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2° semana do desenvolvimento No início da segunda semana, enquanto o trofoblasto se diferencia em cito e sinciciotrofoblasto, algumas células do embrioblasto formam duas vesículas, a amniótica e a vitelina primitiva. O embrião será formado pelos dois folhetos primitivos, o epiblasto e o hipoblasto. Os demais componentes formarão os anexos embrionários. Dividimos a segunda semana do desenvolvimento em: 1) Formação da Cavidade/Vesícula Amniótica Ao fim de 9 dias após a fecundação, com a implantação do blastocisto no endométrio surge um espaço no embrioblasto, entre células do epiblasto, chamada de cavidade amniótica (fig. 3). Os amnioblastos se separam do epiblasto e se organizam para formar uma fina camada, o âmnio, que envolve a cavidade amniótica e é formado com células que se separaram do epiblasto. Epiblasto: Camada celular espessa e colunar, que desenvolve rapidamente à cavidade amniótica. Hipoblasto: Camada celular fina e cubóide, que forma o saco vitelino. 2) Formação do Saco Vitelino Primitivo Do hipoblasto origina-se uma camada de células denominadas membrana de Heuser ou membrana exocelômica (fig.4) que revestirá a cavidade interna do blastocisto que então passará a se chamar saco vitelino primitivo. (fig. 3 e 4). Entre a cavidade e o citotrofoblasto surge uma camada de material acelular, o retículo extra-embrionário (ou mesoderma extra-embrionário), que circunda o âmnio e o saco vitelino. Assim, há formação do âmnio, disco bilaminar e saco vitelino. Com o desenvolvimento, surgem espaços celômicos isolados no interior do mesoderma extra-embrionário. Posteriormente, fundem-se para formar o celoma extra-embrionário, que envolve o âmnio e o saco vitelino. 3) Formação do Disco Embrionário Bilaminar (epiblasto, hipoblasto) O epiblasto formando o soalho da cavidade amniótica e o hipoblasto formando o teto do saco vitelino primitivo (cavidade exocelômica). O hipoblasto é contínuo a uma membrana exocelômica, que reveste o saco vitelino primitivo (fig. 4). O disco embrionário será responsável pela formação dos tecidos e órgãos do embrião (fig. 3). 4) Conclusão da Implantação O sinciciotrofoblasto invade o tecido endometrial determina uma erosão de vasos e glândulas, formando espaços lacunares contendo sangue materno e secreções endometriais, que nutre o embrião, inicialmente por difusão. Estes espaços são a base do espaço interviloso. As células endometriais sofrem apoptose, facilitando a implantação. As células do tecido conjuntivo acumulam glicogênio e lipídios. As células deciduais (são células do endométrio que sofreram modificação para implantação do blastocisto) se degeneram na região de penetração e servem como nutrientes para o embrião. E ao final de 9 dias a implantação do blastocisto está concluída (fig. 3). 5) Instalação da Circulação Útero-placentária Primitiva Os primeiros vasos sanguíneos aparecem no mesoderma que reveste o saco vitelino (fig. 5). Aí se formam pequenos acúmulos de células, as ilhotas de Wolff, que se diferenciam em células endoteliais. As células situadas mais ao interior tornam-se livres e diferenciam-se em células sanguíneas primitivas. 6) Formação do Saco Coriônico Por volta do 12º dia surgem células que revestem o retículo extra-embrionário (mesoderma extra-embrionário) que passarão a formar cavidades preenchidas por fluido e que posteriormente serão unidas formando a cavidade coriônica (fig. 6). Na medida em que a cavidade coriônica se expande ocorre a separação do âmnio e do citotrofoblasto. Na vesícula vitelínica ocorre a proliferação do hipoblasto seguida de contração de parte da cavidade, formando vesículas exocelômicas que se destacam e são degeneradas. A porção da cavidade remanescente denomina-se agora cavidade vitelina definitiva (fig. 7). 7) Formação da Placa Precordal A placa precordal é o primórdio da membrana bucofaríngea, localizada no local onde surgirá a boca e é um importante organizador da regiao da cabeça. É uma cilindrização do hipoblasto Funções da vesícula umbilical ● O mesoderma extraembrionário que forma a camada externa da vesícula umbilical é o principal local de HEMATOPOIESE (formação do sangue). ● Primeira identificação das células germinativas, na parede da vesícula umbilical . ● Depois da quarta semana, a vesícula umbilical é ultrapassado pelo rápido crescimento e desenvolvimento do disco embrionário. 3° semana do desenvolvimento Esse é, sem dúvida, o periodo mais importante do desenvolvimento do embrião. Em um curto espaço de tempo inúmeras modificações irão ocorrer. É nessa fase que o embrião está mais exposto à mal formações. Dividimos a terceira semana do desenvolvimento em: 1) Gastrulação: formação das camadas germinativas (ectoderma, mesoderma, endoderma) Na 3ª semana o disco embrionário sofre modificações. A gastrulação é o início da morfogênese (formação dos sistemas) (Fig. 8). Na gastrulação ocorre proliferação celular na superfície do epiblasto, para formação das camadas germinativas. O primeiro evento da gastrulação é a migração dessas células que se proliferaram rumo à linha média longitudinal do disco embrionário formando a linha primitiva. Na porção mediana da linha primitiva surge o sulco primitivo. Na extremidade cefálica forma-se uma protusão celular, o nó primitivo, em cujo centro surge a fosseta primitiva. Na extremidade caudal há uma área circular que é a membrana cloacal (futuro local do ânus) (Fig. 9). Depois que a linha se forma, é possível identificar o eixo cefálico-caudal, as superfícies dorsal e ventral e os lados direito e esquerdo. As camadas germinativas são: ● ectoderme: vai dar origem à epiderme, sistema nervoso central e periférico, retina do olho. ● mesoderma: dará origem as capas de músculo, aos tecidos conjuntivos e vasos associados com tecidos e órgãos e forma a maior parte do sistema cardiovascular. ● endoderme: é a fonte dos revestimentos epiteliais das vias respiratórias e do trato gastrointestinal, incluindo glândulas que se abrem no trato gastrointestinal e as células glandulares dos órgãos associados (fígado e pâncreas). Perto do 16º dia as células do epiblasto continuam a proliferar e migrar em direção ao sulco primitivo, onde se invaginam entre o epiblasto e o hipoblasto, assim terá origem o mesoderma intra-embrionário, o terceiro folheto embrionário. As células do mesoderma preenchem todo espaço entre a ectoderme e a endoderme, exceto na região da membrana bucofaríngea e membrana cloacal. 1.2) Formação da Linha Primitiva No início da terceira semana a linha primitiva surge na extremidade caudal do embrião como resultado da proliferação e migração de células do epiblasto para o plano mediando do disco embrionário, constituindo o primeiro sinal da gastrulação. Na sua extremidade cefálica surge o nó primitivo, com uma pequena depressão no centro chamado fosseta primitiva e ao longo da linha forma-se o sulco primitivo. O aparecimento da linha primitiva torna possível identificar o eixo embrionário. Após esse processo, ocorre a invaginação de células do epiblasto que dão origem as três camadas germinativas do embrião: o mesênquima ou mesoblasto, que origina os tecidos de sustentação e conjuntivos do corpo, um pouco forma o mesoderma intra-embrionário e outras deslocam o hipoblasto e formam endoderma intra-embrionáiro. As demais células que permanecem no epiblasto formam o ectoderma intra-embrionario . A linha primitiva regride e desaparece na quarta semana do desenvolvimento. 2) Neurulação: formação do tubo neural Os eventos mais significativos da transformação da gástrula em nêurula são o surgimento do tubo neural, da notocorda, do mesoderma intra-embrionárioe do celoma. Para a formação do tubo neural, as células da ectoderme presentes na porção mediana da região dorsal, ao longo de todo o embrião, sofrem um achatamento, constituindo a placa neural (Fig. 9). Posteriormente, a placa neural invagina-se, formando o sulco neural, que se aprofunda e funde os seus bordos, constituindo o tubo neural, responsável pela formação do sistema nervoso do embrião. Para a formação da notocorda e do mesoderma intra-embrionário, ocorre uma segmentação do mesoderma em três porções distintas, As duas porções laterais darão origem à mesoderma, enquanto a central originará a notocorda. 3) Formação da Notocorda Na medida em que se invaginam pela fosseta primitiva, as células migram ao longo da linha média em sentido cranial e formam duas estruturas: a placa precordal que é o primórdio da membrana bucofaríngea (futuro local da boca) (Fig. 9 e 10) e o processo notocordal que cresce cefalicamente entre o ectoderma e o endoderma(fig10). O processo notocordal então passa por transformações. Primeiro, a parede ventral do processo notocordal funde-se a endoderme e degenera-se gradativamente formando temporariamente uma comunicação (canal neuroentérico) entre a cavidade amniótica e a cavidade vitelínica (Fig. 11 e 12). Além disso, o processo notocordal transforma-se em placa notocordal (Fig. 13). A placa notocordal então é induzida a dobrar-se sobre si formando a notocorda (Fig. 14). A notocorda define o eixo primitivo do embrião, serve de base para o desenvolvimento do esqueleto axial e indica o local dos futuros corpos vertebrais. A notocorda funciona como um indutor primário induzindo o espessamento do ectoderma para formar a placa neural (Fig. 14). No embrião de 18 dias a notocorda estende-se da membrana bucofaríngea até o nó primitivo e o canal neuroentérico desaparece. (Fig. 15) Durante a 3ª semana o processo notocordal e a placa neural vão se alongando em direção a membrana bucofaríngea (Fig. 16). O epiblasto se diferencia, provavelmente por ação de substâncias indutoras, em uma região com células mais alta denominada placa neural, a primeira estrutura relacionada ao Sistema Nervoso Central. 3.2) Funções da notocorda ● Define o eixo longitudinal primordial do embrião e dá a ele alguma rigidez. ● Fornece sinais que são necessários para o desenvolvimento das estruturas musculoesqueléticas axiais e do sistema nervoso central (SNC). ● Contribui para a formação dos discos intervertebrais localizados entre corpos vertebrais adjacentes. ● Funciona como um indutor primário (centro de sinalização) no embrião inicial. ● O desenvolvimento da notocorda induz o ectoderma embrionário sobreposto a se espessar e formar a placa neural, o primórdio do SNC. 3.4) PLACA NEURAL E TUBO NEURAL Durante a neurulação, o embrião é denominado NÊURULA. O desenvolvimento da notocorda, induz o ectoderma embrionário acima dela a se espessar, formando uma placa alongada, em forma de chinelo, de células epiteliais espessadas, a PLACA NEURAL. O ectoderma da placa neural dá origem ao SNC. Ela aparece cefalicamente ao nó primitivo e dorsalmente à notocorda. Enquanto a notocorda se alonga, a placa neural se alarga e se estende cefalicamente até membrana bucofaríngea. Finalmente, a placa neural ultrapassa a notocorda. Por volta do 18º dia, a placa neural se invagina ao longo do seu eixo central, formando um SULCO NEURAL mediano, com PREGAS NEURAIS em ambos os lados. As pregas neurais tornam-se particularmente proeminentes na extremidade cefálica do embrião e constituem os primeiros sinais do desenvolvimento do encéfalo. No fim da 3ª semana, as pregas neurais começam a se fundir, convertendo a PLACA NEURAL TUBO NEURAL. O tubo neural se separa do ectoderma da superfície, assim que as pregas neurais se encontram. As células da CRISTA NEURAL sofrem uma transição, de epiteliais se tornam MESENQUIMAIS, e se afastam à medida que as pregas neurais se encontram, e as bordas livres do ectoderma se fundem, tornando essa camada contínua sobre o tubo neural. Subsequentemente, o ectoderma da superfície diferencia-se na epiderme. A neurulação é completada durante a 4ª semana. 3.5) FORMAÇÃO DA CRISTA NEURAL Quando o tubo neural se separa do ectoderma da superfície, as células da crista neural formam uma massa achatada irregular, a CRISTA NEURAL, entre o tubo neural e o ectoderma superficial suprajacente. Logo a crista neural se separa em partes direita e esquerda, que migram para os lados do tubo neural. Nessa região elas originam os gânglios sensitivos dos nervos cranianos e espinhais. 4) Desenvolvimento do Celoma Intra-embrionário O primórdio do celoma intra-embrionário (cavidade do corpo do embrião) surge como espaços isolados no mesoderma lateral e cardiogênico (formador do coração) Depois esses espaços passam a formar uma única cavidade em forma de ferradura, o celoma intra-embrionário, que divide o mesoderma lateral em duas camadas: ● PARIETAL, ou SOMÁTICA, do mesoderma lateral, localizada sob o epitélio ectodérmico e contínua ao mesoderma extra-embrionário, que cobre o âmnio. ● VISCERAL ou ESPLÂNCNICA, do mesoderma lateral, adjacente ao endoderma e contínua ao mesoderma extraembrionário que cobre o saco vitelino. O mesoderma somático e o ectoderma sobrejacente do embrião formam a parede do corpo do embrião ou somatopleura, enquanto o mesoderma esplâncnico e o endoderma subjacente do embrião formam o intestino do embrião ou esplancnopleura. Durante o segundo mês, o celoma intra-embrionário está dividido em três cavidades corporais: • Cavidade pericárdica. • Cavidades pleurais. • Cavidade peritoneal 5) Desenvolvimento dos Somitos Além da notocorda, as células derivadas do nó primitivo formam o mesoderma paraxial. Por volta do 20º dia o mesoderma paraxial se diferencia e se divide em blocos, que estão localizados em cada lado do tubo neural e formam elevações que se destacam na superfície do embrião. Os somitos aparecem primeiro na futura região occipital do embrião. Logo alcançam cefalocaudalmente, dando origem à maior parte do esqueleto axial e aos músculos associados, assim como à derme (uma das camadas da pele). 6) Desenvolvimento do Sistema Cardiovascular Primitivo No início da 3ª semana, iniciam-se a vasculogênese e a angiogênese (formação de vasos sanguíneos) no mesoderma extra-embrionário do saco vitelino, do pedículo do embrião e do córion..Está relacionada com a necessidade de trazer oxigênio e nutrientes para o embrião a partir da circulação materna, através da placenta. VASCULOGÊNESE formação de novos canais vasculares pela reunião de precursores celulares individuais chamados angioblastos. ANGIOGÊNESE: formação de novos vasos pela ramificação de vasos preexistentes. Células mesenquimais se diferenciam em angioblastos (células formadoras de vasos), que se agregam e formam grupos de células angiogênicas, as ilhotas sanguíneas, que são associadas ao saco vitelino ou cordões endoteliais do embrião No fim da terceira semana, o sangue circula e o coração começa a bater no 21a ou 22a dia. Durante a gastrulação o mesoderma cardiogênico (Fig. 10) sofre um processo que o divide em dois folhetos: um visceral e outro parietal que delimitam a futura cavidade pericárdica. No folheto visceral formam-se ilhotas de células mesenquimais (derivadas do mesoderma) que confluem compondo dois tubos endocárdicos próximos a endoderma, que mais tarde se fundem formando um tubo cardíaco único. Simultaneamente a esplancnopleura (lâmina visceral do mesoderma intra-embreonário e endoderma) forma um espessamento que originará o miocárdio e o folheto visceral de pericárdio. No tubo cardíaco dessa fase é possível reconhecer o bulboaórtico, o bulbo cardíaco, o ventrículo primitivo, o átrio primitivo e o seio venoso. A etapa seguinte do desenvolvimento compreende uma torção do tubo cardíaco e a septação de suas câmaras, que deixam de estar em série e ficam lado a lado. À medida que ocorre a formação do tubo cardíaco tem início o processo de formação dos vasos. Eles surgem basicamente da mesma maneira que os vasos existentes no território extra-embrionário. Células mesenquimais se diferenciam adquirindo forma de tubos cilíndricos apresentando uma luz. Esses tubos se fundem originando os vários vasos do feto. A alantóide (Fig. 11) surge como um pequeno divertículo na parede caudal do saco vitelino. Em embriões humanos está envolvido na formação inicial do sangue e no desenvolvimento da bexiga. Com o crescimento da bexiga, a alantóide torna-se o úraco, presesentado nos adultos pelo ligamento umbilical mediano. Os vasos sangüineos do alantóide tornam-se artérias e veias umbilicais. O pedículo do embrião (Fig. 11) é o primórdio do cordão umbilical. No fim da 3ª semana o sangue já circula e o coração começa a bater no 21° ou 22° dia. O sistema cardiovascular é o primeiro a alcançar um estado funcional. 7) Desenvolvimento das Vilosidades Coriônicas Terciária As vilosidades coriônicas primárias ao adquirirem eixo central de mesênquima, tornam-se vilosidades coriônicas secundárias. Quando se formam os capilares, elas tornam-se vilosidades coriônicas terciárias. Extensões citotrofoblásticas dessas vilosidades-tronco se unem para formar a capa citotrofoblástica, (vilosidades tronco que se ramificam para formar as vilosidades ramificadas.) a qual ancora o saco coriônico ao endométrio. É principalmente através delas que se realiza a maior parte dos processos de troca entre os sangues materno e embrionário/fetal. Os nutrientes e o oxigênio do sangue materno que jorra nos espaços intervilosos do sinciciotrofoblasto difundem-se pelas paredes das vilosidades e penetram no sangue do embrião. Os resíduos do metabolismo do embrião e o gás carbônico, resultantes da troca de nutrientes e de gases entre o embrião/feto e a mãe, passam do sangue do embrião para o materno, também através das paredes das vilosidades. 4º SEMANA DO DESENVOLVIMENTO Dobramento do Embrião: No começo da 4ª semana, as dobras nos planos mediano e horizontal convertem o disco embrionário achatado em um embrião cilíndrico em forma de “C”. O dobramento ocorre porque a velocidade de crescimento nas laterais do disco embrionário não acompanha o ritmo de crescimento do eixo maior, enquanto o embrião aumenta rapidamente seu comprimento. A formação da cabeça, da cauda e das dobras laterais é uma seqüência contínua de eventos que resulta numa constrição entre o embrião e o saco vitelino. Nesse período ocorre o dobramento lateral e longitudinal do embrião, levando à formação de pregas laterais que constringem o saco vitelino. A parte do saco vitelino retirada dentro do embrião torna-se o intestino primitivo. O endoderma, que o reveste, origina parte do epitélio e glândulas do trato digestivo. Com a fusão da pregas laterais, o celoma intra-embrionário fica interno ao corpo do embrião e forma as cavidades pericárdica, pleural e peritoneal. Com a flexão ventral da região cefálica, a cabeça embrionária em desenvolvimento incorpora parte do saco vitelino como intestino anterior, futuro intestino. A flexão da região cefálica também resulta na membrana orofaríngea e no posicionamento ventral do coração, além de colocar o encéfalo em formação na parte mais cefálica do embrião. Na região cefálica, o mesoderma paraxial torna-se parcialmente segmentado gerando os somatômeros, os quais contribuem para formação de parte da musculatura da cabeça. O mesoderma intermediário participará da formação do Sistema Urinário e Reprodutor. Enquanto a região caudal dobra-se ventralmente, uma parte do saco vitelino é incorporada à extremidade caudal do embrião, formando o intestino posterior. A porção terminal do intestino posterior expande-se para constituir a cloaca e após o dobramento a membrana cloacal situa-se posterior à linha primitiva. O dobramento da região caudal também resulta na membrana cloacal, na alantóide (expansão tubular para dentro do embrião importante na formação de vasos umbilicais) e na mudança do pedículo do embrião para a superfície ventral deste. O pedículo do embrião prende-se a superfície ventral do embrião e a alantóide é parcialmente incorporada pelo embrião. A porção intra-embrionária da alantóide vai do umbigo à bexiga. Com o crescimento da bexiga, a alantóide involui, tornando-se um tubo espesso, que depois do nascimento transforma-se em um cordão fibroso, o ligamento . O dobramento do embrião no plano horizontal incorpora parte do saco vitelino como intestino médio. O saco vitelino permanece ligado ao intestino médio por um estreito ducto vitelino. Durante o dobramento no plano horizontal, são formadas as paredes laterais e ventral do corpo. Conforme as pregas laterais migram em sentido ventral ao mesmo tempo com as pregas cefálica e caudal do dobramento longitudinal, o saco amniótico expande-se progressivamente e aumenta consideravelmente sua área até envolver todo o embrião. Quando os dobramentos embrionários cessam, o embrião está revestido por ectoderma cutâneo, que formará a epiderme da pele. Por esse motivo o cordão umbilical tem revestimento epitelial. Durante a 4ª semana, os somitos diferenciam-se em três regiões: esclerótomo, miótomo e dermátomo, que originarão em cartilagem e osso, músculo e derme respectivamente. As três camadas germinativas, derivadas da massa celular interna durante a terceira semana, vão dar origem nos vários tecidos e órgãos, de modo que, ao final do período embrionário (4ª à 8ª semana), os primórdios de todos os principais sistemas de órgãos já foram estabelecidos. O aspecto externo do embrião é muito afetado pela formação do encéfalo, coração, fígado, somitos, membros, ouvidos, nariz e olhos. Com o desenvolvimento das estruturas, a aparência do embrião vai-se alterando, e estas peculiaridades caracterizam o embrião como humano. Como os primórdios de todas as estruturas internas e externas essenciais são formados durante o período embrionário, a fase compreendida entre a quarta e a oitava semanas constitui o período mais crítico do desenvolvimento. Distúrbios do desenvolvimento neste período podem originar grandes malformações congênitas do embrião. Defeitos durante o dobramento Gastrosquise: extrusão intestinal (lateral ao umbigo) Onfalocele: Abertura na parte central da parede abdominal IPC: Como tecidos e órgãos estão se diferenciando rapidamente, durante a 4ª à 8ª semana, a exposição de embriões à teratógenos pode causar grandes anomalias congênitas. FASES DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO: ● CRESCIMENTO: divisão celular e elaboração de produtos celulares. ● MORFOGÊNESE (desenvolvimento da forma, do tamanho ou de outras características de um órgão em particular ou parte do corpo). É um processo em que ocorrem muitas interações complexas, em uma sequência ordenada. ● DIFERENCIAÇÃO: (maturação dos processos fisiológicos). O término da diferenciação resulta na formação de tecidos e órgãos capazes de executar funções especializadas. PLACENTA E MEMBRANAS FETAIS Âmnio: - Derivado do epiblasto. - Forma o saco amniótico membranoso cheio de fluido que envolve o embrião e o feto.(o embrião fica suspenso em um ambiente líquido). - O líquido amniótico desempenha papel importante no desenvolvimento e crescimento do embrião. Possui diversas funções como: protege o feto contra danos mecânicos, acomoda o crescimento, permite movimentação, protege contra adesões que poderiam atrapalhar o crescimento. - O líquido amniótico podeser secretado pelas células amnióticas. - Até a 20 semana: a composição do fluido é semelhante aos fluidos fetais. O líquido também é secretado pelos tratos gastrointestinal e respiratório fetal e vai para a cavidade amniótica. - Neste momento a pele ainda não está queratinizada, portanto é a principal via para passagem de água e solutos do fluido do feto para a cavidade amniótica. (a membrana amniótica secreta fluidos e componentes do soro materno passam através dela) - No início da 11 semana, o feto contribui para o líquido amniótico expelindo urina na cavidade amniótica. Normalmente, o volume do líquido amniótico vai aumentando lentamente. - Depois da 20 semana: há difusão de líquidos através da placa coriônica do sangue presente nos espaços intervilosos da placenta. (urina fetal, filtrado do sangue materno, filtrado dos vasos sanguíneos do cordão umbilical e placa coriônica.) - Grande quantidade de água passa pela membrana amniocoriônica para o fluido tecidual materno e daí para os capilares uterinos. - Também há troca de fluido com o sangue fetal através do cordão umbilical e no local onde o âmnio adere a placa coriônica na superfície fetal da placenta. Desta maneira, o líquido amniótico fica em equilíbrio com a circulação fetal. Saco Vitelínico: - Revestido internamente pelo endoderma e externamente pelo mesoderma extraembrionário. - Em mamíferos ele é pequeno e não tem vitelo, contudo é essencial ao embrião. - Desempenha papel na transferência de nutrientes para o embrião durante a 2 e 3 semana, quando a circulação uteroplacentária está sendo estabelecida. - A formação de sangue ocorre primeiro no mesoderma extra embrionário que cobre a parede do saco vitelínico no início da terceira semana e continua a ocorrer ali até a atividade HEMATOPOÉTICA se iniciar no fígado, durante a 6 semana. - Durante a 4 semana o endoderma do saco vitelino é incorporado pelo embrião, formando o INTESTINO PRIMITIVO. Seu endoderma, derivado do epiblasto, dá origem ao epitélio da traqueia, brônquios, pulmões e trato digestivo. - CÉLULAS GERMINATIVAS PRIMORDIAIS aparecem no revestimento endodérmico da parede do saco vitelínico na 3 semana e migram para as glândulas sexuais em desenvolvimento. Elas se diferenciam em espermatogônias nos homens e ovogônias nas mulheres. - Por volta da 6a semana, perde contato com o intestino primitivo. - Parte mais proximal pode persisitir como um divertículo do intestino delgado em - adultos – Divertículo de Meckel. - Os vasos sanguíneos proximais do saco vitelino persistem como vasos que irrigam a região do intestino médio. Alantóide: - Sua função em humanos é assumida pelos vasos sanguíneos que se diferenciam em sua parede mesodérmica. - Esses vasos fazem parte do arco circulatório umbilical que irrigam a placenta. - O alantóide surge por volta do 16º dia como um pequeno divertículo em forma de salsicha da parede caudal do saco vitelino que se estende para o pedículo do embrião. - Ele está envolvido com a formação inicial do sangue e está associada ao desenvolvimento da bexiga. - Os vasos sanguíneos do alantóide tornam-se as artérias umbilicais . Córion e Placenta: - Lacunas no sincíciotrofoblasto se enchem de sangue materno. - Células do tecido conjuntivo endometrial passam pela reação decidual. - O endométrio passa a ser chamado de DECÍDUA Desenvolvimento das vilosidades coriônicas: - As vilosidades secundárias se tornam vilosidades terciárias quando são invadidas pelos vasos sanguíneos – final da 3a semana. Junção materno-fetal - Componente fetal: córion viloso. - Componente materno decídua basal (forma a placenta madura) PLACENTA: É constituída por dois componentes: * FETAL = formada pelo córion viloso. * MATERNA = formada pela decídua basal, parte da decídua relacionada com o componente fetal da placenta. • PLACENTA + CORDÃO UMBILICAL = sistema de transporte de substâncias que passam entre a mãe e o feto. - Mãe -> Feto (Nutrientes e oxigênio) - Feto -> Mãe (Excretas e dióxido de carbono) • A placenta e anexos executam funções de: proteção, nutrição, respiração, excreção e produção de hormônios. A DECÍDUA: é o endométrio gravídico, a camada do endométrio que se separa do restante do útero após parto. Ela se divide em 3 regiões e seus nomes relacionam-se com o local da implantação. • A decídua BASAL é a parte da decídua abaixo do concepto, que forma a parte materna da placenta. • A decídua CAPSULAR é a parte superficial da decídua que cobre o concepto. • A decídua PARIETAL é toda a parte restante da decídua. REAÇÃO DECIDUAL : mudanças celulares e vasculares que ocorrem no endométrio quando o blastocisto se implanta. • Qndo a progesterona aumenta, as células da decídua aumentam de tamanho, formando as células deciduais. • Essas células crescem com o acúmulo de glicogênio e lipídio no citoplasma. • As células deciduais protegem o tecido materno de uma invasão descontrolada pelo sinciciotrofoblasto. DESENVOLVIMENTO DA PLACENTA • O desenvolvimento da placenta se dá pela rápida proliferação do trofoblasto, o desenvolvimento do saco coriônico e das vilosidades coriônicas . • Com o crescimento do saco coriônico e das vilosidades, a decídua capsular é comprimida e se genera, levando a formação de uma área relativamente avascular, o córion liso. • C/ o desaparecimento das vilosidades do córion liso, aquelas associadas à decídua basal aumentam de número, se ramificam e crescem (CÓRION VILOSO) • A parte fetal da placenta prende-se à materna, que contém sangue materno, pela CAPA CITOTROFOBLÁSTICA (células trofoblásticas da superfície materna da placenta), por onde passam artérias e veias livremente). • Artérias e veias endometriais passam por fendas na capa citotrofoblástica e se abrem no espaço interviloso. • C/a invasão da decídua basal pelas vilosidades coriônicas a decídua sofre erosão, que produz várias áreas cuneiformes na decídua chamados septos placentários, que dividem a parte fetal da placenta em áreas convexas irregulares, os cotilédones. • Cada cotilédone é formado por duas ou mais vilosidades-tronco • No fim do º mês, a decídua basal está quase totalmente substituída por cotilédones. • O sangue materno chega ao espaço interviloso vindo das artérias espiraladas do endométrio da decídua basal. • As artérias passam por fendas da capa citotrofoblástica e lançam sangue no espaço interviloso. Esse grande espaço é drenado pelas veias endometriais, que também atravessam a capa citotrofoblástica. • As vilosidades coriônicas são banhadas por sangue materno(O2 e nutrientes), que circula pelo espaço interviloso. • O saco amniótico cresce mais rapidamente do que o saco coriônico. • Assim, o âmnio e o córion liso logo se fundem, formando a membrana amniocoriônica • Essa membrana se rompe durante o trabalho de parto. CIRCULAÇÃO PLACENTÁRIA Através da circulação placentária, ocorrem trocas metabólicas e gasosas entre as correntes sanguíneas materna e fetal. • As vilosidades coriônicas da placenta criam uma área de superfície através da qual pode haver troca de materiais que cruzam uma delgada membrana placentária, interposta entre as circulações fetal e materna • É através das vilosidades que ocorrem as principais trocas de material entre a mãe e o feto. • O bem-estar do embrião/feto depende de as vilosidades serem banhadas de modo adequado pelo sangue materno • Uma redução da circulação uteroplacentária pode resultar em hipóxia fetal, retardo do crescimento intra-uterino (IUGR) e até mesmo a morte do concepto. FUNÇÕES DA PLACENTA: A placenta tem 4 funções principais: 1 – METABOLISMO (p. ex., síntese de glicogênio). A placenta, durante a fase inicial da gravidez,SINTETIZA glicogênio, colesterol e ácidos graxos, que servem de fonte de nutrientes e energia para o embrião/ feto. 2 – TRANSPORTE DE GASES E NUTRIENTES: • O2, CO2 e CO cruzam a membrana placentária por difusão simples. • A água é rapidamente trocada por difusão simples, e em quantidades crescentes com o avanço da gravidez. • A glicose produzida pela mãe e pela placenta é transferida por difusão para o embrião/feto. • Os aminoácidos são ativamente transportados pela membrana placentária e são essenciais para o crescimento do feto. As concentrações plasmáticas da maioria dos aminoácidos são mais altas no feto do que na mãe. • As vitaminas cruzam a membrana placentária e são essenciais para o desenvolvimento normal. 3 – HORMONIOS: • o sinciciotrofoblasto da placenta sintetiza hormônios protéicos e esteróides. • O hCG, semelhante ao LH, começa a ser secretada pelo sinciciotrofoblasto durante a 2ª semana. • O hCG mantém o corpo lúteo, impedindo o início dos ciclos menstruais. • Os hormônios esteróides sintetizados pela placenta são a PROGESTERONA e os ESTROGÊNIOS. • Depois do primeiro trimestre, os ovários de uma mulher grávida podem ser retirados sem causar aborto, pois a placenta assume a produção de progesterona inicialmente realizada pelo corpo lúteo do ovário. • Estrogênios também são produzidos em grande quantidade pelo sinciciotrofo blasto, e estimulam o crescimento do útero e o desenvolvimento das glândulas mamárias. 4 – ANTICORPOS MATERNOS: • O feto produz somente pequenas quantidades de anticorpos, pois seu sistema imune é imaturo. • Alguma imunidade passiva é conferida ao feto pela transferência placentária de anticorpos maternos. O CORDÃO UMBILICAL • Tem 1 a 2 cm de diâmetro e 30 a 90 cm de comprimento • Um cordão muito curto pode causar a separação prematura da placenta da parede do útero durante o parto. • o cordão umbilical tem 2 artérias e 1 veia envolvidas por tecido conjuntivo mucoide. PRODUÇÃO HORMONAL PELA PLACENTA ● hCG – produzido pelo sincíciotrofoblasto nas 2 primeiras semanas. Estimula o corpo lúteo (Também é produzido pela mola hidatidiforme) ● Estrogênio e progesterona: assume o lugar do corpo lúteo após a 11 semana ● Lactogênio placentário humano (hLP): altera o metabolismo materno: metabolização de ácidos graxos ao invés de carboidrados (que são direcionados para o feto) ● Prostaglandinas: manutenção da gestação e início do trabalho de parto