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ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

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ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES:
 TEORIA DO PAGAMENTO DIRETO:
1) O que é pagamento?
Pagamento significa cumprimento ou adimplemento de qualquer espécie de obrigação.
2) Como pode ser feito o pagamento?
Pode ser direto (entrega da prestação devida) e indireto (novação, dação em pagamento, compensação, confusão etc.).
Constitui o meio normal de extinção da obrigação.
A obrigação pode se extinguir por meios anormais (sem pagamento), como nos casos de nulidade ou anulação.
3) Qual a natureza jurídica do pagamento?
Predomina o entendimento de que o pagamento tem natureza contratual, ou seja, resulta de um acordo de vontades, estando sujeito a todas as suas normas.
4) Quais os elementos do pagamento?
a) a existência de um vínculo obrigacional;
b) a intenção de solvê-lo (animus solvendi);
c) o cumprimento da prestação;
d) a pessoa que efetua o pagamento (solvens);
e) a pessoa que o recebe (accipiens).
5) Quem deve pagar (arts. 304 a 307):
	Solvens - Quem pode realizar o pagamento?
1)          Devedor;
2)          Representante do devedor;
3)          Terceiro:
3.1- Interessado (pode ser afetado pelo inadimplemento, como o fiador e o avalista) = tem direito à sub-rogação legal (substitui-se na posição do credor originário).
3.2 – Desinteressado:   Deve-se verificar o recibo de quitação:
3.2.a) pagou em nome próprio = tem direito ao reembolso
3.2.b) pagou em nome do devedor = obrigação natural [ex. pagamento de fiança criminal].
Podem pagar:
 a) o devedor, como principal interessado;
b) qualquer interessado na extinção da dívida (art. 304) pode pagar. Só se considera interessado quem tem interesse jurídico, ou seja, quem pode ter seu patrimônio afetado caso não ocorra o pagamento, como o avalista e o fiador, por exemplo. Estes podem até consignar o pagamento, se necessário. Havendo o pagamento por terceiro interessado, este se sub-roga automaticamente nos direitos do credor, com a transferência de todas as ações, exceções e garantias que detinha o credor primitivo. É um caso de sub-rogação legal (art. 346, inc. III).
 c) terceiros não interessados (como pessoas com interesse meramente afetivo em relação ao devedor) não podem consignar o pagamento (pois não têm legitimidade) e podem fazer o pagamento de duas formas:
c.1) em seu próprio nome: em princípio tem direito ao reembolso do que foi pago, mas não se sub-rogam nos direitos do credor (art. 305). Se a dívida for paga antes do vencimento, terão direito ao reembolso apenas depois deste (art. 305, prg. único). CONTUDO, não terão direito ao reembolso se o devedor desconhecer ou se opuser ao pagamento feito pelo terceiro e provar que tinha meios para “ilidir a ação” (art. 306 - resolver a obrigação sem pagamento – p. ex., a pretensão de cobrança estava prescrita).
c.2) em nome e em conta do devedor, sem oposição deste: não terão direito ao reembolso, pois é como se fizessem uma liberalidade, uma doação.
REGRA IMPORTANTE: ALIENAÇÃO A NON DOMINO:
Art. 307. Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu.
CONSEQUÊNCIA: o objeto do pagamento poderá ser reivindicado pelo legítimo proprietário contra o credor, que será obrigado a devolvê-lo.
EXCEÇÃO: Se houve o pagamento de coisa fungível + recebida de boa-fé pelo credor + consumida pelo credor = ele não será obrigado a devolvê-lo e deverá ser ressarcido da perda por quem alienou a non domino (art. 307, prg. único).
6) A quem se deve pagar (arts. 308 a 312):
O pagamento deve ser feito ao credor, a quem de direito o represente (por determinação legal ou por deliberação contratual) ou aos sucessores daquele, sob pena de não extinguir a obrigação (art. 308).
O pagamento há de ser efetuado a pessoa capaz e autorizada a fornecer a devida quitação, sob pena de não valer (art. 310). “Quem paga mal, paga duas vezes”.
EXCEÇÕES: mesmo feito de forma indevida, o pagamento será eficaz:
a) se o credor ratificar o pagamento (art. 308, parte final)
b) se o devedor provar que o credor foi beneficiado (art. 308, parte final e art. 310)
c) se o pagamento for feito de boa-fé ao credor putativo, isto é, àquele que se apresenta aos olhos de todos como o verdadeiro credor (art. 309).
Credor putativo e aplicação do artigo 309: O STJ exige que o erro sejaescusável, ou seja, que o erro cometido pelo “solvens” (aquele que realizou o pagamento) pudesse ter sido cometido por qualquer pessoa de diligência normal(REsp 12.592).
Ex. C e D realizaram contrato de locação.
D, locatário, vem fazendo o pagamento dos alugueis à imobiliária I.
Durante o contrato de locação, C e L rompem o contrato de administração, mas D não é comunicado.
D realiza o pagamento do aluguel a I, que o recebe normalmente.
O pagamento é eficaz? C pode exigir o pagamento daquela importância a D?
O pagamento é eficaz. O credor C não pode exigir novo pagamento, nos termos do art. 309.
7) Objeto do pagamento:
O objeto do pagamento é a prestação.
O pagamento se regula, quanto ao objeto, por dois princípios:
- princípio da exatidão: Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
- princípio da identidade física da prestação: Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.
Dívida em dinheiro vs. dívida de valor:
Na dívida em dinheiro, o objeto da prestação é o próprio dinheiro, como ocorre no contrato de mútuo.
Quando o dinheiro não constitui o objeto da prestação, mas apenas representa seu valor, diz-se que a dívida é de valor.
As dívidas em dinheiro “deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal (art. 315). O CC adotou, assim, o princípio do nominalismo, pelo qual se considera como valor da moeda o valor nominal que lhe atribui o estado no ato da emissão. De acordo com o referido princípio, o devedor de uma quantia em dinheiro liberase entregando a quantidade de moeda mencionada no contrato ou título da dívida e em curso no lugar do pagamento, ainda que desvalorizada pela inflação, ou seja, mesmo que a referida quantidade não seja suficiente para a compra dos mesmos bens que podiam ser adquiridos quando contraída a obrigação.
EXCEÇÃO: prevista pelo art. 316 do Código Civil, ao dispor que “é lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas”. Permite a atualização monetária das dívidas em dinheiro e daquelas de valor mediante índice previamente escolhido, utilizandose as partes da cláusula de escala móvel, pela qual o valor da prestação deve variar segundo os índices de custo de vida (variação da inflação).
- O art. 2º da Lei n. 10.192, de 2001, afirma a NULIDADE da estipulação de correção monetária ou reajuste por índices de preços gerais ou setoriais nos contratos de prazo de duração INFERIOR a um ano.
Cláusula-ouro e pagamento em moeda estrangeira:
- São nulas as convenções de pagamento em ouro (cláusula-ouro) ou moeda estrangeira, ressalvados os casos previstos na legislação especial (art. 318). Algumas exceções, previstas no Decreto-lei n. 857, de 1969, são: contratos de importação e exportação de mercadorias, de financiamento a crédito para o exterior, de compra e venda de câmbio e de empréstimos internacionais, entre outros. A Lei 8.880, de 1994, permite, ainda, a realização de contratos de leasing (arrendamento mercantil) com base na variação do dólar, desde que os recursos financeiros para a operação sejam captados no exterior.
- O STJ tem afirmado que “é válido o contrato celebrado em moeda estrangeira desde que no momento do pagamento se realize a conversão em moeda nacional” (AgRg no REsp 1299460/SP,Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, Julgado em 10/03/2015,DJE 18/03/2015).
8) Prova do pagamento (arts. 319 a326):
Pagamento não se presume, e sim se prova pela regular quitação fornecida pelo credor.
O devedor tem o direito de exigi-la, podendo reter o pagamento e consigná-lo se não lhe for dada (arts. 319 e 335, I).
Como pode ser dada a quitação?
Pode ser dada por instrumento público ou particular. Os requisitos que a quitação deve conter encontram-se especificados no art. 320: “... o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante”.
Entretanto, ainda sem os referidos requisitos, “valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida” (art. 320, prg. único). É o princípio da relativização da quitação.
Presunção de quitação:
O CC estabelece três presunções relativas de ocorrência do pagamento, mesmo sem o recibo de quitação:
a) quando a dívida é representada por título de crédito devolvido ao devedor (art. 324);
b) quando o pagamento é feito em quotas sucessivas, existindo quitação da última (art. 322); e
c) quando há quitação do capital, sem reserva dos juros (art. 323)
[Como os juros não produzem rendimento, é de supor que o credor imputaria neles o pagamento parcial da dívida, e não no capital, que continuaria a render. Em regra, quando o recibo está redigido em termos gerais, sem qualquer ressalva, presumese ser plena a quitação, inclusive dos juros].
9) Lugar do pagamento (arts. 327 a 330):
Em alguns contratos, o local do cumprimento da obrigação é determinado pela lei ou pelas circunstâncias.
- Exemplo de domicílio estabelecido pela lei: art. 328 do CC: “se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações relativas a imóvel, farseá no lugar onde situado o bem”.
- Exemplo de domicílio estabelecido pelas circunstâncias: contratos de empreitada, em que a prestação prometida é cumprida no local em que se realiza a obra.
Quando estão ausentes tais determinações, o lugar do pagamento pode ser livremente escolhido pelas partes e constar expressamente do contrato.
Se a lei não o fixar, nem as circunstâncias, nem o contrato, o pagamento deverá ser feito no domicílio do devedor (a dívida é quérable ou quesível, devendo o credor buscar o pagamento no domicílio do devedor).
Quando se estipula como local do cumprimento da obrigação o domicílio do credor, a dívida é portable ou portável.
QDPC (Quérable = Devedor ;Portable = Credor).
Se o contrato estabelecer mais de um lugar para o pagamento, a quem caberá a escolha?
Resposta: Ao credor (art. 327, prg. único). Compete ao credor cientificar o devedor do lugar escolhido para o pagamento, em tempo hábil, sob pena de o pagamento vir a ser validamente efetuado pelo devedor em qualquer dos lugares, à sua escolha.
Se o local do pagamento for o do domicílio do devedor e houver mudança de domicílio do devedor após o contrato, qual é o local adequado?
- O Código Civil não cogita da hipótese de haver mudança de domicílio do devedor. Apesar da referida omissão, é razoável entender-se que pode o credor optar por manter o local originalmente fixado. Se isso, todavia, não for possível e o pagamento tiver que ser efetuado no novo domicílio do devedor, arcará este com as despesas acarretadas ao credor, tais como taxas de remessa bancária.
É possível a flexibilização da regra do domicílio contratual, por razões graves?
Sim. “Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor”. Deve-se assinalar que, se o fato constituir caso fortuito ou força maior, não se poderá falar em qualquer espécie indenização ao credor (art. 393).
É possível a flexibilização da regra do domicílio contratual, para proteção da boa-fé contratual?
Sim. “O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato” (art. 330). (institutos da supressio ou verwirkung).
Não se confunde o foro do pagamento com o foro para dirimir litígios (regulado pelas normas processuais).
10. Tempo do pagamento (arts. 331 a 333):
 As obrigações puras (também chamadas de instantâneas com cumprimento imediato), com estipulação de data para o pagamento, devem ser solvidas nessa ocasião, sob pena de inadimplemento e constituição do devedor em mora de pleno direito (art. 397).
Nos contratos, o prazo se presume estabelecido em favor do devedor (art. 133). Desse modo, se o devedor desejar, poderá antecipar o pagamento. CONTUDO, existem contratos em que as circunstâncias demonstram que o prazo foi estipulado em favor do credor. Nesse caso, ele não é obrigado a aceitar o pagamento antecipado.
Ex. contrato de compra e venda de mercadoria, a ser entregue no prazo de noventa dias ao credor. Esse prazo foi fixado porque, nesse período, o credor construirá um armazém para guardá-la. Não deverá ser obrigado a aceitá-la antecipadamente.
ATENÇÃO: Nos contratos de financiamento ao consumidor, o fornecedor é obrigado a aceitar o pagamento antecipado e com redução proporcional dos juros remuneratórios (art. 52, § 2º, do CDC).
Excepcionalmente, a LEI faculta ao credor o vencimento antecipado da dívida:
“Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código:
 I — no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;
II — se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor;
III — se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes”.
Caso não tenha sido ajustada época para o pagamento, o credor pode exigi-lo imediatamente (art. 331 – princípio da satisfação imediata), salvo disposição especial do CC.
Entre essas disposições especiais, figura a obrigação do comodatário. O comodato se presumirá feito pelo prazo “necessário para o uso concedido”, caso outro não houver sido fixado (art. 581).
As obrigações com condições suspensivas “cumprem-se na data do implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que deste [o implemento da condição] teve ciência o devedor” (art. 332).
 
TEORIA DO PAGAMENTO INDIRETO:
Formas especiais ou indiretas de pagamento (com ou sem satisfação do credor):
- Consignação em pagamento: meio pelo qual o devedor deposita a prestação devida e obtém a liberação obrigacional.
- Pagamento com sub-rogação: Sub-rogar é substituir. Pode haver pagamento e posterior substituição de um dos sujeitos da obrigação (ativo ou passivo) ou do objeto da prestação (real ou objetiva).
- Dação em pagamento: o credor recebe prestação diversa da que lhe é devida.
- Novação: ato complexo de extinção de uma obrigação e criação de nova obrigação.
- Compensação: extinguem-se as obrigações quando há credores e devedores recíprocos.
- Confusão: na mesma pessoa confundem-se as qualidades de credor e devedor.
- Remissão: perdão (total ou parcial) da dívida.
- Imputação: critério de interpretação acerca da dívida a ser quitada.
DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO (arts. 334 a 345):
1) Conceito:
 O pagamento em consignação consiste no depósito, pelo devedor, da coisa devida, com o objetivo de liberar-se da obrigação e transferir os riscos da mora ao credor (art. 334).
Revela que o pagamento é não só uma obrigação, mas um direito do devedor.
É meio indireto de pagamento ou pagamento especial.
A consignação pode ser feita na esfera judicial (em conta vinculada ao processo judicial) ou extrajudicial (em estabelecimento bancário).
2) Personagens:
a) Consignante: autor da consignação;
b) Consignatário: réu da consignação, para quem se deposita;
c) Consignado:objeto da consignação. É a coisa devida.
3)  Natureza jurídica:
A consignação é, concomitantemente, instituto de direito material e de direito processual. O CC menciona os fatos que autorizam a consignação. O modo de fazê-la é previsto no diploma processual civil (NCPC, arts. 539 e seguintes).
4) Consignação extrajudicial ou bancária de dívidas pecuniárias:
Prevista no art. 539, prg. 1º, do CPC-2015. O devedor deposita o valor devido em estabelecimento bancário oficial e notifica o devedor, com aviso de recebimento (AR), para manifestação da recusa, em 10 dias, sob pena de exoneração do devedor. Configurada a recusa, o interessado deverá ajuizar ação consignatória no prazo de um mês, a ser instruída com a cópia do depósito e da recusa. A perda do prazo implica ineficácia do depósito (mora) e possibilita ao depositante o levantamento dos valores.
5) Fatos que autorizam a consignação
O art. 335 do CC apresenta um rol, não taxativo, dos casos que autorizam a consignação:
“I — se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;
II — se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III — se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV — se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
V — se pender litígio sobre o objeto do pagamento.”
Outros são mencionados em artigos esparsos, como nos arts. 341 e 342, bem como em leis avulsas (Decreto-Lei n. 58/37, art. 17, parágrafo único; Lei n. 492/37, arts. 19 e 21, III etc.).
6) Quem pode consignar:
A consignação deve ser feita pelo devedor ou pelo terceiro interessado ao verdadeiro credor, sob pena de não valer, salvo se ratificado por este ou se o reverter em seu proveito (arts. 336, 304 e 308).
7) Objeto da consignação:
Quanto ao objeto, exige-se a integralidade do depósito, porque o credor não é obrigado a aceitar pagamento parcial. O modo será o convencionado, não se admitindo, p. ex., pagamento em prestações quando estipulado que este deve ser à vista.
8) Momento da consignação:
Quanto ao tempo, deve ser, também, o fixado no contrato, não podendo efetuar-se antes de vencida a dívida se assim não foi convencionado.
9) Lugar da consignação:
Quanto ao lugar do depósito, este deve ser o lugar do pagamento (art. 337). Sendo quesível a dívida, o pagamento efetua-se no domicílio do devedor; sendo portável, no do credor (art. 327), podendo haver, ainda, foro de eleição. Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que deva ser entregue no mesmo lugar onde está, poderá o devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob pena de ser depositada (art. 341).
10) Defesa do credor na ação de consignação:
Art. 544 do NCPC (art. 896 do CPC):“Na contestação, o réu poderá alegar que: I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida; II - foi justa a recusa; III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento; IV - o depósito não é integral. Parágrafo único.  No caso do inciso IV, a alegação somente será admissível se o réu indicar o montante que entende devido”.
11) Depósito de prestações sucessivas:
O art. 541 do NCPC (art. 892 do CPC-1974) permite, quando se trata de prestações periódicas, a continuação dos depósitos no mesmo processo depois de efetuado o da primeira, desde que se realizem até cinco dias da data do vencimento.
12) Levantamento do pagamento pelo credor:
O art. 338 diz que “enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas despesas, e subsistindo a obrigação para todas as conseqüências de direito”.
O art. 339 afirma que, depois de julgado procedente o depósito, o devedor não poderá levantar o depósito, a não ser que consintam o credor, bem como todos os devedores e fiadores.
PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO (arts. 346 a 351):
1) Conceito:
Sub-rogação é a substituição de uma coisa por outra ou de uma pessoa por outra, em uma relação jurídica.
No primeiro caso, a sub-rogação é real, enquanto no segundo, pessoal.
- Exemplo de sub-rogação real ou objetiva: Art. 1.425, prg. 1º: “Nos casos de perecimento da coisa dada em garantia, esta se sub-rogará na indenização do seguro, ou no ressarcimento do dano, em benefício do credor, a quem assistirá sobre ela preferência até seu completo reembolso”.
- A sub-rogação pessoal gera efeito liberatório em relação ao antigo credor e translativo em relação ao novo credor, que ingressa na relação jurídica investido das mesmas garantias, acessórios e privilégios do credor originário.
2) Sub-rogação legal e convencional:
A sub-rogação pode ser, ainda, legal ou convencional.
A primeira decorre da lei e é um ato unilateral; a segunda, da vontade das partes e é um ato bilateral.
3) Natureza jurídica:
 Trata-se de instituto autônomo e anômalo, em que o pagamento promove apenas uma alteração subjetiva da obrigação, mudando o credor. A extinção obrigacional ocorre somente em relação ao credor originário, que fica satisfeito. Nada se altera para o devedor, exceto a circunstância de que deverá pagar ao terceiro, sub-rogado no crédito.
4) Causas de sub-rogação legal:
A sub-rogação opera de pleno direito (art. 346):
a) em favor do credor que paga a dívida do devedor comum;
A utilidade dessa regra se revela quando um credor desconfia que o patrimônio do devedor não é suficiente para quitar a sua obrigação, pois existe outro credor com privilégio ou garantia que, para satisfazer seu crédito, pode esvaziar o patrimônio do devedor comum. Assim, ele pode satisfazer esse crédito, para se sub-rogar nele e aumentar as chances de que o seu crédito seja adimplido.
Ex. A deve a B R$10.000,00 (e A possui um fiador, F) e
A deve a C R$20.000,00.
C paga para B R$10.000,00 e poderá cobrar de A R$30.000,00, tendo a faculdade de cobrar de F R$10.000,00.
b) em favor do adquirente do imóvel hipotecado que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;
Ex. o locatário do imóvel pode quitar a dívida para continuar a locação.
Ex2. o novo proprietário que paga a dívida para não sofrer os efeitos da evicção.
c) em favor do terceiro interessado que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.
Ex. fiador ou avalista.
5) Causa da sub-rogação convencional (art. 347):
É um ato bilateral que envolve terceiros não-interessados.
Ocorre nas seguintes hipóteses:
a) quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos;
b) quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.
6) Efeitos da sub-rogação:
A subrogação produz dois efeitos:
a) o liberatório, por exonerar o devedor ante o credor originário; e
b) o translativo, por transmitir ao terceiro (sub-rogado) os direitos de crédito do credor originário, com todos os privilégios e garantias contra o devedor e fiadores, mas também com todos os ônus e encargos, pois o subrogado passará a suportartodas as exceções (defesas) que o subrogante teria de enfrentar (art. 349).
7) Pagamento parcial:
O pagamento parcial por terceiro pode gerar consequências diversas na sub-rogação legal e na sub-rogação convencional.
Na sub-rogação legal, o crédito fica dividido em duas partes: a parte não paga, que continua a pertencer ao credor primitivo, e a parte paga, que será objeto da sub-rogação. Na sub-rogação legal, o sub-rogado só pode reclamar do devedor aquilo que houver desembolsado (art. 350). Em caso de insolvência do devedor, o credor originário, só parcialmente pago, terá preferênciasobre o terceiro sub-rogado (art. 351).
Na sub-rogação convencional, se o credor originário quiser, ele pode receber o pagamento parcial e transmitir a integralidade de seu crédito, por sub-rogação. Aqui, o regime jurídico da sub-rogação se assemelha à cessão de crédito.
	8) Diferenças importantes:
	CESSÃO DE CRÉDITO:
	PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO LEGAL
	Destina-se a servir ao interesse da circulação do crédito, assegurando a sua disponibilidade. Caracteriza-se pelo aspecto especulativo. É feita, em geral, por valor diverso da obrigação. É feita antes da satisfação do débito. Visa transferir ao cessionário o crédito, o direito ou a ação.
	Visa proteger a situação do terceiro interessado que paga uma dívida que não é sua.Ocorre na exata proporção do pagamento efetuado. Objetiva exonerar o devedor perante o antigo credor.
	NOVAÇÃO SUBJETIVA:
	PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO:
	Caracteriza-se pela intenção de novar, ou seja, de criar obrigação nova para extinguir uma anterior. São as partes na relação original que convencionam a substituição, com a aquiescência do novo titular.
	Falta-lhe o animus novandi.
DAÇÃO EM PAGAMENTO (arts. 356 a 359):
1) Conceito:
Dação em pagamento é uma forma satisfativa de pagamento indireto, na qual, mediante acordo de vontades, o credor concorda em receber do devedor prestação diversa da que lhe é devida, para exonerá-lo da dívida (art. 356).
2) Requisitos:
a) existência de um débito vencido;
b) animus solvendi (intenção de pagar);
c) diversidade do objeto oferecido, em relação ao devido;
d) consentimento do credor na substituição.
Não se confunde com a dação “pro solvendo”, que não extingue o vínculo obrigacional, mas facilita o cumprimento da obrigação.
3) Nem sempre é autorizada pelo ordenamento jurídico.
O art. 1.428 a proíbe no caso de garantias reais, como a hipoteca, pois, se o credor pudesse ficar com a coisa dada em garantia haveria burla à regra que impede opacto comissório.
4) Aplica-se o regime jurídico da evicção e do vício redibitório à coisa recebida em dação em pagamento.
NOVAÇÃO (arts. 360 a 367):
1) Conceito:
É modo não-satisfativo de extinção da obrigação, pois ocorre a criação de obrigação nova para extinguir uma anterior.
O credor não recebe a prestação devida, mas apenas adquire outro direito de crédito ou passa a exercê-lo contra outra pessoa.
2) Requisitos:
 a) existência de obrigação jurídica anterior;
- Não podem ser objeto de novação obrigações nulas ou extintas (art. 367).
- Por outro lado, obrigações anuláveis, obrigações prescritas e obrigações naturais, embora haja divergências quanto às últimas, podem ser objeto de novação;
b) constituição de nova obrigação, mediante diversidade substancial entre a dívida anterior e a nova.
- Não há novação quando se verifiquem alterações secundárias na dívida, como exclusão de uma garantia, alongamento ou encurtamento do prazo, ou, ainda, estipulação de juros;
c) intenção de novar (animus novandi) claro e inequívoco.
- “Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito mas inequívoco, a segunda obrigação confirma simplesmente a primeira” (art. 361), como ocorre na mera renegociação de dívida.
3) Espécies de novação:
A novação pode ser objetiva, subjetiva ou mista.
i) Novação objetiva ou real (art. 360, I):
Ocorre quando nova dívida substitui a anterior, permanecendo as mesmas partes.
A novação objetiva pode decorrer de mudança:
a) no objeto principal da obrigação (conversão de dívida em dinheiro em prestação de serviços, p. ex.);
b) em sua natureza (uma obrigação de dar substituída por outra de fazer ou vice-versa); ou
c) na causa jurídica (quando alguém, p. ex., deve a título de adquirente e passa a dever a título de mutuário).
A novação objetiva não se confunde com a dação em pagamento. Na dação, ocorre pagamento mediante a substituição do objeto da prestação e não da obrigação como um todo. Por isso, na dação, salvo disposição contrária, subsistem outros elementos do vínculo obrigacional, como a cláusula penal, por exemplo. Na novação objetiva, há nova obrigação, que, salvo disposição em contrário, extingue todos os acessórios da obrigação anterior.
ii) Novação subjetiva:
Pode ser passiva ou ativa:
a) passiva (art. 360, II) — com substituição do devedor.
Pode se dar com ou sem o consentimento do devedor.
Será por expromissão, quando feita sem o consentimento do devedor; e
Será por delegação, com o consentimento do devedor.
Só haverá novação se houver extinção da primitiva obrigação. Neste caso, a delegação será perfeita.
Se, todavia, o credor aceitar o novo devedor sem renunciar ou abrir mão de seus direitos contra o primitivo devedor, não haverá novação e a hipótese será de delegação imperfeita, que é regulada como assunção de dívida, pelos artigos 299 a 303 do CC.
b) ativa (art. 360, III) — com substituição do credor.
Tal espécie de novação não se confunde com a cessão de crédito. Nesta, todos os acessórios, garantias e privilégios da obrigação primitiva são mantidos (CC, art. 287), enquanto na novação ativa eles se extinguem.
iii) Novação mista ou complexa:
Admitida por alguns doutrinadores, embora não mencionada pelo Código Civil. Decorre da fusão das duas primeiras. Há substituição dos elementos objetivos e subjetivos da obrigação.
4) Efeitos da novação:
4.1) O principal efeito consiste na extinção da primitiva obrigação, substituída por outra. A nova obrigação não tem nenhuma vinculação com a anterior.
Bem por isso, se credor for evicto em relação ao objeto da segunda obrigação, não poderá restabelecer a primeira.
Isso não ocorreria se houvesse recebido esse objeto em dação em pagamento, pois nesse caso a obrigação primitiva seria restabelecida (art. 359).
O Superior Tribunal de Justiça, tendo em conta o princípio da função social do contrato, tem excepcionado a regra que não permite discussão da dívida novada, por extinta, e decidido que “na ação revisional de negócios bancários, pode-se discutir a respeito de contratos anteriores, que tenham sido objeto de novação”.
Leva-se em consideração, para assim decidir, o abuso de direito cometido pelo credor e a onerosidade excessiva representada pela cobrança de juros extorsivos nas obrigações anteriores.
Esse entendimento veio a ser sedimentado com a edição da Súmula 286, do seguinte teor: “A renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida não impede a possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades dos contratos anteriores”.
4.2) A novação extingue os acessórios e garantias da dívida sempre que não houver estipulação em contrário (art. 364).
- Não aproveitará ao credor ressalvar o penhor, a hipoteca ou a anticrese se os bens dados em garantia pertencerem a terceiro que não foi parte na novação (art. 364, 2ª parte).
- Os codevedores solidários só continuarão obrigados se participarem da novação (art. 365).
- O mesmo vale para o fiador (art. 366 e Enunciado 214 da Súmula do STJ: “O fiador na locação não responde por obrigações resultantes de aditamento ao qual não anuiu”).
4.3) Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o aceitou, ação regressiva contra o primeiro, salvo se este [o primeiro devedor] obteve por má-fé a substituição (art. 363).
A insolvência do novo devedor corre por conta e risco do credor, que o aceitou. Não tem direito a ação regressiva contra o primitivo devedor, mesmo porque o principal efeito da novação é extinguir a dívida anterior.
Mas em atenção ao princípio da boa-fé, que deve sempre prevalecer sobre a malícia, abriu-se a exceção, deferindo-se-lhe a ação regressiva contra o devedor originário se este, ao obter a substituição, ocultou, maliciosamente, a insolvência de seu substituto na obrigação. A máfé deste tem, pois, o condão de reviver a obrigação anterior, como se a novação fosse nula.COMPENSAÇÃO (art. 368 a 380):
1) Conceito:
É meio de extinção de obrigações entre pessoas que são, ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra (art. 368).
2) Espécies:
2.1) Quanto ao alcance, a compensação pode ser:
a) plena, total ou extintiva: quando as duas dívidas têm o mesmo valor; ou
b) parcial, restrita ou propriamente dita: quando os valores são diversos.
- Na dívida solidária a compensação do devedor apenas poderá acontecer até o montante de sua cota. Caso contrário, haveria enriquecimento ilícito.
2.2) Quanto à origem, a compensação pode ser:
a) legal;
b) convencional;
 c) judicial.
a) Compensação legal: opera-se automaticamente, de pleno direito. Requisitos:
i) reciprocidade das obrigações, mas abre-se exceção em favor do fiador (art. 371, 2ª parte: “o fiador pode compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado”);
ii) liquidez e exigibilidade das dívidas (art. 369);
iii) fungibilidade das prestações (dívidas da mesma natureza).
- Admissibilidade da cláusula de exclusão da compensação (art. 375), salvo nos contratos de adesão (art. 424) e de consumo (art. 51, do CDC).
Diversidade de causa: em regra, a diversidade de causa não impede a compensação das dívidas.
Exceções:
a) se provier de esbulho, furto ou roubo (origem ilícita);
b) se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos (em razão da infungibilidade do objeto dos dois primeiros contratos e da incessibilidade dos alimentos); ou
c) se uma for de coisa não suscetível de penhora (art. 373).
b) Compensação convencional: resulta de um acordo de vontades, incidindo em hipóteses que não se enquadram na compensação legal. As partes passam a aceitá-la, dispensando alguns de seus requisitos, desde que o contrato seja paritário.
c) Compensação judicial: determinada pelo juiz, nos casos em que se acham presentes os pressupostos legais. Era o caso da compensação de honorários advocatícios sucumbenciais, que restou afastada pelo NCPC.
CONFUSÃO (arts. 381 a 384):
1) Conceito:
Na confusão, reúnem-se numa só pessoa as duas qualidades, de credor e devedor, ocasionando a extinção da obrigação (art. 381).
2) Espécies:
a) confusão total ou própria: caso se verifique a respeito de toda a dívida; ou
b) confusão parcial ou imprópria: caso se efetive apenas em relação a uma parte do débito ou crédito.
3) Efeitos:
A confusão extingue não só a obrigação principal como também os acessórios, como a fiança.
Cessando, porém, a confusão, para logo se restabelece, com todos os acessórios, a obrigação anterior (art. 384).
4) Confusão e solidariedade:
A confusão não extingue a solidariedade. “A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade” (art. 383).
Exemplo: D1, D2 e D3 são devedores solidários de C, no valor de R$30.000,00. A cota de cada um deles corresponde a R$10.000,00.
Ocorre que, em outro contrato, D1 também é credor de C, no valor de R$30.000,00.
D1 pode alegar confusão total ou própria, para que nem ele, nem D2, nem D3 possam ser obrigados a pagar a dívida?
Resposta: Não. D1 somente pode alegar a confusão em relação à sua cota-parte, correspondente a R$10.000,00.
5) O que é confusão imprópria? 
A confusão imprópria ocorre quando há a reunião das qualidades de credor e degarante na mesma pessoa. Leva à extinção da obrigação de garantia acessória.
REMISSÃO DE DÍVIDAS (arts. 385 a 388):
1) Conceito:
É a liberalidade efetuada pelo credor, consistente em exonerar o devedor do cumprimento da obrigação. É o perdão da dívida (art. 385).
2) Natureza jurídica:
É um negócio jurídico bilateral e complexo.
Embora seja espécie do gênero renúncia, que é unilateral, a remissão se reveste de caráter convencional porque depende de aceitação. O remitido pode recusar o perdão e consignar o pagamento. Adotamos a teoria alemã, em contraposição à teoria italiana, que identifica a remissão com a renúncia.
- No nosso sistema jurídico, não se pode confundir a remissão com a renúncia. A renúncia é ato de disposição unilateral, abdicativo e que independe de aceitação.
3) Espécies:
3.1) total ou parcial (art. 388);
A remissão parcial permite a cobrança da dívida remanescente dos devedores solidários. Mas deverá ser descontada a cota remitida (art. 388).
3.2) expressa, tácita ou presumida:
- Remissão expressa: resulta de declaração do credor, em instrumento público ou particular, por ato inter vivos ou causa mortis, perdoando a dívida. 
- Remissão tácita: decorre do comportamento do credor, incompatível com sua qualidade de credor. Deve consubstanciar inequívoca intenção liberatória.
Ex. credor recebe pagamento parcial e destrói o título de crédito.
Não se deve deduzir remissão tácita da mera inércia ou tolerância do credor, salvo nos casos excepcionais de aplicação da supressio, como decorrência da boa-fé, como, por exemplo, se uma prestação for descumprida por largo tempo, e o crédito, por sua própria natureza, exige cumprimento rápido.
- Remissão presumida: quando deriva de expressa previsão legal:
i) entrega voluntária do título da obrigação por escrito particular (CC, art. 386); e
ii) entrega do objeto empenhado, que faz presumir a renúncia à garantia não ao crédito (CC, art. 387).
4) Remissão e Pluralidade de Devedores:
a) Se a obrigação é indivisível, o codevedor perdoado pelo credor está liberado da obrigação, mas os codevedores permanecem responsáveis pela prestação, com o direito de exigir do credor o reembolso da cota remitida.
b) Se a obrigação é solidária, o codevedor perdoado está liberado de sua obrigação, mas os codevedores permanecem responsáveis pelo restante, abatida a cota remitida (art. 388);
- Como visto, a diferença de regime jurídico não é significativa quando há pluralidade de devedores.
5) Remissão e Pluralidade de Credores:
a) Se a obrigação é indivisível, se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente (art. 262).
b) Se a obrigação é solidária, o credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba (art. 272).
- No caso de pluralidade de credores, a diferença de regime jurídico é relevante.
No caso de obrigação INDIVISÍVEL, o cocredor NÃO pode perdoar toda a dívida, apenas a sua cota-parte.
No caso de obrigação SOLIDÁRIA, o cocredor PODE perdoar toda a dívida e deverá responder aos demais credores, com as cotas que lhes cabem.
6) Regra de Interpretação: a remissão deve ser interpretada restritivamente (art. 114).
7) Regra de Contenção: a remissão não pode prejudicar terceiros. Se o devedor insolvente remite certa dívida de terceiro em seu favor, praticará fraude contra credores (art. 158).
IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO (arts. 352 a 355):
1) Conceito:
É um critério de interpretação da dívida quitada.
Consiste na indicação ou determinação da dívida a ser quitada quando uma pessoa se encontra obrigada, por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, e efetua pagamento não suficiente para saldar todas eles.
2) Espécies:
a) imputação feita pelo devedor (art. 352). Limitações: arts. 133, 314 e 354;
b) imputação feita pelo credor (art. 353): quando o devedor não declara qual das dívidas quer pagar;
c) imputação por determinação legal (art. 355): se o devedor não fizer a indicação do art. 352 e a quitação for omissa quanto à imputação. A ordem é: juros, dívida que venceu em primeiro lugar, dívida mais onerosa, imputação proporcional).

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