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Unidade 3 – Produtos para o rosto e corpo I Emulsões, géis, cremes e pomadas 1 Emulsões São preparações de aspecto leitoso, obtidas pela dispersão de duas fases não miscíveis (óleo e água) São sistemas termodinamicamente instáveis, havendo a necessidade da utilização de um agente emulsionante ou emulgente (tensoativo) que diminua a tensão interfacial entre as duas fases. 2 Classificação das emulsões Emulsão O/A – Óleo / Água (hidrofílica): a fase interna é oleosa (lipofílica) e a externa, também chamada de dispersante ou contínua é aquosa (hidrofílica). Promove uma sensação menos oleosa e de frescor, devido à água estar em contato com a pele. Laváveis, não oclusivas, de fácil espalhabilidade e consistência variada. 3 Classificação das emulsões Emulsão A/O – Água /Óleo (lipofílica): a fase interna, também chamada de dispersa ou descontínua é aquosa (hidrofílica) e a externa é oleosa (lipofílica). Promove uma sensação mais oleosa, devido ao óleo estar em contato com a pele. Emulsões gordurosas e oclusivas. Ex.: cremes para noite ou de massagem 4 Classificação dos emulsionantes (ta) Primários ou verdadeiros: TENSOATIVOS – atuam diretamente sobre a tensão superficial,facilitam a obtenção da emulsão e promovem sua estabilidade. Secundários ou auxiliares: atuam aumentando a viscosidade da fase externa, aumentam a estabilidade dos produtos associados aos agentes primários. 5 Características químicas dos ta Naturais: de origem animal, vegetal e mineral. Ex.: goma arábica, goma adraganta, goma karaya, gema de ovo, gelatina, lecitina - passíveis de contaminação microbiológica. Sintéticos: mais utilizados. Aniônicos , não iônicos , anfotéricos e catiônicos. 6 Características químicas dos ta 7 Características químicas dos ta Moléculas anfipáticas, ou anfifílicas, são moléculas que apresentam a característica de possuírem uma região hidrofílica (solúvel em meio aquoso), e uma região hidrofóbica (insolúvel em água, porém solúvel em lipídios e solventes orgânicos). A maior parte dos sabões e detergentes são feitos de compostos que contém esse tipo de molécula. O caráter polar e apolar permite ligações aparentemente impossíveis entre moléculas. Em sua maioria, são moléculas orgânicas que apresentam de um lado um haleto orgânico (polar) e de outro uma extensa cadeia de hidrocarbonetos (apolar). Sua forma mais estável em água ou outro ambiente polar é na forma de micela. 8 Aniônicos Cremes aniônicos. Estáveis em pH em torno de 7,0 Liberação mais rápida dos princípios ativos quando comparados com os não iônicos. Incompatíveis com tensoativos catiônicos ou com substâncias que diminuem o pH a 4,0 Ex.: Sabões alcalinos, sabões metálicos, sabões de bases orgânicas, cetil estearil sulfato de sódio (lanette E), diadermina, creme lanette, lauril sulfato de sódio. 9 CH3(CH2)nCOOH + NaOH CH3(CH2)nCOONa + H2O parte lipofílica CH3(CH2)n parte hidrofílica COO-Na+ Existem vários tipos de sabão classificados dentro dos tensoativos aniônicos: Alcalinos O/A: estearato de sódio CH3(CH2)16COO-Na+ Lipofílico hidrofílico Aniônicos 10 Metálicos A/O: sais de diversos ácidos: cátions di e trivalentes CH3(CH2)16COO Ca+ diestearato de cálcio CH3(CH2)16COO De bases orgânicas O/A R = CH2CH2OH R CH2(CH2)16COO N+ R estearato de R trietanolamina aniônicos 11 aniônicos Nos sabões o ânion é o radical ácido que na água se separa do cátion e é formado pela cadeia de carbono (lipofílica) e o radical carboxíico, -COO- (hidrfílico). Derivados sulfatados O/A são sais de sódio de ésteres sulfúricos de álcoois graxos, resultantes da reação de um álcool graxo com ác. Sulfúrico. Ex. lauril sulfato de sódio CH3(CH2)10CH20SO3Na Derivados sulfonados O/A: R – SO3Na 12 Não iônicos Cremes não iônicos, não há formação de íons. Ligação éster: R – COOR1 Onde, R = ácido graxo e R1 = poliálcool Estáveis em ampla faixa de pH e compatíveis com um grande n° de substâncias. Ex.: estearatos de etilienoglicol, estearatos de propilenoglicol, éster do sorbitano (SPAN); derivados polioxietilênicos (TWEEN); bases autoemulsionantes. 13 Catiônicos Cremes catiônicos. Irritantes de pele e mucosa. Utilizados em rinses e condicionadores, em baixas concentrações (máx. 3%). Sais de amônio quaternário O/A. CH3+ C16H3N CH3 Br CH3 Ex. Brometo de cetiltrimetilamônio ANFOTÉRICOS – derivados betaínicos. 14 Classificação quanto à consistência Cremes: Emulsões semi-sólidas, onde o conteúdo de água é menor. Maior quantidade de material graxo. Loções cremosas: Emulsões fluidas onde o conteúdo de água é grande. Apresentam vantagens e desvantagens em relaçào aos cremes Vantagens: Maior facilidade de aplicação, mais fáceis de eliminar com água, sensação mais suave e refrescante na pele, formulação mais econômica, fácil limpeza do equipamento Desvantagens: Mais instáveis, facilmente contamináveis 15 Composição de uma emulsão Fase dispersante, externa ou contínua. Fase dispersa, interna ou descontínua. Fase interfacial, formada por um (ou mais) agente emulsionante, que envolve cada partícula dispersa. 16 Representação esquemática das emulsões 17 Componentes de uma emulsão ÁGUA: bacteriologicamente pura e isenta de sais minerais (íons) e matéria orgânica. GORDURAS: emoliência e consistência. Ex: óleos naturais, ceras, silicones. EMULSIONANTES: mais empregados são os não iônicos – álcoois e ésteres polioxietilênicos. São praticamente neutros, compatíveis com os eletrólitos e outras substâncias, menos irritantes. ESPESSANTES: regular a viscosidade da fase externa. Aquosa = derivados da celulose Oleosa = lanolina e ceras 18 Componentes de uma emulsão UMECTANTES: impedem ou retardam a formação de cristais. Ex: glicerina, sorbitol, propilenoglicol. CONSERVANTES : previnem o crescimento de fungos e bactérias. De preferência devem ser utilizados na fase aquosa. OBS: os polissorbatos (Tweens) reduzem a atividade antimicrobiana dos parabenos. ADITIVOS: antioxidantes, sequestrantes, essências e corantes. 19 Equilíbrio hidrofílico-lipofílico – EHL As influências recíprocas das duas partes (polar e apolar) das moléculas dos agentes tensoativos, conferem os caracteres especiais a cada um. Os estudos para conseguir uma coerência ou equilíbrio entre essas duas partes da molécula são muito importantes, pois permitem conhecer e prever o comportamento do tensoativo. GRIFFIN estabelecer parâmetros para cálculo do EHL 20 Equilíbrio hidrofílico-lipofílico – EHL EHL = 20 (1 – IS) IA Onde : IS = índice de saponificação do agente emulsivo IA = índice de acidez do ácido esterificado Ex: Monoestearato de glicerila (S = 161 / A = 198) EHL = 20 (1 – 161) 198 EHL = 3,8 21 Equilíbrio hidrofílico-lipofílico – EHL O EHL é um sistema de classificação, onde são dados números de 1 a 20 , dependo da força das porções hidrofílica e lipofílica da molécula EHL baixo: lipossolúvel (nº de grupos hidrofílicos é pequeno) EHL alto: hidrossolúvel (nº de grupos hidrofílicos é grande) A proporção entre as duas fases, de uma emulsão, não determina, necessariamente, o seu tipo, mas é o agente emulsivo que a torna A/O ou O/A. 22 Equilíbrio hidrofílico-lipofílico – EHL Emulsionantes hidrófilo/lipófilo – 3 a 6 Molhantes 7 a 9 Antiespumantes < (8 principalmente 1,5 a 8 Emulsionantes lipófilo/hidrófilo 8 a 18 Detergentes 13 a 15 Solubilizantes 15 a 18 23 Processo de fabricação Aquecimento das duas fases, separadamentea 70 – 80°C. Adicionar uma fase à outra (geralmente se verte a fase dispersa sobre a contínua), lentamente, sob vigorosa agitação (5 a 10 min.), mantendo a temperatura. Reduzir a velocidade de agitação e agitar até esfriar Adicionar o fármaco (30˚C) , corantes, essências, etc. Os moinhos coloidais permitem emulsionação mais perfeita e grau de divisão das partículas melhor definido. 24 Estabilidade das emulsões Floculação e formação de creme: Fase interna forma agregados que sedimentam ou sobem à superfície da emulsão em forma de creme. Perda de homogeneidade Prejuízos à estética da emulsão. PROCESSO REVERSÍVEL POR AGITAÇÃO Coalescência e separação de fases: Reagrupamento das gotículas na fase interna havendo separação de fases. Agente emulsionante: inadequado ou em concentração insuficiente pode - se tentar reverter com a adição de mais tensoativo. PROCESSO IRREVERSÍVEL 25 Estabilidade das emulsões 26 Ensaios de estabilidade das emulsões Teste de estocagem: Armazenar a amostra na embalagem final por tempo prolongado Testes acelerados com centrífuga: Submeter a amostra durante 10 min a 3000 rpm Submeter a amostra durante 3 min a 10000 rpm Teste de temperatura: Colocar a amostra em diferentes temperaturas: - 5°C, temperatura ambiente/7 dias, 50°C em estufa Choque térmico: submeter a amostra a diferentes temperaturas alternadas. Mantém-se a amostra durante 24 hs a temperatura ambiente, posteriormente 2 hs a – 5°C e em seguida 24 hs a 50°C em estufa. 27 27 Reconhecimento dos tipos de emulsão O/A ou A/O O/A – a fase dispersante é água, condutora de corrente elétrica. Basta verificar a passagem ou não de eletricidade. Outro método: consiste na diluição da fase dispersante. Uma emulsão O/A poderá incorporar água sem alterar o aspecto da emulsão. Utilização de corantes: misturando um corante lipossolúvel nas gorduras (corante Sudão III), uma emulsão O/A ficará com gotículas coradas de vermelho. 28 Géis-cremes São emulsões contendo alta percentagem de fase aquosa e baixíssimo conteúdo oleoso, estabilizadas por colóide hidrofílico e tensoativos. Alta consistência: cremes “oil-free” Baixa consistência: loções “oil-free” Veículos não gordurosos e não oclusivos de fácil espalhamento 29 géis Consistem na dispersão de um sólido (resinas, polímeros e derivados da celulose) em um líquido (geralmente água ou mistura hidroalcoólica), formando um excipiente transparente ou translúcido. São ideais para pele acneicas e oleosas e também como veículo em preparações intranasais, intravaginais, retais, orais e até parenterais. Amplamente empregados em cosméticos com o apelo de preparações não comedogênicas e oil free. 30 Atividade dos géis na pele Possuem baixo poder de penetração, sendo mais adequados para tratamentos superficiais. Porém, a literatura descreve muitas formulações de gel empregadas como géis transdérmicos. Os géis podem ser classificados de diversas maneiras 31 Classificação de acordo com a fase coloidal Inorgânico – geralmente bifásico. Ex. gel de hidróxido de alumínio, gel de bentonita, gel Veegum® Orgânico – geralmente monofásico. Ex. gel de goma adraganta, gel de carbômeros (Carbopol®) De acordo com o número de fases podem ser classificados em: monofásicos e bifásicos. 32 Classificação segundo a natureza da fase líquida Hidrogel – substâncias hidrofílicas. Ex. gel de sílica, bentonita, pectina, alginato de sódio, carbopol, metilcelulose, Pluronic® F 127, CMC-Na Oleogel (organogel) – substâncias lipofílicas. Ex. plastibase, gel de parafina líquida, petrolato, PEG, PLO (Pluronic® Lecithin Organogel), manteiga de cacau 33 Pomadas São preparações semissólidas desenvolvidas para aplicação externa na pele ou membranas mucosas que amolecem ou se fundem na temperatura corporal (USP, 2005). Deve apresentar aspecto homogêneo, não deve produzir irritação ou sensibilização da pele, nem retardar a cicatrização. 34 Atividade das pomadas na pele Os produtos gordurosos provocam a oclusão da pele impedindo a perspiração, o que resulta na embebição da camada córnea e outras camadas da epiderme e da derme pela água retida. Ocorre então, a vasodilatação, que fornece à pele meios para diluir as substãncias tóxicas retidas e garantir o metabolismo celular no momento alterado. Só devem ser utilizadas em dermatoses com características crônicas. Não são aconselhadas para uso em estados cutâneos agudos ou subagudos. 35 Principais excipientes para pomadas Bases graxas – vaselina sólida (petrolato ou gel de petrolato), parafina sólida, cera branca (cera de abelha branca ou alvejada) e Gel de petrolato e polietileno – plastibase (Chemigel® - Chemyunion) – combinação de vaselina líquida e parafina aquecida com polietileno e resfriada em condições especiais. Forma pomadas e géis oleosos translúcidos que incorporam p.as. lipo e hidrossolúveis. Ideal para uso em produtos infantis, para peles sensíveis e pomadas oftálmicas. 36 Principais excipientes para pomadas Bases de absorção – podem ser anidras ou hidratadas. Anidras: lanolina anidra, petrolato hidrofílico (composta por colesterol, álcool estearílico, cera branca e vaselina sólida), anfocerina (associação de álcoois graxos superiores, óleos vegetais e ésteres graxos), Aquaphor®. Hidratadas: lanolina hidratada, Eucerin® (emulsão tipo A/O), cold cream 37 Principais excipientes para pomadas Bases hidrossolúveis – polietilinoglicóis (PEG 400, PEG 600, PEG 3350, PEG 4000), também conhecidos como Carbowax® ou Macrogol®. São contraindicadas em pacientes com queimaduras extensas, por serem hiperosmóticas. 38 Cold cream e Diadermina Cold cream – emulsão tipo A/O. A lenta evaporação da água confere à pele o efeito refrescante. Pode ser usado como veículo ou mesmo puro em produtos para massagem corporal ou facial. Diadermina – ou cremes evanescentes, são emulsões tipo O/A contendo ácido esteárico em concentrações de 15 a 25%, parcialmente saponificado. Possui consistência firme e cor branca perolada. É uma boa base para ativos que necessitem de uma maior penetração cutânea. 39 Cremes cosméticos Conservar ou tornar a pele mais suave e fresca Proteger a pele contra maus tratos e agressões Fornecer à pele substâncias graxas e água superficial Retardar a formação de rugas Limpar em profundidade a epiderme 40 Regras gerais para a escolha de um creme Considerar o tipo de pele. Deve-se evitar aplicar um creme oleoso sobre a pele oleosa, mesmo após a limpeza adequada Pele seca necessita de acréscimo de matéria graxa Os cremes para o dia servem principalmente como suporte para maquiagem; deixam a pele com aspecto opaco e acetinado Os cremes para a noite devem ter a composição semelhante ao sebo cutâneo; formar fina película permeável a água; ser neutro ou ligeiramente ácido; ser bem absorvido pela pele 41 Sequência no tratamento estético Limpeza – são utilizados sabonetes, loções e cremes de limpeza. Tonificação – exige loções tônicas e águas faciais. Proteção – se dá com cremes para o dia. Tratamento para o rosto – exige uma série de cremes específicos como cremes para a noite, nutritivos, anti-rugas e para o contorno dos olhos. Maquilagem – são usadas bases Cremes para o corpo – com ativos específicos para celulite, estrias, busto, etc. 42 Mecanismos de Hidratação Oclusão: redução da velocidade da perda transepidérmica de água ou proteção dos efeitos dessecantes do ambiente. Subst. oclusivas impermeáveis a água: óleos minerais e vegetais, lanolina, silicone. Umectação: uso de ag umectantes para atrair umidade para a pele. São substâncias higroscópicas. Ex: glicerina, propilenoglicol, sorbitol, lactato de amônio. Restauração de subst. deficientes: aplicação de componentes do NMF solúveis em água. Ex. PCA Na 43 Umectantes São substâncias tipicamente higroscópicas incluídas nas formulações com a função precípua de reter a água no corpo cremoso, evitando a quebra da emulsão e balanceando a troca gasosa entre o produto e o ar, tanto no potecomo quando aplicado sobre a pele. 44 Emoliente Emolientes são produtos oleosos que favorecem a espalhabilidade das emulsões sobre a pele, conferindo suavidade e proteção desejada. Agente que amolece a pele ou suaviza a irritação na pele ou membrana mucosa. Toda substância que ajuda a manter a textura, suavidade e flexibilidade da pele Mecanismo de ação: oclusão artificial evitando a evaporação da água, podendo ser absorvidos ou ficarem retidos na pele. Função: proteger a pele, promover a hidratação e prevenir o ressecamento 45 Limpeza Retirar a maquiagem e o excesso de oleosidade da pele. Maior teor graxo - Glicerina / vaselina líquida dissolvem e retiram a maquiagem Maior teor de água retirar impurezas Maior teor de detergência pele oleosa Caracterísitcas desejáveis: ser estáveis, não provocar alergias, isentos de corante, devem fundir-se quando aplicados na pele. 46 Limpeza – qualidades desejadas Não devem ser absorvidos Devem remover as impurezas Deve deixar a pele macia Deve ser usado e imediatamente retirado pela água 47