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A natureza animica da criança

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A NATUREZA ANÍMICA DA CRIANÇA
Caroline Von Heydebrand
O livro “A Natureza Anímica da Criança” de Caroline Von Heydebrand transmite a importância para o educador, de conhecer profundamente a criança e compreender a educação como forma de arte. Para que o processo de aprendizagem seja real e objetivamente eficaz é importante que o educador descubra os tipos anímicos dos alunos, detectando entre eles os quatro temperamentos - o sanguíneo, o melancólico, o colérico e o fleumático.
CAPITULO I – DA CONFORMAÇÃO FÍSICA DA CRIANÇA
No primeiro capítulo “Da conformação física da criança”, a autora inicia falando sobre o milagre que é a criação do ser humano, mas estamos tão acostumados com isso que nem nos toca o suficiente. As forças criadoras forma cada órgão em sua forma característica. Essas forças são a prova viva da existência de Deus. 
A compreensão científica não basta para aprender sobre o milagre do corpo humano em sua formação, pois a natureza é a artista, assim só é manifestado somente à observação artística. Para compreender sobre essa formação humana, é necessário conciliar o pensamento científico com a concepção artística. 
O mundo todo atua em conjunto para formação da criança, onde um ser espiritual torna-se humano, ligado à pedra, à planta, ao animal e todos que envolve sua individualidade. O espírito e a alma transformam em corpo e modela dentro da criança tudo aquilo que é predisposição. Assim o corpo é formado, a partir de condições que a alma própria criou na existência anterior ao nascimento, das experiências de vidas anteriores. Os poderes do passo que definem as forças formadoras em sua atuação modeladora, formando principalmente a cabeça, e posteriormente o restante do organismo.
De acordo com a autora, a cabeça é o órgão mais perfeitamente formado, pois nela podemos observar como dia após dia, os traços fisionômicos se tornam mais pronunciados, mais individuais.
As crianças com cabeça grande possuem uma testa acentuadamente curva, o rostinho por baixo minúsculo. Mas nessa criança vive uma alma sonhadora, tem uma imaginação pujante, são ricas em ideias e imagens criativas. Para essas crianças uma orientação artística do ensino seria de enorme importância.
A criança de cabeça pequena sucede que as forças criadoras ativas se retiram cedo da região do sistema neuro-sensorial, preparando-o assim para tornar-se instrumento de vida imaginativa. Assim, suas cabeças não estão mais suficientemente permeadas de vida criadora.
CAPÍTULO II – O TÍPICO ANIMICO DA CRIANÇA
No próximo capítulo “O Tipo Anímico da Criança”, nos é mostrado os quatro temperamentos - o sanguíneo, o melancólico, o colérico e o fleumático - e nos mostra como tratá-los. Aqui, a autora salienta a importância de conhecermos bem a criança, se quisermos educa-las bem.
Para exemplificar a criança sanguínea, Caroline nos da o exemplo do Carlos, que é uma criança com Cachos claros ou avermelhados, testa arredondada, olhos azuis e nariz arrebitado. Seu corpo é esbelto, flexível e proporcional, braços e pernas são ágeis e ele gosta de andar na ponta dos pés. Salta e pula diversos degraus de uma vez só e, quando cai, chora um pouquinho mas logo começa a rir, ainda com lágrimas nos olhos. Se perde, fica ofendido, mas logo volta a brincar. Enjoa fácil da brincadeira e começa outra. Se interessa por muitas coisas, mas também se distrai facilmente com qualquer detalhe e logo abandona o que estava fazendo. Ao comer, parece um passarinho. Prefere frutas e alimentos salgados e azedos. Adora um suco de limão puro e um salzinho. É a melhor definição de “criança” que pode existir: alegre, distraído, saltitante, leve. Sua alma acompanha tudo o que o corpo quer e por isso essa criança nunca se cansa. Talvez por essa disposição é querido por todos e muito popular na escola pois está sempre inventando brincadeiras novas.
	Vemos assim que a criança sanguínea parece estar mais voltada no ar do que na terra. Elas precisam também de alternância rítmica na vida e no brinquedo. Para essas crianças o ritmo é sua natureza, é exigido pelo seu próprio organismo. Mas seu ritmo é rápido, seu respirar e seu pulso é mais rápido que de um adulto. Uma criança com esse temperamento, não pode facilmente concentrar sua atenção por muito tempo em uma coisa. É caracterizada também por ser ágil e rápido, com vitalidade, e por estar sempre ligado à natureza.
	Um grande problema da criança sanguínea é que ela não consegue penetrar muito nas coisas, não consegue atenção suficiente para concentrar-se. 
	O educador pode ajuda-la em caso de excessividade sanguínea, onde pode fornece-lhes possibilidades para as impressões passageiras, a fim de que ajude-as a gastar esse excesso de sanguinidade. É bom também que a criança se ocupe com atividades de duração longa, e arranjar à ela variedades de distrações dentro dessas atividades.
	Outro temperamento diz respeito à criança melancólica e para exemplificar, a autora fala sobre Ivone. 
“Para o oitavo aniversário de Ivone, a mãe convidou seus companheiros de brinquedo da mesma idade. Porém Ivone despareceu. Retirou-se para debaixo da toalha. (…) Foge para um canto, chora muito tempo introvertidamente, fitando com o rosto sombrio, mas com o olhar cheio de ansiedade, a brincadeira das outras crianças. Finalmente, quando se decide a brincar também, fica feliz, olha para todas as crianças, uma após a outra, com olhos brilhantes, pedindo simpatia, e fica profundamente triste quando elas se vão. Principalmente uma das menininhas ela beija afetuosamente, declara-a interiormente sua ‘amiga’  atribuindo-lhe em silêncio as mais belas qualidades, principalmente aquelas que lhe faltam.” (p. 26)
“Ivone gosta de procurar recantos silenciosos para meditar. (…) Ela não é covarde, embora tenha medo de gente. Seus empreendimentos têm algo de aventuroso e brotam de um rico mundo imaginativo, um tanto estranho. Ela pensa muito. Em seus pensamentos, ela mesma representa um papel importante: uma princesa, uma pobre órfã, um herói, uma pessoa injustamente perseguida. Não pode ouvir falar na Gata Borralheira sem se ligar de tal modo com a personagem e a situação que julga passar, ela mesma, por suas aventuras. Seus olhos grandes e ligeiramente úmidos  olham ora sombrios, ora excessivamente alegres, sem que as causas sejam visíveis. Seus cabelos finos e lisos sobre a testa alta e pálida transformam-se, em sua imaginação, em cachos dourados, e então ela ergue com orgulho sua cabecinha, que é um pouco inclinada, e as costas finas, em geral um pouco curvas.” (p.26)
A criança melancólica é anímica e fisicamente uma criança delicada, assim requer muito cuidado e compreensão. Essa criança gosta de brincar sozinha e vive escondida em algum cantinho, lendo um conto de fada triste ou com uma boneca na mão. A criança melancólica sente o peso do mundo e da realidade e facilmente se entristece ou fica mal-humorada. Sua melancolia a faz sentir-se culpada das travessuras, como se fossem grandes pecados. Ela precisa de alguém com quem se possa abrir com plena confiança.
Com esse temperamento, a criança requer muito alimento anímico e espiritual. Assim, quem lhe conta histórias, devem escolher contos que estimulem a esquecer a própria melancolia. Essa criança é delicada, então deve ir para a cama a noite com pensamentos cordiais e harmoniosos, e pela manhã, ser despertada com grande amabilidade.
O temperamento colérico, citado na obra da autora, é também exemplificado para melhor compreensão. Agora nos é mostrado o exemplo da Tania.
“Tânia está fora de si. Com os dois punhos, bate num menino (ela tem dez anos, ele tem uns doze). Seus cabelos desgrenhados se levantam como as penas de uma ave de rapina. As proeminências em sua fronte bem redonda parecem se transformar em chifres. (…) Tânia pega do chão o irmãozinho – causa inocente da luta e que o menino grande empurrara – e o arrasta atrás de si. Ela não chora, mas soluça em convulsões que não consegue dominar e faz movimentos violentos para enxugar as lágrimas, que correm contra a sua vontade.
Ao fazê-lo, caminha batendo os pés, ainda mais fortemente do que costuma, pisando energicamente com os calcanhares. Uma das mãos ainda está cerrada em punho e a outra segura firmemente o pulso do pequeno. (…) seu pescoço está encolhido entre os ombros, como se quisesse contrair e endurecer todo o seu ser.” (p.30)
O temperamento colérico requer muita paciência, pois com o efeito, somos facilmente levados a perder o controle diante de uma criança furiosa. O educador deve manter o controle, a serenidade e a calma.
É importante proporcionar à criança colérica oportunidade para extravasar suas forças, de maneira proveitosa, sem causar prejuízos. O pequeno colérico precisa de bastante espaço para se mover livremente, jogar-se no chão e se debater a vontade.
O último temperamento é o da criança fleumática. E Caroline Von Heydebrand nos traz o exemplo do João. 
“Joãozinho está encarrapachado em sua carteira e olha apaticamente para a frente. Não obstante, não é de todo inativo, embora se desinteresse por completo das explicações do professor sobre os mistérios da tabuada. Está sonhando com o sanduíche que sua mãe, como ele não deixou de observar, cobriu com uma boa camada de manteiga e queijo, e com a bela maçã vermelha que ela lhe pôs na lancheira. João fixa durante um instante o professor com seu olhar sonolento e vê que este lhe vira as costas para escrever algo na lousa. Então abre com seus dedos gordos o papel do sanduíche. (…)Em casa, João leva uma vida pacata. Sua educação não teve problema algum. Horas a fio, ficava tranquilo no carrinho, segurando na boca a chupeta (imprescindível para a paz de sua alma) e abandonado ao seu torpor, quando não acompanhava com o olhar os movimentos lentos de suas mãozinhas gordas, que durante muito tempo eram seu único ‘brinquedo’. Só a visão da comida conseguia tirá-lo da apatia.  (…) Não adoece frequentemente e, para alegria sua de sua mamãe, ele digere os sanduíches mais pesados, as omeletes mais gordurosas, o pudim mais denso. Aprendeu a andar bastante tarde.” (p.35 - 38)
O fleumático é mais lento que a média. Sua fantasia não é das mais fortes, demora para andar, tem preguiça de engatinhar e prefere ficar na mamadeira até mais tarde do que as outras crianças.
De acordo com a autora, a criança fleumática é de todos os seres humanos a que mais se aproxima da natureza, pois tudo que se fundamenta nas funções vegetativas do seu corpo funciona sadiamente. Daí sua boa memória, sua capacidade de aprender tudo o que pode ser aprendido por exercícios repetidos. 
A criança fleumática dispõe de uma educação razoável, são particularmente fiéis, persistentes, honestas, ordeiras, conscienciosos e aptos a enfrentar as tempestades da vida.
É importante educar essas crianças fisicamente com muito critério e reduzir-lhes o gozo do bem estar corporal a limites razoáveis, nãos sendo conveniente permitir que essas crianças satisfaçam sua vontade de dormir desenfreadamente.
Paciência é uma qualidade importante para lidar com o fleumático. Não o mesmo tipo de paciência que se precisa ter com um colérico, mas aquela tranquilidade de quem sabe esperar. Um bom professor para o fleumático precisa saber esperar seu tempo, que é diferente dos outros.
Diante desses comportamentos, vemos que o temperamento é um dom. É a forma assumida pela vida anímica na base da existência corporal. Assim, toda educação compreensiva deve saber discernir qual atitude anímica predomina no indivíduo. O pedagogo deve sempre olhá-lo de todos os ângulos e nunca cansar de estudar suas leis evolutivas.
A compreensão mais profunda da natureza infantil resulta em um discernimento da complexidade dos temperamentos. É raro um temperamento tão bem definido como em cada uma das crianças descritas. Na maioria das vezes, há uma mistura de temperamentos. Mas o verdadeiro temperamento infantil é o sanguíneo. São numerosos os casos de uma mistura de temperamentos, sendo sanguíneo-coléricas ou sanguíneo-fleumáticas.
É importante que o professor não se restrinja somente ao que a criança oferece de imediato, o seu quadro exterior. Deve-se penetrar mais fundo até sua vida orgânica e anímica escondida, assim como às condições exteriores em que ela é obrigada a viver.
A autora fala nesse capítulo também sobre o despertar da vida anímica da criança, onde o artista invisível que atua na estruturação e na formação do corpo infantil dá a ela uma configuração. Diante disso devíamos venerar a evolução da criança, e tudo que está ao seu redor deveria estar em harmonia com o trabalho do seu criador. Na medida em que os ossos endurecem e a forma é fixada para ser entregue às forças do crescimento, as suas forças plasmadoras retiram-se da sua atividade estruturadora. Mas essas forças não desaparecem do corpo, elas projetam-se nos jogos infantis.
E suas brincadeiras, observemos a criança. Brincar é movimento e manifestação de uma força que faz com que a dinâmica criadora contida no corpo se projete para fora. A criança que brinca, observa suas perninhas, enquanto esperneia; mexe com as mãos. Felizes as crianças que ninguém impede de se familiarizarem com o uso do seus membros.
Seria errado ao vermos uma criança brincando pedir que explique o que está fazendo, pois não precisa ter significado algum. Por exemplo, a criança pequena amontoa seus cubinhos para derrubá-los. Essa construção e destruição causam-lhe satisfação.
Ao brincar, a criança não procura que isso tenha utilidade, mas sim quando os jogos não são fruto de uma pura atividade dinâmica, tornam-se repletos de fins provenientes de sua fantasia.
Brincar é muito importante para o desenvolvimento da criança que nenhum educador deveria admitir que uma criança não brincasse ou brincasse pouco. A criança pode brincar com qualquer objeto, especialmente com tudo que a natureza oferece.
Mas dependendo, o brinquedo pode ser tanto amigo quanto inimigo da criança. Ela deve ter a oportunidade de desenvolver suas forças plasmadoras que atuam na sua fantasia, se isso não ocorre, vazam no organismo e a atormenta.
CAPÍTULO III – DO DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA INFANTIL
		Nesse terceiro capítulo nos diz respeito o desenvolvimento da consciência infantil. Nos é mostrado que o recém-nascido não tem a vida anímica consciente, pois ele tem apenas vida corporal. Mas como a vida começa a retirar-se de certas partes do organismo, permite o fortalecimento do esqueleto, os dentes apontam, e com esse processo sempre vemos desabrochar alguma consciência. Os primeiros dentes trazem consigo a possibilidade de formarem as primeiras representações mentais. O enrijecimento do esqueleto faculta a posição ereta e o andar, processos que implicam também a evolução da consciência infantil. 
	Posteriormente Caroline Von Heydebrand nos fala sobre a educação moral das crianças, e isso constitui um problema para todos os que lidam com ela. Pois muitas vezes os adultos querem recorrer a uma surra para mostrar a razão à elas, isso é inadmissível. Proibições, críticas interessantes, admoestações, assim como comentários sem humor são as coisas que mais provocam as crianças.
	Um bom exemplo para ensinar a moral e para corrigir as coisas erradas que a criança fez é conta-la uma estória. O adulto pode criar uma estória onde fale coloque um personagem que faz malcriações e suas consequências, e essa pode ser completada por mil detalhes, pode ser dramatizada, pois a criança ficará atenta, e a partir daí, saberá relacionar seu caso com o da história. É importante que o adulto conte a estória bem serio e convicto, pois muiats vezes as malcriações das crianças tem origem no fato de os educares não levarem a sério suas injunções, não as apoiando com corpo e alma.
	Posteriormente é falado sobre a fantasia infantil, onde possui dimensões que muitas vezes os adultos mal podem imaginar. As crianças são capazes de alcançar a essência das coisas. Elas “enxergam” mais que os adultos.
	A criança vive também nas criações da sua fantasia com tamanha intensidade que as torna objetivas e põe para fora de si, originando
assim o companheiro invisível. Quando se impede que dê livre curso a sua força plasmadora criativa que sustentam a ideia de ter um amigo invisível, pode machucá-la muito.
	Os companheiros invisíveis costumam acompanha-las até a troca de dentes, no mais tardar até a idade de nove anos. Esses companheiros podem ser considerados uma evolução sadia e desejável, então não se deve pensar que eles sejam uma anomalia na vida da criança.
	A autora fala também nesse capítulo sobre as mentiras da fantasia, pois a criança pequena ainda não distingue entre verdade e ficção.
	As crianças mostram uma tendência para mentiras da fantasia quando não tem a oportunidade de atuar de uma maneira razoável. O que lhes falta como alimento anímico sadio, elas substituem por suas criações e imaginação, forjando representações de fantasia. Crianças assim deveriam ouvir contos, sagas, lendas, e deveriam também ter a oportunidade de exercer atividades artísticas como pintura, modelagem, desenho, etc.
	Os exageros das crianças nascem muitas vezes da necessidade de valorização. A tendência pelas mentiras nascem da falta de cuidado, sendo assim abandonadas. Crianças assim sentem que algo lhes falta, que ninguém as quer, daí surge o desejo da valorização e assim criam estórias extravagantes que vão contando para chamar atenção.
	As percepções sensoriais não fazem surgir nas crianças representações mentais exatas e bem definidas, embora sejam bem observadoras. Essas observações conduzem à formação de conceitos claros e exatos, mas a uma atividade criadora da fantasia. Portanto devemos ter compreensão em relação as brincadeiras da fantasia, para não julgar errado as ações infantis.
	As crianças devem receber alimento anímico sadio, que precisam nessa idade, para despertar bem a sua imaginação. Pois crianças que carecem do forte alimento dos contos de fadas, sagas, mitos, das imagens vívidas das Histórias, procuram contos que muitas vezes não são bons à sua imaginação. 
CAPÍTULO IV – A TRANSIÇÃO DA BRINCADEIRA PARA O TRABALHO NA ÉPOCA ESCOLAR
	Heydebrand inicia o capítulo falando sobre a injustiça que cometemos quando não levamos a sério o seu brincar, que para elas é tão sério quanto o trabalho para o adulto. 
	Se a criança em idade pré-escolar está pintando, ela tem o direito de pincelar e se sujar a vontade e entregar de corpo e alma. Deveríamos deixá-la inteiramente livre para seguir os seus impulsos.
	Essas crianças que gostam de pintar e tem aptidão para isso devem esforçar-se, exercitar-se continuamente. Embora pintar sejam para elas motivo de grande alegria, elas sabem que não se trata de brinquedo ou de brincadeira, mas de trabalho sério. Mas será que há algum mal quando as crianças amam seu trabalho? Desde que a criança trabalhem e esforcem conscientemente como fizeram antes do brincar, não deveria haver objeção quando todo o ensino inicial se fundamenta em atividades pictórico-plásticas e rítmico-líricas.
Nada mais prejudicial para a alma da criança do que encararem em suas atividades o sentido intelectual e o “significado” antes mesmo da sua própria atividade criadora. 
Nesse capítulo, a autora nos fala sobre os contos de fadas. Ela inicia falando que frequentemente ouve-se perguntar se é conveniente contar às crianças contos de fadas ou fazer com que elas leiam. Para isso, é necessário compreender o ser da criança e a natureza dos contos, só então será possível saber se ambos foram feitos um para o outro.
Quando se ouve um conto, a força plasmadora que atua na criança é a fantasia, mas ela o faz de maneira que as imagens por elas criadas revelam uma sabedoria objetiva.
As crianças gostam de acompanhar o narrador àquelas regiões espirituais onde se desenrola o conto. Assim, quando os contos forem narrados com discernimento espiritual, as crianças não confundirão a “madrasta” má, da mãe protetora.
O conto é alimentado por recordações feitas imagens, e é nelas que vivem a alma infantil.
CAPÍTULO V – DO RÍTMO NA VIDA DA CRIANÇA
Esse capítulo fala sobre o ritmo na vida da criança. Tudo no mundo possui um ritmo. Todos os processos orgânicos seguem ritmos, como os do dia e da noite; da manhã, do meio dia e da noite. O ser humano aprendeu a livrar desses ritmos, ao menos em partes. 
A criança não pode fazer isso, ela precisa de ritmos. Seu organismo quer se alimentar sempre à mesma hora, dormir e acordar a intervalos determinados. Quanto mais rítmica a vida da criança, mais perfeita a sua saúde. O alimento anímico deve ser-lhe fornecido ritmicamente, já que na criança, a sua vida anímica não está ligada com a vida orgânica. As brincadeiras, os estudos devem estar integrados à esse ritmo diário. É muito importante que os educadores tenham consciência disso e levem em conta. Tarefas pequenas e cotidianas deveriam estar integradas à sua rotina, mas cumpridas a cada dia a mesma hora, pois nada torna a criança mais rebelde e nervosa do que a arbitrariedade dos adultos, por exemplo, quando a criança é tirada da sua brincadeira, pois a mãe a chamou para realizar qualquer serviço. Todos os pequenos deveres deveriam estar integrados no decorrer do dia, tudo com sua hora certa. 
CAPÍTULO VI – O EDUCADOR E A CRIANÇA
Nesse último capítulo nos vem falar sobre a relação do educador e a criança. Ele se inicia falando dos tipos de relações, sendo elas de amizade, inimizade, de parentesco pelo sangue e por laços espirituais; as relações entre pessoas do mesmo sexo e de sexo diferente, entre pessoas de mesma idade e idades diferentes. Mas todas essas relações são determinadas pelo destino ou determinantes deste. Assim também é a relação entre o adulto e a criança, onde é condicionada e tingida por situações baseadas no destino.
Posteriormente é falado sobre a relação de pais e filhos, onde em uma pesquisa do Rudolf Steiner acentuou que não são os pais que primeiro amam a criança, mas que o amor desta precedeu quando para eles se inclinava desde o mundo espiritual. Uma maravilhosa intimidade poderá ocorrer na relação se os pais não considerarem apenas a curso da hereditariedade física, mas se estiverem conscientes de que já antes de nascer, uma alma os buscou e fez com que se encontrassem, o por que queria entrar essa corrente hereditária particular e começar sua vida terrena sob sua orientação. Assim, os pais devem ficar atentos para descobrir de que maneira a individualidade que a eles foram confiados, querem ser educadas no fundo do seu ser. Do contrário, os pais teriam que ceder a todo capricho infantil e renunciar toda a educação. A realidade é que a criança quer ser educada e conduzida de maneira correta na vida.
Hoje em dia nas escolas vemos que a relação criança-adulto é diferente. O professor é um ser detestado ou ao menos receado pela criança. Quanto ao professor que não tem o domínio do medo das crianças, consideram como “horda”. Pode ser que a relação individual ainda seja tolerável, mas o relacionamento com a massa desperta no docente uma antipatia escondida.
Finalizando o livro nos é falado sobre a educação, que achei de extrema importância nestre livro. “Um homem pode ensinar muita coisa a uma criança, sem lutar em sua alma por conhecimentos e discernimentos suscetíveis de se transformarem em atos; mas nunca será um educador. Pois o verdadeiro segredo da educação é este: o educador não educa pelo que ensina ou pelo que faz na criança, mas pelo que ele é, ou pelo que venha a ser a cada momento em seu trabalho em si próprio.” Diante disso, vemos que o educador vai além de ensinar conteúdos à criança. Ele ensina através dos exemplos, ele prepara para a vida.
CONCLUSÃO
A Natureza Anímica da criança é um excelente livro. Deveria ser um livro de cabeceira de pedagogos, futuros pedagogos, deveria ser lido também pelos pais. Pois ele mostra a importância de conhecer profundamente a criança e compreender a educação como forma de arte. Para que o processo de aprendizagem eficaz é importante que o educador descubra os tipos anímicos dos alunos, detectando entre eles os quatro temperamentos - o sanguíneo,
o melancólico, o colérico e o fleumático. É importante que o professor não se restrinja somente ao quadro exterior da criança. Deve-se penetrar mais fundo até sua vida orgânica e anímica escondida, assim como às condições exteriores em que ela é obrigada a viver. O educador deve conhecer bem a criança para educá-la bem.
Conclui-se também que a brincadeira é de extrema importância para a criança, pra o seu desenvolvimento, o adulto não pode restringi-la de brincar. O livro também nos mostra que no ensino da moral às crianças é um desafio para os adultos, mas que uma surra é inadmissível. Ele pode recorrer à criação de uma estória para ensiná-la a moral.
A autora nos mostra também que as fantasias são normais nas crianças, assim como o companheiro invisível. Esses podem ser considerados uma evolução sadia e desejável, então não se deve pensar que eles sejam uma anomalia na vida da criança. É importante que a criança receba o alimento anímico diário, seja por contos, histórias, lendas, mitos, pois isso ajuda estimular a imaginação da criança.
Nesse livro também nos é mostrado sobre os ritmos na criança, e assim vemos o quanto isso é importante para elas. Elas precisam dos ritmos, elas precisam ter hora para acordar, para dormir, para comer, pois quanto mais rítmica a vida da criança, mais ela será saudável.
O livro é muito interessante, o considero importante para a nossa formação de futuros pedagogos. No último capítulo a autora nos fala sobre o educador e achei lindo, onde é salientado que o educador não educa pelo que ensina ou pelo que faz na criança, mas pelo que ele é, ou pelo que venha a ser a cada momento em seu trabalho em si próprio. Assim, vemos que o educador vai além de ensinar conteúdos à criança. Ele ensina através dos exemplos, ele prepara para a vida. Então devemos nos espelhar nisso, devemos dar bons exemplos às crianças e não somente ensiná-las conteúdos, mas também educá-las para vida.
REFERÊNCIAS
HEYDEBRAND, Caroline Von. A natureza Anímica da Criança. 2ª reedição. São Paulo: Editora Antroposófica, 1983.

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