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Contestação Trabalhista - São Luís - MA

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA 100ª VARA DO TRABALHO DE SÃO LUÍS – MA
PROCESSO N: 0001774-15.2015.7.04.0035
VOAR ALTO LTDA, devidamente qualificada nos autos da reclamatória em epígrafe, vem, respeitosamente, por meio de seu advogado e bastante procurador, já qualificado nos autos epigrafados, conforme mandato procuratório (anexo – doc. 01), com fundamento no artigo 847 da CLT e nos artigos 335 e 336 c/c 769, todos do CPC/ 2015, propor a presente 
CONTESTAÇÃO
em face de SANTOS DUMONT, também já qualificado nos autos da referida reclamação, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
SÍNTESE DA RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
Na reclamatória trabalhista o reclamante alega ter sido admitida em 15/04/2003, para trabalhar no Aeroporto de São Luís - MA, como auxiliar Repositor de Alimentos e que percebia salário de R$ 2.000,00 (dois mil reais).
 Pleiteia a condenação da reclamada, ora contestante, à incorporação da parcela prêmios e ao pagamento desse valor a partir de 15/04/2008 com reflexos em verbas trabalhistas, com o fundamento de que a partir desse termo, a referida parcela fora suprimida pela contestante e que esta supressão caracteriza violação a preceito de lei e alteração de contrato.
Requer a reintegração no emprego ou o pagamento de indenização substitutiva, em razão da garantia provisória, pois alega na inicial que à época da dispensa sem justa causa, em 08.05.2015, atuava como delegado sindical, razão pelo qual diz ter direito a estabilidade provisória no emprego.
Pede a descaracterização do sistema de compensação de horas, ajustado coletivamente e o pagamento do adicional de horas extras diárias, no período de 15/04/03 a 08/05/2015 e dos reflexos no aviso prévio, nas férias, nos décimos terceiros salários, nos depósitos de FGTS e na indenização compensatória de 40% (quarenta por cento), alegando que durante todo o período contratual realizava horas extraordinárias sobre o sistema de compensação de horas, na modalidade banco de horas e que nunca recebera horas-extras e reflexos salariais do trabalho adicional realizado, apesar de não haver proibição do ajuste individual pelas normas coletivas vigentes.
Ressalta na inicial que no ano de 2015, compareceu, quatro vezes, ao posto de coleta de sangue, para doação voluntária e que a contestante, apenas, abonou 1(um) dia, razão pelo qual pleiteia o pagamento de 3 (três) dias, descontados indevidamente de seus salários, no ano de 2014, pois estava prestando doação voluntária de sangue, devidamente comprovada. 
Pleiteia o pagamento do salário substituição, pois alega que substituía, de forma meramente eventual, o empregado Júlio Verne e que nunca recebera o devido pagamento, bem como, requer o pagamento dos reflexos desse salário no aviso prévio, nas férias, nos décimos terceiros salários, nos depósitos de FGTS e na indenização compensatória de 40% (quarenta por cento).
Requer, ainda, a declaração de ilicitude por parte da reclamada, pois alega que apesar de ter requerido no mês de dezembro o recebimento da primeira parcela do 13° salário junto com as férias, a reclamada, ora contestante, negou o pedido, sem apresentar fundamentação.
Afirma que a reclamada, ora contestante, deixou de computar como parcela salarial o valor do uso do carro, que era utilizado em atividades particulares, requerendo desta forma, o reconhecimento salarial do valor correspondente à utilização do carro e dos reflexos no aviso prévio, nas férias, nos décimos terceiros salários, nos depósitos de FGTS e na indenização compensatória de 40% (quarenta por cento).
Além, do exposto, a reclamante alega ter direito ao adicional de periculosidade, afirmando que nunca pago pela reclamada, em razão de sua permanência na aeronave durante o abastecimento, momento em que realizava a reposição de alimentos, motivo pelo qual requer em sua demanda a condenação da reclamada, ora contestante, ao pagamento de adicional de periculosidade e sua integração ao salário, desde a data de sua admissão e dos reflexos no aviso prévio, nas férias, nos décimos terceiros salários, nos depósitos de FGTS e na indenização compensatória de 40% (quarenta por cento).
Por fim, pleiteia o pagamento de indenização à título de dano moral no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), pois afirma que desde de sua admissão sofria revista íntima na sua mochila, feita separadamente e em sala reservada, entendendo ser essa revista um ato ilegal porque viola a sua intimidade, bem como pleiteia a condenação da reclamada, ora contestante, ao pagamento da multa do artigo 477, parágrafo 8° da CLT, afirmando que apesar de ter recebido o pagamento da rescisão no prazo de 10 dias seguintes ao aviso indenizado, não houve homologação da rescisão nesse mesmo prazo, e ao final, pede a condenação da reclamada ao pagamento de honorários advocatícios. 
DO DIREITO
2.1. PRELIMINAR DE MÉRITO
DA INADEQUAÇÃO DO RITO ELEITO – SUMARÍSSIMO
Segundo dispõe o artigo 852-A da consolidação das leis trabalhista - transcrito abaixo - o procedimento a ser adotado aos dissídios individuais que não excedam a quarenta salários mínimos vigentes na data do ajuizamento da reclamação trabalhista, é o sumaríssimo, de modo a agilizar os processos trabalhistas de menor complexidade.
Art. 852-A. Os dissídios individuais cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação ficam submetidos ao procedimento sumaríssimo. (Incluído pela Lei nº 9.957, de 12.1.2000) 
Contudo, frisa-se, que tal norma invocada, exige a observância do parâmetro legal de quarenta salários mínimos para adoção do referido rito. 
Portanto, não há dúvidas, que o valor apresentado na reclamação trabalhista epigrafada à título de dano moral de R$ 50.000,00 (cinquenta mil), sem contar com o valor das verbas trabalhista pleiteadas ilíquidas, por si só, ultrapassa valor limite expresso no artigo 852-A da CLT – quarenta salários mínimos - restando claro, a inaplicabilidade do rito adotado.
Vale ressaltar, que além da inobservância do parâmetro legal para adoção do rito, a reclamante ao pleitear os pedidos na reclamatória, não indicou os valores das verbas pleiteadas, portanto, o pedido se tornou incerto e indeterminado, contrariando desta forma o que dispõe o artigo 852-B, inciso I e parágrafo 1 da CLT, in verbis:
Art. 852-B. Nas reclamações enquadradas no procedimento sumaríssimo:
I - o pedido deverá ser certo ou determinado e indicará o valor correspondente; (Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000) (...)
§ 1º O não atendimento, pelo reclamante, do disposto nos incisos I e II deste artigo importará no arquivamento da reclamação e condenação ao pagamento de custas sobre o valor da causa. (Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)
Ante o exposto, requer a vossa excelência o indeferimento da reclamação trabalhista por inépcia, tendo em vista que o procedimento eleito pelo Reclamante não é o adequado, em face do valor da causa. Deve, portanto, a presente ser extinta sem resolução do mérito, pelo não atendimento dos preceitos legais, com base nos artigos 852-A e 852-B, inciso I e parágrafo 1, da CLT. 
 
DA PREJUDICIAL DE MÉRITO
PRESCRIÇÃO QUINQUENAL DAS VERBAS - EM ESPECIAL – PARCELA PRÊMIO.
O reclamante alega na reclamatória trabalhista que fora admitido em 15/04/2003 e que sua dispensa acontecera em 08/05/2015. Em 28/06/2015 ajuizou a referida reclamatória. 
Pleiteia na inicial a condenação da reclamada, ora contestante, à incorporação da parcela prêmio e ao pagamento desse valor a partir de 15/04/2008 com reflexos em verbas trabalhistas, com o fundamento de que a partir desse termo, a referida parcela fora suprimida pela contestante e que esta supressão caracteriza violação a preceito de lei e alteração de contrato.
Segundo o escritor, Maurício Godinho Delgado, “A parcela prêmio é uma recompensa ao empregado que se destaca, por sua produtividade, no desempenho de determinada função na empresa, instituída pela criatividade privada, embora, após elaboradas, submetam-seàs regras trabalhistas cabíveis. Constituindo-se numa parcela salarial não tipificada e estando o seu pagamento condicionado ao seu poder discricionário”.
No entanto, como já foi dito, a reclamante fora demitida sem justa causa em 08/05/2015 e ajuizou a demanda em 18/06/2015. É cediço que respeitado o biênio subsequente, o direito de ação para pleitear a percepção dos direitos trabalhistas concernentes ao contrato laboral prescreve em 5 (cinco anos), portanto, é de cinco anos o prazo de prescrição para o empregado postular a reparação de lesão decorrente de ato único do empregador, limitado a dois anos após a extinção do contrato de trabalho, nos termos do que dispõe o artigo 7º, XXIX, CF/88.
O artigo 11, inciso I, da consolidação das leis trabalhistas, reforça o que dispõe a Constituição Federal em seu artigo 7º, inciso XXIX, senão vejamos:
Art. 11 – O direito de ação quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve: 
I – em cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a extinção do contrato; (Inciso incluído pela Lei n.º 9.658, de 05-06-98, DOU 08-06-98)
Corroborando com este entendimento temos a Súmula 308 do Egrégio Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: 
Súmula 308/TST - 26/10/2015. Prescrição qüinqüenal. Hermenêutica. Aplicação imediata. Ação trabalhista. CLT, art. 11. CF/88, art. 7º, XXIX.
«I. Respeitado o biênio subsequente à cessação contratual, a prescrição da ação trabalhista concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da reclamação e, não, às anteriores ao quinquênio da data da extinção do contrato. (ex-OJ 204/TST-SDI-I - Inserida em 08/11/2000)
II. A norma constitucional que ampliou o prazo de prescrição da ação trabalhista para 5 (cinco) anos é de aplicação imediata e não atinge pretensões já alcançadas pela prescrição bienal quando da promulgação da CF/1988. (ex-Súmula 308/TST - Res 6/1992, DJ 05/11/92).»
Contudo, frisa-se, conforme a Súmula 308 do TST, a prescrição da ação trabalhista está relacionada às pretensões imediatamente anteriores aos cinco anos, contados da data do ajuizamento da reclamação e, não às anteriores ao quinquídio da data da extinção do contrato.
Isto posto, o pedido de incorporação da parcela prêmio e do pagamento desse valor a partir de 15/04/2008 com reflexos em verbas trabalhistas, feito pela reclamante é alvo da prescrição, tendo em vista que a reclamação trabalhista fora ajuizada no biênio previsto nos artigo 7º, XXIX, da CF e 11 da CLT, no entanto, a supressão da parcela “prêmio” ocorreu dentro quinquênio prescricional. Desta forma, não há que se fala em responsabilidade por parte da reclamada, ora contestante, ao pagamento da referida parcela, vez que, considerando ser uma parcela não assegurada por preceito legal, sofre prescrição Total, na forma da súmula nº 294 do Egrégio TST, in verbis:
Súmula 294/TST- Prescrição. Alteração contratual. Trabalhador urbano. Cancela as Súmulas 168 e 198/TST. CLT, art. 11. CF/88, art. 7º, XXIX.
«Tratando-se de demanda que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de alteração do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado por preceito de lei. »
Assim, tem se posicionado o Egrégio TST em suas decisões, senão vejamos: 
TST - RECURSO DE REVISTA: RR 1167000220085040371
RECURSO DE REVISTA. PRÊMIOS FREQUÊNCIA E PRODUÇÃO. SUPRESSÃO DO PAGAMENTO. PRESCRIÇÃO. PARCELA NÃO PREVISTA EM LEI.
I. No presente caso, extrai-se da decisão recorrida que as parcelas denominadas prêmios frequência e produção eram pagas por liberalidade do empregador, e não em razão de previsão legal. Dessa forma, ao afastar a aplicação da prescrição total, a Corte Regional contrariou o entendimento consagrado na primeira parte da Súmula nº 294 do TST.
II. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento.
Ante o exposto, requer a vossa excelência o acolhimento da prejudicial de mérito concernente à prescrição quinquenal, com o fim de declarar prescritas todas as verbas trabalhistas pleiteadas anteriores ao quinquídio legal da propositura da Reclamatória Trabalhista e , em especial, o reconhecimento da prescrição total relativa à incorporação da parcela prêmio e ao pagamento desse valor a partir de 15/04/2008 com reflexos em verbas trabalhistas, vez que a supressão da parcela “prêmio” ocorreu dentro quinquênio prescricional, na forma o artigo 7º, XXIX, CF; art.11 da CLT; Súmula 294 e 308 do TST e artigo 487 do CPC c/c Art.769 da CLT.
MÉRITO
DO NÃO CABIMENTO DA REINTEGRAÇÃO – DELEGADO SINDICAL
 Na reclamatória trabalhista alega que à época da dispensa sem justa causa, em 08.05.2015, atuava como delegado sindical, razão pelo qual acredita ter direito a estabilidade provisória no emprego, requerendo a reintegração no emprego ou o pagamento de indenização substitutiva, em razão dessa garantia. 
Ocorre que, conforme entendimento firmado na orientação jurisprudencial de número 369 da SDI1 do Egrégio TST - abaixo transcrita - o delegado sindical não tem direito a estabilidade prevista no artigo 543,§ 3º, da CLT, e artigo 8°, VIII, da Constituição Federal, porquanto o cargo de delegado sindical difere do dirigente e do representante sindical, aos quais a CLT garante a estabilidade provisória ao emprego, sobretudo por não se tratar de cargo eletivo, e sim ocupado por mera designação da diretoria do sindicato, nos termos do artigo 523 da CLT, in verbis: 
Artigo – 523 da CLT - Os delegados sindicais destinados à direção das delegacias ou seções instituídas na forma estabelecida no segundo parágrafo do artigo 517 serão designados pela diretoria dentre os associados radicados no território da correspondente delegacia.
OJ-SDI1-369 ESTABILIDADE PROVISÓRIA. DELEGADO SINDICAL. INAPLICÁVEL (DEJT divulgado em 03, 04 e 05.12.2008)
O delegado sindical não é beneficiário da estabilidade provisória prevista no art. 8º, VIII, da CF/1988, a qual é dirigida, exclusivamente, àqueles que exerçam ou ocupem cargos de direção nos sindicatos, submetidos a processo eletivo. 
Assim, tem se posicionado o Egrégio Tribunal Superior do Trabalho em suas decisões:
ESTABILIDADE DO DELEGADO SINDICAL ELEITO. IMPOSSIBILIDADE LEGAL.
A garantia inscrita no art. 543,§ 3º, da CLT, é dirigida ao empregado eleito para cargo de direção ou representação sindical, assim considerado aquele-cujo exercício ou indicação decorre de eleição prevista em lei-, na dicção do § 4º do aludido art. 543. E não há previsão legal para eleição de delegado sindical. Logo delegado sindical, ainda que eleito, não ostenta cargo de direção ou de representação sindical, razão por que não se beneficia da garantia da estabilidade provisória. Recurso de Revista de que se conhece e a que se dá provimento.
Isto posto, requer a vossa excelência a improcedência do pedido de reintegração, diante da inaplicabilidade do artigo 543,§ 3º, da CLT , vez que o cargo de delegado sindical não ostenta cargo de direção ou de representação sindical, bem como, não se trata de cargo eletivo, e sim ocupado por mera designação da diretoria do sindicato, na forma dos artigos 543,§ 3º, da CLT, e 8, VIII, da Constituição Federal e conforme entendimento do Egrégio Tribunal Superior do Trabalho firmado na Orientação jurisprudencial n° 369 da SDI 1.
DA IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO DE DESCARECTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE COMPENSAÇÃO DE HORAS
Na reclamação trabalhista o Reclamante requer a descaracterização do sistema de compensação de horas, ajustado coletivamente e o pagamento do adicional de horas extras diárias, no período de 15/04/03 a 08/05/2015 e dos reflexos no aviso prévio, nas férias, nos décimos terceiros salários, nos depósitos de FGTS e na indenização compensatória de 40% (quarenta por cento), alegando que durante todo o período contratual realizava horas extraordinárias sobre o sistema de compensação de jornada, na modalidade banco de horas e que nunca recebera horas-extras e reflexos salariais do trabalho adicional realizado.
Dispõe o artigo 59,parágrafo segundo da CLT- abaixo transcrito - que a compensação de jornada, na modalidade banco de horas, desde que celebrado por convenção ou acordo coletivo de trabalho e respeitando os demais requisitos exigidos pelo referido artigo - que o excesso de horas laborado em um dia e compensado em outro dia, não exceda, o período máximo de 1 ano, à soma das jornadas semanais previstas e nem que seja ultrapassado o limite máximo de 10 horas diárias - as horas suplementares laboradas não serão remuneradas. 
Art. 59 – A duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas suplementares, em número não excedente de 2 (duas), mediante acordo escrito entre empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo de trabalho.
§ 2º – Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias. (Grifamos) 
 
Vale ressaltar que a compensação de jornada, na modalidade banco de horas, depende de intervenção sindical, por meio de assinatura de convenção ou acordo coletivo de trabalho, de forma a evitar qualquer pressão patronal no sentido de obrigar o obreiro a se submeter à compensação de jornada.
Corroborando neste mesmo entendimento, a súmula n. 85 do TST dispõe: 
SUM-85 COMPENSAÇÃO DE JORNADA (inserido o item V) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011
I. A compensação de jornada de trabalho deve ser ajustada por acordo individual escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva. (ex-Súmula nº 85 - primeira parte - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)
II. O acordo individual para compensação de horas é válido, salvo se houver norma coletiva em sentido contrário. (ex-OJ nº 182 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)
III. O mero não atendimento das exigências legais para a compensação de jornada, inclusive quando encetada mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária, se não dilatada a jornada máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional. (ex-Súmula nº 85 - segunda parte - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)
IV. A prestação de horas extras habituais descaracteriza o acordo de compensação de jornada. Nesta hipótese, as horas que ultrapassarem a jornada semanal normal deverão ser pagas como horas extraordinárias e, quanto àquelas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais apenas o adicional por trabalho extraordinário. (ex-OJ nº 220 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)
V. As disposições contidas nesta súmula não se aplicam ao regime compensatório na modalidade “banco de horas”, que somente pode ser instituído por negociação coletiva.
Nesse sentido, o item V da súmula nº 85 do TST, reproduzido acima, esclarece que as disposições da citada súmula não se aplicam à modalidade de banco de horas em que a compensação pode ser feita no prazo de até um ano, vez que tal modalidade só pode ser instituída por negociação coletiva e não por ajuste individual.
Assim, tem se posicionado o TST em suas decisões:
TST - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA: AIRR 12686920105090000 1268-69.2010.5.09.0000
GRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PRESCRIÇÃO. BANCO DE HORAS. SÚMULA 85/TST. INAPLICABILIDADE. HORA EXTRA - REFLEXOS. INTERVALO INTRAJORNADA - NATUREZA JURÍDICA. INTERVALO ENTREJORNADA. HORA EXTRA - BASE DE CÁLCULO. DECISÃO DENEGATÓRIA. MANUTENÇÃO.
Consoante o item V recentemente inserido na Súmula 85/TST, -as disposições contidas nesta súmula não se aplicam ao regime compensatório na modalidade 'banco de horas', que somente pode ser instituído por negociação coletiva-. A Súmula 85 do TST aplica-se ao regime compensatório clássico, que combina aspectos favoráveis e desfavoráveis ao trabalhador, em medida ponderada e razoável da gestão da duração do trabalho na empresa. Por isso pode ser pactuado bilateralmente (Súmula 85, I e II, TST), implicando, mesmo quando desrespeitado, a atenuação do cálculo da sobrejornada (inciso IV da Súmula 85do TST). Já o banco de horas, regime de compensação anual, usualmente desfavorável, tem de ser pactuado sempre por negociação coletiva, implicando seu desrespeito o pagamento das horas em sobrejornada com o respectivo adicional. Sendo assim, não há como assegurar o processamento do recurso de revista quando o agravo de instrumento interposto não desconstitui os fundamentos da decisão denegatória, que ora subsiste por seus próprios fundamentos. Agravo de instrumento desprovido.
Portanto, diante o exposto, não há que se fala em descaracterização do sistema de compensação de horas e do pagamento do adicional de horas-extras diárias, vez que preenchidos os requisitos previstos no artigo 59, parágrafo 2°da CLT, para tal modalidade de compensação de jornada é dispensado o pagamento do adicional de horas extras.
Ante o exposto, requer a vossa excelência a improcedência do pedido de a descaracterização do sistema de compensação de horas, ajustado coletivamente e o pagamento do adicional de horas extras diárias, no período de 15/04/03 a 08/05/2015 e dos reflexos no aviso prévio, nas férias, nos décimos terceiros salários, nos depósitos de FGTS e na indenização compensatória de 40% (quarenta por cento), tendo em vista a inaplicabilidade da súmula n 85 do TST ao sistema de compensação de horas na modalidade banco de horas, na forma do artigo 59, parágrafo segundo da CLT e conforme o entendimento do item V da referida súmula.
 
DO NÃO CABIMENTO DO PAGAMENTO DOS TRÊS DIAS RELATIVOS A DOAÇÃO VOLUNTÁRIA DE SANGUE.
 O Reclamante alega na inicial que no ano de 2015, compareceu, quatro vezes, ao posto de coleta de sangue, para doação voluntária e que a contestante, apenas, abonou 1(um) dia, razão pelo qual pleiteia o pagamento de 3 (três) dias, descontados indevidamente de seus salários, no ano de 2014, pois estava prestando doação voluntária de sangue, devidamente comprovado. 
O artigo 473 da CLT trata das faltas legais ao serviço, também denominadas faltas justificadas, que caracterizam hipóteses de interrupção do contrato de trabalho, visto que, nesses casos, o salário é devido e o afastamento computado como tempo de serviço.
Impede destacar, que o inciso IV do referido artigo prevê que por 1(um) dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, o empregado poderá deixar de comparecer ao trabalho sem prejuízo do salário, para prestar doação voluntária de sangue devidamente comprovada, senão vejamos:
 
 Art. 473 - O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário:
IV - por 1 (um) dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue devidamente comprovada;
Portanto, resta claro que a reclamada, ora contestante, agiu em conformidade com o preceito legal supracitado, sendo descabida a pretensão da reclamante, vez que é dever da reclamada abonar 1 (um) dia e não os 3(dias) em que o reclamante se ausentou de sua atividade laboral para a prestação da doação voluntária de sangue, por força do artigo 473, IV, da CLT. 
Desta forma, requer a vossa excelência a improcedência do pedido de pagamento dos 3 (três) dias, descontados do salário do reclamante, por motivo de doação voluntária de sangue, no ano de 2014, visto que a reclamada, ora contestante, agiu em conformidade ao que preceitua o artigo 473, IV, da CLT. 
DO NÃO PAGAMENTO DE SALÁRIO SUBSTITUIÇÃO – SUBSTITUIÇÃO MERAMENTE EVENTUAL.
Na reclamatória trabalhista o reclamante requer o pagamento do salário substituição, pois alega que substituía, de forma meramente eventual, o empregado Júlio Verne e que nunca recebera o devido pagamento, bem como, requer o pagamento dos reflexos desse salário no aviso prévio, nas férias, nos décimos terceiros salários, nos depósitos de FGTS e na indenização compensatória de 40% (quarenta por cento).
Impende destacar, que a orientaçãoda justiça do trabalho quanto ao tema de substituição de empregados é que, “enquanto perdurar a substituição que não tenha caráter meramente eventual, inclusive nas férias, o empregado substituto fará jus ao salário contratual do substituído” (súmula n°159, I do TST). Tal súmula visa assegurar ao trabalhador substituto o padrão salarial do colega substituído.
No presente caso, contudo, a orientação sumulada não é aplicada, vez que a substituição do empregado Júlio Verne pelo reclamante, tinha caráter meramente eventual, desta forma, não há que se falar em percepção de salário substituição, vez que o referido salário é devido nos casos de substituição não eventual.
Isto posto, requer a vossa excelência a improcedência do pedido de pagamento do salário contribuição e de seus reflexos no aviso prévio, nas férias, nos décimos terceiros salários, nos depósitos de FGTS e na indenização compensatória de 40% (quarenta por cento), tendo em vista o caráter meramente eventual da substituição, na forma da súmula n°159, I do TST.
DO NÃO CABIMENTO DO PAGAMENTO DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
Além, do exposto, o reclamante requer em sua demanda a condenação da reclamada, ora contestante, o pagamento de adicional de periculosidade e sua integração ao salário, desde a data de sua admissão e dos reflexos no aviso prévio, nas férias, nos décimos terceiros salários, nos depósitos de FGTS e na indenização compensatória de 40% (quarenta por cento), alegando ter direito ao adicional de periculosidade, nunca pago pela reclamada, em razão de sua permanência na aeronave durante o abastecimento, momento em que realizava a reposição de alimentos.
O artigo 193 da CLT assegura a todos os trabalhadores que executam atividades em áreas perigosas, ou seja, que impliquem no contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, NR n° 16, a percepção do adicional de periculosidade. No entanto, há necessidade de caracteriza-se o contato permanente com inflamáveis e explosivos, ou seja, aquele realizado de forma continuada, sem intermitência, o que significa dizer que a atividade realizada pelo empregado deve ser exclusiva na área de risco.
Portanto, deve-se concluir que o fato da reclamante se encontrar a bordo da aeronave no momento em que se é realizado a manobra de abastecimento, não implica em risco acentuado, como se refere o mencionado artigo, de modo a ensejar a percepção do referido adicional.
Corroborando com esse entendimento, a súmula n° 447 do TST dispõe: 
 Súmula nº 447 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. PERMANÊNCIA A BORDO DURANTE O ABASTECIMENTO DA AERONAVE. INDEVIDO. Os tripulantes e demais empregados em serviços auxiliares de transporte aéreo que, no momento do abastecimento da aeronave, permanecem a bordo não têm direito ao adicional de periculosidade a que aludem o art. 193 da CLT e o Anexo 2, item 1, "c", da NR 16 do MTE.
Assim tem se posicionado o TST, senão vejamos:
TRT-4 - Recurso Ordinário: RO 00008676920105040013 RS 0000867-69.2010.5.04.0013
RECURSO DA RECLAMANTE.ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. INDEVIDO. ABASTECIMENTO DE AERONAVE. PERMANÊNCIA NO INTERIOR DA CABINE, LOCAL QUE NÃO SE INSERE NA ÁREA CONSIDERADA DE RISCO.
Manutenção da sentença de improcedência, que adotou orientação harmônica com a jurisprudência prevalente no Tribunal Superior do Trabalho, segundo o qual, a área de operação a que se refere a NR-16 é aquela em que ocorre o efetivo reabastecimento da aeronave. O fato de a reclamante permanecer a bordo do avião por ocasião de seu reabastecimento não configura risco acentuado a ensejar o pagamento do adicional de periculosidade, uma vez que não há contato direto com inflamáveis. Provimento negado. 
Diante do exposto, requer a vossa excelência a improcedência do pedido de percepção do pagamento de adicional de periculosidade e sua integração ao salário, desde a data de sua admissão e dos reflexos no aviso prévio, nas férias, nos décimos terceiros salários, nos depósitos de FGTS e na indenização compensatória de 40% (quarenta por cento), tendo em vista que a permanência do reclamante a bordo da aeronave no momento do abastecimento desta, não caracteriza o risco acentuado exigido no artigo 193 da CLT, na forma da súmula nº 447 do TST e conforme a jurisprudência dominante.
DO NÃO CABIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ILICITUDE POR NÃO PAGAMENTO DO DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO JUNTO COM AS FÉRIAS
 Na reclamação trabalhista em epígrafe, o Reclamante requer a declaração de ilicitude por parte da reclamada, pois alega que apesar de ter requerido no mês de dezembro o recebimento da primeira parcela do 13º salário junto com as férias, a reclamada, ora contestante, negou o pedido, sem apresentar fundamentação.
É cediço que a gratificação natalina, também conhecida com 13º salário, possui natureza salarial e contas no rol dos Direito Sociais dos Trabalhadores rurais e urbanos, conforme previsto no art. 7º, VII, da carta Maior. No entanto, apesar da Constituição Federal trazer a referida gratificação natalina como direito social, o 13º salário foi regulamentado bem antes de 1988, com a Lei 4090/1962.
Nessa esteira, assim versa o artigo 1º, caput, e artigo 2º e seus respectivos parágrafos 1º e 2º da Lei 4090/1962, in verbis:
 
Art. 1º - A gratificação salarial instituída pela Lei número 4.090, de 13 de julho de 1962, será paga pelo empregador até o dia 20 de dezembro de cada ano, compensada a importância que, a título de adiantamento, o empregado houver recebido na forma do artigo seguinte.
        Parágrafo único. (Vetado).
        Art. 2º - Entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano, o empregador pagará, como adiantamento da gratificação referida no artigo precedente, de uma só vez, metade do salário recebido pelo respectivo empregado no mês anterior.
        § 1º - O empregador não estará obrigado a pagar o adiantamento, no mesmo mês, a todos os seus empregados.
        § 2º - O adiantamento será pago ao ensejo das férias do empregado, sempre que este o requerer no mês de janeiro do correspondente ano.
O parágrafo segundo, supracitado, da referida lei, prevê que o empregado poderá receber a parcela da gratificação natalina junto com as férias, desde que faça o requerimento no mês de janeiro do correspondente ano. Portanto, embora o empregador não tenha obrigação de conceder o adiantamento a todos os empregados no mesmo mês, se o trabalhador requerer, no mês de janeiro, o adiantamento da gratificação natalina, essa, obrigatoriamente, deverá ser paga no mês de férias do obreiro.
Neste mesmo sentido, dispõe o art. 4º do Decreto nº 57.155/65, in verbis: 
Art. 4º o adiantamento será pago ao ensejo das férias do empregado, sempre que este o requerer no mês de janeiro do correspondente ano.
Cumpre salientar, que o adiantamento da primeira parcela da gratificação natalina por ocasião das férias, somente é possível quando estas são gozadas entre os meses de fevereiro e novembro, vez que, o valor do adiantamento corresponderá à metade do salário recebido pelo empregado no mês anterior. 
Ocorre que, o reclamante não atentou para o período – janeiro - em que podia solicitar a recebimento da referida parcela junto com as férias, vez que fez o requerimento no mês de Dezembro. Razão pelo qual fora negado pela reclamada o adiantamento. Contudo, resta claro que a reclamada, ora contestante, agiu em conformidade com o artigo 2º, parágrafo 2º da lei 4090/1962 e com o art. 4º do Decreto nº 57.155/65. Desta forma, é descabida a pretensão da reclamante.
Ante o exposto, requer a vossa excelência a improcedência do pedido declaração de ilicitude por parte da reclamada, haja visto, que o requerimento para o adiantamento da parcela do 13º junto com as férias fora feito no mês de Dezembro, quando deveria ser feito no mês de janeiro do ano correspondente, na forma do artigo 2º, parágrafo 2º da lei 4090/1962. 
DO NÃO CABIMENTO DO RECONHECIMENTO SALARIAL DO VALOR CORRESPONDENTE À UTILIZAÇÃO DO CARRO – NÃO TEMNATUREZA SALARIAL.
Na reclamatória o reclamante afirma que a reclamada, ora contestante, deixou de computar como parcela salarial o valor do uso do carro, que era utilizado em atividades particulares, requerendo desta forma, o reconhecimento salarial do valor correspondente à utilização do carro e dos reflexos no aviso prévio, nas férias, nos décimos terceiros salários, nos depósitos de FGTS e na indenização compensatória de 40% (quarenta por cento).
É cediço que o salário é a contraprestação para diretamente pelo empregador, seja em dinheiro ou em utilidade. Contudo, para configuração da utilidades como parte integrante do salário, são levados em consideração dois requisitos: habitualidade e gratuidade. 
O artigo 458, parágrafo 2º, da CLT estabelece que certas utilidades não serão consideradas como salário, dentre elas o transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e seu retorno, tendo em vista ser dever do Estado proporcionar a todos os cidadãos o transporte público. 
Art. 458 - Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornece habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
§ 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: (Redação dada pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001)
III - transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001)
 Impede destacar que o veículo fornecido pelo empregador ao empregado, não tem natureza salarial, quando indispensáveis, para a atividade laboral, ainda que, o veículo seja utilizado pelo empregado em atividades particulares. É o que dispõe a súmula 367 do Egrégio TST, in verbis: 
Salário in natura. Utilidades in natura. Habitação. Energia elétrica. Veículo. Cigarro. Não integração ao salário. CLT, art. 458.
«I - A habitação, a energia elétrica e veículo fornecidos pelo empregador ao empregado, quando indispensáveis para a realização do trabalho, não têm natureza salarial, ainda que, no caso de veículo, seja ele utilizado pelo empregado também em atividades particulares. (ex-OJs 131/TST-SDI-I - Inserida em 20/04/98 e ratificada pelo Tribunal Pleno em 07/12/2000 e 246 - Inserida em 20/06/2001). (grifamos).
Desta forma, requer a vossa excelência a improcedência do pedido de o reconhecimento salarial do valor correspondente à utilização do carro e dos reflexos no aviso prévio, nas férias, nos décimos terceiros salários, nos depósitos de FGTS e na indenização compensatória de 40% (quarenta por cento), tendo em vista que o veículo utilizado pelo reclamante era indispensável para a atividade laboral e que mesmo sendo utilizado em atividades particulares, não tem natureza salarial, nos termos da súmula 367 do Egrégio TST.
DO NÃO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO À TÍTULO DE DANO MORAL – REVISTA ÍNTIMA EM MOCHILA.
O Reclamante, pleiteia o pagamento de indenização à título de dano moral no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), pois afirma que desde de sua admissão sofria revista íntima na sua mochila, feita separadamente e em sala reservada, entendendo ser essa revista um ato ilegal porque violava a sua intimidade.
O dano moral é caracterizado pela ofensa ou violação dos direitos fundamentais, em especial, o respeito à dignidade da pessoa humana e sua intimidade, esculpidos na Constituição Federal em seu artigo 5º, incisos, III, V e X, in verbis: 
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
(...)
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
(...)
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
(...)
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação
No entanto, impede destacar, que a revista íntima na mochila do reclamante, feita separadamente e em sala reservada, não é um ato ilegal e nem tampouco, viola a sua intimidade. Simplesmente, pelo fato de ter sido feita de forma impessoal, resguardando o direito à imagem e à honra, não expondo desta forma o empregado a situação vexatória ou degradante. Cumpre salientar, que fazer revista nas mochilas, colocar câmeras, detectores de metais nas instalações da sede da reclamada, desde de que respeitando os direitos individuais do empregado, faz parte do poder diretivo e fiscalizatório do empregador. 
Assim tem se posicionado o Egrégio Tribunal Superior do Trabalho, senão vejamos: 
 RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL. REVISTA. OBJETOS PESSOAIS DO EMPREGADO. PROVIMENTO.
A jurisprudência deste colendo Tribunal Superior do Trabalho inclina-se no sentido de que a revista em objetos pessoais - bolsas e sacolas - dos empregados da empresa, realizada de modo impessoal, geral, sem contato físico ou exposição de sua intimidade, não submete o trabalhador a situação vexatória ou caracteriza humilhação, vez que decorre do poder diretivo e fiscalizador do empregador, revelando-se lícita a prática desse ato. Precedentes. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento
Diante do exposto, requer a vossa excelência a improcedência do pedido do pagamento de indenização à título de Dano moral, tendo em vista a não violação dos Direitos fundamentais do reclamante, vez que, as revistas realizadas em sua na mochila, ao longo do período contratual, foram feitas separadamente e em sala reservada, ou seja, de forma impessoal, na forma do artigo 5º, incisos, III, V e X e do julgado do TST supracitado. 
DO NÃO CABIMENTO DA MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT.
Por fim, na reclamatória a reclamante requer o pagamento da multa do artigo 477, parágrafo 8º da CLT, afirmando que apesar de ter recebido o pagamento da rescisão no prazo de 10 dias seguintes ao aviso indenizado, não houve homologação da rescisão nesse mesmo prazo
Cumpre salientar, que a consolidação das leis trabalhistas em seu artigo 477, parágrafo 1°, dispõe que o pedido de demissão ou de rescisão da dispensa do empregado que tenha seu contrato vigente a mais de um ano, só será válido quando feita a homologação perante ao respectivo sindicato ou perante a autoridade do Ministério do Trabalho e Previdência Social.
Ainda prevê o artigo 477 da CLT, o prazo para o pagamento das verbas rescisórias, conforme disposto no parágrafo quarto: 
§ 4º - O pagamento a que fizer jus o empregado será efetuado no ato da homologação da rescisão do contrato de trabalho, em dinheiro ou em cheque visado, conforme acordem as partes, salvo se o empregado for analfabeto, quando o pagamento somente poderá ser feito em dinheiro.
Contudo, o prazo legal para se realizar a homologação da rescisão ou pedido de demissão, previsto no parágrafo sexto do referido artigo, é um dia útil após o término do contrato ou de 10 dias, contado da data da notificação da demissão, quando da ausência do aviso prévio, indenização do mesmo ou dispensa de seu cumprimento. 
Portanto, necessariamente o empregador não tem o dever de homologar a rescisão dentro do prazo de 10 dias, como entende o reclamante, e sim em um dia útil após esse prazo. Diante disto, não há que se falar em pagamento de multa do referido artigo.
Ante exposto, requer a vossa excelência a improcedência do pedido de pagamento da multa do artigo 477, parágrafo 8º da CLT, vez que a reclamada, ora contestante, homologou a rescisão do contrato dentro do prazo exigido por lei, na forma do artigo 477, parágrafos 1° e 4°, da CLT. 
 
DO NÃO CABIMENTO DO PAGAMENTODE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
O reclamante aduz em um de seus pedidos o pagamento de honorários advocatícios, mas não atentou para o regramento legal e suas peculiaridades concernentes a esse quesito. 
Cumpre salientar, que no processo do trabalho não se aplica o princípio da Sucumbência previsto no CPC. Portanto, para a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, deve o reclamante estar assistido por sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou fazer prova de seu estado de miserabilidade, na forma da lei n. 5584/70 e súmula n° 219 do TST, abaixo transcritas, o que não ocorre. Logo inexiste direito a tal condenação.
SÚMULA Nº 219. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CABIMENTO
I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios, nunca superiores a 15% (quinze por cento), não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte, concomitantemente: a) estar assistida por sindicato da categoria profissional; b) comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. (Art.14, §1º, da Lei nº 5.584/1970). (Incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 305 da SBDI-1) 
Analisemos o teor do Art. 14, §1º e §2º da Lei 5.584/70:
 Art. 14 - Na Justiça do Trabalho, a assistência judiciária a que se refere a Lei nº 1.060, de 5 de fevereiro de 1950, será prestada pelo Sindicato da categoria profissional a que pertencer o trabalhador.
§ 1º A assistência é devida a todo aquele que perceber salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ficando assegurado igual benefício ao trabalhador de maior salário, uma vez provado que sua situação econômica não lhe permite demandar, sem prejuízo do sustento próprio ou da família.
§ 2º A situação econômica do trabalhador será comprovada em atestado fornecido pela autoridade local do Ministério do Trabalho e Previdência Social, mediante diligência sumária, que não poderá exceder de 48 (quarenta e oito) horas.
Isto posto, requer a vossa excelência a improcedência do pedido de pagamento de honorários advocatícios, tendo em vista o não preenchimento dos pressupostos previstos no artigo 14, §1º e §2º da Lei 5.584/70 e da Súmula n° 219, I do TST.
DOS PEDIDOS
 Diante o exposto, Requer a Vossa Excelência que receba e processe esta peça de defesa para que ao final seja rejeitada a pretensão jurídica do Reclamante nos seguintes termos:
Requer a vossa excelência o acolhimento da preliminar de mérito, reconhecendo a inadequação do rito eleito na reclamação trabalhista, tendo em vista que o rito sumaríssimo eleito pelo Reclamante não é o adequado, em face do valor da causa. Deve, portanto, a presente ser extinta sem resolução do mérito, pelo não atendimento dos preceitos legais, presentes nos artigos 852-A e 852-B, inciso I e parágrafo 1, da CLT. 
requer a vossa excelência o acolhimento da prejudicial de mérito concernente à prescrição quinquenal, com o fim de declarar prescritas todas as verbas trabalhistas pleiteadas anteriores ao quinquídio legal da propositura da Reclamatória Trabalhista e , em especial, o reconhecimento da prescrição total relativa à incorporação da parcela “prêmio” e ao pagamento desse valor a partir de 15/04/2008 com reflexos em verbas trabalhistas, vez que a supressão da parcela “prêmio” ocorreu dentro quinquênio prescricional, na forma o artigo 7º, XXIX, CF; art.11 da CLT; Súmula 294 e 308 do TST e artigo 487 do CPC c/c Art.769 da CLT.
No mérito que julgue improcedentes os pedidos do reclamante como seguem: 
requer a vossa excelência a improcedência do pedido de reintegração, diante da inaplicabilidade do artigo 543, § 3º, da CLT , vez que o cargo de delegado sindical não ostenta cargo de direção ou de representação sindical, bem como, não se trata de cargo eletivo, e sim ocupado por mera designação da diretoria do sindicato, na forma dos artigos 543,§ 3º, da CLT, e 8°, VIII, da Constituição Federal e conforme entendimento do Egrégio Tribunal Superior do Trabalho firmado na Orientação jurisprudencial n° 369 da SDI 1.
requer a vossa excelência a improcedência do pedido de a descaracterização do sistema de compensação de horas, ajustado coletivamente e o pagamento do adicional de horas extras diárias, no período de 15/04/03 a 08/05/2015 e dos reflexos no aviso prévio, nas férias, nos décimos terceiros salários, nos depósitos de FGTS e na indenização compensatória de 40% (quarenta por cento), tendo em vista a inaplicabilidade da súmula n° 85 do TST ao sistema de compensação de horas na modalidade banco de horas, na forma do artigo 59, parágrafo 2 ° da CLT e conforme o entendimento do item V da referida súmula.
requer a vossa excelência a improcedência do pedido de pagamento dos 3 (três) dias, descontados do salário da reclamante, por motivo de doação voluntária de sangue, no ano de 2014, visto que a reclamada, ora contestante, agiu em conformidade ao que preceitua o artigo 473, IV, da CLT. 
requer a vossa excelência a improcedência do pedido de pagamento do salário contribuição e de seus reflexos no aviso prévio, nas férias, nos décimos terceiros salários, nos depósitos de FGTS e na indenização compensatória de 40% (quarenta por cento), tendo em vista o caráter meramente eventual da substituição, na forma da súmula, 159, I do TST.
requer a vossa excelência a improcedência do pedido de percepção do pagamento de adicional de periculosidade e sua integração ao salário, desde a data de sua admissão e dos reflexos no aviso prévio, nas férias, nos décimos terceiros salários, nos depósitos de FGTS e na indenização compensatória de 40% (quarenta por cento), tendo em vista que a permanência da reclamante a bordo da aeronave no momento do abastecimento desta, não caracteriza o risco acentuado exigido no artigo 193 da CLT, na forma da súmula nº 447 do TST e conforme a jurisprudência dominante.
requer a vossa excelência a improcedência do pedido declaração de ilicitude por parte da reclamada, haja visto, que o requerimento para o adiantamento da parcela do 13º junto com as férias fora feito no mês de Dezembro, quando deveria ser feito no mês de janeiro do ano correspondente, na forma do artigo 2º, parágrafo 2º da lei 4090/1962. 
requer a vossa excelência a improcedência do pedido de o reconhecimento salarial do valor correspondente à utilização do carro e dos reflexos no aviso prévio, nas férias, nos décimos terceiros salários, nos depósitos de FGTS e na indenização compensatória de 40% (quarenta por cento), tendo em vista que o veículo utilizado pelo reclamante era indispensável para a atividade laboral e que mesmo sendo utilizado em atividades particulares, não tem natureza salarial, nos termos da súmula n° 367 do Egrégio TST.
requer a vossa excelência a improcedência do pedido do pagamento de indenização à título de Dano moral, tendo em vista a não violação dos Direitos fundamentais do reclamante, vez que, as revistas realizadas em sua na mochila, ao longo do período contratual, foram feitas separadamente e em sala reservada, ou seja, de forma impessoal, na forma do artigo 5º, incisos, III, V e X e do julgado do TST supracitado.
Ante exposto, requer a vossa excelência a improcedência do pedido de pagamento da multa do artigo 477, parágrafo 8º da CLT, vez que a reclamada, ora contestante, homologou a rescisão do contrato dentro do prazo exigido por lei, na forma do artigo 477, parágrafos 1° e 4°, da CLT. 
requer a vossa excelência a improcedência do pedido de pagamento de honorários advocatícios, tendo em vista o não preenchimento dos pressupostos previstos no artigo 14, §1º e §2º da Lei 5.584/70 e na Súmula n° 219, I do TST.
Termos em que, 
Pede e espera deferimento. 
São Luís – MA, data.
________________________________
ADVOGADO – OAB Nº (XXX)

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