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ACIDENTE BOTRÓPICO

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ACIDENTE BOTRÓPICO
Yonne Menezes
INTRODUÇÃO
Pertencem ao gênero Bothrops; contém mais de 30 espécies e subespécies.
Presente em todo território nacional e também do sul do México até Argentina e em algumas ilhas do caribe
90% dos acidentes ofídicos peçonhentos
Algumas espécies apresentam maior importância por sua extensa distribuição geográfica, como por exemplo: B. atrox 
na Amazônia, B. erythromelas no Nordeste, B. moojeni nas regiões Centro Oeste e Sudeste e B. jararaca nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
EPIDEMOLOGIA
Anualmente acontecem cerca de 18.000 acidentes botrópicos, com letalidade em torno de 0,3% nos casos tratados. A faixa etária mais atingida é a de 15 a 49 anos (52,3%), 70% ocorre em indivíduos de sexo masculino.
O Pé e a perna são os locais mais acometidos. (70,8%)
Ocorre com predominância em áreas rurais.
MECANISMO DE AÇÃO DO VENENO
As peçonhas de serpentes são os mais complexos de todos os venenos. Contém cerca de vinte ou mais componentes diferentes, sendo que mais de 90% do peso seco do veneno é constituído por proteínas, com grande variedade de enzimas, toxinas não-enzimáticas e proteínas não-tóxicas.
O estudo dos venenos de serpentes tem propiciado a compreensão de diversos mecanismo farmacológico, entre eles: a neurotransmissão na junção neuromuscular, estrutura e função dos receptores nicotínicos, a “cascata da coagulação”, a fibrinólise e o processo inflamatório.
São descritas três atividades fisiopatológicas do veneno botrópico:
Inflamatória aguda;
Coagulante
Hemorrágica
Atividade inflamatória
A atividade inflamatória é causada pela interação de diversas frações do veneno botrópico, bioquimicamente heterogêneas e com especificidades diversas responsáveis pelos sintomas loais. Estão presentes as enzimas proteolíticas, proteases, hialuronidases e fosfolipases, que induzem a liberação de substâncias vasoativas como a bradicinina e a histamina. Estas substâncias ao penetrar na circulação sistêmica, provocam lesões nos capilares, produzindo pequenos focos hemorrágicos em todas as vísceras e também na pele sob a forma de petéquias. Esta ação é responsável pela ação local, como a dor, o edema, as equimoses, as bolhas de conteúdo hemorrágico. 
 Boff (2004/2005) 
As PLA constituem a maioria dos componentes tóxicos da peçonha botrópica e exibe uma variedade de efeitos farmacológicos pelos mecanismos que podem ser dependentes e/ou independentes de sua atividade enzimática, como neurotoxicidade, miotoxicidade, hemólise, anticoagulação , efeitos sobre plaquetas, indução de edemas e danos em tecidos (SOARES & GIGLIO,2013)
Edema e inicio de necrose
Necrose em animais
Bolhas
Atividades coagulante
O veneno botrópico possui capacidade de ativar fatores da coagulação sanguínea, ocasionando o consumo de fibrinogênio e formação de fibrina intravascular. Além dessa ação, também existem outras substâncias capazes de ativar a protrombina e o fator X, atuando também sobre a agregação e aglutinação plaquetárias. Pode tornar o sangue incoagulável.
As serinoproteases são importantes para a ação da peçonha e algumas são denominadas“trombina-like” pois atuam catalisando a conversão direta do fibrinogênio plasmático em fibrina, sem a necessidade da participação da trombina endógena. Estas enzimas em função da atividade catalítica agem no sistema de coagulação sanguínea promovendo alterações na hemostasia, o que pode contribuir para uma hemorragia local e sistêmica. As serinoproteases participam da ativação do fator V da cascata de coagulação, na fibrinogenólise, na ativação de plasminogênio e indução de agregação plaquetária (SERRANO & MAROUN, 2005).
Além disso, algumas dessas enzimas têm sidoutilizadas como agentes anticoagulantes naárea médica clínica e cirúrgica e também comoreagentes em testes de coagulação (MARSH & WILLIANS, 2005).
Atividade Hemorrágica
É atribuída às hemorraginas, metaloproteinases (SMVP) que podem romper a integridade do endotélio vascular e tem atividade de desintegrina. Degradam vários componentes da matriz extracelular. São potentes inibidores da agregação plaquetária. Tem como possíveis mecanismos de ação a digestão enzimática da lâmina basal da microvasculatura e a ruptura completa das células endoteliais. Essas fatores provocam hemorragia local ou sistêmica que incide principalmente sobre os órgãos como pulmão, cérebro e rins.
As SVMP são toxinas hemorrágicas presentes nas peçonhas botrópicas e compartilham um domínio proteásico (metaloproteásico) que contêm um átomo de zinco no seu sítio ativo. Estas enzimas, por induzirem hemorragia, são frequentemente chamadas de fatores hemorrágicos ou hemorraginas. As SVMP agem lesando a parede vascular e produzindo hemorragia por dois mecanismos distintos: diretamente sobre proteínas (laminina, fibronectina e colágeno tipo IV) da parede vascular (RUOSLAHTI & PIERSCHBACHER, 1987) e indiretamente, por ação de metaloproteases endógenas, cujos zimogênios seriam ativados pelas SVMP presentes nas peçonhas de serpentes (BJARNASON & FOX, 1995)
Variabilidade na composição dos venenos
Idade do animal : os venenos de Bothrops jararaca e B. moojeni jovens possuem maior atividade pró-coagulante, e menor atividade inflamatória aguda local em relação às serpentes adultas;
 Distribuição geográfica: serpentes da mesma espécie, coletadas em regiões diferentes, podem apresentar variações nas atividades dos venenos.
 Caráter individual: serpentes da mesma espécie, idade e procedência, podem apresentar diferentes intensidades nas atividades farmacológicas que parecem variar em função da dieta presente na região onde o réptil é capturado.
Quadro Clínico
Local: 
A picada constitui-se em uma inoculação subcutânea de veneno na vítima. Geralmente a marca da picada é visível. ;
O sangramento no local de inoculação é frequentemente observado;
O edema ocorre precocemente, apresenta muitas vezes uma tonalidade violácea devido ao sangramento subcutâneo;
Equimose local pode acometer porção extensa do membro;
O quadro doloroso acompanha a região ou membro acometido, podendo varia na intensidade;
O edema pode em até 24 horas estender-se em todo o membro devido ao extravasamento de líquido para o espaço extravascular.
Inoculação do veneno
Edema
Equimose
Quadro Clínico
Sistêmico: 
Pequenos sangramentos podem ocorrer ;
São comuns a gengivorragia, hematúria microscópica, púrpuras ( principalmente equimoses em locais distantes à picada)
Hematúria macroscópica, hemoptise, epistaxe, sangramento conjuntival, hipermenorragia e hematêmese;
Em casos graves são observadas hemorragias intensas em regiões vitais, choque e insuficiência renal.
São relatadas como causa de óbito: hemorragia digestiva e de sistema nervoso central.
Hematúria Macroscópica
Hemoptise
Epistaxe
Complicações Locais
Infecção local: Abcesso, celulite e erisipela podem ser observados na região da picada;
 Necrose: Incidência variável. Atinge o tecido subcutâneo mas pode comprometer estruturas mais profundas como tendões. A intensidade e a extensão estão relacionadas ao uso de torniquetes e à demora do tratamento soroterápico. Em casos extremos pode ser necessário amputação;
 Síndrome Compartimental: Aumento da pressão dentro de um compartimento fechado, por onde transcorrem músculos, nervos e vasos, comprometendo a circulação sanguínea, resultando em anormalidades da função neuromuscular.
Tabela 1 – Quadro clínico e laboratorial de acidentes botrópicos causados por diferentes espécies.
QC
B.atrox
(N=55)
B. jararaca (N=121)
B.Jararacussu
(N=29)
B.alternatus(N=32)
B.Erithronelas(N=194)
B.Moojeni(N=34)
Gengivorragia
14,9%
24%
6,9%
NR
53,6%
ND
TC Alterado
40,5%
56,2%
48,3%
96,9%
70,8%
72,7%
Bolha
6,75%
19,8%
24,1%
21,9%
8,2%
NR
Necrose
2,7%
5,7%
20,6%
10%
1,0%
11,7%
Abscesso
9,4%
9,9%
17,2%
ND
1,0%
14,7%
Insuficiência Renal
0%
ND*
13,8%
ND
0,5%
1,6%
Óbito
0%
ND*
10,3%
0%
0%
0,5%
ND= dados não disponíveis.
* Excluídos casos graves
Déficit Funcional
Torniquete: Em caso de acidentes por serpentes do gênero Bothrops ,o local atingido pela picada poderá sofrer uma necrose que tende a ser agravada por tal medida, levando muitas vezes a amputação do membro afetado. 
 Sucção: Causa a contaminação do local da picada com a flora bucal humana, e intensifica os efeitos isquêmicos.
 Incisão: aumenta a via de acesso dos microorganismos ao tecido subepitelial, favorecendo a infecção, a destruição tissular e o sangramento local.
 Substâncias sobre o local da picada: é uma prática popular colocar sobre a ferida esterco, fumo, pó de café, querosene e etc... O que muitas vezes leva uma maior contaminação do local.
Tratamento
Medidas iniciais prévias à soroterapia:
Imediatamente após o acidente, manter o paciente em repouso, evitando correr ou deambular;
Tranquilizar o paciente;
Não fazer torniquete do membro afetado, sucção ou incisão no local da picada;
Limpar cuidadosamente o local com água e sabão. Não colocar sobre a ferida outras substâncias;
Monitorizar sinais vitais e volume urinário;
Remover o paciente a um centro de tratamento para aplicação do soro específico.
Tratamento específico
O Antiveneno é a principal terapia para o acidente botrópico;
Cada ampola do soro antibotrópico contém 10ml e neutraliza no mínimo 50g de veneno;
A administração do soro deve ser feita o mais rápido possível, por via intravenosa, em solução diluída em soro fisiológico ou glicosado.
O soro antiofídico é obtido/preparado basicamente a partir de anticorpos do sangue do cavalo. O processo de preparação do soro antiofídico, se consiste na aplicação de pequenas doses de veneno no animal. Neste período/processo de envenenamento o organismo do cavalo trabalha produzindo anticorpos, que se consistem em agir contra o veneno.
Após um determinado período o animal sofre sangria, sendo assim os anticorpos começam a ser separados pelo processo de centrifugação do sangue, logo em seguida se inicia o processo de liofilização, processo esse que se consiste em fazer toda a remoção de água, logo após o soro antiofídico é armazenado.
O Soro antiofidico
Bibliografia
ASPECTOS DO OFIDISMO NO BRASIL E PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS COMO COMPLEMENTO À SOROTERAPIA1 (Valéria Mourão de Moura2 , Rosa Helena Veras Mourão3)
http://www.scientia.ufam.edu.br/attachments/article/16/v.%201%20n.3,%2017-26,%202012.pdf
ACIDENTE BOTRÓPICO EM CÃES ( Mônica Pereira, Campo Grande 2009)
ANIMAIS PEÇONHETOS NO BRASIL 2ª EDIÇÃO

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