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Aulas metodologia

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Aula 1: Ciência como construção
Construção do conhecimento: Você já se perguntou, alguma vez, sobre como o conhecimento é construído? De que forma ele vem se acumulando e sendo transmitido às pessoas ao longo dos anos?
Os iluministas acreditavam que era possível conter todo o saber em uma enciclopédia, mas sabemos que ele nunca coube tampouco caberá em um conjunto de livros – principalmente se considerarmos o surgimento da internet.
Para que possamos construir conhecimento, precisamos nos valer de algum método, de um lugar pelo qual vamos transitar, com indicações, marcações, estratégias, enfim, tudo devidamente registrado para futuras consultas.
Nesta aula, vamos nos aprofundar sobre o estudo do método científico.
NOTAS: Campo disciplinar: São exemplos de campos disciplinares as áreas de: Medicina; Matemática; Pedagogia; Direito etc. 
Conhecimento racional: No século VII a.C., o conhecimento racional foi denominado Filosofia e compreendia várias áreas do saber, tais como: Matemática; Física; Astronomia; Lógica; Ética etc.
Galileu Galilei: Grande físico, matemático e astrônomo que descobriu a lei dos corpos e enunciou o princípio da inércia. Foi um dos principais representantes do Renascimento Científico dos séculos XVI e XVII.
Método: De acordo com Rampazzo (2013, p. 13), trata-se de uma palavra que vem do grego methodos, que significa “caminho para se chegar a um fim”.
Níveis de conhecimento: De acordo com Freixo (2010, p. 61), as formas ou os níveis de conhecimento podem--se apresentar na mesma pessoa: “[...] um cientista envolvido, por exemplo, no estudo da Física pode ser crente praticante de determinada religião, estar ligado a um sistema filosófico e [...] agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum”.
Raciocínio: O raciocínio é uma operação intelectual que tem início a partir de duas premissas conhecidas e que permite chegar a uma terceira que deriva, de forma lógica, das duas anteriores. De acordo com a lógica clássica, o fundamento interno do raciocínio é o princípio da razão. Um raciocínio pode ser usado para fazer uma inferência através de proposições supostamente válidas.
Método e metodologia científica: Quando falamos em metodologia científica, estamos pensando em estudar o método, isto é, os caminhos traçados em determinada pesquisa para que os resultados sejam entendidos.
A partir desse momento, podemos, então: Generalizar (ou não) os resultados; Compreender os procedimentos de análise; Repetir os passos do experimento e dos achados, revalidando os dados ou refutando-os.
Esse é o grande legado da metodologia científica!
Tipos de conhecimento: Antes de nos aprofundarmos sobre o estudo do método científico para fins de construção do conhecimento, vamos identificar, primeiro, os tipos de saberes com os quais lidamos todos os dias. Para começar, precisamos entender que conhecer é um processo que não ocorre de forma imediata. O sujeito cognoscente – aquele que conhece – se apropria do objeto, que, nesse momento, passa a ser apreendido. Ao produzirmos conhecimento, mobilizamos nossos sentidos e nossas capacidades intelectuais, processando, de alguma forma, as informações absorvidas. Essas sensações são transformadas por nosso intelecto em ideias, reconstruindo as realidades com as quais lidamos e construindo outras tantas.
Como afirma Rampazzo (2013, p. 18. Grifo do autor): “[...] a complexidade do real, objeto do conhecimento, ditará, necessariamente, formas diferentes de apropriação por parte do sujeito cognoscente. Essas formas darão os diversos níveis de conhecimento [...]”.
De acordo com o autor, de forma didática, o conhecimento pode ser estruturado e organizado nos seguintes níveis: Popular ou do senso comum; Científico; Filosófico; Teológico.
Conhecimento popular ou senso comum: O conhecimento popular ou do senso comum é aquele construído no dia a dia, em nosso cotidiano.
Por isso, também é conhecido como conhecimento empírico, pois são as experiências vivenciadas que vão consolidando os saberes construídos.
Atualmente, esse tipo de saber tem sido alvo de interesse da ciência. Afinal, trata-se de um conhecimento historicamente construído antes da sistematização dos métodos, o que vem trazendo muitas pistas para investigações mais profundas e ordenadas.
Como exemplo desse nível de conhecimento, Rampazzo (2013, p. 18) afirma: “[...] não é necessário estudar Direito para saber que cada sociedade tem suas normas e suas leis”.
Conhecimento científico: O conhecimento científico é relativamente recente na história do mundo ocidental. Esse saber tem pouco mais de 400 anos e foi consolidado entre os séculos XVI e XVII, com Galileu Galilei (1564-1642). Contudo, conforme aponta Rampazzo (2013), isso não quer dizer que não havia conhecimento rigoroso e metódico antes desse período.
De certa forma, a ciência da Idade Antiga (4.000 anos a.C. – século V) e da Idade Média (séculos V-XV) tem estreitos laços com a Filosofia.
Na Grécia Antiga (século VII a.C.), já se almejava um conhecimento racional que fosse diferente do mito e do saber comum ou empírico.
Somente na Idade Moderna (séculos XV-XVIII), essas vertentes de estudo começaram a se separar, principalmente por uma construção de métodos próprios de busca e validação de conhecimentos.
O conhecimento científico apresenta as seguintes características:
Objetividade - Esse tipo de saber busca ser objetivo, de modo que as observações e os achados possam ser reproduzidos e testados por outros, seguindo os registros sistematizados. Disto resulta a importância do método: parte-se de um caminho bem organizado e relatado para chegar às descobertas e constatações (ou não).
Regularidade - Esse tipo de saber busca ser geral e generalizável, como leis que possam definir conceitos aplicáveis aos objetos, mesmo em situações diferenciadas.
Utilização de instrumentos - A utilização de instrumentos permite que os achados científicos ultrapassem a subjetividade do cientista, visto que estes podem ser controlados e avaliados com rigor e precisão, o que possibilita uma verificação objetiva da realidade que se apresenta. Esses instrumentos devem ser usados de acordo com as especificidades de cada área do conhecimento.
Comunicação - Esse tipo de saber deve ser comunicável e aberto, visto que pode ser testado a qualquer instante por outros cientistas e, a partir desse momento, referendado ou refutado. As novas tecnologias, por exemplo, vão apontando novos caminhos e oferecem oportunidades de verificação dos conhecimentos já construídos, levando em conta novos instrumentos de testagem.
Observação e experimentação - Para diferenciar-se da Filosofia e de outras formas de conhecimento, a ciência pauta-se na observação e na experimentação, de forma controlada e rigorosa.
Rigor na investigação e na redação - Para ser generalizável, a ciência tem de se pautar em caminhos claros e precisos durante as investigações, o que não quer dizer que os registros serão sempre escritos e apresentados na mesma linguagem. Por isso, é necessário rigor no desenvolvimento das pesquisas, ou seja, definir os conceitos de forma a reduzir ou mesmo eliminar a ambiguidade. Desse rigor pretendido, fazem parte a particularidade de cada campo disciplinar e suas formas de expressão – cada qual com seu método, seu vocabulário e seus termos específicos.
Conhecimento filosófico: Ao contrário das áreas específicas das ciências, a Filosofia é muito abrangente e preocupa-se com as inúmeras questões da realidade humana, seguindo à procura de respostas mais profundas que nos fazem refletir, mesmo amparados pela razão.
De acordo com a origem da palavra: FILOSOFIA = AMOR À SABEDORIA
Tal significado confirma sua vocação: a busca de um saber que transcende os aspectos verificáveis da vida, a partir de uma visão de conjunto.
Por exemplo, o conhecimento filosófico quer entender:
Por que a ciência existe? A quem atendem os achados e as descobertas obtidos através dos métodos científicos?
ATENÇÃO: Esse tipo de saber se sustenta com base nas perguntas e na constante interrogaçãosobre os fatos do mundo.
Conhecimento teológico: O conhecimento teológico pretende encontrar a verdade não pelo caminho da investigação, mas pela revelação.
Em outras palavras, trata-se de um saber baseado na fé, mesmo partindo de reflexões racionais e sistemáticas.
Dessa forma, os dados referendados por esse tipo de conhecimento não serão descobertos pelo senso comum, pela ciência nem pela filosofia, mas, sobretudo, pela experiência da crença.
Veja, aqui, uma Síntese dos níveis de conhecimento.
Síntese dos níveis de conhecimento: 
Popular ou senso comum – Valorativo; Reflexivo; Assistemático; Verificável; Falível; Inexato.
Filosófico – Valorativo; Racional; Sistemático; Não verificável; Infalível; Exato.
Teológico – Valorativo; Inspiracional; Sistemático; Não verificável; Infalível; Exato.
Científico – Real (factual); Contingente; Sistemático; Verificável; falível; Aproximadamente exato.
Método científico: Entre os níveis de conhecimento que estudamos, o que mais nos interessa nesta disciplina é aquele que contempla o método científico.
Conforme vimos anteriormente, suas bases foram firmadas a partir do final da Idade Média, com as novas descobertas feitas por Galileu Galilei.
A partir de então, a busca de uma compreensão metódica dos fatos e de suas relações toma o centro da ciência como pesquisa, com a explicação dos acontecimentos pela observação científica atrelada ao raciocínio.
O Método Científico: Vamos conhecer, agora, as etapas do método científico e seu encadeamento para a obtenção de resultados claros e precisos. Veja:
Observações - Não se trata de verificações sem compromisso. Ao contrário, o método científico requer uma análise precisa, atenta, metódica e ética dos fatos. É através dos processos de observação que o cientista/pesquisador vai coletando os dados para futuramente analisá-los à luz das teorias já construídas. O aspecto ético é fundamental nesse processo e em todas as etapas da pesquisa.
Problematização/perguntas - Trata-se das perguntas que fazemos, levantando os problemas que pretendemos equacionar ou mesmo resolver ao longo da investigação.
Formulação de hipóteses - Com os problemas ou as questões elencadas, podemos propor hipóteses que serão confirmadas ou refutadas no decorrer do desenvolvimento da pesquisa.
Verificação das hipóteses - Momento de testar as hipóteses empiricamente, ou seja, de experimentá-las para verificar sua validade ou inutilização.
Conclusões - Sistematização do caminho percorrido na investigação. Esse é o instante em que apresentamos as descobertas da pesquisa e a finalizamos, a partir da síntese de ideias.
Documentação/registro e análise dos dados - A documentação ou o registro bem como a análise dos dados devem perpassar todo o caminho da investigação, pois trazem ao cientista/pesquisador a necessária dúvida sobre seus achados, permitindo uma vigilância metodológica, o que, possivelmente, garantirá o rigor do método empregado.
Generalização dos resultados/novas descobertas/novas perguntas - A princípio, uma investigação científica rigorosa e metódica pretende generalizar suas conclusões como leis. Mas a diversidade do mundo contemporâneo e a visão de ciência atual alertam que nem todos os achados e as descobertas científicas são generalizáveis, pois há exceções em todos os campos do saber. Inclusive, os resultados de determinado trabalho acadêmico podem implicar outras interpretações que nos farão desenvolver novas pesquisas, pensar em novas perguntas sobre o mesmo tema e, por fim, chegar a novas descobertas.
Continuar a aprender... - SEMPRE continuamos a aprender. Afinal, o ciclo nunca para!
Aula 2: Planejando a Pesquisa:
NOTAS: Documentos de natureza privada: São exemplos deste tipo de documentos: Cartas; Memoriais; Atas e ofícios; Boletins e memorandos; Outras fontes de informação.
Documentos oficiais: São exemplos deste tipo de documentos: Anuários; Ordens régias e leis; Atas, relatórios e ofícios; Correspondências; Alvarás e registros diversos; Publicações de Diários Oficiais; Inventários, testamentos e escrituras; Certidões de cartórios – de nascimentos, de óbitos, de casamentos, de divórcios etc.
Epistemológicos: Palavra de origem grega que nos remete à ciência, ao conhecimento, ao estudo científico que trata dos problemas relacionados à natureza e às limitações de determinada crença ou determinado saber. Enfim, a epistemologia estuda a origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento.
Instituições: São exemplos de instituições privadas: Bancos; Igrejas; Indústrias; Partidos políticos; Sindicatos; Escolas; Hospitais etc.
Não escritas: Entre as fontes não escritas – oficiais ou não oficiais –, podemos destacar: As fotografias; As gravações; Os filmes e vídeos; Os CDs Rooms e DVDs; A imprensa falada – programas de rádio e TV; Os desenhos e as pinturas; Os objetos de arte etc.
Pesquisar: Investigar com a finalidade de descobrir conhecimentos novos, recolher elementos para o estudo de algo.
Positivismo: Doutrina filosófica de Auguste Comte (1798-1857), que propõe fazer das ciências experimentais o modelo por excelência do conhecimento humano em substituição às especulações metafísicas ou teológicas.
Variáveis: Conforme aponta Rampazzo (2013, p. 55), trata-se de:
“[...] propriedades, aspectos ou fatores reais potencialmente mensuráveis pelos valores que assumem e discerníveis em um objeto de estudo.
São exemplos de variáveis o salário, a idade, o sexo, a profissão, a cor, a taxa de natalidade etc. – desde que se destaquem os valores que contêm”.
Em outras palavras, as variáveis representam um valor, um traço de destaque que vai, mais ou menos, oscilando de acordo com cada caso particular.
Método científico: Você se lembra da aula anterior, em que estudamos o método científico? Vamos retomar algumas de suas etapas a partir do esquema a seguir:
Faça uma observação - Faça uma pergunta – Formule uma hipótese – Conduza uma experiência – Aceite a hipótese – ou Rejeite a hipótese. Caso rejeite volte para Formule a hipótese.
A escolha do método de investigação diz respeito ao tipo de pesquisa que pretendemos desenvolver. Muitas vezes, os resultados desse trabalho não são fidedignos porque o método escolhido para investigar determinado problema não condiz com o tema da pesquisa.
Por isso, sua adaptação ao assunto pesquisado é de suma importância, pois pode ser uma garantia ou, pelo menos, uma tentativa de manter o rigor científico e alcançar bons resultados.
Mas o que, de fato, significa pesquisar? Vamos descobrir?
Conceito de pesquisa: Quem empreende uma pesquisa busca informações relevantes para desenvolver seu trabalho e procura organizá-las de forma cuidadosa e metódica. Alguns autores a definem da seguinte forma: 
Pesquisa = geração de conhecimento (Como aponta Severino (2007, p. 34): “[...] a pesquisa é fundamental, uma vez que é através dela que podemos gerar o conhecimento, a ser necessariamente entendido como construção dos objetos de que se precisa apropriar humanamente”.)
Pesquisa = descoberta de novos fatos (Para Rampazzo (2013, p. 49): “[...] a pesquisa é um procedimento reflexivo, sistemático, controlado e crítico que permite descobrir novos fatos ou dados, soluções ou leis, em qualquer área do conhecimento”.)
Sendo assim, um dos objetivos da pesquisa é buscar a solução de problemas por meio do método científico.
Caracterização da pesquisa: Qualquer investigação se caracteriza por três elementos básicos: 
1 - O levantamento de algum problema;
2 - O encaminhamento ou a solução a(o) qual se chega;
3 - Os meios, ou seja, os instrumentos e procedimentos metodológicos adequados ao empreendimento em questão.
A partir desses elementos, o objeto a ser pesquisado pode tornar-se mais visível ao pesquisador, permitindo uma melhor escolha do método de investigação.
Logo, o ato de pesquisar está cercado pelos seguintes questionamentos: O quê? Como? Por quê? Para quê? Onde? Quando? Quantos? Quais?
Área de conhecimento da pesquisa: De acordo com Severino (2007, p. 108): “No caso das pesquisasrealizadas no âmbito das Ciências Naturais, há, praticamente, um único paradigma [modelo] teórico-metodológico – aquele representado pelo positivismo, coetâneo [da mesma época] à constituição da ciência.
Mas, no caso da pesquisa em Ciências Humanas, além desse paradigma originário, constituíram-se paradigmas epistemológicos alternativos, [o que nos remete], hoje, [ao] pluralismo paradigmático [...]”.
Em outras palavras, ao tentar entender o que é ser humano, o pesquisador se dá conta de que há inúmeras possibilidades válidas de compreender e explicar essa construção – ou seja, o modo de ser e de agir do indivíduo.
Dessa forma, o tipo de pesquisa do qual você lança mão é o que vai determinar a obtenção de resultados confiáveis que possam ser analisados e apreendidos.
Partindo dessas ideias, vamos destacar, a seguir, as categorias investigativas mais utilizadas no meio acadêmico.
Pesquisa documental e bibliográfica: Vamos conhecer agora as características da pesquisa documental e bibliográfica: A pesquisa documental tem por base a procura de documentos de origem primária que podem ser encontrados em arquivos, fontes estatísticas e não escritas.
Esses arquivos podem ser: Públicos – a partir dos quais provavelmente vamos encontrar documentos oficiais; Particulares – a partir dos quais encontramos documentos de natureza privada (aqueles que pertencem, geralmente, a instituições desse tipo).
Já a pesquisa bibliográfica tem como objetivo a investigação de um problema a partir de referências teóricas publicadas em livros, periódicos etc. Essa pesquisa pode ser realizada de forma independente ou como parte de outros tipos de investigação. Todos eles necessitam, praticamente, de um levantamento bibliográfico prévio para situar e fundamentar o problema em questão, bem como para justificar os limites e as possíveis contribuições da própria pesquisa.
Pesquisa descritiva: A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona os fatos e dados pesquisados sem a interferência do pesquisador. Esse tipo de investigação procura descobrir e registra a frequência com que ocorrem os fenômenos, sua relação e a conexão com outros eventos, bem como sua natureza e suas principais características. De acordo com Rampazzo (2013), a pesquisa descritiva pode tomar a forma de: Estudo exploratório - Passo inicial da pesquisa.; Estudo descritivo - Exame e descrição das características, das propriedades e das relações existentes entre a comunidade, o grupo ou a realidade da pesquisa.; Pesquisa de opinião - Análise dos pontos de vista e das preferências que as pessoas têm com relação a algum assunto antes de tomar decisões.; Pesquisa de motivação - Levantamento das razões que motivam as pessoas a escolherem determinada opção em situações preestabelecidas.; Estudo de caso - Observação particular de determinado indivíduo, grupo social, determinada família ou comunidade, cujo objetivo é investigar aspectos particulares de sua vida e de seus costumes.
Pesquisa experimental: A pesquisa experimental depende do estabelecimento de hipóteses e variáveis que vão sendo progressivamente testadas em situações de controle e confirmadas (ou não). Essas situações são importantes, pois pretendem anular ou, até mesmo, minimizar a influência de variáveis que intervêm no processo da pesquisa.
Variáveis da pesquisa experimental: Rampazzo (2013, p. 56) aponta três tipos de variáveis:
Variável independente (X) - Fator, causa ou antecedente que determina a ocorrência de outro fenômeno, efeito ou de outra consequência.
Variável dependente (Y) - Fator propriedade, efeito ou resultado decorrente da ação variável independente.
Variável interveniente (W) - Fator que modifica a variável dependente, sem que tenha havido modificação na independente.
Vejamos, a seguir, um exemplo de aplicação dessas variáveis em determinada situação.
Analise o seguinte caso...
Os alunos das escolas A e B obtêm diferentes resultados no processo seletivo de entrada na universidade por conta do estresse de alguns.
A) Interveniente (W)- O estresse, que afeta diretamente a próxima variável.
B) Dependente (Y) - O resultado dos alunos
Independente (X) - Ambas as escolas.
ATENÇÃO: A pesquisa experimental tem a intenção de explicitar de que maneira ou por que razões o fenômeno observado é produzido. Dessa forma, o pesquisador busca as relações entre as variáveis envolvidas no objeto de estudo. Utilizando o mesmo exemplo e dando continuidade à investigação, poderíamos elaborar um questionário para aprofundar e analisar o nível de estresse desses alunos e suas causas. Em seguida, a partir dos resultados, seria possível propor uma intervenção para minimizar os fatores que geraram a situação.
Abordagem quantitativa: Agora que você já conhece os tipos de pesquisa, vamos nos aprofundar sobre as abordagens que podemos agregar a eles, a fim de que possamos desenvolver a investigação. Vamos começar pela abordagem quantitativa.
Para Rampazzo (2013, p. 58), esta: “[...] se inicia com o estudo de certo número de casos individuais, quantifica fatores segundo um estudo típico, servindo-se, frequentemente, de dados estatísticos, e generaliza o que foi encontrado nos casos particulares”.
Sendo assim, um estudo de natureza quantitativa preocupa-se, sobretudo, com a quantidade de dados observados, a partir dos quais são elaborados mapas estatísticos que servem de referência para posteriores análises.
De maneira geral, essa abordagem é mais utilizada nas ciências duras – as chamadas Ciências Exatas – e pretende a generalização dos achados na investigação.
Abordagem qualitativa: A abordagem qualitativa põe em xeque o valor da generalização, ou seja, não procura, de forma mais direta, as estatísticas para os casos pesquisados – como a anterior.
Ao contrário, de acordo com Rampazzo (2013, p. 58-59), esta: “[...] busca uma compreensão particular daquilo que estuda – o foco de sua atenção é centralizado no específico, no peculiar, no individual, almejando sempre a compreensão, e não a explicação dos fenômenos estudados. [...] A pesquisa é concebida como um empreendimento mais abrangente e multidimensional do que aquele comum na pesquisa quantitativa”.
Procurando o específico de cada situação analisada, a abordagem qualitativa tem o objetivo de compreender os fenômenos com base nos contextos de tempo e espaço e nos sujeitos da pesquisa, sem deslocar os fatos da realidade investigada.
O enfoque da pesquisa qualitativa tem seus fundamentos na fenomenologia de Edmund Husserl (1859-1938). Com base em sua teoria do conhecimento, o filósofo propôs que não há privilégio do sujeito que conhece nem do objeto a ser conhecido, mas das relações que se estabelecem entre ambos.
Afinal, já dizia Rampazzo (2013, p. 59): “[...] há sempre uma dependência entre a consciência e o mundo”.
Dessa forma, nessa abordagem de pesquisa, não existe uma resposta a priori, mas aquelas obtidas de acordo com a investigação desenvolvida, levando sempre em conta o contexto dos objetos e sujeitos da pesquisa.
Conforme destaca Rampazzo (2013, p. 60): “[...] os dados da pesquisa qualitativa não são coisas isoladas, acontecimentos fixos, captados em um instante de observação. Eles se dão em um contexto fluente de relações [...]”.
ATENÇÃO: A abordagem qualitativa é bastante utilizada nas Ciências Sociais e Humanas quando pretende investigar casos e situações peculiares e bastante característicos dessas ciências, não procurando reduzir o ser humano a números quantificáveis e sem a pretensão de generalizar os resultados em uma cartografia estatística.
Aula 5: Elaboração de trabalhos acadêmicos:
Escolha e delimitação do tema da pesquisa: Na aula anterior, estudamos os tipos de pesquisa e suas abordagens quantitativa e qualitativa.
Mas, antes de optar por uma dessas abordagens, você deve escolher e delimitar seu tema de estudo, de modo que seja viável e condizente com o tipo de pesquisa que pretende desenvolver.
Delimitar o assunto a ser tratado é como colocar uma lente sobre determinado objeto de pesquisa, natentativa de focalizar os detalhes dentro de um grande campo do saber.
Se você fizesse hoje, uma pesquisa sobre educação, em qual dos temas abaixo centralizaria sua investigação?
Essa delimitação é fundamental para o adequado andamento da pesquisa, pois nos permite visualizar, com maior clareza, os aspectos que pretendemos investigar.
Fases para o amadurecimento de um trabalho científico: Para Severino (2007, p. 133), há três fases para o amadurecimento de um trabalho científico. Vamos conhecê–las?
Invenção: Fase da intuição, da descoberta, da formulação de hipóteses, na qual o pensamento é provocado e questiona aspectos da realidade.
Pesquisa: Fase experimental – com trabalho de laboratório ou de campo – ou bibliográfica. Aqui, começamos a comparar nossas intuições com as percepções dos outros, confrontando ideias, rejeitando-as, reformulando-as, enfim, formalizando uma concepção – mesmo provisória – que já nos aponta um caminho a seguir.
Composição do trabalho: Fase de desenvolvimento do trabalho investigativo. Após amadurecer a ideia inicial da pesquisa, já é possível seguir um caminho definitivo que poderá – ou não – confirmar essa ideia anterior, norteando o rumo do trabalho.
Em outras palavras, o tema de pesquisa pode partir de uma intuição, que vai ganhando corpo e se formalizando com sua delimitação. Quer ver um exemplo?
Suponhamos que você tenha a intenção de investigar a formação docente para o Ensino Superior. Esse é um ótimo tema de pesquisa, mas muito extenso.
Por isso, é necessário que ele seja delimitado, para que você – como pesquisador – possa ajustar sua visão diante de alguns aspectos. Caso não o faça, é provável que você não consiga concluir sua pesquisa.
Para ajudá-lo nessa delimitação, é interessante levantar algumas perguntas, tais como:
Que aspectos da formação docente você deseja investigar – a formação tradicional, realizada nas instituições formais de ensino, ou a informal, realizada em cursos livres?;
Que tipo de formação docente é o foco de sua pesquisa – a inicial ou a continuada?;
Que documentos legais indicam essa formação?;
O que os professores e os alunos entendem por formação docente para o Ensino Superior?
Enfim, com a delimitação do tema, a pesquisa estará mais bem direcionada e, provavelmente, terá melhores resultados. Afinal, o pesquisador já sabe qual seu foco de estudo, o que evita desvios desnecessários que podem atrapalhar seu percurso investigativo.
Referencial Teórico: Depois de empreender as etapas anteriores, é fundamental buscar o referencial teórico necessário para desenvolver a investigação com o rigor científico inerente a um trabalho acadêmico de boa qualidade.
De acordo com Severino (2007, p. 133): “[...] o trabalho de pesquisa deverá dar conta dos elementos necessários para o desenvolvimento do raciocínio demonstrativo, recorrendo, assim, a um volume de fontes suficiente para cumprir essa tarefa – esteja ela relacionada com o levantamento de dados empíricos, com ideias presentes nos textos ou com intuições e raciocínios do próprio pesquisador”.
Mas que fontes seriam essas?
Os referenciais teóricos são os textos básicos para o tema que você pretende pesquisar: um material que pode ajudar a situar o assunto em um panorama mais geral nesse primeiro momento.
ATENÇÃO: Conforme aponta Rampazzo (2013, p. 62), esses textos básicos têm como propósito: “[...] criar um contexto, um quadro teórico geral a partir do qual se pode desenvolver a aprendizagem, assim como a maturação do próprio pensamento”. O autor completa sua afirmação, chamando a atenção para a participação em seminários, congressos e eventos da área como formas de complementação e ampliação desse quadro teórico.
Organização do referencial teórico: A partir do estabelecimento de um aporte teórico inicial, você deve começar a explorar e a organizar o material de sua pesquisa, valendo-se da heurística, a fim de ter em mãos o suporte necessário para empreender o estudo que pretende.
Atualmente, essa busca também pode ser feita por meio dos recursos da internet, mas tanto o material físico quanto o virtual precisam ser checados em termos de seriedade e confiabilidade, até porque:
Todo trabalho acadêmico-científico deve basear-se em fontes confiáveis!
ATENÇÃO: Em suma, o referencial teórico é um elemento fundamental da pesquisa que permite a defesa do ponto de vista do estudo. Por isso, é importante que você escolha autores renomados e trabalhos atualizados que possam embasar com mais propriedade o tema de sua investigação. Veja, a seguir, um exemplo de como organizar esse aporte teórico.
Vamos dar continuidade à elaboração da pesquisa-exemplo, com base no tema apresentado anteriormente: a formação docente para o Ensino Superior. Para organizar o quadro teórico referente a esse assunto, podemos nos perguntar:
Que estudos já foram feitos a respeito dessa questão?
Quais livros, artigos ou pesquisas científicas já foram publicados sobre o objeto de estudo?
Dessa forma, você vai levantando a bibliografia específica sobre o assunto a ser investigado para formar um corpo teórico que será o pilar de sua pesquisa e referendará seus achados e pontos de vista.
ATENÇÃO: Com o aporte teórico já organizado, podemos pensar nos próximos tópicos desse trabalho acadêmico: A definição do problema; A formulação dos objetivos e das hipóteses; A elaboração de um plano para o estudo.
Problematizando o tema da pesquisa: Toda investigação parte de um problema. Para elaborá-lo, você precisa responder as seguintes perguntas:
O que quero pesquisar?
Que questão pretendo responder com minha pesquisa?
Como afirma Freixo (2010, p. 157): “[...] neste processo de formulação de uma questão de investigação mais precisa, é importante que se enuncie a interrogação sobre sua pertinência, seu valor teórico e prático, e suas dimensões metodológicas, sem esquecer, evidentemente, suas implicações éticas”.
Sendo assim, ao formular um problema de pesquisa, é fundamental apontar, de modo transparente e explícito, o que você planeja resolver, delimitando o campo do saber em que se enquadra seu trabalho e apresentando suas principais características.
Por exemplo, no filme O óleo de Lorenzo, o pai de um menino portador de doença rara decide realizar um trabalho científico para descobrir uma forma de prolongar a vida do filho.
Diante do diagnóstico negativo dado pelos médicos, ele resolve, por conta própria, pesquisar em diversas fontes como estabilizar os níveis de gordura no sangue da criança. Essa questão constitui um problema de pesquisa!
Formulação de objetivos e de hipóteses: Após a questão-problema da pesquisa ser anunciada, é necessário formular os objetivos do estudo e algumas hipóteses que serão confrontadas com os dados colhidos.
Mas, qual a importância de cada um desses itens na pesquisa?
Objetivo - Os objetivos têm de ser elaborados de maneira direta e compreensível, a fim de que se explicite o que a pesquisa pretende alcançar. Sem objetivos claros e precisos, será difícil analisar e entender os dados da investigação.
Hipóteses - Já as hipóteses devem garantir a orientação do trabalho. De acordo com Freixo (2010, p. 165), elas constituem: “[...] uma sugestão de resposta para o problema, [...] que assumirá a condição de uma predição e consistirá em uma (ou mais) resposta(s) plausível(is) para o problema que orientará a investigação”.
Justificativa em cronograma: Para além das hipóteses, que podem – ou não – ser confirmadas ao longo da investigação, a pesquisa necessita de uma justificativa plausível que explique sua validade e fundamente os argumentos do pesquisador.
É através desse elemento que você fará sua argumentação quanto à importância do desenvolvimento do trabalho científico e de seus resultados.
Também é fundamental que você organize um cronograma que lhe indique o andamento da investigação e as etapas que têm de ser alcançadas nos prazos estabelecidos.
Trata-se de uma espécie de calendário, no qual marcamos as fases da pesquisa e o tempo estimado para que sejam cumpridas.
ATENÇÃO:O fato é que todos os tópicos apresentados até o momento precisam ser desenvolvidos com base em algumas normas direcionadas à elaboração de trabalhos acadêmicos. Vamos conhecê-las?
Normas da ABNT: Até agora, pautamos nosso estudo na confiabilidade e no rigor científico da pesquisa, mas não podemos deixar de expor as normas para a elaboração de trabalhos acadêmicos, tais como: Trabalho de Conclusão de Curso (TCC); Dissertações; Teses; Artigos; Pôsteres.
Estamos nos referindo às regras que garantem a normatização/unificação na apresentação de investigações cuja base é a ciência, assegurando que os procedimentos sejam padronizados – inclusive na redação do estudo.
No Brasil, o órgão responsável por essa padronização é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Lidar com essas normas é comum na vida acadêmica, universitária e de alguns cursos técnicos, mas aplicá-las demanda tempo e paciência.
As universidades e entidades educacionais fazem adaptações da ABNT de acordo com sua própria normatização. Dessa forma, para desenvolver seu trabalho, consulte, antes, o manual de normas da universidade em que estuda.
ATENÇÃO: Em muitos países – até mesmo no Brasil –, os pesquisadores se fundamentam nas normas da American Psychological Association (APA) para adequar padrões de citações e referências. A normatização é parecida, mas há algumas diferenças que marcam um e outro estilo.
AULA 6: Tópicos especiais de pesquisa: 
Levantamento bibliográfico: Na aula anterior, estudamos as fases de elaboração e de desenvolvimento de pesquisas acadêmicas, bem como as regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que emite a padronização de trabalhos científicos.
Agora, daremos continuidade a esse estudo, conhecendo os instrumentos de investigação e as formas de redação desse tipo de texto.
Vamos começar com o levantamento bibliográfico, que reúne dados disponíveis sobre o assunto da pesquisa.
Essa é uma das principais etapas do trabalho, pois, a partir desse recolhimento inicial, você pode ter ideia de como desenvolver o tema que delimitou para seu estudo.
ATENÇÃO: De acordo com Freixo (2010, p. 226): “[...] escolhido o tema, o aluno deve informar-se, tanto quanto possível, sobre o assunto, começando por fazer um balanço dos conhecimentos de que dispõe sobre a temática [...] e, ao mesmo tempo, reunir todo o material que [encontrar] sobre a área onde o estudo se insere [...]”.
Apontamentos na bibliografia: Após o levantamento bibliográfico, você deve iniciar uma nova etapa em seu trabalho: a leitura desse material, produzindo fichamentos, anotações e observações sobre ele.
Essas anotações são uma estratégia para iniciar o trabalho de pesquisa.
Por exemplo, se seu objetivo é realizar uma pesquisa documental, tais registros podem servir como resultado de sua investigação. Por meio deles, você lista os pontos que mais lhe chamaram a atenção nos textos selecionados e que, possivelmente, esclarecerão seu objeto de estudo.
Mas NÃO confunda pesquisa bibliográfica com pesquisa documental.
Veja, a seguir, a diferença entre esses tipos de investigação.
Pesquisa bibliográfica x Pesquisa documental: Para entender a distinção entre as pesquisas bibliográfica e documental, assista ao vídeo a seguir, que trata dessas e de outras modalidades de pesquisa em Educação:
Independente do tipo de pesquisa que pretende desenvolver, ao tomar notas sobre os textos investigados ou sobre um evento programado, você ganha tempo para escrever seu trabalho. Se for preciso examinar determinada obra, por exemplo, basta consultar suas anotações a respeito dela – e não lê-la por completo novamente.
Dessa forma, você terá acesso ao conteúdo que julgou mais importante para o desenvolvimento de seu tema de investigação.
ATENÇÃO: Para encontrar os textos que mais o interessam em relação ao recorte de sua pesquisa, é interessante elaborar um roteiro de trabalho, já pensando nos instrumentos que serão utilizados para a coleta de dados – alvo de posterior análise.
Técnicas e instrumentos para coleta de dados: A escolha dos instrumentos de coleta de dados é fundamental para o objeto de estudo e o tipo de pesquisa que desenvolvemos. Afinal, determinados temas de investigação implicam o uso de ferramentas específicas.
Por exemplo, para obter melhores resultados, uma pesquisa de orientação quantitativa vai se valer de mecanismos de coleta que possam dar conta de uma grande quantidade de dados, os quais serão, posteriormente, analisados e interpretados com base na fundamentação teórica do trabalho.
Conforme nos lembra Freixo (2010), os principais meios para a coleta de dados são: Entrevista; Observação; Questionário.
Entrevista - A entrevista é uma técnica de pesquisa que permite uma maior aproximação entre o pesquisador e os sujeitos da pesquisa. É nesse espaço que serão travadas relações de interação com a implicação do entrevistador e do entrevistado.
De acordo com Freixo (2010), as entrevistas podem ser:
Estruturadas - Entrevista realizada a partir de perguntas formuladas e padronizadas antecipadamente. Aqui, não há espaço para a alteração dos tópicos elencados de forma prévia. A intenção dessa padronização é obter respostas que poderão ser analisadas e comparadas depois.
Semiestruturadas - Entrevista que segue um roteiro prévio, mas, nesse caso, o pesquisador tem a liberdade de incluir nela outros itens que, porventura, apareçam ao longo do evento.
Não estruturadas - Entrevista realizada livremente a partir da escolha de um tema. Trata-se de uma espécie de conversa com o entrevistado.
ATENÇÃO: Cabe ao pesquisador selecionar o melhor tipo de entrevista para desenvolver seu trabalho: aquele que esteja de acordo com o tema investigado. Ele também deve estar atento à posterior categorização e análise dos dados, que se pode tornar mais ou menos trabalhosa em função do objetivo da pesquisa e da quantidade de entrevistados.
Observação: A observação é uma técnica de pesquisa que permite a constatação – ou não – de um fato ou fenômeno, quer se trate de uma observação planejada ou ocasional.
De acordo com Freixo (2010), as observações podem ser classificadas de uma forma mais geral e mais específica – quanto à forma de participação do observador. Vejamos:
Tipo genérico de observação – Natural (Observação não planejada.); Experimental ou científica (Observação planejada, na qual são estabelecidas variáveis previamente elencadas.).
Tipo específico de observação - Não participante (Neste caso, o observador permanece fora da realidade que se propôs a observar como objeto de estudo e não interfere na situação, assumindo o papel de espectador.); Participante (Neste caso, o observador participa da situação observada e incorpora-se ao grupo como um elemento da comunidade estudada.)
ATENÇÃO: As observações não participante e participante fazem o pesquisador entrar em contato com os vários aspectos da realidade e dão a ele a oportunidade de ver e ouvir os fatos, bem como de atentar para os fenômenos na interação dos acontecimentos. Entretanto, para tornar-se produtiva, a observação precisa ser bem planejada e articulada com os aspectos que você quer investigar. Logo, como pesquisador, dê atenção às irregularidades – ou seja, ao inesperado –, pois, em alguns casos, esses desvios são importantes para a pesquisa.
Questionário: O questionário é um conjunto de questões que permitem reunir informações e opiniões dos sujeitos da pesquisa dentro do tema recortado para o estudo.
Usualmente, os questionários são preenchidos por escrito pelos próprios participantes da pesquisa, o que possibilita ao pesquisador ter um controle maior dos dados coletados em sua posterior análise.
Assim que determinar o que deseja alcançar, você deve elaborar as questões de forma clara e objetiva, de modo que os sujeitos da pesquisa possam respondê-las sem qualquer tipo de intervenção ou explicação sua.
Dessa forma, é interessante que, antes de desenvolver a pesquisa, você valide esse instrumento de estudo, realizando um pré-teste dos questionários com um grupomenor de pessoas. 
ATENÇÃO: Talvez, o questionário seja o instrumento mais utilizado na coleta de dados para a investigação.
Tipos de questões: As perguntas do questionário devem estar de acordo com as hipóteses iniciais que o pesquisador estabeleceu para seu estudo, mas os achados da pesquisa também são muito promissores. Eles podem aparecer nas respostas dos participantes e gerar resultados e indicações não previstas inicialmente na investigação.
De maneira geral, as questões podem ser categorizadas em dois grandes blocos, conforme apresenta o quadro a seguir:
QUESTÕES SOBRE FATOS – Informações que os sujeitos detêm e que podem ser conhecidas fora dos questionários.; Por exemplo, podem perguntar ao respondente onde ele trabalha.
QUESTÕES SOBRE OPINIÕES, ATITUDES E PREDERÊNCIAS – Trata-se das famosas questões de opinião, de natureza psicológica ou subjetiva; Por exemplo, podemos perguntar ao respondente por que ele trabalha em determinado lugar.
Além das questões apresentadas anteriormente, temos também:
QUESTÕES ABERTAS - As perguntas abertas são mais livres e permitem que os respondentes utilizem seu próprio vocabulário para expressar mais espontaneamente suas opiniões.
Entretanto, esse tipo de questionamento produz respostas que serão mais trabalhosas na ocasião da análise.
QUESTÕES FECHADAS - Nas perguntas fechadas, o pesquisador estabelece, a priori, as opções das questões. Esse tipo de questionamento é mais fácil de analisar, mas dispensa alguns achados nas respostas dos participantes.
Para minimizar esse possível engessamento, você pode apresentar como alternativa um campo – denominado OUTROS – para os respondentes completarem as questões livremente, caso não encontrem nas opções listadas sua escolha.
Vantagens do uso do questionário: Uma das vantagens do uso do questionário como instrumento de pesquisa é a liberdade do respondente: ele pode escrever sua opinião sobre o que é solicitado sem, muitas vezes, precisar se identificar.
Nesse sentido, as respostas poderão revelar aspectos que, provavelmente, não viriam à tona em uma entrevista, por exemplo.
Além disso, quando bem organizados visualmente – com formatação adequada e aplicação planejada –, os questionários permitem a diminuição dos custos da investigação.
Isso acontece porque, através dessa ferramenta, você pode obter um bom número de respostas em um curto espaço de tempo e sem a necessidade de vários deslocamentos sucessivos ao local dos respondentes.
Atualmente, existem ferramentas virtuais que: Possibilitam a elaboração de questionários online – como o Google Drive, por exemplo; Fazem a tabulação dos dados; Constroem gráficos com resultados.
Entretanto, o papel do pesquisador é fundamental na interpretação desses dados coletados no questionário, pois cabe a ele compreender, de forma mais apurada, os aspectos que se revelam nas respostas e indicações dos respondentes.
Com os resultados em mãos, você já pode redigir seu texto acadêmico, valendo-se da argumentação científica.
ATENÇÃO: Através dos instrumentos de pesquisa, somos capazes de analisar os dados coletados e de chegar a determinados resultados. Alguns já são esperados e podem ser comprovados; outros, nem tanto, e nos impulsionam para novas investigações.
Argumentação científica: Como você viu nas aulas anteriores, a redação científica tem de seguir certos padrões, normas e regras. O trabalho dever ser escrito em linguagem clara, precisa e lógica, sem dar margem a dúvidas e a interpretações equivocadas. A correção gramatical também é imprescindível à redação.
Dessa forma, os leitores poderão compreender os resultados de seu estudo.
Por isso, é importante definir os conceitos e dar ao leitor a exata localização de onde se está falando, indicando quais os princípios, as definições e os critérios utilizados em sua pesquisa e sob que ponto de vista eles foram desenvolvidos.
Isso é fundamental, pois um mesmo aspecto pode ser conceituado de maneira distinta nas diversas áreas do conhecimento. Quer ver um exemplo?
Suponha que o tema principal de sua investigação esteja voltado para a educação infantil e de jovens e adultos, e que, de certo modo, você precise, ao longo de seu texto, definir criança e jovem. Logo, é necessário se ancorar em determinados princípios que estejam de acordo com o assunto a ser tratado.
Mas existem inúmeras formas de conceituarmos esses termos, com base em diferentes campos do saber.
Cabe a você, como pesquisador, identificar a definição que melhor se enquadra a seu objeto de estudo.
Em função de tudo o que apontamos anteriormente, observamos que a redação do texto acadêmico requer um pouco mais de cuidado e de formalidade.
Por isso, evite o verbalismo, a prolixidade, gírias, palavras e expressões vulgares. Opte sempre pela norma culta da língua portuguesa, visando à clareza na leitura de sua pesquisa.
Fuja, também, do emprego de expressões taxativas, tais como “afirma-se”, “conclui-se” etc. Em um trabalho científico, é mais adequado utilizar sentenças flexíveis, que trazem, em si, a relatividade da ciência – objeto sempre em posição transitória justamente por sua cientificidade. Veja alguns exemplos: “os resultados sugerem que...”, “os dados parecem apontar para...”.
Além disso, para garantir a compreensão efetiva do leitor, seu texto deve ser objetivo e de fácil leitura.
Veja, das duas opções abaixo, qual seria a mais adequada para ser utilizada na argumentação científica?
1-Foi um resultado que não esperávamos, mas fizemos tudo para merecê-lo e estamos muito satisfeitos com isso.
2- Esperava-se que nessa segunda rodada de debates alguma solução concreta fosse apresentada.
A opção mais adequada seria a segunda, pois, além do que foi dito anteriormente, você deve preocupar-se também com o fato da sua escrita ser impessoal. Nesse caso, a opção mais comum é o uso da voz passiva ou da terceira pessoa do singular e, em alguns casos, da primeira pessoa do plural. Veja o Quadro-síntese de recomendações para a redação do texto acadêmico.
ATENÇÃO: Atualmente, em projetos mais específicos, é permitido redigir textos acadêmicos na primeira pessoa do singular, mas esse caso ainda não foi tomado como convenção e é adotado apenas em algumas ocasiões e em determinados programas científicos.
Uso de citações: Na escrita de seu trabalho acadêmico-científico, você também pode – e DEVE – fazer citações que possam confirmar ou se contrapor ao ponto de vista defendido em seu estudo.
Elas devem ter sempre sua fonte divulgada no corpo do texto e, também, ao final do trabalho, na seção REFERÊNCIAS. Dessa forma, você dá o crédito das ideias a seus devidos autores, sem se apropriar indevidamente dos conceitos do outro.
De acordo com Freixo (2010), as citações podem ser:
Diretas - formais ou textuais - Nas citações diretas, as palavras do autor são transcritas com fidelidade e vêm entre aspas. Nesse caso, são indicados o ano e a página da obra citada. Exemplo: “Este tipo de citação será sempre colocado entre aspas” (FREIXO, 2010, p. 235).
Indiretas – conceituais - Nas citações indiretas, as ideias do autor são reproduzidas, mas através da paráfrase. Nesse caso, não indicamos a página da obra citada – apenas o ano –, pois reescrevemos um conceito com nossas próprias palavras. Exemplo: Todos nós lemos o mundo em que viemos antes da leitura das palavras (FREIRE, 1989).
As normas da ABNT também permitem que a referência de uma citação seja indicada por notas de rodapé.
Essas notas são utilizadas para acrescentar maiores detalhes à pesquisa e complementar sua ideia central, permitindo ao leitor a verificação das informações ali veiculadas, além de ampliar a argumentação do texto principal.
Sendo assim, esse conjunto de recursos de estilo permite que a redação dos trabalhos acadêmicos assuma uma característica diferenciada, com o rigor e a disciplina exigidos pela escrita científica.
ATENÇÃO: Como as normas da ABNT servem de guia para a uniformização de trabalhos acadêmicos, se você optar por um tipo de referenciação, ele deverá ser utilizadoem todo o seu trabalho, garantindo a referida padronização.
Resumo e palavras-chave: O resumo de seu trabalho tem de ser breve e trazer as informações mais relevantes da pesquisa.
As normas da ABNT (NBR 6028, nov. 2003) apontam que esse tópico, presente em relatórios técnico-científicos e em trabalhos acadêmicos – tais como Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs), teses e dissertações –, deve apresentar de 150 a 500 palavras.
Na maioria das vezes, o resumo vem acompanhado de 3 a 5 palavras-chave: os termos que se destacam ao longo da investigação, indicando seu foco.
Como você pôde observar, o trabalho científico é composto de uma série de passos que precisam ser sistematizados, consolidados e revistos periodicamente frente a novos dados e a novas investigações.
Afinal: Na ciência, a única certeza é a mudança!

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