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11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-respo… 1/42 jusbrasil.com.br 11 de Março de 2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público. Palmas/TO 2014 BATISTA, Adelaine da Cunha[1] MOTTA, Wanessa Lorena Martins de Sousa[2] AGRADECIMENTOS Primeiramente agradecemos a Deus que é em nós a vida, a inteligência e o entusiasmo para caminharmos em busca de nossas conquistas. Secundariamente agradecemos a Escola Superior da Magistratura Tocantinense, em nome da Diretora do Núcleo de Formação e Aperfeiçoamento dos Magistrados, Andreia Marinho. Tributamos relevantes agradecimentos ao nosso mui digno Mestre e Orientador do presente Artigo, Juiz Océlio Nobre da Silva que, gentilmente, nos ofertou a devida assistência para conclusão deste trabalho. À todos os demais colegas que de uma forma direta ou indiretamente nos auxiliaram com suas experiências profissionais, fazendo parte de nossa pesquisa de campo, 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-respo… 2/42 especialmente ao Ministério Público do Estado do Tocantins em nome dos D. Promotores de Justiça, Francisco J. P Brandes Junior, Airton Amilcar Machado Momo e Luma Gomides. Aos demais servidores do Tribunal de Justiça lotados na ESMAT, os quais estiveram empenhados durante esses dois anos e meio de curso, em prol de uma eficaz prestação dos serviços educacionais, em especial, à Professora Maria Ângela Barbosa Lopes, secretária acadêmica, a qual sempre esteve com sorrisos e braços abertos e com todos os seus préstimos profissionais inerentes, ao nosso dispor, no decorrer deste curso de Prestação Jurisdicional e Direitos Humanos. “A tarefa mais importante de nosso tempo, com relação aos direitos do homem, não é fundamentá-los, mas protegê-los”. (Norberto Bobbio). RESUMO Esta pesquisa teve como objetivo buscar o conhecimento das principais razões que afetam a efetividade das condenações nos crimes de improbidade administrativa quanto à responsabilidade patrimonial do agente público, nos termos da Lei nº 8.429/92, bem como fazer proposições para assegurar a efetividade na reparação legal dos danos causados ao erário, visando às garantias fundamentais da pessoa humana. Para a sociedade, não basta a existência da lei e da sentença condenatória, é imprescindível que se tenha a reparação legal (social, moral e patrimonial), o que não tem ocorrido integralmente, tornando, assim, o preço ainda mais alto para a sociedade. O Estado existe para a consecução de tais fins e é para conduzir o homem à sua concreção que toda a ação dos agentes públicos deve ser direcionada. Cabe ao Estado, por meio de seus representantes que violam as regras, dar, também, a devida punição a seus próprios emissários. Parece extremamente importante e elusivo, pois, como punir a si mesmo em razão de outros (sociedade) com a devida efetividade? O Poder Judiciário deve averiguar e adequar a atuação executiva e legislativa, extirpando do cenário social e jurídico aqueles atos que atentem contra os fins perseguidos pela República. Então, a atuação jurisdicional também é constitucionalmente dirigida, não pode dissociar-se dos fins gerais, sob pena de constituir um câncer e provocar a degeneração do tecido social e da organização estatal. A construção de uma sociedade livre, justa e solidária. Garantir o desenvolvimento nacional, reduzir as desigualdades sociais e promover o bem de todos, sem preconceitos de 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-respo… 3/42 origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação são objetivos expressos que condicionam toda e qualquer atuação de quaisquer dos Poderes estatais que são movidos por agentes públicos, em suas responsabilidades. Quando há Impunidade dos agentes públicos ímprobos, há punição social e os impactos refletidos são estarrecedores, pois, ferem diretamente os direitos imutáveis que são os direitos fundamentais. Palavras-Chave: Improbidade; Efetividade das Condenações; Direitos Fundamentais. ABSTRACT This research aimed to seek knowledge of the main reasons that affect the effectiveness of convictions in crimes of improper conduct regarding the financial liability of the public officer, pursuant to Law # 8.429/92 and make propositions to ensure effective legal redress in the damage caused to the Treasury, seeking the fundamental guarantees of the human person. To society, not just the existence of law and conviction, it is essential that they have the legal redress (social, moral and patrimonial), which has not been fully, thus making the even higher price to society. The state exists to achieve these purposes and is to lead man to his concreteness all the action of public officials should be directed. The State, through their representatives who breach the rules, also give due punishment to their own emissaries. It seems extremely important and elusive because, as punish yourself because of others (society) with proper effectiveness? The judiciary must scan the conformation of the executive and legislative action, excising the social and legal scenario those acts that violate the ends pursued by the Republic. Then the court action is also constitutionally directed, cannot be dissociated from general purpose, otherwise pose a cancer and cause the degeneration of the social fabric and the state organization. The construction of a free, just and solidary society, guarantee national development, reducing social inequalities and promote the welfare of all, irrespective of origin, race, sex, color, age and any other forms of discrimination are expressed goals that condition any action of any State Powers that are driven by public officials in their responsibilities. When 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-respo… 4/42 there Impunity ímprobos of public officials, no social punishment and impacts reflected, are startling because they hurt directly the immutable rights that are fundamental rights. Keywords: Misconduct; Effectiveness of convictions; Fundamental Rights. SUMÁRIO INTRODUÇÃO...09 1 CAPÍTULO I. Das Investigações na atuação do Ministério Público...12 2 CAPÍTULO II. Pena civil: Efetividade das decisões condenatórias dos agentes públicos pela prática de ato de improbidade administrativa... 20 3 CAPÍTULO III. Proposições para efetividade das decisões condenatórias dos atos de improbidade administrativa, quanto à reparação civil, visando garantir os direitos fundamentais da sociedade...27 CONSIDERAÇÕES FINAIS...38 BIBLIOGRAFIA...43 LISTA DE SIGLAS ...45 INTRODUÇÃO A efetividade das condenações nos crimes de improbidade administrativa é, por sua vez, uma pergunta e uma necessidade de relevância social, que de uma forma direta ou em sua total plenitude, não é encontrada. E, em que pese a Lei de Improbidade Administrativa nº 8.429, de 22 de junhode 1992, ter trazido, dentre outros aspectos, importantes penas descritas em seu artigo 12, destacando-se aqui, a responsabilização patrimonial do agente público, ela não trouxe a forma de executar esta tarefa com o fim de 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-respo… 5/42 fazer concretas as condenações impostas, pois, restou de um modo geral, limitada e, seus efeitos, não soam como reprovabilidade, mas apenas como medida para sanar a situação, curar o agente do ato ilícito, ao invés de desarraigar o mal e a causa por inteiros, ilustrando, assim, a tolerância com a situação da improbidade administrativa. Mas a interpretação da maneira abordada pelas autoras deste trabalho, não retira a essência real da aplicação das referidas sanções ali descritas, o que realmente a faz tornar efetiva ou não efetiva são questões exclusivamente operacionais. Outra importante, senão, extremamente importante figura, é a presença do Ministério Público, que, conforme se verifica no artigo 17, § 4º, da referida Lei, a atuação ministerial é impositiva, este órgão que, se não atuar no processo de improbidade administrativa como parte, deverá, obrigatoriamente, participar como fiscal da Lei. Sabe-se que toda lei visa tutelar um bem jurídico, seja a vida, seja a bem material ou a direitos abstratos, no entanto, a Lei de Improbidade administrativa, como diversas outras leis inerentes (Lei nº 1.070/1950, Lei 201/67, Lei nº 12.016/2009, Lei nº 135/2010, Lei nº 12.846/2013), ao defender a probidade pública, patrimônio e a legalidade de atos dos agentes públicos, de uma só vez, visa à proteção mais que patrimonial, como, em absoluto, a proteção dos direitos fundamentais da pessoa humana. Em seu artigo 12, a LIA, ao determinar sanções aos agentes públicos que incorrerem nos artigos 9, 10 e 11 desta lei, está dizendo que assegura as garantias dos direitos fundamentais, pois, as sanções ali previstas, independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, estão responsabilizando o agente público pelo ato de improbidade, sujeitando-o àquelas cominações que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato, exatamente em prol da sociedade e seus direitos constitucionalmente assegurados. Fazendo valer a isonomia, pois esta é a sua finalidade: Proteger a dignidade da pessoa humana, seres individuais e, de uma forma mais abrangente, a proteção da dignidade humana, que ressalta a coletividade. 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-respo… 6/42 Afinal, a improbidade viola o estatuto da igualdade, porque distribui as oportunidades públicas a um número reduzido de pessoas em detrimento da maioria. É o que ocorre com a corrupção, que configura uma indevida apropriação dos bens de todos por uma minoria “gafanhota”[3]. Todavia, é notório que na prática, haja inúmeras condenações, porque não é de todo o Poder Judiciário complacente com a improbidade administrativa. No entanto, em que pese a existência de condenações, o que alarma horrendamente é a não punição real do agente público ímprobo, principalmente o agente político, seja ele de quaisquer dos poderes (Legislativo, Executivo ou Judiciário), pois, o que se tem é meramente uma força trabalhando para desvendar e condenar a criminalidade da “corrupção” (improbidade pública em geral), e outra força maior, desfazendo por inteiro o que inicialmente está construído, pois, decisão sem execução se torna anátema, de nada valerá em seus fins efetivamente. O que se tem visto são inúmeras condenações de agentes públicos, mas a reparabilidade legal e real ao erário e à sociedade, esta não tem ocorrido. Nem mesmo a perda dos valores indevidamente acrescidos ou o ressarcimento aos cofres públicos e, em muitos casos, ainda que haja a perda de seus cargos, esses recorrem em plenas funções até final de seus mandatos, sendo isso, uma afronta moral a sociedade e inúmeros prejuízos irreparáveis aos cofres públicos, levando, assim, a “inefetividade” absoluta da lei e das ações dos operadores do direito que lidam em prol da verdadeira justiça. A partir de análise das muitas problemáticas encontradas no que se refere à efetiva aplicação destas penalidades, motivou a construção do tema, “Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público”, tendo como objetivo encontrar maneiras para que o agente público condenado por ato de improbidade administrativa, responsabilize, na forma adequada, a penalidade civil, faça a reparação patrimonial, tornando assim, eficaz a referida lei, na parte que prevê a reparação integral do dano e a devolução dos valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio do agente ímprobo, à sociedade em sua abrangência legal. 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-respo… 7/42 O propósito deste trabalho é explanar sobre a falta de efetividade da Lei de Improbidade Administrativa, no que concerne a responsabilidade pelo condenado da pena de multa civil, do ressarcimento e reparação integral do dano e da perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao seu patrimônio, com proposições de melhorias na aplicação das sanções civis ou penais, com o fim de assegurar os direitos fundamentais da pessoa humana, conforme previstos no artigo 5º da Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1980, em seu pleno vigor atual. Visando, ainda, uma busca concreta nas experiências práticas de operadores do direito, os métodos utilizados para o presente trabalho restaram em pesquisas de campo na parte das investigações pelo Ministério Público e, delimitando, sua estrutura de desenvolvimento, na forma complementar, com base em pesquisas também bibliográficas, atentando- se aos temas intrínsecos aos diretos humanos que constitucionalmente previstos, são os direitos fundamentais da pessoa humana. Ao final, apresentando, como sugestões para uma melhor efetividade das condenações pelos crimes de improbidade administrativa, pontos relevantes que possam ser elevados a princípios e, futuramente, tratados e aplicados como direito, com o fim de alcançar a concreta eficácia legal da aplicação das penas previstas nesta estudada Lei de Improbidade Administrativa, em prol da sociedade brasileira. CAPÍTULO I 1. Das Investigações na atuação do Ministério Público. Conforme descreve o § 4º, do artigo 17, da Lei nº 8.429/92, o Ministério Público é peça fundamental para aplicabilidade da referida Lei, órgão que possui sua máxima nas investigações e denúncias, bem como a obrigatoriedade de sua participação, mesmo que sendo apenas como fiscal da Lei, quando não for parte principal do processo. Os avanços proporcionados pela Lei nº 8.429/92, valorizaram o Ministério Público, a quem foi atribuído o encargo de principal guardião da moralidade na Administração Pública. A assunção de tamanha 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-respo… 8/42 responsabilidade gerou ao Parquet a necessidade de aperfeiçoamentode suas atividades, notadamente a investigativa, até então, pouco explorada pelo órgão. Nesse contexto, reconhece-se que o Ministério Público ainda tem muito a evoluir na forma de suas investigações no que diz respeito às ações de improbidade administrativa. A corrupção é dotada de métodos e artifícios altamente criativos, que somente por meio de uma investigação profissional, coordenada e estritamente técnica poderá ser desvendada. O Ministério Público brasileiro, conforme afirma o Promotor de Justiça do Estado de Goiás, Rodrigo Boleli, nem sequer possui um banco de dados confiável sobre as ações de improbidade administrativas propostas e a relação das pessoas investigadas e processadas, bem como desconhece o montante já recuperado aos cofres públicos, informações indispensáveis para qualquer investigação e, especialmente, para prestação de contas de seu mister à sociedade[4]. Consciente dessa realidade, o Ministério Público necessita de sistemas em tecnologias mais avançadas para suas apurações, das estatísticas iniciais ao andamento final de cada inquérito ou ações civis por atos de improbidades administrativas, na forma interligada, para, assim, aferir a efetividade das medidas já adotadas, bem como para traçar estratégias para sufocar esse câncer que assola a sociedade. Para Boleli, os números de ações de improbidade que são estatisticamente divulgados, indubitavelmente, são significativos, porém, precisam ser sopesados com outros dados para a defesa da probidade administrativa, necessitando, também, de um Poder Judiciário corajoso austero e maduro. Nesse sentido, Presidentes de Tribunais da Justiça Federal e da Justiça Estadual assumiram compromisso de até 31 de dezembro de 2013, identificar e julgar as ações de improbidade administrativa e ações penais relacionadas a crimes contra a Administração Pública distribuídas até 31 de dezembro de 2011. Inegavelmente, a LIA é um marco no combate à corrupção no País, não só pela abrangência do seu objeto, mas também pelos mecanismos disponibilizados pelo legislador, embora, para sua operação haja enormes 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-respo… 9/42 falhas, e, como bem afirma Mauro Roberto Gomes de Matos, é uma lei de caráter aberto. Obviamente, nenhuma legislação instituirá uma cultura de honestidade, probidade e decência. Não é por meio de imposição legal que a corrupção será extirpada, uma vez que, como fenômeno difuso e multissetorial, seu alicerce possui nuances que praticamente aniquilam o poder intimidatório e persuasivo de qualquer legislação[5]. A necessidade de aprimoramento nas investigações no combate a corrupção, sempre foi uma busca dos órgãos investigativos, o que pode se concluir não ser do mesmo interesse da administração pública, mesmo quando sendo uma necessidade excelsa da sociedade, até porque, da caminhada lenta, por mais evolutiva que seja, se comparada a tecnologia e meios utilizados para banir o crime de improbidade administrativa com a ligeireza da corrupção, é como comparar o lançamento do Playstation 5 (corrupção), para se adquirir o Playstation 1 (investigação). Ainda, em 2010, a procuradora de Justiça Eloisa de Sousa Arruda, diretora do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional – Escola Superior do Ministério Público, num congresso, em São Paulo, onde se discutia os 18 anos da Lei de Improbidade Administrativa, afirmou ser de extrema necessidade o aprimoramento dos mecanismos para se buscar a punição dos agentes públicos que praticam atos de improbidade administrativa, ressaltando, que “o Brasil ocupava o vergonhoso 75º lugar no ranking de percepção de corrupção, dividindo a posição com Colômbia, Peru e Suriname”. (citando dados da ONG Transparência Brasil). Mas, após 22 anos da publicação desta Lei e, após, 4 anos do debate acima referido, não se vê muitas alterações nas dificuldades encontradas para sua eficácia, que tem como cerne a problemática no mecanismo pela busca por desvendar o crime, as ferramentas com que o Estado atua, continuam sendo insuficientes, o que a faz ser parcialmente ineficaz nas investigações e totalmente ineficaz na execução de sua remota condenação. São recorrentes algumas dificuldades encontradas pelo Ministério Público, no que diz respeito às questões investigativas, principalmente nas de lavagem de dinheiro, pois, não bastam apenas indícios, é necessária a 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 10/42 prova, que na grande maioria dos casos resta impossível colheita, pois, empresas e pessoas envolvidas, de alguma forma, com a corrupção, ocultam-se dentro da legalidade, na questão, por exemplo, de emissão de nota fiscal legal e ainda, por legislações tidas como legais, mas, descredenciada da decência moral e da real legalidade quando observadas dentro dos princípios constitucionais. Em alusão exemplificativa de legislação ilegal, tem-se o caso do ex- prefeito do município de Xambioá, cidade do interior do Estado do Tocantins, citado em sentença condenatória dos autos do processo nº 2006.0007.1296-5-0 prolatada pelo então Juiz Océlio Nobre da Silva, que verificou a existência da criação de “instituto jurídico” novo, estranho, desconhecido que tratava-se do recesso administrativo, sem remuneração, pelo prazo de 90 dias. Em casos semelhantes, é difícil se comprovar a lavagem de dinheiro se não houver cooperação da população envolvida, como é o caso de escolas públicas, onde consta que o poder executivo teve seus gastos em um valor de alta soma com determinada aquisição de produto e, apesar das notas fiscais legais expedidas pela empresa fornecedora comprovarem o real valor gasto, a verdade final é que as escolas receberam um percentual ínfimo de produtos se comparado ao valor e quantitativo real das notas. No entanto, principalmente, quando se trata de escolas públicas municipais, os diretores são compelidos a atestarem o recebimento do valor integral equivalente à nota fiscal paga pelo município, mesmo sem ter àquela escola usufruído de sua totalidade inerente, consoante ser a artimanha política que pode mantê-los ou destituí-los de seus cargos, assim procedem, contra a legalidade e a moralidade de forma conjunta, levando prejuízo à sociedade. Em situações acima demonstradas, o Ministério Público fica privado de acesso às provas da lavagem de dinheiro, apesar das evidências sociais, como por exemplo, o filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conforme publicações de notoriedade populacional como a revista Veja e Forbes do Brasil, que publicaram matérias demonstrando a vida luxuosa do alcunha “Lulinha”, que passou de uma vida de estagiário em zoológico antes de seu pai ser presidente da república para uma vida de bilionário 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 11/42 atual[6]. Todavia, o Ministério Público se não achegar a provas contundentes, apesar das evidências sociais, não terá elementos legais suficientes para sequer uma denúncia, nem há que se falar em condenação se não houver como comprovar "lavagem de dinheiro". É claro que haveria uma necessidade de maior fiscalização para prover a probidade, mas, o Estado não oferece condições para isso, assim, prolifera, de forma desenfreada, a corrupção em todos os âmbitose esferas administrativas públicas. Para o promotor de Justiça, do Estado do Tocantins, Airton Amilcar Machado Momo, embora a legislação brasileira seja relativamente avançada, a prática mostra-se truanesca, afirmando que o problema da permanência da improbidade administrativa ser mais político que, propriamente, jurídico. A falta de garantia da polícia judiciária e do corpo de peritos, praticamente inviabiliza que os órgãos responsáveis pela investigação desenvolvam uma atividade firme nesse campo [7]. Em consenso com muitos promotores deste Estado, o Promotor relata, ainda, que o Ministério Público do Estado do Tocantins, por sua vez, não possui corpo técnico voltado para uma investigação profunda dos atos de improbidade administrativa. Quando as investigações conseguem resultar em ação, o judiciário não prioriza os julgamentos e, dificilmente, as condenações e os bloqueios determinados em primeiro grau, são mantidos nos Tribunais. Há, portanto, respeitáveis instrumentos jurídicos para o combate à corrupção, mas, dificilmente se vê os corruptos na cadeia ou condenados na esfera cível[8]. Para outro membro do Ministério Público, Luma Gomides, também entrevistada, de pronto se mostra que apesar da boa intenção das inovações legais a partir da década de 90 no que se refere ao combate à corrupção, as dificuldades na colheita de provas mesmo na fase pré-processual são excêntricas. Muitos atos de improbidade envolvem conhecimento específico de direito financeiro e contabilidade pública, temas desconhecidos da grande maioria dos Promotores de Justiça. No Tocantins o MPE conta com um grupo especializado para o auxílio dos promotores, contudo, tal grupo é composto por apenas três contadores, número insuficiente para atender a alta demanda, principalmente nas promotorias do interior do Estado, onde 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 12/42 muitos atos de improbidade dos agentes públicos acabam por não ser revelados ou punidos por desconhecimento técnico do próprio Promotor de Justiça[9]. Luma Gomides afirmou, ainda, que dentre os muitos problemas, a maior dificuldade é a própria morosidade do Poder Judiciário e a resistência que muitos juízes possuem em determinar o bloqueio cautelar dos bens e valores, embora haja vastas jurisprudências do STJ nesse sentido. A tramitação de um processo desta espécie leva anos, incrementando o sentimento de descrédito por parte da população, bem como possibilitando o desaparecimento de provas do produto ilícito, o próprio aspecto subjetivo dos atos e improbidade é um empecilho à punição[10]. Na mesma direção, quanto à problemática encontrada pelo Ministério Público do Estado do Tocantins, bem como de uma forma geral dentro da pesquisa realizada inerente a este órgão, o representante ministerial Francisco José Pinheiro Brandes Jr. Afirmou que qualquer estudo técnico e objetivo que se faça sobre efetividade das ações de improbidade administrativa chegará a um péssimo resultado em números, apontando como principais causas, inicialmente, a falta de estrutura do Ministério Público em relação a colheita de provas, a falta de corpo técnico e a falta absoluta do interesse estatal em destinar maiores recursos para prover instrumentos a esse órgão de tutela do interesse público e coletivo[11]. Demonstrou, ainda, Brandes Jr., a relevante e ineficaz atuação do poder legislativo que deveria atuar na fiscalização das atividades do poder executivo, mas são submetidos às diretrizes políticas que deixa de lado o interesse público. Ademais, os órgãos de controle interno e as Cortes de Contas também não desenvolvem efetivamente suas missões constitucionais, corroborando para um quadro de ausência de fiscalização. Apontou, ainda, que a burocracia institucional faz com que as informações de irregularidades nas contas públicas sejam encaminhadas tardiamente ao Ministério Público, conduzindo, assim, o fracasso nas produções de provas. Brandes Jr. Assinalou que a forma de atuação do Poder Judiciário nas ações de improbidade administrativa, que tratadas como ações ordinárias qualquer, não coopera para uma eficácia da LIA, o que se exige maior perspicácia, pois os agentes públicos ímprobos agem ilicitamente em 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 13/42 desfavor do Estado e ocultação de provas, logo o Magistrado necessita ir além e julgar com convicção por meio de conjunto de provas produzidas que se descortina através de uma gama de indícios e não de forma cabal, afastando-se da concepção tradicional de um judiciário alheio às questões contemporâneas e preparado somente para resolução de conflitos de interesses interpessoais[12]. De forma consensual, entre os entrevistados para este trabalho, o corpo ministerial demonstrou que as dificuldades para a efetividade desta Lei não consiste apenas nos incontáveis enigmas das investigações, mas também, na questão de o agente público ímprobo registrar os bens e valores ou vantagens indevidas em nome de terceiros, o que nunca terá bens suficientes em seu nome para execução eficaz da condenação lhe imposta judicialmente. Os agentes ímprobos correm contra o tempo para angariar mais, indevidamente e em menos tempo, pois, até que uma denúncia seja formada, já se foram, anos a fios, nas práticas de improbidades ou corrupções, e a prescrição do crime em curto prazo de 5 anos, torna-se um benefício aos perversos. Há fatores legais que cooperam com a dificuldade nas investigações bem como nas execuções das ações de improbidade administrativa, dentre eles, a referida prescritibilidade em 5 anos, o que para alguns doutrinadores, inclusive, exonera o MP como fiscal, de acompanhar tais ações, após o mesmo período, ou seja, por possuir o Ministério Público, nas ações de improbidade administrativa, legitimação extraordinária, ainda que haja condenação, mesmo sendo imprescritíveis as ações de lesão e ressarcimento, com vistas à reparação pecuniária, conforme artigo 23, da LIA, artigo 142 da Lei nº 8.112/90 e artigo 37, § 5º da Constituição Federal, fica vinculado apenas ao lapso de 5 anos. Outro aspecto relevante, em contrário a atuação ministerial, como investigador, que por vezes resta infrutífera sua busca pela descoberta do crime de improbidade, é a obrigatoriedade da existência do dolo nos atos do agente administrador para caracterizar improbidade administrativa e, 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 14/42 meramente, para ressarcir, há necessidade de dolo ou culpa, tendo, ainda, que as atividades ímprobas devam ser tipicamente administrativas, tendo, que, obrigatoriamente ser comprovado o dano. Como bem afirma Mauro Roberto Gomes de Matos, não pode o MP ser órgão apenas de acusação geral e irrestrita, pois quando ele atua como fiscal da lei possui a sagrada missão de defender a ordem jurídica, se tiver que opinar a favor do réu, poderá fazê-lo, também, nas ações de improbidade administrativa. O que, se estiver fora da legalidade sem maiores provas, a despeito da existência probante na esfera lógica social, o MP terá que pedir arquivamento do inquérito ou absolvição do investigado. Esse sentido pode, parcialmente, contrapor o posicionamento de Brandes Jr. Pois nessas ações se faz necessáriaa racionalidade em favor do bem comum público, não apenas a frieza das regras, e tampouco o distanciamento da realidade social. Quando há condenação e eficaz execução da pena, nesses processos por improbidade administrativa, que mesmo sendo longos até a condenação definitiva, têm potencialidade para punir os maus gestores, sendo decisões como estas consideradas muito importantes pelo MPF. É uma vitoria para a sociedade, que pode então reconhecer os gestores que mal administraram os recursos públicos e finalmente estão sendo punidos, com bens sujeitos a penhora, perda de funções públicas e direitos políticos, entre outras penalidades. Acredita-se que este processo de responsabilização será intensificado com o tempo, e que cada vez mais gestores que praticaram improbidade serão punidos, afirmou o procurador da República Rodrigo Luiz Bernardo[13]. O Ministro Márcio Elias Rosa apontou que o problema da corrupção no Brasil, não é resultante de nenhuma má formação moral do povo brasileiro. Ele classificou a corrupção em: “sistêmica”, “política” e “administrativa”. Afirmou que o combate à prática reclama a autonomia de órgãos de controle interno, a aplicação verdadeira do princípio de autotutela, o fomento aos Tribunais de contas, o fortalecimento das ouvidorias, a revisão das regras de sigilo bancário e fiscal, o respeito à autonomia do Ministério Público, a postura proativa de organizações não governamentais e a permanente renovação política. 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 15/42 CAPÍTULO II 2. Pena civil: Efetividade das sentenças condenatórias proferidas contra os agentes públicos pela prática de ato de improbidade administrativa. O Poder Judiciário em diversos Estados enfrentou, inicialmente, algumas barreiras que hoje são parcialmente quebradas, pois a ligação entre os poderes, apesar da harmonia que prevê a tripartição do poderes, por muitos eram esquecida a sua independência, e assim, a autonomia era afogada e muitos julgadores se sucumbiam à ditadura especial do poder executivo fazendo ineficaz qualquer tentativa contra seus atos ímprobos, não apenas do executivo, mas também do legislativo ou qualquer servidor público de alto escalão, por mais reprovados que fossem pela sociedade. Após diversas mudanças sistêmicas, político-administrativa, o aumento da transparência dos atos nos três poderes, não apenas tornou-se necessário maior número de ações em combate a corrupção, como também, mais justas condenações, e, quando se fala em justiça, não quer dizer apenas retirar alguém do poder ou tomar-lhe o que foi indevidamente acrescido, mas mantê-lo no poder, se for legalmente necessário. Afinal, as decisões, apesar do livre convencimento do julgador, deverão ser absolutamente motivadas e fundamentadas em leis vigentes. O que atualmente muito se discute não é mais o “engavetamento” das ações de “gente poderosa”, mas a verdadeira eficácia dessas condenações, pois, milhares de ações, na última década, foram julgadas, conforme se verifica de dados divulgados pelo CNJ, TJs Estaduais e Tribunais de Contas, dentre outras fontes informais como as emissoras e sites diversos de publicações. A sociedade em si, pouco tem percebido como ressarcimento dos danos a que corruptos diuturnamente tem praticado contra ela, mas a grande culpa não está apenas nos órgãos da justiça, ou seja, no Poder Judiciário e seus cooperadores (Ministério Público, Polícia Judiciária e outros), mas nas vagas alíneas de leis que diariamente precisam ser complementadas e regulamentadas para um melhor amparo, de alguma forma, pois, a Lei nº 1.070/50, foi amparada pela Lei nº 8.429/90, esta que necessitou do amparo da Lei Complementar nº 135/2010 (Ficha Limpa), estas que 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 16/42 necessitaram da cooperação da mais jovem Lei nº 12.846/2013, e assim, se prossegue na tentativa de barrar um pouco a corrupção, pois, ainda àqueles que se tem muita fé, é necessário dizer, impossível banir a corrupção do país, até porque de tantas guaridas legais, restam às muitas jurisprudências e súmulas vinculantes que mudam tão constantemente como o vento a soprar. Algumas mudanças legais em busca de maior justiça em prol da sociedade, outras, contrariamente, em desfavor desta. O caput do art. 12 da Lei nº 8.429/92 dispõe que: Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo coma gravidade do fato: I - na hipótese do art. 9º, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos; II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos; III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 17/42 receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos. O § 4º do artigo 37 da Constituição Federal destaca como penalidade ao agente ímprobo a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sendo que a primeira não acarreta qualquer situação de inconstitucionalidade para a Lei de Improbidade Administrativa que prevê a perda dos bens ou valores. Ora, a indisponibilidade prevista na Carta Magna deve ser vista como uma medida a garantir a efetividade da pena de perda de bens trazida pela LIA. No entendimento de Marino Pazzaglini Filho a natureza jurídica das sanções previstas no art. 12 é: política (suspensão dos direitos políticos); político-administrativa (perda da função pública); administrativa (proibição de contratar com o Poder Público e receber benefícios ou incentivos fiscais e creditícios); civil (multa civil, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio)[14]. O ressarcimento, em verdade, não tem natureza sancionatória, mas sim reparatória. Conforme registra Pazzaglini, “não se repõe dano hipotético ou presumido, mas dano materialefetivamente causado pelo agente público”. A perda de bens ou valores, outrossim, é medida reparatória que sempre incidirá no caso de improbidade por enriquecimento ilícito (art. 9º). Não incidirá no caso de improbidade por ofensa a princípio (art. 11). Quanto à improbidade por prejuízo ao erário (art. 10), há quem entenda que a medida tem cabimento apenas em relação a terceiros beneficiários, porque tendo havido o acréscimo de bens ou valores ao patrimônio do agente público, a hipótese já estaria enquadrada no art. 9 º. Outros, a exemplo de Flávia Cristina e Lucas Pavione, entendem que a aplicação da medida, neste caso, só teria cabimento no caso de “bens e valores incorporados culposamente ao patrimônio do agente”, pois, tratando-se de conduta dolosa, o caso se ajustaria ao art. 9º. Nesta senda, precisamos salientar que o primeiro passo é a prolação da sentença condenatória. A sentença da ação de improbidade, que conterá as condenações, é a técnica que permitirá a prestação da tutela jurisdicional 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 18/42 da probidade anteriormente aviltada [15]. No entendimento de Marcelo Eugêncio Feitosa Almeida em sua tese de mestrado, Medidas Assecuratórias da Efetividade da Tutela Jurisdicional da Probidade Administrativa, no caso do ressarcimento, é preciso ressaltar que o resultado prático esperado exige que todos os danos sejam pormenorizadamente dimensionados, inclusive o dano moral. Para a multa civil não restariam dificuldades, a princípio. Fixada esta na sentença sua execução seria imediata independente de liquidação. Neste passo podemos dizer então que, depois de verificado o quantitativo do dano, ou seja, formada a sentença líquida, e ainda quanto à multa, sendo essa fixada, a Fazenda Pública, legitimada, conforme artigo 18 da Lei de improbidade providenciaria que a decisão fosse cumprida, nos termos do artigo 475 J do Código de Processo Civil. Ainda conforme Marcelo Eugêncio Feitosa Almeida, o conseqüente de perdimento de bens, que, como o ressarcimento, também visa restabelecer o status quo ante, como será analisado com mais vagar posteriormente, tem sistemática para sua realização prática um pouco diferente, apesar de guardar uma nítida natureza patrimonial. Para a proteção adequada à pretensão do Estado de perdimento, em seu favor, de bens adquiridos ilicitamente pelo ímprobo, em decorrência da relação funcional, como será mais bem delineado alhures, exige-se uma tutela desconstitutiva, combinada com executiva latu sensu, exigindo o regime executivo do art. 461-A do CPC/1973. Pois bem, então, quanto à pena de perdimento de bens, após a individuação do objeto e declaração da perda pelo magistrado em favor do ente lesado, deverá ser concedida a tutela específica. Neste contexto percebemos que a Lei de Improbidade aliada às normas de processo civil, mormente de execução processual traçam o caminho para que o ente lesado seja ressarcido, voltando ao status quo ante, bem como que o agente ímprobo seja responsabilizado pagando a multa e perdendo os bens adquiridos ilicitamente. 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 19/42 Mas porque ainda que diante de tanto esforço por parte do autor da ação, do trabalho árduo do magistrado e do Ministério Público não é possível se chegar a efetividade dessas penas? Os entraves à efetividade da condenação são muitos. O principal deles é o esvaziamento do patrimônio próprio; prática essa, bastante comum, usual entre os agentes públicos corruptos antes, mesmo, de serem investigados. Como se sabe, é comum que em hipóteses como essa, o agente público que obteve vantagem econômica a mantém formalmente coberta. Os bens adquiridos são, assim, registrados em nomes de terceiros; os valores percebidos são mantidos em outras contas bancárias ou mesmo em cofres residenciais. Nesse terreno de desvios de conduta, as decisões do Poder Judiciário têm a sagrada missão de quebrar paradigmas, descortinar novos horizontes através da reafirmação dos valores legítimos, aqueles que a sociedade quer, mas não pode pensar em como conseguir, porque os escolhidos para guiá-la são os traidores, os Judas do presente ou a Sicuta que envenena a consciência coletiva. Ademais, a aparente impossibilidade de banir a corrupção não é de todo modo, responsabilidade das vagas legislações, mas da própria sociedade que gera e faz crescer o corrupto quando vende seus votos, independente da forma de pagamento feita pelo agente público ímprobo, seja em moeda, bens, serviços ou favores. A condenação legal deverá, por certo, vir do Poder Judiciário, mas, a condenação justa e eficaz só poderá surgir da própria sociedade, quando esta inibir com seus votos, a permanência de corruptos nos cargos públicos e, com suas atitudes diárias, banir a corrupção, afinal, não há corrupção sem corruptores. Ainda, que, devidamente condenados pela justiça, o agente ímprobo é logo esquecido pela sociedade, apesar da indignação momentânea, a coletividade tolerante como é a sociedade brasileira, que, certamente, por falta de profundo conhecimento, deixa ser levada às práticas danosas de agentes políticos e, em poucos anos depois os mesmos ímprobos estão a gerir algum órgão público ou representando a mesma sociedade em alguma esfera política. 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 20/42 A coletividade rapidamente se esquece ou se torna complacente, senão, cúmplice, de forma integral nos crimes, principalmente dos agentes políticos, mesmo tão famosos neste país, como Fernando Collor, o 32º Presidente do Brasil, que mesmo após ter sofrido, por impeachment (cassação de mandato), a perda do seu cargo, anos depois foi bem votado e eleito a deputado federal do Rio Grande do Norte[16]. Outra figura que retrata bem essa realidade de impunidade é Paulo Salim Maluf, um político, engenheiro e empresário brasileiro, filho de pais de origem libanesa. Foi duas vezes prefeito de São Paulo, além de secretário dos transportes e governador do estado de São Paulo e candidato à Presidência da República. A carreira de Maluf também foi marcada por seguidas acusações de corrupção e outros crimes – ele foi preso em 2005 e é atualmente procurado pela Interpol, em razão de mandado expedido pela promotoria de Nova Iorque, que o acusa de movimentar ilicitamente milhões de dólares no sistema financeiro internacional sem justificativa fundamentada. Por pouco não ocupou também a mais alta representatividade deste país, pessoa de alto nível de conhecimento, condenado internacionamente e permanece no poder. Apesar de todas as denúncias, Maluf nunca foi condenado[17] e se há culpa da morosidade judiciária, a sociedade tem o poder de baní-lo dos cargos públicos, no entanto não o faz. A LIA conta com diversas outras leis em seu retiro, foi realçada pela Lei Complementar nº 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), que prevê como causa de inelegibilidade a condenação à suspensão de direitos políticos, por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado. Destaca-se que uma das principais problemática quanto a efetividade das decisõescondenatórias nos crimes de improbidade administrativa é encontrada na parte da decisão transita em julgado, pois, após a condenação, geralmente, o agente ímprobo recorre processualmente em liberdade, conseguindo absolvição em última instância, e, ainda que condenado, em regra, não restará bens ou valores após o trânsito em julgado, mesmo havendo previsão na LIA de, em determinadas circunstâncias, ser efetivado o sequestro dos bens e não o arresto. Contudo, 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 21/42 a reparação não pode vir antes do dano comprovado, o que seria atentado contra a dignidade da pessoa humana, mesmo socialmente visível, a legalidade, neste ínterim, é uma barreira para a sua própria eficácia. Finda, portanto, que embora a lei de improbidade administrativa seja um dos maiores avanços legais na proteção da moralidade e do patrimônio público, tem encontrado grandes dificuldades na sua efetividade, não apenas por razões de falhas técnicas nas investigações, nem mesmo pela morosidade do Poder Judiciário, mas pela ligeireza do desaparecimento dos bens e valores por parte dos corruptos e corruptores. Não é legalmente previsto em execução, qualquer meio para a busca eficaz do ressarcimento aos cofres públicos, quando não são encontrados bens no nome do agente ímprobo, o que gera, dessas ações, apenas desgastes públicos em grande escala para, tão somente, o alcance de resultados negativos à sociedade no que se refere a reparação moral e patrimonial, definhando, então, em percentuais altíssimos, a efetividade das sentenças condenatórias proferidas contra os agentes públicos pela prática de ato de improbidade administrativa. CAPÍTULO III 3. Proposições para efetividade das decisões condenatórias dos atos de improbidade administrativa quanto à reparação civil, visando garantir os direitos fundamentais da sociedade. Conforme aplicação das pesquisas para elaboração deste trabalho, os direitos constitucionais da pessoa humana são a causa primordial da existência da LIA, especialmente seu artigo 12, vez que a improbidade administrativa afeta diretamente tal instituto, razão pela qual, antes de serem assinaladas algumas medidas que, se consagradas, auxiliarão numa melhor efetividade das ações de improbidade administrativa, abordagens de aspectos importantes quanto à legislação em sua operabilidade prática no âmbito dos direitos fundamentais. As causas acentuadas nas dificuldades desde a investigação feita pelo Ministério Público à final decisão condenatória, prolatadas por Magistrados, quanto à eficácia ou ineficácia nas execuções, quando deixam 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 22/42 de surtir efeitos positivos, de forma sintética, mas, relevantemente, foram apontadas nos capítulos I e II deste trabalho. Entretanto, é importante ressaltar neste capitulo, pontos que, melhor esclareçam as razões da necessidade da eficácia das decisões condenatórias bem como os reflexos sociais negativos que insurgem com a não execução plena dessas condenações, o que inviabiliza, com isso, de forma primordial, o não cumprimento das promessas constitucionais de maior relevância que são os direitos e as garantias fundamentais. A má-fé é premissa do ato ilegal e ímprobo e, a ilegalidade, adquire o status de improbidade quando a conduta antijurídica fere os princípios constitucionais da Administração Pública, coadjuvados pela má-intenção do administrador. À luz de abalizada doutrina, é correto afirmar que "a probidade administrativa é uma forma de moralidade administrativa que mereceu consideração especial da Constituição, que pune o ímprobo com a suspensão de direitos políticos (art. 37, § 4º). A probidade administrativa consiste no dever de o"funcionário servir a Administração com honestidade, procedendo, no exercício das suas funções, sem aproveitar os poderes ou facilidades delas decorrentes em proveito pessoal ou de outrem a quem queira favorecer". O desrespeito a esse dever é que caracteriza a improbidade administrativa. Cuida-se de uma imoralidade administrativa qualificada. A improbidade administrativa é uma imoralidade qualificada pelo dano ao erário e correspondente vantagem ao ímprobo ou a outrem[18]. Improbidade administrativa pode ser conceituada “a corrupção administrativa, que, sob diversas formas, promove o desvirtuamento da Administração Pública e afronta os princípios nucleares da ordem jurídica (Estado de Direito, Democrático e Republicano), revelando-se, pela obtenção de vantagens patrimoniais indevidas às expensas do erário pelo exercício nocivo das funções e empregos públicos, pelo" tráfico de influência "nas esferas da Administração Pública e pelo favorecimento de poucos em detrimento dos interesses da sociedade, mediante a concessão de obséquios e privilégios ilícitos[19]. 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 23/42 O processo administrativo é instrumento de documentação e transparência dos atos praticados pela administração pública, ao mesmo tempo em que funciona como instrumento de defesa e mecanismo viabilizador do controle das motivações. É inadmissível um ato administrativo, extremamente gravoso para a seara dos direitos de terceiros, fundado em razões ocultas e, por vontade livre do agente ímprobo, jamais externadas, de modo a impedir o efetivo controle de legalidade pelo Poder Judiciário. Para o subprocurador-geral de Justiça de Gestão, Márcio Fernando Elias Rosa, “o corrupto viola o regime democrático porque viola a igualdade e compromete o desenvolvimento. O Ministro Gilson Dipp, afirmou que todo cidadão brasileiro tem direito à probidade do agente público na administração da coisa pública[20], estando este, em harmonia com o que diz Maria Silvia di Pietro, que probidade e honestidade são sinônimas, não basta a administração pública meramente calcada na legalidade, é necessário se observar os princípios éticos, lealdade e boa fé, estes, são verdadeiros deveres que garantiriam uma boa administração[21]. É de órbita máxima, a probidade do agente público, o que também coaduna com a excelsa obrigação pública, em razão do que já fora dito, ou seja, dos direitos fundamentais, tais direitos que são assegurados pela Carta Maior, a Constituição Federal. A Constituição é a Carta Maior de uma nação. De seu pólo nuclear surgem princípios. De seus princípios, normas; normas que se multiplicam nas legislações infraconstitucionais.[22] Tendo em vista as muitas regulamentações existentes, todas elas visam de alguma forma, proteger a dignidade da pessoa humana, dignidade esta que há tempos é discussão mundial, quiçá infinda. A expressão direitos humanos, que na forma legislada, é o que se chama de direitos fundamentais, tem se generalizado com o passar dos anos para abranger as declarações e os mecanismos de proteção da pessoa humana, limitando o poder estatal, controlando os seus abusos de poder e de suas 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 24/42 autoridades constituídas e consagrandoprincípios básicos como o da igualdade e o da dignidade da pessoa humana como regente do Estado moderno e contemporâneo[23]. O princípio da dignidade da pessoa humana integra um conjunto de princípios que compõem os direitos humanos. A expressão ‘direitos humanos’ é utilizada quando tais direitos não estão expressos nas constituições e a expressão ‘direitos fundamentais’ é utilizada quando eles estão positivados nas constituições[24]. Esse princípio é também o parâmetro para se aferir a legitimidade da atuação do Estado. Além disso, princípio serve de parâmetro para harmonizar todos os valores consagrados na Constituição Federal, bem como sua evolução por normas, princípios e legislação infraconstitucional, a ainda, como devem ser tratados aqueles que o violam. O autor Vladimir da Silveira defende a ideia da classificação dos direitos humanos em gerações, estas que são ou poderão ser continuadas, não tendo uma data exata que as demarcam ou as separam, mas sabe-se que elas insurgem de épocas em épocas relacionando-se diretamente a sociedade e necessidade da geração, tendo como primeira geração, conhecida pela proteção aos direitos civis e políticos. A segunda geração se estabelece ou é conhecida, fundamentalmente, pela proteção aos direitos sociais, econômicos, e culturais dos direitos humanos, havendo de ressaltar a distinção da dignidade da pessoa humana e a dignidade da humanidade bem como a importância da proteção desta, mesmo para aqueles que a desrespeitam. Para Kant, o homem é um fim em si mesmo, tem valor absoluto, não pode ser usado como instrumento de algo, e é por isso que tem dignidade, é pessoa. A característica do ser humano é que ele nunca pode ser um meio para os outros, tendo, assim, uma dignidade especial. Kant constata que a dignidade da pessoa humana é uma qualidade peculiar, insubstituível, ao contrário das coisas[25]. José Afonso da Silva conceitua a dignidade como um atributo intrínseco da essência da pessoa humana, único ser que compreende um valor interno, superior a qualquer preço, que não admite substituição equivalente. Assim, 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 25/42 a dignidade entranha e se confunde com a própria natureza do ser humano. Para Ingo Wolfgang Sarlet, a dignidade é como uma qualidade de integrante e irrenunciável da própria condição humana, podendo e devendo ser reconhecida, respeitada, promovida e protegida, não podendo ser criada, concedida ou retirada, já que existe em cada ser humano como algo que lhe é inerente. Por isso não é necessária uma definição jurídica de dignidade da pessoa humana, já que é um valor próprio da natureza do ser humano como tal. Sarlet ainda ressalta que o princípio da dignidade da pessoa humana, considerado em si mesmo, como autêntico direito fundamental autônomo, em que pese sua importante função, seja como elemento referencial para aplicação e interpretação dos direitos fundamentais (mas não apenas destes), seja na condição de fundamento para a dedução de direitos fundamentais decorrentes[26]. José Afonso da Silva ressalta que o princípio da dignidade da pessoa humana é fundamento ‘porque se constitui num valor supremo, num valor fundante da República, da Federação, do País, da Democracia e do Direito. Portanto não é apenas um princípio da ordem jurídica, mas é também da ordem política, social, econômica e cultural’. Para ele, a dignidade da pessoa humana é um valor que atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais[27]. Sarlet sintetiza a importância do princípio da dignidade humana na nossa constituição, afirmando que “todos os direitos fundamentais encontram sua vertente no princípio da dignidade da pessoa humana”[28]. Certamente por reconhecer inestimável valor da pessoa humana é que na Constituição brasileira positivou-se os direitos humanos em cláusulas pétreas. Quando tais direitos são desrespeitados, seja por qualquer ato ímprobo, mancham e ferem, com feridas mortais, não só a sociedade de forma generalizada, mas a dignidade individual da pessoa humana. Em todas as áreas da improbidade, de algum modo, está a cooperação ou a alimentação do desrespeito aos princípios e normas constitucionais, pois do simples minuto (60 segundos), que se furta do trabalho público (sem 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 26/42 prestar o serviço em sua carga horária), em razão do interesse particular do servidor ou do agente político, na forma indevida, resta uma obrigação por fazer, da qual, seu cunho objetivo é de servir a população no interesse público geral, se assim não o faz, está o agente, essencialmente, agindo na forma ímproba. Os menores atos de improbidade não são vistos nas telas dos grandes jornais, mas são sentidos pela sociedade tolerante e inconsciente, no entanto, saltam-se dos ínfimos aos extremos e tenebrosos atos ímprobos divulgados nas “manchetes”, àqueles que causam revoltas sociais, como da saúde, da segurança pública e de outros mais que destroem regiões como as do nordeste do país. Crianças sem escolas, com fome e pessoas de todas as idades morrendo à míngua nos presídios desolados ou em hospitais públicos que de saúde pouco tem a oferecer. De todo modo, por mais bem elaborada que possa ser uma norma, deve ser utilizada com bom senso pelos seus operadores que, na maioria dos casos, restam, excepcionalmente aos magistrados, na forma fria e strita seus julgamentos, mesmo tratando ser situações que exijam vivacidade e o senso humano para melhores resultados. Fecham-se, por limites da letra, artigos ou alíneas, limitando seus sentimentos alegando ser limites legais. As necessidades sociais devem estar à frente de qualquer interpretação jurídica e não devem ser aceitas facetas contrarias ao interesse público. Parafraseando a Norberto Bobbio, quando para ele, a tarefa mais importante de nosso tempo, com relação aos direitos do homem, não é fundamentá-los, mas protegê-los, poderia se transcrever que não se precisa de mais leis, precisa sim operá-las de forma correta e justa em benefício do homem, para quem mais importa seus fundamentos. Para Norberto Bobbio a democracia sugere que todo o indivíduo tenha parte na soberania[29]. Diante a tantas definições do que é direito fundamental e ante a situação real da larga improbidade administrativa em que se encontra afogado o Brasil, onde conceitos e clamores sociais são ensurdecedores, porém, mundos ao mesmo tempo, onde todos enxergam a situação caótica, mas, poucos realmente fazem sua parte para inibir a desenfreada proliferação 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 27/42 dos atos ímprobos, ao contrário, é notório que há mais pessoas cooperando de forma voluntária ou involuntariamente, legal ou ilegalmente, a alimentação da improbidade administrativa e sua ineficaz punição. Quando isso acontece, ainda que praticado em seu menor grau ou ao mais repercutido caso, a sociedade tem em si os reflexos de forma cruel e irreparável. Dos meros minutos furtados no trabalho público por um servidor que se negue a concluir uma tarefa inadiável, ao mais escandaloso “mensalão”, a nação tem seus efeitos penosos, como uma saúde pública caótica, uma educação de péssima qualidade e demais efeitos continuados em quedassociais, são equivocadamente sinônimos do progresso. A necessidade não está em apenas disponibilizar mais legislação que teria a intenção de impedir incoerências administrativas, o que se sabe ser bastante necessária, pois as falhas são havidas, surgem e insurgem nas legislações, sendo estas, em parte, responsáveis pelas recorrentes aberrações administrativas que sobrevém a sociedade, mas resta também, aos operadores da lei, impedir a continuidade inimputável das “corrupções” e a aplicação necessária para reparação civil, com o ressarcimento aos cofres públicos, independentes de suas modalidades e, assim, poder executar de forma plena e objetiva, em prol da sociedade, a verdadeira justiça que não é só punir parcialmente o agente ímprobo, mas trazer de volta à sociedade a real reparação em nome das garantias da dignidade da pessoa humana. A inaceitável situação dos atos de improbidades administrativas corrobora em proposições que podem contribuir para uma administração proba e uma melhor eficácia nos atos das investigações, condenações e execuções das decisões condenatórias com resultados positivos a sociedade, as quais são sugestões abaixo expostas: - Que seja acompanhada a evolução do patrimônio do agente público e parentes dependentes diretos ou indiretamente, antes e depois de um pleito, assunção e perda de um mandato, na forma regular ou judicialmente, dos agentes públicos temporários ou vitalícios em tempo equivalente a forma bienal ou anual; 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 28/42 -Que após sua condenação também seja acompanhada sua evolução ou involução patrimonial; -Em caso de condenação por quaisquer atos de improbidade administrativa, ficar, também, inelegíveis parentes na linha reta até 4º grau podendo ser devolvida a elegibilidade à parentes e familiares após reparação integral, no limite da sentença condenatória; -A partir da confirmação da denúncia por improbidade, proceder ao afastamento integral dos membros dos poderes executivos ímprobos e legislativos que atuam como fiscais responsáveis pelo ato das investigações, congelando seus bens e salários até desvendar o caso; -Ação regressa do Estado, Município ou União ao agente público que causar prejuízo, dando causa as indenizações em prejuízo ao erário, seja por negligência adminsitrativa, improbidade, como a má aplicação de verbas, obras mal feitas ou inacabadas, ou obrigação objetiva na falta de medicamentos e similares aos entes públicos, independente das esferas, graus ou modalidades; pois a nação não poderá arcar com irresponsabilidades administrativas, pois são eles, os representantes pagos e, portanto, como gestores, devem ser responsáveis por seus atos também na forma subjetiva; -Ao agente administrador de secretarias e subcretarias que não comprovar tentativa de providências antecipadas com o fim de evitar danos sociais, serem responsabilizados na forma ímproba proporcional, seja na perda do cargo, seja na reparação regressa legal, bem como ao seu afastamento do cargo com bens congelados e salários bloqueados até conclusão da ação com o fim de evitar maiores prejuízos ao erário; - Impedir ao agente condenado, independente da instância e recursos, sua permanência em cargos públicos de liderança ou chefia departamental; -Até que tenha ressarcido e reparado integralmente danos causados à sociedade, seja impedido de retornar a cargos do executivo ou legislativo, sem prejuízos das sanções já previstas em leis específicas; 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 29/42 -Estender as investigações aos funcionários de cargos de confiança, os supostos “laranjas indiretos” e parentes até 4º graus que demonstrem ligações diretas ou indiretas ao agente ímprobo; -Levar o poder legislativo a prestar, mensalmente, relatórios públicos de atos e contas aprovadas por meio de publicações de grandes circulações; -Fiscalização de gastos e aplicações em obras de grande vulto, por assinatura exclusiva de representante legislativo para vinculá-lo diretamente ao ato, sendo as obras por sorteio público e não por votação de mesa, impedir assim que vença a maioria independente de estar a obra licita ou ilicitamente aprovada; -Descontar nos rendimentos do agente ímprobo, ainda que de fontes particulares ou alheias as de órgãos públicos, até o limite do prejuízo causado ao erário; - Instituir comissão rotativa, determinada por sorteios eletrônicos no Tribunal Regional Eleitoral (T. R. E.) de cidadãos comuns, utilizando currículos dentro da formação e técnica necessária para fiscalização no início e final de obras públicas de grande vulto; -Qualquer benefício ou aumento nos vencimentos de agentes políticos que onerem aos cofres públicos, além de seus vencimentos legais, tenha a votação da sociedade que é a fonte pagadora, para, assim, evitar os gastos exagerados como os de planos de saúde, “bolsa copa” dentre outros abusivos desvios aos chefes do executivo, legislativo e demais servidores públicos beneficiados de formas ilegais; -Para bens públicos, sejam decididas entre as casas legislativas, mas para benefícios dos próprios agentes públicos de mandatos temporários, sejam feito por eleições públicas abertas aos cidadãos; -Crimes de corrupção se enquadrar aos crimes hediondos e lesa humanidade, tornando-os inelegíveis na forma vitalícia para o mesmo cargo; 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 30/42 -Ao agente público que for condenado por quaisquer dos crimes de improbidade ser-lhe, na forma vitalícia e não temporária, bem como a familiar ou parentes até 4º grau proibido contratar com o Estado, Município e União, até que reparem os danos integrais, visando assim, a motivação da probidade entre parentescos; -Disponibilizar, como prioridade, a tramitação da ação cautelar, bem como Liminar em sequestro de bens, pois a própria lei prevê a utilização também medidas cautelares do processo civil, busca e apreensão, exibição de documentos e coisas, produção antecipada de provas e afastamento cautelar do agente (art. 20 da LIA); -Celeridade das investigações e depois de ajuizada a ação, celeridade na instrução e julgamento para evitar que o patrimônio acrescido indevidamente ao agente ímprobo seja destinado a terceiros e não mais encontrado para reparação legal ao erário; -Pontuação diferenciada e elevada na produtividade do Magistrado que julgar ações de improbidade administrativa, vez que se trata de ações mais complexas; -Benefícios às instituições públicas ou não governamentais que cooperarem com a prova de lavagem de dinheiro; -Não haver prescrição para os crimes de improbidade, pois se trata de crimes que afetam os direitos sociais, fundamentais, é, portanto, crime contra a nação. Haja vista já serem as lesões e ressarcimentos imprescritíveis; -O poder Judiciário tratar as ações de improbidade administrativa de forma diferenciada das ações ordinárias, onde o magistrado poderá ter a liberdade de decidir sobre a vertente real social in loco e não apenas em provas interpessoais; -Melhorar a estrutura física e tecnológica quanto aos instrumentos investigativos do Ministério Público e fontes de informações como as dos tribunais de contas e do Poder judiciário julgador;11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 31/42 -Após as auditorias dos Tribunais de Contas, percebendo a existência de indícios de atos ilegítimos no âmbito da administração Pública, comunicar, de Ofício, ao Ministério Público, sem a necessidade de submeter a relatórios de auditoria da Corte de Contas, por se tratar de instâncias autônomas e complementares no combate à improbidade administrativa; -Valoração em triplo, para efeitos correcionais e promocionais, das sentenças com julgamento de mérito nas quais os Magistrados tenham que valorar as provas, considerando as complexidades dos feitos e exaltando o Julgador que incorre em riscos pessoais e efetiva-se maiores esforços sobre o processo, evitando exarar sentenças de improcedência simples; -Que o ato de votar em eleições públicas dos poderes, executivo e legislativo, seja livre e sem vinculo ou prejuízo a qualquer cidadão para regularização de sua cidadania; -Limitação de idade, até aos 66 anos para se candidatar a qualquer cargo público de liderança ou chefia, o que lhe permitirá usufruir do cargo até aos 70 anos de idade; - Ao administrador inábil ser lhe aplicado sanções equivalente ao crime de culpa, e, em caso de reincidência na mesma modalidade e pleito, ser- lhe afastado até sanar a situação, com isso, motivar contratações de pessoal qualificado e não se beneficiar da remota comprovação do dolo para sofrer sanções; - Aplicação da verba pública por limiares de instituições privadas, atendendo primeiramente as necessidades por ordem de imprescindibilidade (necessárias), depois as voluptuárias, não por assinaturas ou rubricas de secretarias ou de áreas isoladas, mas como um patrimônio público único. CONSIDERAÇÕES FINAIS A improbidade administrativa é um inesgotável tema que por muitos tem sido discutido e, não seria, jamais, um artigo compacto com este, responsável por saciar a sede de uma nação, no que se refere ao mencionado tema. Contudo, foram elaboradas pesquisas, dentre as 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 32/42 bibliográficas, a mais importante fonte consultada foi o Ministério Público, por meio de pesquisa de campo junto a seus representantes que são instituídos e investidos da autonomia fiscalizadora legal, em prol de uma sociedade melhor amparada. As incoerências entre a lei legislada e a lei aplicada sempre foi um grande problema na essência humana, vez que não depende apenas de se ter de um lado uma infração e do outro a condenação, é necessária a soma do conjunto, ou seja, o problema, as pessoas envolvidas e a solução. E como se sabe, os direitos fundamentais não se estabelecem somente ao indivíduo probo e honesto (de pudicícia, respeitabilidade, integridade, honradez) abriga, portanto, a pessoa humana. Mesmo a pessoa" humana "sendo agente de condutas ilegais, ela é um ser com seus direitos e garantias asseguradas, também, constitucionalmente. As garantias Constitucionais que “impedem” abusos do Estado enquanto responsável por proteger ou punir, impedem também, em parte, a nação que busca justiça em benefício comum, de ser alcançada por esta proteção. É como se em razão de um direito, de uma única pessoa humana, fosse preterida uma nação inteira. Pois, quando o Estado, por lhe faltar mecanismos próprios e adequados, deixa de aplicar as sanções devidas a um agente ímprobo, ele passa a aplicar diretamente a punição social, de forma ampla. Se verifica essa punição, por exemplo, nas incontáveis mortes ou assaltos por falta de segurança pública ou por falta de bons hospitais, sabendo-se que há pessoas na administração pública, exclusivamente, responsáveis por parte desses os danos sociais, uma vez que, o país é possuidor de recursos em espécie, mas, composto, em parte, por gestões maléficas e tais reflexos sociais, na forma negativa, avassaladora e irreparáveis são visíveis. A busca pela melhoria na aplicação da lei necessita ser incansável. Os pontos lançados neste artigo, como conjecturas para o avanço das sanções aos agentes ímprobos, principalmente, no sentido econômico, tanto para impedir fraudes quanto para reparação essencial ao erário, são meras hipóteses de se ver punições com reais reparações à sociedade (ao cidadão do bem). Trata-se de proposições que buscam combater a proliferação da corrupção, esta chaga que assola o país, inclusive, proliferada por entes da 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 33/42 mesma família sanguínea, pois nunca agem sozinhos os corruptos e corruptores, pois dependem, essencialmente, uns dos outros, especialmente dos mais próximos em afinidade. A sociedade brasileira é como “ovelha” e a “justiça” apenas o pastor. Portanto, assim como somente ovelhas podem gerar ovelhas, as pessoas deste país são responsáveis por gerar melhores pessoas e, com isso, poder eleger melhores gestores. Gerar, no sentido de cultivar costumes de honestidade pessoal, de rejeitar ser beneficiado com bens públicos em detrimento do prejuízo coletivo. Rejeitar eleger agentes que pelejam somente em causa própria, egocêntrica e não altruísta, antidemocrática e não pela democracia. Pois, vale ressaltar que, ainda que haja uma atuação eficaz dos membros e auxiliares da Justiça e do próprio Poder Judiciário, que poderão de forma, mesmo que irrisória, sanar situações ilegais, não poderão, porém, impedir que situações ímprobas germinem continuadamente. Mesmo havendo todas as ferramentas necessárias aos órgãos investigativos para uma ação segura e uma condenação justa e eficaz, cabe à sociedade, como responsável máxima, ser e formar pessoas possuidoras de caráter ilibado e sadio. Escolher seus representantes pelas vias da honestidade, inibindo-os de nova chance no poder em caso de corrupção e prejuízos à coletividade. Ademais, a sociedade, geralmente, não se esquece de um isolado assassino ou estuprador que causou um único terror na vizinhança, no entanto, rapidamente deixa se esquecer dos" Seriais killers " praticados por seus representantes públicos. Foram apontadas proposições para melhorias na legislação e operação destas, pois se sabe serem necessárias atualizações legais dentro da realidade prática atual. Existem pontos nas legislações que são paradoxais, totalmente contraditórias em sua essência, como o caso de pensar no racismo como crime imprescritível, mas uma espécie de “assassinato em série” (indiretamente), o que ocorre por meio da “corrupção” ser crime prescritível em tão curtos 5 anos, dentre outros inegáveis absurdos que se encontram nas legislações de improbidade. Quando ao mesmo tempo as legislações são apresentadas como solução, em proteção do homem, indivíduo, ser, são, por seus fins, origens de grandes prejuízos a este. 11/03/2019 A Efetividade das Condenações nos Crimes de Improbidade Administrativa e a Responsabilidade Patrimonial do Agente Público https://adelainebatista.jusbrasil.com.br/artigos/342948431/a-efetividade-das-condenacoes-nos-crimes-de-improbidade-administrativa-e-a-resp… 34/42 Quando se fala em improbidade se pensa nas fraudes" escandalosas ", como de inúmeros políticos, situações que muito impactaram o país, como por exemplo, os escândalos do “mensalão”, gastos exagerados, enriquecimentos ilícitos e perdas sociais. Aplicações desnecessárias
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