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Trabalho Psico e Sociedade - Análise Yamamoto e Silva Carvalhães

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UNIVERSIDADE FEEVALE
Andressa Muller Piangers
Bruna Fernández da Silva
Isadora Altmayer
Pamela Gomes
PSICOLOGIA E SOCIEDADE
NOVO HAMBURGO
 2018
O presente trabalho está vinculado a disciplina de Psicologia e Sociedade do curso de Psicologia da Universidade Feevale e tem como objetivo realizar a análise do estudo da psicologia social no Brasil através dos artigos de Yamamoto (2007) e Silva e Carvalhaes (2016). Objetivamos a análise a partir dos pontos de Convergências entre os artigos, trazendo principalmente uma visão à longo prazo da prática social dentro da psicologia. Outro ponto de análise foi as divergências discorridas principalmente nas questões politicas e econômicas de ambos artigos, além da continuidade entre o processo pensado a ser realizado e de fato a realização do mesmo, implicando em descobertas diferentes e outras metas a realizar. Por último, a explicação da questão social como sendo um conjunto de problemas políticos, sociais e econômicos de uma comunidade e a movimentação do estado para cada um dos artigos. 
Além de abordar a aproximação da psicologia com as questões sociais, os autores trazem uma visão da psicologia para além dos modelos tradicionais da atuação. Silva e Carvalhaes (2016) destacam a necessidade de uma “análise de perspectivas teóricas e metodológicas que se apresentam como formas hegemônicas do fazer psicológico, bem como na necessidade de rever e reinventar possibilidades de atuação”. Os autores também refletem sobre a divergência entre a prática e a demanda populacional, enfatizando a valorização das diversas formas de expressão da subjetividade (SILVA; CARVALHAES, 2016). Yamamoto (2007) discorre sobre a elitização da profissão e contextualiza sua regulamentação em um regime autocrático-burguês, atentando-nos para a notável preferência do psicólogo pela atividade clínica, contribuindo para a implementação do perfil da profissão no país e ainda e para o afastamento da prática no setor público. Diante disso é necessário “não somente superar o elitismo, mas dirigir a ação para rumos diferentes daqueles que têm consagrado a Psicologia” (Yamamoto, 2007). 
	Os dois artigos lançam questões a serem respondidas sobre os rumos da psicologia reforçando que ainda há muito a caminhar no campo das Políticas Públicas e do bem-estar social. Yamamoto (2007) lança um desafio para a categoria: fomentar a pesquisa no meio acadêmico de modo a buscar nova formas de atuar junto aos conflitos sociais, bem como fortalecer a inserção da psicologia no campo das políticas públicas. Podemos perceber que no texto de 2016 ainda se faz necessário o avanço no que tange a relação da psicologia com as políticas públicas. Bem como relata Silva e Cavalhares (2016) a psicologia é um campo de construção vasto e aberto a superações e aperfeiçoamentos teóricos e práticos.
Yamamoto (2007) apresenta de forma geral a realidade sócio política econômica de nossa sociedade junto ao histórico da psicologia, contextualizando a desigualdade por meio de uma luta de interesses entre a acumulação e as necessidades dos cidadãos. Neste contexto, problematiza-se a atuação dos psicólogos no campo do bem estar social, promovendo políticas públicas, visando sanar as sequelas decorrentes das questões sociais. No entanto, Silva e Carvalhaes (2016) discorre sobre a relação desse cenário para a formação da subjetividade, trazendo o capitalismo como um sistema que busca adequar/normatizar a população como forma de aumentar sua utilidade social, resultando na perda da subjetividade, bem como o aumento da desigualdade e discriminação com populações consideradas “diferentes”. Seu estudo também aborda a importância de atuar contribuindo para a garantia e acesso aos direitos básicos de todo o cidadão, tendo em vista a instauração de um trabalho construído em conjunto com a comunidade, sempre atrelado às necessidades particulares da região ou grupo específico de pessoas. 
Enquanto Yamamoto (2007) apresenta uma visão mais teórica acerca da questão social e suas implicações à prática psicológica, Silva e Carvalhaes (2016) dirige seu estudo a partir da vivência de psicólogos inseridos na Política de Assistência Social, discutindo alguns impasses ainda enfrentados pela profissão, e apresenta mais conhecimentos sobre as questões sociais e a relação com a pratica psicológica. Deste modo podemos concluir que o estudo de Silva e Carvalhaes é um complemento as questões problematizadas por Yamamoto a cerca de dez anos atrás, nos permitindo perceber o que ainda configura-se como um desafio, os impasses que são enfrentados recentemente e como a psicologia já se apropriou mais do campo das políticas públicas. 
Yamamoto (2007) conceitua a Questão Social através da teoria social marxiana como um conjunto de problemas políticos, sociais e econômicos, originados pela crescente pobreza da classe operária e grande desigualdade social, resultantes do sistema capitalista. Deste modo, entende a questão social atrelada à desigualdade social degradação do trabalho, juntamente ao movimento de Estado em deslocar a responsabilidade com as questões/ problemas social para a empresa privada e para o Terceiro Setor (sociedade civil), a fim de fazer programas e projetos para auxiliar os necessitados, configurando-se também como uma forma de caridade. 
De forma bem parecida, Silva e Carvalhaes (2016), discorrem sobre o avanço do capitalismo ter se instaurando como processo de classificação da população no binômio normalidade/anormalidade, para de certa forma adequar a população para o trabalho. Com isso, o poder normalizador, tende a regular toda população, e assim, gerando exclusões dos “não aptos”. Hoje ainda é possível observar ressonâncias dessas produções, principalmente nos campos articulados às políticas públicas no Brasil, que insistem na tentativa de moldar o cotidiano dos moradores de periferias ao ritmo de vida que levam as pessoas de classes mais altas. Entretanto, é importante colocar as a articulação de práticas psicológicas críticas aos mecanismos de normatização social, em que contribuem para produzir e dar visibilidade às múltiplas maneiras como as pessoas experimentam a vida. Com as questões sociais presentes, o psicólogo atuara como forma de auxiliar no processo de construção de modos singulares de vida, valorizando as expressões culturais, familiares e mapeando estratégias de sobrevivência relacionadas com formas de cooperação e solidariedade em face da condição de dificuldades encontradas no cotidiano vivenciado, deixando de lado as questões normatizadoras (SILVA; CARVALHAES, 2016).
Podemos concluir que, apesar dos dois artigos terem diferenças, as concepções sobre o que é social são bem próximas. O artigo de 2007 é mais focado no contexto histórico e o de 2016 serve como um complemento, trazendo um pouco da história, mas além disso, trazendo questões atuais sobre a atuação do psicólogo no fazer social e suas implicações. Com estes estudos é possível ter um panorama geral sobre a questão social e a psicologia atuando nesse contexto. 
REFERÊNCIAS
SILVA, Rafael B.; CARVALHAES, Flávia F. de. Psicologia e Políticas Públicas: impasses e reinvenções. Revista Psicologia & Sociedade, Vol 28, n. 2, pp. 247-256, 2016.
YAMAMOTO, Oswaldo H. Políticas Soc, “Terceiro Setor” e “Compromisso Social”: perspectivas e limites do trabalho do psicólogo. Revista Psicologia & Sociedade, Vol 19, n. pp. 30-37, 2007.

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