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tarefas degradan- tes ou abaixo da capacidade profissional (p. ex.: servir cafezinho, lavar banheiro, levar sapatos para engraxar ou rebaixar médico para aten- dente de portaria), sorrisos, suspiros, trocadilhos, jogo de palavras de cunho sexista, indiferença à presença o outro, silêncio forçado e traba- lho superior às forças do empregado, dentre outros. Um exemplo prático é a decisão da Justiça do Trabalho (RT 04393-2008- 069-09-00-8) que condenou uma determinada instituição bancária em da- nos morais no importe de R$ 5 mil por entregar a um trabalhador, em públi- co, diante de seus colegas de trabalho, pelo fato deste não ter conseguido atingir as metas e ter ficado em último lugar, uma lanterna como “prêmio”. Assista ao vídeo “Jornal Hoje - Assédio moral pode ser punido pela Justiça” disponível em http://www.youtube.com/watc h?v=MQukDqkMwaA&feature =related Em sua decisão, a Juíza Ariana Camata Langoski explicou que: A reparação pelo dano moral deve ter caráter punitivo e didático, vi- sando penalizar o agressor e impedir que volte a reincidir na conduta. Por outro lado, sua finalidade não é enriquecer a vítima, mas apenas proporcionar-lhe certo conforto, já que a pecúnia jamais será suficiente para reparar o sofrimento moral, que é inestimável. Para o arbitramen- to da quantia, também será levado em conta o grau de culpa da ré, que, no caso, considero grave, ante a forma deliberada com que a con- duta foi praticada. Na hipótese, reconheço como justa, a indenização por danos morais arbitrada no importe de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), a qual atenderá às finalidades acima. Normalmente, quando o agente que pratica o assédio moral é questionado pelo seu ato, ele se defende alegando que teria sido mal interpretado, que a suposta vítima é problemática e nunca reclamou, que é uma invenção e que tudo não passou de uma brincadeira. O assédio moral é uma prática muito comum não só no ambiente empresa- rial privado, mas também na Administração Pública. A exemplo disso, o Município de São Paulo-SP publicou a Lei Ordinária nº 13.288, de 10 de janeiro de 2002, que “dispõe sobre a aplicação de pena- lidades à prática de “assédio moral” nas dependências da administração pública municipal direta e indireta por servidores públicos municipais”. A publicação dessa Lei é um avanço legislativo porque traz a conceituação do que é o assédio moral, prevendo consequências aos gestores públicos que o praticarem contra os servidores. No texto consta o seguinte: Figura 26.1: Assédio moral no trabalho Fonte: www.shutterstock.com Leia a respeito das “Fases da humilhação no trabalho” em artigo disponível em http:// www.assediomoral.org/spip. php?article2 Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 128 e-Tec Brasil129Aula 26 - Assédio moral no trabalho Para fins do disposto nesta lei considera-se assédio moral todo tipo de ação, gesto ou palavra que atinja, pela repetição, a autoestima e a segurança de um indivíduo, fazendo-o duvidar de si e de sua com- petência, implicando em dano ao ambiente de trabalho, à evolução da carreira profissional ou à estabilidade do vínculo empregatício do funcionário, tais como: marcar tarefas com prazos impossíveis; passar alguém de uma área de responsabilidade para funções triviais; tomar crédito de ideias de outros; ignorar ou excluir um funcionário só se dirigindo a ele através de terceiros; sonegar informações de forma in- sistente; espalhar rumores maliciosos; criticar com persistência; subes- timar esforços. É óbvio que o assédio moral causa um dano consistente no abalo psicológico da vítima, e por essa razão deverá ser reparado por meio de uma indeniza- ção a ser arbitrada pela Justiça do Trabalho. Resumo Cada vez mais encontramos casos de assédio moral no trabalho, tema de nossa aula de hoje. Os empregadores, seus prepostos e os empregados pre- cisam estar atentos para que ele não ocorra. Isso também vale para os casos de assédio sexual estudados na aula anterior. Atividades de aprendizagem Faça uma pesquisa com seus amigos e familiares e verifique se eles já foram vítimas de assédio moral no trabalho. Depois discuta com seus colegas os resultados obtidos. e-Tec Brasil131 Aula 27 - A responsabilidade criminal I Até agora analisamos detalhadamente a respeito da responsabili- dade civil, e fizemos alguns comentários sobre a criminal. Em nos- so encontro de hoje, e no seguinte, iremos aprofundar os estudos a respeito da responsabilidade criminal. 27.1 Conceito Um conceito clássico de Direito Penal, ensinado por Garcia (1956, p.8), nos diz que “é um conjunto de normas jurídicas que o Estado estabelece para combater as infrações penais, consistentes em crimes ou delitos e contra- venções, disciplinando a aplicação, assim, das penas e das medidas de se- gurança”. Portanto, responsabilizar criminalmente consiste na sujeição do autor a uma pena (seja ela restritiva de liberdade ou de multa) em consequência da práti- ca de um crime prévia e expressamente previsto no Código Penal. 27.2 Histórico O Direito Penal, segundo Maggio (2001, p.31), passou por diversas fases ao longo da história, e elas foram estudadas em nossas primeiras aulas (fase da vingança privada, da vingança divina e da vingança pública). Figura 27.1: Prisão Fonte: www.shutterstock.com Revisando: • Vingança Privada: A punição era a resposta do próprio ofendido, de seus familiares ou integrantes do grupo tribal. Inicialmente eram aplica- das respostas desproporcionais, mas com a influência da Lei do Talião, passou a ser limitada a um mal idêntico ao praticado contra a vítima. • Vingança Divina: A punição era aplicada pelos deuses. • Vingança Pública: A punição era aplicada pelo governante, em resposta severa e cruel, tendo como finalidade a intimidação. 27.3 A responsabilização do técnico em se- gurança no trabalho Estamos estudando ao longo de nosso curso que o técnico em segurança no trabalho possui diversas responsabilidades profissionais. Caso elas não sejam respeitadas, o sujeito poderá responder civil e criminalmente pelos seus atos e omissões. No âmbito civil já estudamos detalhadamente como se dá essa responsabi- lização, e na seara penal destacaremos uma contravenção penal (não for- necimento de equipamentos de segurança) e três crimes (lesão corporal, exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo direto ou iminente e homicídio culposo. 27.4 Contravenção Penal Segundo a Lei de Introdução do Código Penal - LICP (Decreto-Lei nº 3.914/41), tem-se que contravenção penal é “contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente”. A Lei das Contravenções Penais (Decreto-Lei nº 3.688/41) diz que a pena de prisão simples “deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em estabeleci- mento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semi-aberto ou aberto”, e que “o condenado a pena de prisão simples fica sempre sepa- rado dos condenados a pena de reclusão ou de detenção” (art. 6º). Em resumo, a diferença entre um crime e uma contravenção penal é que nessa última a pena é mais branda, ou seja (prisão simples e/ou multa, alter- nativa ou cumulativamente), enquanto o crime é a “infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alterna- tiva ou cumulativamente com a pena de multa” (LICP – art. 1º). Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 132 e-Tec Brasil133Aula 27 - A responsabilidade criminal I Você sabia? Pena de reclusão é aquela aplicada a crimes dolosos, e cumprida em regime fechado (estabelecimento penal de segurança média ou máxima, semi-aberto (estabelecimento penal agrícola, industrial