o c a l i z a ç ã o e c t ó p i c a - Capacidade migratória dos áscaris: o Apêndice; o Divertículo de Meckel (protuberância do intestino delgado); o Vias biliares e pancreáticas; o Trompa de Eustáquio e ouvido médio; o Canal lacrimal. L o c a l i z a ç ã o e c t ó p i c a D i a g n ó s t i c o - Os quadros clínicos não permitem distinguir a ascaríase de outras verminoses intestinais; - Exame de Fezes: o presença de ovos nas evacuações do hospedeiro; o técnica da sedimentação espontânea; o método de contagem Kato-Katz. - Métodos imunológicos: o indicações nas fases de migração larvária, infecções só por machos. Tra t a m e n t o - Anti-helmínticos recomendados: o Piperazina: produz paralisia muscular flácida do helminto e permite sua expulsão passiva. o Pamoato de pirantel: causa paralisia espástica e se mostra eficaz também contra outros nematóides. o Mebendazol: cura próxima de 100%. Praticamente sem efeitos colaterais, mas contra-indicado em epilépticos. o Levamisol e Flubendazol: ambos do mesmo grupo que o mebendazol e de amplo espectro. Tra t a m e n t o - Essas drogas não agem sobre larvas ou adultos fora dos intestinos. E p i d e m i o l o g i a -Amplamente disseminada em países tropicais e temperados, incidindo mais em microclimas quentes e úmidos, e onde a higiene e as condições de vida são precárias; - Prevalência geral em torno de 30%, mas variando muito segundo as regiões; - Óbitos/ano: ordem de 20 mil; - O homem é a única fonte de infecção, sendo as crianças em idade escolar e pré-escolar as principais poluidoras do meio e, também, a população de mais alto risco. E p i d e m i o l o g i a - Crescimento desordenado da população, em áreas desprovidas de saneamento básico; - Baixo poder econômico, educacional e hábitos pouco higiênicos C o n t r o l e - Construção de redes de esgoto, com tratamento e/ou fossas sépticas C o n t r o l e - Repetidos tratamentos em massa dos habitantes de áreas endêmicas com drogas ovicidas. C o n t r o l e - Educar as crianças e os adultos que delas cuidam: o ao uso constante das instalações sanitárias; o a lavar as mãos após defecar, antes de comer ou de preparar alimentos; C o n t r o l e o proteger os alimentos contra as poeiras, os insetos e outros vetores de infecção. o lavar as frutas e legumes consumidos crus. OBRIGADA!
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