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DIREITO EMPRESARIAL APLICADO I Aula 5 Professora Maria Lucia de Azevedo Email: advmalus@yahoo.com.br CHEQUE 1. Conceito de cheque 2. Legislação 3. Elementos pessoais 4. Requisitos essenciais 5. Classificação do cheque 6. Modalidades de cheque 7. Cheque Pós-datado 8. Cheque incompleto 9. Apresentação do cheque 10. Sustação do cheque 11. Ação cambial e prescrição do cheque OLHA AÍ , GENTE.... HOJE É DA AULA DE CHEQUE !!!! APROVEITEM !!!! Origem e evolução do cheque A notícia que se tem é que o cheque mais antigo é datado de 1670 e encontra se no Museu de Londres. Em razão disso, a doutrina francesa enxerga a origem da palavra cheque no verbo to check no sentido da ação de verificar. De outro lado, a doutrina inglesa vê sua origem na expressão francesa echequier, que significa tabuleiro de xadrez. Apesar dessa referência histórica, é certo que o cheque tem a mesma origem da letra de câmbio. Num primeiro momento, o chamado período italiano, a letra de câmbio e o cheque se confundiam, na medida em que ambos se destinavam a facilitar o transporte de moeda. No período francês, ainda havia uma ligação direta entre os dois títulos, na medida em que ambos dependiam da provisão de fundos em poder do sacado. Já no período alemão, a partir de 1848, há uma clara distinção entre os dois institutos, passando a não mais se exigir para a letra de câmbio a provisão de fundos em poder do sacado, o que, contudo, subsistiu no cheque. A partir desse período, a letra de câmbio torna se um claro instrumento de crédito a serviço de todos, enquanto o cheque se mantém como meio de pagamento, dependente de provisão em dinheiro. Conceito “O cheque é uma ordem de pagamento à vista, sacada contra um banco e com base em suficiente provisão de fundos depositados pelo sacador em mãos do sacado ou decorrente de contrato de abertura de crédito entre ambos.” (COELHO, 2014). Legislação • Lei 7.357/85 (lei do cheque - LC) • Lei Uniforme do Cheque promulgada pelo Decreto 57.595/66, naquilo que não foi derrogada. • Aplicação subsidiária • Outras normas que regulam o cheque: Tributárias, CDC, Instruções do BACEN, etc. CONCEITO DE CHEQUE ORDEM DE PAGAMENTO À VISTA A SACADOR EMITENTE (ORDENA) REALIZA O ATO DE EMITIR (SAQUE) B SACADO BANCO RECEBE A ORDEM C BENEFICIÁRIO/ TOMADOR Cheque ELEMENTOS PESSOAIS DO CHEQUE Um cheque emitido para terceiros envolve, pelo menos, três pessoas físicas ou jurídicas com direitos e obrigações diferentes: SACADOR/Emitente: aquele que é o titular da conta bancária. Sua obrigação ao emitir o cheque é possuir saldo em sua conta corrente e preencher e assinar o cheque corretamente; SACADO/Estabelecimento Bancário: Também chamado sacado, no qual o emitente mantém sua conta corrente bancária. Sua obrigação é pagar ou disponibilizar o crédito respectivo, conforme ordem emanada do cheque, ou seja, em favor do beneficiário, ou, no caso de endosso em favor do endossatário; TOMADOR/Beneficiário: Aquele que recebeu a ordem de pagamento que o cheque representa. Sua responsabilidade é se apresentar ao banco sacado portando seu documento de identidade para levantar o crédito em espécie, ou ainda, depositar o cheque em uma conta bancária. Se a conta bancária de depósito não estiver em seu nome deverá endossar o cheque. Requisitos dos Cheques O art. 1º da Lei n.º 7.357/85, expõe os requisitos essenciais que o cheque deve conter, a saber: I) a denominação “cheque” inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é redigido (literalidade); II) a ordem incondicional de pagar quantia determinada (autonomia); III) o nome do banco (sacado) ou da instituição financeira que deve pagar (cartularidade); IV) a indicação do lugar do pagamento; V) a indicação da data e do lugar de emissão; VI) a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário como poderes especiais (cartularidade). Art. 2º O título, a que falte qualquer dos requisitos enumerados no artigo precedente não vale como cheque, salvo nos casos determinados a seguir: I - na falta de indicação especial, é considerado lugar de pagamento o lugar designado junto ao nome do sacado; se designados vários lugares, o cheque é pagável no primeiro deles; não existindo qualquer indicação, o cheque é pagável no lugar de sua emissão; II - não indicado o lugar de emissão, considera- se emitido o cheque no lugar indicado junto ao nome do emitente. REQUISITOS NÃO ESSENCIAIS DO CHEQUE OBSERVAÇÕES RELATIVAS AOS CHEQUES ● Banco não assume obrigação cambial alguma ● Cheque é título de modelo vinculado - emissão feita apenas em documento padronizado - talões fornecidos pelo banco sacado ao titular da conta-corrente. ● Possibilidade de emissão de cheque ao portador - condição: cheque com valor nominal inferior à R$100,00 - possibilidade do endosso em Branco dos títulos de crédito ● Cláusula “à ordem” implicitamente nos cheques • possibilidade de endosso • o emitente pode emitir o cheque expressamente com cláusula “não à ordem” - se isso ocorrer, o cheque não poderá ser endossado QUANTO AO MODO DE CIRCULAÇÃO QUANTO AO MODO E SEGURANÇA DE LIQUIDAÇÃO QUANTO À RESERVA DE NUMERÁRIO CLASSIFICAÇÃO Ao Portador* CC: somente por lei especial QUANTO AO MODO DE CIRCULAÇÃO Nominativo Não A Ordem À Ordem Cessão Ordinária De Crédito Endosso Lei 8.021/90 Cheques: até 100,00 Obs: *Art. 907. É nulo o título ao portador emitido sem autorização de lei especial." QUANTO AO MODO E SEGURANÇA DE LIQUIDAÇÃO Cheque Administrativo “[...]” é aquele sacado pelo banco contra um de seus estabelecimentos. (COELHO, 2014) ○ Sacado e sacador são a mesma pessoa ○ Emissão apenas nominativo Cruzamento em branco (ou geral) Quando falta alguma designação ou se esta for genérica Forma de pagamento ao banco ou ao cliente do sacado: crédito em conta. CHEQUE CRUZADO Cruzamento em preto (ou especial) Quando algum banco específico é mencionado Forma de pagamento ao banco designado no cruzamento: depósito em conta CHEQUE CRUZADO CHEQUE CRUZADO Cheque para se levar em conta Introduzido pela Lei n. 7357/85 Neste caso se indica a própria conta a ser creditada. Gera efeitos somente perante o sacado, pois este deve observar às normas de liquidação relacionada. QUANTO À RESERVA DE NUMERÁRIO Cheque visado “[...]é aquele em que o banco sacado lança declaração de suficiência de fundos, a pedido do emitente ou do portador legitimado.” (COELHO, 2014). Restrito ao cheque nominativo ainda não endossado. O visamento não equivale ao aceite. CHEQUE “ PRÉ DATADO” Súmula 370 STJ Embora juridicamente o termo correto seja cheque “pós-datado”, a prática consagrou a expressão “pré-datado”, que reina absoluta entre nós, já tendo sido mencionada até em decisões judiciais. Cheque pré-datado é uma operação de crédito, não regulamentada pela lei do direito econômico que permite que um comprador pague de forma parcelada por um bem sendo adquirido. Mesmo sendo o cheque uma ordem de pagamento a vista essa pratica é reconhecida e gera obrigações entre as partes. SACADORBENEFICIÁRIO A B SACADO (Sempre Banco) CHEQUE : ORDEM DE PAGAMENTO ÀVISTA ORDEM A VISTA c Art. 9º L.7357/85 Art. 32 L.7357/85 CHEQUE - CARACTERÍSTICAS OBS: QUANTIDADE DE ENDOSSO QUANTIDADE DE ENDOSSO No período de vigência da CPMF (Contribuição Provisória Sobre Movimentações Financeiras), o cheque tinha a peculiaridade de só admitir um endosso (Lei n o 9.311/96 – art. 17). Ocorre que tal norma não mais vige, desde 31 de dezembro de 2007 (ADCT – art. 90) e, por isso, não há mais esse limite do número de endossos no cheque. CHEQUE - CARACTERÍSTICAS ELEMENTOS FORMAIS Arts.1º e 2º L 7.357/85 CHEQUE MUTILADO Art. 41 L 7.357/85 Art. 41 O sacado pode pedir explicações ou garantia para pagar cheque mutilado, rasgado ou partido, ou que contenha borrões, emendas e dizeres que não pareçam formalmente normais. SEM ACEITE Art. 6º L 7.357/85 Art. 6º O cheque não admite aceite considerando-se não escrita qualquer declaração com esse sentido. PAGAMENTO PARCIAL Art. 38 Par.Único L 7.357/85 Art. 38 O sacado pode exigir, ao pagar o cheque, que este lhe seja entregue quitado pelo portador. Parágrafo único. O portador não pode recusar pagamento parcial, e, nesse caso, o sacado pode exigir que esse pagamento conste do cheque e que o portador lhe dê a respectiva quitação. APRESENTAÇÃO DO CHEQUE EMISSÃO DO CHEQUE Ex: 09/09/2017 MESMA PRAÇA PRAÇAS DIFERENTES 30 DIAS 60 DIAS OBS: ART.47 § 3º L.7.357/85 E A SÚMULA 600 STF Art. 33 L 7.357/85 Art. 33 O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no prazo de 30 (trinta) dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60 (sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior. Parágrafo único - Quando o cheque é emitido entre lugares com calendários diferentes, considera-se como de emissão o dia correspondente do calendário do lugar de pagamento. APRESENTAÇÃO DO CHEQUE Apresentação do cheque fora do prazo No Brasil, mesmo após o decurso do prazo de apresentação, o cheque pode ser apresentado para pagamento ao sacado. Nesse caso, ele ainda terá a obrigação de pagar o cheque, caso haja fundos, desde que a ação cambial ainda não esteja prescrita (Lei n o 7.357/85 – art. 35, parágrafo único), ou seja, dentro dos seis meses posteriores ao término do prazo para apresentação (Lei n o 7.357/85 – art. 59). Em outras palavras, para o sacado, o prazo de apresentação não tem maior importância, isto é, ele é obrigado a pagar o cheque regular caso a execução ainda não esteja prescrita, independentemente do decurso ou não do prazo de apresentação. Não impedindo o pagamento pelo sacado, a apresentação a destempo, a princípio, também não impede a execução do cheque. Todavia, perdido o prazo de apresentação, a ação de execução só poderá ser ajuizada contra o emitente e seus eventuais avalistas, isto é, contra os devedores principais do cheque (Súmula 600 – STF). Os devedores indiretos (endossantes e respectivos avalistas) ficam desonerados, uma vez que para a cobrança deles é essencial o protesto tempestivo e, uma vez perdido o prazo de apresentação, também está perdido o prazo do protesto. Além disso, há dispositivo específico (Lei n o 7.357/85 – art. 47, II) que exige a apresentação tempestiva para a cobrança dos devedores indiretos do cheque. EMISSÃO SUSTAÇÃO DO CHEQUE OPOSIÇÃO Obs: deve haver provisão de fundos. NO PRAZO DE APRESENTAÇAO Exemplos:Apenas por aviso escrito ao banco quando ocorrer extravio ou roubo do título, falência do credor, entre outros. REVOGAÇÃO Obs: ato é de uso exclusivo do emitente do cheque. APÓS O PRAZO DE APRESENTAÇAO Arts. 35 c/c 36 L 7.357/85 Aviso epistolar Notificação (judicial ou extrajudicial) Conteúdo: Razões que motivem o ato Gera efeitos tão somente após o término (expiração) do prazo de apresentação Antes da liquidação do cheque SUSTAÇÃO DO CHEQUE Art. 35 O emitente do cheque pagável no Brasil pode revogá-lo, mercê de contra- ordem dada por aviso epistolar, ou por via judicial ou extrajudicial, com as razões motivadoras do ato. Parágrafo único - A revogação ou contra-ordem só produz efeito depois de expirado o prazo de apresentação e, não sendo promovida, pode o sacado pagar o cheque até que decorra o prazo de prescrição, nos termos do art. 59 desta Lei Art. 36 Mesmo durante o prazo de apresentação, o emitente e o portador legitimado podem fazer sustar o pagamento, manifestando ao sacado, por escrito, oposição fundada em relevante razão de direito. § 1º A oposição do emitente e a revogação ou contra- ordem se excluem reciprocamente. § 2º Não cabe ao sacado julgar da relevância da razão invocada pelo oponente. Protesto Em todos os casos de devolução do cheque, o banco deverá atestar o não pagamento por um carimbo, inclusive com a indicação do motivo da devolução. Embora tal carimbo já demonstre a ausência de pagamento do título, é certo que, para determinados efeitos, exige se uma prova solene do não pagamento: o protesto. Nos cheques, o protesto é o meio solene de prova feito perante o competente cartório, para fins de incorporar ao título a prova do não pagamento no vencimento. Tal prova, embora não seja a única admissível do não pagamento do cheque, produz efeitos próprios que lhe dão alguma importância. “Sempre será possível, no prazo para a execução cambial, o protesto cambiário de cheque, com a indicação do emitente como devedor” . Efeitos do protesto de um cheque O primeiro dos efeitos do protesto é a interrupção da prescrição, tendo em vista o disposto no artigo 202 do Código Civil, uma vez que com tal prova o devedor terá a ciência inequívoca de que o credor pretende receber. Para tal efeito, o protesto deverá ser realizado enquanto a prescrição não estiver consumada, pois uma vez consumada não há mais o que interromper. Outro efeito do protesto é a configuração da impontualidade injustificada do devedor empresário, para fins de requerimento de falência, desde que atendidas as demais condições do artigo 94, I, da Lei n o 11.101/2005. Ora, a impontualidade não justificada de uma dívida líquida constante de título executivo demonstra que o devedor está em dificuldades e, se tal devedor for um empresário, tais dificuldades representam uma das hipóteses de estado falimentar. Neste caso, também não há um prazo rígido para a realização do protesto. Além desses dois efeitos, que não são produzidos pelo carimbo de devolução do cheque, há ainda um terceiro efeito produzido pelo protesto que é a possibilidade de cobrança dos devedores indiretos. Estes, a princípio, só poderão ser cobrados se houver a prova tempestiva de que não houve o pagamento do título no vencimento, salvo se for pactuada a cláusula sem despesas ou sem protesto. OBS: Todavia, este último efeito não é privativo do protesto, isto é, para a cobrança dos devedores indiretos é suficiente o carimbo de devolução do cheque apresentado tempestivamente. Para esse efeito e apenas para ele, o protesto é suprido pela declaração de devolução, desde que a apresentação tenha sido tempestiva. Nos demais efeitos, o protesto é essencial, não podendo ser suprido pela declaração do banco. Por derradeiro, é oportuno ressaltar que também no cheque o nome do devedorintimado no protesto será encaminhado aos cadastros de inadimplentes, como o SPC, SERASA e Equifax(a Equifax é a mais tradicional dos três grandes bureaus, reunindo e mantendo informações de mais de 400 milhões de pessoas e empresas no mundo). Nesses casos, o protesto representará a prova da inadimplência de determinada obrigação e, por isso, o nome do emitente poderá ser negativado. Prazo do protesto do cheque Nos termos do artigo 48 da Lei n o 7.357/85, o protesto deverá ser realizado antes da expiração do prazo de apresentação (30 ou 60 dias contados da emissão). Para o TJRS, trata-se de prazo fatal, após o que não será possível mais realizar o protesto, asseverando inclusive tratar-se de abuso de direito sua realização após o prazo. A mesma orientação é sufragada por decisões do TJMG 54 e TJPR 55 que determinam o cancelamento do protesto, realizado após tal prazo. AÇÃO EXECUÇAO PRAZO DE APRESENTAÇAO 30 / 60 DIAS Art. 33 L 7.357/85 AÇÃO CAMBIAL E PRESCRIÇÃO DO CHEQUE 06 MESES Art. 59 L 7.357/85 AÇÃO LOCUPLETAMENTO 2 ANOS (Enriquecimento sem causa) Art. 61 L 7.357/85 OBS 1: AÇÃO CAUSAL 10 ANOS ART. 205 CC Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. OBS 2: CONTA CONJUNTA Novo CPC – art. 781 Prescrição do Cheque A ação cambial é o meio próprio e primário para o recebimento do cheque não pago. Tal ação, contudo, possui limites temporais para ser ajuizada. Pelo uso a que se destina o cheque, resolveu se estabelecer um prazo prescricional relativamente curto para ela, qual seja: seis meses. Na Argentina, tal prazo é de um ano. No Brasil, bem como na Argentina, o prazo deverá ser contado a partir “da expiração do prazo de apresentação” (Lei n o 7.357/85 – art. 59) do cheque e não da sua data de emissão. Assim, deverão ser contados 30 ou 60 dias da emissão, conforme o título seja pagável na mesma praça de emissão ou em praças distintas e, a partir daí, mais seis meses. Não se deve falar em sete meses ou oito meses da emissão, porquanto prazos em dias e em meses não podem se misturar. Primeiro conta se o prazo da apresentação em dias e só então se conta o prazo prescricional em meses. Da Prescrição Art . 59 Prescrevem em 6 (seis) meses, contados da expiração do prazo de apresentação, a ação que o art. 47 desta Lei assegura ao portador. Parágrafo único - A ação de regresso de um obrigado ao pagamento do cheque contra outro prescreve em 6 (seis) meses, contados do dia em que o obrigado pagou o cheque ou do dia em que foi demandado. Ação Cambial – Ação de Execução Art. 781 NCPC Embora o protesto seja um eficiente meio de pressão sobre o devedor de um título de crédito, é certo que ele é apenas um meio de prova, não se constituindo em um meio de cobrança. Para receber o valor incorporado ao título, a legislação assegura ao credor de um cheque não pago a ação cambial, vale dizer, uma ação judicial. A lei reconhece ao titular de um cheque uma presunção que seu direito existe, permitindo a imediata execução do cheque, sem a necessidade de um processo de conhecimento. Portanto, para receber o cheque não pago, o credor deverá ajuizar uma ação executiva, pelo rito da execução por quantia certa, perante o juízo do foro de domicílio do executado, de eleição constante do título ou, ainda, de situação dos bens a ela sujeitos. Ação de locupletamento ou de enriquecimento sem causa Prescrita a ação cambial executiva, pode o portador do cheque ajuizar ainda a ação de locupletamento ou de enriquecimento ilícito, visando ao recebimento do valor consignado no título. Trata se de uma segunda ação, posta à disposição do credor, a fim de evitar que o devedor do título de crédito se enriqueça indevidamente. A ação de locupletamento ou enriquecimento sem causa é uma ação subsidiária, isto é, é uma ação que só surge quando não é mais possível ajuizar a ação cambial. Ela visa a evitar prejuízos para o credor que deixou transcorrer o prazo prescricional da ação cambial. Apesar da sua inércia, ele ainda é considerado digno de proteção e se coloca à sua disposição uma segunda ação, com o objetivo de evitar o enriquecimento ilícito dos devedores do cheque. Ação monitória (art. 700, Novo CPC) Súmula 299, STJ. É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito. “Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz: I - o pagamento de quantia em dinheiro;” Pressuposto: prova sem eficácia de título executivo O STJ reconheceu que há um prazo genérico de cinco anos (CC – art. 206, § 5 o , I) contados do primeiro dia útil seguinte ao vencimento do título, sem eficácia executiva, para o ajuizamento da ação monitória. A Súmula 503 do STJ tem o seguinte teor: “O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à ata de emissão estampada na cártula.” Esta orientação tem caráter vinculativo por advir de recurso especial repetitivo. CC C/2002 Art. 206. Prescreve: § 3o Em três anos: IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; § 5o Em cinco anos: I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; CASO CONCRETO: Maria e Bernardo são casados e possuem conta corrente no Banco Brasileiro S.A. Para efetuar o pagamento de um tratamento dentário da esposa, Bernardo emite um cheque no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) em favor do dentista Alberto. Sendo assim, o dentista depositou o cheque e foi surpreendido pela devolução do cheque por falta de fundos. Tendo em vista que não conseguiu o pagamento do cheque, Alberto promoveu execução em face de Maria, tendo em vista que foi a usuária do tratamento dentário. Analisando caso concreto, responda as seguintes questões: a) Tendo em vista que a conta corrente é conjunta, será procedente a execução em face de Maria? Resposta: Não. O principio da literalidade aplicado aos títulos de credito é claro ao prevê que só vale o que está escrito no titulo, sendo que o caso apresentado somente Bernardo assinou o cheque. Logo a legitimidade passiva será somente de quem assinou. b) Quais os requisitos legais que devem conter num cheque? Resposta:Nos termos do artigo 1° Lei n°7.357/1985, são requisitos do cheque: a) A denominação “cheque” inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é redigido; b) A ordem incondicional de pagar quantia determinada; c) O nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado); d) A indicação do lugar de pagamento; e) A indicação da data e do lugar de emissão; f) A assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes especiais. QUESTÃO OBJETIVA: (TJCE – Juiz – 2014) Antônio emitiu um cheque nominativo a José contra o Banco Brasileiro S.A. No mesmo dia, José endossou o cheque a Ricardo, fazendo constar do título que não garantiria o seu pagamento e que a eficácia do endosso estava subordinada à condição de que Maria, irmã de Ricardo, lhe pagasse uma dívida que venceria dali a dez (10) dias. Vinte (20) dias depois da emissão do título e sem que Maria tivesse honrado a dívida para com José, Ricardo apresentou o cheque para pagamento, mas o título lhe foi devolvido porque Joãonão mantinha fundos disponíveis em poder do sacado. Nesse caso, a) Ricardo não poderá endossar o cheque a terceiro, pois o cheque só admite um único endosso. b) o endosso em preto de cheque nominativo exonera o emitente do título de responsabilidade pelo seu pagamento. c) por força de lei, o emitente do cheque deve ter fundos disponíveis em poder do sacado, e a infração desse preceito prejudica a validade do título como cheque. d) José responderá perante Ricardo pelo pagamento do cheque, porque se reputa não escrita cláusula que isente o endossante de responsabilidade pelo pagamento do título. e) a despeito do inadimplemento de Maria, Ricardo ostenta legitimidade para cobrar o pagamento do título porque se reputa não escrita qualquer condição a que o endosso seja subordinado. Assim terminamos a aula de hoje.
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