Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 1 Globalização e Comércio Exterior GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 2 Globalização e Comércio Exterior Índice Geral Parte I Comércio Internacional Os Organismos que controlam o Comércio Internacional: A OMC e o GATT 5 A formação dos Blocos Regionais 7 A estrutura do Comércio Exterior Brasileiro: o Siscomex 8 A sistemática de Comércio Exterior do Brasil 10 Parte II A Negociação Internacional Negociador Global e suas competências 12 Parte III Gestão de Contratos Internacionais O que é um contrato? 15 Soluções de conflitos 16 Parte IV Os Contratos Internacionais: International Commercial Terms - Incoterms 2010 Os Incoterms 18 Aspectos Gerais dos Incoterms: 19 Estrutura dos Incoterms 19 Definição dos Termos 20 Parte V Gestão das Operações Internacionais Classificação de mercadorias 24 A estrutura da Nomenclatura Comum do Mercosul 25 Aspectos administrativos na exportação e importação 27 O que é a Exportação? 27 Documentos necessários para exportação 29 GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 3 Despacho Aduaneiro na Exportação 32 O que é importação? 32 Documentos necessários para importação 34 Despacho Aduaneiro na Importação 36 O SISCOMEX 39 Parte VI As Operações de Importação e Exportação Organização da Alfândega no Brasil 41 Alfandegamento 42 Parte VII Gestão de Operações de Câmbio O Mercado de câmbio no Brasil 44 Modalidades de pagamentos nos negócios internacionais 45 Parte VIII Logística Internacional Planejamento Logístico 49 Transporte 50 GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 4 1 - O Comércio Internacional O Comércio Internacional desempenha um papel importantíssimo auxiliando os “novos” gestores a negociarem produtos abundantes em um determinado país para que cheguem aos clientes dos outros países com a excelência em qualidade e a um preço justo, atendendo à Lei da Oferta e da Demanda. Vamos iniciar falando sobre os diversos conceitos de comércio, já que a nossa matéria versará sobre ele em todas as suas nuances. Qual será a definição mais apropriada para “Comércio” no contexto global? Uma das muitas definições para “comércio” no contexto global diz-nos que o comércio é a permuta, troca de valores ou produtos, ato de comprar, vender e circular bens, podendo ser chamados de “mercadorias”, tendo como objetivo, o lucro. Evoluindo a definição para “comércio interno”, podemos defini-lo como as operações de troca, compra, venda e circulação de mercadorias (produtos) dentro de um determinado país. E o “comércio exterior” (externo)? Podemos defini-lo como as normas, as regras, os termos, a legislação em geral, com que cada país administra seu comércio com os outros países, regulando os procedimentos e métodos para viabilizar as relações comerciais entre o país e os seus parceiros internacionais. Qual será, então, a melhor definição para “comércio internacional”? No contexto geral, são as operações realizadas entre dois ou mais países, ou seja, o intercâmbio de bens, serviços ou movimentação de capitais entre eles (os países). É comum ouvirmos falar em comércio exterior e comércio internacional como se ambos tivessem o mesmo significado. Agora conhecemos as diferenças existentes entre cada um deles. GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 5 O “comércio exterior”, normalmente, vem acompanhado do nome do país a que se refere. No caso do Brasil, sempre nos expressamos da seguinte forma: Comércio Exterior Brasileiro. Desde já, começamos a entender também que o comércio exterior sofre grande influência do governo, qualquer que seja o país, enquanto o comércio internacional é administrado por normas, regras e procedimentos adotados pelos governos dos países signatários de acordos internacionais realizados através de órgãos internacionais como a Organização Mundial do Comércio (OMC), Organização Mundial das Aduanas (OMA) e Blocos Regionais como o Mercosul, o Nafta (North American Free Trade Agreement), a União Europeia e outros. Vimos anteriormente que cada país tem a sua política de comércio exterior com o objetivo de viabilizar o Comércio internacional, mantendo, é claro, a salvaguarda dos objetivos nacionais. O governo brasileiro oferece aos importadores e exportadores através de sistemas e procedimentos as condições necessárias ao desenvolvimento do comércio internacional. As principais áreas beneficiadas, sempre levando em conta os interesses nacionais, são: - Administrativa (determina normas e regras para o controle das operações de forma competitiva); - Fiscal e Tributária (adequação de alíquotas e tributos nas importações e exportações e/ou o uso de regimes especiais); - Cambial e Monetária (manter o equilíbrio do valor da moeda para que a iniciativa privada possa realizar as operações com segurança); - Logística (promover e facilitar a integração e gerenciamento dos processos de comércio exterior). GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 6 O comércio exterior brasileiro sempre foi praticado desta forma? E o comércio internacional? Os cenários após a II Guerra Mundial (GM) influenciaram e ainda influenciam o comércio internacional, consequentemente o comércio exterior de cada país, inclusive o brasileiro. Os Organismos que Controlam o Comércio Internacional: A OMC e o GATT Na conferência de Bretton Woods, em 1944, os assuntos mais discutidos foram: o incremento do intercâmbio mundial através do livre comércio e investimentos (principalmente para os países europeus que estavam destruídos devido à II GM e empréstimos aos países mais necessitados - o chamado Terceiro Mundo). Neste contexto, foi criado o BIRD – Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento, também conhecido como Banco Mundial, o FMI - Fundo Monetário Internacional e, em 1946, alguns países, dentre eles o Brasil, iniciaram as negociações para a liberalização do comércio. As normas e decisões tomadas foram compiladas no Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (The General Agreement on Tariffs and Trade), nasceu o GATT, que entrou em vigor em 1948 e regulamentou o comércio internacional durante quarenta anos. O GATT é, portanto, um acordo entre países que tem como objetivo eliminar a discriminação (entre países e entre produtos), bem como reduzir tarifas e outras barreiras que dificultem o comércio internacional de bens. Existe ainda o GATS e o TRIPS, também acordos da OMC, formada em 1994, iniciando suas funções em 1995. O GATT, o GATS e o TRIPS entre outros, fazem parte dos acordos da OMC. Têm funções distintas entre si. O GATT diz respeito ao comércio de bens; o GATS, a serviços; e o TRIPS, aos direitos de propriedade intelectual. GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 7 Muitas vezes confunde-se a OMC com o GATT e surgem dúvidas como: O GATT ainda existe? Qual a diferença entre ele e a OMC? O GATT, como já foi definido, é um acordo sobre o comércio internacional de bens que atualmente faz parte da OMC como outros tantos acordos. As funções da OMC abrangem: a administração e aplicação das normas que regem o comércio entre os países assegurando que as negociações sejam feitas com a máxima facilidade, previsibilidade e liberdade possível. Administrar as soluções e controvérsias entre os países, supervisionar as políticas nacionais e cooperar com as demais instituições internacionais comopor ex. O BIRD e o FMI. A OMC pretende contribuir, através de um comércio administrado, para o desenvolvimento dos países que dela fazem parte bem como para a paz entre eles. Aqui residem as grandes diferenças entre o GATT e a OMC. A OMC é formada, atualmente, por 156 países, incluindo a Rússia, que entrou em 2012. Vale ressaltar que no final de 2013, a OMC conseguiu um importante avanço rumo à liberalização do comércio em todo o mundo. Foi assinado um acordo histórico em uma conferência na cidade de Bali, na Indonésia, que envolve a facilitação de acordos aduaneiros entre todos os países-membros. O acordo foi considerado como a primeira grande façanha da OMC no sentido de cumprir os objetivos pelos quais fora criada, o Livre Comércio. O livre comércio é considerado pela maioria dos experts no assunto, uma utopia, porque todos os países, desde os considerados desenvolvidos, os chamados ricos, aos emergentes, em desenvolvimento ou pobres, têm interesse em preservar as suas indústrias, pois, por menores que sejam, são elas que mantêm a sua taxa de emprego e a sua Economia girando... Neste sentido, existe a vontade da liberação do comércio ao mesmo tempo que existem todos os instrumentos de defesa comercial previstos, inclusive pela OMC, as GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 8 chamadas barreiras comercias. Estas podem ser tributárias (referem-se à aplicação de impostos, por exemplo, o imposto de importação) e não tributárias, também conhecidas como barreiras técnicas, barreiras ambientais, barreiras legislativas, documentais e outras. O Brasil tem utilizado os instrumentos de defesa comercial com vistas à defesa dos produtores domésticos afetados por importações a preços de dumping e, em menor medida, de produtos objeto de subsídios. Por outro lado, também tem tido suas exportações prejudicadas pela aplicação destas medidas, por diversos países, nem sempre compatíveis com as regras previstas na OMC. Portanto, na defesa comercial dos países, no caso do Brasil, o DECOM tem, dentre as suas funções, verificar quais os produtos que estão sendo afetados por subsídios, dumping e fazer valer os instrumentos de defesa comercial a estas medidas predadoras com os mecanismos legais como: Ações Antidumping, Medidas Compensatórias, Salvaguardas ou mesmo o Ad-Valorem. A Formação dos Blocos Regionais Percebemos que os países se preocupam com a organização do comércio internacional evitando o seu crescimento desordenadamente. Entretanto, no contexto de mundo globalizado estão sempre buscando formas de alargarem suas fronteiras e aumentarem as negociações entre eles. Surgem os Blocos Regionais não só devido à globalização, mas também porque este processo desencadeou a necessidade da Economia em escala, produção em massa, oferta de produtos padronizados e, consequentemente, a abertura de novos mercados. O que leva um país a fazer parte de um Bloco Regional? O que normalmente chamamos de Bloco Regional nada mais é do que uma integração econômica e/ou política entre dois ou mais países de uma determinada região, cuja GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 9 finalidade é aproximar suas economias ou mesmo uni-las, buscando interesses próprios através de objetivos comuns. Existem diversas formas de classificar a integração. Vejamos as mais comuns: Zona de Preferência Tarifária, Zona de Livre Comércio, União Aduaneira, Mercado Comum e União Econômica (Monetária) e a Integração Econômica Total. A Estrutura do Comércio Exterior Brasileiro: O Siscomex Para um país ter o seu comércio exterior organizado necessita criar uma estrutura com funções específicas e objetivos que criem sinergia entre todos os órgãos para alcançarem as metas traçadas. A estrutura do comércio exterior brasileiro, a partir da década de 90, considerada o marco do início da globalização no Brasil, está assim organizada: MDIC - Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, órgão mais importante do comércio exterior brasileiro. Secex - Secretaria de Comércio Exterior, órgão integrante do MDIC, classificado como um órgão gestor com competência para legislar e administrar o comércio exterior brasileiro no contexto comercial, composta pelos departamentos: - Decex (Departamento de Operações de Comércio Exterior) - Deint (Departamento de Negociações Internacionais) - Decom (Departamento de Defesa Comercial) - Deaex (Departamento de Estatística e Apoio à Exportação) - Decoe (Departamento de Competitividade no Comércio Exterior) - MF- Ministério da Fazenda - SRF – Secretaria da Receita Federal do Brasil, órgão integrante do MF, também classificado como órgão gestor com competência para administrar os tributos internos GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 10 e aduaneiros da União, controlar a entrada e saída de mercadorias e arrecadar os tributos advindos desta atividade. Bacen – Banco Central do Brasil, órgão autárquico, vinculado ao MF. Sua competência é estabelecer normas, fiscalizar e controlar a sua aplicação na área cambial. Todas as operações de câmbio no Brasil são efetuadas através do Sisbacen (Sistema do Banco Central do Brasil) que o interliga ao Siscomex e às instituições bancárias, autorizadas a operarem com câmbio pelo BCB. Esta estrutura conta com outros órgãos, também importantes, como: Camex – Câmara de Comércio Exterior, o DPR – Departamento de Promoção Comercial, Apex-Brasil – Agência de Promoção de Exportações do Brasil, Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, Banco do Brasil, auxilia o governo na emissão de documentos como o Certificado de origem chamado “Form. A” e outros, ECT – Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos com o Programa Exporta Fácil. Os Órgãos Anuentes também fazem parte desta estrutura. São eles que, em razão da especificidade do produto a ser importado ou exportado, emitem um parecer técnico sobre o mesmo. Cada órgão anuente se responsabiliza por atestar o cumprimento das exigibilidades nacionais em relação ao produto de sua área de competência. Estamos falando da ANCINE - Agência Nacional do Cinema, ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica, ANP - Agência Nacional de Petróleo, ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e outros. A Sistemática de Comércio Exterior do Brasil O Comércio Exterior do Brasil tem a sua base operacional constituída nos Acordos Internacionais assinados pelo Brasil e nas políticas econômicas por ele estabelecidas. GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 11 Quanto mais transparentes e menos oscilantes forem estas políticas para o comércio internacional, menores serão os desafios que o empresário brasileiro necessita enfrentar para desenhar o seu planejamento empresarial. Estas variáveis vêm sendo trabalhadas pelo governo. Porém, devido à instabilidade econômica do país, ainda não conseguiu solucioná-las de forma satisfatória para todos os envolvidos, principalmente, para o empresariado que necessita administrá-las de forma a não interferirem na performance da sua empresa, sem poder esquecer que o comércio internacional opera em um ambiente dinâmico, com variáveis incontroláveis e com medidas conjunturais e temporárias. 2- A Negociação Internacional Negociar é uma arte. Para o administrador ou gestor de qualquer negócio, a negociação internacional ganha sempre maior relevância.Como ter sucesso no mundo atual, onde todos parecem concorrer com todos e disputando tudo em toda parte? O fato é que em nossa atual realidade os negócios requerem a realização de múltiplas transações, envolvendo trocas com culturas completamente variadas, exigindo rápida e simultaneamente das partes envolvidas habilidades diferenciadas para desempenho de papéis e obrigações distintos, fazendo desse cenário atual um ambiente competitivo e exclusivo. Como atuar em um cenário tão diverso de forma a buscar o melhor resultado para nossos negócios? Nas últimas décadas, o mundo tem vivenciado mudanças significativas. Apontamos duas macrotendências que, sem dúvida, marcaram um novo cenário no mundo dos negócios: a integração de mercados motivada pelo avanço das tecnologias e o processo de globalização, tão comentado e estudado por todos. A globalização parece ser uma força implacável, influenciando o comércio global, ainda que este apresente oscilações originadas dos altos e baixos da Economia mundial. As GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 12 fronteiras comerciais passaram a ser mais preponderantes do que as nacionais. Os governos foram bem-sucedidos em alterar leis para a facilitação do comércio mundial. O comércio se expandiu e as trocas de capitais entre países passaram a ser uma constante. Quais as condições que geram o fenômeno da globalização? Quais as consequências para os negócios e a sociedade de forma geral? Alguns críticos indicam que ele interfere e muda estados de soberanias nacionais sem sofrer influência externa e que os valores culturais se perdem gradativamente, além da ameaça aos empregos. Outros, otimistas, apontam o favorecimento da igualdade entre os povos, com redução da pobreza e de desigualdades sociais. Também consideram que, com a transferência veloz de fluxos de capitais, os investimentos se tornam cada vez mais expressivos e relevantes nos mais variados mercados sempre que oportunidades e condições favoráveis são identificadas. A verdade, é que com o avanço das tecnologias, e até chegarmos ao atual estágio de incrível velocidade, a globalização ganhou corpo e, mais precisamente a partir da década de 1980, tornou-se um verdadeiro fenômeno de mudanças e influências nos negócios internacionais. A partir de então, o gestor internacional e os negócios foram fortemente afetados pelos fatores e consequências da globalização de mercados. Negociador Global e suas Competências Assim, surge a figura do negociador global, profissional com profundo entendimento da dinâmica da globalização e seus impactos na condução de suas negociações. Um profissional cada vez mais ciente da importância do papel que os fatores culturais desempenham nas negociações internacionais, e que entende que a adaptação às diferenças culturais é o que permeia o processo da negociação. Sua dinâmica em nível GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 13 interpessoal, intergrupal, intraorganizacional e internacional é essencial para o sucesso nas negociações. A inteligência cultural prepara o profissional para atuar estrategicamente em diferentes cenários e ao longo de todo o processo negocial, de acordo com o conhecimento que possui de fatores multiculturais, políticos, sociais, econômicos e legais, desenvolvendo uma mentalidade internacional. O negociador deve ter a capacidade de trabalho em equipe e em redes virtuais, além de saber como gerenciar mudanças de forma a manter sua empresa competitiva em ambientes em constante transformação. Deve ter também um entendimento da dinâmica da globalização, saber gerir conflitos em ambientes multiculturais, adotando estilos de comunicação escrita e oral e de linguagem não verbal ajustados e voltados ao ambiente internacional de negócios. Portanto, o negociador global deve saber analisar os diversos cenários da negociação e o perfil de seus interlocutores internacionais, seus estilos gerenciais, de negociação e o processo decisório, bem como os preceitos éticos e morais predominantes em determinada cultura ou país que possam intervir na condução e manutenção do acordo negocial. Deve fazer um levantamento das informações fundamentais, tais como o significado dos conceitos e variáveis básicos contemplados em um processo de negociação, os interesses em jogo, o uso do tempo, da informação e do poder, e a natureza e importância dos acordos, verbais ou escritos. Deve também conhecer profundamente as diferentes abordagens de negociação mais utilizadas nos países nos quais irá negociar e saber analisar qual a melhor alternativa a ser adotada - se colaborativa, competitiva ou ambas -, além das melhores táticas, estratégias e técnicas de fechamento a serem utilizadas, de acordo com os diversos cenários negociais e os fatores culturais intervenientes, de forma a incorporá-los ao processo de negociação. No cenário global, a realidade que as organizações enfrentam mudou substancialmente, e a indústria de hoje requer gerenciamento participativo, com tomada de decisão coletiva e responsabilidade compartilhada em todos os níveis. Pata tal, o negociador global deve ser flexível, aberto a novas ideias, saber fomentar a criatividade e capacidade inovadora entre seus colaboradores diretos e indiretos, ser capaz de aceitar e conciliar diferenças, uma vez que as empresas cada vez mais GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 14 contam com equipes de trabalho multidisciplinares e interdisciplinares, compostas de membros que pertencem a setores profissionais, culturas, regiões e países diferentes. 3- Gestão de Contratos Internacionais O fenômeno da integração econômica tem sido a principal característica da economia capitalista das últimas décadas, tendo ocorrido a criação de blocos econômicos nos quais os países integrantes buscam o fortalecimento de seus interesses comerciais comuns com o compromisso do uso das relações comerciais para o desenvolvimento dos direitos sociais e humanos. A Lex Mercatoria, por sua definição clássica, “é um conjunto de regras, princípios e costumes oriundos da prática comercial, sem vinculação a qualquer direito nacional. (...) É a evidência da possibilidade de se criarem sistemas normativos sem o concurso do Estado.” (SEGRE, 2006, p. 251). Olhando por este prisma, o conceito de Estado nacional e lex mercatoria são excludentes, uma vez que o primeiro preceitua a soberania do Estado, e a segunda, a criação de um sistema de normas relativas ao comércio internacional de caráter transnacional. Todavia, com a disseminação da globalização, a vontade e a prática do comércio internacional foram mais fortes que as restrições e limitações dos países, que se viram obrigados a reconhecer instrumentos e estruturas legais da lex mercatoria desempenhando fundamental importância. O comércio internacional não tem fronteiras, portanto, tende a ser regulado por regras de fontes não nacionais, a lex mercatoria, através de “contratos-tipo”, as condições gerais de compra e venda, os Incoterms, considerando ainda a importância dos usos e costumes do comércio, os tratados internacionais, em especial os multilaterais (GATT GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 15 e OMC), e os constitutivos de blocos regionais (Mercosul, União Europeia), não esquecendo as sentenças arbitrais e outras. O Brasil, quanto às relações internacionais, rege-se, entre outros, pelos princípios da independência nacional, prevalência dos direitos humanos, autodeterminação dos povos e da cooperação entre os povos para o progresso da humanidade. Quanto aos “Princípios Gerais da Atividade Econômica”, a CF/88, em seusartigos 170 e seguintes, prevê que a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observado, entre outros, o princípio da soberania nacional. A Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (A Lei de Introdução ao Código Civil ou LICC (Decreto Lei nº 4.657/1942) foi alterada pela Lei 12.376/2010 e passou a ser denominada Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro), art. 9º, prevê que para qualificar e reger as obrigações, será aplicada a lei do país em que estas se constituírem; logo, os contratos internacionais cuja execução ocorra no Brasil estarão subordinados à legislação nacional, mesmo quando as partes tenham escolhido foro estrangeiro para dirimir eventuais controvérsias. Contudo, esse entendimento não respeita a autonomia da vontade, em que as partes têm liberdade para contratação, causando insegurança no âmbito dos contratos de comércio internacional. O que é um Contrato? São fontes de obrigações: os contratos, as declarações unilaterais de vontade, os delitos e a lei. Contrato é o acordo de duas ou mais pessoas para entre si constituírem, regularem ou extinguirem relação jurídica de natureza patrimonial. A obrigação consiste no vínculo de direito entre pessoas no qual uma fica adstrita a satisfazer uma prestação em proveito da outra, através de uma expressão pecuniária, expressa em valores financeiros, em razão da sua natureza patrimonial. Estamos falando no âmbito internacional; logo, nossos contratos serão internacionais. Considera-se contrato internacional de comércio aquele que manifeste bi ou GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 16 plurilateralmente a vontade das partes, objetivando relações patrimoniais ou de serviços, cujos elementos sejam vinculantes de dois ou mais sistemas jurídicos extraterritoriais. É necessário que o contrato seja escrito para ter validade? Depende do país cuja lei for aplicada. Todavia, os contratos internacionais devem ser realizados por escrito porque desta forma permitem maior reflexão e clareza sobre os termos do negócio, auxiliam na definição das obrigações das partes, conferem mais força na execução do que foi acordado além de trazerem segurança e controle do negócio. Suas alterações devem ser realizadas através de aditivos (amendments). A forma de solução de conflitos nos contratos internacionais pode ser através das cortes internacionais, normalmente muito caras e demoradas ou através da arbitragem, conciliação e da mediação. Soluções de Conflitos A arbitragem é um equivalente jurisdicional, através do qual os árbitros resolverão as questões a eles apresentadas em decisão final cuja natureza será de título executivo judicial. No Brasil, a arbitragem é regulada pela lei 9.307/96 que estipula que a convenção de arbitragem pode ser estabelecida através de cláusula compromissória e compromisso arbitral. Cláusula Compromissória: consiste num pacto, numa convenção preliminar, pela qual se estabelece que, na eventualidade futura de uma divergência, os interessados deverão se submeter ao juízo arbitral para dirimir os conflitos que possam vir a surgir. Esta cláusula, normalmente, faz parte dos contratos civis e mercantis. GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 17 Compromisso arbitral: é a convenção através da qual as partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial. É importante mencionar que nem todos os conflitos podem ser submetidos á arbitragem, pois está só pode versar sobre direitos patrimoniais disponíveis. A conciliação, como o próprio nome sugere, é uma forma de solução de conflitos na qual um conciliador, normalmente indicado pelas partes, tenta aproximá-las, compreender e ajudar as negociações, resolvendo, sugerindo e indicando propostas, ao mesmo tempo que aponta as falhas, vantagens e desvantagens. Na mediação, as partes contratam um mediador que pode ou não ser um juiz arbitral para auxiliá-las a encontrar uma solução para determinado conflito, porém são as partes que buscam a solução. A mediação possibilita a transformação da “cultura do conflito” em “cultura do diálogo” na medida em que estimula a resolução dos problemas pelas próprias partes na busca do “ganha-ganha”. Estas formas de solucionar os conflitos advindos dos contratos internacionais são conhecidas como Formas Alternativas de Resolução de Conflitos no âmbito internacional (ADR - Alternative Dispute Resolution) No comércio internacional a lex mercatoria foi e continua sendo utilizada pelo fato de, considerada a Lei do Mercado, ainda ser muito utilizada no mercado internacional em determinados segmentos. GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 18 4- Os Contratos Internacionais: International Commercial Terms - Incoterms 2010 Os contratos internacionais representam uma grande preocupação porque, segundo o ditado, vale o que está escrito; ou seja, se não forem bem redigidos e interpretados, podem trazer grandes prejuízos ao final da negociação. Cientes disto, as partes se cercam de algumas ferramentas importantes para que, em caso de dúvidas ou omissões, possam lançar mão delas a fim de solucionar os conflitos que porventura venham a surgir. Assim temos, por exemplo, os Incoterms (International Commercial Terms) que por si só já definem grande parte das responsabilidades e riscos do comprador e do vendedor os quais, na omissão de alguma cláusula ou detalhe referente aos procedimentos de carga/descarga ou outros conflitos relacionados com os terminais, manuseio das cargas, pagamento de frete, impostos etc, podem tomá-los como modelo para solução de um conflito. Desta forma, a confecção do contrato deve ser efetuada com muita atenção, tendo o máximo de cuidado com a escolha das ferramentas apropriadas para que ao final da negociação as partes não se deparem com surpresas desagradáveis ou prejuízos indesejáveis que tornem inúteis todos os esforços dispendidos na transação comercial. Contratos e Documentação são dois Itens Importantíssimos da Negociação Os Incoterms Os INCOTERMS – International Commercial Terms, ou Termos do Comércio Internacional, são regulamentados pela ICC – International Chamber of Commerce (Câmara do Comércio Internacional), desde a sua primeira edição em 1936. Sofreram GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 19 atualizações através de Emendas e Adições realizadas em: 1953, 1960, 1967, 1976,1980, 2000 e a última versão, em 2010. Em 1960 foi emitida a Brochura 460 na qual foram instituídos os 13 Termos, estrutura alterada pela versão 2010, em que o grupo D se apresentou com uma nova estrutura, apenas 3 termos, ficando a estrutura geral com apenas 11 termos. É importante mencionar que os EUA possuem normatização própria: “American Terms”, desde 1941, e que o Brasil adota os INCOTERMS na sua última versão - 2010. Aspectos Gerais dos Incoterms: Conjunto de regras internacionais para interpretação de termos comerciais evitando controvérsias e disputas no comércio internacional; Definem direitos e obrigações mínimas do vendedor e do comprador (frete, seguro, movimentação de carga, documentos); Determinam os elementos que compõem o preço da mercadoria; A sua utilização é facultativa; Têm força de lei quando mencionados nos contratos; Simplificam e agilizam a elaboração dos contratos internacionais de compra e venda; Restringem-se aos deveres do comprador (importador)e do vendedor (exportador); São explícitos em inglês, compostos por 3 iniciais: FOB, CFR, CIF. Estrutura dos Incoterms: Os Incoterms estão divididos em quatro grupos, considerando como ponto de partida, nesta divisão, as responsabilidades do exportador (crescentes a cada grupo) e o pagamento do frete principal (internacional): GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 20 E – PARTIDA: EXW; F – TRANSPORTE PRINCIPAL NÃO PAGO: FCA, FAS, FOB; C – TRANSPORTE PRINCIPAL PAGO: CFR, CIF, CPT, CIP; D – CHEGADA (Delivered): DAT, DAP, DDP. Definição dos Termos: EXW (EX-WORKS): A partir do local de produção (local designado pelas partes). Termo utilizável em qualquer modalidade de transporte (multimodal). A mercadoria encontra-se à disposição do comprador (importador) no local convencionado (plantação, armazém, moinho, madeireira etc.), onde é transferida a propriedade (titularidade) e a responsabilidade (riscos) sobre a mercadoria. A obrigação do vendedor (exportador) é mínima porque disponibiliza a mercadoria embalada para transporte, ou seja, para ser arrumada no contêiner quando este for a embalagem do transporte internacional. Todos os riscos, direitos e obrigações são por conta do importador. FCA (FREE CARRIER): Transportador livre (no local designado pelo importador). Termo utilizável em qualquer modalidade de transporte (multimodal) A mercadoria fica à disposição do importador no transportador internacional indicado por ele (importador), no país de origem da mercadoria, onde são transferidos os riscos e a propriedade da mercadoria. O vendedor (exportador) paga todas as despesas até este ponto e providencia a documentação necessária à exportação. FAS (FREE ALONGSIDE SHIP): Livre no costado do navio (no porto de embarque designado pelo importador). Termo utilizável exclusivamente na modalidade aquaviária. GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 21 A mercadoria fica à disposição do importador ao longo do costado do navio, no píer (cais do porto), onde são transferidos os riscos e a propriedade da mercadoria. O vendedor (exportador) paga todas as despesas até este ponto e providencia a documentação necessária à exportação. FOB (FREE ON BOARD): Livre no navio (porto de embarque designado pelo importador). Termo utilizável exclusivamente na modalidade aquaviária. A mercadoria fica à disposição do importador dentro do navio, onde são transferidos os riscos e a propriedade da mercadoria. O vendedor (exportador) paga todas as despesas até este ponto e providencia a documentação necessária à exportação. CFR (COST AND FREIGHT): Custo e Frete (porto de destino designado pelo importador). Termo utilizável exclusivamente no transporte aquaviário. A mercadoria fica à disposição do importador dentro do navio, onde são transferidos os riscos e a propriedade da mercadoria. O vendedor (exportador) paga todas as despesas até este ponto, providencia a documentação necessária à exportação e contrata e paga o frete internacional. Ponto Crítico: Custos – responsabilidade do exportador até ao porto de destino. Danos e perdas – o exportador assume a responsabilidade pela mercadoria somente até o porto de embarque (no navio). CIF (COST INSURANCE AND FREIGHT): Custo, Seguro e Frete (porto de destino designado pelo importador). Termo utilizável exclusivamente no transporte aquaviário. A mercadoria fica à disposição do importador dentro do navio, onde são transferidos os riscos e a propriedade da mercadoria. O vendedor (exportador) paga todas as despesas até este ponto, providencia a documentação necessária à exportação, contrata e paga o frete e o seguro internacional (obrigatória cobertura mínima). GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 22 Ponto Crítico: Custos – responsabilidade do exportador até o porto de destino. Danos e perdas – o exportador assume a responsabilidade pela mercadoria somente até o porto de embarque (no navio). CPT (CARRIAGE PAID TO): Transporte pago até... (local de destino designado pelo importador). Termo utilizável em qualquer modalidade de transporte (multimodal). A mercadoria encontra-se à disposição do comprador (importador) quando entregue ao transportador indicado pelo mesmo, no país de origem (preposto), onde são transferidos os riscos e a propriedade da mercadoria. O vendedor (exportador) paga todas as despesas até este ponto, providencia a documentação necessária à exportação, contrata e paga o frete internacional. Ponto Crítico: Custos – responsabilidade do exportador até o destino designado pelo importador. Danos e perdas – o exportador assume a responsabilidade pela mercadoria somente até ao transportador, no país de origem. CIP (CARRIAGE AND INSURANCE PAID TO): Transporte e seguro pagos pelo exportador até... (local de destino designado pelo importador). Termo utilizável em qualquer modalidade de transporte (multimodal). A mercadoria encontra-se à disposição do comprador (importador) quando entregue ao transportador indicado pelo mesmo, no país de origem (preposto), onde são transferidos os riscos e a propriedade da mercadoria. O vendedor (exportador) paga todas as despesas até este ponto, providencia a documentação necessária à exportação, contrata e paga o frete e o seguro internacional (obrigatória cobertura mínima). Ponto Crítico: Custos – responsabilidade do exportador até o destino designado pelo importador. GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 23 Danos e perdas – o exportador assume a responsabilidade pela mercadoria somente até o “preposto” no país de origem. DAT (Delivered At Terminal): Entregue no transportador (terminal de destino designado pelo importador). Termo utilizável em qualquer modalidade de transporte (multimodal). A mercadoria encontra-se à disposição do comprador (importador) quando entregue no terminal indicado pelo mesmo, no país de destino, antes da descarga, onde são transferidos os riscos e a propriedade da mercadoria. O vendedor (exportador) é responsável pelo produto até este ponto, providencia a documentação necessária à exportação, contrata e paga o frete e o seguro internacional. O seguro neste incoterm não gera obrigatoriedade para o exportador (é opcional). DAP (Delivered At Place): Entregue no local (país destino, local designado pelo importador). Termo utilizável em qualquer modalidade de transporte (multimodal). A mercadoria encontra-se à disposição do comprador (importador) quando entregue no local indicado pelo mesmo, no país de destino, onde são transferidos os riscos e a propriedade da mercadoria. O vendedor (exportador) é responsável pelo produto até este ponto, providencia a documentação necessária à exportação, contrata e paga o frete e o seguro internacional. O seguro neste incoterm não gera obrigatoriedade para o exportador (é opcional). DDP (Delivered Duty Paid): Entregue, direitos pagos (local de destino designado pelo importador). Termo utilizável em qualquer modalidade de transporte (multimodal). A mercadoria encontra-se à disposição do comprador (importador) quando entregue no local indicado pelo mesmo, no país de destino, onde são transferidos os riscos e a propriedade da mercadoria. O vendedor (exportador) é responsável pelo produto até este ponto, providencia a documentação necessária à exportação, contrata e paga o GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 24 frete e o seguro internacional. O seguro neste incoterm não gera obrigatoriedade para o exportador (é opcional). Este termo é de responsabilidade máxima para o exportador. Necessitater uma estrutura no país de destino, pois é obrigação dele preparar também a documentação para nacionalização do produto, bem como pagar todos os impostos, taxas e despesas necessárias na importação. 5- Gestão das Operações Internacionais Classificação de mercadorias A Nomenclatura de Mercadorias é uma relação de produtos do mercado interno, ou externo, ordenada sistematicamente, segundo regras de classificação e especificação de mercadorias do “Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadoria”, o Sistema Harmonizado - SH, considerando sua constituição, aplicação, emprego etc. A necessidade de se criar uma Nomenclatura de Mercadorias surgiu com a evolução do comércio mundial, da necessidade de administrá-lo e, sobretudo, de se estabelecerem níveis diferenciados de tributação sobre as mercadorias negociadas. A partir de março de 1991, quando surgiu o Mercosul, ou mais exatamente, a partir de 1º de janeiro de 1995, quando passou a viger a TEC - Tarifa Externa Comum, a tarifa aduaneira do Mercosul, a questão das Nomenclaturas Aduaneiras em uso na América Latina sofreu uma significativa mudança, pois a base da TEC é a NCM - Nomenclatura Comum do Mercosul, ou seja, a nomenclatura aduaneira concebida para ser utilizada nas relações entre os países membros do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Venezuela e Bolívia) e entre estes e terceiros países. GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 25 A estrutura da Nomenclatura Comum do Mercosul A NCM, como já mencionado, está baseada no SH; assim, para entendê-la é necessário o conhecimento deste Sistema. O SH utiliza uma codificação formada por grupos de seis algarismos. Através de combinações destes algarismos formam-se 1.241 posições de produtos, subdivididas em subposições, distribuídas em 96 capítulos e 21 seções. As subposições ainda podem ser subdivididas formando subposições simples ou compostas. Quando da concepção da NCM, o SH foi adaptado com subdivisões em itens e subitens, acrescentadas após o código básico de 6 números. Sumário: Número de seções: 21 Número de capítulos: 96 Número de capítulos-reserva: 03 (capítulos 77, 98 e 99) Importante: NALADI/SH = sinal (+) ao lado dos códigos indica a possibilidade de correlações destes dígitos com a NCM. Composição da NCM: 08 (oito) dígitos Exemplo da NCM: 2709.00.10 27 capítulo 09 posição 0 subposição simples 0 subposição composta 1 item 0 subitem GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 26 A Classificação Fiscal de Mercadorias no Comércio Internacional É a atividade técnica que consiste na determinação do código de um produto e das alíquotas a ele vinculadas, aplicando-se as “Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado" e as “Regras Gerais Complementares”, bem como as Notas Explicativas do SH – Nesh. Concluímos: A classificação fiscal não pode ser livre nem manipulada com a finalidade de diminuir as alíquotas dos impostos devidos; Caso surjam dúvidas quanto à correta classificação fiscal de mercadorias, a Secretaria de Receita Federal deverá ser consultada afim de dirimi-las; A deliberada ação no sentido de classificar o material de forma incorreta para não pagar o imposto devido, constitui crime tributário. Aspectos Administrativos na Exportação e Importação No mundo dos negócios internacionais existe um ditado que diz: O comércio exterior é uma longa estrada de duas mãos: uma mão é a exportação, a outra é a importação. Nestes tempos de globalização, não existem economias autossuficientes; David Ricardo, grande economista (1772-1823), já dizia que todos os países devem exportar aquilo que eles produzem com custos relativos inferiores aos demais e importar tudo que os outros países produzem com custos relativos inferiores aos deles. Esta máxima é chamada de “Princípio da Vantagem Comparativa”. Segundo a ótica do David Ricardo, todos os países devem exportar e importar, porque nenhum é tão eficiente ao ponto de produzir tudo melhor do que os outros. Assim sendo, vamos falar da arte de exportar e importar? GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 27 O que é Exportação? É a saída de mercadoria nacional (ou nacionalizada) ou serviços do território aduaneiro brasileiro. Esta saída deverá estar baseada na especialização do país na produção de bens para os quais tenha maior disponibilidade de fatores produtivos, garantindo excedentes exportáveis. A exportação pode ser com ou sem cobertura cambial. Com cobertura cambial significa que envolve o ingresso de capital estrangeiro no país, ou seja, gera divisas. Sem cobertura cambial é aquela que não envolve pagamento do importador ao exportador, quer dizer, o exportador envia o produto para o exterior, mas não será pago por isso, não gera divisas. A exportação pode acontecer na forma direta ou indireta: Exportação Direta – É a negociação realizada diretamente entre o exportador (vendedor) e o importador (comprador), este situado em outro país, ainda que existam entre ambos agentes ou representantes comissionados ou não. Neste tipo de exportação é necessário que o exportador conheça todos os detalhes da negociação para poder avaliar os riscos envolvidos em cada etapa da operação. Exportação Indireta – Esta operação envolve um comprador no mercado interno, o responsável pela comercialização do produto no exterior e todos os detalhes da exportação. Este tipo de exportação é muito utilizado pelas cooperativas e consórcios, pelas tradings, pelas comerciais importadoras e exportadoras e indústrias que completem o produto comprado no mercado interno e o exportem. A venda no mercado interno para “exportação indireta” equivale a uma exportação para efeitos fiscais. Significa dizer que quando esta venda se realiza, os impostos não devem ser destacados na nota fiscal desde que a mercadoria seja enviada diretamente GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 28 pelo fabricante ou fornecedor para o local de embarque para o exterior ou para o regime aduaneiro especial de entreposto aduaneiro. Este tipo de exportação objetiva facilitar a venda para o exterior de produtos brasileiros produzidos por empresas que não estejam estruturadas para elaborarem todo o processo de uma venda internacional. As exportações brasileiras são livres de restrições em sua quase totalidade. O tratamento administrativo está especificado na Portaria SECEX n° 23/2011 e posteriores alterações, que ratifica a orientação de que a livre exportação constitui a regra geral da política do comércio exterior brasileiro. Os produtos que requerem procedimentos especiais estão descritos nos anexos da portaria acima mencionada. Vender para o exterior (exportar) exige algumas formalidades, como por exemplo: o respeito ao prazo de entrega da mercadoria, em que o exportador deve observar os itens abaixo para evitar perdas, multas, cancelamento de contratos, exposição negativa da imagem da sua empresa e do Brasil em geral: Tempo para elaboração do produto; Tempo para deslocamento da mercadoria para o porto, aeroporto ou local combinado com o importador; Tempo para movimentação nos terminais, inclusive os trâmites aduaneiros; Tempo para confecção e organização dos documentos para exportação. GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 29 Documentos necessários à exportação: Para maior facilidade na compreensão do assunto, dividimos a operação em fases: Documentos Administrativos: Registro de Exportação (RE): documento emitido pelo exportador através do Siscomex que autoriza a mercadoria a sair do país; Registro de Venda (RV): documento emitido através do Siscomex, pelo exportador de commodities, previamente ao RE (café, acúcar, laranja etc.); Registro de Operação de Crédito (RC): documento emitido através do Siscomex, pelo exportador, para vendas financiadas acima de 360 dias; Declaração de Exportação (DDE): documento emitido pelo exportador através do Siscomex que dá início ao Despacho Aduaneiro da Exportação; Presença de Carga: documento emitido pelo exportador através do Siscomex que indica ao fiscal onde se encontra a carga a exportar; Comprovante de Exportação: documento emitido pelo exportador através do Siscomex no qual o fiscal da Receita Federal comprova que a mercadoria foi exportada. Trânsito Interno: Retirar a mercadoria do local de produção, fábrica etc., para o porto, aeroporto ou local combinado: Nota Fiscal – documento de uso exclusivamente interno, em moeda nacional, cujo objetivo é destacar os impostos de qualquer produto que se movimente no território brasileiro. Emitido pelo exportador, acompanha a mercadoria até ao local de embarque para o exterior (porto, aeroporto, ponto de fronteira). Como a exportação, normalmente, não paga impostos, no campo “Obs.” deve ser mencionado: “mercadoria com destino à exportação”. GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 30 Embarque: transporte da mercadoria do país de origem para o país de destino: Registro de Exportação (RE); Nota Fiscal (já comentada anteriormente, 1ª via, original); Fatura Comercial (Commercial Invoice) – documento emitido pelo exportador, descrevendo todos os detalhes da negociação de acordo como contrato de compra e venda; Conhecimento de Embarque - documento emitido, datado e assinado pelo transportador internacional da carga, em que atesta o recebimento da carga, as condições de transporte e a obrigação de entrega da mercadoria ao destinatário no ponto de entrega acordado. Este documento possui nomes diferenciados para cada modalidade de transporte: para o transporte marítimo (aquaviário) - Bill of Lading, também conhecido como B/L, endossável e transferível, emitido em três originais (negociáveis) e três cópias (não negociáveis); para o transporte aéreo – Air Way Bill, também conhecido como AWB; para o transporte terrestre falamos em Manifesto Internacional de Carga (Cargo Manifest) – MIC: emitido pelo transportador, acompanha a carga do local de embarque ao local de destino. Nas exportações entre os países do Cone Sul, efetuadas via terrestre, este documento chama-se MIC/DTA para a modalidade rodoviária e TIF/DTA para a modalidade ferroviária. Romaneio de Embarque (Packing List), documento emitido pelo transportador. Consiste em uma relação de todas as mercadorias que estão sendo embarcadas, com discriminação da mercadoria, peso, quantidade e qualidade. Outros Documentos Necessários de Acordo com o Tipo de Mercadoria/Exigências do País: Certificado de Origem: emitido pelos órgãos autorizados (no Brasil pelas Federações da Indústria) visam ao direito a tarifas preferenciais (reduções tarifárias); GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 31 Certificado Sanitário ou fitossanitário: documento emitido pelo Ministério da Agricultura, antes do embarque, para produtos alimentares; Certificado de Qualidade e Quantidade: documento emitido por uma empresa credenciada para este fim; Fatura Consular: documento exigido pelo importador e autenticado pelo consulado dele no país do exportador; Certificado do Ibama: documento emitido por este órgão para produtos agropecuários ou silvestres. Despacho Aduaneiro na Exportação Nenhuma mercadoria, com ou sem cobertura cambial, pode sair do território brasileiro sem fazer o desembaraço aduaneiro de acordo com a IN da SRF n° 28 de 27.04.94 e posteriores alterações. No desembaraço para exportação deve ser apresentada a Nota Fiscal preenchida de acordo, para efeito dos incentivos fiscais (IPI, ICMS), e os diversos certificados, quando necessário. De posse dos documentos (NF, Extrato do RE, Conhecimento de Transporte e Certificados), o AFRF (Auditor Fiscal da Receita Federal) verifica o tratamento administrativo na DDE que pode apresentar-se nas seguintes situações, também chamadas de parametrização: Canal Verde: mercadoria liberada para embarque sem conferência documental nem verificação física da mercadoria; Canal Laranja: a documentação está sujeita ao exame documental, mas a mercadoria está dispensada da verificação física; Canal Vermelho: a documentação e a mercadoria deverão passar pela conferência. Podem ser solicitadas análises laboratoriais da mercadoria. GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 32 Após a parametrização, o fiscal efetua o desembaraço da mercadoria autorizando sua saída do território nacional. Embarcada a mercadoria, é feita a averbação do embarque no Siscomex pelo Auditor Fiscal, e o exportador pode emitir o Comprovante de Exportação. O que é importação? É a entrada de mercadorias ou serviços provenientes do exterior, em um país. Tal como a exportação, também pode ser com ou sem cobertura cambial, havendo ou não a saída de divisas, e acontece dentro do território aduaneiro. Especificando: cobertura cambial refere-se a um contrato de câmbio na importação, fechado quando da nacionalização de uma mercadoria por um importador brasileiro. Todavia, existem operações comerciais que, pelas suas características, envolvem remessa de divisas para o exterior, mas consideradas como importações sem cobertura cambial: Aquisição de meios físicos contendo programas (considerada importação de serviços); Arrendamento simples, aluguel ou afretamento; Arrendamento mercantil (leasing). Importações sem Cobertura cambial: Amostras sem valor comercial e mercadorias para teste ou demonstração; Doações; Investimento de capital estrangeiro; Admissão temporária; Reposição ou substituição de mercadoria. GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 33 Alternativas na forma de importar: - Por Conta Própria Acontece quando a operação de importação (compra) é efetuada pelo importador. - Por Conta e Ordem de Terceiros É uma importação cujo serviço é prestado por uma empresa – a importadora – que promove, em seu nome, o despacho aduaneiro de importação das mercadorias adquiridas por outra empresa – a adquirente – em razão de um contrato, previamente firmado entre elas, que pode compreender ainda a prestação de outros serviços relacionados à transação comercial, como a realização de cotação de preços e a intermediação comercial. Na importação por conta e ordem, a empresa importadora é de fato a adquirente, a que importa a mercadoria, enquanto a importadora por conta e ordem é mera mandatária desta. Esta forma de importar está regulamentada na IN SRF 225/02 e IN SRF 247/02. - Por Encomenda Modalidade de importação em que a empresa adquire as mercadorias no exterior com recursos próprios e promove o seu despacho aduaneiro de importação, a fim de revendê-las, posteriormente, a uma empresa encomendante, previamente determinada, em razão do contrato entre a importadora e a encomendante, cujo objeto deve compreender, pelo menos, o prazo ou as operações pactuadas. Esta operação tem para o importador contratado, os mesmos efeitos fiscais de uma importação própria, ou seja, a empresa importadora arca comtodos os impostos devidos para nacionalização da mercadoria. GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 34 Neste modelo de importação, o importador, mesmo tendo a obrigação de revender as mercadorias ao encomendante, deve dispor de capacidade econômica para pagamento da importação, via cambial. Por outro lado, o encomendante também deve dispor de capacidade econômica para adquirir do importador a mercadoria, no mercado interno. Documentos Necessários à Importação: Licença de Importação (LI): É um documento emitido pelo Siscomex no qual o importador presta informações de natureza comercial, financeira, cambial e fiscal. Em geral, a entrada de mercadorias no Brasil está dispensada da licença de importação porém, produtos especiais estão sujeitos a procedimentos especiais, que devem ser observados até o desembaraço aduaneiro como: alimentos, em geral, estão sujeitos a exigências fitossanitárias, zoossanitárias ou simplesmente sanitárias por parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; remédios estão sujeitos ao controle do Ministério da Saúde; o Ibama também exerce controle nas áreas de sua competência; e outros. Esta licença pode ser automática ou não automática: O licenciamento automático é efetivado no prazo máximo de 10 dias contado a partir da data do registro no Siscomex. Estão sujeitas a este tipo de licenciamento as importações dos produtos relacionados no tratamento administrativo do Siscomex ou no site www.desenvolvimento.gov.br e as mercadorias que estiverem amparadas pelo regime de Drawback. O licenciamento não automático tem uma tramitação de até 60 dias corridos e os produtos por ele abrangidos são: produtos sujeitos a controles específicos pela Secex ou Órgãos anuentes; sujeitos a cotas tarifárias e não tarifárias; que envolvam a Zona franca de Manaus, que estejam sujeitos ao exame de similaridade, material usado etc. GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 35 Para a maioria das importações não há necessidade de emissão da Licença de Importação; é necessário, tão somente, o registro da Declaração de Importação (DI). Porém, os licenciamentos automáticos e não automáticos deverão ser emitidos antes do embarque das mercadorias no exterior, sob pena de pagamento de multa. A validade da LI não automática é de 60 dias para o embarque das mercadorias no exterior. Declaração de Importação (DI): É o documento que contempla todas as informações (importador, modalidade de transporte, modalidade de pagamento, fornecedor, valor aduaneiro, tributos etc.) registradas no Siscomex sobre uma operação de importação e dá início ao seu despacho aduaneiro. No ato do registro da DI será efetuado o pagamento dos impostos de importação. Sendo a DI o início do Despacho Aduaneiro de Importação, considera-se como prazo para sua conclusão até 90 dias após a descarga da mercadoria na zona primária ou 120 dias da sua entrada em recinto alfandegado de zona secundária. Caso a mercadoria não seja nacionalizada nesse período, ela vai a perdimento e posteriormente a leilão, doação etc. Despacho Aduaneiro na Importação São os procedimentos a que se sujeita toda a mercadoria que ingresse no país, a título definitivo ou não, conforme IN da SRF 680/06. Etapas (procedimentos) do Despacho Aduaneiro: - Registro da DI - Seleção parametrizada de canais (parametrização) - Distribuição da DI - Conferência Aduaneira - Desembaraço Aduaneiro - Entrega da mercadoria ao importador. GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 36 Para Efetuarmos o Registro da DI Necessitamos dos Documentos a Seguir Mencionados: - Via Original do Conhecimento de Transporte (B/L, AWB, terrestre ou ferroviário) - Via Original da Fatura Comercial (Commercial Invoice) - Packing List (Romaneio da carga) - Outros documentos exigidos em decorrência de acordos internacionais ou de legislação específica: Certificado de Origem, Certificado de Qualidade, Quantidade, Fatura Consular e outros. Os documentos comerciais já foram tratados na exportação, mencioná-los novamente seria redundância. Vamos abordar, tão somente, as etapas do Despacho Aduaneiro e identificar os documentos específicos à importação. Parametrização: Falamos sobre ela na exportação, mas também vamos falar dela na importação porque existem alguns detalhes que necessitamos conhecer: Esta conferência na importação é definida pelo Siscomex de acordo com parâmetros estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRF) como: regularidade, capacidade operacional e econômico-financeira do importador; origem, procedência e destino da mercadoria; tratamento tributário, volumes, valores etc. Os canais verde, amarelo e vermelho são operados como na exportação: Canal verde: Não haverá conferência aduaneira da mercadoria que será encaminhada para o desembaraço aduaneiro e posterior nacionalização; Canal Amarelo: a mercadoria está sujeita a exame documental; também não existe a conferência aduaneira; GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 37 Canal Vermelho: a mercadoria está sujeita ao exame documental, à verificação física da mercadoria e se necessário, a exames laboratoriais; Canal Cinza: A mercadoria está sujeita ao exame documental, verificação física da mercadoria e aplicação do procedimento especial de controle aduaneiro para investigação do valor declarado da mercadoria (subfaturamento). Necessária se faz a menção à linha azul devido às confusões que gera: A linha azul não é um canal de parametrização, mas um tratamento diferenciado para importadores idôneos, previamente cadastrados e selecionados pela Receita Federal do Brasil, para obterem um desembaraço aduaneiro mais rápido, sem conferência aduaneira. As DI’s não selecionadas para o canal verde são distribuídas pelos Auditores Fiscais da Receita Federal (AFRF) a quem o importador deve apresentar os documentos que instruem o Despacho Aduaneiro (acima mencionados) para dar início à Conferência Aduaneira, para verificação dos documentos, da mercadoria (quando for o caso e sempre na presença do importador ou seu representante) e demais obrigações fiscais e outras exigidas pelo tipo da importação. Pode ser efetuada na Zona Primária ou na Zona Secundária. O Desembaraço Aduaneiro é o ato final do Despacho Aduaneiro onde é registrada a conclusão da conferência aduaneira, emitido o Comprovante de Importação (CI) e autorizada a entrega da mercadoria ao importador, ou seja, esta mercadoria encontra- se nacionalizada. Está apta para ser integrada à Economia brasileira. Pode ser vendida, transformada, beneficiada ou até mesmo exportada. A emissão do Comprovante de Importação não elimina o uso da documentação fiscal para circulação da mercadoria. Todos os documentos devem ser mantidos em poder do importador pelo prazo previsto na legislação (5 anos). GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 38 A mercadoria deve ser liberada para o importador após emissão da Nota Fiscal (de Entrada) e pagamento das taxas portuárias, armazenagem e outras despesas adicionais. Classificação das Importações: A primeira classificação atribuída às importações brasileiras é: Importações Permitidas através de LI automático e não automático; Importações Proibidas (devido a disposições legais ou acordos internacionais firmados pelo Brasil); Importações Suspensas (importações não permitidas por um determinado período). O SISCOMEX Sistema Integrado de Comércio Exterior - Sistema informatizado responsável por integrar as atividades de registro,acompanhamento e controle das operações de comércio exterior, através de um fluxo único e automatizado de informações. O SISCOMEX permite acompanhar a saída e o ingresso de mercadorias no país, uma vez que os órgãos de governo intervenientes no comércio exterior podem, em diversos níveis de acesso, controlar e interferir no processamento de operações para uma melhor gestão de processos. Por intermédio do próprio Sistema, o exportador (ou o importador) troca informações com os órgãos responsáveis pela autorização e fiscalização. Os usuários do Siscomex são todos aqueles que têm acesso (autorização) ao sistema. Consideramos aqui os órgãos gestores, os órgãos anuentes e os demais participantes das operações de comércio exterior: exportadores, importadores, bancos, corretoras, despachantes aduaneiros, transportadoras e outros. GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 39 6- As Operações de Importação e Exportação A decisão de importar ou exportar requer muito mais do que uma boa negociação de preços, quantidades e prazos de entrega. É necessário que o empresário conheça todos os procedimentos legais, administrativos e operacionais de acordo com a legislação brasileira. Chamamos de Tratamento Administrativo, seja na importação ou na exportação, à análise geral de todos os procedimentos aos quais a mercadoria comprada ou vendida será submetida. Isto vai desde a escolha da Classificação Fiscal (NCM), passando pela análise e anuência que deverá ser realizada pela SECEX ou pelos outros órgãos e agências governamentais (órgãos anuentes), até à necessidade de etiquetagem, rótulos ou informações adicionais ao produto. Em cada uma destas etapas, o importador/exportador deve estar atento, a legislação não perdoa e sempre impõe sanções. Atualmente, a norma máxima do tratamento administrativo na importação e na exportação brasileira é editada pela SECEX, a Portaria Secex nº 23/2011, disponível no site do MDIC. Esta portaria disciplina todos os procedimentos administrativos necessários para a importação ou exportação de produtos. Nela, podem ser encontradas mercadorias sujeitas a procedimentos especiais, as normas específicas de padronização e classificação, o imposto de exportação dos poucos produtos tributados, além de outras informações. Na importação, os procedimentos são maiores do que na exportação; também aqui a legislação não perdoa falhas e as multas e sanções acontecem. Como regra geral, as importações brasileiras estão dispensadas de licenciamento prévio e os importadores deverão providenciar o registro da declaração de importação (DI) no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex). Este registro inicia o despacho aduaneiro e deve ser feito na unidade local da Receita Federal onde se GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 40 encontrar a mercadoria. Entretanto, para alguns produtos ou operações que requerem tratamento especial, o licenciamento pode ser automático ou não automático e previamente ao embarque da mercadoria no exterior. Este licenciamento deverá ser feito pelo importador ou pelo seu representante legal através do Siscomex. O não cumprimento desta exigência, dentro do prazo estipulado, pode gerar multas pela falta da Licença ou pelo deferimento após o embarque. Vários são os mecanismos que o importador/exportador deverá consultar para se obter um eficaz tratamento administrativo da operação, antes que ela aconteça, evitando contratempos. A lista vai desde o Siscomex até sites especializados, entidades fiscalizadoras e anuentes. Além disto, é necessário conhecer a legislação que rege cada produto ou grupo de produtos. Organização da Alfândega no Brasil Alfândega ou Aduana é uma repartição, sob administração federal, que jurisdiciona todo o território nacional com o objetivo de controlar a entrada e saída do país de pessoas, mercadorias e veículos. É a repartição pública que controla, fundamentalmente, a importação e a exportação. Aduana tem sentido mais abrangente que Alfândega. Aduana denota mais do que uma repartição, órgão administrativo ou estação arrecadadora: designa a instituição jurídica, a organização ou entidade na totalidade dos seus aspectos e funções e seus múltiplos fins: arrecadação, protecionismo, controle administrativo etc. Neste contexto pode-se dizer que as Alfândegas são as repartições da Aduana. O organismo internacional que cuida de traçar normas a serem seguidas pelas Alfândegas dos países-membros da ONU é a OMA – Organização Mundial Aduaneira, que lista sete responsabilidades das alfândegas: arrecadação de tributos; proteção da sociedade; proteção do meio ambiente; coleta de informações estatísticas; obediência aos tratados referentes ao comércio internacional; facilitação do comércio internacional; proteção da herança cultural. GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 41 No Brasil, a Aduana se insere na estrutura da Secretaria da Receita Federal, do Ministério da Fazenda, sujeita à administração que cuida também dos demais tributos federais. Outras repartições que cuidam de assuntos aduaneiros são a Superintendência Regional, Delegacia ou Inspetoria da Receita Federal. O órgão que cuida da administração das alfândegas, em nível nacional, denomina- se Coordenação-Geral de Administração Aduaneira – COANA. A Alfândega, fazendo uso das novas técnicas administrativas e avanços tecnológicos, evoluiu quanto à forma de operar as zonas primárias, passou a interiorizar o despacho aduaneiro, tendo como princípio que porto, aeroporto e local de fronteira (zonas primárias) devem ser local de passagem e não de estocagem de mercadoria. A Aduana necessita localizar-se próximo do usuário final. Para atender a essa circunstância, o Regulamento Aduaneiro criou os portos secos, espalhados por todo o País. Alfandegamento Poderão ser alfandegados locais declarados pela Secretaria da Receita Federal, sob controle aduaneiro, onde toda a movimentação de mercadoria, veículos e pessoas se subordina às normas aduaneiras. Existem recintos alfandegados na zona primária (pátios, armazéns, terminais, dependências de lojas francas etc.) e na zona secundária (entrepostos, depósitos, terminais, dependências alfandegadas de remessas postais internacionais etc.). Compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil definir os requisitos técnicos e operacionais para o alfandegamento dos locais e recintos onde ocorram, sob controle aduaneiro, as operações acima mencionadas. Os recintos alfandegados serão assim declarados pela autoridade aduaneira competente, na zona primária ou na zona secundária, a fim de que neles possam GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 42 ocorrer, sob controle aduaneiro, movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de: mercadorias, veículos e pessoas. Para que o deslocamento das mercadorias ainda não nacionalizadas possa ser realizado dentro do país, é utilizado um regime aduaneiro especial chamado Trânsito Aduaneiro (TA): este regime permite o transporte de mercadoria, sob controle aduaneiro, de um ponto a outro do território aduaneiro com suspensão do pagamento de tributos. Aplica-se a operações de importação e exportação em curso e tráfego de mercadorias estrangeiras. Exemplo: Mercadoria importada pela empresa XYZ, localizada em Brasília, para ser usada nessa cidade, chegou através do Porto de Santos. Desembaraçando esta mercadoria em Santos pagará o ICMS de São Paulo, mas em Brasília, a alíquota do ICMS é inferior à do estado de São Paulo. Como a mercadoria será consumida (usada) em Brasília, é mais conveniente que ela seja desembaraçadaneste estado. A mercadoria está sob controle aduaneiro, ou seja, ainda não foi nacionalizada faz-se necessária uma autorização especial para o transporte que se chama DTA – Declaração de Trânsito Aduaneiro. Sempre que houver necessidade de deslocar uma mercadoria nestas condições será utilizado este regime aduaneiro. A exportação (saída de mercadoria) e a importação (entrada de mercadoria) ocorrem no território aduaneiro que compreende todo o território nacional, incluindo a porção de terra delimitada pelas fronteiras internacionais, a faixa de 12 milhas de mar a ela contígua e o espaço aéreo sobre elas. A faixa de mar compreendida entre 12 e 200 milhas é considerada zona de exploração econômica exclusiva. No território aduaneiro será exercido o direito aduaneiro (fiscalização da entrada e saída de mercadorias, pessoas, veículos e animais) assim dividido: Zona Primária - Área terrestre ou aquática, contínua ou descontínua, ocupada pelos portos e aeroportos alfandegados e a área adjacente aos pontos de fronteira GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 43 alfandegados. Ponto de passagem obrigatório e exclusivo para mercadorias e veículos entrarem e saírem do país com controle aduaneiro permanente e ostensivo. Zona Secundária - é o restante do território aduaneiro, incluídas as águas territoriais e o espaço aéreo. 7- Gestão de Operações de Câmbio O Mercado de câmbio no Brasil O sucesso financeiro de uma operação de exportação e importação depende, em grande parte, do uso dos meios de pagamento. Os pagamentos internacionais no Brasil estão sujeitos às determinações da política cambial imposta aos operadores do mercado internacional. O Brasil adota um sistema de política cambial centralizador, em que o Banco Central (Bacen) controla todo o fluxo de capital estrangeiro que tramita pelo país. Definimos política cambial como sendo o estabelecimento das regras impostas pelo Bacen com relação aos pagamentos das importações, recebimentos das exportações, registro de capitais etc. O Bacen efetua o controle através do Sisbacen, sistema onde devem ser registradas todas as operações de câmbio pela instituição financeira que as realiza, de acordo com o contrato de câmbio fechado com o exportador ou o importador. As operações cambiais são disciplinadas pelo Bacen. Acesse a sua regulamentação no site www.bcb.gov.br. As formas mais comuns de efetuarmos um recebimento/pagamento na exportação e na importação são: Pagamento Antecipado (Advanced Payment) Cobrança à Vista (Sight Draft) Cobrança a Prazo (Time Draft) GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 44 Cobrança “Remessa Sem Saque” (Open Account) Cobrança Limpa (Clean Collection) Cobrança Simples (Wire) Carta de Crédito (Letter of Credit) Modalidades de Pagamentos nos Negócios Internacionais Pagamento Antecipado: “Advanced Payment” ou “Down Payment” O importador faz a remessa das divisas ao exportador antes do embarque das mercadorias através de uma ordem de pagamento, assumindo o risco financeiro da operação. Do ponto de vista cambial, o exportador, no caso brasileiro, deve providenciar o contrato de câmbio junto a um banco autorizado, recebendo o montante em Reais, definido pela taxa cambial vigente no dia da assinatura do contrato de câmbio. Cobrança Documentária: à vista e a prazo “Sight Draft” ou “Cash Against Documents - CAD”, à vista e “Time Draft” a prazo (até 180 dias contados da data do embarque). A Câmara de Comércio Internacional - CCI regulamentou o uso deste sistema através da “URC - Uniform Rules for Collection nº 522”. O Banco Remetente é o banco brasileiro para o qual o exportador (Principal) entrega os documentos originais internacionais, a fim de que sejam enviados ao banco no exterior (Banco Cobrador – Collecting Bank). O Banco Cobrador notifica o importador (Drawee) sobre a chegada dos documentos originais e o convoca para efetuar o pagamento, no caso de cobrança à vista. Na cobrança a prazo, o importador assina o aceite no saque (Draft), os documentos são liberados para o desembaraço junto à alfândega no País do importador. GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 45 Nesta modalidade de pagamento o risco financeiro é altíssimo para o exportador, porque os bancos não oferecem garantias ao exportador, agem como simples cobradores, de acordo com o URC 522 da CCI. Crédito Documentário: “Documentary Credit”, “Letter of Credit” (carta de crédito) ou, simplesmente, “L/C”. Esta modalidade de pagamento é a mais praticada no mundo dos negócios internacionais, pois nesta modalidade de pagamento os bancos intervenientes oferecem garantias financeiras firmes ao exportador. Os personagens da L/C: Importador (Applicant) Banco Emitente (Issuing Bank) Banco Avisador (Advising Bank) Banco Negociador (Negotiating Bank) Banco Confirmador (Confirming Bank) Banco Reembolsador (Reimbursing Bank) Exportador (Beneficiary) Fechado o negócio, na fase da Fatura Proforma, cabe ao importador (Applicant) abrir a carta de crédito num banco de sua preferência (Issuing Bank) que remeterá o documento usando os serviços de um banco no País do exportador (Advising Bank) que, após verificar a autenticidade da mensagem, entregará a carta de crédito ao exportador (Beneficiary). O Banco Emitente fornece ao exportador: - Garantias bancárias internacionais do pagamento do crédito documentário desde que o exportador cumpra e respeite todas as exigências do documento; - A irrevogabilidade do crédito documentário. GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 46 O exportador insere na Fatura Proforma, como forma de pagamento, a seguinte cláusula: “Letter of Credit, irrevocable and confirmed, first class bank” – Carta de Crédito irrevogável, confirmada em um banco de primeira linha, acrescentando se a mesma é à vista ou a prazo. A irrevogabilidade protege o exportador, pois impede que o importador ou o Banco Emitente cancelem o documento por iniciativa própria. A Confirmação, através do chamado “Confirming Bank”, localizado num país “rico”, fora do país do Banco Emitente, banco de primeira linha, age como avalista do Banco Emitente, caso este não possa honrar as garantias da carta de crédito por motivos políticos-extraordinários que ocorram no seu país (risco de transferência). A função do Banco Avisador é autenticar a L/C através da chave da mensagem (Test Key) e entregar o documento original ao exportador, sem responsabilidade quanto ao texto do crédito documentário. Se, após a análise da carta de crédito, houver necessidade de alterações, devem ser feitas via banco, antes do embarque das mercadorias. O embarque só deverá ser feito se a empresa considerar que tem condições de cumprir as exigências do documento. Documentos necessários à L/C: Commercial Invoice (Fatura Comercial); Bill of Lading (Conhecimento de embarque marítimo ou terrestre); Airway Bill (Conhecimento de embarque aéreo); Packing List (Romaneio); Weight List (Certificado de Peso); Certificate of Origin (Certificado de Origem); GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR 47 Inspection Certificate (Certificado de inspeção da mercadoria antes do embarque); O banco escolhido pelo exportador para a conferência documental é denominado “Negotiating Bank”. Após o embarque, os documentos devem ser entregues a este banco até 21 dias da data da emissão do Conhecimento de Transporte. O Banco Negociador tem o prazo de 5 dias úteis bancários para dar o seu
Compartilhar