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Vascularização do sistema nervoso central Ariana Cerqueira1 O Sistema nervoso é formado de estruturas nobres e altamente especializadas que exigem, para seu metabolismo, um suprimento permanente e elevado de glicose e oxigênio. Quedas na concentração de glicose e oxigênio no sangue circulante ou, por outro lado, a suspensão do afluxo sanguíneo ao encéfalo, não são toleradas além de um período muito curto. A parada da circulação cerebral por mais de dez segundos leva o individuo à perda da consciência. Após cerca de 5 minutos, começam a aparecer lesões irreversíveis pois, como se sabe, a maioria das células nervosas não se regeneram. Áreas diferentes do sistema nervoso central são lesadas em tempos diferentes, tendo em vista que as áreas filogenicamente mais recentes, como o neocórtex cerebral, são as que primeiro se alteram. A área lesada em ultimo lugar é o centro respiratório do bulbo. Vascularização do Encéfalo I. Fluxo sanguíneo cerebral O fluxo sanguíneo cerebral é muito elevado. O encéfalo consome 20% de oxigênio disponível e recebe 15% do fluxo sanguíneo, refletindo a alta taxa metabólica do tecido nervoso. A resistência cerebrovascular depende sobretudo dos seguintes fatores: 1. Pressão intracraniana 2. Condição da parede vascular 3. Viscosidade do sangue 4. Calibre dos vasos cerebrais O fluxo sanguíneo é maior nas áreas mais ricas em sinapses, de tal modo que, na substância cinzenta ele é maior do que na branca, o que está relacionado com a maior atividade metabólica da substancia cinzenta. A atividade celular causa liberação de CO2 e este aumenta o calibre vascular e o fluxo sanguíneo local em áreas cerebrais submetidas a maior solicitação funcional. O aumento do fluxo regional em resposta ao aumento da atividade neural é também medido pela liberação de óxido nítrico pelos neurônios que, por ser um gás, se difunde com rapidez, atuando sobre o calibre dos vasos. 1 Estudante de Medicina da UFBA – FMB, Bacharel em saúde – IHAC/UFBA e Gestora de Recursos Humanos –FIB /RJ Vascularização Arterial do Encéfalo I. Peculiaridades da vascularização arterial O encéfalo é irrigado pelas artérias carótidas internas e vertebrais, originadas no pescoço, sendo especializadas para a irrigação do encéfalo. Na base do crânio, estas artérias formam um polígono anastomótico (polígono de Willis), de onde saem as principais artérias para a vascularização cerebral. Do ponto de vista de sua estrutura, as artérias cerebrais são também. Elas têm, de modo geral, paredes finas, comparadas a paredes de artérias do mesmo calibre situadas em outras áreas. Este é um dos fatores, que tornam as artérias cerebrais propensas a hemorragias. II. Artéria carótida interna Ramo de bifurcação da artéria carótida comum, a artéria carótida interna penetra na cavidade craniana através do canal carotídeo, atravessa o seio cavernoso, no interior do qual descreve, em plano vertical, uma dupla curva formando um S, o sifão carotídeo. Depois de perfurar a dura-máter e aracnóide, divide-se em seus dois ramos terminais: Artéria cerebral media e Artéria cerebral anterior (subdividem em ramos menores superficiais e profundos rumo a estrutura interna). Também dá os seguintes ramos: 1. Artéria oftálmica – Irriga o bulbo ocular e formações anexas. 2. Artéria comunicante posterior – Anastomosa-se com a Artéria cerebral posterior, ramo basilar. 3. Artéria carotídea anterior – Penetra no corno inferior do ventrículo lateral, irrigando os plexos coróides e parte da cápsula interna, os núcleos da base e o diencéfalo. III. Artéria Vertebral e Basilar As Artérias Vertebrais Direita e Esquerda destacam-se das artérias subclávias correspondentes, percorrem a face ventral do bulbo e, aproximadamente no nível do sulco bulbo-pontino, fundem-se pra construir um tronco único, a Artéria Basilar. As Artérias Vertebrais dão origem a duas Artérias Espinhais: Posteriores e à Artéria Espinhal Anterior que vascularizam a medula. Originam-se ainda as Artérias Celeberales Inferiores Posteriores, que irrigam a porção a porção inferior e posterior do cerebelo. A artéria Basilar percorre geralmente o sulco basilar da ponte e termina anteriormente, bifurcando-se para formar as Artérias Cerebrais Posteriores Direita e Esquerda. A Artéria Basilar nesse trajeto emite os seguintes ramos (mais importantes): 1. Artéria cerebelar superior 2. Artéria cerebelar inferior anterior 3. Artéria do labirinto - Vasculariza estruturas do ouvido interno 4. Ramos pontinos IV. O Círculo Arterial do Cérebro É uma anastomose de forma poligonal (polígono de Willis), que está situada na base do cérebro, onde circunda o quiasma óptico e o túber cinéreo, relacionando-se ainda com a fossa interpeduncular. Formado por: Poções proximais das Artérias Cerebrais Anterior, Média E Posterior, pela Artéria Comunicante Anterior e pelas Artérias Comunicantes Posteriores, direita e esquerda. 1. Artéria comunicante anterior – Anastomosam-se as duas artérias cerebrais anteriores adiante do quiasma óptico. 2. Artéria comunicantes posteriores – Unem de cada lado uma carótidas internas com as cerebrais posteriores correspondentes. O círculo arterial, em casos favoráveis permite a manutenção do fluxo sanguíneo adequado, em caso de obstrução de uma (ou mais) das quatro artérias que irrigam. É fácil entender que uma obstrução na carótida direita, determina queda de pressão no seu território, o que faz com que o sangue flua através da artéria comunicante anterior e posterior direita. As Artérias Cerebrais Anterior, Média e Posterior dão ramos corticais e ramos centrais. Os ramos corticais destinam- se a vascularização do córtex e substancia branca subjacente. Os ramos centrais emergem do círculo arterial do cérebro, ou seja, da porção mais proximal de cada uma das Artérias Cerebrais e das Artérias Comunicantes. Eles penetram perpendicularmente na base do cérebro e vascularizam o diencéfalo, os núcleos da base a cápsula interna. Quando se retira a Pia-máter, permanecem os orifícios de penetração desses ramos centrais, o que redeu às áreas onde eles penetram a denominação de substância perfurada, anterior e posterior. São especialmente importantes e recebem a denominação de artérias estriadas, os ramos centrais que se destacam da artéria cerebral media e penetram na substancia perfurada anterior, vascularizando a maior parte do corpo estriado e da cápsula interna. V. Território Cortical das Três Artérias 1. Artéria cerebral anterior – A obstrução de uma das artérias cerebrais anteriores causa, entre outros sintomas paralisia e diminuição no membro inferior do lado oposto, decorrente da lesão de partes das áreas corticais motora e sensitiva, que correspondem a perna e se localiza na porção alta dos giros pré e pós-central (lóbulo paracentral). 2. Artéria cerebral media – Distribui-se em ramos que vascularizam a maior parte da face dorso lateral de cada hemisfério. Este território compreende áreas corticais importantes com a área motora, a área somestésica o centro da palavra falada e outras. Obstruções dessa artéria quando não são fatais, determinam sintomatologia muito rica, com paralisia e diminuição da sensibilidade do lado oposto do corpo (exceto no membro inferior), podendo haver ainda graves distúrbios de linguagem. O quadro é especialmente grave se a obstrução atingir também os ramos profundos da artéria cerebral media (artérias estriadas), que como já foi exposto,vascularizam os núcleos da base e a cápsula interna. 3. Artéria cerebral posterior – Irriga, pois, a área visual situada nos lábios do sulco calcarino e sua obstrução causa cegueira em uma parte do campo visual. VI. Vascularização Venosa do Encéfalo As paredes das veias encefálicas são muito finas, desprovidas de musculatura. Faltam, assim, os elemento necessários à regulação ativa da circulação venosa. Esta se faz, sobretudo sob a Ação de três forças: 1. Aspiração da cavidade torácica 2. Força da gravidade 3. Pulsação das artérias A circulação venosa é muito lenta, a pressão venosa no encéfalo é muito baixa e varia muito pouco em razão da grande capacidade de distensão das veias e seios. As principais veias do encéfalo se dispõem em dois sistemas: 1. Sistema Venoso Superficial – Constituído por veias que drenam o córtex e a substancia branca subjacente, anastomosam-se amplamente na superfície do cérebro, onde forma grandes troncos venosos, as veias cerebrais superficiais, que desembocam nos seios da dura-máter. Distinguem-se veias cerebrais superficiais superiores e inferiores. A principal veia superficial inferior é a Veia Cerebral Medial Superficial. 2. Sistema Venoso Profundo – Compreende veias que drenam o sangue de regiões situadas profundamente no cérebro, tais como: Corpo estriado, cápsula interna, diencéfalo e grandes partes do centro branco medular do cérebro. A veia mais importante desse sistema é a Veia Cerebral Magna ou Veia de Galeno, para qual converge quase todo o sangue do sistema venoso profundo do cérebro. VII. Vascularização da Medula A Medula espinhal é irrigada pelas Artérias Espinhais Anterior e Posteriores, ramos da artéria vertebral, e pelas Artérias Radiculares, que penetram na medula com as raízes dos nervos espinhais. A Artéria Espinhal Anterior é um tronco único formado pela confluência de dois curtos ramos recorrentes que emergem das Artérias Vertebrais Direita e Esquerda. Emite as Artérias Sucais, que se destacam perpendicularmente e penetram o tecido nervoso pelo fundo da fissura mediana anterior. As Artérias Espinhais Anteriores vascularizam as colunas e funículos anterior e lateral da medula. A Artéria Espinhais Posteriores Direita e Esquerda emergem das artérias vertebrais correspondentes, dirigem-se dorsalmente, contornando o bulbo e, em seguida percorrem longitudinalmente a medula,, medialmente aos filamentos radiculares das raízes dorsais dos nervos espinhais. As Artérias Espinhais Posteriores vascularizam a coluna e o funículo posterior da medula. As Artérias Radiculares derivam dos ramos espinhais das artérias segmentares do pescoço e do tronco. Estes ramos penetram nos forames intervertebrais com os nervos espinhais e dão origem às Artérias Radiculares Anterior e Posterior. As Artérias Radiculares Anteriores anastomosam-se com a espinha anterior, e as artérias radiculares posteriores com as espinhas posteriores.
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