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Etologia - Comportamento de primatas Cebus apella

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – ICS
MEDICINA VETERINÁRIA
COMPORTAMENTO DOS PRIMATAS – MACACO PREGO (Cebus Apella)
Rafael Rocha de Oliveira
Wanessa Daroz Matte
Cassiano Silva de Medeiros
Karina Beckmann
Valéria Alves de Sá
Camila Thais Gabiatti
Giulia Antunes Rocha
SINOP - MT
MARCO DE 2016
COMPORTAMENTO DOS PRIMATAS – MACACO PREGO (Cebus Apella)
Rafael Rocha de Oliveira
Wanessa Daroz Matte
Cassiano Silva de Medeiros
Karina Beckmann
Valéria Alves de Sá
Camila Thais Gabiatti
Giulia Antunes Rocha
Relatório apresentado à disciplina de ETOLOGIA E BEM ESTAR ANIMAL Docente: Prof. Dr. Paula Moreira.
SINOP – MT
MARÇO DE 2016
SUMÁRIO
1. Introdução.......................................................................................................04-05-06
2. Categorias comportamentais...............................................................................08-07
3. Comportamentos em fragmentos de mata nativa........................................09-10-11
4. O comportamento dentro do cativeiro...............................................................12-13
5. Conclusões..................................................................................................................14 
6. Referências............................................................................................................15-16
1. Introdução.
Os Cebus são primatas neotropicais e estão distribuídos em duas famílias: Atelidae e Cebidae. A subfamília Cebinae é uma das duas famílias que compõem a família Cebidae, onde se encontra o gênero Cebus. 
O gênero Cebus tem sido considerado um dos grupos de mamíferos neotropicais mais confusos em relação a taxonimia, pois há um polimorfismo considerável (SILVA JUNIOR, 2001).
Este gênero contém quatro espécies, comumente separadas em dois grupos: os “sem topete” e os “com topete”. Fazem parte dos “sem topete” o Cebus capucinus, o Cebus olivaceus e o Cebus albifrons (com 13 subespécies) e somente o Cebus apella compõe o grupo “com topete”, sendo essa forma encontrada no Mato Grosso do Sul. 
Os macacos prego são encontrados em florestas neotropicais e estes estão distribuídos por toda a América, por toda floresta amazônica, assim como também são vistos nas áreas de caatinga e serrado (BICCA MARQUES et al., 2006). Esses primatas possuem grande capacidade de adaptação, sobrevivendo em diferentes ambientes (PAZ, 2006). 
No Brasil, os macacos do gênero Cebus ocorrem da região norte à região sul, ocupando uma grande variedade de ambientes (BROWN; CALILAS, 1983), sendo um dos primatas do Novo Mundo com a maior área de ocorrência (FREESE; OPPENHEIMER, 1981). A flexibilidade, o oportunismo e a habilidade são características chaves destes primatas que contribuem para o seu sucesso na ocupação e exploração de vários tipos de florestas tropicais (FRAGASZY et al., 2004).
Os macacos do gênero Cebus possuem algumas particularidades que os tornam, do ponto de vista etológico, bons modelos para estudarmos a: sua longa expectativa de vida (infância e juventude prolongada); alta taxa de encefalização; grande tendência à exploração e manipulação; partilha de alimentos; dieta onívora; além de comportamentos sociais complexos como cooperação e formação de coalisões (FRAGASZY et al., 2004).
Os macacos prego são primatas de médio porte, arborícolas, ou seja, que vivem maioria do tempo de suas vidas em cima das árvores, possuem um corpo pouco robusto e cauda preênsil, ou seja, que é usada como um gancho (FREESE; OPPENHEIMER, 1981).
Pesa cerca de 2,5 a 4 Kg (ROBINSON; JANSON, 1987). Nos indivíduos adultos, podemos observar que os machos são maiores que as fêmeas em todas as espécies do gênero (SILVA JUNIOR, 2001). Além do que, os pêlos da face, o formato da cabeça e as proporções corporais são frequentemente utilizadas para diferenciar os sexos masculino e feminino (FREESE; OPPENHEIMER, 1981). Esses primatas possuem braços quase tão longos quanto às pernas, polegares que se opõem e grande facilidade e ligeireza no movimentos das mãos (ROBINSON; JANSON, 1987). Podem chegar a viver 47 anos em cativeiro, tempo de vida maior do que o observado em outros primatas de mesmo tamanho (FEDIGAN et al., 1996).
As espécies de Cebus são onívoras, se alimentam tanto de matéria vegetal, quanto animal, sendo constituída principalmente, de frutos e insetos (ROBINSON; JANSON, 1987). 
Alguns autores descrevem a dieta do macaco prego sendo bastante variada e oportunista, se alimentando então, por frutos, sementes, ovos de pássaros, castanhas, flores, insetos e pequenos vertebrados (AURICCHIO, 1995; TERBORGH, 1983). 
Algumas características ajudam a na variabilidade alimentar desse primata, tais como a sua habilidade manual para explorar os recursos (FRAGASZY et al., 1990). 
O macaco prego com seu tamanho e força nos membros e na mandíbula permitem a quebrar frutos de relativa dureza e abrir galhos e troncos de árvores durante o forrageio (FREESE; OPPENHEIMER, 1981, TERBORGH, 1983, DAEGLING, 1992).
Os macacos prego vivem em sociedades com níveis hierárquicos determinados, com um macho dominante, onde o recém nascido é cuidado por todos os indivíduos da comunidade, enredando em transporte, partilha de alimento, catação e amamentação pela comunidade (VERDERANE et al., 2005). 
A hierarquia de uma sociedade de primatas traz uma cooperação pacífica entre esses animais e esse comportamento é “aprendido” durante infância e adolescência durante nas interações e brincadeiras com os macacos mais jovens, assim desenvolvendo suas habilidades motoras e também fazendo com que se familiarizam com indivíduos da sociedade (CARTHY e HOWSE, 1980).
Muitos dos estudos realizados com primatas não humanos, principalmente ligados a neurofisiologia do comportamento e á cognição, têm por objetivo estabelecer conexão entre estes animais e nós humanos. 
Esses estudos ocorrem em consequência de as duas espécies terem grande similaridade fisiológica e social (KING et al., 1998).
Normalmente as pesquisas com esses primatas são feitas em cativeiro, com diversas variáveis sendo controlado, como exemplo, a quantidade e qualidade de alimento, temperatura, luminosidade, visibilidade dos animais, características do ambiente, entre outras coisas.
Os macacos prego são mais ativos durante o dia, e começam a se movimentar já nos primeiros sinais de luz da manhã, principalmente os jovens, saindo para procurar frutas para se alimentarem (FREESE; OPPENHEIMER, 1981). 
Já foi verificado que os comportamentos sociais do macaco-prego em cativeiro sofrem influencia negativa da constante presença de pessoas, pela alteração de seus hábitos alimentares e eventuais mudanças estruturais no local (PAULETTI et al. 2005).
 O presente trabalho teve como objetivo identificar, descrever e analisar os padrões comportamentais de macacos-prego em cativeiro e em sobrevivência de outros grupos em fragmentos de mata nativa, que requerem a esses animais uma variedade de estratégias para obterem recursos alimentares, entre outros padrões de comportamento.
2. Categorias comportamentais.
Deslocamento: animais de deslocando, ou locomovendo no momento do registro. Podendo estar caminhando (bipedalismo ou quadrupedalismo) ou trepando em árvores. Categoria não acompanhada por qualquer outra forma de atividade, (PINTO, 2006).
Forrageamento: animais procuram e/ou capturam presas, manipulando, com as mãos ou com a boca, alimento galhos de árvores, caules de cipós, cascas de galhos e troncos, folhas e forragens, ou frutos disponibilizados e outros alimentos no caso dos animais de cativeiro, o que todos esses denominamos “forrageio manipulativo”, (PINTO, 2006).
Podemos também ter a exploração do ambiente visualmente, denominado “forrageamento de varredura”, onde o animal pode fazer a varredura do ambiente arbóreo cautelosamente observando ao redor, muitas vezescom a rotação da cabeça em movimentos horizontais e verticais. Pode fazer a varredura de solo, e temos o forragear tronco, onde o animal descasca ou quebra troncos de árvores com diâmetros grandes com a boca ou com as mãos procurando alimento, algumas vezes cheira o local e observa orifícios após o ato de descascar. Temos ainda o forrageio de galho, onde o animal quebra galhos finos com as mãos ou com a boca, observa orifícios e cheira procurando alimento, existe ainda o forragear de cupinzeiros, onde o animal põe a mão dentro do buraco desses cupinzeiros, ou os destrói em busca de alimentos, e temos o forrageamento de folhas, onde os animais retira ou não as folhas das árvores e as observa atentamente, as cheirando ou as lambendo, e ainda temos o forrageio de frutos caídos no chão, muitas vezes batendo esses frutos nos troncos das árvores, (PINTO, 2006).
Comer: animal mastigando e ingerindo item alimentar ou vegetal. Nessa categoria temos então a ingestão de frutos, insetos, sementes, galhos, néctar, pequenos vertebrados, mel, e ingestão de água, entre outros, (PINTO, 2006).
Comportamento social: nessa categoria temos os comportamentos de: atacar (onde o animal corre em direção ao outro individuo e o segura pela cauda ou segura o pêlo de forma agressiva, podendo ainda morder o outro individuo); ser atacado (animal ao se aproximar de outro é atacado de forma violenta); ameaçar (animal levanta o dorso e a cauda, levanta o topete e algumas vezes mostram os dentes quando o outro individuo se aproxima, (PINTO, 2006). 
Temos ainda dentro dos comportamentos sociais o comportamento de catação, onde o animal para a atividade que está fazendo para catar ectoparasita de outro individuo. Ainda esse pode ser catado por um ou mais indivíduos. Muitas vezes o animal se aproxima de outro individuo e apresenta-lhe o dorso para ser catado, (PINTO, 2006). 
Dentro dessa categoria também temos a cópula, ou tentativa de copular, onde o individuo posiciona-se sobre o outro e faz movimentos semelhantes aos da cópula, sendo esse comportamento executado por indivíduos de ambos os sexos e de qualquer idade, (PINTO, 2006). 
Brincadeira: temos os comportamentos como à brincadeira de perseguição (onde há o comportamento de rapidamente perseguir outros indivíduos em uma sequência de brincadeiras; luta (os animais lutam de forma lúdica com outros indivíduos com outros indivíduos, normalmente com expressões faciais); e balançar em troncos (onde o animal se apóia em um galho com os membros posteriores e segura-se em outro com os membros anteriores, afastando-os e aproximando-os em movimentos repetitivos, (PINTO, 2006).
Descansar: individuo fica parado, sentado ou deitado, sem outra atividade aparente, (PINTO, 2006). 
Outros comportamentos: são aqueles que não estão dentro de nenhum dos já citados acima, como coçar-se (animal se coçando), auto catação (animal para de fazer outra atividade para catar ectoparasitas de seu pêlo) e ameaça ao pesquisador (arqueando o traseiro com a cauda levantada, gingar com as costas arqueadas caminhando na direção do pesquisador) (PINTO, 2006). 
 
3. O comportamento em fragmentos de mata nativa.
Com o aumento da degradação ambiental, que leva os animais a ficarem presos a pequenas áreas florestais, aumentou-se a preocupação com a sobrevivência desses indivíduos.
A sobrevivência desses indivíduos em restritas áreas de mata nativa requer desses animais uma imensa variedade de estratégias para, por exemplo, obter alimentos. Nesse contexto os macacos do gênero Cebus são grandes indicadores da biodiversidade (RYLANDS et al., 1997). Estes animais possuem grande adaptabilidade e são variáveis os seus comportamentos, o que faz com que haja diretamente um sucesso biológico para eles (FRAGASZY et al. 1990).
Porém essa característica de adaptabilidade pode se tornar um problema a esses animais ao saírem dessas áreas para procurarem seus recursos alimentares, seja em plantações, ou em domicílios, acontecendo então mortes ou estes sendo levados para centros de triagem e reabilitação ou mesmo zoológicos, locais que podem não ter condições de recebê-los. 
O objetivo geral da pesquisa realizada nesse fragmento de cerrado, situado na região metropolitana de Campo Grande-MS, foi observar esses primatas e seus comportamentos, tais como hábitos alimentares, estratégias sazonais de forrageamento e uso do espaço vertical (PINTO, 2006).
O clima da área onde fica o fragmento, dentro do perímetro urbano da cidade de Campo Grande é considerado tropical úmido seco, possuindo duas estações bem distintas em suas quantidades de chuva, variando de 200 a 300 milímetros em janeiro e 10 a 30 milímetros em agosto (PINTO, 2006).
A área é típica de cerrado com ocorrência de árvores e arbustos de tronco retorcidos, foliação pouco desenvolvida e folhas grandes e grossas (HOEFLICH et al., 1977).
O grupo estudado era composto de 20 macacos prego (Cebus apella cay), sendo 1 alfa, 3 machos adultos, 3 fêmeas adultas e 13 imaturos (PINTO, 2006).
As observações foram feitas em sessões mensais de cinco dias, onde se observava por cinco minutos um individuo e mais dez minutos para procurar e observar outro individuo com intuito de eliminar o erro de observar os mesmos indivíduos ou comportamentos (PINTO, 2006).
Os animais do grupo estudado gastaram 39,86% de seu tempo se deslocando e 36,37% forrageando. O fato observado de que os animais gastavam somente 17,1% de seu tempo comendo, foi colocado como uma possível dificuldade de achar recursos que tivessem grande valor energético e baixo tempo gasto para manipulação (PINTO, 2006).
Em relação ao seu comportamento social, importante para a interação e mantença do grupo, representaram apenas 3,3% de seu tempo, isso devido muito provavelmente a necessidade de garantir a quantidade necessária de nutrientes para sua sobrevivência (PINTO, 2006).
Comportamentos como auto-catação, ameaça ao pesquisar e coçar-se tiveram apenas 1,82% de registros (PINTO, 2006).
Dentro das categorias “forragear”, foram divididos os comportamentos de “forragear manipulativo”, onde houve a procura de recursos alimentares através da manipulação, e “varredura”, quando o comportamento poderia ser interpretado como sendo forrageamento propriamente dito e ou vigilância do grupo (FEDIGAN, 1996).
Os animais então despenderam 21,18% de seu tempo de atividade de forrageio manipulativo e 15,6% com o comportamento de varredura (PINTO, 2006).
Durante o período de chuva foi verificado uma diminuição do comportamento de se deslocar, onde o período gasto de tempo foi de 42,55% na seca contra 31,23% no período chuvoso, isso tenha ocorrido pelo aumento de alimentos disponíveis em uma área menor.
O tempo gasto em relação ao forrageamento foi de 24,1% no período de chuva, enquanto na seca foi de 20,28%, talvez evidenciando uma procura por alimento maior na chuva ou maior vigilância do grupo nesse período chuvoso.
O tempo de alimentação por outro lado foi de 18,88% na seca e 11,36% na chuva, isso pode ter ocorrido devido a disponibilidade menor de alimentos de fácil manipulação no período de seca.
Outro ponto divergente observado no período chuvoso e de seca foi o de interação social, que no período chuvoso foi de 75%, enquanto na seca foi de apenas 25%, isso talvez demonstre a maior necessidade na busca de alimentos no período de seca.
A dieta desses animais foi basicamente composta por frutos (63,82%), seguido por material animal (18,08%) e por material vegetal (7,31%). Outro item da dieta que teve valor expressivo e que foi muito consumido no período da seca foi o néctar (6,91%), bem próximo do material vegetal (7,31%) (PINTO, 2006).
Não houve diferença de consumo dos itens da dieta entre os períodos de seca e de chuva, havendo apenas uma diversificação de produtos como botão floral, mel e néctar no período da seca (PINTO, 2006). 
O uso do espaço vertical por esses animais foi de 39,3%, onde esses animais ficaram numa altura compreendida entre 5 e 10 metros de altura. Comparandoos períodos de seca e chuva, na seca os animais ficaram mais no estrato entre 5 a 10 metros (41,3%), enquanto no período chuvoso mantiveram o uso do estrato entre 10 e 15 metros de altura (29%) (PINTO, 2006).
O solo, entre 0 e 1 metro, foi utilizado com maior frequência no período seco (2,8%), sendo que a explicação deva ser a dificuldade de se obter alimentação no estrato arbóreo nessa época, sendo que o alimento desciam dessas árvores principalmente para buscarem frutos caídos e forragear troncos possivelmente a procura de invertebrados (PINTO, 2006).
4. O comportamento dentro do cativeiro.
O estudo no qual falaremos sobre os comportamentos dos macacos prego, foi realizado no Criadouro Conservacionista localizado no Campus II da Universidade do Oeste Paulista, no período de fevereiro a abril de 2010. A temperatura média no local durante o período de observações foi de 30ºC e a umidade relativa do ar 32%. 
Os animais permaneciam em recinto com aproximadamente 15m x 15m x 4,5m, construído de tela de ferro galvanizado com uma base de alvenaria, no recintohavia um bebedouro e dois locais para dispor a alimentação, que também eram utilizados como abrigo, além de duas pequenas grutas. No interior do recinto também foram colocados galhos de árvores, pedras e correntes para o enriquecimento ambiental (ARAUJO et al., 2010).
Os animais eram alimentados duas vezes ao dia, uma no período da manhã, e outra no período da tarde, normalmente a dieta era composta por frutas como banana, maça e mamão, cortadas em pedaços, e a cada dois dias era fornecido a esses animais carne de frango moída misturada ao restante da dieta, a água era de livre acesso para consumo, disponibilizada em um bebedouro (ARAUJO, et al., 2010).
Foram observados nesse estudo comportamental sete indivíduos, sendo 6 machos, divididos em 4 adultos, 1 subadulto e um jovem, e 1 fêmea adulta (ARAUJO, et al., 2010).
Inicialmente foi feita uma coleta de dados pelo método de “todas as ocorrências”, onde foram encontrados os comportamentos como: alimentação, forrageio, coçar, beber água, deslocamento, observação, descanso, catação, brincadeira e quebra de alimento (ARAUJO et. al., 2010).
Para o estabelecimento dos padrões comportamentais foi adotado o método scan sampling onde se fez avaliações durante 4 dias, por 8 horas e 50 minutos consecutivos, com intervalos de cinco minutos, no período das 7:00 horas as 16:00 horas (MARTIN; BATESON, 1993).
Dentre os comportamentos observados, aqueles que apresentaram maior freqüência foram os comportamentos de deslocamento (55%), forrageio (16%), brincadeira (14,58%), observação (14,29%) e coçar (13,39%) (ARAUJO, et al., 2010).
Os comportamentos observados variaram durante o decorrer do dia, onde no comportamento de forragear, teve em seu inicio do dia uma porcentagem de tempo gasto de 7,14%, passando por uma escalada de tempo até as 10h00min (10,45%), onde então as 11h00min houve uma pequena queda para 9,82% do tempo gasto e havendo um pico de forrageamento por volta das 12h00min, com 16,96% do tempo gasto pelos primatas, e após isso os valores foram declinando até o fim da tarde, o estudo não é claro quanto ao horário da manhã e tarde para alimentação, mais com os resultados acabamos deduzindo que a primeira alimentação era feita logo ao inicio da manhã, e outra alimentação próxima ao horário do almoço, sendo que outros comportamentos não seguiram um padrão muito fixo de tempo e variaram consideravelmente durante o decorrer do dia.
 
 
 
 
 5. Conclusões.
O grupo de Cebus apella cay do fragmento de mata nativa da cidade de Campo Grande-MS despenderam maior parte de seu tempo com atividades de deslocamento e forrageamento, sendo o forrageamento manipulativo mais frequente que o de varredura, tendo pouco tempo gasto com comportamento social e descanso.
O tempo gasto com deslocamento e forrageamento permaneceu com os maiores tempos até o mês de julho quando a porcentagem de alimentação superou a de forrageamento, houve também durante esse período de seca um aumento nas atividades de deslocamento e alimentação e diminuição do forrageamento.
A utilização do espaço arbóreo era variada sendo que as porções mais altas do estrato eram utilizadas para as atividades de descanso e interação social, enquanto as mais baixas eram utilizadas para forrageio e alimentação.
Se compararmos as duas estações chuvosas desse primeiro trabalho, vimos que há um consumo maior de frutas no período chuvoso, que na época de seca continuou sendo consumido, porém, houve maior consumo de material vegetal, e ainda houve incorporação a alimentação de botões florais, mel e néctar.
Por outro lado no estudo dos animais de cativeiro do Criadouro Conservacionista da Unoeste, também tiveram como suas maiores ocorrências de gasto de tempo o deslocamento e o forrageio, porém no deslocamento foi maior que o dos macacos de Campo Grande-MS, talvez denotando um possível estresse e então um comportamento esteriotipado de se deslocar pelo recinto. 
Outro ponto que foi diferente entre os dois estudos foi o de interação social, onde foi maior no segundo estudo, e isso se deve principalmente pela disponibilidade de alimentos, que no primeiro grupo por serem livres tinham de buscar mais seus alimentos e faltava tempo para essas interações, e no segundo estudo a alimentação era fornecida, então sobrava mais tempo para outras atividades como as interações sociais.
Nos dois estudos observamos toda adaptabilidade dos animais para com as diferentes exigências de seus ambientes. Sendo que essa adaptabilidade dos macacos prego fica evidenciada, dependendo de cada situação por eles passada, e assim eles vão modificando seu comportamento em favor de sua sobrevivência, assim se o alimento é farto ele se poupa mais de deslocamento, e consegue interagir socialmente com seu grupo mantendo os laços, por outro lado se ele tem dificuldade de encontrar fontes alimentares, ele vai interagir menos com seu grupo e se deslocar mais para se alimentar. No primeiro estudo ainda vemos que conforme a disponibilidade do alimento padrões de forrageamento e alimentação mudam conforma a facilidade de se ingerir o alimento, sendo que na seca, os alimentos têm maior dificuldade para serem consumidos, e então eles despendem mais tempo se alimentando do que forrageando.
6. Referências.
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PAZ, R. C. R.; ZACARIOTTI, R. L.; TEIXEIRA, R. H.; GUIMARAES, M. A. B. V. O efeito das enzimas hialuronidase e tripsina na liquefação do sêmen de macacos pregos (Cebus apella). Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v. 43, p. 196-201, 2006. 
VERDERANE, M. P.; IZAR, P. O cuidado alomaterno exibido por uma fêmea de macaco-prego (Cebus apella) após a morte da própria cria: um caso de adoção. In: BICCA MARQUES, J.C. (Ed.) A Primatologia no Brasil. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Primatologia, 2006. p. 463-476.
BROWN, A. D.; COLILAS, O. J. Ecologia de Cebus apella. A Primatologia no Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PRIMATOLOGIA, Anais... Belo Horizonte, p. 35-37, 1983.
FREESE, C. H.; OPPENHEIMER, J. R. The Capuchin Monkeys, Genus Cebus. In: COIMBRA-FILHO, A. F.; . MITTERMEIER, R. A (Eds.). Ecology and Behavior of Neotropical Primates. Rio: Academia Brasileira de Ciências, 1981. p. 331-390.
FRAGASZY, D. M.; VISALBERGHI, E.; FEDIGAN, L. M. The complete capuchin: the biology of the genus Cebus. Cambridge: Cambridge University, 2004.
FREESE, C. H.; OPPENHEIMER, J. R. The Capuchin Monkeys, Genus Cebus. In: COIMBRA-FILHO, A. F.; . MITTERMEIER, R. A (Eds.). Ecology and Behavior of Neotropical Primates. Rio: Academia Brasileira de Ciências, 1981. p. 331-390.
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VERDERANE, M. P.; NEVES, P. M.; IZAR, P. O cuidado alomaterno exibido por uma fêmea de macaco-prego (Cebus apella) de um grupo semilivre do Parque Ecológico do Tietê, S.P., após a morte da própria cria: um caso de adoção? In: XI Congresso Brasileiro de Primatologia, 2005, Porto Alegre. Livros de resumos. PortoAlegre: PUC-RS. 2005. p. 175.
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PINTO 2006. PADRÃO COMPORTAMENTAL DE UM GRUPO DE MACACOS PREGO (Cebus apella cay Illiger, 1815) NO PARQUE ESTADUAL DO SEGREDO, CAMPO GRANDE (MS). Dissertação Mestrado. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL –MS, 64 pg.
Denise Nunes Araujo 1, Sônia Cristina Rossetti de Melo 2, Ana Claudia Ambiel Corral Camargo, 2010. AVALIAÇÃO DO PADRÃO COMPORTAMENTAL DE MACACOS-PREGO (Cebus apella) MANTIDOS EM CATIVEIRO. Universidade do Oeste Paulista-UNOESTE, Presidente Prudente-SP.
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